Você está na página 1de 1

Quando escreve o poema, narra; quando narra, jamais se afasta do sopro vital da poesia.

Talvez por isso o poema preserva caprichosamente a precisão descritiva. E o relato, em


nenhum momento perde de vista os sinais emitidos pela torre de comando do que já fora, em
dias menos conturbados, o laborioso assentimento da arte poética.

Mas a poesia não é, já afirmara anteriormente, propriedade privada do poema. Ela pode estar
superiormente situada na narrativa

A tarefa do poema consiste em não dilapidar, nem lapidar. Antes ser a palavra como ela é, e
como ela não é. A palavra sendo.

A poesia nunca foi privilégio exclusivo do poema. Ela sempre esteve e estará nos lugares mais
diversos. A própria ciência, enquanto linguagem e não simplesmente na sua ostensiva
dimensão semântica, guarda a poesia. O cientista tem que ser poeta, isto é, fundador, para ser
cientista". (1)

Referência:

(1) PORTELLA, Eduardo. “Limites ilimitados da teoria literária”. In: PORTELLA, Eduardo (org.).
Teoria Literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976, p. 17.

Você também pode gostar