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(e-STJ Fl.

225)

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Evento 1

Evento:
DISTRIBUIÇÃO/ATRIBUIÇÃO ORDINÁRIA POR SORTEIO ELETRÔNICO (GAB23)
Data:
05/08/2016 11:03:29
Usuário:
AYL.JFRS - RENATA MARTINELI VIEIRA - SERVIDOR DE SECRETARIA (VARA 1O GRAU)
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
1

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.226)

HISTÓRICO DE REPRESENTANTES

Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104 / TRF4
Parte:
UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (00.394.460/0216-53) - ENTIDADE

Procurador Status Data Inclusão Data Desativação Tipo Substabelecimento


(p1570977) EDUARDO RAUBER
Ativo 20/12/2016 14:31:55
GONÇALVES

(prfn-4r) RAFAEL DIAS DEGANI Desativado 05/08/2016 11:03:29 20/12/2016 14:31:55 Substituição

Parte:
EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA. (93.561.215/0001-62) - PESSOA JURÍDICA

Procurador Status Data Inclusão Data Desativação Tipo Substabelecimento


(RS068807) WALTER MACHADO
Ativo 05/08/2016 11:03:29
VEPPO

(RS092991) MARCIA MARTINS


Ativo 05/08/2016 11:03:29
REGAZZON
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(e-STJ Fl.227)

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Evento 2

Evento:
REMESSA INTERNA PARA VISTA AO MPF - GAB23 -> ST2
Data:
05/08/2016 18:42:10
Usuário:
ATE - ALTAIR TALGATTI MELLO - DIRETOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
2

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Evento 3

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - VISTA AO MPF P PARECER
Data:
08/08/2016 14:12:15
Usuário:
MCD - MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA - DIRETOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
3
Mpf:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Prazo:
10 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
17/08/2016 00:00:00
Data Final:
30/08/2016 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
FÁBIO BENTO ALVES
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Evento 4

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 3
Data:
15/08/2016 17:44:08
Usuário:
MPFPRR17241 - JULIANA LIMA DE AGUIAR - ANALISTA PROCURADORIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
4

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(e-STJ Fl.230)

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Evento 5

Evento:
PARECER - REFER. AO EVENTO: 3
Data:
15/08/2016 17:44:08
Usuário:
MPFPRR17241 - JULIANA LIMA DE AGUIAR - ANALISTA PROCURADORIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
5

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(e-STJ Fl.231)

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA DA 4ª REGIÃO

Apelação Cível nº 5008264-72.2015.4.04.7104


Apelante: União – Fazenda Nacional
Apelado: Expresso Hércules Transportes E Comércio LTDA.
Relator: Desembargador Federal Rômulo Pizzolatti
TRF da 4ª Região – Segunda Turma

Exmo. Sr. Desembargador Federal Relator:

Trata-se de recurso de apelação cível interposto pela União – Fazenda


Nacional contra sentença (evento 42 – SENT 1) concedeu parcialmente a segurança pleiteada,
extinguindo o feito com resolução do mérito (art. 487, I, do NCPC c/c art. 10 da Lei n°
12.016/09), para o efeito de reconhecer a ilegalidade do art. 74, I e II da Instrução Normativa
SRF 248/2002 e para afastar a aplicação direta da penalidade de suspensão sem reincidência
de conduta sancionada com pena de advertência.

Analisando a matéria debatida no presente recurso, verifica-se que não


envolve interesse público sob forma de direito transindividual, coletivo, individual indisponível
ou outro a atrair a atuação do MPF, de modo que não se trata de caso de intervenção do
Ministério Público Federal, nos moldes dos artigos 127 a 129 da Constituição Federal e do
artigo 178 do novo Código de Processo Civil.

Ademais, observa-se que as partes são capazes e estão devidamente


representadas por seus procuradores, razão pela este agente ministerial abstém-se de emitir
manifestação sobre o mérito.

Diante do exposto, manifesta-se o Ministério Público Federal pelo regular


prosseguimento do feito.
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Porto Alegre, 15 de agosto de 2016.

50082647220154047104 AC não intervenção. tributário.empresa de Trânsito Aduaneiro. suspensão de tributo previsto na Inst. Norm. SRF 248-
2002 .odt

Documento eletrônico assinado digitalmente pelo Dr. Carlos Eduardo Copetti Leite
Procurador Regional da República
Procuradoria Regional da República - 4ª Região - www.prr4.mpf.gov.br
Rua Sete de Setembro, 1133 - CEP 90010-191 - Porto Alegre - RS
1
(e-STJ Fl.232)

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Evento 6

Evento:
CONCLUSÃO PARA DESPACHO/DECISÃO COM PARECER DO MPF - ST2 -> GAB23
Data:
17/08/2016 15:13:22
Usuário:
MCD - MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA - DIRETOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
6

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(e-STJ Fl.233)

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Evento 7

Evento:
PAUTA DE JULGAMENTOS INCLUSÃO PELO RELATOR - DO DIA 13/12/2016 SEQ.:
358
Data:
25/11/2016 18:41:33
Usuário:
LGT - LUCIANE TRAUTMANN DE LIMA - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
7
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(e-STJ Fl.234)

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Evento 8

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - PAUTA
Data:
25/11/2016 18:46:05
Usuário:
LGT - LUCIANE TRAUTMANN DE LIMA - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
8

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(e-STJ Fl.235)

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Evento 9

Evento:
JULGAMENTO - REFORMADA A SENTENÇA - EM 13/12/2016 - A TURMA, POR
UNANIMIDADE, DECIDIU DAR PROVIMENTO À APELAÇÃO DA UNIÃO E À REMESSA OFICIAL.
Data:
13/12/2016 21:29:06
Usuário:
MCD - MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA - DIRETOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
9
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(e-STJ Fl.236)

EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 13/12/2016


APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS
ORIGEM: RS 50082647220154047104
RELATOR : Des. Federal RÔMULO PIZZOLATTI
PRESIDENTE : RÔMULO PIZZOLATTI
PROCURADOR : Dra.CARMEN HESSEL
APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
APELADO : EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.
ADVOGADO : MARCIA MARTINS REGAZZON
: WALTER MACHADO VEPPO
MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 13/12/2016, na


seqüência 358, disponibilizada no DE de 29/11/2016, da qual foi intimado(a) UNIÃO -
FAZENDA NACIONAL, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, a DEFENSORIA PÚBLICA e
as demais PROCURADORIAS FEDERAIS.

Certifico que o(a) 2ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe,


em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU DAR PROVIMENTO À APELAÇÃO
DA UNIÃO E À REMESSA OFICIAL.

RELATOR
: Des. Federal RÔMULO PIZZOLATTI
ACÓRDÃO
VOTANTE(S) : Des. Federal RÔMULO PIZZOLATTI
: Juíza Federal CLÁUDIA MARIA DADICO
: Des. Federal OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA

MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA


Secretária de Turma

Documento eletrônico assinado por MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA, Secretária de


Turma, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução
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TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento


está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 8762921v1 e, se solicitado, do código CRC
46AA8C76.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Maria Cecília Dresch da Silveira
Data e Hora: 13/12/2016 18:49
(e-STJ Fl.237)

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Evento 10

Evento:
REMESSA INTERNA COM ACÓRDÃO - GAB23 -> ST2
Data:
14/12/2016 14:21:36
Usuário:
ATE - ALTAIR TALGATTI MELLO - DIRETOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
10

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nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.238)

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS


RELATOR : RÔMULO PIZZOLATTI
APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
APELADO : EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.
ADVOGADO : MARCIA MARTINS REGAZZON
: WALTER MACHADO VEPPO
MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RELATÓRIO

O juiz da causa - MM. Juiz Federal Moacir Camargo Baggio, da 2ª Vara


Federal de Passo Fundo/RS - assim relatou a controvérsia:

EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA. impetrou o presente


mandado de segurança contra o DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM
PASSO FUNDO, objetivando provimento jurisdicional que declare a inexistência de
relação jurídica entre as partes em relação a sistemática de pontos e penalidades
previstas na Instrução Normativa SRF nº 248, de 2002.

Na petição inicial, referiu a impetrante que é empresa de logística internacional e que uma
das modalidades em que atua é nas operações de trânsito aduaneiro , previsto no art. 73
do Decreto-lei nº 37/1966, tendo obtido habilitação para esse fim junto à Delegacia da
Receita Federal do Brasil em Passo Fundo - RS. Sustentou que a Instrução Normativa
SRF nº 248/2002, regulamentadora do Trânsito Aduaneiro, prevê a aplicação de penas
aos intervenientes pelo cometimento de determinadas infrações. Noticiou que teria
atingido recentemente 35 (trinta e cinco) pontos relativos as infrações cometidas, motivo
pelo qual estaria na iminência de ter seu registro de Siscomex suspenso, nos termos do
art. 74, II da INSRF 248/2002, o qual prevê a aplicação dessa pena ao ser atingida a
pontuação de 40. Discorreu acerca da ilegalidade da pena de suspensão prevista na
referida instrução normativa, uma vez que afronta o princípio da legalidade, pois não
estabelecida em lei.

Requereu, assim, deferimento do pedido liminar para que a impetrada se abstenha de


aplicar a sistemática de pontos e bloqueio do Siscomex (Sistema Integrado de Comércio
Exterior), e a decorrente suspensão da utilização do regime de trânsito aduaneiro previsto
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na Instrução Normativa SRF nº 248/2002. Encartou documentos (evento 01) e


comprovante de recolhimento de custas (eventos 02 e 06).

Intimada, a parte impetrante emendou a petição inicial (evento 15) para retificar o valor
atribuído à causa e anexar comprovante de recolhimento das custas complementares
(evento 17).

A autoridade impetrada prestou informações no evento 21. Inicialmente, esclareceu que a


(e-STJ Fl.239)

pontuação acumulada pela impetrante em razão do cometimento de infrações no trânsito


aduaneiro encontra-se em vinte e nove (29) pontos . A redução da pontuação se deve à
prescrição das cinco infrações leves mais antigas arroladas no extrato que acompanha a
petição inicial (art. 73, 1º da IN SRF nº 248/2002). Após, informou que a mencionada
Instrução Normativa nº 248/2002 estabelece, em seus artigos 72 a 74, quais as
ocorrências passíveis de punição nas operações de trânsito aduaneiro, as graduações
das eventuais faltas cometidas e as respectivas sanções a serem aplicadas em cada
caso. Asseverou que o inciso II do art. 76 da Lei nº 10.833/2003 prevê expressamente a
pena de suspensão na hipótese de: e) prática de qualquer outra conduta sancionada com
suspensão de registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação, nos termos
da legislação específica. Nesse sentido, assevera que, nos termos do art. 100 do CTN, os
atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas constituem normas
complementares das leis. Referiu, por fim, que a aplicação da penalidade objeto do
presente feito não é automática, conforme §§9º, 10 e 13 do art. 76 da Lei nº 10.833/2003,
requer processo administrativo próprio. Requer a denegação da segurança pleiteada.

Após, informou que a pontuação da impetrante foi alterada novamente para 23 pontos
(evento 26).

O pedido liminar foi indeferido (evento 28).

A União - Fazenda Nacional manifestou-se no evento 37, ratificando as informações


prestadas pela autoridade impetrada e confirmando ter interesse no acompanhamento da
demanda.

O Ministério Público Federal apresentou parecer (evento 40), deixando de se manifestar


sobre o mérito da lide, requerendo apenas o prosseguimento do feito, nos moldes da Lei nº
12.016/09.

Vieram-me os autos conclusos para sentença.

Ao final (evento 42, SENT1), o mandado de segurança foi parcialmente


concedido para reconhecer a ilegalidade do art. 74, I e II da Instrução Normativa SRF
248/2002 e para afastar a aplicação direta da penalidade de suspensão sem reincidência
de conduta sancionada com pena de advertência.

Em suas razões recursais (evento 53, APELAÇÃO1), a União sustenta que,


conforme alínea 'e' do inciso II do art. 76 da Lei 10.833, de 2003, a pena de suspensão
poderá ser aplicada 'pela prática de qualquer outra conduta sancionada com suspensão de
registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação, nos termos de legislação
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específica', e não apenas nos casos de reincidência com a conduta sancionada com pena
de advertência. Afirma que a pena de suspensão prevista no inciso II do art. 74 da IN SRF
nº 248/2002 não ofende o princípio da legalidade, eis que foi prevista em lei e instituída
com autorização daquele mesmo diploma legal (art. 76, II, 'e' da Lei nº 10.833/2003).

Com resposta, vieram os autos a este Tribunal.

O Ministério Público Federal não se manifestou sobre o mérito do mandamus.


(e-STJ Fl.240)

É o relatório.

VOTO

O pedido de mérito formulado pela parte impetrante, na inicial, é o seguinte:


b.1) Seja concedida a segurança declarando inexistência de relação jurídica entre as
partes em relação a sistemática de pontos e penalidades previstas na Instrução
Normativa SRF nº 248, de 2002.

Já os fundamentos do pedido, constantes da inicial de mandado de segurança


são, em síntese, os seguintes:

1º) a pena de suspensão de habilitação para operações de tránsito aduaneiro por


pontuação, de que trata o inciso II do art. 74 da IN SRF 248, de 2002, não está prevista em
lei, caso em que há ofensa ao princípio da legalidade;

2º) a pena de suspensão de habilitação para operações de trânsito aduaneiro não pode ser
aplicada antes da pena de advertência, sob pena de ofensa ao princípio da
proporcionalidade.

De ínicio, cabe observar que as sanções aplicáveis administrativamente aos


intervenientes nas operações de comércio exterior, como a parte impetrante, assim como
o procedimento de aplicação dessas sanções, estão previstos no artigo 76, §§ 1º a 15 da
Lei nº 10.833, de 2003, limitando-se a IN SRF n. 248, de 2002, com suas atualizações, a
estabelecer, por seus artigos 72 a 76, o peso das sanções (leve, média e grave) e a
quantidade de sanções, conforme o seu peso, que autoriza já a pena de advertência, já a
pena de suspensão.

Exemplificativamente, a infração consistente na 'chegada de veículo fora do


prazo estabelecido, por ação ou omissão do transportador' é caracterizada como leve pelo
art. 72, II, da IN SRF 248/2002, e vale um (1) ponto para efeito de pena (art. 73 da IN SRF
248/2002). Ao serem atingidos 20 pontos, o infrator fica sujeito à pena de advertência, e ao
serem atingidos 40 pontos, à pena de suspensão. Em termos práticos, o infrator teria de
cometer 20 dessas infrações leves (as mais comuns delas) para ser punido com
advertência, e 40 dessas mesmas infrações para ser punido com suspensão. Sem sombra
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de dúvida, o sistema de pontuação estabelecido pela IN SRF 248/2002 - dentro da moldura


do art. 76 da Lei nº 10.833, de 2003 -, mostra-se bastante razoável, para não dizer brando.

Ora, sem o detalhamento da Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76) pelo sistema de
pontos acumulados estabelecido pela IN SRF 248/2002, a punição dos infratores seria
bastante dura, para não dizer draconiana.

Assim é que, pelo texto da Lei nº 10.833, de 2003, se em determinado mês o


(e-STJ Fl.241)

interveniente em operações de comércio exterior der causa injustificadamente a atrasos


na chegada ao destino de veículo condutor de mercadorias submetidas ao regime de
trânsito aduaneiro, e tais atrasos superarem mais de 20% do total das operações do mês,
sendo elas em número superior a cinco, será ele, interveniente, considerado infrator
contumaz, sujeito à pena de advertência pela Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76, I, 'c'
c/c parágrafo 3º). Em termos práticos, se o interveniente fizer 10 operações no mês, e
houver atraso injustificado em 3 delas, será punido com advertência nos termos da Lei nº
10.833, de 2003, ao passo que pela sistemática mais branda de pontos acumulados da IN
SRF 248/2002, teria de cometer 20 atrasos para ser punido com advertência.

Por outro lado, nos termos da Lei nº 10.833, de 2003, sempre que houver
'reincidência em conduta já sancionada com advertência', o interveniente será punido com
suspensão (art. 76, II, 'a', da Lei nº 10.833, de 2003). Voltando ao exemplo anterior, se o
mesmo interveniente der causa a atraso em 3 operações de um total de 10 operações no
mês, e no mês subsequente cometer o mesmo número de atrasos, deverá sofrer a pena
de suspensão. Contudo, pela sistemática mais branda da IN SRF 248/2002, precisaria
cometer 40 infrações dessas (40 pontos) para ser suspenso.

Bem observada, a IN SRF 248/2002 apenas estabelece, em termos práticos e


razoáveis, como devem ser aplicadas as disposições um tanto genéricas da Lei nº 10.833,
de 2003, para que não se convertam em instrumento de arbitrariedade por parte dos seus
aplicadores.

Com efeito, o sistema de pontuação da IN SRF 248/2002 mostrar-se a meu


ver totalmente compatível com a Lei nº 10.833, de 2003, no sentido de torná-la mais
razoável e prática. Tanto isso é verdade que tal sistemática de pontuação vem sendo
desde muito tempo utilizada no âmbito do trânsito em geral, por força da Lei nº 9.503, de
1997 (Código de Trânsito Brasileiro). Nesse âmbito, as infrações também são
classificadas em leves, médias e graves - e ainda em gravíssimas -, e correspondem a
determinado número de pontos, os quais vão sendo acumulados e, uma vez
atingida determinada quantidade, levam à suspensão do direito de dirigir veículos. A
diferença é que o sistema de pontos acumulados do Código de Trânsito Brasileiro
é muitíssimo mais severo que o da IN SRF 248/2002, pois no seu âmbito uma infração
leve corresponde a 3 pontos, e quando atingidos 20 pontos, em 12 meses, o motorista
infrator já tem suspenso o direito de dirigir veículos.

Em conclusão, a IN SRF nº 248, de 2002, ao contrário do que alega o


impetrante, está conforme os princípios da legalidade e da proporcionalidade, não
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exorbitando do marco legal estabelecido pela Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76).

Ante o exposto, voto por dar provimento à apelação da União e à remessa


oficial.
(e-STJ Fl.242)

Des. Federal RÔMULO PIZZOLATTI


Relator

Documento eletrônico assinado por Des. Federal RÔMULO PIZZOLATTI, Relator, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº
17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível
no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o
preenchimento do código verificador 8690139v13 e, se solicitado, do código CRC B249C3C1.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Rômulo Pizzolatti
Data e Hora: 14/12/2016 13:03
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(e-STJ Fl.243)

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS


RELATOR : RÔMULO PIZZOLATTI
APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
APELADO : EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.
ADVOGADO : MARCIA MARTINS REGAZZON
: WALTER MACHADO VEPPO
MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMENTA

OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR. INTERVENIENTES. SANÇÕES


APLICÁVEIS. IN SRF n. 248, de 2002. SISTEMA DE PONTOS
ACUMULADOS. REGULAMENTAÇÃO DO ART. 76 DA LEI Nº 10.833, DE
2003.
Não ofende os princípios da legalidade e da proporcionalidade o sistema de
pontos acumulados instituído pela IN SRF 248, de 2002, para regulamentar a
aplicação das sanções aos intervenientes nas operações do comércio
exterior, previstas no art. 76 da Lei nº 10.833, de 2003.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide
a Egrégia 2a. Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar
provimento à apelação da União e à remessa oficial, nos termos do relatório, votos e
notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 13 de dezembro de 2016.

Des. Federal RÔMULO PIZZOLATTI


Relator
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Documento eletrônico assinado por Des. Federal RÔMULO PIZZOLATTI, Relator, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº
17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível
no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o
preenchimento do código verificador 8690140v8 e, se solicitado, do código CRC 15F457FF.
Informações adicionais da assinatura:
(e-STJ Fl.244)

Signatário (a): Rômulo Pizzolatti


Data e Hora: 14/12/2016 13:03
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(e-STJ Fl.245)

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Evento 11

Evento:
JUNTADO - VÍDEO DA SESSÃO DE JULGAMENTO
Data:
14/12/2016 19:48:51
Usuário:
CRS - CRISTINA KOPTE - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
11

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.246)

PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 4ª Região

CERTIDÃO

Certifico a impossibilidade de envio aos tribunais superiores do arquivo de


vídeo, anexado neste evento, face à incompatibilidade dos sistemas de
processo eletrônico. Dou fé.

Porto Alegre, 12 Junho de 2017.

CARLOS EDUARDO DA SILVA CARDOSO


SECRETARIA DE RECURSOS
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1/1
(e-STJ Fl.247)

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Evento 12

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - JULGAMENTO
Data:
16/12/2016 14:45:14
Usuário:
LGT - LUCIANE TRAUTMANN DE LIMA - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
12
Apelado:
EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.
Prazo:
15 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
25/01/2017 00:00:00
Data Final:
15/02/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
MARCIA MARTINS REGAZZON, WALTER MACHADO VEPPO
Suspensões e Feriados:
RECESSO: 20/12/2016 a 06/01/2017
SUSPENSÃO DE PRAZOS: 07/01/2017 a 20/01/2017
NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES: 02/02/2017

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nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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Evento 13

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - JULGAMENTO
Data:
16/12/2016 14:45:48
Usuário:
LGT - LUCIANE TRAUTMANN DE LIMA - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
13
Mpf:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Prazo:
30 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
24/01/2017 00:00:00
Data Final:
07/03/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE
Suspensões e Feriados:
RECESSO: 20/12/2016 a 06/01/2017
SUSPENSÃO DE PRAZOS: 07/01/2017 a 20/01/2017
NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES: 02/02/2017

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Evento 14

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - JULGAMENTO
Data:
16/12/2016 14:45:58
Usuário:
LGT - LUCIANE TRAUTMANN DE LIMA - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
14
Apelante:
UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
Prazo:
30 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
25/01/2017 00:00:00
Data Final:
10/03/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
RAFAEL DIAS DEGANI
Suspensões e Feriados:
RECESSO: 20/12/2016 a 06/01/2017
SUSPENSÃO DE PRAZOS: 07/01/2017 a 20/01/2017
NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES: 02/02/2017
Carnaval: 27/02/2017
Carnaval: 28/02/2017

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(e-STJ Fl.250)

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Evento 15

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 13
Data:
19/12/2016 14:39:11
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
15

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(e-STJ Fl.251)

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Evento 16

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 13
Data:
19/12/2016 14:39:40
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
16

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(e-STJ Fl.252)

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Evento 17

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AOS EVENTOS: 12 E 14
Data:
26/12/2016 23:59:59
Usuário:
SECJF - SISTEMA DE PROCESSO ELETRÔNICO -
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
17

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(e-STJ Fl.253)

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Evento 18

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 14
Data:
12/01/2017 15:45:36
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
18

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.254)

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Evento 19

Evento:
RECURSO ESPECIAL - REFER. AO EVENTO: 12
Data:
26/01/2017 17:37:23
Usuário:
RS068807 - WALTER MACHADO VEPPO - ADVOGADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
19

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.255)

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) VICE-


PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Processo nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS

EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA., já


qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem perante Vossa Excelência,
através de seu procurador signatário, interpor RECURSO ESPECIAL, com
fulcro no artigo 105, inciso III, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal de
1988, pelas razões a seguir expostas.

Dessa maneira, como os pressupostos recursais intrínsecos e


extrínsecos estão devidamente preenchidos, requer seja o presente recurso
recebido, admitido e remetido ao Superior Tribunal de Justiça.

Outrossim, anexa-se o comprovante de recolhimento de custas


recursais.

Nestes termos, pede deferimento.

Porto Alegre (RS), 26 de janeiro de 2017.

WALTER MACHADO VEPPO


Documento recebido eletronicamente da origem

Advogado – OAB/RS 068.807

1
(e-STJ Fl.256)

Recorrente: EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.


Recorrido: União (Fazenda Nacional)

Processo nº: Processo nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS

Egrégio Superior Tribunal de Justiça,

Colenda Turma,

Ínclitos Ministros,

I – DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

Este recurso encontra supedâneo no artigo 105, inciso III, alíneas “a” e
“c” da Constituição Federal, ou seja, há violação de dispositivos expressos de
lei federal, quais sejam, o artigo 76, incisos I, alínea “c”, inciso II, alínea “a”, e
§§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003.

Além disso, há divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e


julgado do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, conforme se verá a seguir.

Não se trata, destarte, de análise de matéria fática, o que é vedado em


sede especial, conforme Súmula nº 7 do STJ, mas de afronta aos dispositivos
mencionados acima.

Dessa maneira, os pressupostos recursais intrínsecos e extrínsecos


Documento recebido eletronicamente da origem

estão devidamente preenchidos, devendo ser, consequentemente, admitido e


conhecido pelo juízo ad quem.

2
(e-STJ Fl.257)

II – DA SÍNTESE FÁTICA

A recorrente efetua particularmente a prestação de serviços de


transportes de mercadorias em âmbito do Mercosul e possui vários contratos
de transportes em curso.

Uma das modalidades de transporte que a recorrente efetua são


operações de Trânsito Aduaneiro, cujas mercadorias saem do local de origem
ao seu destino sob controle aduaneiro, com suspensão de tributos, baseado no
artigo 73 do Decreto-lei nº 37, de 1966, bem como o que operacionalmente
disciplina a IN SRF nº 248, de 2002, tendo obtido habilitação para esse fim
junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Passo Fundo (RS).

Tomando por base o extrato que foi obtido no SISCOMEX (Sistema


Integrado de Comércio Exterior), constata-se que a recorrente chegou a atingir
recentemente 35 (trinta e cinco) pontos, o que conforme a indigitada IN ao
atingir 40 (quarenta) pontos aplica-se a suspensão do regime de trânsito
aduaneiro.

Inconformada, com a iminente penalidade, a recorrente buscou


preventivamente provimento jurisdicional a fim de que fosse concedido,
inclusive em medida liminar, que o Fisco local abstenha-se de aplicar o
bloqueio do sistema e suspender a atividade da empresa, bem como ao final
requereu a concessão da segurança e a declaração de inexistência de relação
jurídica quanto a sistemática punitiva de pontos por afronta ao principio da
estrita legalidade.

Sobreveio sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para


reconhecer a ilegalidade do art. 74, I e II da Instrução Normativa SRF 248/2002
Documento recebido eletronicamente da origem

e para afastar a aplicação direta da penalidade de suspensão sem reincidência


de conduta sancionada com pena de advertência.

3
(e-STJ Fl.258)

No entanto, houve apelação da União, e o Egrégio TRF4 deu provimento


ao apelo para reformar a sentença, por entender que o sistema de pontos
acumulados instituído pela IN SRF nº 248, de 2002, não ofende a Lei nº
10.833, de 2003 e os princípios da legalidade e da proporcionalidade, em
acórdão assim ementado:

“OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR.


INTERVENIENTES. SANÇÕES APLICÁVEIS. IN SRF n. 248,
de 2002. SISTEMA DE PONTOS ACUMULADOS.
REGULAMENTAÇÃO DO ART. 76 DA LEI Nº 10.833, DE
2003.
Não ofende os princípios da legalidade e da proporcionalidade
o sistema de pontos acumulados instituído pela IN SRF 248, de
2002, para regulamentar a aplicação das sanções aos
intervenientes nas operações do comércio exterior, previstas
no art. 76 da Lei nº 10.833, de 2003.”

Dessa maneira, não restou alternativa à ora recorrente do que interpor o


presente Recurso Especial para assegurar seu direito violado, cujas razões
serão expostas a seguir.

III – DO DIREITO

III.1 – DA VIOLAÇÃO AO ARTIGO 76, INCISOS I, ALÍNEA “C”, INCISO II,


ALÍNEA “A” E §§ 2º E 3º, DA LEI Nº 10.833, DE 2003 – DA SUSPENSÃO DO
REGIME ESPECIAL DE TRÂNSITO ADUANEIRO – DA AFRONTA AO
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – DA PENA DE ADVERTÊNCIA

O Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região aduziu o seguinte em


seu julgado:
Documento recebido eletronicamente da origem

“De ínicio, cabe observar que as sanções aplicáveis


administrativamente aos intervenientes nas operações de
comércio exterior, como a parte impetrante, assim como o
procedimento de aplicação dessas sanções, estão previstos
no artigo 76, §§ 1º a 15 da Lei nº 10.833, de 2003, limitando-se
4
(e-STJ Fl.259)

a IN SRF n. 248, de 2002, com suas atualizações, a


estabelecer, por seus artigos 72 a 76, o peso das sanções
(leve, média e grave) e a quantidade de sanções, conforme o
seu peso, que autoriza já a pena de advertência, já a pena de
suspensão.
Exemplificativamente, a infração consistente na 'chegada de
veículo fora do prazo estabelecido, por ação ou omissão do
transportador' é caracterizada como leve pelo art. 72, II, da IN
SRF 248/2002, e vale um (1) ponto para efeito de pena (art. 73
da IN SRF 248/2002). Ao serem atingidos 20 pontos, o infrator
fica sujeito à pena de advertência, e ao serem atingidos 40
pontos, à pena de suspensão. Em termos práticos, o infrator
teria de cometer 20 dessas infrações leves (as mais comuns
delas) para ser punido com advertência, e 40 dessas mesmas
infrações para ser punido com suspensão. Sem sombra de
dúvida, o sistema de pontuação estabelecido pela IN SRF
248/2002 - dentro da moldura do art. 76 da Lei nº 10.833, de
2003 -, mostra-se bastante razoável, para não dizer brando.
(...)
Com efeito, o sistema de pontuação da IN SRF 248/2002
mostrar-se a meu ver totalmente compatível com a Lei nº
10.833, de 2003, no sentido de torná-la mais razoável e prática.
Tanto isso é verdade que tal sistemática de pontuação vem
sendo desde muito tempo utilizada no âmbito do trânsito em
geral, por força da Lei nº 9.503, de 1997 (Código de Trânsito
Brasileiro). Nesse âmbito, as infrações também são
classificadas em leves, médias e graves - e ainda em
gravíssimas -, e correspondem a determinado número de
pontos, os quais vão sendo acumulados e, uma vez
atingida determinada quantidade, levam à suspensão do direito
de dirigir veículos. A diferença é que o sistema de pontos
acumulados do Código de Trânsito Brasileiro é muitíssimo mais
severo que o da IN SRF 248/2002, pois no seu âmbito uma
infração leve corresponde a 3 pontos, e quando atingidos 20
pontos, em 12 meses, o motorista infrator já tem suspenso o
direito de dirigir veículos.
Em conclusão, a IN SRF nº 248, de 2002, ao contrário do que
alega o impetrante, está conforme os princípios da legalidade e
da proporcionalidade, não exorbitando do marco legal
estabelecido pela Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76).”

Entretanto, nobres Ministros, o entendimento exarado no julgado acima


se monstra bastante equivocado, não observando normas legais aplicáveis ao
Documento recebido eletronicamente da origem

caso em tela.

5
(e-STJ Fl.260)

Não se trata a controvérsia acerca da norma prevista no artigo 74,


incisos I e II, da IN SRF nº 248, de 2002, serem mais brandas ou não que a
forma prevista no artigo 76, inciso I, alínea “c” e § 3º da Lei nº 10.833, de 2003,
a questão é a norma prescrita na indigitada Instrução Normativa extrapola o
que está previsto em lei.

Assim dispõe a IN SRF nº 248, de 2002, in verbis:

“Art. 72. No curso das operações de trânsito serão


registradas no sistema, as seguintes ocorrências para o
transportador, com a respectiva gradação:

I - automaticamente:

a) chegada do veículo fora do prazo estabelecido, por ação


ou omissão do transportador, leve;

(...)

Art. 73. Para efeito de aplicação de sanção administrativa,


as ocorrências leves, médias e graves referidas no art. 72
valerão, respectivamente, um, dois e cinco pontos.

(...)

Art. 74. Sem prejuízo de outras responsabilidades ou


penalidades, as ocorrências definidas no art. 72 serão
punidas com as seguintes sanções:

I - advertência, quando atingidos ou ultrapassados vinte


pontos; e

II - suspensão da habilitação, quando atingidos ou


ultrapassados quarenta pontos.” (Grifo nosso)

É mister nesse caso analisar a sanção administrativa de SUSPENSÃO,


prevista na referida regra e analisarmos se a mesma extraviou ou não o
princípio da legalidade.
Documento recebido eletronicamente da origem

6
(e-STJ Fl.261)

A Instrução Normativa estabeleceu penalidade de suspensão por


pontuação não prevista em lei, logo não pode prosperar a aplicabilidade do
referido regramento.

Observando o ordenamento jurídico pátrio, a Lei nº 10.833, de 2003,


reza o seguinte:

“Art. 76. Os intervenientes nas operações de comércio


exterior ficam sujeitos às seguintes sanções:

I - advertência, na hipótese de:

(...)

c) atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de


veículo conduzindo mercadoria submetida ao regime de
trânsito aduaneiro;

(...)

II - suspensão, pelo prazo de até 12 (doze) meses, do


registro, licença, autorização, credenciamento ou
habilitação para utilização de regime aduaneiro ou de
procedimento simplificado, exercício de atividades
relacionadas com o despacho aduaneiro, ou com a
movimentação e armazenagem de mercadorias sob
controle aduaneiro, e serviços conexos, na hipótese de:

a) reincidência em conduta já sancionada com advertência;

(...)

§ 2o Para os efeitos do disposto neste artigo, consideram-


se intervenientes o importador, o exportador, o beneficiário
de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, o
despachante aduaneiro e seus ajudantes, o transportador,
o agente de carga, o operador de transporte multimodal, o
operador portuário, o depositário, o administrador de
recinto alfandegado, o perito ou qualquer outra pessoa que
tenha relação, direta ou indireta, com a operação de
Documento recebido eletronicamente da origem

comércio exterior. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de


2014)

§ 3o Para efeitos do disposto na alínea c do inciso I do


caput, considera-se contumaz o atraso sem motivo
7
(e-STJ Fl.262)

justificado ocorrido em mais de 20% (vinte por cento) das


operações de trânsito aduaneiro realizadas no mês, se
superior a 5 (cinco) o número total de operações.” (grifo
nosso)

Desta feita, depreende-se na Lei nº 10.833, de 2003, que somente se o


interveniente, ou seja, no caso o transportador, ultrapassar os 20% (VINTE
POR CENTO), ele estaria sujeito a uma penalidade e esta de ADVERTÊNCIA
E NÃO DE SUSPENSÃO.

Ademais, ex vi o artigo 76, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 10.833, de


2003, o atraso contumaz na chegada ao destino o veículo conduzindo
mercadorias submetidas ao regime especial de trânsito aduaneiro deve ser
penalizado, primeiramente, com a advertência. A suspensão somente deve ser
aplicada, se o transportador houver sido sancionado com advertência em
operação anterior.

Como é sabido, a nossa Constituição Federal de 1988 reza que:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

(...)

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem


pena sem prévia cominação legal;” (grifo nosso)

Nesse passo, destaca-se o que prevê a Lei nº 9.784, de 1999, no


momento que trata da legalidade nos seguintes termos:

“Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
Documento recebido eletronicamente da origem

proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,


segurança jurídica, interesse público e eficiência.” (grifo nosso)

8
(e-STJ Fl.263)

Os sábios ensinamentos do saudoso Professor Roosevelt Baldomir


Sosa, quando falava sobre o princípio da legalidade, in litteris:

“A legalidade, como princípio, é a conformidade da ação,


do ato e do fato consequente, à lei posta, no sentido
substantivo e formal, e deve ater-se à busca da justiça,
único valor absoluto do direito. O Estado ao avaliar as
ações, os atos e os fatos de administração, não o faz com
interesses subjetivos – tributários ou de qualquer outra
ordem, mas na intenção de verificar se aguardam
conformidade com à lei. Esse é o interesse a ser tutelado,
ao que, a doutrina e o legislador, denominam controle da
legalidade” (in Temas Aduaneiros Contemporâneos –Ed.
Aduaneiras –pág. 147). (grifei).

Ora, o Decreto nº 32.600, de 1953, que incorporou no Brasil o Acordo


Geral sobre Tarifas de Comércio (GATT), que trata do Artigo VIII, acerca das
formalidades vinculadas a importação e exportação, assim reza:

“3. Nenhuma Parte Contratante imporá penalidades


severas por infrações leves a regulamentação ou aos seus
procedimentos aduaneiros. Em particular, as penalidades
pecuniárias impostas em virtude de omissões ou erros nos
documentos apresentados a Alfândega, nos casos em que
forem facilmente reparáveis e manifestamente isentos de
qualquer intenção fraudulenta ou erro grave, não
excedendo a importância necessária que represente uma
simples advertência.” (Grifo nosso)

Em suma, não cabe a IN SRF nº 248, de 2002, instrumento normativo


infralegal, dispor sobre penalidade que é estranha à prevista em lei.

Em virtude do exposto, acórdão deve ser reformado e a sentença


reestabelecida, em virtude da flagrante violação ao artigo 76, inciso I, alínea
“c”, inciso II, alínea “a”, §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003.
Documento recebido eletronicamente da origem

9
(e-STJ Fl.264)

III.2 – DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL – TRF4 X TRF3

Conforme o artigo 1.029, § 1º, do Código de Processo Civil:

“Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos


casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos
perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido,
em petições distintas que conterão:

(...)

§ 1o Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o


recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou
citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado,
inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o
acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado
disponível na rede mundial de computadores, com indicação da
respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados.”

A recorrente, em suas razões de apelação, entregou ao Tribunal


Regional Federal da 4ª Região a questão da inobservância do artigo 74, incisos
I e II, da IN SRF nº 248, de 2002, ao artigo 76, incisos I, alínea “c”, II, alínea “a”,
§§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003.

Assim, com o intuito de cumprir esse requisito, traz-se decisão proferida


pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, assim ementada:

“ADMINISTRATIVO. TRANSPORTE DE MERCADORIAS EM


REGIME DE TRÂNSITO ADUANEIRO. IN/SRF 248/02. PENA
DE SUSPENSÃO. INAPLICABILIDADE. LEI Nº 10.833/03.
O inciso II do art. 74 da IN SRF desbordou os limites da Lei nº
10.833/03 ao impor diretamente a suspensão da habilitação,
quando atingidos ou ultrapassados quarenta pontos, pois
somente em caso de reincidência, e após a aplicação da
advertência, é que a autoridade administrativa poderia impor
aquela penalidade.
Em que pese a sistematização pela Receita Federal das
Documento recebido eletronicamente da origem

infrações mediante pontuação, as cometidas pela impetrante


não se enquadram no art. 76, II, "b" a "e", da Lei 10.833/03,
sujeitando-se, portanto, apenas à penalidade de advertência.
Apelação e remessa oficial desprovidas.

10
(e-STJ Fl.265)

(TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, AMS - APELAÇÃO CÍVEL -


322108 - 0003452-02.2009.4.03.6105, Rel.
DESEMBARGADORA FEDERAL MARLI FERREIRA, julgado
em 03/05/2012, e-DJF3 Judicial 1 DATA:17/05/2012)”

Fica evidente, com a presente transcrição, a divergência entre as


decisões dos Tribunais TRF4 e TRF3 nos seguintes trechos que passamos a
transcrever:

TRF4: “De ínicio, cabe observar que as sanções aplicáveis


administrativamente aos intervenientes nas operações de
comércio exterior, como a parte impetrante, assim como o
procedimento de aplicação dessas sanções, estão previstos
no artigo 76, §§ 1º a 15 da Lei nº 10.833, de 2003, limitando-se
a IN SRF n. 248, de 2002, com suas atualizações, a
estabelecer, por seus artigos 72 a 76, o peso das sanções
(leve, média e grave) e a quantidade de sanções, conforme o
seu peso, que autoriza já a pena de advertência, já a pena de
suspensão.
Exemplificativamente, a infração consistente na 'chegada de
veículo fora do prazo estabelecido, por ação ou omissão do
transportador' é caracterizada como leve pelo art. 72, II, da IN
SRF 248/2002, e vale um (1) ponto para efeito de pena (art. 73
da IN SRF 248/2002). Ao serem atingidos 20 pontos, o infrator
fica sujeito à pena de advertência, e ao serem atingidos 40
pontos, à pena de suspensão. Em termos práticos, o infrator
teria de cometer 20 dessas infrações leves (as mais comuns
delas) para ser punido com advertência, e 40 dessas mesmas
infrações para ser punido com suspensão. Sem sombra de
dúvida, o sistema de pontuação estabelecido pela IN SRF
248/2002 - dentro da moldura do art. 76 da Lei nº 10.833, de
2003 -, mostra-se bastante razoável, para não dizer brando.

(...)

Com efeito, o sistema de pontuação da IN SRF 248/2002


mostrar-se a meu ver totalmente compatível com a Lei nº
10.833, de 2003, no sentido de torná-la mais razoável e prática.
Tanto isso é verdade que tal sistemática de pontuação vem
sendo desde muito tempo utilizada no âmbito do trânsito em
geral, por força da Lei nº 9.503, de 1997 (Código de Trânsito
Brasileiro). Nesse âmbito, as infrações também são
Documento recebido eletronicamente da origem

classificadas em leves, médias e graves - e ainda em


gravíssimas -, e correspondem a determinado número de
pontos, os quais vão sendo acumulados e, uma vez
atingida determinada quantidade, levam à suspensão do direito
de dirigir veículos. A diferença é que o sistema de pontos
11
(e-STJ Fl.266)

acumulados do Código de Trânsito Brasileiro é muitíssimo mais


severo que o da IN SRF 248/2002, pois no seu âmbito uma
infração leve corresponde a 3 pontos, e quando atingidos 20
pontos, em 12 meses, o motorista infrator já tem suspenso o
direito de dirigir veículos.
Em conclusão, a IN SRF nº 248, de 2002, ao contrário do que
alega o impetrante, está conforme os princípios da legalidade e
da proporcionalidade, não exorbitando do marco legal
estabelecido pela Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76).”

TRF3: “A sentença não merece reforma.


A pena de suspensão aplicada à impetrante teve por
fundamento o artigo 76, II, §§ 2º, 8º, I, e 9º, da Lei º 10.833/03
c/c artigos 72 a 76 da IN SRF 248/2002.
Necessária se faz a análise da legislação de regência:

(...)

Em que pese louvável a sistematização pela Receita Federal


das infrações mediante pontuação, observo que aquelas
cometidas pela impetrante, relacionadas às fls. 25/26, não se
enquadram no art. 76, II, "b" a "e", da Lei 10.833/03, sujeitando-
se, portanto, apenas à penalidade de advertência.
De fato o inciso II do art. 74 da IN SRF desbordou os limites da
lei ao impor diretamente a suspensão da habilitação, quando
atingidos ou ultrapassados quarenta pontos, pois somente em
caso de reincidência, e após a aplicação da advertência, é que
a autoridade administrativa poderia impor a suspensão da
habilitação.
Ainda que o transportador possa impugnar os registros tão logo
sejam lançados no sistema da Receita Federal, o § 9o
estabelece que as sanções previstas serão aplicadas mediante
processo administrativo próprio, instaurado com a lavratura de
auto de infração, acompanhado de termo de constatação das
condutas referidas nos incisos I a III do art. 76, "caput".
O legislador não fez qualquer distinção entre as sanções, de
sorte que todas as penalidades, o que inclui a advertência,
devem ser impostas mediante processo administrativo.
E mais, omitiu-se a autoridade administrativa quando deixou de
aplicar a advertência na ocasião em que a impetrante atingira
os 20 pontos. A ausência de prévia advertência inviabiliza a
imediata aplicação da suspensão das atividades. A lei assim
dispõe. Não há discricionariedade.
Documento recebido eletronicamente da origem

Ante o exposto, nego provimento à apelação e à remessa


oficial.
É como voto.”

Assim, diante da transcrição acima, fica demonstrada as circunstâncias


12
(e-STJ Fl.267)

que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, demonstrando a


divergência jurisprudencial entre casos que guardam, entre si, relação de
semelhança.

Há divergência jurisprudencial entre a decisão do acórdão paradigma e


do acórdão recorrido, isto porque neste assentou entendimento pela legalidade
do sistema de pontuação previsto na IN SRF nº 248, de 2002 e sua
compatibilização com a Lei nº 10.833, de 2003, enquanto que no acórdão do
TRF3 julgou no sentido de que a aplicação da pena de suspensão diretamente,
conforme o artigo 74, inciso II, da IN SRF nº 248, de 2002, extrapola o disposto
no artigo 76, inciso I, alínea “c”, inciso II, alínea “a”, §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833,
de 2003, pois o dispositivo regulamentar prescreve que a infração de atraso na
chegada ao destino no regime de trânsito aduaneiro será penalizada
diretamente com a suspensão de habilitação, caso sejam atingidos ou
ultrapassados 40 (quarenta) pontos, em contrariedade ao que normatiza a lei,
que prevê pena de advertência.

Assim, Nobres Ministros, a divergência jurisprudencial é evidente.

IV – DO PEDIDO

Diante destas considerações, requer a admissão do presente recurso


especial e respectivo provimento por contrariedade ao artigo 76, inciso I,
alínea “c”, inciso II, alínea “a”, §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003 e
divergência jurisprudencial, reformando o presente acórdão de origem.

Nestes termos, pede deferimento.


Documento recebido eletronicamente da origem

13
(e-STJ Fl.268)

Porto Alegre (RS), 26 de janeiro de 2017.

WALTER MACHADO VEPPO

Advogado – OAB/RS 068.807


Documento recebido eletronicamente da origem

14
(e-STJ Fl.269)
22/12/2016 Inteiro Teor (1965707)

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 0003452­02.2009.4.03.6105/SP D.E.
2009.61.05.003452­6/SP  
Publicado em 18/05/2012
RELATORA : Desembargadora Federal MARLI FERREIRA
APELANTE : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)
ADVOGADO : RAQUEL VIEIRA MENDES E LÍGIA SCAFF VIANNA
APELADO : POLAR TRANSPORTES RODOVIARIOS LTDA
ADVOGADO : GUZTAVO HENRIQUE ZUCCATO e outro
JUIZO FEDERAL DA 7 VARA DE CAMPINAS ­ 5ª SSJ ­
REMETENTE :
SP
No. ORIG. : 00034520220094036105 7 Vr CAMPINAS/SP

EMENTA

ADMINISTRATIVO.  TRANSPORTE  DE  MERCADORIAS  EM  REGIME  DE  TRÂNSITO


ADUANEIRO. IN/SRF 248/02. PENA DE SUSPENSÃO. INAPLICABILIDADE. LEI Nº 10.833/03.
O  inciso  II  do  art.  74  da  IN  SRF  desbordou  os  limites  da  Lei  nº  10.833/03  ao  impor  diretamente  a
suspensão da habilitação, quando atingidos ou ultrapassados quarenta pontos, pois somente em caso de
reincidência, e após a aplicação da advertência, é que a autoridade administrativa poderia impor aquela
penalidade.
Em  que  pese  a  sistematização  pela  Receita  Federal  das  infrações  mediante  pontuação,  as  cometidas
pela impetrante não se enquadram no art. 76, II, "b" a "e", da Lei 10.833/03, sujeitando­se, portanto,
apenas à penalidade de advertência.
Apelação e remessa oficial desprovidas.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Quarta Turma do
Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e à remessa
oficial, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

São Paulo, 03 de maio de 2012.
MARLI FERREIRA 
Documento recebido eletronicamente da origem

Desembargadora Federal

Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200­2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a
Infra­estrutura de Chaves Públicas Brasileira ­ ICP­Brasil, por:
Signatário (a): MARLI MARQUES FERREIRA:10024
Nº de Série do Certificado: 6E3941DFEFA7A5FF
Data e Hora: 09/05/2012 18:30:13

http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoGedpro/1965707 1/6
(e-STJ Fl.270)
22/12/2016 Inteiro Teor (1965707)

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 0003452­02.2009.4.03.6105/SP
2009.61.05.003452­6/SP
RELATORA : Desembargadora Federal MARLI FERREIRA
APELANTE : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)
ADVOGADO : RAQUEL VIEIRA MENDES E LÍGIA SCAFF VIANNA
APELADO : POLAR TRANSPORTES RODOVIARIOS LTDA
ADVOGADO : GUZTAVO HENRIQUE ZUCCATO e outro
JUIZO FEDERAL DA 7 VARA DE CAMPINAS ­ 5ª SSJ ­
REMETENTE :
SP
No. ORIG. : 00034520220094036105 7 Vr CAMPINAS/SP

RELATÓRIO

Trata­se  de  apelação  e  remessa  oficial  em  mandado  de  segurança  impetrado  por  POLAR
TRANSPORTES  RODOVIÁRIOS  LTDA,  objetivando  ver  declarado  nulo  o  Ato  Declaratório  nº  06,
de 12.03.2009, assegurando à impetrante o direito de continuar habilitada ao transporte de mercadorias
em regime de trânsito aduaneiro.

Foi proferida sentença julgando procedente o pedido, para conceder a segurança. Sentença submetida
ao reexame necessário.

Irresignada, apela a União Federal pugnando pela reversão do julgado.

Com contrarrazões subiram os autos.

O Ministério Público Federal opinou pelo não provimento da apelação.

É o relatório.

Dispensada a revisão na forma regimental.

VOTO

A sentença não merece reforma.

A pena de suspensão aplicada à impetrante teve por fundamento o artigo 76, II, §§ 2º, 8º, I, e 9º, da Lei
º 10.833/03 c/c artigos 72 a 76 da IN SRF 248/2002.

Necessária se faz a análise da legislação de regência:

"Art. 76. Os intervenientes nas operações de comércio exterior ficam sujeitos às seguintes sanções:
I ­ advertência, na hipótese de:
Documento recebido eletronicamente da origem

a) descumprimento de norma de segurança fiscal em local alfandegado;
b)  falta  de  registro  ou  registro  de  forma  irregular  dos  documentos  relativos  a  entrada  ou  saída  de
veículo ou mercadoria em recinto alfandegado;
c) atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de veículo conduzindo mercadoria submetida
ao regime de trânsito aduaneiro;
d)  emissão  de  documento  de  identificação  ou  quantificação  de  mercadoria  em  desacordo  com  sua
efetiva qualidade ou quantidade;
e) prática de ato que prejudique o procedimento de identificação ou quantificação de mercadoria sob
controle aduaneiro;

http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoGedpro/1965707 2/6
(e-STJ Fl.271)
22/12/2016 Inteiro Teor (1965707)

f) atraso na tradução de manifesto de carga, ou erro na tradução que altere o tratamento tributário ou
aduaneiro da mercadoria;
g)  consolidação  ou  desconsolidação  de  carga  efetuada  com  incorreção  que  altere  o  tratamento
tributário ou aduaneiro da mercadoria;
h) atraso, por mais de 3 (três) vezes, em um mesmo mês, na prestação de informações sobre carga e
descarga de veículos, ou movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro;
i) descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitar­se ou utilizar regime
aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitar­se ou manter recintos nos quais
tais regimes sejam aplicados; ou
j) descumprimento de outras normas, obrigações ou ordem legal não previstas nas alíneas a a i;
II ­ suspensão, pelo prazo de até 12 (doze) meses, do registro, licença, autorização, credenciamento
ou  habilitação  para  utilização  de  regime  aduaneiro  ou  de  procedimento  simplificado,  exercício  de
atividades  relacionadas  com  o  despacho  aduaneiro,  ou  com  a  movimentação  e  armazenagem  de
mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos, na hipótese de:
a) reincidência em conduta já sancionada com advertência;
b) atuação em nome de pessoa que esteja cumprindo suspensão, ou no interesse desta;
c) descumprimento da obrigação de apresentar à fiscalização, em boa ordem, os documentos relativos
a operação que realizar ou em que intervier, bem como outros documentos exigidos pela Secretaria da
Receita Federal;
d) delegação de atribuição privativa a pessoa não credenciada ou habilitada; ou
e)  prática  de  qualquer  outra  conduta  sancionada  com  suspensão  de  registro,  licença,  autorização,
credenciamento ou habilitação, nos termos de legislação específica;
III ­ cancelamento ou cassação do registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação para
utilização de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, exercício de atividades relacionadas
com  o  despacho  aduaneiro,  ou  com  a  movimentação  e  armazenagem  de  mercadorias  sob  controle
aduaneiro, e serviços conexos, na hipótese de:
a) acúmulo, em período de 3 (três) anos, de suspensão cujo prazo total supere 12 (doze) meses;
b)  atuação  em  nome  de  pessoa  cujo  registro,  licença,  autorização,  credenciamento  ou  habilitação
tenha sido objeto de cancelamento ou cassação, ou no interesse desta;
c)  exercício,  por  pessoa  credenciada  ou  habilitada,  de  atividade  ou  cargo  vedados  na  legislação
específica;
d) prática de ato que embarace, dificulte ou impeça a ação da fiscalização aduaneira;
e) agressão ou desacato à autoridade aduaneira no exercício da função;
f)  sentença  condenatória,  transitada  em  julgado,  por  participação,  direta  ou  indireta,  na  prática  de
crime contra a administração pública ou contra a ordem tributária;
g) ação ou omissão dolosa tendente a subtrair ao controle aduaneiro, ou dele ocultar, a importação ou
a exportação de bens ou de mercadorias; ou
h) prática de qualquer outra conduta sancionada com cancelamento ou cassação de registro, licença,
autorização, credenciamento ou habilitação, nos termos de legislação específica.
§  1o  As  sanções  previstas  neste  artigo  serão  anotadas  no  registro  do  infrator  pela  administração
aduaneira,  devendo  a  anotação  ser  cancelada  após  o  decurso  de  5  (cinco)  anos  da  aplicação  da
sanção.
§ 2o Para os efeitos do disposto neste artigo, considera­se interveniente o importador, o exportador, o
beneficiário  de  regime  aduaneiro  ou  de  procedimento  simplificado,  o  despachante  aduaneiro  e  seus
ajudantes,  o  transportador,  o  agente  de  carga,  o  operador  de  transporte  multimodal,  o  operador
portuário,  o  depositário,  o  administrador  de  recinto  alfandegado,  o  perito,  o  assistente  técnico,  ou
qualquer outra pessoa que tenha relação, direta ou indireta, com a operação de comércio exterior.
§ 3o  Para  efeito  do  disposto  na  alínea  c  do  inciso  I  do  caput,  considera­se  contumaz  o  atraso  sem
Documento recebido eletronicamente da origem

motivo  justificado  ocorrido  em  mais  de  20%  (vinte  por  cento)  das  operações  de  trânsito  aduaneiro
realizadas no mês, se superior a 5 (cinco) o número total de operações.
§ 4o Na determinação do prazo para a aplicação das sanções previstas no inciso II do caput serão
considerados  a  natureza  e  a  gravidade  da  infração  cometida,  os  danos  que  dela  provierem  e  os
antecedentes do infrator.
§ 5o Para os fins do disposto na alínea a do inciso II do caput, será considerado reincidente o infrator
sancionado  com  advertência  que,  no  período  de  5  (cinco)  anos  da  data  da  aplicação  da  sanção,
cometer nova infração sujeita à mesma sanção.
§  6o  Na  hipótese  de  cassação  ou  cancelamento,  a  reinscrição  para  a  atividade  que  exercia  ou  a
inscrição para exercer outra atividade sujeita a controle aduaneiro só poderá ser solicitada depois de
http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoGedpro/1965707 3/6
(e-STJ Fl.272)
22/12/2016 Inteiro Teor (1965707)

transcorridos  2  (dois)  anos  da  data  de  aplicação  da  sanção,  devendo  ser  cumpridas  todas  as
exigências e formalidades previstas para a inscrição.
§  7o  Ao  sancionado  com  suspensão,  cassação  ou  cancelamento,  enquanto  perdurarem  os  efeito  da
sanção, é vedado o ingresso em local sob controle aduaneiro, sem autorização do titular da unidade
jurisdicionante.
§ 8o Compete a aplicação das sanções:
I ­ ao titular da unidade da Secretaria da Receita Federal responsável pela apuração da infração, nos
casos de advertência ou suspensão; ou
II ­ à autoridade competente para habilitar ou autorizar a utilização de procedimento simplificado, de
regime  aduaneiro,  ou  o  exercício  de  atividades  relacionadas  com  o  despacho  aduaneiro,  ou  com  a
movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos, nos casos
de cancelamento ou cassação.
§  9o  As  sanções  previstas  neste  artigo  serão  aplicadas  mediante  processo  administrativo  próprio,
instaurado com a lavratura de auto de infração, acompanhado de termo de constatação de hipótese
referida nos incisos I a III do caput.
§ 10. Feita a intimação, pessoal ou por edital, a não­apresentação de impugnação pelo autuado no
prazo  de  20  (vinte)  dias  implica  revelia,  cabendo  a  imediata  aplicação  da  sanção  pela  autoridade
competente a que se refere o § 8o.
§  11.  Apresentada  a  impugnação,  a  autoridade  preparadora  terá  prazo  de  15  (quinze)  dias  para
remessa do processo a julgamento.
§  12.  O  prazo  a  que  se  refere  o  §  11  poderá  ser  prorrogado  quando  for  necessária  a  realização  de
diligências ou perícias.
§  13.  Da  decisão  que  aplicar  a  sanção  cabe  recurso,  a  ser  apresentado  em  30  (trinta)  dias,  à
autoridade imediatamente superior, que o julgará em instância final administrativa.
§  14.  O  rito  processual  a  que  se  referem  os  §§  9o  a  13  aplica­se  também  aos  processos  ainda  não
conclusos  para  julgamento  em  1ª  (primeira)  instância  julgados  na  esfera  administrativa,  relativos  a
sanções administrativas de advertência, suspensão, cassação ou cancelamento.
§  15.  As  sanções  previstas  neste  artigo  não  prejudicam  a  exigência  dos  impostos  incidentes,  a
aplicação  de  outras  penalidades  cabíveis  e  a  representação  fiscal  para  fins  penais,  quando  for  o
caso."

A Instrução Normativa SRF nº 248, de 25.11.2002, assim dispõe:

Ocorrências
"Art. 72. No curso das operações de trânsito serão registradas no sistema, as seguintes ocorrências
para o transportador, com a respectiva gradação:
I ­ automaticamente:
a) chegada do veículo fora do prazo estabelecido, por ação ou omissão do transportador, leve;
b) violação de dispositivo de segurança, unidade de carga ou veículo, média; e
c) extravio parcial ou total de carga, grave;
II ­ pelo AFRF:
a) desvio da rota autorizada, sem motivo justificado, média;
b) substituição do veículo transportador, sem autorização da autoridade aduaneira, média; e
c)  chegada  do  veículo  em  unidade  da  SRF  diversa  da  unidade  de  destino  indicada  na  declaração,
média.
§ 1º O transportador será responsabilizado pelas ocorrências a que der causa, bem assim por aquelas
a que derem causa seus prepostos, empregados, contratados ou subcontratados.
Documento recebido eletronicamente da origem

§ 2º A ocorrência será agravada, mediante formalização de processo administrativo, no caso de dolo
do transportador.
§ 3º O transportador tomará ciência no sistema das ocorrências registradas em seu nome.
§ 4º O AFRF designado pelo titular da unidade da SRF onde for constatado o fato poderá excluir do
sistema, mediante justificativa, ocorrências leves e médias.
§  5º  O  titular  da  unidade  da  SRF  onde  for  constatado  o  fato  poderá  excluir  do  sistema,  mediante
processo administrativo, ocorrências graves ou agravadas.
§ 6º A competência de que trata o § 5o é indelegável.
Sanções Administrativas

http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoGedpro/1965707 4/6
(e-STJ Fl.273)
22/12/2016 Inteiro Teor (1965707)

Art.  73.  Para  efeito  de  aplicação  de  sanção  administrativa,  as  ocorrências  leves,  médias  e  graves
referidas no art. 72 valerão, respectivamente, um, dois e cinco pontos.
§ 1º Na contabilização dos pontos do transportador, o sistema manterá como válidas as ocorrências
dos últimos vinte e quatro meses.
§  2º  No  caso  do  agravamento,  previsto  no  §  2o  do  art.  72,  os  pontos  das  ocorrências  serão
multiplicados por oito.
Art. 74. Sem prejuízo de outras responsabilidades ou penalidades, as ocorrências definidas no art. 72
serão punidas com as seguintes sanções:
I ­ advertência, quando atingidos ou ultrapassados vinte pontos; e
II ­ suspensão da habilitação, quando atingidos ou ultrapassados quarenta pontos.
§  1º  A  penalidade  de  suspensão  será  aplicada  quando  o  sistema  indicar  que  foram  atingidos  ou
ultrapassados os pontos estabelecidos neste artigo, reiniciando­se sua contagem a partir da aplicação
de suspensão anterior, se for o caso.
§ 2º Para determinar o prazo da suspensão, serão computados tantos dias quantos forem os pontos
acumulados  nos  últimos  vinte  e  quatro  meses,  independentemente  de  aplicação  de  sanção  nesse
período.
§ 3º A habilitação também será suspensa na hipótese de descumprimento do disposto no § 2º do art.
10, até a regularização da pendência. (Incluído pela IN SRF 262, de 20/12/2002)
Art. 75. No caso de constatação de infração prevista em acordo internacional de transporte deverá ser
efetuada representação ao órgão competente do Ministério dos Transportes pelo titular da unidade da
SRF jurisdicionante do local da ocorrência.
Art. 76. A sanção será aplicada pelo titular da unidade de fiscalização aduaneira onde foi formalizado
o  TRTA,  mediante  Ato  Declaratório  Executivo  e  obedecerá  ao  disposto  na  Lei  no  9.784,  de  29  de
janeiro de 1999.
Parágrafo  único.  A  unidade  de  fiscalização  aduaneira  a  que  se  refere  este  artigo  consultará
diariamente o sistema para identificação dos infratores e adoção das providências cabíveis."

Em  que  pese  louvável  a  sistematização  pela  Receita  Federal  das  infrações  mediante  pontuação,
observo que aquelas cometidas pela impetrante, relacionadas às fls. 25/26, não se enquadram no art.
76, II, "b" a "e", da Lei 10.833/03, sujeitando­se, portanto, apenas à penalidade de advertência.

De fato o inciso II do art. 74 da IN SRF desbordou os limites da lei ao impor diretamente a suspensão
da  habilitação,  quando  atingidos  ou  ultrapassados  quarenta  pontos,  pois  somente  em  caso  de
reincidência,  e  após  a  aplicação  da  advertência,  é  que  a  autoridade  administrativa  poderia  impor  a
suspensão da habilitação.
Ainda que o transportador possa impugnar os registros tão­logo sejam lançados no sistema da Receita
Federal, o § 9o estabelece que as sanções previstas serão aplicadas mediante processo administrativo
próprio,  instaurado  com  a  lavratura  de  auto  de  infração,  acompanhado  de  termo  de  constatação  das
condutas referidas nos incisos I a III do art. 76, "caput".

O  legislador  não  fez  qualquer  distinção  entre  as  sanções,  de  sorte  que  todas  as  penalidades,  o  que
inclui a advertência, devem ser impostas mediante processo administrativo.

E mais, omitiu­se a autoridade administrativa quando deixou de aplicar a advertência na ocasião em
que  a  impetrante  atingira  os  20  pontos.  A  ausência  de  prévia  advertência  inviabiliza  a  imediata
aplicação da suspensão das atividades. A lei assim dispõe. Não há discricionariedade.
Documento recebido eletronicamente da origem

Ante o exposto, nego provimento à apelação e à remessa oficial.

É como voto.

MARLI FERREIRA 
Desembargadora Federal

Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200­2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a
http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoGedpro/1965707 5/6
(e-STJ Fl.274)
22/12/2016 Inteiro Teor (1965707)

Infra­estrutura de Chaves Públicas Brasileira ­ ICP­Brasil, por:
Signatário (a): MARLI MARQUES FERREIRA:10024
Nº de Série do Certificado: 6E3941DFEFA7A5FF
Data e Hora: 09/05/2012 18:30:09
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(e-STJ Fl.276)

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Evento 20

Evento:
REMESSA INTERNA PARA SECRETARIA DE RECURSOS - ST2 -> SREC
Data:
26/01/2017 17:46:32
Usuário:
SECJF - SISTEMA DE PROCESSO ELETRÔNICO -
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
20

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.277)

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Evento 21

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - CONTRARRAZÕES
Data:
30/01/2017 15:19:37
Usuário:
BYI - MITIELLE FONSECA DUTRA SCHEPA - ESTAGIÁRIO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
21
Mpf:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Prazo:
30 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
01/02/2017 00:00:00
Data Final:
17/03/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE
Suspensões e Feriados:
NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES: 02/02/2017
Carnaval: 27/02/2017
Carnaval: 28/02/2017

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.278)

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Evento 22

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - CONTRARRAZÕES
Data:
30/01/2017 15:19:40
Usuário:
BYI - MITIELLE FONSECA DUTRA SCHEPA - ESTAGIÁRIO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
22
Apelante:
UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
Prazo:
30 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
01/02/2017 00:00:00
Data Final:
17/03/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
EDUARDO RAUBER GONÇALVES
Suspensões e Feriados:
NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES: 02/02/2017
Carnaval: 27/02/2017
Carnaval: 28/02/2017

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.279)

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Evento 23

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 22
Data:
30/01/2017 17:56:53
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
23

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.280)

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Evento 24

Evento:
CONTRARRAZÕES - REFER. AO EVENTO: 22
Data:
30/01/2017 17:56:54
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
24

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.281)

MINISTÉRIO DA FAZENDA
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA REGIONAL DA FAZENDA NACIONAL NA 4ªREGIÃO

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO


EXMO. SR. DESEMBARGADOR VICE-PRESIDENTE

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ESPECIAL

PROCESSO Nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS
RECORRENTE: EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.
RECORRIDA: UNIÃO (FAZENDA NACIONAL)

A UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por seu procurador


signatário, vem apresentar CONTRARRAZÕES ao RECURSO ESPECIAL,
requerendo sua inadmissão. Caso admitido o recurso, requer a remessa dos autos ao
Superior Tribunal de Justiça, com as inclusas razões em anexo.

Porto Alegre, data do evento.

Eduardo Rauber Gonçalves


Procurador da Fazenda Nacional
Documento recebido eletronicamente da origem

OAB/RS 64.366
(e-STJ Fl.282)

MINISTÉRIO DA FAZENDA
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA REGIONAL DA FAZENDA NACIONAL NA 4ªREGIÃO

COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


ILUSTRES MINISTROS

1 – Introdução

Trata-se de feito em que se discute a validade do sistema de


pontuação de infrações previsto no art. 74, I e II, da IN SRF nº 248/2002 e sua
compatibilidade com a Lei nº 10.833/2003.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região deu provimento ao apelo da


União e à remessa oficial e rechaçou a pretensão autoral.

Interposto recurso especial, vieram os autos para contrarrazões.

2 – Do mérito recursal

Legalidade da penalidade prevista no art. 74, I e II, da IN SRF nº


248/2002 – Sistema de infrações compatível com o quanto estipula a Lei nº
10.833/2003

Não prospera a pretensão recursal.

O acórdão exarado pelo TRF da 4ª Região merece ser confirmado pela


Documento recebido eletronicamente da origem

Excelsa Corte, diante da precisão dos fundamentos jurídicos ali expendidos,


destacando-se apenas os seguintes pontos em reforço ao ali versado.

Precisamente, resta claro que a penalidade ora questionada encontra


previsão no art. 76, §§1º a 15, da Lei nº 10.833/2003, tendo a IN SRF nº 248/2002
(e-STJ Fl.283)

MINISTÉRIO DA FAZENDA
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA REGIONAL DA FAZENDA NACIONAL NA 4ªREGIÃO

(com redações posteriores) se limitado a estabelecer sistemática de pontuação e peso


para as sanções (leve, média e grave), o que em nada contraria os ditames da Lei nº
10.833/2003.

Nesse sentido, a arguta percepção da Corte Regional:

“(..)

Bem observada, a IN SRF 248/2002 apenas estabelece, em termos


práticos e razoáveis, como devem ser aplicadas as disposições um tanto genéricas
da Lei nº 10.833, de 2003, para que não se convertam em instrumento de
arbitrariedade por parte dos seus aplicadores.

Com efeito, o sistema de pontuação da IN SRF 248/2002 mostrar-se a meu


ver totalmente compatível com a Lei nº 10.833, de 2003, no sentido de torná-la mais
razoável e prática. Tanto isso é verdade que tal sistemática de pontuação vem
sendo desde muito tempo utilizada no âmbito do trânsito em geral, por força da Lei
nº 9.503, de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro). Nesse âmbito, as infrações
também são classificadas em leves, médias e graves - e ainda em gravíssimas -, e
correspondem a determinado número de pontos, os quais vão sendo acumulados
e, uma vez atingida determinada quantidade, levam à suspensão do direito de dirigir
veículos. A diferença é que o sistema de pontos acumulados do Código de Trânsito
Brasileiro é muitíssimo mais severo que o da IN SRF 248/2002, pois no seu âmbito
uma infração leve corresponde a 3 pontos, e quando atingidos 20 pontos, em 12
meses, o motorista infrator já tem suspenso o direito de dirigir veículos.

Em conclusão, a IN SRF nº 248, de 2002, ao contrário do que alega o


impetrante, está conforme os princípios da legalidade e da proporcionalidade, não
exorbitando do marco legal estabelecido pela Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76).”
Documento recebido eletronicamente da origem

Ante o exposto, deve ser desprovido o pleito recursal.


(e-STJ Fl.284)

MINISTÉRIO DA FAZENDA
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA REGIONAL DA FAZENDA NACIONAL NA 4ªREGIÃO

3 – Dos pedidos

Em face do exposto, a União (Fazenda Nacional) requer o


desprovimento do recurso especial, nos termos da fundamentação recursal.

Porto Alegre, data do evento.

Eduardo Rauber Gonçalves


Procurador da Fazenda Nacional
OAB/RS 64.366
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.285)

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(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 25

Evento:
PETIÇÃO
Data:
30/01/2017 18:13:01
Usuário:
RS068807 - WALTER MACHADO VEPPO - ADVOGADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
25

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.286)

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)


VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Processo nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS

EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA., já


qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem respeitosamente perante
Vossa Excelência, apresentar REQUERIMENTO DE CONCESSÃO EFEITO
SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL interposto contra a União (Fazenda
Nacional), com fulcro no artigo 1.029, § 5º, inciso III, do Código de Processo
Civil, pelas razões a seguir expostas:

I – DA SÍNTESE FÁTICA

A requerente efetua particularmente a prestação de serviços de


transportes de mercadorias no âmbito do Mercosul e possui vários contratos de
transportes em curso.

Uma das modalidades de transporte que a requerente efetua são


operações de Trânsito Aduaneiro, cujas mercadorias saem do local de origem
Documento recebido eletronicamente da origem

ao seu destino sob controle aduaneiro, com suspensão de tributos, baseado no


artigo 73 do Decreto-lei nº 37, de 1966, bem como o que operacionalmente

1
(e-STJ Fl.287)

disciplina a IN SRF nº 248, de 2002, tendo obtido habilitação para esse fim
junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Passo Fundo (RS).

A requerente contesta o sistema de pontuação previsto no artigo 74 da


Instrução Normativa nº 248, de 2002, pois a disposição da norma
administrativa contraria o disposto no artigo 76 da Lei nº 10.833, de 2003.

Inconformada, com a iminente penalidade, a requerente buscou de


forma preventiva provimento jurisdicional a fim de que fosse concedida a
segurança e declarada a inexistência da relação jurídica quanto a sistemática
punitiva de pontos por afronta ao principio da estrita legalidade.

Sobreveio sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para


reconhecer a ilegalidade do art. 74, I e II da Instrução Normativa SRF 248/2002
e para afastar a aplicação direta da penalidade de suspensão sem reincidência
de conduta sancionada com pena de advertência.

No entanto, houve apelação da União, e o Egrégio TRF4 deu provimento


ao apelo para reformar a sentença, por entender que o sistema de pontos
acumulados instituído pela IN SRF nº 248, de 2002, não ofende a Lei nº
10.833, de 2003 e os princípios da legalidade e da proporcionalidade.

Dessa maneira, não restou alternativa à ora requerente do que interpor


Recurso Especial para assegurar seu direito violado.

Diante do cenário ora exposto, inconformada à requerente com a


aplicação da exigência de multa e da retenção, propõe o presente
requerimento para obter efeito suspensivo ao Recurso Especial interposto,
pelas razões a seguir delineadas.
Documento recebido eletronicamente da origem

Em suma, a presente medida visa garantir o resultado útil da demanda,


visto que a demora na concessão da tutela, fará com que a requerente seja

2
(e-STJ Fl.288)

responsabilizada civilmente em virtude do não cumprimento dos diversos


contratos de transporte que celebrou com outras empresas (Evento 1 –
CONTR3, CONTR4 e CONTR5, do processo originário).

II – DO DIREITO

II.1 – DA NECESSIDADE DE EFEITO SUSPENSIVO – PERICULUM IN


MORA – DA CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES DA EMPRESA

Um dos requisitos para a concessão do efeito suspensivo ao Recurso


Especial é o perigo de dano ou ao resultado útil da demanda, conforme
preceitua, por analogia, o artigo 300, caput, do Código de Processo Civil, in
verbis:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.”

No que tange ao perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo,


Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero apresentam
importante lição:

“A tutela provisória é necessária simplesmente porque não é


possível esperar, sob pena de o ilícito ocorrer, continuar
ocorrendo, ocorrer novamente, não ser removido ou de dano
não ser reparado ou reparável no futuro. Assim, é preciso ler as
expressões perigo de dano e risco ao resultado útil do
processo como alusões ao perigo na demora. Vale dizer: há
urgência quando a demora pode comprometer a realização
imediata ou futura do direito”.1
Documento recebido eletronicamente da origem

O caso concreto trata da possibilidade da requerente ser sancionada

1
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de
Processo Civil comentado. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2016. Página 383.
3
(e-STJ Fl.289)

com a suspensão de habilitação do regime especial de trânsito aduaneiro, por


alcançar 40 (quarenta) pontos pelas infrações cometidas.

Em vista disso, considerando que a requerente celebrou diversos


contratos de transporte de cargas com outras empresas (Evento 1 – CONTR3,
CONTR4 e CONTR5, do processo originário), podendo sanções pecuniárias e
ser responsabilizada civilmente caso não dê cumprimento ao que foi acordado,
em havendo suspensão da habilitação no regime especial de trânsito
aduaneiro, logo se reconhecido o direito constante apenas no julgamento do
mérito do Recurso Especial, o mesmo perderá seus efeitos, sendo mister o
provimento jurisdicional a fim de se garantir o resultado útil da demanda.

Caso o requerente não cumpra os contratos que foram celebrados,


sofrerá sanções de natureza pecuniária, previstas nos instrumentos, por
incorrer em cláusula penal, autoaplicável, normatizada pelo artigo 408 do
Código Civil (Lei nº 10.406, de 2002), in litteris:

“Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula


penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a
obrigação ou se constitua em mora.”

Ademais, a autora é responsável pelas mercadorias transportadas desde


que as recebe até a entrega ao destinatário, ex vi o artigo 750 do diploma civil:

“Art. 750. A responsabilidade do transportador, limitada ao


valor constante do conhecimento, começa no momento em
que ele, ou seus prepostos, recebem a coisa; termina
quando é entregue ao destinatário, ou depositada em juízo,
se aquele não for encontrado.”

Excelência, fica evidente que a suspensão na habilitação do regime


aduaneiro especial, fará com a requerente arque com grande prejuízo, pois
Documento recebido eletronicamente da origem

inviabilizaria o cumprimento das obrigações de entrega das mercadorias às


empresas destinatárias, incidindo nas responsabilidades contratuais.

4
(e-STJ Fl.290)

Em suma, enquanto não houver a decisão do Recurso Especial, é


melhor não interromper as atividades da empresa, com a suspensão da
habilitação no regime especial.

II.2 – DA DISTINÇÃO ENTRE O MÉRITO DO REQUERIMENTO DE EFEITO


SUSPENSIVO E O MÉRITO DO RECURSO ESPECIAL VINCULADO AO
PRESENTE POSTULADO

É de supina importância destacar desde logo que a autora busca em


cada postulado institutos distintos, ou seja, no Recurso Especial é requerido
que seja declarada a inexistência de relação jurídica entre as partes referente à
sistemática de pontos e penalidades prevista na IN SRF nº 248, de 2002, em
face da ilegalidade do artigo 74 da indigitada Instrução Normativa em relação
ao artigo 76, incisos I, alínea “c”, inciso II, alínea “a”, e §§ 2º e 3º, da Lei nº
10.833, de 2003.

No que tange ao presente requerimento de efeito suspensivo, a


requerente não pleiteia que seja declarada a inexistência da relação jurídica
entre as partes, e sim busca a concessão da medida a fim de que a requerida
abstenha-se de aplicar a imediata penalidade em face a sistemática de pontos
e decorrente suspensão da utilização do regime de trânsito aduaneiro previsto
na IN SRF nº 248, de 2002, enquanto não seja prolatada a decisão definitiva do
Recurso Especial.

II.3 – DA ILEGALIDADE DO SISTEMA DE PONTOS E PENALIDADES DA IN


Documento recebido eletronicamente da origem

SRF Nº 248, DE 2002 – JURISPRUDÊNCIA

Excelência, em consonância com o artigo 76, inciso I, alínea “c”, II,

5
(e-STJ Fl.291)

alínea “a”, §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003, é cediço que a Administração


Fazendária não tem permissivo legal para aplicar diretamente, sem
reincidência, a pena de suspensão da habilitação no regime especial de
trânsito aduaneiro, por atraso contumaz na chegada ao local de destino do
veículo conduzindo mercadoria submetida ao regime de trânsito aduaneiro.

Assim dispõe o dispositivo legal, in litteris:

“Art. 76. Os intervenientes nas operações de comércio


exterior ficam sujeitos às seguintes sanções: (Vide Lei nº
12.715, de 2012) (Vide Lei nº 13.043, de 2014)

I - advertência, na hipótese de:

(...)

c) atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de


veículo conduzindo mercadoria submetida ao regime de
trânsito aduaneiro;

(...)

II - suspensão, pelo prazo de até 12 (doze) meses, do


registro, licença, autorização, credenciamento ou
habilitação para utilização de regime aduaneiro ou de
procedimento simplificado, exercício de atividades
relacionadas com o despacho aduaneiro, ou com a
movimentação e armazenagem de mercadorias sob
controle aduaneiro, e serviços conexos, na hipótese de:

a) reincidência em conduta já sancionada com advertência;

(...)

§ 2o Para os efeitos do disposto neste artigo, consideram-


se intervenientes o importador, o exportador, o beneficiário
de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, o
despachante aduaneiro e seus ajudantes, o transportador,
o agente de carga, o operador de transporte multimodal, o
operador portuário, o depositário, o administrador de
Documento recebido eletronicamente da origem

recinto alfandegado, o perito ou qualquer outra pessoa que


tenha relação, direta ou indireta, com a operação de
comércio exterior. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de
2014)

6
(e-STJ Fl.292)

§ 3o Para efeitos do disposto na alínea c do inciso I do


caput, considera-se contumaz o atraso sem motivo
justificado ocorrido em mais de 20% (vinte por cento) das
operações de trânsito aduaneiro realizadas no mês, se
superior a 5 (cinco) o número total de operações.”

Desta feita, depreende-se na Lei nº 10.833, de 2003, que somente se o


interveniente, ou seja, no caso o transportador, ultrapassar os 20% (VINTE
POR CENTO), ele estaria sujeito a uma penalidade e esta de ADVERTENCIA
E NÃO DE SUSPENSÃO.

No entanto, a Administração Aduaneira tem aplicado o disposto na IN


SRF nº 248, de 2002, in verbis:

“Art. 72. No curso das operações de trânsito serão


registradas no sistema, as seguintes ocorrências para o
transportador, com a respectiva gradação:

I - automaticamente:

a) chegada do veículo fora do prazo estabelecido, por ação


ou omissão do transportador, leve;

(...)

Art. 73. Para efeito de aplicação de sanção administrativa,


as ocorrências leves, médias e graves referidas no art. 72
valerão, respectivamente, um, dois e cinco pontos.

(...)

Art. 74. Sem prejuízo de outras responsabilidades ou


penalidades, as ocorrências definidas no art. 72 serão
punidas com as seguintes sanções:

I - advertência, quando atingidos ou ultrapassados vinte


pontos; e

II - suspensão da habilitação, quando atingidos ou


Documento recebido eletronicamente da origem

ultrapassados quarenta pontos.” (Grifo nosso)

7
(e-STJ Fl.293)

Os dispositivos regulamentares supracitados tem sido aplicados pela


requerida, em contrariedade com que está previsto nas normas do artigo 76 da
Lei nº 10.833, de 2003.

Neste sentido, também já se manifestou o Egrégio Tribunal Regional


Federal da 3ª Região, em acórdão que inclusive foi utilizado pela requerente
como paradigma para efeito de divergência jurisprudencial:

“ADMINISTRATIVO. TRANSPORTE DE MERCADORIAS EM


REGIME DE TRÂNSITO ADUANEIRO. IN/SRF 248/02. PENA
DE SUSPENSÃO. INAPLICABILIDADE. LEI Nº 10.833/03.
O inciso II do art. 74 da IN SRF desbordou os limites da Lei
nº 10.833/03 ao impor diretamente a suspensão da
habilitação, quando atingidos ou ultrapassados quarenta
pontos, pois somente em caso de reincidência, e após a
aplicação da advertência, é que a autoridade administrativa
poderia impor aquela penalidade.
Em que pese a sistematização pela Receita Federal das
infrações mediante pontuação, as cometidas pela
impetrante não se enquadram no art. 76, II, "b" a "e", da Lei
10.833/03, sujeitando-se, portanto, apenas à penalidade de
advertência.
Apelação e remessa oficial desprovidas.
(TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, AMS - APELAÇÃO
CÍVEL - 322108 - 0003452-02.2009.4.03.6105, Rel.
DESEMBARGADORA FEDERAL MARLI FERREIRA, julgado
em 03/05/2012, e-DJF3 Judicial 1 DATA:17/05/2012)”

Em suma, não merece guarida o ato coator iminente uma vez que lei
determina para o caso concreto pena mais branda.

IV – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência seja dado efeito


Documento recebido eletronicamente da origem

suspensivo ao Recurso Especial interposto, com fulcro no artigo 1.029, § 5º,


inciso III, do Código de Processo Civil, a fim de que a autoridade demandada

8
(e-STJ Fl.294)

abstenha-se de aplicar a sistemática de pontos e decorrente suspensão da


utilização do regime de trânsito aduaneiro previsto na IN SRF nº 248, de 2002.

Nestes termos, pede-se deferimento.

Porto Alegre (RS), 30 de janeiro de 2017.

WALTER MACHADO VEPPO

Advogado – OAB/RS 68.807


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9
(e-STJ Fl.295)

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Evento 26

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 21
Data:
30/01/2017 18:17:42
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
26

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.296)

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Evento 27

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 21
Data:
30/01/2017 18:17:48
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
27

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.297)

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Evento 28

Evento:
CONCLUSÃO PARA DESPACHO/DECISÃO COM PETIÇÃO - SREC -> VICE
Data:
30/01/2017 18:47:09
Usuário:
VPV - VANDERSON PANTA MORAES - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
28

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.298)

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Evento 29

Evento:
DECISÃO/DESPACHO - DE EXPEDIENTE INDEFERINDO O PEDIDO
Data:
14/02/2017 15:16:34
Usuário:
CET - CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ - MAGISTRADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
29

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.299)

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS


APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (INTERESSADO)
APELADO: EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA. (IMPETRANTE)

DESPACHO/DECISÃO

1. Trata-se de petição apresentada por EXPRESSO HÉRCULES


TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA, objetivando a atribuição de efeito suspensivo ao
Recurso Especial interposto pela requerente.

Sustenta, em síntese, estar presente o fumus boni iuris no fato de o sistema


de pontos acumulados previsto na IN SRF nº 248/2002 ofender o art. 76 da Lei nº
10.833/2003.

Ressalta estar consubstanciado o periculum in mora no fato de a que a


suspensão na habilitação do regime aduaneiro especial fará com que a requerente arque
com grande prejuízo, pois inviabilizaria o cumprimento das obrigações de entrega das
mercadorias às empresas destinatárias, incidindo nas responsabilidades contratuais.

Requer a concessão de efeito suspensivo ao recurso especial interposto pela


requerente para determinar à requerida que se abstenha de aplicar a sistemática de pontos
e decorrente suspensão de utilização do regime de trânsito aduaneiro previsto na IN SRF
nº 248, DE 2002.

É o relatório.

2. Inicialmente, deve-se ter em mente que o presente requerimento tem por


finalidade a concessão de efeito suspensivo ao recurso especial interposto contra acórdão
desta Corte, com as contrarrazões já oferecidas, mas não realizado ainda o juízo de
admissibilidade.

É importante salientar que esta Vice-Presidência somente tem competência


para analisar o pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou
Documento recebido eletronicamente da origem

especial no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da


decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado,
nos termos do art. 1037, conforme preceitua o inciso III do parágrafo 5º do art. 1.029 do
novo CPC/15, abaixo transcrito:

Art. 1029. (...)

§5º. O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso


especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
(e-STJ Fl.300)

I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão


de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame
prevento para julgá-lo;

II- ao relator, se já distribuído o recurso;

III - ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período


compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de
admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos
termos do art. 1.037.

No presente caso, resta evidente a competência desta Vice-Presidência para


a análise do pedido de efeito suspensivo.

No caso em apreço, o fumus boni juris não se encontra comprovado na


medida em que o seu recurso especial vem embasado em suposta violação dos incisos I e
II do art. 74 da IN n.248/2002 à lei federal, tendo em vista que aquele ato normativo, ainda
que pela via transversa, não se enquadra no conceito de "tratado ou lei federal" inserido na
alínea "a" do inciso III do art. 105 da CF/88, o que inviabiliza o trânsito do recurso especial.

Nesse sentido, a seguinte decisão do Superior Tribunal de Justiça:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.391.262 - PR (2011/0210615-5)RELATOR : MINISTRO


BENEDITO GONÇALVESRECORRENTE : FAZENDA NACIONALADVOGADO :
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONALRECORRIDO : CIDADE AZUL
TRANSPORTES LTDAADVOGADO : RICARDO ALÍPIO DA COSTA E
OUTRO(S)PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
FISCALIZAÇÃOADUANEIRA. ANÁLISE DE AFRONTA À INSTRUÇÃO NORMATIVA.
INVIABILIDADENA VIA ESPECIAL. NÃO ENQUADRAMENTO DO CONCEITO DE "LEI
FEDERAL".RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.DECISÃO.

Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, com fundamento no artigo
105, III, "a", da Constituição Federal, contra acórdão assim ementado:ADMINISTR.
INSTRUÇÃO NORMATIVA 248/02 ILEGALIDADE 1. Ao registrar as ocorrências no
sistema, a autoridade administrativa está apenas exercendo o seu direito de fiscalização,
sem atingir a esfera do particular, o que só ocorrerá com a instauração do processo
administrativo após se registrar um número mínimo de ocorrências ouse atingir um
número de pontos. Por meio desse processo, a condutado particular será então
averiguada, com a condenação respectiva,caso haja subsunção dos fatos à norma
punitiva. 2. Embora reconheça como válida a atribuição de pontos às transportadoras, de
modo a permitir o controle do cumprimento das normas por elas (considerando ainda que
eventual punição não pode prescindir de processo administrativo), entendo que a IN
248/2002 criou um critério diverso daquele previsto na Lei 10.833/03 para caracterizar o
atraso contumaz. 3. Reconhecida a ilegalidade do art 74, 1 da 11V 248/2002 e do art 74, 1,
quando a penalidade é aplicada ao atraso contumaz. Embargos de declaração rejeitados
às fls. 564-567. Na presente irresignação que ora se apresenta, sustenta a recorrenteter
havido violação aos incisos I e II do art. 74 da IN n. 248/2002.Contrarrazões às fls. 573-
Documento recebido eletronicamente da origem

580.Juízo negativo de admissibilidade às fls. 581-582, vieram os autos presentes por meio
de provimento de agravo. Parecer do MPF às fls. 617, opinando pelo não conhecimento
do nobre apelo.É relatório. Decido.

Tem-se que não merece amparo na via recursal que ora se apresenta a análise da
suposta ofensa dos incisos I e II do art. 74 da IN n.248/2002, tendo em vista que esse ato
normativo não se enquadra no conceito de "tratado ou lei federal" inserido na alínea "a" do
inciso III do art. 105 da CF/88, torna-se inviável a análise do recurso especial nesse
contexto.Nesta linha de raciocínio, colaciona-se o seguinte julgado:

PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282 DO


(e-STJ Fl.301)

STF.CONCEITO DE "LEI FEDERAL" PARA FINS DO ART. 105, III, DA CF.


(...)PRECEDENTES.(...) 2. A jurisprudência assentada no STJ considera que, para efeito
de cabimento de recurso especial (CF, art. 105, III),compreendem-se no conceito de lei
federal os atos normativos (= de caráter geral e abstrato), produzidos por órgão da União
com base em competência derivada da própria Constituição, como são as
leis(complementares, ordinárias, delegadas) e as medidas provisórias,bem assim os
decretos autônomos e regulamentares expedidos pelo Presidente da República
(Emb.Decl. no Resp 663.562, 2ª Turma, Min.Castro Meira, DJ de 07.11.05). Não se
incluem nesse conceito os atos normativos secundários produzidos por autoridades
administrativas,tais como resoluções, circulares e portarias (Resp 88.396, 4ª Turma,Min.
Sálvio de Figueiredo, DJ de 13.8.96; AgRg no Ag 573.274, 2ªTurma, Min. Franciulli Netto,
DJ de 21.2.05), instruções normativas(Resp 352.963, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de
18.4.05), atos declaratórios da SRF (Resp 784.378, 1ª Turma, Min. José Delgado, DJde
05.12.05), ou provimentos da OAB (AgRg no Ag 21.337, 1ª Turma,Min. Garcia Vieira, DJ
de 03.8.92). (...) 7. Recurso especial parcialmente conhecido e desprovido (REsp
879.221/RS, Rel. MinistroTeori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 18.9.2007,
DJ11.10.2007 p. 306).Ante o exposto, nos termos do art. 557, caput, do CPC, nego
seguimento ao recurso especial.Publique-se. Intimem-se.Brasília (DF), 13 de maio de
2014.MINISTRO BENEDITO GONÇALVES, Relator

(REsp 1391262, Relator(a) Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data da Publicação


15/05/2014)

Confira-se, ainda, os seguintes precedentes da Primeira e da Segunda Turma


do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO


ESPECIAL. IPI. CRÉDITO-PRÊMIO. PRODUTOS ISENTOS ENÃO TRIBUTADOS.
VIOLAÇÃO DE LEI FEDERAL REFLEXA. ANÁLISEDE PORTARIA.
IMPOSSIBILIDADE.1. "O Recurso Especial não constitui via adequada para a análise,
ainda que pela viatransversa, de eventual ofensa a resoluções, provimentos ou instruções
normativas,por não estarem tais atos normativos compreendidos na expressão 'lei
federal',constante da alínea 'a' do inciso III do art. 105 da Constituição Federal" (AgRg
noAREsp 554.964/RR, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma,
DJe3/11/2014).2. In casu, tem-se que eventual violação dos arts. 3º, I, do Decreto-lei
491/69 e 1º, §4º, do Decreto 64.833/69, na forma defendida nas razões do apelo especial,
seria meramente reflexa, porque para o deslinde da controvérsia atinente à fruição
docrédito-prêmio IPI aos produtos isentos ou não tributados, seria imprescindível
ainterpretação da Portaria do Ministério da Fazenda 78/81, não cabendo, portanto, oexame
da questão em sede de recurso especial.3. Agravo regimental não provido.(AgRg no
RECURSO ESPECIAL Nº 1.388.646 - RS, RELATOR : MINISTRO BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA Turma, unânime, 18 de agosto de 2015(Data do Julgamento).

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DOS ARTS.126, 165, 458 E 535


DO CPC/1973. INEXISTÊNCIA VEDAÇÃO ÀPRESTAÇÃO CONCOMITANTE DAS
ATIVIDADES DE AUDITORINDEPENDENTE E DE CONSULTOR À MESMA
ENTIDADE.NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA INSTRUÇÃO
NORMATIVA308/1999 DA CVM. IMPOSSIBILIDADE. DISCUSSÃO DE MATÉRIA
DEÍNDOLE CONSTITUCIONAL. DESCABIMENTO.1. Constata-se que não se configura
Documento recebido eletronicamente da origem

a ofensas aos arts. 126, 165, 458 e 535 doCPC/1973, pois o Tribunal de origem julgou
integralmente a lide e solucionoua controvérsia, como lhe foi apresentada.2. A eventual
violação da lei federal, no caso, é reflexa, uma vez que para o deslinde da controvérsia
seria imprescindível a interpretação da InstruçãoNormativa 308/199 da CVM, providência
vedada em Recurso Especial, visto que tais regramentos não se subsumem ao conceito
de lei federal.3. Ademais, a via especial não é própria para a discussão de matéria de
índole constitucional, sob pena de usurpação da competência exclusiva do STF.4. Agravo
Interno não provido. (AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 912.955 - SP,
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN, 2ª Turma, unânime, 15 de dezembro de
2016 (data do julgamento).
(e-STJ Fl.302)

Assim, não verifico o fumus boni iuris, porquanto a eventual violação da lei
federal, no caso, é reflexa, uma vez que para o deslinde da controvérsia seria
imprescindível a interpretação da Instrução Normativa SRF 248/02, providência vedada em
Recurso Especial, visto que tais regramentos não se subsumem ao conceito de lei federal.

Ante o exposto, faltante um dos pressupostos do necessário binômio para a


concessão do pretendido efeito suspensivo, indefiro o pedido, nos termos da
fundamentação retro.

Intimem-se.

Documento eletrônico assinado por CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ, Vice-Presidente, na forma
do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março
de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40000121583v7 e
do código CRC 7fa35005.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ
Data e Hora: 14/02/2017 15:16:34

5008264-72.2015.4.04.7104 40000121583 .V7 CRB© CRB


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Evento 30

Evento:
REMESSA INTERNA COM DESPACHO/DECISÃO - VICE -> SREC
Data:
14/02/2017 15:21:17
Usuário:
JOR - JORGE LADISLAU GOMES PIMENTEL - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
30

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Evento 31

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - DESPACHO/DECISÃO
Data:
21/02/2017 17:04:02
Usuário:
ANF - ANDREA FARIAS - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
31
Apelado:
EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.
Prazo:
5 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
07/03/2017 00:00:00
Data Final:
13/03/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
MARCIA MARTINS REGAZZON, WALTER MACHADO VEPPO
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Evento 32

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - DESPACHO/DECISÃO
Data:
21/02/2017 17:04:23
Usuário:
ANF - ANDREA FARIAS - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
32
Mpf:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Prazo:
10 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
03/03/2017 00:00:00
Data Final:
16/03/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
JANUÁRIO PALUDO
Suspensões e Feriados:
Carnaval: 27/02/2017
Carnaval: 28/02/2017

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Evento 33

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - DESPACHO/DECISÃO
Data:
21/02/2017 17:04:38
Usuário:
ANF - ANDREA FARIAS - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
33
Apelante:
UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
Prazo:
10 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
24/02/2017 00:00:00
Data Final:
13/03/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
EDUARDO RAUBER GONÇALVES
Suspensões e Feriados:
Carnaval: 27/02/2017
Carnaval: 28/02/2017

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(e-STJ Fl.307)

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Evento 34

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 33
Data:
22/02/2017 19:51:39
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
34

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Evento 35

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 33
Data:
22/02/2017 19:51:40
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
35

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(e-STJ Fl.309)

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Evento 36

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 32
Data:
26/02/2017 20:51:23
Usuário:
MPFPRR543 - CLAUDIO DUTRA FONTELLA - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
36

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(e-STJ Fl.310)

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Evento 37

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 32
Data:
26/02/2017 20:51:24
Usuário:
MPFPRR543 - CLAUDIO DUTRA FONTELLA - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
37

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(e-STJ Fl.311)

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Evento 38

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 31
Data:
03/03/2017 23:59:59
Usuário:
SECJF - SISTEMA DE PROCESSO ELETRÔNICO -
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
38

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nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.312)

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Evento 39

Evento:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - REFER. AO EVENTO: 31
Data:
10/03/2017 16:55:41
Usuário:
RS068807 - WALTER MACHADO VEPPO - ADVOGADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
39

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.313)

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) VICE-


PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Processo nº 500826472.2015.4.04.7104/RS

EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA., já qualificada nos


autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente, por meio de seu representante
legal, perante Vossa Excelência, propor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com fulcro no
artigo 1.022, inciso I, do Código de Processo Civil, conforme segue:

Como é sabido o CPC assim prevê:

“Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão


judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o


juiz de ofício ou a requerimento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.” (grifei).


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1
(e-STJ Fl.314)

I – DA SÍNTESE FÁTICA:

A embargante impetrou mandado de segurança, com pedido, inclusive liminar, para


que a autoridade fiscal se abstenha de aplicar a sistemática de pontos e o bloqueio do
SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior), e decorrente suspensão da
utilização do regime de trânsito aduaneiro previsto na IN SRF nº 248, de 2002.

Foi reconhecida a ilegalidade do artigo 74, incisos I e II, da IN SRF nº 248, de 2002,
em face de provimento decorrente da segurança concedida e o pleito inicial da ora
embargante restou parcialmente procedente.

Em segunda instância, entretanto, o Tribunal a quo reverteu a sentença, razão pela


qual esta embargante interpôs recurso especial, seguido de pedido de efeito suspensivo
àquele recurso.

Veio, então, decisão do Vice-Presidente acerca do pedido de efeito suspensivo, o


qual restou indeferido.

Nesse passo, entende a embargante que há uma obscuridade na decisão que


indeferiu o pedido de efeito suspensivo, pois a decisão entendeu que a embargante alegou
violação à IN SRF nº 248, de 2002, quando na verdade, o recurso especial foi interposto
em virtude da indigitada Instrução Normativa violar a Lei nº 10.833, de 2003, lei federal.

Em suma, a embargante requer a elucidação do julgado como passa a expor.


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2
(e-STJ Fl.315)

II – DO MÉRITO

II.1 – DA OBSCURIDADE – DA AUSÊNCIA DE CLAREZA NA DECISÃO EMBARGADA


QUANTO A VIOLAÇÃO INDIRETA DE DISPOSITIVO LEGAL

Tendo em vista esse corolário, a embargante requer a manifestação de Vossa


Excelência, no que tange à obscuridade vislumbrada na decisão que indefere o pedido de
efeito suspensivo ao recurso especial.

Para tanto, vejamos o fundamento utilizado pelo Ínclito Desembargador em sua


decisão, in verbis:

“No caso em apreço, o fumus boni juris não se encontra comprovado


na medida em que o seu recurso especial vem embasado em suposta
violação dos incisos I e II do art. 74 da IN n.248/2002 à lei federal, tendo em
vista que aquele ato normativo, ainda que pela via transversa, não se
enquadra no conceito de "tratado ou lei federal" inserido na alínea "a" do
inciso III do art. 105 da CF/88, o que inviabiliza o trânsito do recurso
especial.

(...)

Assim, não verifico o fumus boni iuris, porquanto a eventual


violação da lei federal, no caso, é reflexa, uma vez que para o deslinde
da controvérsia seria imprescindível a interpretação da Instrução
Normativa SRF 248/02, providência vedada em Recurso Especial, visto
que tais regramentos não se subsumem ao conceito de lei federal.

Ante o exposto, faltante um dos pressupostos do necessário binômio


para a concessão do pretendido efeito suspensivo, indefiro o pedido, nos
termos da fundamentação retro.

Intimem-se.” (grifo nosso)

Ainda, em suas fundamentações, a decisão embargada citou o seguinte julgado


monocrático do Superior Tribunal Justiça:
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“RECURSO ESPECIAL Nº 1.391.262 - PR (2011/0210615-5)RELATOR :


MINISTRO BENEDITO GONÇALVESRECORRENTE : FAZENDA
NACIONALADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA
NACIONALRECORRIDO : CIDADE AZUL TRANSPORTES

3
(e-STJ Fl.316)

LTDAADVOGADO : RICARDO ALÍPIO DA COSTA E


OUTRO(S)PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO
ESPECIAL. FISCALIZAÇÃOADUANEIRA. ANÁLISE DE AFRONTA À
INSTRUÇÃO NORMATIVA. INVIABILIDADENA VIA ESPECIAL. NÃO
ENQUADRAMENTO DO CONCEITO DE "LEI FEDERAL".RECURSO
ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.DECISÃO.
Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, com
fundamento no artigo 105, III, "a", da Constituição Federal, contra acórdão
assim ementado:ADMINISTR. INSTRUÇÃO NORMATIVA 248/02
ILEGALIDADE 1. Ao registrar as ocorrências no sistema, a autoridade
administrativa está apenas exercendo o seu direito de fiscalização, sem
atingir a esfera do particular, o que só ocorrerá com a instauração do
processo administrativo após se registrar um número mínimo de ocorrências
ouse atingir um número de pontos. Por meio desse processo, a conduta do
particular será então averiguada, com a condenação respectiva, caso haja
subsunção dos fatos à norma punitiva. 2. Embora reconheça como válida a
atribuição de pontos às transportadoras, de modo a permitir o controle do
cumprimento das normas por elas (considerando ainda que eventual
punição não pode prescindir de processo administrativo), entendo que
a IN 248/2002 criou um critério diverso daquele previsto na Lei
10.833/03 para caracterizar o atraso contumaz. 3. Reconhecida a
ilegalidade do art 74, 1 da 11V 248/2002 e do art 74, 1, quando a
penalidade é aplicada ao atraso contumaz. Embargos de declaração
rejeitados às fls. 564-567. Na presente irresignação que ora se apresenta,
sustenta a recorrenteter havido violação aos incisos I e II do art. 74 da IN n.
248/2002.Contrarrazões às fls. 573-580.Juízo negativo de admissibilidade
às fls. 581-582, vieram os autos presentes por meio de provimento de
agravo. Parecer do MPF às fls. 617, opinando pelo não conhecimento do
nobre apelo.É relatório. Decido.
Tem-se que não merece amparo na via recursal que ora se apresenta a
análise da suposta ofensa dos incisos I e II do art. 74 da IN n.248/2002,
tendo em vista que esse ato normativo não se enquadra no conceito de
"tratado ou lei federal" inserido na alínea "a" do inciso III do art. 105 da
CF/88, torna-se inviável a análise do recurso especial nesse
contexto.Nesta linha de raciocínio, colaciona-se o seguinte julgado:
(...)
(REsp 1391262, Relator(a) Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data da
Publicação 15/05/2014)" (grifo nosso)

No que tange ao cabimento de embargos de declaração, assim dispõe o Código de


Processo Civil, in verbis:

“Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão


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judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

4
(e-STJ Fl.317)

(...)”

A respeito da apresentação de embargos de declaração por obscuridade da decisão


embargada, os ilustres Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero,
apresentam importante lição sobre o tema, in litteris:

“2. Obscuridade. Decisão obscura é a decisão a que falta clareza. A


obscuridade concerne à redação da decisão. A obscuridade compromete a
adequada compreensão da ideia exposta na decisão judicial.”

A decisão embargada está eivada de obscuridade, pois houve equívoco do


entendimento exposto em relação à violação indireta à lei. Todavia, a embargante interpôs
recurso especial em virtude de violação direta à lei federal, ou seja, de que a IN SRF nº
248, de 2002, afronta o disposto na Lei nº 10.833, de 2003. A ilegalidade do acórdão
recorrido não é reflexa, como exposto na decisão que indeferiu pedido de efeito
suspensivo, pois o julgamento do colegiado violou o que dispõe o artigo 76 da Lei nº
10.833, de 2003, ao entender pela legalidade da IN SRF nº 248, de 2002, e também
divergiu de acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

Outrossim, o acórdão utilizado pelo Eminente Desembargador como fundamento de


sua decisão, não se coaduna com o que esta embargante aduz em suas razões de recurso
especial, uma vez que a alegação é de violação à Lei Ordinária, e não à norma infralegal.
Na verdade, o referido acórdão se trata de um recurso especial interposto pela Fazenda
Nacional, aduzindo violação à IN SRF nº 248, de 2002, sendo tal recurso inadmitido pelo
STJ, por não caber recurso especial com fundamento em violação à Instrução Normativa,
norma infralegal.

No caso em liça foi interposto recurso especial, pois o sistema de pontos previsto na
IN SRF nº 248, de 2002, viola o que preconiza a Lei nº 10.833, de 2003, pois a lei federal
prevê pena de advertência para o atraso contumaz na chegada ao destino de veículo
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conduzindo mercadoria submetida ao regime especial de trânsito aduaneiro (artigo 76,


inciso I, alínea “c”), devendo ser aplicada a suspensão apenas em caso de reincidência
(artigo 76, inciso II, alínea “a”). No entanto, a indigitada Instrução Normativa, prevê

5
(e-STJ Fl.318)

diretamente a pena de suspensão para a chegada do veículo fora do prazo estabelecido


quando atingido quarenta pontos (artigo 72, inciso I, alínea “a”, combinado com os artigos
73 e 74, inciso II). O recurso especial também foi interposto, pois a decisão embargada
diverge do entendimento exposto pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

III – DO PEDIDO:

Requer a Vossa Excelência, sejam admitidos e providos os presentes embargos,


para sanar a obscuridade apresentada alhures, quanto ao argumento de que foi interposto
recurso especial em face de violação indireta à norma legal.

Nestes termos, pede deferimento.

Porto Alegre (RS), 10 de março de 2017.

WALTER MACHADO VEPPO

Advogado – OAB/RS nº 68.807


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6
(e-STJ Fl.319)

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Evento 40

Evento:
CONCLUSÃO PARA DESPACHO/DECISÃO COM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - SREC
-> VICE
Data:
10/03/2017 17:05:43
Usuário:
SECJF - SISTEMA DE PROCESSO ELETRÔNICO -
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
40
(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.320)

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Evento 41

Evento:
DECISÃO/DESPACHO - RECURSO ESPECIAL INADMITIDO
Data:
10/04/2017 14:12:04
Usuário:
CET - CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ - MAGISTRADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
41

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.321)

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

RECURSO ESPECIAL EM APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5008264-


72.2015.4.04.7104/RS
RECORRENTE: EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA. (IMPETRANTE)
ADVOGADO: WALTER MACHADO VEPPO
RECORRIDO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (INTERESSADO)
MPF: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (MPF)

DESPACHO/DECISÃO

Trata-se de recurso especial interposto com apoio no art. 105, III, a e c, da


Constituição Federal, contra acórdão proferido por Órgão Colegiado desta Corte, cuja
ementa estampa:

OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR. INTERVENIENTES. SANÇÕES


APLICÁVEIS. IN SRF n. 248, de 2002. SISTEMA DE PONTOS
ACUMULADOS. REGULAMENTAÇÃO DO ART. 76 DA LEI Nº 10.833, DE 2003.

Não ofende os princípios da legalidade e da proporcionalidade o sistema de pontos


acumulados instituído pela IN SRF 248, de 2002, para regulamentar a aplicação das
sanções aos intervenientes nas operações do comércio exterior, previstas no art. 76 da
Lei nº 10.833, de 2003.

Sustenta a parte recorrente que o acórdão violou dispositivos expressos de lei


federal, quais sejam, o artigo 76, incisos I, alínea “c”, inciso II, alínea “a”, e §§ 2º e 3º, da
Lei nº 10.833, de 2003. Alega, ainda, a existência de divergência jurisprudencial entre o
acórdão recorrido e julgado do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

O presente recurso especial não merece prosseguir, na medida em que a


suposta violação da lei federal (Lei 10.833/03), no caso, é reflexa, porquanto para o
deslinde da controvérsia faz-se necessária a interpretação da Instrução Normativa nº
248/2002, providência vedada em sede de recurso especial. É que tais regramentos, ainda
que pela via transversa, não se subsumem ao conceito de lei federal, a teor da alínea "a"
do inciso III do art. 105 da CF/88, o que inviabiliza o trânsito do recurso especial.
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Nesse sentido, os seguintes precedentes das Primeira e Segunda Turmas do


Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONCLUSÃO DO TRIBUNAL LOCAL BASEADA


ESSENCIALMENTE NA INTERPRETAÇÃO DE ATOS NORMATIVOS INFRALEGAIS.
INVIABILIDADE DE ANÁLISE NA VIA RECURSAL ELEITA.

1. A Corte a quo, ao afastar a aplicação do art. 106 do CTN ao caso dos autos, analisou,
por via reflexa, ato normativo infralegal, Instruções Normativas SRF 28/1994 e 1.096/2010,
ato normativo inadequado ao conceito de "tratado ou lei federal" de que cuida o art. 105, III,
(e-STJ Fl.322)

"a", da CF/1988.

2. No Recurso Especial é inviável revisar entendimento de acórdão recorrido firmado em


interpretação de ato normativo infralegal.

3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 1462153/RS, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 11/02/2015).

ADMINISTRATIVO - PROCESSO CIVIL - CVM - MULTA POR ATRASO NO ENVIDO


DE INFORMAÇÕES TRIMESTRAIS - ART. 21, §6º, DA LEI 6.385/76 - FUNDAMENTO
DE VALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 202/93 E 229/95 - INEXISTÊNCIA
DE LEI FEDERAL VIOLADA.

1. Instrução normativa não se adequa ao conceito de lei federal para autorizar o cabimento
de recurso especial.

2. A conclusão do acórdão recorrido pela eficácia retroativa do cancelamento do registro


não atinge o art. 21, §6º, da Lei 6.385/76, que fundamenta o direito da CVM de
regulamentar o registro das sociedades de capital aberto.

3. Precedentes do STJ.

4. Recurso especial não conhecido. (REsp 1.049.605/PR, Rel. Min. Eliana Calmon,
Segunda Turma, DJe 18/12/2008)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 126, 165, 458 E


535 DO CPC/1973. INEXISTÊNCIA VEDAÇÃO À PRESTAÇÃO CONCOMITANTE DAS
ATIVIDADES DE AUDITOR INDEPENDENTE E DE CONSULTOR À MESMA
ENTIDADE. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA
308/1999 DA CVM. IMPOSSIBILIDADE. DISCUSSÃO DE MATÉRIA DE ÍNDOLE
CONSTITUCIONAL. DESCABIMENTO.

1. Constata-se que não se configura a ofensas aos arts. 126, 165, 458 e

535 do CPC/1973, pois o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a


controvérsia, como lhe foi apresentada.

2. A eventual violação da lei federal, no caso, é reflexa, uma vez que para o deslinde da
controvérsia seria imprescindível a interpretação da Instrução Normativa 308/199 da
CVM, providência vedada em Recurso Especial, visto que tais regramentos não se
subsumem ao conceito de lei federal.

3. Ademais, a via especial não é própria para a discussão de matéria de

índole constitucional, sob pena de usurpação da competência exclusiva

do STF.
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4. Agravo Interno não provido. (AgInt no Agravo em Recurso Especial 912.955/SP, Relator
Min. Herman Benjamin , Segunda Turma, j. 15/12/16)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO


ESPECIAL. IPI. CRÉDITO-PRÊMIO. PRODUTOS ISENTOS ENÃO TRIBUTADOS.
VIOLAÇÃO DE LEI FEDERAL REFLEXA. ANÁLISEDE PORTARIA.
IMPOSSIBILIDADE.1. "O Recurso Especial não constitui via adequada para a análise,
ainda que pela viatransversa, de eventual ofensa a resoluções, provimentos ou instruções
normativas,por não estarem tais atos normativos compreendidos na expressão 'lei
federal',constante da alínea 'a' do inciso III do art. 105 da Constituição Federal" (AgRg
noAREsp 554.964/RR, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma,
(e-STJ Fl.323)

DJe3/11/2014).2. In casu, tem-se que eventual violação dos arts. 3º, I, do Decreto-lei
491/69 e 1º, §4º, do Decreto 64.833/69, na forma defendida nas razões do apelo especial,
seria meramente reflexa, porque para o deslinde da controvérsia atinente à fruição
docrédito-prêmio IPI aos produtos isentos ou não tributados, seria imprescindível
ainterpretação da Portaria do Ministério da Fazenda 78/81, não cabendo, portanto, oexame
da questão em sede de recurso especial.3. Agravo regimental não provido.(AgRg no
RECURSO ESPECIAL Nº 1.388.646 - RS, RELATOR : MINISTRO BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA Turma, unânime, 18 de agosto de 2015(Data do Julgamento).

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DOS ARTS.126, 165, 458 E 535


DO CPC/1973. INEXISTÊNCIA VEDAÇÃO ÀPRESTAÇÃO CONCOMITANTE DAS
ATIVIDADES DE AUDITORINDEPENDENTE E DE CONSULTOR À MESMA
ENTIDADE.NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA INSTRUÇÃO
NORMATIVA308/1999 DA CVM. IMPOSSIBILIDADE. DISCUSSÃO DE MATÉRIA
DEÍNDOLE CONSTITUCIONAL. DESCABIMENTO.1. Constata-se que não se configura
a ofensas aos arts. 126, 165, 458 e 535 doCPC/1973, pois o Tribunal de origem julgou
integralmente a lide e solucionoua controvérsia, como lhe foi apresentada.2. A eventual
violação da lei federal, no caso, é reflexa, uma vez que para o deslinde da controvérsia
seria imprescindível a interpretação da InstruçãoNormativa 308/199 da CVM, providência
vedada em Recurso Especial, visto que tais regramentos não se subsumem ao conceito
de lei federal.3. Ademais, a via especial não é própria para a discussão de matéria de
índole constitucional, sob pena de usurpação da competência exclusiva do STF.4. Agravo
Interno não provido. (AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 912.955 - SP,
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN, 2ª Turma, unânime, 15 de dezembro de
2016 (data do julgamento).

Confira-se o conceito de lei federal constante da seguinte decisão do Superior


Tribunal de Justiça:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.391.262 - PR (2011/0210615-5)RELATOR : MINISTRO


BENEDITO GONÇALVESRECORRENTE : FAZENDA NACIONALADVOGADO :
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONALRECORRIDO : CIDADE AZUL
TRANSPORTES LTDAADVOGADO : RICARDO ALÍPIO DA COSTA E
OUTRO(S)PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
FISCALIZAÇÃOADUANEIRA. ANÁLISE DE AFRONTA À INSTRUÇÃO NORMATIVA.
INVIABILIDADENA VIA ESPECIAL. NÃO ENQUADRAMENTO DO CONCEITO DE "LEI
FEDERAL".RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.DECISÃO.

Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, com fundamento no artigo
105, III, "a", da Constituição Federal, contra acórdão assim ementado:ADMINISTR.
INSTRUÇÃO NORMATIVA 248/02 ILEGALIDADE 1. Ao registrar as ocorrências no
sistema, a autoridade administrativa está apenas exercendo o seu direito de fiscalização,
sem atingir a esfera do particular, o que só ocorrerá com a instauração do processo
administrativo após se registrar um número mínimo de ocorrências ouse atingir um
número de pontos. Por meio desse processo, a condutado particular será então
averiguada, com a condenação respectiva,caso haja subsunção dos fatos à norma
punitiva. 2. Embora reconheça como válida a atribuição de pontos às transportadoras, de
modo a permitir o controle do cumprimento das normas por elas (considerando ainda que
eventual punição não pode prescindir de processo administrativo), entendo que a IN
Documento recebido eletronicamente da origem

248/2002 criou um critério diverso daquele previsto na Lei 10.833/03 para caracterizar o
atraso contumaz. 3. Reconhecida a ilegalidade do art 74, 1 da 11V 248/2002 e do art 74, 1,
quando a penalidade é aplicada ao atraso contumaz. Embargos de declaração rejeitados
às fls. 564-567. Na presente irresignação que ora se apresenta, sustenta a recorrenteter
havido violação aos incisos I e II do art. 74 da IN n. 248/2002.Contrarrazões às fls. 573-
580.Juízo negativo de admissibilidade às fls. 581-582, vieram os autos presentes por meio
de provimento de agravo. Parecer do MPF às fls. 617, opinando pelo não conhecimento
do nobre apelo.É relatório. Decido.

Tem-se que não merece amparo na via recursal que ora se apresenta a análise da
(e-STJ Fl.324)

suposta ofensa dos incisos I e II do art. 74 da IN n.248/2002, tendo em vista que esse ato
normativo não se enquadra no conceito de "tratado ou lei federal" inserido na alínea "a" do
inciso III do art. 105 da CF/88, torna-se inviável a análise do recurso especial nesse
contexto.Nesta linha de raciocínio, colaciona-se o seguinte julgado:

PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282 DO


STF. CONCEITO DE "LEI FEDERAL" PARA FINS DO ART. 105, III, DA CF.
(...)PRECEDENTES.(...) 2. A jurisprudência assentada no STJ considera que, para efeito
de cabimento de recurso especial (CF, art. 105, III),compreendem-se no conceito de lei
federal os atos normativos (= de caráter geral e abstrato), produzidos por órgão da União
com base em competência derivada da própria Constituição, como são as
leis(complementares, ordinárias, delegadas) e as medidas provisórias,bem assim os
decretos autônomos e regulamentares expedidos pelo Presidente da República
(Emb.Decl. no Resp 663.562, 2ª Turma, Min.Castro Meira, DJ de 07.11.05). Não se
incluem nesse conceito os atos normativos secundários produzidos por autoridades
administrativas,tais como resoluções, circulares e portarias (Resp 88.396, 4ª Turma,Min.
Sálvio de Figueiredo, DJ de 13.8.96; AgRg no Ag 573.274, 2ªTurma, Min. Franciulli Netto,
DJ de 21.2.05), instruções normativas(Resp 352.963, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ
de 18.4.05), atos declaratórios da SRF (Resp 784.378, 1ª Turma, Min. José Delgado,
DJde 05.12.05), ou provimentos da OAB (AgRg no Ag 21.337, 1ª Turma,Min. Garcia
Vieira, DJ de 03.8.92). (...) 7. Recurso especial parcialmente conhecido e desprovido
(REsp 879.221/RS, Rel. MinistroTeori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em
18.9.2007, DJ11.10.2007 p. 306).Ante o exposto, nos termos do art. 557, caput, do CPC,
nego seguimento ao recurso especial.Publique-se. Intimem-se.Brasília (DF), 13 de maio
de 2014.MINISTRO BENEDITO GONÇALVES, Relator. (REsp 1391262, Relator(a)
Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data da Publicação 15/05/2014) (grifei)

Por fim, o recurso não merece prosseguir igualmente pela alínea c, pois para
a análise do dissenso jurisprudencial também seria necessária a verificação da
interpretação dada à instrução normativa pelas decisões em confronto dos Tribunais.

Ante o exposto, não admito o recurso especial.

Intimem-se.

Documento eletrônico assinado por CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ, Vice-Presidente, na forma
do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março
de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
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(e-STJ Fl.325)

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Evento 42

Evento:
DESPACHO/DECISÃO - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - REJEITADOS
Data:
10/04/2017 14:12:16
Usuário:
CET - CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ - MAGISTRADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
42

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.326)

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5008264-


72.2015.4.04.7104/RS
EMBARGANTE: EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA. (IMPETRANTE)
ADVOGADO: WALTER MACHADO VEPPO
INTERESSADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (INTERESSADO)
INTERESSADO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (MPF)

DESPACHO/DECISÃO

Trata-se de embargos de declaração opostos pela embargante contra decisão


que indeferiu o pedido de efeito suspensivo ao seu recurso especial (evento 39).

Não prosperam os embargos de declaração.

A natureza reparadora dos embargos de declaração só permite a sua


oposição contra sentença/acórdão ou decisão acoimado de omissão, obscuridade ou
contradição, bem assim, por construção jurisprudencial, para fins de prequestionamento,
como indicam as Súmulas nºs 282 e 356 do STF e 98 do STJ, ou, ainda, para fins de
correção de erro material na decisão.

No caso dos autos, ao contrário do alegado pela embargante, inexiste


qualquer omissão, contradição ou erro a ser sanado na decisão embargada, porquanto o
seu exame se deu de forma suficiente, clara e coerente.

Não se constata a existência da alegada omissão/contradição, ou qualquer


outra hipótese justificadora dos embargos de declaração, porquanto a decisão está
devidamente fundamentada, com a apreciação da matéria versada no pedido da
embargante.

Ao contrário do alegado pela embargante, não houve equívoco no


entendimento exposto em relação à análise, pois o que se disse é que o recurso especial
foi interposto em virtude da Instrução Normativa (INSRF 248/02) violar a Lei federal (no
caso, a Lei 10.833/03), conforme se pode observar de excerto da seguinte decisão:
Documento recebido eletronicamente da origem

"(...)

No caso em apreço, o fumus boni juris não se encontra comprovado na medida em que o
seu recurso especial vem embasado em suposta violação dos incisos I e II do art. 74
da IN n.248/2002 à lei federal, tendo em vista que aquele ato normativo, ainda que pela
via transversa, não se enquadra no conceito de "tratado ou lei federal" inserido na alínea
"a" do inciso III do art. 105 da CF/88, o que inviabiliza o trânsito do recurso especial. (...)"

Portanto, não houve equívoco quanto ao entendimento exposto em relação à


(e-STJ Fl.327)

violação indireta à lei, inclusive no tocante aos julgados colacionados na decisão


embargada, conforme excerto da decisão que segue:

"(...)PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO


ESPECIAL. IPI. CRÉDITO-PRÊMIO. PRODUTOS ISENTOS ENÃO TRIBUTADOS.
VIOLAÇÃO DE LEI FEDERAL REFLEXA. ANÁLISEDE PORTARIA.
IMPOSSIBILIDADE.1. "O Recurso Especial não constitui via adequada para a análise,
ainda que pela viatransversa, de eventual ofensa a resoluções, provimentos ou instruções
normativas,por não estarem tais atos normativos compreendidos na expressão 'lei
federal',constante da alínea 'a' do inciso III do art. 105 da Constituição Federal" (AgRg
noAREsp 554.964/RR, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma,
DJe3/11/2014).2. In casu, tem-se que eventual violação dos arts. 3º, I, do Decreto-lei
491/69 e 1º, §4º, do Decreto 64.833/69, na forma defendida nas razões do apelo
especial, seria meramente reflexa, porque para o deslinde da controvérsia atinente à
fruição docrédito-prêmio IPI aos produtos isentos ou não tributados, seria
imprescindível ainterpretação da Portaria do Ministério da Fazenda 78/81, não
cabendo, portanto, oexame da questão em sede de recurso especial.3. Agravo regimental
não provido.(AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.388.646 - RS, RELATOR : MINISTRO
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA Turma, unânime, 18 de agosto de 2015(Data do
Julgamento).

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DOS ARTS.126, 165, 458 E 535


DO CPC/1973. INEXISTÊNCIA VEDAÇÃO ÀPRESTAÇÃO CONCOMITANTE DAS
ATIVIDADES DE AUDITORINDEPENDENTE E DE CONSULTOR À MESMA
ENTIDADE.NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA INSTRUÇÃO
NORMATIVA308/1999 DA CVM. IMPOSSIBILIDADE. DISCUSSÃO DE MATÉRIA
DEÍNDOLE CONSTITUCIONAL. DESCABIMENTO.1. Constata-se que não se configura
a ofensas aos arts. 126, 165, 458 e 535 doCPC/1973, pois o Tribunal de origem julgou
integralmente a lide e solucionoua controvérsia, como lhe foi apresentada.2. A eventual
violação da lei federal, no caso, é reflexa, uma vez que para o deslinde da
controvérsia seria imprescindível a interpretação da InstruçãoNormativa 308/199 da
CVM, providência vedada em Recurso Especial, visto que tais regramentos não se
subsumem ao conceito de lei federal.3. Ademais, a via especial não é própria para a
discussão de matéria de índole constitucional, sob pena de usurpação da competência
exclusiva do STF.4. Agravo Interno não provido. (AgInt no AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL Nº 912.955 - SP, RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN, 2ª Turma,
unânime, 15 de dezembro de 2016 (data do julgamento). (...)"

Esclarece-se, por fim, que a decisão monocrática restou colacionada para fins
de esclarecimento do conceito de lei federal.

Assim, o que se verifica é que a pretensão da ora embargante não é de sanar


qualquer irregularidade no corpo da decisão, na forma do disposto no artigo 1.022 do
NCPC, mas de buscar a rediscussão dos fundamentos da decisão, o que é vedado na via
estreita dos embargos de declaração. Ademais, resta evidente a pretensão infringente
buscada pela embargante, com a oposição destes embargos declaratórios, uma vez que
pretende ver alterado a decisão de acordo com sua tese. Ocorre que os embargos
Documento recebido eletronicamente da origem

declaratórios não são cabíveis para a modificação do julgado que não se apresenta
omisso, contraditório ou obscuro.

Nessa linha, a jurisprudência do STF:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. NATUREZA JURÍDICA DE VERBAS PAGAS AO
TRABALHADOR. ANÁLISE DE NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE TRÂNSITO. OMISSÃO INOCORRENTE.
CARÁTER INFRINGENTE. 1. Não se prestam os embargos de declaração, não obstante
(e-STJ Fl.328)

sua vocação democrática e a finalidade precípua de aperfeiçoamento da prestação


jurisdicional, para o reexame das questões de fato e de direito já apreciadas no acórdão
embargado. 2. Ausente omissão justificadora da oposição de embargos declaratórios, nos
termos do art. 1022 do CPC, a evidenciar o caráter meramente infringente da insurgência.
3. Embargos de declaração rejeitados. (RE 945513 AgR-ED, Relator(a): Min. ROSA
WEBER, Julgamento: 31/05/2016, Órgão Julgador: Primeira Turma, Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-122 DIVULG 13-06-2016 PUBLIC 14-06-2016)

EMENTAS: 1. RECURSO. Embargos de declaração. Pretensão de alteração do teor


decisório. Inexistência de omissão, obscuridade ou contradição. Inadmissibilidade.
Reexame de fatos e provas. Súmula 279 do STF. Embargos rejeitados. Não se admitem
embargos de declaração de decisão em que não há omissão, contradição nem
obscuridade. 2. Tributo. ICMS. Produtos semi-elaborados destinados à exportação.
Alíquota. Período compreendido entre a entrada em vigor do sistema tributário nacional
(art. 34, § 5º, do ADCT) e o advento da Resolução nº 22/89 do Senado Federal.
Observância da Resolução nº 129/79. Embargos rejeitados. Precedentes. É assente o
entendimento da Corte, no sentido da aplicabilidade da Res. SF nº 129/79 quanto ao
período que antecedeu a entrada em vigor da Res. SF nº 22/89. (RE 179075 AgR-ED,
Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Julgamento: 23/09/2008, Órgão Julgador: Primeira
Turma, Publicação DJe-202 DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24-10-2008, EMENT VOL-
02338-04 PP-00812, RTJ VOL-00207-01 PP-00395)

Confira-se, ainda, no mesmo sentido a jurisprudência do STJ:

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS NO AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO INCIDÊNCIA DA
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O ADICIONAL DE UM TERÇO DE
FÉRIAS.PRECEDENTES: RESP. 1.358.281/SP e RESP. 1.230.957/RS, JULGADOS
SOB O RITO DO ART. 543-C. PREQUESTIONAMENTO DE DISPOSITIVOS
CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DOS VÍCIOS DO ART. 1.022 DO
CPC/2015. EMBARGOS REJEITADOS.

1. Os Embargos de Declaração destinam-se a suprir omissão, esclarecer obscuridade ou


eliminar contradição existente no julgado ou corrigir erro material.

2. No caso em apreço o aresto embargado consignou que é pacífica a jurisprudência


desta Corte pela não incidência de Contribuição Previdenciária sobre os valores recebidos
a título de adicional de 1/3 de férias, uma vez que possuem caráter indenizatório (REsp.
1.230.957/CE e 1.358.281/SP, julgados sob o rito do art. 543-C do CPC).

3. É vedado a este Tribunal apreciar a violação de dispositivos constitucionais, ainda que


para fins de prequestionamento, uma vez que o julgamento de matéria de índole
constitucional é reservado ao Supremo Tribunal Federal. Precedente: AgRg nos EAg.
1.333.055/SP, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL, DJe 24.4.2014.

4. Ademais, o art. 1.025 CPC/2015 dispõe que consideram-se prequestionados os


elementos que o Embargante suscitou, ainda que os Declaratórios sejam inadmitidos ou
rejeitados.
Documento recebido eletronicamente da origem

5. Embargos de Declaração da FAZENDA NACIONAL rejeitados. (EDcl no AgRg no


REsp 1293990 / RN, Relator(a)Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Órgão
Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA, Data do Julgamento 05/05/2016, Data da
Publicação/Fonte DJe 18/05/2016)

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXCLUSÃO DO REFIS. POSSIBILIDADE.


NOTIFICAÇÃO PELA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES OU DIÁRIO OFICIAL.
AUSÊNCIA DE OMISSÃO. ART. 535, II, DO CPC.

1. Não se configurou a ofensa ao art. 535, I e II, do Código de Processo Civil, uma vez que
(e-STJ Fl.329)

o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe
foi apresentada. Não é o órgão julgador obrigado a rebater, um a um, todos os argumentos
trazidos pelas partes em defesa da tese que apresentaram. Deve apenas enfrentar a
demanda, observando as questões relevantes e imprescindíveis à sua resolução.

2. A Primeira Seção do STJ, em julgamento de recurso representativo da controvérsia,


afastou a necessidade de notificação pessoal do contribuinte para a exclusão do Refis, na
oportunidade, firmou-se entendimento de ser possível a notificação do contribuinte do ato
de exclusão do REFIS pelo Diário Oficial ou pela Internet, nos termos da Lei 9.964/00
(REsp 1.046.376/DF, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 23.3.2009).

3. Recurso Especial parcialmente provido. (REsp 1589550 / DF, Relator Ministro


HERMAN BENJAMIN, Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA, Data do Julgamento
10/05/2016, Data da Publicação/Fonte DJe 01/06/2016)

Isso posto, rejeito os embargos de declaração.

Intimem-se.

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Evento 43

Evento:
REMESSA INTERNA COM DESPACHO/DECISÃO - VICE -> SREC
Data:
10/04/2017 14:14:07
Usuário:
CCV - CLÓVIS DA COSTA VARGAS - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
43

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Evento 44

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - DESPACHO/DECISÃO
Data:
19/04/2017 15:44:20
Usuário:
NOK - NILTON OSCAR KUNRATH FILHO - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
44
Apelado:
EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.
Prazo:
15 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
04/05/2017 00:00:00
Data Final:
24/05/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
MARCIA MARTINS REGAZZON, WALTER MACHADO VEPPO
Suspensões e Feriados:
Dia do Trabalho: 01/05/2017

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Evento 45

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - DESPACHO/DECISÃO
Data:
19/04/2017 15:44:20
Usuário:
NOK - NILTON OSCAR KUNRATH FILHO - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
45
Mpf:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Prazo:
10 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
25/04/2017 00:00:00
Data Final:
09/05/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE
Suspensões e Feriados:
Tiradentes: 21/04/2017
Dia do Trabalho: 01/05/2017

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Evento 46

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - DESPACHO/DECISÃO
Data:
19/04/2017 15:44:21
Usuário:
NOK - NILTON OSCAR KUNRATH FILHO - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
46
Apelante:
UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
Prazo:
10 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
25/04/2017 00:00:00
Data Final:
09/05/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
EDUARDO RAUBER GONÇALVES
Suspensões e Feriados:
SUSPENSÃO DE PRAZOS: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL - 19/04/2017 a 19/04/2017
Tiradentes: 21/04/2017
Dia do Trabalho: 01/05/2017

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Evento 47

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 46
Data:
19/04/2017 18:04:19
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
47

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Evento 48

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 46
Data:
19/04/2017 18:04:19
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
48

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
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(e-STJ Fl.336)

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Evento 49

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 45
Data:
20/04/2017 11:48:59
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
49

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Evento 50

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 45
Data:
20/04/2017 11:49:36
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
50

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(e-STJ Fl.338)

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Evento 51

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 44
Data:
29/04/2017 23:59:59
Usuário:
SECJF - SISTEMA DE PROCESSO ELETRÔNICO -
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
51

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(e-STJ Fl.339)

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Evento 52

Evento:
AGRAVO DE DECISÃO DENEGATÓRIA DE REC. ESPECIAL - REFER. AO EVENTO: 44
Data:
23/05/2017 11:53:36
Usuário:
RS068807 - WALTER MACHADO VEPPO - ADVOGADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
52

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(e-STJ Fl.340)

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)


VICE-PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª
REGIÃO

Processo nº 5008264-72.2015.4.04.7104

EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA., já


qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem perante Vossa Excelência,
através de seu procurador signatário, interpor AGRAVO DE DECISÃO
DENEGATÓRIA DE RECURSO ESPECIAL, com fulcro no artigo 1.042 do
Código de Processo Civil, pelas razões a seguir expostas.

Dessa maneira, como os pressupostos recursais intrínsecos e


extrínsecos estão devidamente preenchidos, requer seja o presente recurso
recebido, admitido e remetido ao Superior Tribunal de Justiça.

Nestes termos, pede-se deferimento.

Porto Alegre (RS), 23 de maio de 2017.


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WALTER MACHADO VEPPO

Advogado – OAB/RS 68.807

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(e-STJ Fl.341)

RAZÕES DE AGRAVO DE DECISÃO DENEGATÓRIA DE RECURSO


ESPECIAL

Agravante: EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.

Agravada: UNIÃO – FAZENDA NACIONAL

Processo nº: 5008264-72.2015.4.04.7104

Egrégio Superior Tribunal de Justiça,

Colenda Turma,

Ínclitos Ministros,

I – DA SÍNTESE FÁTICA

A agravante efetua particularmente a prestação de serviços de


transportes de mercadorias em âmbito do Mercosul e possui vários contratos
de transportes em curso.

Uma das modalidades de transporte que a agravante efetua são


operações de Trânsito Aduaneiro, cujas mercadorias saem do local de origem
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ao seu destino sob controle aduaneiro, com suspensão de tributos, baseado no


artigo 73 do Decreto-lei nº 37, de 1966, bem como o que operacionalmente

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(e-STJ Fl.342)

disciplina a IN SRF nº 248, de 2002, tendo obtido habilitação para esse fim
junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Passo Fundo (RS).

Tomando por base o extrato que foi obtido no SISCOMEX (Sistema


Integrado de Comércio Exterior), constata-se que a agravante chegou a atingir
recentemente 35 (trinta e cinco) pontos, o que conforme a indigitada IN ao
atingir 40 (quarenta) pontos aplica-se a suspensão do regime de trânsito
aduaneiro.

Inconformada, com a iminente penalidade, a agravante buscou


preventivamente provimento jurisdicional a fim de que fosse concedido,
inclusive em medida liminar.

Sobreveio sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para


reconhecer a ilegalidade do art. 74, I e II da Instrução Normativa SRF 248/2002
e para afastar a aplicação direta da penalidade de suspensão sem reincidência
de conduta sancionada com pena de advertência.

No entanto, houve apelação da União, e o Egrégio TRF4 deu provimento


ao apelo para reformar a sentença, por entender que o sistema de pontos
acumulados instituído pela IN SRF nº 248, de 2002, não ofende a Lei nº
10.833, de 2003 e os princípios da legalidade e da proporcionalidade, em
acórdão assim ementado:

“OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR.


INTERVENIENTES. SANÇÕES APLICÁVEIS. IN SRF n. 248,
de 2002. SISTEMA DE PONTOS ACUMULADOS.
REGULAMENTAÇÃO DO ART. 76 DA LEI Nº 10.833, DE
2003.
Não ofende os princípios da legalidade e da proporcionalidade
o sistema de pontos acumulados instituído pela IN SRF 248, de
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2002, para regulamentar a aplicação das sanções aos


intervenientes nas operações do comércio exterior, previstas
no art. 76 da Lei nº 10.833, de 2003.”

Irresignada com a decisão, a agravante interpôs recurso especial e, na


3
(e-STJ Fl.343)

sequencia, requerimento de efeito suspensivo. No entanto, o pedido de efeito


suspensivo foi indeferido.

Contra a decisão de indeferimento do pedido de efeito suspensivo, foram


opostos embargos de declaração, que, no entanto, foram rejeitados.

O recurso especial foi inadmitido.

Em face da decisão denegatória do recurso especial, a agravante


apresenta o respectivo agravo, para ser apreciado pela Corte Superior.

II – DO DIREITO

II.1 – DA EXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DIRETA À LEI FEDERAL

O juízo a quo aduziu o seguinte em sua decisão:

“Sustenta a parte recorrente que o acórdão violou dispositivos


expressos de lei federal, quais sejam, o artigo 76, incisos I,
alínea “c”, inciso II, alínea “a”, e §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de
2003. Alega, ainda, a existência de divergência jurisprudencial
entre o acórdão recorrido e julgado do Tribunal Regional
Federal da 3ª Região.

O presente recurso especial não merece prosseguir, na medida


em que a suposta violação da lei federal (Lei 10.833/03), no
caso, é reflexa, porquanto para o deslinde da controvérsia faz-
se necessária a interpretação da Instrução Normativa nº
248/2002, providência vedada em sede de recurso especial. É
que tais regramentos, ainda que pela via transversa, não se
subsumem ao conceito de lei federal, a teor da alínea "a" do
inciso III do art. 105 da CF/88, o que inviabiliza o trânsito do
recurso especial.
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(...)

Por fim, o recurso não merece prosseguir igualmente pela


alínea c, pois para a análise do dissenso jurisprudencial
também seria necessária a verificação da interpretação dada à
4
(e-STJ Fl.344)

instrução normativa pelas decisões em confronto dos


Tribunais.”

Todavia, reitera-se que o juízo apresenta um entendimento equivocado


em relação ao caso em tela.

Conforme exposto nos embargos de declaração (Evento 39 –


EMBDECL1), não existe violação indireta ao disposto na Lei nº 10.833, de
2003, e sim violação direta, pois o que se argumenta aqui é a violação da
IN SRF nº 248, de 2002, sobre a referida lei.

Um exemplo de julgado do Superior Tribunal de Justiça a respeito de


violação de lei federal por Instrução Normativa da RFB, é o caso da inclusão da
taxa dos serviços de capatazia sobre a base de cálculo do Imposto do
Importação, em que o tribunal reconheceu a ilegalidade do disposto na IN SRF
nº 327, de 2003 sobre o Decreto nº 1.355, de 1994, que internalizou o Acordo
Geral de Tarifas e Comércio (GATT) e o Decreto nº 6.759, de 2009, que
instituiu o Regulamento Aduaneiro, conforme acórdãos ementados abaixo:

“TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE


IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. VALOR ADUANEIRO.
DESPESAS DE CAPATAZIA. INCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE.
ART. 4º, § 3º, DA IN SRF 327/2003. ILEGALIDADE.
1. Cinge-se a controvérsia em saber se o valor pago pela
recorrida ao Porto de Itajaí, referente às despesas incorridas
após a chegada do navio, tais como descarregamento e
manuseio da mercadoria (capatazia), deve ou não integrar o
conceito de "Valor Aduaneiro", para fins de composição da
base de cálculo do Imposto de Importação.
2. Nos termos do artigo 40, § 1º, inciso I, da atual Lei dos
Portos (Lei 12.815/2013), o trabalho portuário de capatazia é
definido como "atividade de movimentação de mercadorias nas
instalações dentro do porto, compreendendo o recebimento,
conferência, transporte interno, abertura de volumes para a
conferência aduaneira, manipulação, arrumação e entrega,
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bem como o carregamento e descarga de embarcações,


quando efetuados por aparelhamento portuário".
3. O Acordo de Valoração Aduaneiro e o Decreto 6.759/09, ao
mencionar os gastos a serem computados no valor aduaneiro,
referem-se à despesas com carga, descarga e manuseio das
5
(e-STJ Fl.345)

mercadorias importadas até o porto alfandegado. A Instrução


Normativa 327/2003, por seu turno, refere-se a valores
relativos à descarga das mercadorias importadas, já no
território nacional.
4. A Instrução Normativa 327/03 da SRF, ao permitir, em seu
artigo 4º, § 3º, que se computem os gastos com descarga da
mercadoria no território nacional, no valor aduaneiro,
desrespeita os limites impostos pelo Acordo de Valoração
Aduaneira e pelo Decreto 6.759/09, tendo em vista que a
realização de tais procedimentos de movimentação de
mercadorias ocorre apenas após a chegada da
embarcação, ou seja, após a sua chegada ao porto
alfandegado.
5. Recurso especial não provido.
(REsp 1239625/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe 04/11/2014)”

“TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. BASE DE
CÁLCULO. VALOR ADUANEIRO. DESPESAS DE
CAPATAZIA. INCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 4º, § 3º,
DA IN SRF 327/2003. ILEGALIDADE.
1. O Acordo de Valoração Aduaneiro e o Decreto 6.759/2009,
ao mencionar os gastos a serem computados no valor
aduaneiro, referem-se à despesas com carga, descarga e
manuseio das mercadorias importadas até o porto
alfandegado. A Instrução Normativa 327/2003, por seu turno,
refere-se a valores relativos à descarga das mercadorias
importadas, já no território nacional.
2. A Instrução Normativa 327/2003 da SRF, ao permitir, em seu
artigo 4º, § 3º, que se computem os gastos com descarga da
mercadoria no território nacional, no valor aduaneiro,
desrespeita os limites impostos pelo Acordo de Valoração
Aduaneira e pelo Decreto 6.759/09, tendo em vista que a
realização de tais procedimentos de movimentação de
mercadorias ocorre apenas após a chegada da
embarcação, ou seja, após a sua chegada ao porto
alfandegado. Precedentes: AgRg no REsp 1.434.650/CE,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe
30/6/2015; REsp 1.239.625/SC, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJe 4/11/2014.
3. Agravo interno não provido.
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(AgInt no REsp 1566410/SC, Rel. Ministro BENEDITO


GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/10/2016,
DJe 27/10/2016)”

6
(e-STJ Fl.346)

No caso em liça foi interposto recurso especial, pois o sistema de pontos


previsto na IN SRF nº 248, de 2002, viola o que preconiza a Lei nº 10.833, de
2003, pois a lei federal prevê pena de advertência para o atraso contumaz na
chegada ao destino de veículo conduzindo mercadoria submetida ao regime
especial de trânsito aduaneiro (artigo 76, inciso I, alínea “c”), devendo ser
aplicada a suspensão apenas em caso de reincidência (artigo 76, inciso II,
alínea “a”). No entanto, a indigitada Instrução Normativa, prevê diretamente a
pena de suspensão para a chegada do veículo fora do prazo estabelecido
quando atingido quarenta pontos (artigo 72, inciso I, alínea “a”, combinado com
os artigos 73 e 74, inciso II). O recurso especial também foi interposto, pois a
decisão embargada diverge do entendimento exposto pelo Tribunal Regional
Federal da 3ª Região, que também declarou a ilegalidade da IN SRF nº 248, de
2002, em relação à Lei nº 10.833, de 2003.

II.2 – DA VIOLAÇÃO AO ARTIGO 76, INCISOS I, ALÍNEA “C”, INCISO II,


ALÍNEA “A” E §§ 2º E 3º, DA LEI Nº 10.833, DE 2003 – DA SUSPENSÃO DO
REGIME ESPECIAL DE TRÂNSITO ADUANEIRO – DA AFRONTA AO
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – DA PENA DE ADVERTÊNCIA

O Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região aduziu o seguinte em


seu julgado:

“De ínicio, cabe observar que as sanções aplicáveis


administrativamente aos intervenientes nas operações de
comércio exterior, como a parte impetrante, assim como o
procedimento de aplicação dessas sanções, estão previstos
no artigo 76, §§ 1º a 15 da Lei nº 10.833, de 2003, limitando-se
a IN SRF n. 248, de 2002, com suas atualizações, a
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estabelecer, por seus artigos 72 a 76, o peso das sanções


(leve, média e grave) e a quantidade de sanções, conforme o
seu peso, que autoriza já a pena de advertência, já a pena de
suspensão.
Exemplificativamente, a infração consistente na 'chegada de
veículo fora do prazo estabelecido, por ação ou omissão do
7
(e-STJ Fl.347)

transportador' é caracterizada como leve pelo art. 72, II, da IN


SRF 248/2002, e vale um (1) ponto para efeito de pena (art. 73
da IN SRF 248/2002). Ao serem atingidos 20 pontos, o infrator
fica sujeito à pena de advertência, e ao serem atingidos 40
pontos, à pena de suspensão. Em termos práticos, o infrator
teria de cometer 20 dessas infrações leves (as mais comuns
delas) para ser punido com advertência, e 40 dessas mesmas
infrações para ser punido com suspensão. Sem sombra de
dúvida, o sistema de pontuação estabelecido pela IN SRF
248/2002 - dentro da moldura do art. 76 da Lei nº 10.833, de
2003 -, mostra-se bastante razoável, para não dizer brando.
(...)
Com efeito, o sistema de pontuação da IN SRF 248/2002
mostrar-se a meu ver totalmente compatível com a Lei nº
10.833, de 2003, no sentido de torná-la mais razoável e prática.
Tanto isso é verdade que tal sistemática de pontuação vem
sendo desde muito tempo utilizada no âmbito do trânsito em
geral, por força da Lei nº 9.503, de 1997 (Código de Trânsito
Brasileiro). Nesse âmbito, as infrações também são
classificadas em leves, médias e graves - e ainda em
gravíssimas -, e correspondem a determinado número de
pontos, os quais vão sendo acumulados e, uma vez
atingida determinada quantidade, levam à suspensão do direito
de dirigir veículos. A diferença é que o sistema de pontos
acumulados do Código de Trânsito Brasileiro é muitíssimo mais
severo que o da IN SRF 248/2002, pois no seu âmbito uma
infração leve corresponde a 3 pontos, e quando atingidos 20
pontos, em 12 meses, o motorista infrator já tem suspenso o
direito de dirigir veículos.
Em conclusão, a IN SRF nº 248, de 2002, ao contrário do que
alega o impetrante, está conforme os princípios da legalidade e
da proporcionalidade, não exorbitando do marco legal
estabelecido pela Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76).”

Entretanto, nobres Ministros, o entendimento exarado no julgado acima


se monstra bastante equivocado, não observando normas legais aplicáveis ao
caso em tela.

Não se trata a controvérsia acerca da norma prevista no artigo 74,


incisos I e II, da IN SRF nº 248, de 2002, serem mais brandas ou não que a
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forma prevista no artigo 76, inciso I, alínea “c” e § 3º da Lei nº 10.833, de 2003,
a questão é a norma prescrita na indigitada Instrução Normativa extrapola o
que está previsto em lei.

8
(e-STJ Fl.348)

Assim dispõe a IN SRF nº 248, de 2002, in verbis:

“Art. 72. No curso das operações de trânsito serão


registradas no sistema, as seguintes ocorrências para o
transportador, com a respectiva gradação:

I - automaticamente:

a) chegada do veículo fora do prazo estabelecido, por ação


ou omissão do transportador, leve;

(...)

Art. 73. Para efeito de aplicação de sanção administrativa,


as ocorrências leves, médias e graves referidas no art. 72
valerão, respectivamente, um, dois e cinco pontos.

(...)

Art. 74. Sem prejuízo de outras responsabilidades ou


penalidades, as ocorrências definidas no art. 72 serão
punidas com as seguintes sanções:

I - advertência, quando atingidos ou ultrapassados vinte


pontos; e

II - suspensão da habilitação, quando atingidos ou


ultrapassados quarenta pontos.” (Grifo nosso)

É mister nesse caso analisar a sanção administrativa de SUSPENSÃO,


prevista na referida regra e analisarmos se a mesma extraviou ou não o
princípio da legalidade.

A Instrução Normativa estabeleceu penalidade de suspensão por


pontuação não prevista em lei, logo não pode prosperar a aplicabilidade do
referido regramento.

Observando o ordenamento jurídico pátrio, a Lei nº 10.833, de 2003,


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reza o seguinte:

“Art. 76. Os intervenientes nas operações de comércio


exterior ficam sujeitos às seguintes sanções:
9
(e-STJ Fl.349)

I - advertência, na hipótese de:

(...)

c) atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de


veículo conduzindo mercadoria submetida ao regime de
trânsito aduaneiro;

(...)

II - suspensão, pelo prazo de até 12 (doze) meses, do


registro, licença, autorização, credenciamento ou
habilitação para utilização de regime aduaneiro ou de
procedimento simplificado, exercício de atividades
relacionadas com o despacho aduaneiro, ou com a
movimentação e armazenagem de mercadorias sob
controle aduaneiro, e serviços conexos, na hipótese de:

a) reincidência em conduta já sancionada com advertência;

(...)

§ 2o Para os efeitos do disposto neste artigo, consideram-


se intervenientes o importador, o exportador, o beneficiário
de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, o
despachante aduaneiro e seus ajudantes, o transportador,
o agente de carga, o operador de transporte multimodal, o
operador portuário, o depositário, o administrador de
recinto alfandegado, o perito ou qualquer outra pessoa que
tenha relação, direta ou indireta, com a operação de
comércio exterior. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de
2014)

§ 3o Para efeitos do disposto na alínea c do inciso I do


caput, considera-se contumaz o atraso sem motivo
justificado ocorrido em mais de 20% (vinte por cento) das
operações de trânsito aduaneiro realizadas no mês, se
superior a 5 (cinco) o número total de operações.” (grifo
nosso)

Desta feita, depreende-se na Lei nº 10.833, de 2003, que somente se o


interveniente, ou seja, no caso o transportador, ultrapassar os 20% (VINTE
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POR CENTO), ele estaria sujeito a uma penalidade e esta de ADVERTÊNCIA


E NÃO DE SUSPENSÃO.

10
(e-STJ Fl.350)

Ademais, ex vi o artigo 76, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 10.833, de


2003, o atraso contumaz na chegada ao destino o veículo conduzindo
mercadorias submetidas ao regime especial de trânsito aduaneiro deve ser
penalizado, primeiramente, com a advertência. A suspensão somente deve ser
aplicada, se o transportador houver sido sancionado com advertência em
operação anterior.

Como é sabido, a nossa Constituição Federal de 1988 reza que:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

(...)

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem


pena sem prévia cominação legal;” (grifo nosso)

Nesse passo, destaca-se o que prevê a Lei nº 9.784, de 1999, no


momento que trata da legalidade nos seguintes termos:

“Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.” (grifo nosso)

Os sábios ensinamentos do saudoso Professor Roosevelt Baldomir


Sosa, quando falava sobre o princípio da legalidade, in litteris:

“A legalidade, como princípio, é a conformidade da ação,


do ato e do fato consequente, à lei posta, no sentido
substantivo e formal, e deve ater-se à busca da justiça,
único valor absoluto do direito. O Estado ao avaliar as
ações, os atos e os fatos de administração, não o faz com
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interesses subjetivos – tributários ou de qualquer outra


ordem, mas na intenção de verificar se aguardam
conformidade com à lei. Esse é o interesse a ser tutelado,
ao que, a doutrina e o legislador, denominam controle da

11
(e-STJ Fl.351)

legalidade” (in Temas Aduaneiros Contemporâneos –Ed.


Aduaneiras –pág. 147). (grifei).

Ora, o Decreto nº 32.600, de 1953, que incorporou no Brasil o Acordo


Geral sobre Tarifas de Comércio (GATT), que trata do Artigo VIII, acerca das
formalidades vinculadas a importação e exportação, assim reza:

“3. Nenhuma Parte Contratante imporá penalidades


severas por infrações leves a regulamentação ou aos seus
procedimentos aduaneiros. Em particular, as penalidades
pecuniárias impostas em virtude de omissões ou erros nos
documentos apresentados a Alfândega, nos casos em que
forem facilmente reparáveis e manifestamente isentos de
qualquer intenção fraudulenta ou erro grave, não
excedendo a importância necessária que represente uma
simples advertência.” (Grifo nosso)

Em suma, não cabe a IN SRF nº 248, de 2002, instrumento normativo


infralegal, dispor sobre penalidade que é estranha à prevista em lei.

Em virtude do exposto, acórdão deve ser reformado e a sentença


reestabelecida, em virtude da flagrante violação ao artigo 76, inciso I, alínea
“c”, inciso II, alínea “a”, §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003.

II.3 – DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL – TRF4 X TRF3

Conforme o artigo 1.029, § 1º, do Código de Processo Civil:

“Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos


casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos
perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido,
em petições distintas que conterão:

(...)
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§ 1o Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o


recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou
citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado,
inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o
12
(e-STJ Fl.352)

acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado


disponível na rede mundial de computadores, com indicação da
respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados.”

A recorrente, em suas razões de apelação, entregou ao Tribunal


Regional Federal da 4ª Região a questão da inobservância do artigo 74, incisos
I e II, da IN SRF nº 248, de 2002, ao artigo 76, incisos I, alínea “c”, II, alínea “a”,
§§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003.

Assim, com o intuito de cumprir esse requisito, traz-se decisão proferida


pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, assim ementada:

“ADMINISTRATIVO. TRANSPORTE DE MERCADORIAS EM


REGIME DE TRÂNSITO ADUANEIRO. IN/SRF 248/02. PENA
DE SUSPENSÃO. INAPLICABILIDADE. LEI Nº 10.833/03.
O inciso II do art. 74 da IN SRF desbordou os limites da Lei nº
10.833/03 ao impor diretamente a suspensão da habilitação,
quando atingidos ou ultrapassados quarenta pontos, pois
somente em caso de reincidência, e após a aplicação da
advertência, é que a autoridade administrativa poderia impor
aquela penalidade.
Em que pese a sistematização pela Receita Federal das
infrações mediante pontuação, as cometidas pela impetrante
não se enquadram no art. 76, II, "b" a "e", da Lei 10.833/03,
sujeitando-se, portanto, apenas à penalidade de advertência.
Apelação e remessa oficial desprovidas.
(TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, AMS - APELAÇÃO CÍVEL -
322108 - 0003452-02.2009.4.03.6105, Rel.
DESEMBARGADORA FEDERAL MARLI FERREIRA, julgado
em 03/05/2012, e-DJF3 Judicial 1 DATA:17/05/2012)”

Fica evidente, com a presente transcrição, a divergência entre as


decisões dos Tribunais TRF4 e TRF3 nos seguintes trechos que passamos a
transcrever:
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TRF4: “De ínicio, cabe observar que as sanções aplicáveis


administrativamente aos intervenientes nas operações de
comércio exterior, como a parte impetrante, assim como o
procedimento de aplicação dessas sanções, estão previstos
no artigo 76, §§ 1º a 15 da Lei nº 10.833, de 2003, limitando-se
a IN SRF n. 248, de 2002, com suas atualizações, a
13
(e-STJ Fl.353)

estabelecer, por seus artigos 72 a 76, o peso das sanções


(leve, média e grave) e a quantidade de sanções, conforme o
seu peso, que autoriza já a pena de advertência, já a pena de
suspensão.
Exemplificativamente, a infração consistente na 'chegada de
veículo fora do prazo estabelecido, por ação ou omissão do
transportador' é caracterizada como leve pelo art. 72, II, da IN
SRF 248/2002, e vale um (1) ponto para efeito de pena (art. 73
da IN SRF 248/2002). Ao serem atingidos 20 pontos, o infrator
fica sujeito à pena de advertência, e ao serem atingidos 40
pontos, à pena de suspensão. Em termos práticos, o infrator
teria de cometer 20 dessas infrações leves (as mais comuns
delas) para ser punido com advertência, e 40 dessas mesmas
infrações para ser punido com suspensão. Sem sombra de
dúvida, o sistema de pontuação estabelecido pela IN SRF
248/2002 - dentro da moldura do art. 76 da Lei nº 10.833, de
2003 -, mostra-se bastante razoável, para não dizer brando.

(...)

Com efeito, o sistema de pontuação da IN SRF 248/2002


mostrar-se a meu ver totalmente compatível com a Lei nº
10.833, de 2003, no sentido de torná-la mais razoável e prática.
Tanto isso é verdade que tal sistemática de pontuação vem
sendo desde muito tempo utilizada no âmbito do trânsito em
geral, por força da Lei nº 9.503, de 1997 (Código de Trânsito
Brasileiro). Nesse âmbito, as infrações também são
classificadas em leves, médias e graves - e ainda em
gravíssimas -, e correspondem a determinado número de
pontos, os quais vão sendo acumulados e, uma vez
atingida determinada quantidade, levam à suspensão do direito
de dirigir veículos. A diferença é que o sistema de pontos
acumulados do Código de Trânsito Brasileiro é muitíssimo mais
severo que o da IN SRF 248/2002, pois no seu âmbito uma
infração leve corresponde a 3 pontos, e quando atingidos 20
pontos, em 12 meses, o motorista infrator já tem suspenso o
direito de dirigir veículos.
Em conclusão, a IN SRF nº 248, de 2002, ao contrário do que
alega o impetrante, está conforme os princípios da legalidade e
da proporcionalidade, não exorbitando do marco legal
estabelecido pela Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76).”

TRF3: “A sentença não merece reforma.


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A pena de suspensão aplicada à impetrante teve por


fundamento o artigo 76, II, §§ 2º, 8º, I, e 9º, da Lei º 10.833/03
c/c artigos 72 a 76 da IN SRF 248/2002.
Necessária se faz a análise da legislação de regência:

14
(e-STJ Fl.354)

(...)

Em que pese louvável a sistematização pela Receita Federal


das infrações mediante pontuação, observo que aquelas
cometidas pela impetrante, relacionadas às fls. 25/26, não se
enquadram no art. 76, II, "b" a "e", da Lei 10.833/03, sujeitando-
se, portanto, apenas à penalidade de advertência.
De fato o inciso II do art. 74 da IN SRF desbordou os limites da
lei ao impor diretamente a suspensão da habilitação, quando
atingidos ou ultrapassados quarenta pontos, pois somente em
caso de reincidência, e após a aplicação da advertência, é que
a autoridade administrativa poderia impor a suspensão da
habilitação.
Ainda que o transportador possa impugnar os registros tão logo
sejam lançados no sistema da Receita Federal, o § 9o
estabelece que as sanções previstas serão aplicadas mediante
processo administrativo próprio, instaurado com a lavratura de
auto de infração, acompanhado de termo de constatação das
condutas referidas nos incisos I a III do art. 76, "caput".
O legislador não fez qualquer distinção entre as sanções, de
sorte que todas as penalidades, o que inclui a advertência,
devem ser impostas mediante processo administrativo.
E mais, omitiu-se a autoridade administrativa quando deixou de
aplicar a advertência na ocasião em que a impetrante atingira
os 20 pontos. A ausência de prévia advertência inviabiliza a
imediata aplicação da suspensão das atividades. A lei assim
dispõe. Não há discricionariedade.
Ante o exposto, nego provimento à apelação e à remessa
oficial.
É como voto.”

Assim, diante da transcrição acima, fica demonstrada as circunstâncias


que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, demonstrando a
divergência jurisprudencial entre casos que guardam, entre si, relação de
semelhança.

Há divergência jurisprudencial entre a decisão do acórdão paradigma e


do acórdão recorrido, isto porque neste assentou entendimento pela legalidade
do sistema de pontuação previsto na IN SRF nº 248, de 2002 e sua
Documento recebido eletronicamente da origem

compatibilização com a Lei nº 10.833, de 2003, enquanto que no acórdão do


TRF3 julgou no sentido de que a aplicação da pena de suspensão diretamente,
conforme o artigo 74, inciso II, da IN SRF nº 248, de 2002, extrapola o disposto

15
(e-STJ Fl.355)

no artigo 76, inciso I, alínea “c”, inciso II, alínea “a”, §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833,
de 2003, pois o dispositivo regulamentar prescreve que a infração de atraso na
chegada ao destino no regime de trânsito aduaneiro será penalizada
diretamente com a suspensão de habilitação, caso sejam atingidos ou
ultrapassados 40 (quarenta) pontos, em contrariedade ao que normatiza a lei,
que prevê pena de advertência.

Assim, Nobres Ministros, a divergência jurisprudencial é evidente.

III – DO PEDIDO

Em suma, se dessume que era imperativa a admissão do recurso


especial interposto, para que este e. Superior Tribunal de Justiça examinasse a
matéria e preservasse a inteireza da norma federal, requerendo seu
provimento, para que o recurso especial seja admitido e, ao final, provido, por
seus fundamentos, pois preenche todos os requisitos exigíveis à espécie.

Nestes termos, pede-se deferimento.

Porto Alegre (RS), 23 de maio de 2017.

WALTER MACHADO VEPPO


Documento recebido eletronicamente da origem

Advogado – OAB/RS 68.807

16
(e-STJ Fl.356)

PÁGINA DE SEPARAÇÃO
(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 53

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - CONTRARRAZÕES AO(S)
AGRAVO(S)
Data:
23/05/2017 14:33:49
Usuário:
HLL - HILTON LUIZ SILVA LEBARBENCHON LEMOS - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
53
Mpf:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Prazo:
30 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
29/05/2017 00:00:00
Data Final:
10/07/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE
Suspensões e Feriados:
Corpus Christi: 15/06/2017

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.357)

PÁGINA DE SEPARAÇÃO
(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 54

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - CONTRARRAZÕES AO(S)
AGRAVO(S)
Data:
23/05/2017 14:33:49
Usuário:
HLL - HILTON LUIZ SILVA LEBARBENCHON LEMOS - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
54
Apelante:
UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
Prazo:
30 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
26/05/2017 00:00:00
Data Final:
07/07/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
EDUARDO RAUBER GONÇALVES
Suspensões e Feriados:
Corpus Christi: 15/06/2017

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.358)

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(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 55

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 54
Data:
24/05/2017 14:26:47
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
55

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.359)

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(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 56

Evento:
CONTRARRAZÕES - REFER. AO EVENTO: 54
Data:
24/05/2017 14:26:48
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
56

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.360)

MINISTÉRIO DA FAZENDA
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA REGIONAL DA FAZENDA NACIONAL NA 4ªREGIÃO

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4.ª REGIÃO


EXMO. SR. DESEMBARGADOR VICE-PRESIDENTE

CONTRARRAZÕES AO AGRAVO

PROCESSO Nº: 5008264-72.2015.4.04.7104/RS

A UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por seu procurador


signatário, com fundamento no artigo 1.042, § 3º, do Código de Processo Civil/2015
(Lei nº 13.105/2015), vem IMPUGNAR e apresentar CONTRARRAZÕES ao AGRAVO
interposto de decisão que negou seguimento a Recurso Especial.

Porto Alegre, data do evento.

Eduardo Rauber Gonçalves


Procurador da Fazenda Nacional

OAB/RS 64.366
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.361)

MINISTÉRIO DA FAZENDA
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA REGIONAL DA FAZENDA NACIONAL NA 4ªREGIÃO

COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


ILUSTRES MINISTROS

1 – Introdução

Trata-se de caso em que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região


inadmitiu o recurso especial da parte autora, com fulcro na ausência de violação à
legislação federal, limitando-se a matéria recursal à vigência de meros atos infralegais
(Portaria, Instrução Normativa, etc).

Em face de tal decisão, a parte interpôs agravo (art. 1.042 do


CPC/2015).

Cumpre apresentar contrarrazões.

2 – Do mérito recursal

Ausência de efetiva violação à legislação federal

Irrepreensível a decisão recorrida.

Com efeito, a matéria controvertida nos autos condiz com a insurgência


da parte autora a ato infralegal (Instrução Normativa da RFB), consoante se depreende
de leitura dos autos e da decisão recorrida, de modo que não se faz presente o
Documento recebido eletronicamente da origem

requisito previsto no art. 105, III, “a”, da CF – violação a lei federal.

Nesse sentido, a jurisprudência histórica do STJ, plasmada,


exemplificativamente, nos seguinte precedentes:
(e-STJ Fl.362)

MINISTÉRIO DA FAZENDA
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA REGIONAL DA FAZENDA NACIONAL NA 4ªREGIÃO

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONCLUSÃO DO TRIBUNAL LOCAL BASEADA


ESSENCIALMENTE NA INTERPRETAÇÃO DE ATOS NORMATIVOS INFRALEGAIS.
INVIABILIDADE DE ANÁLISE NA VIA RECURSAL ELEITA.
1. A Corte a quo, ao afastar a aplicação do art. 106 do CTN ao caso dos autos, analisou, por
via reflexa, ato normativo infralegal, Instruções Normativas SRF 28/1994 e 1.096/2010, ato
normativo inadequado ao conceito de "tratado ou lei federal" de que cuida o art. 105, III, "a",
da CF/1988.
2. No Recurso Especial é inviável revisar entendimento de acórdão recorrido firmado em
interpretação de ato normativo infralegal.
3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 1462153/RS, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 11/02/2015).

ADMINISTRATIVO - PROCESSO CIVIL - CVM - MULTA POR ATRASO NO ENVIDO DE


INFORMAÇÕES TRIMESTRAIS - ART. 21, §6º, DA LEI 6.385/76 - FUNDAMENTO DE
VALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 202/93 E 229/95 - INEXISTÊNCIA DE LEI
FEDERAL VIOLADA.
1. Instrução normativa não se adequa ao conceito de lei federal para autorizar o cabimento
de recurso especial.
2. A conclusão do acórdão recorrido pela eficácia retroativa do cancelamento do registro não
atinge o art. 21, §6º, da Lei 6.385/76, que fundamenta o direito da CVM de regulamentar o
registro das sociedades de capital aberto.
3. Precedentes do STJ.
4. Recurso especial não conhecido. (REsp 1.049.605/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda
Turma, DJe 18/12/2008)

Improcede, portanto, o pleito recursal.

3 – Dos pedidos

Em face do exposto, a União (Fazenda Nacional) requer o


desprovimento do agravo.
Documento recebido eletronicamente da origem

Porto Alegre, data do evento.

Eduardo Rauber Gonçalves


Procurador da Fazenda Nacional
(e-STJ Fl.363)

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(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 57

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 53
Data:
25/05/2017 15:13:58
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
57

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.364)

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(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 58

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 53
Data:
25/05/2017 15:14:25
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
58

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.365)

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Evento 59

Evento:
DECISÃO/DESPACHO - RECURSO ESPECIAL ADMITIDO
Data:
25/05/2017 16:59:45
Usuário:
CET - CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ - MAGISTRADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
59

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.366)

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS


APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (INTERESSADO)
APELADO: EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA. (IMPETRANTE)
ADVOGADO: MARCIA MARTINS REGAZZON
ADVOGADO: WALTER MACHADO VEPPO
MPF: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (MPF)

DESPACHO/DECISÃO

Acolho o agravo como pedido de reconsideração para alterar a decisão do


evento 44 em face das razões apresentadas no agravo do evento 52, pois em melhor
exame, verifica-se encerrar a questão discutida, s.m.j., em violação direta à lei federal.
Passa-se, portanto, a novo juízo de admissibilidade nos termos que seguem:

Trata-se de recurso especial interposto com apoio no art. 105, III, da


Constituição Federal, contra acórdão proferido por Órgão Colegiado desta Corte.

O recurso merece prosseguir, tendo em conta o devido prequestionamento da


matéria relativa aos dispositivos supostamente contrariados. Além disso, encontram-se
preenchidos os demais requisitos de admissibilidade.

Ante o exposto, torno sem efeito a decisão do evento 44 e admito o recurso


especial.

Intimem-se.

Documento eletrônico assinado por CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ, Vice-Presidente, na forma
do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março
de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40000166295v2 e
do código CRC d3f32360.
Documento recebido eletronicamente da origem

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ
Data e Hora: 25/05/2017 16:59:45

5008264-72.2015.4.04.7104 40000166295 .V2 CRB© CRB


(e-STJ Fl.367)

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(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 60

Evento:
REMESSA INTERNA COM DESPACHO/DECISÃO - VICE -> SREC
Data:
25/05/2017 17:31:50
Usuário:
JOR - JORGE LADISLAU GOMES PIMENTEL - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
60

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.368)

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Evento 61

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - DESPACHO/DECISÃO
Data:
02/06/2017 16:35:57
Usuário:
NOK - NILTON OSCAR KUNRATH FILHO - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
61
Apelado:
EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.
Prazo:
5 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
07/06/2017 00:00:00
Data Final:
13/06/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
MARCIA MARTINS REGAZZON, WALTER MACHADO VEPPO
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nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.369)

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Evento 62

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - DESPACHO/DECISÃO
Data:
02/06/2017 16:36:00
Usuário:
NOK - NILTON OSCAR KUNRATH FILHO - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
62
Mpf:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Prazo:
10 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
12/06/2017 00:00:00
Data Final:
26/06/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE
Suspensões e Feriados:
Corpus Christi: 15/06/2017

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.370)

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Evento 63

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - EXPEDIDA/CERTIFICADA - DESPACHO/DECISÃO
Data:
02/06/2017 16:36:01
Usuário:
NOK - NILTON OSCAR KUNRATH FILHO - SERVIDOR GABINETE/SECRETARIA
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
63
Apelante:
UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
Prazo:
10 Dias
Status:
FECHADO
Data Inicial:
07/06/2017 00:00:00
Data Final:
21/06/2017 23:59:59
Procurador Citado/Intimado:
EDUARDO RAUBER GONÇALVES
Suspensões e Feriados:
Corpus Christi: 15/06/2017

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.371)

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(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 64

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 63
Data:
05/06/2017 07:57:56
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
64

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.372)

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(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 65

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 63
Data:
05/06/2017 07:57:56
Usuário:
P1570977 - EDUARDO RAUBER GONÇALVES - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
65

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.373)

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(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 66

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 61
Data:
05/06/2017 12:05:59
Usuário:
RS068807 - WALTER MACHADO VEPPO - ADVOGADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
66

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.374)

PÁGINA DE SEPARAÇÃO
(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 67

Evento:
INTIMAÇÃO ELETRÔNICA - CONFIRMADA - REFER. AO EVENTO: 62
Data:
08/06/2017 16:08:45
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
67

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.375)

PÁGINA DE SEPARAÇÃO
(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 68

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 62
Data:
08/06/2017 16:09:10
Usuário:
MPFPRR548 - CARLOS EDUARDO COPETTI LEITE - PROCURADOR
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
68

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.376)

PÁGINA DE SEPARAÇÃO
(Gerada automaticamente pelo sistema.)

Evento 69

Evento:
CIÊNCIA, COM RENÚNCIA AO PRAZO - REFER. AO EVENTO: 61
Data:
09/06/2017 15:53:50
Usuário:
RS068807 - WALTER MACHADO VEPPO - ADVOGADO
Processo:
5008264-72.2015.4.04.7104/TRF4
Sequência Evento:
69

(O evento e documentos juntados a seguir foi(ram) assinado(s) eletronicamente pelo usuário acima indicado
nos termos do art. 1º, § 2º, III, b da Lei nº 11.419/2006.)
Documento recebido eletronicamente da origem
(e-STJ Fl.377)

Superior Tribunal de Justiça

AREsp (201701418154)

CERTIDÃO

Certifico que o processo de número


50082647220154047104 do TRIBUNAL REGIONAL
FEDERAL DA 4ª REGIÃO foi protocolado sob o número
2017/0141815-4.

Brasília, 16 de junho de 2017

COORDENADORIA DE RECEBIMENTO, CONTROLE E


INDEXAÇÃO DE PROCESSOS RECURSAIS
*Assinado por FELIPE PESSOA FERRO
em 16 de junho de 2017 às 13:28:15
Documento eletrônico juntado ao processo em 16/06/2017 às 13:28:15 pelo usuário: FELIPE PESSOA FERRO

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.378)

Superior Tribunal de Justiça


Termo de Recebimento e Autuação
Recebidos os presentes autos, foram registrados e autuados no dia 27/06/2017
na forma abaixo:
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1120361 (2017/0141815-4 Número Único: 5008264-72.2015.4.04.7104)
Origem : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
Localidade : PORTO ALEGRE / RS
Nº. na Origem : 50082647220154047 RS-
500826472201540471

Nºs. Conexos: :
Nº de Folhas : 376 Nº. de Volumes: 2 Nº de Apensos: 0
AGRAVANTE EXPRESSO HERCULES TRANSPORTES E COMERCIO LTDA
ADVOGADOS WALTER MACHADO VEPPO - RS068807
MÁRCIA MARTINS REGAZZON - RS092991
AGRAVADO FAZENDA NACIONAL

CERTIDÃO

Certifico que, no Cadastro de Feitos deste Tribunal, foi verificada a existência de


processos relacionados ao AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1120361 (2017/0141815-4
Número Único: 5008264-72.2015.4.04.7104)
Documento eletrônico juntado ao processo em 29/06/2017 às 13:08:58 pelo usuário: SÉRGIO AUGUSTO LOPES DE PÁRSIA

Processos com UF e Partes comuns: 1 Processo(s).

RECURSO ESPECIAL 1528345 (2015/0089293-0NU: 5009631-05.2013.4.04.7104)


Origem : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
Localidade : PORTO ALEGRE / RS
RECORRENTE EXPRESSO HERCULES TRANSPORTES E COMERCIO LTDA
ADVOGADOS GLEISON MACHADO SCHÜTZ E OUTRO(S) - RS062206
LUCAS HECK - RS067671
RECORRIDO FAZENDA NACIONAL
AGRAVANTE FAZENDA NACIONAL
AGRAVADO EXPRESSO HERCULES TRANSPORTES E COMERCIO LTDA
ADVOGADOS GLEISON MACHADO SCHÜTZ E OUTRO(S) - RS062206
LUCAS HECK - RS067671
Nº. na Origem : 50096310520134047 RS-
50096310520134047

Assunto: DIREITO TRIBUTÁRIO


Distribuição em 01/06/2015
Ministro Relator : MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA
Ministro Relator para Acórdao :
Ministro Revisor :

29/06/2017 13:08:58 Fl. 1


(e-STJ Fl.379)

Superior Tribunal de Justiça


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1120361 (2017/0141815-4 Número Único: 5008264-72.2015.4.04.7104)
Fase Atual
29/10/2015 Remetidos os Autos (em grau de recurso) para SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
recebendo o número de controle 214506

Quantidade de Outros Processos com a Parte:


EXPRESSO HERCULES TRANSPORTES E COMERCIO LTDA - CPF/CNPJ: 1
93.561.215/0001-62
FAZENDA NACIONAL - CPF/CNPJ: 00.394.460/0216-53 341805
Outras partes com o mesmo nome
FAZENDA NACIONAL 2

Quantidade de Outros Processos com o Número de Origem:


50082647220154047104 0
RS-50082647220154047104 0

Brasília-DF, 29 de junho de 2017.

COORDENADORIA DE ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DE TEMAS JURÍDICOS E


Documento eletrônico juntado ao processo em 29/06/2017 às 13:08:58 pelo usuário: SÉRGIO AUGUSTO LOPES DE PÁRSIA

INSPECIONADO: Nome da Parte Ocorrência


MAT.

29/06/2017 13:08:58 Fl. 2


(e-STJ Fl.380)

Superior Tribunal de Justiça Fls.

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 1120361 / RS (2017/0141815-4)

TERMO DE DISTRIBUIÇÃO E ENCAMINHAMENTO

Distribuição

Em 29/06/2017 o presente feito foi classificado no assunto DIREITO


ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos e
distribuído à Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA.

Encaminhamento

Aos 29 de junho de 2017 , vão


estes autos com conclusão à Ministra Relatora.

Coordenadoria de Classificação de Processos Recursais

Recebido no Gabinete da Ministra ASSUSETE MAGALHÃES em


_______/________/20_____.
Documento eletrônico juntado ao processo em 29/06/2017 às 14:38:13 pelo usuário: LEANDRO FARIA MENDONÇA CAIXETA
(e-STJ Fl.381)

Superior Tribunal de Justiça


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.120.361 - RS (2017/0141815-4)

RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES


AGRAVANTE : EXPRESSO HERCULES TRANSPORTES E COMERCIO LTDA
ADVOGADOS : WALTER MACHADO VEPPO - RS068807
MÁRCIA MARTINS REGAZZON - RS092991
AGRAVADO : FAZENDA NACIONAL

DECISÃO

Trata-se de Agravo, interposto por EXPRESSO HERCULES


TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA, em 20/01/2017, contra decisão do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região, que inadmitiu o Recurso Especial interposto contra
acórdão assim ementado:

"OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR. INTERVENIENTES.


SANÇÕES APLICÁVEIS. IN SRF n. 248, de 2002. SISTEMA DE
PONTOS ACUMULADOS. REGULAMENTAÇÃO DO ART. 76 DA LEI
Nº 10.833, DE 2003.
Não ofende os princípios da legalidade e da proporcionalidade o sistema
de pontos acumulados instituído pela IN SRF 248, de 2002, para
regulamentar a aplicação das sanções aos intervenientes nas operações
do comércio exterior, previstas no art. 76 da Lei nº 10.833, de 2003" (fl.
243e).

Nas razões do Recurso Especial, aduz a parte recorrente, além de


divergência jurisprudencial, violação aos arts. 76, I, c, II, a, §§ 2º e 3º, da Lei
10.833/2003, argumentando o seguinte:

"Não se trata a controvérsia acerca da norma prevista no artigo 74, incisos


I e II, da IN SRF nº 248, de 2002, serem mais brandas ou não que a forma
prevista no artigo 76, inciso I, alínea “c” e § 3º da Lei nº 10.833, de 2003, a
questão é a norma prescrita na indigitada Instrução Normativa extrapola o
que está previsto em lei.
(...)
É mister nesse caso analisar a sanção administrativa de SUSPENSÃO,
prevista na referida regra e analisarmos se a mesma extraviou ou não o
princípio da legalidade.
A Instrução Normativa estabeleceu penalidade de suspensão por
pontuação não prevista em lei, logo não pode prosperar a aplicabilidade do
referido regramento.
(...)
Desta feita, depreende-se na Lei nº 10.833, de 2003, que somente se o

MAM51
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Publicação no DJe/STJ nº 2253 de 03/08/2017. Código de Controle do Documento: BB3217E8-7AA2-48B0-AA84-5FC7F5A8F240
(e-STJ Fl.382)

Superior Tribunal de Justiça


interveniente, ou seja, no caso o transportador, ultrapassar os 20% (VINTE
POR CENTO), ele estaria sujeito a uma penalidade e esta de
ADVERTÊNCIA E NÃO DE SUSPENSÃO.
Ademais, ex vi o artigo 76, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 10.833, de 2003, o
atraso contumaz na chegada ao destino o veículo conduzindo mercadorias
submetidas ao regime especial de trânsito aduaneiro deve ser penalizado,
primeiramente, com a advertência. A suspensão somente deve ser
aplicada, se o transportador houver sido sancionado com advertência em
operação anterior" (fls. 260/262e).

Requer, ao final, o provimento do recurso.


Apresentadas as contrarrazões (fls. 281/284e), negado seguimento ao
Recurso Especial (fls. 321/324e), foi interposto o presente Agravo (fls. 340/355e).
Apresentada a contraminuta a fls. 360/362e.
A irresignação não merece acolhimento.
Embora o recorrente alegue ter ocorrido violação de matéria
infraconstitucional, segundo se observa dos fundamentos que serviram de base para a
Corte de origem apreciar a controvérsia, o tema foi dirimido com base na Instrução
Normativa SRF 248/2002, de modo a afastar a competência desta Corte Superior de
Justiça para o deslinde do desiderato contido no Recurso Especial.
Assim sendo, o Recurso tem por objetivo o controle de ofensa à legislação
federal, e, por isso, não cabe a esta Corte a análise de suposta violação de portarias,
instruções normativas, resoluções ou regimentos internos dos tribunais.
Nesse sentido:

"PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA. JUSTIÇA FEDERAL.
COMPETÊNCIA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DE
ENUNCIADO SUMULAR. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE
DISPOSITIVO INFRACONSTITUCIONAL. DEFICIÊNCIA NA
FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. VIOLAÇÃO À SÚMULA E
PORTARIA MINISTERIAL. DESCABIMENTO. LEI LOCAL. SÚMULA
280/STF. CONVÊNIO. SÚMULA 5/STJ.
1. Nas razões recursais, verifica-se que a parte não indicou qual o
dispositivo legal supostamente violado, limitando-se a alegar que teria
ocorrido violação das Súmulas 150 e 209, ambas editadas pelo Superior
Tribunal de Justiça. Patente, portanto, a incidência da Súmula 284/STF.
Ademais, é inviável, em sede de recurso especial, a análise de eventual
negativa de vigência às Súmulas desta Corte Superior, pois tais
enunciados não estão inseridos no conceito de "lei federal", nos termos do
art. 105, III, alínea "a", da Constituição Federal.
2. Na mesma linha, a insurgência da parte recorrente acerca das
disposições contidas na Portaria nº 1886/97 do Ministério da Saúde
MAM51
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(e-STJ Fl.383)

Superior Tribunal de Justiça


torna inviável a revisão do julgado no âmbito de recurso especial,
uma vez que o mencionado ato administrativo não se enquadra no
conceito de "tratado ou lei federal" inserido no permissivo
constitucional.
3. Para a resolução da controvérsia, seria imprescindível a
interpretação da legislação local, no caso, a Lei Municipal nº 1301/05,
bem como a apreciação do Convênio firmado entre o Município de
Irani e o Ministério da Saúde, o que impede a revisão por esta Corte,
ante o óbice descrito, respectivamente, na Súmula 280 do STF ("Por
ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário") e na Súmula
5 do STJ ("A simples interpretação de cláusula contratual não enseja
recurso especial").
4. Agravo regimental não provido" (STJ, AgRg no AREsp 241.278/SC,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe
de 05/12/2012).

"AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


NORMAS ESTADUAIS. OFENSA A DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL.
APRECIAÇÃO EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL.
IMPOSSIBILIDADE. ANÁLISE DE NORMAS LOCAIS. ENUNCIADO N.
280 DA SÚMULA DO STF.
- A alegação de que o Decreto estadual n. 43.853/1999 e a Portaria CAT
n. 17/1999 ferem o art. 150, § 7º, da Constituição Federal é tese que
refoge à competência desta Corte, a quem cabe a uniformização do direito
federal infraconstitucional.
- Nos termos do verbete n. 280 da Súmula do Pretório Excelso, "por
ofensa a direito local, não cabe recurso extraordinário".
Agravo regimental improvido" (STJ, AgRg no AREsp .948/SP, Rel.
Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA TURMA, DJe de
07/03/2012).

Assinale-se, também, o não cabimento do Recurso Especial com base no


dissídio jurisprudencial, pois as mesmas razões que inviabilizaram o conhecimento do
apelo, pela alínea a, servem de justificativa quanto à alínea c do permissivo
constitucional.
Em face do exposto, com fundamento no art. 253, parágrafo único, II, a, do
RISTJ, conheço do Agravo para não conhecer do Recurso Especial.
Não obstante o disposto no art. 85, § 11, do CPC/2015 e no Enunciado
Administrativo 7/STJ ("Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a
partir de 18 de março de 2016 será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais
recursais, na forma do art. 85, § 11, do NCPC”), deixo de majorar os honorários
advocatícios, tendo em vista que, na origem, não houve prévia fixação de
MAM51
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Publicação no DJe/STJ nº 2253 de 03/08/2017. Código de Controle do Documento: BB3217E8-7AA2-48B0-AA84-5FC7F5A8F240
(e-STJ Fl.384)

Superior Tribunal de Justiça


honorários sucumbenciais.
I.
Brasília (DF), 30 de junho de 2017.

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES


Relatora

MAM51
AREsp 1120361 C542461515980407209605@ C<50908065164830@
2017/0141815-4 Documento Página 4 de 4

Documento eletrônico VDA16990491 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRA Assusete Magalhães Assinado em: 05/07/2017 16:06:21
Publicação no DJe/STJ nº 2253 de 03/08/2017. Código de Controle do Documento: BB3217E8-7AA2-48B0-AA84-5FC7F5A8F240
(e-STJ Fl.385)

Superior Tribunal de Justiça

AREsp 1120361/RS

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 02/08/2017 a r. decisão de fls. 381 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 03 de agosto de 2017.

COORDENADORIA DA SEGUNDA TURMA


*Assinado por SANDRA REGINA DUARTE DE OLIVEIRA
em 03 de agosto de 2017 às 10:23:31
Documento eletrônico juntado ao processo em 03/08/2017 às 10:24:45 pelo usuário: SANDRA REGINA DUARTE DE OLIVEIRA

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
(e-STJ Fl.386)

Superior Tribunal de Justiça

AREsp 1120361

TERMO DE CIÊNCIA

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL intimado(a)


eletronicamente em 14/08/2017 do(a) Despacho / Decisão de fl.(s) 381
publicado(a) no DJe em 03/08/2017.

Brasília - DF, 14 de Agosto de 2017

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Documento eletrônico juntado ao processo em 14/08/2017 às 04:32:26 pelo usuário: SISTEMA JUSTIÇA
(e-STJ Fl.387)

Superior Tribunal de Justiça

AREsp 1120361

TERMO DE CIÊNCIA

PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL


intimado(a) eletronicamente em 14/08/2017 do(a) Despacho / Decisão
de fl.(s) 381 publicado(a) no DJe em 03/08/2017.

Brasília - DF, 14 de Agosto de 2017

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Documento eletrônico juntado ao processo em 14/08/2017 às 04:34:49 pelo usuário: SISTEMA JUSTIÇA
(e-STJ Fl.388)

Superior Tribunal de Justiça

AREsp 1.120.361/RS

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 421222/2017 -


AGRAVO INTERNO .

Brasília, 29 de agosto de 2017.


Documento eletrônico juntado ao processo em 29/08/2017 às 14:30:56 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

__________________________________________
STJ - COORDENADORIA DA SEGUNDA TURMA
*Assinado por GIULIANE ALVES CAVALCANTE
em 29 de agosto de 2017 às 14:30:54

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006
STJ-Petição Eletrônica (AgInt) 00421222/2017 recebida em 24/08/2017 09:54:08 (e-STJ Fl.389)

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) MINISTRO(A) DO


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Agravo em Recurso Especial nº 1.120.361/RS

Processo originário nº 5008264-72.2015.4.04.7104/RS

EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA., já


qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem perante Vossa Excelência,
por meio de seu procurador signatário, interpor AGRAVO INTERNO, com
fulcro no artigo 1.021 do Código de Processo Civil, pelas razões a seguir
expostas.

Dessa maneira, como os pressupostos recursais intrínsecos e


extrínsecos estão devidamente preenchidos, requer seja o presente recurso
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2017 às 14:30:53 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

recebido, admitido e remetido à Segunda Turma do Superior Tribunal de


Justiça.

Nestes termos, pede-se deferimento.

Porto Alegre (RS), 23 de agosto de 2017.

WALTER MACHADO VEPPO

Advogado – OAB/RS 68.807

Documento eletrônico e-Pet nº 2528995 com assinatura digital


Signatário(a): GABRIEL SANT ANA BITENCOURT DIAS:03005393046 NºSérie Certificado: 159474817161773019052822159624826953304
Id Carimbo de Tempo: 98274919914782 Data e Hora: 24/08/2017 09:54:09hs
STJ-Petição Eletrônica (AgInt) 00421222/2017 recebida em 24/08/2017 09:54:08 (e-STJ Fl.390)

RAZÕES DE AGRAVO DE DECISÃO DENEGATÓRIA DE RECURSO


ESPECIAL

Agravante: EXPRESSO HÉRCULES TRANSPORTES E COMÉRCIO LTDA.

Agravada: UNIÃO – FAZENDA NACIONAL

Agravo em Recurso Especial: 1.120.361 – RS (2017/014815-4)

Processo nº: 5008264-72.2015.4.04.7104

Egrégio Superior Tribunal de Justiça,

Colenda Turma,
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2017 às 14:30:53 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

Ínclitos Ministros,

I – DA SÍNTESE FÁTICA

A agravante impetrou mandado de segurança pleiteando a declaração


da inexistência da relação jurídica com a autoridade impetrada no que tange ao
sistema de pontos e penalidades previstas na Instrução Normativa SRF nº 248,
de 2002, em virtude de sua flagrante violação ao artigo 76, incisos I, alínea “c”,
inciso II, alínea “a” e §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003.

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Signatário(a): GABRIEL SANT ANA BITENCOURT DIAS:03005393046 NºSérie Certificado: 159474817161773019052822159624826953304
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STJ-Petição Eletrônica (AgInt) 00421222/2017 recebida em 24/08/2017 09:54:08 (e-STJ Fl.391)

A segurança foi parcialmente concedida, reconhecendo-se a ilegalidade


do artigo 74, incisos I e II, da IN SRF nº 248, de 2002, e afastando a
penalidade de suspensão sem reincidência da conduta penalizada com
advertência.

No entanto, a sentença foi reformada em julgamento em sede de


apelação pelo TRF4, conforme ementa abaixo:

“OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR.


INTERVENIENTES. SANÇÕES APLICÁVEIS. IN SRF n. 248,
de 2002. SISTEMA DE PONTOS
ACUMULADOS. REGULAMENTAÇÃO DO ART. 76 DA LEI Nº
10.833, DE 2003.
Não ofende os princípios da legalidade e da proporcionalidade
o sistema de pontos acumulados instituído pela IN SRF 248, de
2002, para regulamentar a aplicação das sanções aos
intervenientes nas operações do comércio exterior, previstas
no art. 76 da Lei nº 10.833, de 2003.
(“TRF4 5008264-72.2015.404.7104, SEGUNDA TURMA,
Relator RÔMULO PIZZOLATTI, juntado aos autos em
14/12/2016)”

Tendo em vista a ilegalidade da decisão, a agravante interpôs recurso


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2017 às 14:30:53 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

especial para reformar o acórdão regional, por violação ao artigo 76, inciso I,
alínea “c”, inciso II, alínea “a”, e §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003.

Foi interposto pedido de efeito suspensivo do acórdão recorrido, pedido


este que foi indeferido.

A vice-presidência do TRF4 inadmitiu o recurso especial, por


equivocadamente considerar que a violação à lei federal, no caso a Lei nº
10.833, de 2003, é reflexa.

Sendo assim, a agravante interpôs o presente recurso de agravo de


denegatório de recurso especial, buscando a admissão do recurso especial e
sua subida ao STJ.

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Signatário(a): GABRIEL SANT ANA BITENCOURT DIAS:03005393046 NºSérie Certificado: 159474817161773019052822159624826953304
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STJ-Petição Eletrônica (AgInt) 00421222/2017 recebida em 24/08/2017 09:54:08 (e-STJ Fl.392)

O presente agravo foi recebido pela vice-presidência do TRF4 como


pedido de reconsideração, tendo o órgão do regional se retratado da anterior
decisão inadmissão do especial, tornando sem efeito a decisão que inadmitiu o
recurso.

Entretanto, a relatora do especial no STJ não conheceu


monocraticamente o recurso especial por equivocadamente considerar que o
acórdão regional baseou sua decisão em instrução normativa, sem realizar
interpretação da legislação infraconstitucional.

Como a decisão a quo está desacordo com os preceitos legais da


matéria, a agravante apresenta o recurso de agravo interno que o feito seja
examinado e julgado pela colenda Turma.

II – DO DIREITO – DA EXISTÊNCIA VIOLAÇÃO A PRECEITOS LEGAIS –


ART. 76, INCISOS I, ALÍNEA “C”, E II, ALÍNEA “A” E §§ 2º E 3º, DA LEI Nº
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2017 às 14:30:53 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

10.833, DE 2003

Foi aduzido o seguinte na decisão monocrática que não conheceu o


recurso especial, in verbis:

“Embora o recorrente alegue ter ocorrido violação de matéria


infraconstitucional, segundo se observa dos fundamentos que
serviram de base para a Corte de origem apreciar a
controvérsia, o tema foi dirimido com base na Instrução
Normativa SRF 248/2002, de modo a afastar a competência
desta Corte Superior de Justiça para o deslinde do desiderato
contido no Recurso Especial.

Assim sendo, o Recurso tem por objetivo o controle de ofensa


à legislação federal, e, por isso, não cabe a esta Corte a
análise de suposta violação de portarias, instruções
normativas, resoluções ou regimentos internos dos tribunais.

(...)
4

Documento eletrônico e-Pet nº 2528995 com assinatura digital


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Assinale-se, também, o não cabimento do Recurso Especial


com base no dissídio jurisprudencial, pois as mesmas razões
que inviabilizaram o conhecimento do apelo, pela alínea a,
servem de justificativa quanto à alínea c do permissivo
constitucional.

Em face do exposto, com fundamento no art. 253, parágrafo


único, II, a, do RISTJ, conheço do Agravo para não conhecer
do Recurso Especial.”

Ora, nobres Ministros, fica evidente o equívoco da decisão, visto que o


acórdão regional trata sobre a violação da IN SRF nº 248, de 2002, sobre lei
federal, no caso a Lei nº 10.833, de 2003.

Vejamos o que preceitua a Constituição Federal de 1988, sobre os


casos de admissibilidade do recurso especial perante o STJ, in litteris:

“Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


(...)

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única


ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2017 às 14:30:53 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei


federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja


atribuído outro tribunal.

(...)” (Grifo nosso)

Considerando que o acórdão recorrido considerou válida a aplicação da


IN SRF nº 248, de 2002, perante a Lei nº 10.833, de 2003, é evidente que a
decisão está eivada de ilegalidade, cumprindo com um dos requisitos de
admissibilidade do recurso especial.

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No caso em tela, a agravante pleiteia a declaração da ilegalidade do


artigo 74, incisos I e II, da IN SRF nº 248, por violação ao artigo 76, incisos I,
alínea “c”, e II, alínea “a”, e §§ 2º e 3º, da Lei nº 10.833, de 2003.

Os acórdãos do STJ citados pela decisão monocráticos se tratam


de casos muito distintos dos autos do caso em liça.

O acórdão do julgamento do AgReg no AREsp nº


241.278/SC trata de caso em que o recorrente alega que o
acórdão recorrido violou Portaria do Ministério da Saúde e
Súmulas do STJ, muito diferente do caso dos autos em que a
recorrente alega violação de dispositivos legais, no caso a Lei
nº 10.833, de 2003. Portanto, o referido acórdão não pode servir
de parâmetro para não conhecer do presente recurso especial.

Outrossim, o julgado do AgRg no AREsp nº 948/SP


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2017 às 14:30:53 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

também não pode ser utilizado como fundamento para o não


conhecimento do presente recurso especial, pois o caso não
se trata de interpretação da legislação local, e sim de violação
de lei federal.

Assim arrematou o TRF4 no julgamento do acórdão recorrido, in verbis:

“De ínicio, cabe observar que as sanções aplicáveis


administrativamente aos intervenientes nas operações de
comércio exterior, como a parte impetrante, assim como o
procedimento de aplicação dessas sanções, estão previstos
no artigo 76, §§ 1º a 15 da Lei nº 10.833, de 2003, limitando-se
a IN SRF n. 248, de 2002, com suas atualizações, a
estabelecer, por seus artigos 72 a 76, o peso das sanções
(leve, média e grave) e a quantidade de sanções, conforme o
seu peso, que autoriza já a pena de advertência, já a pena de
suspensão.
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Exemplificativamente, a infração consistente na 'chegada de


veículo fora do prazo estabelecido, por ação ou omissão do
transportador' é caracterizada como leve pelo art. 72, II, da IN
SRF 248/2002, e vale um (1) ponto para efeito de pena (art. 73
da IN SRF 248/2002). Ao serem atingidos 20 pontos, o infrator
fica sujeito à pena de advertência, e ao serem atingidos 40
pontos, à pena de suspensão. Em termos práticos, o infrator
teria de cometer 20 dessas infrações leves (as mais comuns
delas) para ser punido com advertência, e 40 dessas mesmas
infrações para ser punido com suspensão. Sem sombra de
dúvida, o sistema de pontuação estabelecido pela IN SRF
248/2002 - dentro da moldura do art. 76 da Lei nº 10.833, de
2003 -, mostra-se bastante razoável, para não dizer brando.

Ora, sem o detalhamento da Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76)


pelo sistema de pontos acumulados estabelecido pela IN SRF
248/2002, a punição dos infratores seria bastante dura, para
não dizer draconiana.

Assim é que, pelo texto da Lei nº 10.833, de 2003, se em


determinado mês o interveniente em operações de comércio
exterior der causa injustificadamente a atrasos na chegada ao
destino de veículo condutor de mercadorias submetidas
ao regime de trânsito aduaneiro, e tais atrasos superarem
mais de 20% do total das operações do mês, sendo elas em
número superior a cinco, será ele, interveniente, considerado
infrator contumaz, sujeito à pena de advertência pela Lei nº
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2017 às 14:30:53 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

10.833, de 2003 (art. 76, I, 'c' c/c parágrafo 3º). Em termos


práticos, se o interveniente fizer 10 operações no mês, e
houver atraso injustificado em 3 delas, será punido com
advertência nos termos da Lei nº 10.833, de 2003, ao passo
que pela sistemática mais branda de pontos acumulados da IN
SRF 248/2002, teria de cometer 20 atrasos para ser punido
com advertência.

Por outro lado, nos termos da Lei nº 10.833, de 2003, sempre


que houver 'reincidência em conduta já sancionada com
advertência', o interveniente será punido com suspensão (art.
76, II, 'a', da Lei nº 10.833, de 2003). Voltando ao exemplo
anterior, se o mesmo interveniente der causa a atraso em 3
operações de um total de 10 operações no mês, e no mês
subsequente cometer o mesmo número de atrasos, deverá
sofrer a pena de suspensão. Contudo, pela sistemática mais
branda da IN SRF 248/2002, precisaria cometer 40 infrações
dessas (40 pontos) para ser suspenso.

Bem observada, a IN SRF 248/2002 apenas estabelece, em


termos práticos e razoáveis, como devem ser aplicadas as
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disposições um tanto genéricas da Lei nº 10.833, de 2003, para


que não se convertam em instrumento de arbitrariedade por
parte dos seus aplicadores.

Com efeito, o sistema de pontuação da IN SRF 248/2002


mostrar-se a meu ver totalmente compatível com a Lei nº
10.833, de 2003, no sentido de torná-la mais razoável e prática.
Tanto isso é verdade que tal sistemática de pontuação vem
sendo desde muito tempo utilizada no âmbito do trânsito em
geral, por força da Lei nº 9.503, de 1997 (Código de Trânsito
Brasileiro). Nesse âmbito, as infrações também são
classificadas em leves, médias e graves - e ainda em
gravíssimas -, e correspondem a determinado número de
pontos, os quais vão sendo acumulados e, uma vez
atingida determinada quantidade, levam à suspensão do direito
de dirigir veículos. A diferença é que o sistema de pontos
acumulados do Código de Trânsito Brasileiro é muitíssimo mais
severo que o da IN SRF 248/2002, pois no seu âmbito uma
infração leve corresponde a 3 pontos, e quando atingidos 20
pontos, em 12 meses, o motorista infrator já tem suspenso o
direito de dirigir veículos.

Em conclusão, a IN SRF nº 248, de 2002, ao contrário do que


alega o impetrante, está conforme os princípios da legalidade e
da proporcionalidade, não exorbitando do marco legal
estabelecido pela Lei nº 10.833, de 2003 (art. 76).”
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2017 às 14:30:53 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

Ora, examinando-se os fundamentos utilizados no acórdão regional,


verifica-se que a Lei nº 10.833, de 2003 também foi base para a
fundamentação exposta pelo TRF4. Na verdade, o tribunal regional
equivocadamente entendeu pela legalidade da IN RFB nº 248, de 2002,
perante a Lei nº 10.833, de 2003, lei federal esta que preconiza o seguinte,
in verbis:

“Art. 76. Os intervenientes nas operações de comércio


exterior ficam sujeitos às seguintes sanções:

I - advertência, na hipótese de:

(...)

c) atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de


veículo conduzindo mercadoria submetida ao regime de
trânsito aduaneiro;
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(...)

II - suspensão, pelo prazo de até 12 (doze) meses, do


registro, licença, autorização, credenciamento ou
habilitação para utilização de regime aduaneiro ou de
procedimento simplificado, exercício de atividades
relacionadas com o despacho aduaneiro, ou com a
movimentação e armazenagem de mercadorias sob
controle aduaneiro, e serviços conexos, na hipótese de:

a) reincidência em conduta já sancionada com advertência;

(...)

§ 2o Para os efeitos do disposto neste artigo, consideram-


se intervenientes o importador, o exportador, o beneficiário
de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, o
despachante aduaneiro e seus ajudantes, o transportador,
o agente de carga, o operador de transporte multimodal, o
operador portuário, o depositário, o administrador de
recinto alfandegado, o perito ou qualquer outra pessoa que
tenha relação, direta ou indireta, com a operação de
comércio exterior. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de
2014)

§ 3o Para efeitos do disposto na alínea c do inciso I do


caput, considera-se contumaz o atraso sem motivo
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justificado ocorrido em mais de 20% (vinte por cento) das


operações de trânsito aduaneiro realizadas no mês, se
superior a 5 (cinco) o número total de operações.” (grifo
nosso)

Considerando que o acórdão recorrido contrariou lei federal, deve ser


admitido recurso especial para ser processado e julgado pela turma do STJ por
cumprir com o permissivo constitucional prevista na alínea “a” do inciso III do
artigo 105.

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III – DO PEDIDO

Em suma, se dessume que era imperativa a admissão do recurso


especial interposto, para que este egrégio Superior Tribunal de Justiça
examinasse a matéria e preservasse a inteireza da norma federal, requerendo
seu provimento, para que o recurso especial seja admitido e, ao final, provido,
por seus fundamentos, pois preenche todos os requisitos exigíveis à espécie.

Nestes termos, pede deferimento.

Porto Alegre (RS), 23 de Agosto de 2017.

GABRIEL SANT’ANA BITENCOURT DIAS


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/08/2017 às 14:30:53 pelo usuário: GIULIANE ALVES CAVALCANTE

Advogado – OAB/RS 97.458

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