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Cap. 1.

Tensores cartesianos e cálculo tensorial


1. Grandezas (Quantidades) físicas
1.1 Classificação das quantidades físicas
1.2 Descrição matemática dos tensores
1.3 Definição dos tensores
2. Álgebra tensorial
3. Tensores cartesianos em 2D simétricos
3.1 Dedução da lei de transformação de vectores
3.2 A lei de transformação de tensores de segunda ordem
3.3 Valores próprios
3.4 Circunferência de Mohr
3.4.1 Convenções e consequências
3.4.2 Determinação dos valores e das direcções principais
3.4.3 Determinação das componentes para uma rotação arbitrária
3.4.4 Determinação do referencial ligado a componentes especificadas
3.5 Verificações dos valores principais
3.6 Determinação das componentes sabendo valores em 3 direcções
4. Tensores cartesianos em 3D simétricos
4.1 Valores e vectores próprios ou valores e direcções principais
4.2 Determinação e propriedades
4.3 Casos particulares
4.4 Valores extremos fora de diagonal
4.5 O tensor de inércia
5. Análise tensorial
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1. Grandezas (Quantidades) físicas

1.1 Classificação das quantidades físicas

Escalares Tensores de ordem zero


Vectores Tensores de primeira ordem
Tensores de segunda ordem Tensores de segunda ordem
... ...

Escalares

1 dado é suficiente para a descrição completa


Exemplos: temperatura, massa, densidade, tempo

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Vectores

Necessitamos de 3 dados para a descrição completa

Exemplos: força, deslocamento, velocidade, aceleração

O vector é plenamente
Representação geométrica
determinado
quando sabemos:
Sentido
 direcção
Ponto de aplicação F
intensidade
Intensidade
sentido
Direcção

Neste caso tratou-se de um vector livre, ou seja de um vector no sentido matemático

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Da disciplina Estática já se sabe que de acordo com o significado físico
é necessário distinguir vectores de 3 tipos

Livre (exemplo: vector associado a um binário)

Deslizante ou seja fixo à sua linha de acção (exemplo: força na mecânica dos corpos rígidos)

Fixo ou seja fixo ao ponto de aplicação (exemplo: força na mecânica dos corpos deformáveis)

Tensores de segunda ordem

É necessário 9 dados para a descrição completa


Exemplo: tensão, deformação, tensor de momentos de inércia
O tensor de segunda ordem é plenamente determinado no ponto P
quando se conhecem 3 vectores com ponto de aplicação P, actuantes
em 3 planos diferentes, não paralelos, que se intersectam no ponto P

Tensores de quarta ordem

Exemplo: tensor de rigidez e de flexibilidade


Representação geométrica dos tensores ...
mais tarde de acordo com o significado físico
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1.2 Descrição matemática dos tensores

A descrição matemática dos tensores baseia-se em componentes

Para poder definir as componentes, é necessário definir o espaço e o referencial

Espaço

Espaço de Euclid: 1D, 2D, 3D

Também chamado espaço cartesiano

1D – espaço dos números reais

mD – espaço de combinações de m
números reais
Euclid (ca. 325-ca. 270 BC)
Número de componentes necessárias para a descrição completa dos tensores:

3n em 3D 2n em 2D

onde n corresponde à ordem do tensor


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Sistema de coordenadas ou referencial

Referencial cartesiano: Três eixos rectos mutuamente perpendiculares


É necessário introduzir para poder efectuar representações geométricas
É definido pela origem 0 e pelos vectores base

Vectores base têm a norma unitária


  
i  j  k 1 z

k 
Permutação positiva j
x  0 y
x i
y z René Descartes (1596-1650)
Nas aplicações desta disciplina sempre directo
Verificação de acordo com a regra da mão direita
Dedos de x para y Polegar mostra orientação positiva de z
Dedos de y para z Polegar mostra orientação positiva de x
Dedos de z para x Polegar mostra orientação positiva de y
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Vectores

Vector F tem componentes Fx , Fy , Fz

Representação geométrica Representação matemática

matricial
z
Fx 

Fz
 F  Fy   Fx , Fy , Fz T
 
k F F 
0 Fy y  z
Fx  
x i j vectorial

F  (Fx , Fy , Fz )
         
F  Fx  Fy  Fz  Fx i  Fy j  Fz k  F1e1  F2 e2  F3e3
        
i  ex  e1 j  ey  e2 k  ez  e3
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Tensores de segunda ordem

Representação matemática das componentes na forma matricial

2D

1 x
Txx Txy   Tx Txy   T11 T12 
T        2y
T
 yx Ty y T
 yx Ty   21
T T22 
3z
3D

Txx Txy Txz   Tx Txy Txz   T11 T12 T13 


    
T  Ty x Ty y Ty z   Ty x Ty Ty z   T21 T22 T23 
Tzx Tzy Tzz  Tzx Tzy Tz  T31 T32 T33 
  

Representação geométrica mais tarde


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As quantidades físicas têm por componentes números
As quantidades físicas habitualmente referem-se a uma dada posição (ponto)

Quando as componentes são funções de posição, chamamos-lhes


Campos físicos ; temos assim:

Campo escalar
Campo vectorial
Campo tensorial de segunda ordem
...

Exemplo: o campo vectorial Fx, y, z  tem as componentes

1.3 Definição dos tensores Fx x, y, z, Fy x, y, z, Fz x, y, z

A grandeza física chama-se tensor quando as suas componentes obedecem


a lei de transformação. Esta lei descreve a definição das componentes no
referencial transformado Tensores cartesianos

Tensores cartesianos são tensores definidos no referencial cartesiano,


consequentemente a lei de transformação é especificada apenas no
referencial cartesiano e representa uma rotação do referencial
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2. Álgebra tensorial
até tensores de segunda ordem coincide com o cálculo matricial e vectorial
Tensores cartesianos de segunda ordem

Tensor simétrico Tensor antisimétrico

Tij  Tji Tij  Tji  Tii  0


Qualquer tensor pode ser escrito como a soma
da sua parte simétrica e antisimétrica

T  S  A Sij  Tij  Tji / 2 Aij  Tij  Tji / 2


Propriedade: o tensor antisimétrico tem zeros na diagonal principal

Qualquer tensor pode ser escrito como a soma da sua parte esférica
(isotrópica, volúmica, volumétrica) e desviatórica (tangencial)

T  Tm I  D Dij  Tij i  j D ii  Tii  Tm


Valor médio Tm  Tx  Ty  Tz / 3 em 3D Tm  Tx  Ty / 2 em 2D
Propriedade: o tensor desviador tem traço nulo
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3. Tensores cartesianos em 2D simétricos

3.1 Dedução da lei de transformação de vectores

y Introduz-se a rotação do referencial 0xy para 0x’y’


y e calculam-se as componentes no referencial rodado


F  x Fx  Fx  Fx cos  Fy sin 
Fy
 Fx 
Fy 
Fy  Fy  Fy cos  Fx sin 
x
0 Fx
Fx   cos  sin   Fx 
      
Matriz de transformação ou de rotação Fy   sin  cos   Fy 

 cos sin   R ij  cos(xi , x j )


R     F  R  F
  sin  cos   linha coluna
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y y

x As componentes dos vectores base do novo


 referencial, ou seja os cossenos directores
 dos versores dos eixos rodados
 i
j  x formam as linhas da matriz  R 
0

 R é uma matriz ortogonal (ortonormal)

 R : det  R   1  R   R
1 T
Algumas das propriedades da matriz ortogonal

Quando a rotação efectua-se do referencial directo para o directo

o determinante é positivo det  R   1

Outras propriedades das matrizes ortogonais:

Produto interno das linhas ou colunas iguais (diferentes) equivale a 1 (0)

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3.2 A lei de transformação de tensores de segunda ordem

T  R  T R T T  R T  T  R 


A prova será dada no Cap. Tensão para se poder usufruir o significado físico
Nota:
Tensores de ordem maior
É necessário usar a designação “indicial” que não será dada

Voltando aos tensores de segunda ordem, considerando apenas os tensores


simétricos e desenvolvendo as multiplicações,
as componentes no referencial rodado escrevem-se:

Tx  Tx cos2   Ty sin 2   2Txy sin  cos


Ty  Tx sin 2   Ty cos2   2Txy sin  cos

  Tx  Ty sin  cos  Txy cos2   sin 2 
Txy 
A propriedade de simetria mantém-se, qualquer que seja o referencial
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Usando as funções trigonométricas de ângulos duplos, igualmente:
Tx  Ty Tx  Ty
Tx   cos 2  Txy sin 2
2 2
Tx  Ty Tx  Ty
Ty   cos2  Txy sin 2
2 2
Tx  Ty
 
Txy sin 2  Txy cos 2
2
Verifica-se, que existe uma rotação com propriedades especiais.
Neste novo referencial os valores diagonais correspondem ao máximo e ao
mínimo de todos os possíveis valores diagonais e a componente fora da
diagonal anula-se.
3.3 Valores próprios

O máximo e o mínimo dos valores diagonais chamam-se valores próprios


A resolução pode ser facilmente expressa analiticamente e determinada
de três maneiras equivalentes:
1. Analogamente como em 3D (veja nos acetatos posteriores)
2. Encontrar o máximo e o mínimo dos valores diagonais
 0
3. Encontrar a rotação para a qual Txy
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Usando o ponto 2:

Tx  Tx  Ty Tx  Ty 

   cos 2  Txy sin 2  /   0  P
  2 2 
Tx  Ty 2Txy
 2 sin 2  Txy 2 cos2  0  tg2P 
2 Tx  Ty
Igualmente para Ty

Usando o ponto 3:

Tx  Ty 2Txy
 
Txy sin 2P  Txy cos 2P  0  tg2P 
2 Tx  Ty
Substituindo pelo  P nas equações das componentes rodadas:

Tmax  Tm  R  Tx  Ty 
2
 0
Txy R     Txy2
Tmin  Tm  R  2 
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Depois de terminar os cálculos
é necessário distinguir qual dos eixos rodados y max
corresponde ao eixo do máximo e min
qual ao eixo mínimo. x
Pode-se provar uma regra simples
representada na figura ao lado.
para Txy  0
Os eixos do máximo e do mínimo
definem o referencial principal, e este
referencial tem que ser directo
Por convenção os valores
principais ordenam-se de acordo
y com a sua grandeza, por isso o
x ou max valor do máximo está na matriz
y  ou min de componentes na posição (1,1)
x e o valor do mínimo na posição
(2,2). Isso implica que o eixo do
Tmax 0  máximo é o “primeiro” eixo, tal
 0 T  como por exemplo x, a o eixo do
 min  mínimo é o “segundo” eixo tal
como por exemplo y.

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3.4 Circunferência de Mohr

Substituindo, verifica-se facilmente:

Tx  Tm   Txy2  R2  
2
Ty  Tm  Txy2  R2
2

que são as equações de uma circunferência


Cristian Otto Mohr (1835-1918)

de centro Tm ,0 e raio R, em que Tx , Ty visualizam-se no


 no eixo vertical
eixo horizontal e Txy

As componentes de um tensor associadas a todas as possíveis


rotações do referencial original,
compõem uma circunferência

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Cada ponto tem apenas duas coordenadas, por isso a abcissa corresponde
a Tx ou Ty e a ordenada a Txy

Os valores principais visualizam-se no diâmetro principal, dado que


neste caso a componente fora da diagonal é igual a zero e as
componentes normais atingem o valor máximo e o mínimo;
estes factos não estão influenciados pelo referencial original (inicial)

Tmax  Tmin Tmax  Tmin R


Tm  R Tm in Tmax
2 2
Tm

Verifica-se igualmente que o valor máximo fora da diagonal


corresponde ao raio da circunferência
Neste caso o valor que complementa as componentes rodadas é Tm
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3.4.1 Convenções e consequências

Assume-se que o referencial original é coincidente com o principal, ou seja que:

Tx  Tmax y Tx  Tm  R cos 2


y  min x 
Ty  Tmin  Ty  Tm  R cos2
Txy  0 x  max   R sin 2
Txy
introduz-se uma rotação  x  Tx;  Txy  negativo

R sin  2 
R
2  x    Tx Txy 
Tm in  Tmax T Ty   y  
 xy
Tm
Tm  R cos  2  R Tm  R cos  2 

 y  Ty; Txy 


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A faceta e a normal à faceta são mutuamente perpendiculares
A faceta corresponde a uma recta (“um corte”) onde “actuam” duas componentes
do tensor considerado: a componente normal (diagonal, que tem o mesmo índice
como a normal à faceta) e a componente tangencial (fora da diagonal, que tem
dois índices)
Cada ponto da circunferência Componente normal,
corresponde às componentes do Ty diagonal
vector na faceta correspondente
Tyx
y Tx Txy Tx
Facetas positivas
x Txy

Facetas negativas Tyx Componente tangencial,


Ty
fora da diagonal
o 1 índice da componente tangencial corresponde à normal, o 2 à direcção
Esta representação geométrica será igual para o tensor das tensões,
mas diferente para o tensor das deformações
As comp. normais obedecem as regras de representação de tracção/compressão
As comp. tangenciais apontam para os quadrantes positivos
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Define-se
Faceta (x): faceta cuja normal coincide com o eixo coordenado x
Faceta (y): faceta cuja normal coincide com o eixo coordenado y
As componentes na faceta de (x) designamos na CM (x).
Pontos (x) e (y) estão na recta que passa pelo centro da CM, ou seja todas as
componentes do tensor visualizam-se nos pontos opostos de um diâmetro

A rotação na circunferência faz-se pelo dobro do ângulo de rotação dos eixos


-uma rotação de 90º faz-se na CM como 180º o que troca a posição (x) e (y)
-uma rotação de 180º faz-se na CM como 360º e não altera nada
consequentemente o sentido dos eixos nesta representação é indiferente
Para se manter o mesmo sentido de rotação dos eixos coordenados e dos
raios da CM, adopta-se

a convenção dos sentidos do eixo vertical  x    Tx Txy 


T Ty   y  
 xy
-para ponto (x) ou (x’) a ordenada tem sentido oposto (para baixo)
-para ponto (y) ou (y’) a ordenada tem sentido habitual (para cima)
-as componentes normais desenham-se na convenção habitual
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Convenção alternativa
A colocação dos pontos na CM é unicamente definida pelo sentido real da
componente tangencial, o referencial é da nossa escolha.
O sinal da componente tangencial depende do referencial e por isso não está
unicamente definido

x y
x
y

y x
x
y
Txy  0 Txy  0 Txy  0 Txy  0

acima abaixo
O sentido das componentes tangenciais
determina a posição do ponto correspondente
na circunferência de Mohr
indiferentemente do referencial
horário, anti-horário,
negativo positivo
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3.4.2 Determinação dos valores e das direcções principais
y
max
 Tx
o referencial original
Txy  componentes positivas p x
T   T Ty  Tx  Ty
 xy y
x min
Valores fora da diagonal, tangenciais
y
y  x
Sentido de rotação
da componente
Txy  0 tangencial
Ty
Tm Tmax Valores diagonais, normais
0
Tm in
2p Txy  0
T x Ty / 2
2p
p  Tx  Ty 
2 Txy
R
R     Txy2
Tx
x   2 

tg2p  
2Txy Justificação das fórmulas
Tx  Ty Disciplina MMC, Z. Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016
Correspondência com a origem do referencial – O Pólo das normais 0

O Pólo das facetas P


// à faceta de (y)
Ty

y  P Txy
Tx Txy Tx
// à faceta de (x)
Txy

0 Tm Txy Ty

 min   max  y
max
p
p
0 x  x
0
// à direcção de x min
// à normal da faceta de (x)
// à direcção de y
// à normal da faceta de (y)
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Propriedades das circunferências conhecidas do ensino secundário

Achar centro de uma circunferência


sabendo 3 pontos que pertencem
a esta circunferência

 


2

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3.4.3 Determinação das componentes para uma rotação arbitrária

 Tx Txy  componentes positivas


T   
Txy Ty  Tx  Ty
y y
x

Tx 
x
0
y    Tx Txy 
Txy  0
T   T   T  T  
Ty x    xy y 

Tm  0
Txy
0 T y

y Txy
Tx

2 Txy
Txy
 Txy  0 Txy
Ty Tx 0 x  Tx
T y

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3.4.4 Determinação do referencial ligado a componentes especificadas

y y
y 
 Tx Txy  componentes positivas x
T   
Txy Ty  Tx  Ty
x
0
x
 y
 y   y Referenciais em que o
valor tangencial
corresponde a um valor
Tm dado que é positivo
0

 x  x
0  x
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3.4.5 Rotações de 45º a partir do referencial principal

 Tm  R 
min x
T     R T 
Tmax 0   m 
 0 T 
 min  Tm R 
max T    R T 
 m
x
R = máximo da componente
Txy,max  R fora da diagonal, neste caso as
x   componentes diagonais não se
anulam, ambas têm o valor Tm
Tm in Tm Tmax min

x  max

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3.5 Verificações dos valores principais

Depois da resolução dos valores principais convém verificar os invariantes

Invariantes

Escalares que não alteram o seu valor com a rotação do referencial

I1  traçoT  I 2  detT 

I1 , I 2 são invariantes fundamentais,


também chamados invariante linear e invariante quadrático
todos os restantes invariantes podem exprimir-se usando os fundamentais,
por exemplo os valores próprios são igualmente invariantes

Invariantes Referencial original Referencial principal

traçoT  Tx  Ty Tmax  Tmin

detT  Tx  Ty  Txy2 Tmax  Tmin


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3.6 Determinação das componentes sabendo valores em 3 direcções

Cada tensor tem 3 componentes, por isso cada 3 valores, mesmo de


referenciais diferentes, permitem sempre determinar as componentes.
O caso em baixo tem uma aplicação útil nas medições de deformações
e além disso permite uma resolução gráfica simples

Sabemos: Ta , Tb , Tc , incógnitas: Tx , Ty , Txy


x  Tb x
Ta
O referencial introduzido é arbitrário,
convém fazê-lo na forma mais vantajosa
 
x
Ta  Tx Tc  x

Tx  Tb  Ta cos2   Ty sin 2   2Txy sincos

Tx  Tc  Ta cos2     Ty sin 2     2Txy sin  cos  

Resolver Ty , Txy
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Resolução gráfica
a 


Tb
a  Tc Ta
c
Tm in
b 2
Tmax Esboço dos eixos

2      na posição original

2
b 

 c  A posição mais
vantajosa do ponto
2 arbitrário auxiliar está na recta
auxiliar que corresponde à
direcção que está
 180 º     geometricamente no
 meio das outras
Prova
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a  

Tb
Ta
a  Tc
0 c 0
b
Esboço dos eixos
na posição original

b 

 c 
arbitrário
auxiliar

180 º     Disciplina MMC, Z. Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016


4. Tensores cartesianos em 3D simétricos

4.1 Valores e vectores próprios ou valores e direcções principais

Definição matemática

T  I  v  0 (Eq. 1)

(Eq. 1) corresponde a 3 equações algébricas lineares homogéneas

A solução não trivial de {v} existe apenas quando detT   I  0


Os números λ que asseguram a nulidade do determinante chamam-se

valores próprios ou principais

Substituindo o valor próprio pelo λ, (Eq. 1) tornam-se linearmente


dependentes e por isso o número das soluções para componentes de {v} é
infinito
As soluções não triviais de {v} chamam-se
vectores ou direcções próprios ou principais
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4.2 Determinação e propriedades

Valores principais

são reais (pode provar-se usando a simetria do tensor)


são 3, contudo podem ser múltiplos
calculam-se como raízes de equação característica

detT I   3  I12  I2 I3  0  3  I12  I2  I3  0
I1  3Tm  traçoT 
  Tx Txy     Ty Ty z     Tx Txz  
I 2  det     det     det 
 T  
 Txy
 Ty    Ty z Tz 
    xz Tz  
I3  detT
I1, I2 , I3 são invariantes fundamentais,
também chamados invariante linear, quadrático e cúbico
todos os restantes invariantes definem-se usando os fundamentais,
por exemplo os valores próprios são igualmente invariantes
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Cálculo das raízes da equação característica:

1  2I13  9I1I2  27I3  I1 2 2  2 


  arccos     I  3I cos   j  , j  0,1,2
 2I1  3I2 
2 3/ 2  j1 1 2
 3
3  3 3

Forma canónica da matriz de componentes

Os valores próprios correspondem às componentes do tensor relacionadas


a um referencial, em que todas as componentes fora da diagonal
anulam-se e os valores próprios visualizam-se na diagonal

O máximo dos valores próprios é o máximo de todas as componentes


diagonais (normais), qualquer que seja o referencial
O mínimo dos valores próprios é o mínimo de todas as componentes
diagonais (normais), qualquer que seja o referencial

Direcções principais

O referencial novo mencionado acima está definido pelos vectores próprios


e designa-se o referencial principal (próprio)
Disciplina MMC, Z. Dimitrovová, DEC/FCT/UNL, 2016
Depois de calcular os valores próprios, o sistema de equações (Eq. 1) usa-se com
cada valor próprio separadamente para calcular o vector próprio correspondente

Quando os valores próprios são diferentes, a cada um correspondem


infinitas soluções do vector principal correspondente, estes vectores formam
uma única direcção no espaço. Assumindo o vector normalizado, existem apenas
duas soluções com sentidos opostos.
Pode dizer-se que existem apenas 3 vectores próprios normalizados,
unicamente definidos excepto do sentido, mutuamente perpendiculares.
Estes vectores definem o novo referencial, em que a matriz de componentes é
diagonal, contendo na diagonal os valores próprios.

A solução é única, por isso encontrando uma matriz diagonal,


pode concluir-se que os valores na diagonal são principais e o referencial
correspondente é também principal

A matriz de transformação (rotação) [R]


tem as linhas formadas pelos vectores próprios normalizados.
Para assegurar que o referencial novo é directo, é necessário ter o det([R])=1

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4.3 Casos particulares
1 1  2  3
1  2  3
3
Valor duplo

No caso particular da figura ao lado, vectores (2)


2
e (3) não são unicamente definidos. Todos os
vectores que satisfazem a Eq. (1) com o valor
λ2= λ3 substituído, formam um plano, cuja
normal coincide com a direcção (1)
Valor triplo

1  2  3  qualquer direcção é principal, a matriz de componentes


inicial já é diagonal com valores iguais

Simplificação para o caso 2D É possível sempre quando se anulam as


componentes fora de diagonal
 A 0 D
T   0 B 0  A D
T   
D 0 C   D C 
Já é valor principal Vector principal correspondente: v  e  0,1,0
2 2 T

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Verificações
Depois da resolução dos valores e direcções principais convém verificar
os invariantes e a ortogonalidade dos vectores próprios
Invariantes no referencial principal
I1  T1  T2  T3 I2  T1  T2  T2  T3  T1  T3 I3  T1  T2  T3
4.4 Valores extremos fora de diagonal
Círculo de Mohr
Usando as conclusões de 2D

T3 T2 T1

3
 T1  T3 T1  T3 
2  2 0 
 2 
Círculos fundamentais
1  0 T2 0 
 T T T1  T3  T1  T3
 1 3 0  Txz ,max 
 2 2  2
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Nota sobre 2D

O procedimento de cálculo poderá ser feito do modo análogo como em 3D

 
detT I   2  I1  I2  0 2  I1  I2  0

4.5 O tensor de inércia  Ix I xy   I x  Pxy 


I   I  
I y    Pxy I y 
 xy
Justificação da posição dos eixos principais
y I m in y I max
para Pxy  0
x x
ou seja I xy  0

5. Análise tensorial
Análise dos campos tensoriais
derivadas, teoremas integrais, etc...
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