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PUCMINAS ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA UNIDADE 4

PUCMINAS

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

CAPÍTULO 4

FLUXO DE CAIXA

PROF. ANTÔNIO CARLOS BERTUCCI

2013
PUCMINAS ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA UNIDADE 4

CAPÍTULO 4: FLUXO DE CAIXA

1. INTRODUÇÃO

Na economia moderna, com altas taxas de juros, a sobrevivência de uma empresa muitas vezes
depende cada vez mais do grau de eficiência da gestão financeira. É imperioso que todo e qualquer
dinheiro a receber ou a pagar seja bem empregado. Se os fluxos de caixa são otimizados, reduz-se
automaticamente, a necessidade do capital de giro. Esse, portanto, é um exercício vital para as
empresas brasileiras, cujos custos financeiros são significativamente elevados.

O planejamento é uma parte essencial da estratégia financeira de qualquer empresa. Os


instrumentos de planejamento representados pelos demonstrativos projetados e pelos orçamentos
de caixa propiciam uma orientação na direção de seus objetivos. O planejamento de caixa se
constitui na espinha dorsal da empresa. Sem ele, não se saberá quando haverá sobras ou déficits de
caixa com a devida antecedência para providenciar as mais adequadas fontes de financiamento ou
as mais apropriadas aplicações para as sobras. Empresas que continuamente tenham falta de caixa
e que necessitam de empréstimos de última hora poderão perceber como é difícil encontrar um
banco que as financie.

O planejamento financeiro efetivo requer bom senso, ter amplo conhecimento do negócio,
examinar como a empresa será afetada por forças externas e internas, uma vez que a
administração financeira não pode ser considerada como uma área isolada.

Os planos financeiros de longo prazo ou planos operacionais são ações planejadas para um futuro
distante, acompanhadas das previsões de seus reflexos financeiros. Tais planos tendem a cobrir
períodos de dois a dez anos. Geralmente, as empresas que estão sujeitas a elevados graus de
incerteza operacional, ciclos de produção relativamente curtos, ou ambos, tendem a adotar
horizontes de planejamento mais curtos. Planos financeiros em longo prazo são parte de um plano
estratégico integrado que, em conjunto com os planos de produção, marketing e outros, utilizam-se
de uma série de premissas e objetivos para orientar a empresa a alcançar seus objetivos
estratégicos.
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Os planos financeiros de curto prazo ou planos operacionais são ações planejadas para um período
curto de um ou dois anos acompanhadas da previsão de seus reflexos financeiros. A partir das
previsões de vendas, são desenvolvidos planos de produção que consideram tanto o tempo
necessário para converter a matéria-prima em produto acabado, como os tipos e quantidades de
matérias-primas exigidas. Com base nesses planos, estimam-se as necessidades de mão de obra
direta, as despesas gerais de fabricação e as despesas operacionais.

O fluxo de caixa é o instrumento que permite ao administrador financeiro planejar, organizar,


coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros de sua empresa para um determinado
período. Uma vez programadas as necessidades financeiras e determinadas as fontes em que a
empresa poderá captar recursos. Resta ao administrador financeiro a tarefa de distribuí-los de
forma racional e adequada, pelos diversos itens do ativo da empresa.

Toda a administração do ativo é importante, pois devemos ter em mente os objetivos simultâneos
da administração financeira: liquidez e rentabilidade. Para que seja possível um pronto pagamento
das obrigações no curto prazo, é necessário manter um saldo adequado de caixa, proceder às
cobranças dos valores a receber, dimensionar convenientemente os estoques e avaliar os demais
itens do ativo para que se tenha o autofinanciamento do ciclo operacional da empresa. Contudo,
uma reserva excessiva de caixa é um desperdício; tais recursos poderiam ser aplicados,
aumentando assim os recursos da empresa, com seu maior aproveitamento em outros itens do
ativo. Da mesma forma, só se poderá ter um elevado giro de valores a receber e estoques,
mediante políticas adequadas à concessão de crédito, tais como táticas agressivas e funcionais na
cobrança de duplicatas e dimensionamento racional dos estoques da empresa.

Assim, alto giro de valores a receber e de estoques, resulta em maior liquidez da empresa que
poderá, a partir das vendas, projetar maior lucro e adequar as aplicações em itens do ativo.

Certas políticas gerais que são adotadas por algumas empresas, podem afetar o nível desejado de
caixa, de valores a receber e de estoques. Além disso, o administrador financeiro é responsável
pelo estabelecimento de políticas que influenciam o volume de ingressos no caixa e na acumulação
de valores a receber; da mesma forma, deve estabelecer políticas de desembolsos de numerário,
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de resgate dos valores a pagar e da reposição de estoques e m níveis compatíveis com a


atividade operacional da empresa.

O administrador financeiro deve, periodicamente, conferir e avaliar os resultados de sua política,


para que possa efetuar as correções que se façam necessárias, bem como empregar medidas
saneadoras e corretivas sobre os pontos de estrangulamento detectados. Dessa forma, o capital
investido na empresa pode apresentar-se de maneira variável e segue um processo cíclico, cujo
final é o fluxo monetário, também denominado financeiro. A administração financeira encontra-se
presente em qualquer atividade com ou sem fim lucrativo.

Constitui-se a gerência do conjunto de operações destinadas à formação de recursos financeiros


necessários ao pagamento dos fatores de produção ou de serviços e sua distribuição, assim como
das obrigações decorrentes das transações comerciais e de crédito da empresa.

Tendo em vista essas colocações, é fundamental que o administrador financeiro saiba gerir
corretamente os recursos financeiros alocados na massa patrimonial ativa da empresa. Essas
preocupações encontram-se presentes em qualquer tipo de organização: indústria, comércio ou
prestação de serviços, independentemente do porte: micro, pequena, média ou grande empresa.

O fluxo de caixa é uma forma contábil detalhada que facilita todos os controles financeiros, ou seja,
é um importante instrumento utilizado pelo administrador financeiro para planejar, organizar,
coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros da organização. O fluxo de caixa é um retrato
fiel da composição da situação financeira da empresa. Pode ser atualizado diariamente,
proporcionando ao gestor uma radiografia permanente das entradas e saídas de recursos
financeiros da empresa. O fluxo de caixa evidencia tanto o passado como o futuro, o que permite
projetar, dia a dia, a evolução do disponível, de forma que se possam tomar com a devida
antecedência medidas adequadas para enfrentar a escassez ou o excesso de recursos.

Os fluxos de caixa das empresas modernas, segundo Gitman (1997), podem ser divididos em três
grupos:
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1. Os fluxos operacionais são aqueles que demonstram todas as entradas e saídas


diretamente relacionadas à produção e venda dos produtos e serviços da empresa.
Esses fluxos captam a demonstração do resultado das contas circulantes (excluindo
os títulos a pagar) ocorridas durante o período.

2. Os fluxos de investimentos são aqueles associados com a compra e venda de ativo


imobilizado e participações societárias.

3. Os fluxos de financiamentos são aqueles de que resultam as operações de


empréstimo e capital próprio. (GITMAN, 1997, p. 75)

Para se implantar um fluxo de caixa é essencial e relevante que todos os setores da organização
(tais como recursos humanos, contabilidade, qualidade, logística, etc.) participem do processo.
Além disso, a empresa necessita conter os custos e as despesas operacionais, planejar e possuir um
controle financeiro, reduzindo o nível das atividades operacionais e desmobilizar os recursos
ociosos. Assim,

Planejar, dedicar tempo na implantação do fluxo de caixa da empresa é sempre muito


saudável, quer a empresa esteja atravessando bons ou maus momentos. O mais adequado
seria utilizar gerencialmente o instrumento. (FREZATTI, 1997, p. 24)

Nestes termos, o capital investido na empresa pode apresentar-se de muitas formas e segue um
processo cíclico, cujo final é o fluxo monetário, também denominado financeiro. A administração
financeira encontra-se presente em qualquer atividade com ou sem fim lucrativo.

2. CONCEITOS

"Fluxo de caixa é o instrumento que relaciona o conjunto de entradas e desembolsos de recursos


financeiros efetuados pela empresa em determinado período".
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"Fluxo de caixa é o instrumento utilizado pelo administrador financeiro com o objetivo de apurar os
somatórios das entradas, e dos desembolsos financeiros da empresa, em determinado momento,
prevendo-se, assim se haverá excedentes ou escassez de caixa, em função do nível desejado.”

"Instrumento de programação financeira, que corresponde às estimativas de entradas e saídas de


caixa em certo período de tempo projetado”.

3. OBJETIVOS

O fluxo de caixa tem como objetivo básico a projeção das entradas e saídas de recursos financeiros
para determinado período, visando prever a necessidade de captar empréstimos ou aplicar
excedentes de caixa nas operações mais rentáveis para a empresa. Outros objetivos são
relacionados a seguir:

• facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a serem obtidas junto às
instituições financeiras;
• programar as entradas e desembolsos de caixa, de forma criteriosa, permitindo
determinar o período em que poderá ocorrer carência de recursos, para serem tomadas
as medidas necessárias, em tempo hábil;
• permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as disponibilidades de caixa,
evitando-se o acúmulo de compromissos vultosos em épocas de pouco encaixe;
• determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado período, e aplicá-
los da forma mais rentável possível, bem como analisar os recursos de terceiros que
satisfaçam as necessidades da empresa;
• proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa com a área
financeira;
• desenvolver o uso eficiente e racional do disponível;
• financiar as necessidades sazonais ou cíclicas da empresa;
• providenciar recursos para atender aos projetos de implantação, expansão,
modernização ou relocalização industrial e/ou comercial;
• fixar o nível de caixa, em termos do capital de giro;
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• auxiliar na análise dos valores a receber e na quantidade de estoques, para que se possa
julgar a conveniência em aplicar recursos nesses itens;
• verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa;
• estudar um programa de empréstimos e financiamentos;
• projetar um plano efetivo de resgate de débitos;
• integrar as atividades da empresa, facilitando os controles financeiros.

4. CAUSAS DE FALTA DE RECURSOS NA EMPRESA

4.1. Internas

Serão relacionadas a seguir as principais causas que podem ocasionar escassez de recursos
financeiros em uma empresa:

 Expansão descontrolada das vendas, implicando em maior volume de compras e de custos a


serem assumidos pela empresa.
 Insuficiência de capital próprio e utilização do capital de terceiros em proporção excessiva,
aumentando o grau de endividamento da empresa.
 Ampliação exagerada dos prazos de vendas pela empresa.
 Necessidade de compras de vulto, exigindo maiores disponibilidades de caixa.
 Diferenças acentuadas na velocidade dos ciclos de recebimento e pagamento.
 Baixa velocidade na rotação dos estoques.
 Ociosidade da capacidade instalada, seja por limitações do mercado, seja por insuficiência
de capital de giro.
 Distribuição de lucros além da disponibilidade de caixa.
 Altos custos financeiros em função de mau planejamento e controle de caixa.

4.2. Externas
 Declínio das vendas.
 Inadimplência.
 Elevação do nível de preços.
 Concorrência.
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 Alteração nas alíquotas de impostos.


 Inflação.
 Expansão ou retração do mercado.

5. EQUILÍBRIO FINANCEIRO

As empresas equilibradas financeiramente apresentam as seguintes características:


• Permanente equilíbrio entre entradas e desembolsos de caixa;
• Capital próprio tende a aumentar, em relação a capital de terceiros;
• A rentabilidade do capital próprio é satisfatória;
• Menor necessidade de capital de giro;
• Tendência para aumentar a rotatividade dos estoques;
• Não há imobilizações excessivas de capital;
• Não há falta de produtos prontos para atendimento das vendas.

O diagrama a seguir ilustra as causas de falta de recursos na empresa, bem como as alternativas
para se alcançar o equilíbrio financeiro:
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6. REQUISITOS PARA IMPLANTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

• Apoio dos dirigentes da empresa;


• Organização da estrutura funcional da empresa com definição clara dos níveis de
responsabilidade de cada área;
• Integração dos diversos setores e/ou departamentos da empresa ao sistema de fluxo de
caixa;
• Definição do sistema de informações (formulários, prazos, responsáveis, etc.);
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• Treinamento do pessoal envolvido para implantar o fluxo de caixa na empresa;


• Comprometimento dos responsáveis das diversas áreas no sentido de alcançar os
objetivos e metas propostos no fluxo de caixa;
• Utilização do fluxo de caixa para avaliar com antecedência os efeitos de decisões
financeiras na vida da empresa;

7. VANTAGENS DO FLUXO DE CAIXA

• Indica ao administrador financeiro o momento adequado para as retiradas de caixa,


sem acarretar problemas financeiros para a empresa;
• Permite o uso dos recursos de maneira racional, sem comprometer a liquidez da
empresa;
• Permite a elaboração de planos de financiamento, bem como da projeção dos períodos
de amortização;
• Auxilia na verificação dos períodos em que a empresa terá excedentes de caixa, além de
estimar os valores desses saldos;
• Possibilita a escolha de investimentos dos recursos financeiros, bem como das linhas de
crédito necessárias ao financiamento dos déficits de caixa;
• Possibilita o planejamento integrado das atividades da empresa;
• Facilita o processo decisório;
• Possibilita a visualização dos pontos fortes e dos pontos vulneráveis da empresa,
permitindo a implantação de medidas corretivas;
• Permite o estabelecimento de objetivos e metas a serem atingidos, bem como fornece
parâmetros financeiros concretos para avaliação.

8. CUIDADOS NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Para cumprir as suas finalidades como efetivo instrumento de controle das operações financeiras
da empresa o fluxo de caixa deve ser elaborado com a estrita observância de, pelo menos, duas
regras:
• Realismo - o fluxo de caixa sem realismo não terá proveito gerencial algum e pode
aumentar o risco de decisões administrativas erradas. Alterações de prazos concedidos
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aos clientes para pagamento de suas compras, por exemplo, têm que ser refletidas na
elaboração, sob pena de se ter informações distorcidas no montante das entradas,
sujeitando a empresa à tomada de decisões com base em dados errôneos.

• Qualidade das projeções - o fluxo de caixa pode ser histórico (refere-se a dados já
acontecidos) e projetado (representa uma estimativa para um período futuro). O fluxo
histórico serve de base para a elaboração de projeções. Essa elaboração dever ser
confiada a alguém que tenha total conhecimento de todas as operações da empresa,
que tenha a formação técnica exigida e que deverá manter-se informado com relação
aos dados operacionais e planos da empresa, em detalhes, tais como os prazos
concedidos pelos seus credores para pagamento dos seus débitos, a sazonalidade de
suas vendas, o seu plano de investimentos, as condições de juros e prazos dos
empréstimos tomados ou concedidos, etc.

9. LIMITAÇÕES DO FLUXO DE CAIXA

• As estimativas contidas no fluxo de caixa têm como base a projeção das vendas, que, se
for mal elaborada, compromete todo o resultado;
• A implantação do fluxo de caixa poderá sofrer restrições por segmentos na empresa, o
que demanda um trabalho de conscientização no momento da implantação.
• Os primeiros resultados podem não atender às expectativas dos proprietários, pois até
que se elabore o sistema de forma a atender às especificidades da empresa, podem
ocorrer erros. Ademais, os resultados não são sempre exatos, na medida em que
eventos não programados (tanto entradas quanto desembolsos) podem acontecer,
comprometendo as previsões elaboradas. A não compreensão dessas limitações pode
frustrar e comprometer a implantação do instrumento.
• Instrumentos de planejamento somente são válidos se houver o acompanhamento e
análise posteriores, comparando-se o projetado e o realizado, a fim de que medidas
corretivas possam ser implantadas.
• Flutuações de mercado podem comprometer as projeções feitas, comprometendo os
resultados estimados no fluxo de caixa.
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10. TIPOS DE INGRESSOS E DESEMBOLSOS DE CAIXA

O planejamento das entradas de caixa é o ponto mais complexo do fluxo de caixa, pois depende da
realização de pagamentos a serem efetuados por terceiros, sobre os quais a empresa não tem
controle total.

Quanto aos desembolsos, sua estimativa é facilitada pelo fato de que a empresa normalmente
planeja as saídas de caixa de acordo com o vencimento das obrigações. As saídas de caixa podem
ser regulares, razoavelmente regulares ou irregulares.

• As saídas regulares são aquelas que estão vinculadas diretamente à atividade


operacional da empresa, e incidem de forma periódica.
• As saídas razoavelmente regulares (ou intermitentes) são aquelas que aparecem e
desaparecem em um determinado período de tempo.
• As saídas irregulares ocorrem poucas vezes e estão vinculadas às disponibilidades de
caixa e aos planos de expansão, modernização ou relocalização da empresa.

11. CONCLUSÃO

O fluxo de caixa é um dos instrumentos mais eficientes de que dispõe o administrador financeiro,
para planejar, controlar, dirigir e avaliar as atividades operacionais da empresa.

A partir da implantação do fluxo de caixa, objetivos e metas poderão ser avaliados por meio de
dados concretos, buscando-se as razões das defasagens e implementando medidas que evitem a
repetição dos mesmos problemas no futuro. O dimensionamento do capital de giro a ser mantido
fica bastante facilitado com a utilização do fluxo de caixa, pois possibilita a manutenção de recursos
mínimos no caixa da empresa, liberando a utilização dos excedentes em outras atividades mais
rentáveis para a empresa.
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O fluxo de caixa possibilita ao gerente planejar as necessidades de caixa em curto prazo. Uma
empresa que espera apresentar um excedente de caixa pode planejar aplicações a curto prazo.
Quando, porém, a situação se transformar em déficit de caixa, a providência será a busca de
financiamento. O orçamento de caixa proporciona ao gerente, ainda, uma visão clara da época em
que ocorrerão recebimentos e pagamentos previstos durante determinado período;
frequentemente, o fluxo é apresentado mês a mês.

Cada empresa, de acordo com sua atividade principal e o setor econômico em que atua, formatará
uma estrutura de orçamento que mais se lhe adéque. O orçamento de caixa é composto,
basicamente, de três peças orçamentárias:

1. Programação de recebimentos previstos,


2. Programação de pagamentos previstos e
3. O orçamento de caixa.

FLUXO DE CAIXA - TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO

Previsão de vendas

O insumo básico de qualquer fluxo de caixa é a previsão de vendas, normalmente fornecida


ao administrador financeiro pelo departamento de marketing. Com base nessa projeção, se poderá
prever quando as vendas serão recebidas, bem como os gastos relacionados com a produção,
estoques, distribuição, nível de imobilizado desejado, o montante de financiamento necessário e as
possibilidades de sua obtenção.
A previsão de vendas pode estar baseada numa análise de dados externos ou internos.
• Previsões externas: são baseadas nas relações que podem ser observadas entre as
vendas da empresa e certos indicadores econômicos, como por exemplo, a evolução do
PIB, a renda pessoal disponível, o crescimento da população, etc. Essas previsões se
justificam na medida em que estimativas da atividade econômica permitem prever as
vendas futuras da empresa.
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• Previsões internas: geralmente são baseadas na elaboração de previsões de vendas da


empresa. Normalmente a equipe de vendas é solicitada a estimar as vendas para um
determinado período e que serão posteriormente ajustadas pela direção da empresa.

As empresas geralmente usam dados da previsão interna e externa para compor a previsão
final de vendas. Os dados internos propiciam uma visão clara das expectativas de vendas, enquanto
os dados externos oferecem uma maneira de ajustar essas expectativas, levando em consideração
fatores econômicos gerais. Muitas empresas que vendem bens de primeira necessidade não são
muito afetadas por fatores econômicos, ao passo que as vendas de outras empresas de outros
ramos de negócios variam bastante com essas mudanças. Muitas vezes, a natureza do produto
afeta a escolha dos métodos de previsão adotada.

Fluxo de caixa realizado

A finalidade do fluxo de caixa realizado é mostrar como se comportaram as entradas e as


saídas de recursos financeiros da empresa em determinado período. O estudo cuidadoso do fluxo
de caixa realizado, além de propiciar análise de tendência, serve de base para o planejamento do
fluxo projetado.
Outro aspecto que deve ser considerado é a comparabilidade existente entre os fluxos de
caixa realizado e o projetado. Isso possibilita identificar os motivos das variações ocorridas, se
aconteceram por falha de projeções ou por falhas de gestão. A análise das variações ocorridas no
fluxo de caixa permite identificar as causas de eventuais divergências de valores, funciona como
feedback, gerando informações para o processo decisório e para o planejamento financeiro futuro.

Fluxo de caixa projetado

O objetivo principal do fluxo de caixa projetado é informar como se comportará o fluxo de entradas
e saídas de recursos financeiros em determinado período, podendo ser projetado a curto ou a
longo prazo. No curto prazo busca-se identificar os excessos de caixa ou a escassez de recursos
dentro do período projetado para que, com essas informações, seja possível traçar uma adequada
política financeira. No longo prazo, o fluxo de caixa projetado, além de identificar os possíveis
excessos ou escassez de recursos, visa também obter outras informações importantes, tais como:
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• Verificar a capacidade da empresa de gerar os recursos necessários para custear suas


operações;
• Determinar o capital em giro no período;
• Determinar o Índice de Eficiência Financeira da Empresa. (IEF = capital em giro/capital
de giro da empresa);
• Determinar o grau de dependência de capitais de terceiros pela empresa etc.

É bom lembrar que as informações de que a empresa dispõe para elaborar o fluxo de caixa
projetado em curto prazo diferem daquelas que estão disponíveis quando de projeta em longo
prazo. Normalmente, quando se projeta em curto prazo, as principais operações que vão provocar
entradas e saídas de dinheiro foram realizadas e a empresa trabalha com relativo grau de certeza
dos recebimentos e/ou pagamentos dentro do período. No entanto, quando se projeta em longo
prazo, o que se conhece são apenas projeção das operações de entradas e/ou desembolsos de
recursos financeiros, ficando o fluxo de caixa projetado em longo prazo exposto a eventos
estranhos ao conhecimento primário por parte da empresa, podendo comprometer as previsões
consideradas.

Referências

GITMAN, Lawrence. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harper & Row do Brasil,
1984. Cap.8. P.250-271.

ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de Caixa - uma decisão de planejamento e controle financeiro.
Rio Grande do Sul: D.C. Luzzatto, 1986.

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