PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
UGS
Nº 70061960522 (Nº CNJ: 0388615-92.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL
ACÓRDÃO
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R E L AT Ó R I O
DES. UMBERTO GUASPARI SUDBRACK (RELATOR)
Inicialmente, a fim de evitar desnecessária tautologia, adoto o
relatório da sentença, in verbis:
Vistos.
JOÃO IRAN DUTRA DOS SANTOS, devidamente
representado por sua irmã, Odete dos Santos
Martins, qualificados, ajuizou ação indenizatória
decorrente de acidente de trânsito em face de MARIA
IVONE PORTAL DE SOUZA, HDI SEGUROS e
VILMAR PORTAL DE SOUZA, também qualificados.
Narrou, em síntese, que no dia 12/01/2006, por volta
das 18h50min., na RS 118, conduzia sua bicicleta no
acostamento, momento em que foi colhido pelo
veículo da ré Maria Ivone, o qual era conduzido pelo
irmão Vilmar. Do acidente, restou com graves
sequelas, tendo sido, inclusive, interditado. Sustentou
que a ocorrência do sinistro se deu por culpa exclusiva
do condutor veículo, que agiu com negligência,
imprudência e imperícia. Mencionou, também, que
laborava como autônomo, auferindo cerca de R$
1.000,00, mensais, na atividades de pedreiro e
azulejista e que, em razão de ter ficado
permanentemente inválido, sendo cuidado por
familiares, requereu a concessão de pensão até os 70
anos de idade, no valor de R$ 1.500,00. Também,
pretende a condenação do demandado em danos
morais, no montante de 300 salários mínimos.
Pleiteou, assim, a procedência da ação, com a
condenação dos requeridos ao pagamento de pensão
mensal e indenização por danos morais e materiais.
Juntou documentos (fls. 13/48).
Citada, a requerida Maria apresentou contestação (fls.
53/68). No mérito, alegou que, apesar do infortúnio
ocorrido, a ação é meramente pecuniária. Sustentou
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VOTOS
DES. UMBERTO GUASPARI SUDBRACK (RELATOR)
Trata-se de demanda de natureza condenatória, por meio da
qual visa a autor obter a reparação dos danos sofridos em razão do
acidente.
A hipótese dos autos deve ser analisada sob a ótica da
Responsabilidade Civil Subjetiva, para cujo reconhecimento devem estar
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configurados: o evento danoso, o dano, o nexo causal e a culpa (art. 186 c/c
927 ambos do CC).
O evento danoso e o dano estão incontroversos.
O nexo causal e a culpa, para a responsabilização civil, devem
estar comprovados nos autos, de acordo com a regra geral sobre o ônus da
prova, prevista no art. 333 do CPC:
O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de
maneira diversa o ônus da prova quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o
exercício do direito.
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frente do réu, “praticamente cortando a frente do Gol” (fl. 339). Ainda, repetiu
várias vezes que o fluxo, no momento do acidente, era intenso.
Os argumentos do apelante não se mostram suficientes para
desqualificar o testemunho prestado, sem compromisso, que de forma
coerente roborou a versão defensiva.
As provas trazidas aos autos foram bem analisadas pelo digno
sentenciante, Dra. Luciane Di Domenico Hass, motivo pelo qual adoto, como
razões de decidir os fundamentos da sentença:
No caso, não houve perícia no local do acidente de
trânsito, no entanto, os depoimento prestados pelas
testemunhas apontaram para a imprudência da vítima
ao tentar atravessar a pista.
Leandro Crézio Silva dos Santos disse que não
presenciou o acidente, apenas ouviu a batida e que
por isso, foi ajudar a prestar socorro ao autor, que
estava ensaguentado. Sabe que a vítima era mestre
de obras e que após o acidente, o mesmo não teve
mais condições de trabalhar, em razão das sequelas.
Mencionou que próximo do local do acidente existe
uma passarela de pedestres, todavia, a mesma é de
degraus, impossibilitando o trânsito de bicicletas. No
horário em que ocorreu o sinistro, o fluxo de veículos é
bastante intenso (fls. 305/313).
A testemunha José Joanes dos Santos mencionou
que presenciou o acidente, que envolveu um veículo e
uma bicicleta. Referiu que estava se deslocando para
Novo Hamburgo, trafegando atrás do veículo Gol,
momento em que a vítima se “atravessou”. Por essa
razão, parou para ajudar na prestação do socorro,
mas o motorista Vilmar já havia acionado. O acidente
ocorreu por volta das 17 horas e naquele momento o
fluxo era intenso. As condições de visibilidade eram
boas. Disse que após o acidente, a vítima tentou
levantar, sendo que manteve ele deitado até a
chegada do socorro. A velocidade permitida para o
local é de 60 km/h, mas em razão do fluxo, os veículos
transitavam abaixo dessa velocidade (fls. 338/341).
Por fim, ouvido em Juízo, o réu Vilmar declarou que
no dia dos fatos estava de deslocando de
Cachoeirinha para Novo Hamburgo pela RS 118, onde
na sua frente, estava uma tombadeira, e uma
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