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CIÊNCIA POLÍTICA

(Segunda-Feira, 28 de Setembro de 2009, 11h-13h – Prática)


 A Ciência Política estuda a realidade do ser, enquanto o Direito
Constitucional debruça-se sobre o dever ser. Trata-se de uma área
multidisciplinar;
 República – “res publica” (governo da coisa pública, em busca das
virtudes republicanas);
 República ≠ Monarquia
o Chefe de Estado
 República – Presidente da República eleito, submetido
ao princípio da renovação;
 Monarquia – Rei nomeado por ordem sucessória, de
modo vitalício (por norma).
 Monarquia Constitucional – conceito que surge com a Revolução
Americana e depois com a Revolução Francesa (1789). O poder do
rei fica limitado aos princípios constitucionais, não havendo poderes
acima da Constituição;
 “Magna Carta” (1215), por João Sem Terra, foi um documento que
limitou os absolutismos;
 O Chefe de Estado detém um “poder simbólico”, funcionando como
garante da unidade da nação;
 Uma República não implica a existência de um sistema democrático
nem uma Monarquia implica um sistema ditatorial;
 Os sistemas maioritários conduzem à formação de regimes /
parlamentos bipartidários, já os proporcionais promovem o
pluripartidarismo / fragmentação partidária;
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 Maquiavel é considerado um dos “pais” da Ciência Política, escritor


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de “O Príncipe”, porque descreveu a realidade política italiana,


constituída por principados;
 O Estado português é laico, dado que não há uma interferência
deste na Igreja e vice-versa. Tal sucede desde 1911, através da Lei
da Separação da Igreja e do Estado.
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(Quarta-Feira, 30 de Setembro de 2009, 11h-12h30 –Teórica)

 Como encarar a Ciência Política?


o Pode ser considerada uma disciplina para incutir preferências
políticas / ideológicas;
o Pode-se ensinar Ciência Política conjuntamente com
preferências políticas;
o Tudo apresenta uma conotação ideológica. Normalmente,
para desacreditar alguém, acusa-se esse indivíduo de
formular uma ideologia, quando, na verdade, os críticos
também praticam o mesmo acto, de modo diferente;
o Meramente através dos comportamentos do indivíduo não é
possível reconhecer a sua posição política.
o Em Ciência Política, pode haver diferentes gradações, mais ou
menos políticas.
o Dois tipos de Ciência Política:
 Ocidental (EUA) – quantitativa;
 Continental (França, Alemanha, Itália) – qualitativa
o A Ciência Política não pode ser associada, meramente, à
Matemática (sociometria)
o Outra classificação:
 Ciência Política mais cientista / racionalista que procura
sistemas, sínteses;
 Ciência Política mais simples / geral – Scientia Política
ou Episteme (disciplina, corpo de estudos), que
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abrange não só a Politologia como a Filosofia Política.

o Para caracterizar uma ciência, indica-se habitualmente o


objecto e o método. No caso das ciências sociais, revela-se
difícil indicar claramente estes dados. Por outro lado, é
escasso apenas referir o objecto e o método. É, igualmente,
necessário indicar o problema, a teleologia / intencionalidade
e a congregação dos especialistas. Revela-se fundamental que
exista especialistas que “vistam a camisola”;
o Outra distinção que se pode efectuar, da autoria de Trigeaud,
opõe ciências válidas / rigorosas e ciências falsas.

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CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 07 de Outubro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)

 Relação entre Política e Direito


I. Direito subordina-se à Política;
 Positivismo Legalista (Direito como instrumento;
posição radicalista)
II. Direito como técnica para colocar em prática conhecimentos
políticos;
III. Direito julga a própria Política.

 Perspectivas sobre o Direito


 Direito como criação humana, datada e localizada, que decorre
da força (Positivismo / Juspositivismo / Perspectiva Legalista):
o Única fonte do Direito – Lei;
o Existência de um poder consentido pelo povo;
o Inexistência de convivência social;
o “Dura lex sed lex” – a Lei é dura, mas é a Lei;
o Negação do valor da Justiça
 Direito em busca da Justiça: antes da Lei, está a Justiça:
o Ligação com o valor da justiça;
o Jusnaturalistas defendem a existência de um Direito
Natural, do qual decorre o Direito Positivo (pluralismo
jurídico);
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o “O poder não pode tudo”: só é aceitável produzir Direito


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preservando o valor da Justiça.

 Por “poder”, entende-se a capacidade de criar ou destruir, fazer


com que os outros obedeçam; por “Política”, considera-se a
actividade de exercício do poder ou exercício de pequenos poderes.
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(Quarta-Feira, 07 de Outubro de 2009, 14h-15h30 – Teórica


Extraordinária)

 O Positivismo Legalista pode ser considerado a “Filosofia


espontânea” do Direito (ver apenas a Lei);
 O Código Civil Português pode ser considerado positivista, apesar de
a intenção do seu autor, Antunes Varela, ser a defesa do Direito
Natural (ver art. 8º do C.C., por exemplo). Este Código Civil impede
o afastamento de leis injustas, já o anterior revelava-se defensor do
Direito Natural (ver art. 16º do anterior C.C., por exemplo);
 Para haver uma sociedade articulada, tem de haver um núcleo duro
de proibições impostas pelo Direito;
 Para as profissões jurídicas, a grande preocupação do momento
deve ser a problemática da Justiça;
 Positivistas
o Positivistas sociologistas – o Direito é um produto da
sociedade, advém dela. Excluem-se os valores supra-sociais.
 Falácia naturalista / naturalística – atentando num
determinado comportamento regularmente praticado,
podemos considerar tal prática justa (ex: furto,
corrupção).
o Positivistas historicistas – o Direito caminha,
irreversivelmente, para um dado fim histórico.
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 O Direito Natural revê-se na natureza humana. Todavia, resta saber


quais as semelhanças dos seres humanos. Para os jusnaturalistas,
estas semelhanças encontram-se no “dever ser”. Contudo, não é
possível definir o modelo de Homem perfeito.
 Jusnaturalistas
o Clássicos (baseiam-se no período do Direito Romano)
 Direito subordinado à Política e à Religião;
 “Homem justo” = “Homem santo” (S. Tomás de
Aquino);
 Legado de Aristóteles e do Romanismo.
o Modernos (ou Jusracionalistas – século XVIII)
 Iluminismo – período da razão;
 As novas liberdades consagradas nesta época não são
mais do que uma continuidade das velhas liberdades
clássicas;
 Proximidade entre Direito Positivo Clássico e Moderno
visível no “Processo dos Távoras”;
 Os defensores do jusracionalismo criticam o Direito
Natural clássico por ser “escolástico”.

 A divisão entre os dois tipos de Direito Natural é essencialmente


política (Leo Strauss).
 Compete ao jurista ser capaz de tratar, com independência, pessoas
de diferentes estratos sociais;
 O Direito deve ser autónomo. Apesar de não o poder ser na
totalidade, deve estar autonomizado da Religião, da Moral ou da
Política. Se o Direito fosse exclusivamente tratado pelos juristas,
correr-se-ia uma situação perigosa. Assim, deve-se promover um
cenário de interacção.
 O Direito vigente difere entre juristas. Enquanto, por exemplo, os
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juízes do Tribunal Constitucional, maioritariamente professores


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universitários, decidem de acordo com teorias passadas, muitos


juristas revelam desconhecimento das mesmas. Daí que possamos
dizer que muitos juristas revelam falta de formação jurídica.
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(Quinta-Feira, 08 de Outubro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)

 Autonomização das disciplinas (epistemai)


o Do Direito, com os Romanos (função soberana dos indo-
europeus);
o Da Ciência Política, dentro das Ciências Políticas.

 A criação da Álgebra prende-se com a questão da partilha de


heranças;
 Os povos indo-europeus (situados geograficamente desde a Índia
até à Islândia) eram descendentes de um mesmo povo, que se
espalhou pelo espaço indo-europeu. Todas as línguas deste espaço
geográfico apresentam várias semelhanças. Foi possível, através da
comparação linguística, conhecer o modo de organização da
sociedade: trifuncionalidade dos povos indo-europeus (três
funções sociais, três classes sociais – clero, nobreza e povo – e três
divindades)
o Função soberana (poder autónomo acima de qualquer outro,
interno ou externo):
 Corresponde à função do poder, a nível civil, religioso,
mágico, uma espécie de Zeus grego.
o Função guerreira (defesa, expansão, ataque), simbolizada
pelo Deus romano Marte;
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o Função económica (prosperidade), simbolizada pelo Deus


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romano Quirino.

 O Direito, a Política e a Religião encontram-se constantemente


ligados em relações mais ou menos profundas, devido à sua origem
comum;
 Na função soberana, foi retirado em primeiro lugar o Direito –
primeira grande autonomização. No Império Romano, os praetores
peregrinus (pretores peregrinos) foram transformados em juízes.
Foi retirada da Justiça geral uma Justiça particular, de carácter
jurídico – o Direito, mínimo denominador comum (Teoria do Livro V
de Aristóteles, fundador do Direito);
 Autonomização da Política decorre com Maquiavel, onde
demonstra o seu carácter republicano, avançando com um “manual
de defesa” contra os tiranos. Maquiavel era patriótico e debruçou-
se sobre a questão da divisão de Itália, já que pretendia a unificação
de Itália;
 A teoria de Maquiavel (um dos secretários de Florença) debruça-se
sobre a dicotomia entre fortuna – entendida como Sorte (tempo
cariológico – dos momentos especiais) –, considerada uma “mulher
caprichosa” e a virtude (capacidade de aproveitar a “fortuna”, as
oportunidades). Neste jogo entre a “virtude” e a “fortuna”, temos
de formular uma política comum, em busca da felicidade (o direito à
procura da felicidade está consagrado na Constituição Americana).
Para Aristóteles, a virtude está no meio, em todos os casos. Entre a
temeridade e a cobardia, está a virtude da coragem;
 Outra questão de relevo prende-se com a ética e o Direito: efectuar
um mal menor em nome de um bem maior;
 Maquiavel, pela primeira vez, faz a sua própria dedução, sem
atentar nos aspectos religiosos e jurídicos. Cria a Política como uma
actividade e pensamento à parte.
 Evolução dos paradigmas jurídicos:
o Verifica-se um alheamento dos juristas, considerados
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“burocratas” das questões de Direito;


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o Thomas Kuhn fala da sucessão das ideias da Ciência Jurídica,


através do conceito de paradigma:
I. Direito Inicial (Objectivo – criado pelos Romanos –
“ter”);
II. Direito Subjectivo – poder ou faculdade (“ter direito
a”):
 “Será que alguém tem legitimidade de ter algo?”
– S. Tomás de Aquino
 Nominalismo – estabelece uma ligação entre o
nome e a coisa (obrigação passiva universal – ter
o direito que os outros não interfiram no que é
nosso)
 Exige-se um comportamento negativo, de
abstenção (resolução do caso da riqueza da
Ordem Franciscana)
III. Direito Altruísta ou Fraterno (anteriormente designado
social):
 Promotor de equidade, mediação, consensos;
 Tendência mais recente (p. 82 do livro).

 Três Estilos de Filosofia Política


o “O Príncipe”, de Maquiavel;
o “O Elogio da Loucura”, de Erasmo de Roterdão (crítica
demolidora dos juristas – sátira);
o “Utopia”, de Thomas More.

 Paradigmas de Estilo Político


o Retórica e Direito, que influenciou inclusivamente a Teologia;
o Religioso, importante até bastante tarde (século XVII);
discussão sobre a Bíblia entre Locke e Hobbes;
o Racionalista, a partir do século XVIII, uso da razão pelos
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teóricos políticos modernos.


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 Formas de Filosofia Política (“o que é a boa sociedade?”)


o Viveu um período de crise, mas recentemente voltou a
ganhar importância (primado da Filosofia Política).
 Ideia de Utopia Moderna (p. 377/407, utopia plena de juridismo –
La Quebecie)
 Tendencialmente, os ditadores afastam os juristas, defensores do
valor da independência.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Segunda-Feira, 12 de Outubro de 2009 – 11H-13H – Prática)


 As teorias neo-republicanas abordam o modo de estar na vida
pública e determinadas virtudes / ideais republicanos (ética
republicana);
 A República encontra-se bastante associada à Democracia. A
conciliação destes dois conceitos transmite-nos a ideia de “um bom
governo”. O conceito de República evolui desde Aristóteles,
passando por Maquiavel até à actualidade;
 Existem várias ciências que se debruçam sobre a mesma realidade,
o mesmo objecto – pluridisciplinaridade. Por Ciência Política,
podemos entender o estudo da Política e do Poder;
 Durante muito tempo, vários autores entenderam que o objecto de
estudo desta disciplina era apenas o Estado e o poder. Tal ideia
revela-se limitativa do campo de estudo da Ciência Política. Outras
instituições, como as empresas, os clubes de futebol, a própria
Família e as organizações internacionais também são alvo de estudo
desta área;
 A Ciência Política não é uma ciência estanque, daí que estude a
evolução dos sistemas de governo. Estabelece, por exemplo,
comparações com outras realidades políticas;
 Compete à Ciência Política observar a realidade política (dados
empíricos) e extrair determinados conclusões e explicações. A
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Ciência Politica e a História são disciplinas indissociáveis, já que a


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primeira recorre à segunda para encontrar explicações para certos


fenómenos políticos;
 Em Ciência Política, podemos recorrer a diferentes métodos:
quantitativos / qualitativos; indutivos / dedutivos.
 Aristóteles debruçou-se sobre o conceito de virtude – forma de agir
com responsabilidade. A perspectiva de Aristóteles sobre a virtude
é de carácter ético.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 14 de Outubro de 2009 – 11H-12H30 – Teórica)

 As Instituições – entidades, pessoas colectivas (ou estratos delas),


implicam um enraizamento sociológico;
 Há várias situações que não dependem da organização jurídica;
 Os locais de reunião de pensadores são também instituições
(farmácias, cafés);
 Distinção entre Instituições-coisa e Instituições-pessoa:
o Instituições-coisa: há certos comportamentos que são
instituições (chá no Japão, café no Brasil – rituais);
o Instituições-pessoa: pessoas colectivas com ente pessoal e
ente organizacional.

 Instituto jurídico – grandes recortes na ordem jurídica (p.e. –


assentos, casamento)
 As Formas de Governo, por Aristóteles
o Formas Puras
 Monarquia
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 Aristocracia: forma de governo em que predomina a


nobreza (conjunto de nobres);
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 Politéia / República

o Formas Corruptas
 Tirania: anteriormente considerada uma forma
extraordinária de governo não corrupta. O tirano era
alguém que, pelos seus especiais méritos, tomava o
poder, uma espécie de Bonapartismo;
 Despotismo: o soberano pode tornar-se um déspota;
 Oligarquia
 Plutocracia (“governo do dinheiro”)
 Gerontocracia (“governo dos mais velhos”)
 Anarquia

 Estado
o Unitário
o Regional
o Federal

 Em relação à matéria da regionalização, poder-se-ia entender que o


referendo se superiorizasse à Constituição como reassunção do
poder constituinte. O referendo realizado no nosso país chumbou o
princípio constitucional de criação de um Estado Regional. Assim, o
referendo revelou-se um instrumento para extremar posições
(Sim/Não), impedindo a existência de posições intermédias e o
diálogo sobre as partes, em busca de um consenso. O mesmo
sucedeu em França com o referendo à nova Constituição Europeia,
que travou o processo de aprovação do mesmo;
 Verifica-se, actualmente, que a Democracia Representativa está
mais à frente da educação e da formação das pessoas, discutindo-se
nomeadamente o peso do voto de cada um, se seria superior ou
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inferior;
 O ministro português Afonso Costa (conhecido pelo seu feroz
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anticlericalismo) limitou o poder de voto dos monárquicos. Também


há registo de casos históricos em que, na luta contra o caciquismo,
se retirou o direito de votar a determinados indivíduos (p.e.
analfabetos, pouco esclarecidos). Actualmente, este tipo de
convicções não é revelado pelos políticos, utilizando o discurso do
“politicamente correcto”;
 Corremos, seriamente, o perigo da “ditadura digital”, em que se
procura fingir que as pessoas são livres para lhes retirar a liberdade;
 A entrada em decadência de uma Democracia revela-se pela criação
de “bodes expiatórios” (judeus, homossexuais, comunistas), sobre
os quais recaem enormes críticas. Também os ataques constantes
ao Parlamento são demonstradores desta realidade;
 Evolução do Estado: O Estado Moderno surge no período
Renascentista, com a autonomização do poder do Imperador e do
Papa. Em Portugal, o Estado Moderno data do reinado de D. João II.
Ocorre a centralização do poder na pessoa do monarca –
Absolutismo Real – com a concentração de impostos, forças
militares e a burocratização do regime. Segue-se o “Estado Polícia”,
promotor da ordem social, no tempo do Marquês de Pombal, no
período iluminista, e o Estado Liberal (também designado “Guarda
Nocturno”), com as revoluções liberais, nomeadamente a francesa.
Nesta época, surgem novas preocupações sociais (ao contrário das
primeiras teorias que consideravam que este tipo de Estado
desprezava as preocupações sociais), liberaliza-se o sindicalismo e
verifica-se uma diminuição do poder coercivo. As primeiras
preocupações sociais do Estado Liberal surgem no Reino Unido pela
ala liberal (e não pelos trabalhistas). De seguida, surge o Estado
Social e o Estado Pós-Social (Dessocialização), que promove o
pagamento das prestações sociais por parte de toda a comunidade.
 O Estado revela-se uma máquina perigosa com tendência para
absorver elevados impostos;
 Distinção entre Estado Social e Estado-Providência (hiper-
regulamentação colectivista). O Estado-Providência assumiu-se
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fortemente nos países da Europa de Leste, de influência socialista;


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CIÊNCIA POLÍTICA

(Quinta-Feira, 15 de Outubro de 2009 – 11H-12H30 – Teórica)

 Questão das Ideologias dos Partidos


o “Ideologia” é uma palavra relativamente recente (século XIX),
utilizada por Napoleão para desprezar um grupo de
individualidades chamadas “ideólogos”. Associa-se a uma
vocação ideológica, doutrinal. Em Portugal, o Dr. José
Pacheco Pereira, do Partido Social Democrata (PSD), pode ser
considerado um ideólogo, assim como os cronistas da revista
“Finisterra” (como o ensaísta Eduardo Lourenço), ou ainda o
actual líder do Bloco de Esquerda, o professor universitário
Dr. Francisco Louçã. Estes ideólogos caracterizam-se por uma
fidelidade a determinados princípios. Karl Marx atribuiu
várias acepções a esta palavra. Podemos considerar
“ideologia”uma filosofia política vulgarizada, sintetizada, de
certos grupos que tem um reflexo ao nível de movimentos
sociais e partidos (ex: ideologia liberal, comunista);
o Há determinadas tendências nas mudanças de ideologias
políticas verificadas. Disse-se que para se ser um social-
democrata na fase adulta, ter-se-ia de ser um esquerdista
(esquerda radical) desde a infância, p.e.;
o Dicotomia esquerda-direita
 A extrema-esquerda associa o Partido Socialista à ala
direita;
 O Partido Comunista Português associou o MRPP (hoje
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PCTP/MRPP) à ala direita;


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 Habitualmente, os partidos de esquerda acusam os


partidos de direita de defenderem uma ideologia
burguesa;
 Existe quem associe o nazismo e o fascismo à ala
esquerda, pelo seu populismo e totalitarismo;
 A associação de um indivíduo a determinada ideologia deve ser
considerada no tempo em que sucedeu e conhecendo, igualmente,
o modo de adesão (livre ou forçada);
 Distinção alternativa – Democracia / Ditadura
o O Estado Novo era considerado, por alguns, uma democracia
orgânica – redefinição de Democracia;
o Assim, a distinção esquerda / direita revela-se menos
polémica, dado que os partidos o fazem mais convictamente,
gerando menor agitação, confusão. A distinção alternativa
criará diferentes redefinições, não consensuais;

 Os radicais são uma transição entre os republicanos velhos e os


socialistas novos. Recordemos a Frente Popular em França,
constituída por socialistas, comunistas e radicais.
 Quando um indivíduo / grupo não se afirma de direita ou de
esquerda, será, na maior parte dos casos, de direita.
 O “Centro”:
o A esquerda radical considera o “centro” os socialistas;
o A ala direita considera o “centro” os liberais;
o O CDS, na sua fundação, afirmava-se partido do “centro”,
defensor da doutrina social da Igreja.

CIÊNCIA POLÍTICA
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(Segunda-Feira, 19 de Outubro de 2009, 11h-13h – Prática)


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 “Instituição” em sentido técnico (conceito desenvolvido por


Maurice Hauriou) - “Ideia de obra ou empreendimento que vive e
perdura no meio social” (noção temporal);
 A institucionalização (permanência) constitui-se como uma das
características do Estado;
 Instituições relacionadas com o poder político
o Estado
o Formas de governo
o Partidos políticos

 Pessoas colectivas – não existem fisicamente, mas possuem direitos


e obrigações como os seres humanos (ex: Estado, fundações,
autarquias, empresas);
 Apesar de os titulares dos órgãos estarem sujeitos ao princípio da
renovação, as instituições mantêm-se, assim como as pessoas
colectivas continuam a existir;
 Relação Direito – Poder Político / Política
o O Direito é produzido pelo poder político, mas o poder
político é limitado pelo Direito (o Direito encontra-se acima
do poder político);
o Concepção positivista do Direito – o Direito resume-se ao
conjunto de Leis em vigor.
 Relação Educação – Poder Político / Política
o A educação revela-se, fundamentalmente, para a formação
do cidadão e para o correcto exercício do poder político,
porém o poder político também utiliza a educação para
difundir determinados ideais.
 Relação Ciência – Poder Político / Política
o Conceito de Política em diferentes acepções:
 Enquanto actividade humana, que necessita de
conhecer a realidade social;
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 Enquanto ciência que estuda a Política


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o Exerce o poder político quem obtém maior conhecimento /


saber – “rei-filósofo”; a governação deve ser entregue aos
mais sabedores (Teoria de Platão);
o Os chamados “tecnocratas” especializam-se numa
determinada área do conhecimento, não apresentando
conhecimento suficiente sobre outras áreas para exercer o
poder político;
o Quando é necessário legislar sobre matérias demasiado
técnicas (p.e. – procriação medicamente assistida), é
necessário recorrer a especialistas na matéria para legislar.

 Relação Economia – Poder Político / Política


o Estudo da relação entre Democracia e Capitalismo da autoria
de Robert Dahl, procurando conhecer os efeitos da liberdade
de mercado na Democracia.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 21 de Outubro de 2009 – 11H-12H30 – Teórica)


 Ideologia e Ideologias (1.ª apresentação)
o A perspectiva juspositivista segue uma ideologia, todavia em
Inglaterra, por exemplo, os partidos trabalhista e conservador
tomam algumas posições semelhantes;
o As ideologias encontram-se matizadas; já são raras as defesas
de posições extremistas;
o Actualmente, a esmagadora maioria dos eleitores votam de
acordo com a figura política do partido em detrimento do seu
programa político. Esta posição poderá conduzir a escolhas
menos conscientes.
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o Os políticos preferem abordar as questões mais polémicas, da


ordem do dia, do que outras questões possivelmente com
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maior relevância para a sociedade;


o A influência da Ideologia no Direito depende do poder
intervencionista do Estado, depende da cor política no
governo;
o As ideologias surgem, tendencialmente, em tempos
materiais, de discussão da situação económica (ver exemplos
das Revoluções Americana – Boston Tea Party – e Francesa);
o Acepção de políticas a determinada ala política:
 Colectivismo (ala esquerda);
 Liberdade de mercado / capitalismo (ala direita).
o A distinção esquerda / direita justifica-se por razões históricas
(Revolução Francesa) e encontra-se enraizada na sociedade
portuguesa, inclusive por razões sentimentais;
o Espectro ideológico (p. 324 do “Repensar a Política)
 Estático (p.e. – o PS é um partido de esquerda);
 Dinâmico (p.e. – o PS é considerado, pela oposição da
ala esquerda, um partido da direita).
o Esquerdas e direitas de modernidade marcam uma dissolução
com os radicalismos
o Noção do politicamente correcto
 Tecnocracia (promoção do desenvolvimento
tecnológico, geradora de uma sociedade fria);
 Cosmopolitismo neopolitizador;
 Desinteresse pelos valores pátrios;
 Defesa de ideias contrárias;
 Imposição de determinadas acções – ausência de
privacidade;
 Presente nas instituições educativas (“política de
fachada”).
o Democracia ética ≠ Estado ético (Fascista);
o Pluralismo político não pode ser considerado um valor (é um
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não-valor), ao contrário da liberdade.


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CIÊNCIA POLÍTICA

(Quinta-Feira, 22 de Outubro de 2009 – 11H-12H30 – Teórica)


 Colectivismo (2.ª apresentação)
o Também conhecido por comunismo e marxismo-leninismo, o
colectivismo surge no século XIX, período em que o
liberalismo extremista estava em voga;
o Os socialistas utópicos protagonizaram uma revolta moral,
procurando realizar uma reconstrução da economia de modo
revolucionário (abolição da propriedade privada e
colectivização dos meios de produção);
o Marx e Engels criticaram o socialismo utópico, mas basearam-
se nele para a elaboração do Manifesto do Partido
Comunista, em 1848.
 Karl Marx distinguiu três modos de produção, de
acordo com uma sequência cronológica:
 Esclavagismo (exploração do escravo)
 Feudalismo (exploração do camponês)
 Capitalismo (exploração do operário)
 Fontes do marxismo:
 Filosofia alemã (Friedrich Engels);
 Economia política inglesa;
 Socialismo francês (utópico).
 O marxismo foi uma corrente que não desprezou o
conhecimento, a filosofia. Aliás, Karl Marx era doutor
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em Filosofia. Lenine afirmou “estudar muito, estudar


sempre”. Uma sociedade que negue a teoria é uma
Pá gina

“sociedade da terra queimada”


 Defesa da abolição da propriedade privada e dos
antagonismos sociais;
 Estado considerado uma “mão forte” sobre os
exploradores;
 Ditadura do Proletariado como caminho para o
Comunismo;
 Primeira aplicação em 1917, com a Revolução
Bolchevique (Revolução Russa) na Rússia; proximidade
ao regime soviético até 1980.
 Socialismo real ≠ Socialismo totalitário
 Aplicado em Cuba e na China, promovendo uma
suposta igualdade, sem desrespeito pelos
direitos humanos.
 Críticas:
 Existência de várias perspectivas internas;
 Estaline e Nomenclatura;
 Estaline e Mao defendiam a aplicação do
colectivismo, em primeiro lugar, no seu país;
Trotsky (defensor da criação da IV Internacional)
defendia a aplicação do colectivismo em todos os
países socialistas;
 Ideologia marcada por cisões, antagonismos e
conotação com o totalitarismo;
 Economia planificada;
 Karl Marx defendia a criação de um “Homem
Novo”;
 Inexistência de liberdade individual;
 Incapacidade de assegurar uma igualdade social;
 Imperialismo;
 Direito extremamente próximo da Política e da
Ideologia (inexistência de autonomia), criado
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para prosseguir os interesses do Estado;


 Comunismo encarado como uma Religião;
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 A adesão dos países de Leste (ex-URSS) à União


Europeia marca uma aproximação à Europa
Ocidental e a decadência do comunismo;
 Colectivismo burocrático e controlo da sociedade
pelo Estado (proximidade com o fascismo);
 Autoconvencimento dos altos dirigentes, que se
consideravam “donos da verdade”;
 Debilitação da liberdade em prol da igualdade.
 Alternativas:
 Implementação do colectivismo gradualmente,
por etapas, até à revolução colectivista, em vez
de decreto revolucionário;
 Movimento sionista em Israel (caso de sucesso
não totalitário):
o Primórdio do trabalho agrícola;
o Defesa da propriedade colectiva;
o Trabalho para a comunidade;
o Salários proporcionais ao trabalho e
necessidades;
o Regime democrático.

o Partidos portugueses defensores dos colectivismos:


 Com representação parlamentar:
 Partido Comunista Português (PCP)
o Secção portuguesa da III Internacional
Socialista;
o Fundado em 1921 e ilegalizado no final
dos anos 20;
o Constituiu-se como maior força de
oposição ao regime ditatorial;
o Associação ao movimento radicalista que
protagonizou o Processo Revolucionário
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em Curso (PREC), que culmina com o 25 de


Pá gina

Novembro;
o Apoio concedido ao MPLA, à FRELIMO e ao
PAIGC, forças de oposição à Guerra
Colonial.
o Defensor do centralismo democrático e do
marxismo-leninismo;
o Militantes muito fiéis ao Partido,
principalmente integrantes da classe dos
trabalhadores;
o Popular no Sul do País (Alentejo e
Ribatejo) e nas áreas industrializadas de
Lisboa e Setúbal;
o Marinha Grande como principal referência
do PCP no centro do País.
 Bloco de Esquerda (BE)
o Resulta da fusão de três forças políticas: a
União Democrática Popular (UDP –
marxista), o Partido Socialista
Revolucionário (PSR – trotskista) e a
Política XXI (socialistas dissidentes do
PCP);
o Fundado em 1999;
o Crítico do “socialismo real”;
o Em pouco tempo, obteve representação
parlamentar na Assembleia da República e
no Parlamento Europeu;
o Tem visto aumentar o número de
militantes, com o ingresso de ex-militantes
do PS e do PCP;
o Intervenção em temas considerados
“fracturantes” relacionados com os LGBT
(Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) e
os direitos das mulheres.
22

 Sem representação parlamentar:


Pá gina

 Partido Comunista dos Trabalhadores


Portugueses / Movimento Reorganizativo do
Partido do Proletariado (PCTP/MRPP)
o Inspiração maoísta;
o Fundado em 26 de Dezembro de 1976, a
partir do MRPP.
o Principal figura do partido: o advogado e
professor universitário, António Garcia
Pereira.

 Partido Operário de Unidade Socialista (POUS)


o Inspiração trotskista;
o Fundado em 1976, por Carmelinda Pereira
(dirigente e única militante, na
actualidade), como meio de contestação
do rumo seguido pelo Partido Socialista.

o Não existem coligações políticas impossíveis, existem apenas


coligações mais ou menos difíceis;
o Em Portugal, no ano de 1975, apenas o Partido Popular
Democrático (PPD) votou contra a integração do princípio da
sociedade sem classes (comunismo) na Constituição. Todos os
restantes partidos, inclusive o CDS, procuravam afirmar-se
socialistas, apesar de terem uma visão do trabalhador
bastante diferente;
o A expressão “comunista” foi diabolizada durante o Estado
Novo (anticomunismo). Hoje, muitos comunistas defendem
um socialismo original;
o Foi Marcello Caetano quem promoveu a substituição da
noção de “Estado Corporativo” para “Estado Social”, no nosso
país, promovendo a atribuição de subsídios, a protecção
social e maiores remunerações. O ser “Estado Social” não
23

implica que seja democrático;


Pá gina

o Duas perspectivas do socialismo democrático:


 A dos comunistas
 A dos anti-comunistas (que acusam os dirigentes de
pressões para a eleição de determinadas figuras,
centralizando o poder no Secretário-Geral)
 Esta posição implicou a obrigatoriedade de
realização de eleições no PCP (nomeadamente
nos Congressos do Partido) através de voto
secreto, em substituição do “braço no ar”,
entendido como um gesto de camaradagem
pelos seus defensores.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Segunda-Feira, 26 de Outubro de 2009, 11h-13h – Prática)

 Las Doce Tesis sobre la Política (As Doze Teses sobre a Politica), por
Antonio-Carlos Pereira Menaut
o Procura-se estudar o conceito de Política e o seu
relacionamento com outras áreas;
o O poder político não é apenas uma realidade estadual.
o Primeira tese: A Política é a Política
 A Política tem entidade própria, é autónoma e tem a
sua especificidade, dado que se distingue no conjunto
da vida social;
 Qualquer comunidade tem, desde logo, problemas
políticos que, em primeiro lugar, deve resolver.
o Segunda tese: A Política é uma actividade dos homens
 Aristóteles e Maquiavel consideraram a Política uma
actividade humana, mesmo que as pessoas actuem em
instituições;
 A Política não se pode reduzir apenas a uma técnica de
adquirir e conservar o poder;
 O poder implica relações sociais;
24

 Separação da Política do domínio dos valores (moral);


Pá gina

 Elevada probabilidade de prática de actos corruptivos,


dado o fácil acesso ao poder e dinheiro;
 Os anglo-saxónicos tendem a considerar a Política uma
actividade pessoal, ao contrário de outras culturas em
que estão mais difundidos os aspectos teóricos,
ideológicos ou institucionais;
 A Política é, em primeiro lugar, algo que gira em torno
das pessoas.

o Terceira tese: A Política é uma actividade livre, pelo que a


conexão entre ela e a liberdade é mais estreita do que
parece
 Devemos insistir no carácter livre da acção política,
apesar de Aristóteles nem sempre o ter tido em
consideração;
 Se algum dia esta actividade chegasse a ser regulada e
alcançasse o grau de certeza das ciências
experimentais, desapareceria;
 A ligação entre a Política e a liberdade é dupla: em
primeiro lugar, porque é uma actividade realizada por
homens livres que necessitam de um mínimo de
liberdade para o seu desenvolvimento normal e, em
segundo lugar, porque não é, necessariamente, uma
actividade irredutível a esquemas regulados (ausência
de determinismo). A Política pode, por isto, ser
considerada o reino e o refúgio da liberdade humana.
Desta maneira, chegamos à conclusão de que defender
a Política é defender a liberdade ou, de um outro
modo, a Política é capaz de se afastar dos esquemas
académicos, técnicos, económicos, sociológicos e
constitucionais, mas a liberdade está a salvo;
25

 Conceito de Política – exercida de modo democrático,


com liberdade de escolha / mudança. O poder político
Pá gina

totalitário é considerado pelo autor antipolítica, dado


não existir pluralismo.
o Quarta tese: A Política é uma actividade pública e superficial
mas não muito (ma non troppo), que não pode tudo, nem
está em tudo, já que nem tudo é Política, ainda que tudo
seja politizável.
 A Política não é omnipotente nem omnipresente.
Apesar de se verificar uma presença intensificada do
Estado na vida pessoal, há esferas em que ele não deve
intervir (família, amizades), condicionando a nossa
autonomia;
 Há que distinguir os conceitos de autoritarismo e
totalitarismo, dado que, neste último, há uma
eliminação plena da sociedade civil e das suas
liberdades individuais (recordar o projecto de “cidade
ideal” de Platão);
 Um caso evidente de actividade pública que não deve
politizar-se é a jurisdicional;
 O carácter público da Política implica uma certa
superficialidade. O próprio facto de ser uma actividade
pública impede-a de penetrar nos âmbitos mais
recônditos ou essenciais do indivíduo. Também é
superficial porque pressupõe outras realidades sociais
e pessoais sobre as quais se tem de apoiar, como por
exemplo uma estrutura social elementar, instituições
económicas básicas, uma moralidade. Todavia, a
Política não deixa de ocupar um lugar distinto no
conjunto social, pois a ela competem as decisões finais,
também designadas “decisões políticas”;
 Se a Política não está em tudo nem pode tudo,
necessariamente não se lhe pode pedir mais do que
aquilo que ela pode dar, não se podem esperar
milagres, nem colectivos nem pessoais. Por outro lado,
26

se nem tudo é político, tudo é politizável, ou seja, tudo


se pode converter em objecto da actividade política
Pá gina

(ex: Justiça).
o Quinta tese: A actividade política tem sempre um carácter
teleológico, que torna impossível a neutralidade completa
 Todo o ser humano é teleológico, assim como a
Política. Todavia, as acções políticas são menos neutras
que as restantes acções humanas, porque a Política é
uma actividade que tem sempre em vista um fim, um
projecto ou modelo de sociedade ou a procura do bem
comum / felicidade humana / justiça social.
 A actividade política pode ter como fim o bem comum
ou ser encarada como meio de conquista de poder /
autoridade.
o Sexta tese: A Política é por natureza polémica e conciliadora
ao mesmo tempo
 Num determinado conceito de Política apresentado por
Pereira Menaut, a Política é naturalmente polémica e
conciliadora. Em Política, não é possível nem desejável
o completo acordo, nem nas ideias nem nos interesses.
Em todo o caso, é necessário um acordo mínimo sobre
o fundamental, para o bom funcionamento da
comunidade política, pois nem tudo é subjectivo;
 Assim, podemos entender que, para o autor, num
regime totalitário, não exista Política. Por outro lado,
depreende-se que existindo pluralidade, há
necessariamente polémica;
 De acordo com o professor Paulo Ferreira da Cunha, “a
Política tem sempre, etimologicamente, uma dimensão
diabólica”, isto porque a palavra diabolo significa
polémica, confusão;
 Já Julien Freund, a propósito do conceito da relação
amigo / inimigo, afirma: “Enquanto houver Política, ela
dividirá a colectividade em amigos e inimigos” e
“Quanto mais uma oposição se desenvolve na direcção
27

da distinção amigo/inimigo, tanto mais ela se torna


política”.
Pá gina

o Sétima tese: A Política é composta por vários aspectos


distintos e até, em certo ponto, oposto, o que justifica as
dificuldades para compreendê-lo tanto na prática como em
teoria
 A Política tem dois aspectos: teórico e prático. Mas são
distinguíveis até três:
 Pragmático (tomar decisões);
 Projectivo (conceber planos para o futuro);
 Teórico (elaboração de esquema de ideias).
 O aspecto projectivo relaciona-se com o pragmático, já
os aspectos teórico e pragmático são diferentes. O
mais habitual é o aspecto prático estragar a excelência
do teórico;
 É frequente verificar-se que os grandes teóricos são
politicamente incapazes. A capacidade para a prática
política é imprescindível.
o Oitava tese: O sentido comum e o sentido de humor são
mais importantes do que parece
 O sentido comum também é importante para a
compreensão teórica da Política e para o seu sentido
pragmático;
 O sentido comum assume significativa importância
para efectuar apreciações equilibradas das diferentes
facetas da Política e realizar juízos realistas;
 Nem tudo na Política é racional, há muitas acções
intuitivas. A Política é uma prática protagonizada por
diversos actores;
 O humor foi utilizado, em países subordinados a
regimes totalitários, como meio de refúgio, o que
demonstra que a Política também pode ser trabalhada
pelos humoristas. Aliás, os próprios recorrem à ironia
na elaboração do discurso político.
o Nona tese: Nem todos têm a mesma capacidade para
28

compreender e fazer Política


 Há povos mais aptos para intervir na actividade
Pá gina

política;
 Não existem muitas democracias constitucionais dignas
dessa qualificação;
 Para o autor, apenas as pessoas hábeis devem ter
direito à participação política.
o Décima tese: A Política não é universal
 A Política requer sociedades (com um mínimo de):
 complexidade;
 heterogeneidade;
 ordem;
 consenso sobre matérias essenciais;
 que tenham superado o nível de subsistência.
 Nos diversos tipos de sociedade, existem formas de
poder.
o Décima primeira tese: A Política cresce apenas onde há
diversidade e complexidade e onde se pode realizar
distinções entre as diversas realidades sociais
 Pluralismo: um dos requisitos para existir Política;
 Características como unidade, indiferença e mistura
constituem um ataque à autonomia da Política, dado
que se confundem Direito, Moral, Religião e Política, ao
contrário de características como a pluralidade,
complexidade e diferenciação;
 No marxismo totalitário, verificava-se uma relação
estreita entre sociedade e Estado;
 Cidade implica multiplicidade, pois não pertence à
natureza da cidade ser unitária.
o Décima segunda tese: Existem posturas antipolíticas,
inclusive dentro das ideologias políticas e que tanto o pan-
politicismo (Política para todos) como a despolitização
(inexistência de Política) são antipolíticos.
 Nomes como Karl Marx, defensor de uma ideologia, ao
mesmo tempo, científica, utópica e totalitária, Platão,
29

Jean-Jacques Rousseau (iluminista) são considerados


Pá gina

antipolíticos, à semelhança dos anarquistas, dos


utópicos e dos tecnocratas.

 Relação entre Política e Moral


o Pode ser considerada inexistente, dado que a Política
pretende garantir o exercício do poder político, tornando-se
irrelevante o modo de o exercer;
o Pode ser considerada relevante, dado que a Política só é
legítima se se nortear por valores éticos, ou seja, entende-se
que a Política é uma esfera autónoma que mantém relações
com a Moral.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 28 de Outubro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)

 Moderados (3.ª apresentação)


o Posicionam-se no centro-esquerda ou centro-direita;
o Os moderados de todos os partidos juntos constituem a
maioria, que não se revêem nos extremismos, defendem as
classes médias, a realização de reformas, a evolução e a paz
social;
o Agrupam-se em duas famílias na Europa e no Mundo: a
socialista democrática e a liberal social.
 Socialismo Democrático
 Origem histórica sobretudo marxista;
 Surge no século XIX, conotado com a esquerda,
defendia o Internacionalismo Proletário, mas não
se identificava com o marxismo, nomeadamente
com a Ditadura do Proletariado;
 Marco histórico – II Internacional, fundada em
30

1889 e é a fonte da chamada Internacional


Pá gina

Socialista. Na Europa, os partidos desta área


agrupam-se no Partido Socialista Europeu, como
o Partido Socialista:
o Fundado em 1973, na Alemanha, por
militantes da Acção Socialista Portuguesa;
o Venceu as eleições de 1975 para a
Assembleia Constituinte e as eleições de
1976 para a Assembleia da República;
o Desde o 25 de Abril de 1974, o PS fez
várias vezes parte do governo e dois dos
seus militantes – Mário Soares e Jorge
Sampaio – foram eleitos Presidentes da
República.
 Prevalecem as preocupações sociais no
programa político;
 Apologismo das reformas;
 Defesa dos trabalhadores;
 De acordo com um livro muito em voga nos
tempos próximos do 25 de Abril, “o socialismo e
o comunismo não pertencem à mesma espécie;
representam dois sistemas de pensamento e de
vida incompatíveis”. Na opinião de William
Ebnstein, há vários pontos de antagonismo
irreconciliável entre os socialistas e os
comunistas. Em primeiro lugar, os comunistas
procuram acabar com o capitalismo por um acto
de levantamento revolucionário e guerra civil. Os
socialistas, pelo contrário, são apologistas de um
procedimento estritamente constitucional;
procuram alcançar o poder mais por meio de
votos do que por meio de tiros, e uma vez no
poder sabem que não estão lá para sempre;
31

 Após a desagregação da URSS, muitos partidos


Pá gina

comunistas decidiram mudar de nome e


solicitaram a adesão à Internacional Socialista;
 O socialismo democrático acredita na igualdade
entre os homens, diversa aliás do igualitarismo
dos colectivistas;
 Procura alcançar o equilíbrio entre liberdade e
Estado;
 Representa uma alternativa consequente ao
capitalismo selvagem e ao colectivismo
totalitário.
 Liberalismo Social
 Subscreve os valores da Revolução (Liberal)
Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade;
 Durante muito tempo, o Liberalismo Social foi
associado a uma doutrina política e económica,
baseada na crença na vontade do indivíduo, no
contrato e no simples dogma de que o mundo
“vai por si próprio” se não houver intervenção
estatal, existindo uma “mão invisível” que
regularia o mercado. Tal doutrina era assim
criticada pela inevitável pobreza e exploração em
que necessariamente desembocaria o seu não
intervencionismo – associação ao capitalismo
promotor da exploração e da desigualdade;
 Todavia, desde há muito tempo, os liberais
abandonaram a ideia de um não
intervencionismo abstencionista sistemático,
para sempre, a par de paladinos dos direitos
humanos, advogados da luta contra a pobreza,
sem dúvida dando grande relevo à iniciativa das
pessoas, mas não excluindo a intervenção
estadual e políticas sociais, de que, aliás, foram
pioneiros, no Reino Unido;
 Optimistas antropológicos, mas sobretudo
32

perfeccionistas, os liberais crêem que o Homem


pode melhorar, e crêem antes de mais no
Pá gina

Homem. Fé nas suas próprias forças, desde logo


na sua Razão – Racionalismo Liberal;
 Fundado na razão e na liberdade, é universalista,
afirmando a unidade da espécie humana e dos
Direitos Humanos, e é defensor da Igualdade:
todos os Homens são iguais;
 É possível associar o liberalismo social ao
capitalismo como forma de economia livre,
baseada no mercado livre, mas não se esquece
dos mais desfavorecidos (economia social de
mercado);
 Em Portugal, não existe nenhum partido liberal
(social). De acordo com Renato Treves, o
socialismo liberal ou liberalismo social é talvez
uma ideologia de elite, não para um único
partido, mas destinada a procurar influenciar
todos os partidos moderados de hoje;

 Formas do Politicamente Correcto (3.ª apresentação, continuação)


o Ideologia ecologista;
 Partido Popular Monárquico (PPM), fundado a 23 de
Maio de 1974, quando era liderado por Gonçalo Ribeiro
Telles (seu fundador);
 MPT – Partido da Terra (Movimento o Partido da
Terra), fundado em 12 de Agosto de 1993, pelo mesmo
Gonçalo Ribeiro Telles, seu presidente honorário;
 Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), fundado em
1982, tendo hoje concorrido eleitoralmente sempre em
coligação com o Partido Comunista Português (PCP-
PEV) na Aliança Povo Unido (APU) e na Coligação
Democrática Unitária (CDU);
 Não se trata de uma ideologia, porque lhe falta
33

cosmovisão (sentido do todo). O Ecologismo é vital,


mas não é tudo.
Pá gina

o Ideologia feminista;
o Igualitarismo;
o A origem geral do movimento politicamente correcto, que
invade todo o espectro político, é sobretudo a esquerda
antiga, desiludida sobretudo com o afundamento do
“socialismo real” e seduzida por um certo informalismo e
“libertação” sociais e culturais.

 A classificação efectuada (conservadores / colectivistas /


moderados) não deve ser considerada como substantiva, é apenas
uma possível opção. Outras alternativas haveria, tais como: direita /
esquerda ou democratas / anti-democratas;
 Distinção: centro-esquerda ≠ centro da esquerda;
 O CDS, na sua fundação, era um partido aberto ao centro-esquerda
e ao centro-direita.
 Na generalidade, assumem o poder os partidos de centro-esquerda
(p.e. – PS) e de centro-direita (p.e. – PSD), exceptuando os
momentos imediatamente posteriores a movimentos
revolucionários;
 Nos primeiros programas do PS e PSD, constavam ideias filosóficas
como o Humanismo e o Marxismo;
 Os partidos social-democratas da Europa do Norte assumem a
designação “social-democratas”, enquanto os do Sul se designam
por “socialistas”; Ronald Reagan, importante figura do movimento
conservador americano, caracterizou Mário Soares como “socialista
anti-comunista”, quando normalmente deveria ser designado
“social-democrata”; Recorde-se que Soares, durante a sua
experiência governativa, chegou a afirmar que “meteu o socialismo
na gaveta”;
 O PPD procurou integrar a Internacional Socialista, constituída pelos
partidos social-democratas, mas acabou por não entrar. Mais tarde,
34

chegou a integrar o Grupo Liberal, Democrático e Reformista (LDR).


Pela mão do professor Francisco Lucas Pires (ex-CDS), o PSD integra
Pá gina

o PPE (Partido Popular Europeu, conservador), até à actualidade;


 Em Portugal, nenhum partido se pode considerar super-liberal. Já
no Brasil, os Democratas (ex-Partido da Frente Liberal) podem
adquirir esta designação. O Partido Comunista Brasileiro (PCB), por
seu turno, também é integrado por alguns conservadores, não
apenas por colectivistas;
 No grupo dos moderados, a social-democracia constitui a
esmagadora maioria, enquanto o liberalismo social tem uma
diminuta representatividade. Em Portugal, os liberais sociais
encontram-se integrados no PSD, no PS e mesmo no CDS;
 Os sociais-democratas constituem uma terceira via ao socialismo e
ao conservadorismo;
 No período pós-revolucionário, o PS adoptou uma posição
conservadora, liberal, com a realização de sucessivas privatizações,
assim como os republicanos americanos, no presente período de
crise económica, defenderam o intervencionismo económico no
sector da banca;

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quinta-Feira, 29 de Outubro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)


 Conservadores (4.ª apresentação)
o Ideologia contrária ao colectivismo;
o Na classificação da oposição binária em política, o
conservador propriamente dito nunca é de esquerda, é quase
sempre de direita. Só muito excepcionalmente poderá ser
tido como de centro-direita. Contudo, nunca representará
uma direita extremista (fascista, nazi);
o O conservador é um pessimista antropológico, que pensa
antes de mais que os homens são maus, decaídos ou
pecadores;
o Não existe o indivíduo abstracto, só existe integrado numa
35

sociedade. Portanto, é a sociedade que faz o indivíduo. Por


Pá gina

outro lado, respeita a intimidade da vida privada;


o O conservadorismo preza antes de mais a autoridade, a
ordem, e se não é totalitário, pode tender para o
autoritarismo, sobretudo em tempos de crise;
o Aversos à mudança, às transformações abruptas (ex:
revoluções) em vários domínios. Por isto, o conservador
clássico é normalmente dogmático e moralista;
o Deseja a segurança, que assenta na ordem instituída, garante
da estabilidade;
o Conservador ≠ Tradicionalista – O universo pessoal do
conservador é sobretudo o mundo burguês, ao passo que o
do tradicionalista é o aristocrático;
o A segurança está, assim, sobretudo nos bens materiais e na
posição social que muito preza e defende com muito orgulho
e preconceito. A propriedade é a espinha dorsal da sua
existência enquanto indivíduo e enquanto classe;
o Estado garantidor da paz social, numa perspectiva de
democracia, mas eventualmente de democracia musculada
(com poder decisório, liderança autoritária, populismo
proveniente das massas, associado ao descontentamento
popular);
o Durante os anos 20/30, denotou-se uma proximidade do
conservadorismo ao fascismo. Já nos anos 60/70, verificou-se
um renascimento do conservadorismo tradicional, com a
preocupação de zelar pelo bem-comum (neo-
conservadorismo)
o Não é raro que o conservador seja um nacionalista.
Nacionalismo que, historicamente, numa certa medida, tem
uma ligação com sufrágio universal e democracia;
o Não se deverá confundir conservadorismos com
reaccionarismos nem com tradicionalismos. Em princípio, o
conservadorismo é mais institucional, podendo mesmo
chegar a apresentar-se quase como centrista ou de centro-
direita. Nesse caso, o conservador é-o mais por estilo, hábito,
36

quase inclinação de temperamento ou gosto. O


Pá gina

reaccionarismo é mais uma atitude emocional e um estado


mental de cristalização reactiva à mudança;
o Entre nós, António José de Brito selecciona como contra-
revolucionário a figura de Salazar, assinalando sobretudo a
sua distinção com o fascismo e aproximando a contra-
revolução do conservadorismo. Já porém Jorge Campinos,
ministro sem pasta no I Governo Constitucional liderado por
Mário Soares, afirmava ser impossível afastar do Estado Novo
a conotação com o fascismo;
o Também em Portugal os socialistas foram acusados por
pessoas da área comunista por terem apoiado a “contra-
revolução” (Mário Soares é acusado de ter sido o líder desse
movimento) que culminou com o 25 de Novembro de 1975;
o Mário Soares assumiu a difícil posição conservadora no
período 1974-1975, em pleno período pós-revolucionário;
o O tradicionalismo é, nos nossos dias pós-revolucionários,
muito mais inconformista que o conservadorismo, pois é
normalmente não acomodado e por isso pode até tornar-se,
num certo sentido, “revolucionário”. Há vários estilos e
famílias de tradicionalismo:
 Católicos e nacionalistas;
 Pagãos (ou esotéricos) e internacionalistas;
 Pré-liberais (mais raros);
 Pós-modernos (mais raros);
o Por vezes também se afirma como conservadora a doutrina
social da Igreja católica e a democracia cristã, que se afirmou
no período pós-guerra, declinando mais tarde. Se, na
verdade, a democracia cristã e outras formações que derivam
do magistério social da Igreja andaram por vias
conservadoras em matéria de valores e costumes, no plano
político tomaram em geral rumos democrático-liberais (em
vez de um alinhamento entre o centro-direita e a direita-
direita;
o Entre nós, durante o Estado Novo e mesmo depois, se falou
37

em “católicos progressistas”, e mesmo em “católicos para o


Pá gina

socialismo”. Assim, comprova-se que o lugar político dos


católicos é complexo e plural. No Reino Unido, por exemplo,
quer o Partido Liberal Democrático, quer o Partido
Trabalhista, têm organizações específicas para cristãos.
o São considerados partidos conservadores o PPD/PSD e o CDS-
PP, que integram o Partido Popular Europeu;
o Antes do 25 de Abril, concorreram a actos eleitorais os
seguintes partidos:
 União Nacional / Acção Nacional Popular (UN/ANP)
 Fundada em 1930, para apoiar a criação e a
manutenção do Estado Novo;
 Adopta a designação Acção Nacional Popular em
1970, já com Marcello Caetano como Presidente
do Conselho de Ministros.

 Movimento Democrático Português – Comissão


Democrática Eleitoral (MDP/CDE)
 Fundado em 1969, para concorrer às eleições
legislativas como opositor ao partido do regime;
 Depois do 25 de Abril, constitui-se como partido
político, fazendo parte de todos os Governos
Provisórios, com excepção do VI. Concorreu à
eleição para a Assembleia Constituinte de 1975
sozinho, e a partir de 1976 em aliança com o
PCP, integrando a APU. Em 1987, em dissidência
com o PCP, já não participou na coligação
eleitoral CDU, acabou por dar lugar ao
movimento Política XXI que veio a integrar o
Bloco de Esquerda.
 Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD)
 Formação eleitoral oposicionista que disputou as
eleições legislativas de 1969;
 Integrava personalidades como Mário Soares (da
38

Acção Socialista Portuguesa), Francisco Sousa


Pá gina

Tavares, Sophia de Mello Breyner Andresen


(católicos) e Gonçalo Ribeiro Telles
(monárquico);
 A formação da CEUD visava sobretudo destacar
perante o país a existência dos socialistas,
demarcando-se do Partido Comunista Português.
o Depois do 25 de Abril, o Francisco Sá Carneiro, conotado
como monárquico, ex-deputado da Ala Liberal da ANP, recusa
integrar o PS e funda com Magalhães Pinto e Francisco Pinto
Balsemão o PPD, considerado o menos ideológico do
espectro político português, que tem albergado dissidentes
do PCP;
o Já o CDS, suspeito de albergar fascistas, era integrado por
centristas, como Diogo Freitas do Amaral (fundador),
democratas-cristãos, como Adriano Moreira e liberais
nacionais, como Francisco Lucas Pires. Três dos seus
presidentes abandonaram o partido:
 Francisco Lucas Pires abandonou em 1991, que viria a
exercer, mais tarde, o cargo de eurodeputado, eleito
como independente e integrado nas listas do PSD;
 Manuel Monteiro abandonou em 1997 a presidência
do Partido, na sequência de maus resultados nas
eleições autárquicas. Em 2003, funda o PND – Nova
Democracia por dissidências com o presidente eleito
do CDS-PP, Paulo Portas;
 Diogo Freitas do Amaral, presidente do partido em dois
períodos (1974-1982 e 1988-1991), aceitou o convite
para ocupar o cargo de Ministro dos Negócios
Estrangeiros, em 2005, num governo PS liderado por
José Sócrates.
o Existem democracias lideradas por mentalidades autoritárias.
O autoritarismo não se resume a uma ideologia. Existem
indivíduos conotados com o regime democrático com espírito
39

autoritário.
Pá gina

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 04 de Novembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)


 Panorama dos autores mais importantes de Filosofia Política
o Antiguidade Clássica
 Sófocles (496 a.C. – 406 a.C.) – dramaturgo grego, um
dos mais importantes escritores de tragédia ao lado de
Ésquilo (525/524 a.C. – 456/455 a.C.) e Eurípedes (485
a.C. – 406 a.C.)
 A sua obra apresenta importantes noções e
reflexões de Direito e Política, entendendo-se
por isso que estamos perante uma “Filosofia
Política implícita”;
 Foi o dramaturgo, entre os três apresentados,
que obteve mais sucesso em competições
teatrais;
 Escreveu 123 peças, das quais apenas sete
“sobrevivem” até aos dias de hoje. Entre este
leque restrito de peças conhecidas,
encontramos:
o Édipo Rei – Por muitos considerada a mais
perfeita obra de teatro de todas as
literaturas, apresenta um episódio de
trágica existência de Édipo. Filho de Laio e
de Jocasta, reis de Tebas, Édipo nasceu
marcado por um destino inexorável. Todo
o pano de fundo em que decorre a peça é
formado por dados que a tradição já
registara e que, consequentemente, o
público conhece: o nascimento de Édipo,
votado a um futuro de parricida
incestuoso, o seu abandono pelos pais, a
40

sua adopção pelos reis de Corinto, a


descoberta do oráculo sobre o seu
Pá gina

destino, a morte acidental do pai, o


episódio da esfinge, o casamento com
Jocasta, a mãe, e a revelação trágica do
duplo crime e da verdade dos oráculos.
Tragédia do conhecimento de si, Rei Édipo
é, assim, uma tragédia da condição
humana, tal como Sófocles a concebeu,
com muito do sentimento do efémero
patente na lírica arcaica, onde o homem,
embalado pela canção da aparência,
caminha, cego, para a sua ruína, pensando
ter sido escolhido o rumo exacto,
tornando assim todo o orgulho vão, e
frágil toda a certeza de si próprio.
o Antígona – esta obra é a terceira parte da
Trilogia Tebana, da qual também fazem
parte Édipo Rei e Édipo em Colono. Filha
de Édipo e Jocasta, que tinham mais três
filhos, Etéocles, Ismênia e Polinice. Foi a
única filha que não abandonou Édipo
quando este foi expulso do seu reino,
Tebas, pelos seus dois filhos. Seu irmão,
Polinice, tentou convencê-la a não partir
do reino, enquanto Etéocles ficou
indiferente com sua partida. Antígona
acompanhou o pai em seu exílio até sua
morte. Quando voltou a Tebas, os seus
irmãos discutiram o trono. Como a guerra
não levou a lugar nenhum, os dois irmãos
decidem disputar o trono com um
combate singular, onde ambos morrem.
Creonte, tio deles, herda o trono, faz uma
sepultura com todas as honras para
41

Etéocles, e deixa Polinice onde caiu,


proibindo qualquer um de enterrá-lo sob
Pá gina

pena de morte. Antígona, indignada, tenta


convencer o novo rei a enterrá-lo, pois,
quem morresse sem os rituais funebres,
seria condenado a vagar cem anos nas
margens do rio que levava ao mundo dos
mortos, sem poder ir para o outro lado.
Não se conformando, ela enterra Polinice
com as próprias mãos e é presa enquanto
o fazia. Creonte manda que ela seja
enterrada viva. Sua irmã Ismênia tenta
defendê-la e oferece-se para morrer em
seu lugar, algo que Antígona não aceita, e
Hémon, seu noivo e filho de Creonte, não
conseguindo salvá-la, suicída-se. Ao saber
que o seu filho se suicidou, Eurídice,
mulher de Creonte, também se suicida.
 Antígona representa a querela permanente do
Direito: O que é o Direito?
o Para os juspositivistas, o Direito é criado
livremente pelo Homem. Sendo justo ou
injusto, todo o ser humano lhe deve
obediência;
o Para os jusnaturalistas, existe também
uma dimensão supra-positiva (superior),
ou seja um conjunto de princípios
fundados na natureza das coisas ou num
ideal de justiça, com os quais o Direito
Positivo tem de estar conforme. Caso tal
não suceda, estamos perante uma
imoralidade e uma injustiça.
 Antígona é uma peça sobre os limites políticos do
poder;
 O Direito Natural surge como uma argumento
42

contra a injustiça do poder.


Pá gina

 Isócrates (436 a.C. – 338 a.C.) – orador e retórico


ateniense
 Nasce num segmento social abastado;
 Terá tido uma educação esmerada, tendo sido
aluno do sofista Górgias de Leontini (480 a.C. –
375 a.C.) e de Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.);
 A Guerra do Peloponeso (conflito armado entre
Atenas e Esparta, que decorreu entre 431 a.C. e
404 a.C.) provocou a perda das suas posses,
obrigando-o a trabalhar como logógrafo (deriva
do termo logos – palavra escrita ou falada).
Dedicando-se à redacção de discursos judiciários
para terceiros, torna-se um dos cidadãos mais
ricos de Atenas e cria uma escola de eloquência,
alternativa à Academia de Platão, que se tornou
famosa. Cria uma ideia de Paideia (deriva de
paidos – criança), isto é, uma educação
globalizante, uma formação completa para
formar um cidadão, próxima da formação
humanista;
 É relevante recordar que a noção de “liberdade”
grega não se assemelha àquela que hoje
conhecemos. Para os atenienses, “liberdade”
dizia respeito à participação na vida política da
pólis;
 Platão e Isócrates apresentam visões diferentes
sobre a educação;
 Platão realiza comentários desagradáveis sobre
Isócrates;
 Isócrates traça uma vida original, que não como
43

a de Platão. Foi acusado de se aproximar dos


sofistas (associados à ideia de falta de ética, com
Pá gina

um uso eloquente da retórica para maus fins),


mas na verdade usava a retórica, considerando
os valores éticos e para fins éticos. Através da
palavra, distinguiu a justiça da injustiça;
 Caracteriza-se pelo posicionamento contrário ao
etnocentrismo (sobrevalorização da sua cultura)
predominante. Para Isócrates, o grego não era
apenas aquele que nascia na Grécia ou era
cidadão. Por outro lado, grego seria aquele que
emanasse na cultura grega;

 Platão (428/427 a.C. – 348/347 a.C.) – filósofo e


matemático do período clássico da Grécia Antiga
 Descendia de uma família aristocrática;
 Contactou desde cedo com políticos, passando a
conhecer a realidade política na prática, mas
dedica-se à Filosofia;
 O seu pensamento foi erguido por dois grandes
vectores:
o Política (vida na pólis);
o Educação (Paideia)
 A obra “A República” (Politeia) constitui uma
reflexão de Platão, subordinada ao tema central
da Justiça: a cada um, segundo as suas aptidões
(ideal de justiça) – República ideal / utópica;
 A Filosofia geral de Platão é centrada num
mundo de ideias:
o “Alegoria da Caverna”: também chamada
“mito da caverna”, trata-se da
exemplificação de como nos podemos
libertar da condição de escuridão que nos
44

aprisiona, através da luz da verdade.


Pá gina

Imaginemos um muro bem alto separando


o mundo externo e uma caverna. Na
caverna existe uma fresta por onde passa
um feixe de luz exterior. No interior da
caverna permanecem seres humanos, que
nasceram e cresceram ali. Ficam de costas
para a entrada, acorrentados, sem poder
locomover-se, forçados a olhar somente a
parede do fundo da caverna, onde são
projectadas sombras de outros homens
que, além do muro, mantêm acesa uma
fogueira. Os prisioneiros julgam que essas
sombras sejam a realidade. Um dos
prisioneiros decide abandonar essa
condição e fabrica um instrumento com o
qual quebra os grilhões. Aos poucos, vai se
movendo e avança na direcção do muro e
escala-o. Com dificuldade, enfrenta os
obstáculos que encontra e sai da caverna,
descobrindo não apenas que as sombras
eram feitas por homens como eles, e mais
além todo o mundo e a natureza. Com
esta metáfora, pretende-se mostrar a
situação do Homem, que vê reflexos das
ideias (reais), mas que se encontram
“fechados em cavernas”.
o “Problema dos Universais” - O conceito de
universal e o problema que ele implica é
bastante antigo, e remonta da universalia
medieval até o tà kàtolon de Aristóteles e
o eidos e ideai de Platão. Platão pode ser
considerado o iniciador desse tópico
filosófico perene. Platão acreditava que a
45

existência dos universais era necessária


não apenas ontologicamente – para
Pá gina

explicar a natureza do mundo, mas


também epistemologicamente – para
explicar a natureza da nossa experiência
nesse mundo. Argumentava que os
universais eram formas que existem em si
mesmo num domínio espiritual,
transcendente. Uma pessoa bela
participaria da forma de beleza. Essa
forma só pode ser conhecida pelo
intelecto, e não pelos sentidos, e por isso é
assinalada a importância da dialéctica – o
jogo de perguntas e respostas entre
mestre e aluno – como a única maneira de
fazer a alma ascender, por degraus, da
lama em que se encontra presa pelos
sentidos, até a contemplação da forma. O
particular é apenas uma manifestação da
forma, e segundo a epistemologia
platónica, para conhecer, é necessário ter
acesso aos universais eternos e imutáveis.

 Consegue adaptar à prática a sua teoria,


abandonando as ideias utópicas e reformadoras
para propostas mais reais;
 Platão escreve quase sempre em diálogo. Nas
suas obras, Platão tenta reproduzir a magia do
diálogo Socrático, imitando o jogo de perguntas
e respostas, com todos os meandros da dúvida,
com as fugazes e imprevistas revelações que
impulsionavam para a verdade, sem contudo a
revelar de modo directo. Por isso, existe um
desconhecimento das ideias próprias de Platão;
 Platão é também comparado com o filósofo
46

grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.),


considerado um dos maiores pensadores de
Pá gina

todos os tempos e criador do pensamento lógico.


Platão e Aristóteles são colocados nos antípodas
um do outro:
o Platão – utópico (sem tradução na
realidade);
o Aristóteles – realista.
 Trata-se de um exagero com razão
de ser, com resquícios de verdade.

 Platão desenvolve a sua filosofia de um modo


especulativo, através de diálogos com
personagens. Já Aristóteles revela-se um
“cientista natural”, isto também porque era filho
de um médico. Prestou contribuições fundantes
em diversas áreas do conhecimento humano,
destacando-se: ética, política, física, metafísica,
lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia,
biologia, história natural. Trabalhava de uma
forma mais próxima do real, através de chaves
taxonómicas.
 Platão foi alvo de algumas apelidações injustas,
tais como “comunista”, “totalitarista” ou
“tirano”.
 Ao contrário de Aristóteles, faz uma
determinação mental de Justiça (“dever ser”),
realizando uma utopia. Aristóteles observava as
coisas como realmente são, distinguindo formas
de governo sãs e corruptas;
 Platão constata um divórcio entre poder político
e saber. O poder político não era sábio. Daí que
invoque na sua obra “A Política” a figura do
filósofo-rei, defendendo a Sofocracia (ou
governo dos sábios). Neste sistema, só poderá
47

governar quem detiver o saber. Assim, se


constituiria o regime ideal, segundo a óptica de
Pá gina

Platão.
 Platão efectua uma conjugação do saber e do
poder político, dedicando-se às formas de
governo e de regime:
o Encara-as como uma sucessão, uma linha
de evolução idêntica;
o Recorre a um artifício metafórico: parte de
uma forma pura que vai degenerando
numa corrupção. A frustração das pessoas
com o estado de coisas promove a
mutação da forma de governo;
o Os regimes vão degenerando de
Aristocracia passando para a Timocracia, a
Oligarquia, a Democracia até resultar na
forma de Tirania, a pior de todas:
 Aristocracia (forma de governo
pura) – governo dos melhores para
tratar da coisa pública, que, todavia,
se cristalizam, se envaidecem,
ocorrendo a transição para a
 Timocracia (forma de governo
corrupta) – governo dos ricos, dos
ambiciosos, sinónimo de
Plutocracia. A palavra “Timocracia”
deriva de timé, que significa honra,
portanto estamos perante uma
forma de governo que procura as
vitórias e as honras. A psicologia dos
titulares desta forma de governo
caracteriza-se pelo alheamento da
cultura, pela dedicação ao
divertimento (ginástica e caça) e
pela paixão pelo poder. Depois da
48

Timocracia, surgem os materialistas


(valor ao dinheiro e às riquezas) na
Pá gina

 Oligarquia (forma de governo


corrupta) – governo dos ricos, em
que o pobre não tem lugar e se
procede à escolha dos dirigentes em
função dos rendimentos. O oligarca
era o contrário do sábio. Esta nova
forma de governo faz nascer uma
nova classe de pessoas
empobrecidas, gerando uma tensão
social entre ricos e pobres que
conduz à instituição da
 Democracia (regime considerado
bela, mas com laivos de corrupção)
– panóplia de várias formas de
governo; não há um tipo psicológico
uno; existe um elevado risco de
libertinagem, que gera o caos, a
anarquia, conduzindo à
 Tirania (a forma de governo mais
corrupta) – capitalização do
desespero das massas (demagogia).

 Para Platão, a liberdade vai ser uma causa da sua


perdição;
 Encontramos intuições jurídicas na sua obra –
problema persistente da Justiça: inflação
legislativa (hiperlegislação)
o Invasão do Direito em áreas do foro
estritamente privado, que é também uma
consequência da perda de importância das
outras ordens normativas (moral,
religiosa);
o Cognoscibilidade das Leis revela-se
49

impossível: nem os juristas conseguem


conhecer todas as Leis.
Pá gina

 Platão critica o espírito de missão do


legislador, ao corrigir
sucessivamente as Leis, isto porque
tentando corrigir um problema,
surgem novos problemas (“cortar a
cabeça da hidra”);
 Para Platão, quando o Homem cria as Leis, está
apenas a consagrar aquilo que descobriu, que lhe
foi pré-dado. Quando se é um Homem de bem,
consegue-se conhecer as Leis sem inventá-las,
através de um processo de iluminação ou de um
processo racional de descoberta das Leis. Esta
noção de ideias naturais foi, mais tarde,
recuperada por Montesquieu.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quinta-Feira, 05 de Novembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)

 Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) – filósofo grego


 Discípulo e amigo de Platão, que abandonou
pelo amor à verdade;
 Foi professor do rei da Macedónia Alexandre, o
Grande (356 a.C. – 323 a.C.);
 Filho de Nicómaco, Aristóteles apresenta como
sua principal obra a “Ética a Nicómaco”. Esta
obra revela passagens importantes sobre Direito
e Política, com relevo para o Direito Romano,
apesar de não ser jurista e o Direito não estar
afastado da Religião e da Moral. De qualquer
modo, reflecte sobre as relações jurídicas como
50

relações de proporção (tarefa de atribuir a cada


um o seu direito, como diria Ulpianus) e sobre a
Pá gina

justiça (Livro V da “Ética a Nicómaco”):


o Justiça geral ou total (política) – Justiça
enquanto virtude;
o Justiça particular (atribuir a cada um o seu
direito) – repartir riquezas e sanções entre
os Homens. Envolve relações com pessoas
e coisas. A justiça particular é objecto da
Ciência do Direito.
 Aristóteles, considerado fundador da Ciência
Política, teorizou sobre as formas de governo, o
modo de as manter puras e a existência de
factores de risco que as tornam corruptas;
 Debruça-se sobre a descrição do Homem na sua
forma de ser (“ethos” – ética) com brilhantismo:
o Ética e Política estavam interligadas;
o Problema essencial do bem;
o Bem supremo – felicidade (aquilo que o
Homem deve procurar). Por felicidade,
não se deve entender os prazeres bestiais;
esta também não deve estar assente na
riqueza nem na honra, porque, por vezes,
quem é honrado não o é pelas melhores
razões. Por outro lado, a felicidade reside
nas virtudes (qualidades próprias
reiteradas no tempo que se opõem aos
vícios). Trata-se de uma forma distinta da
Filosofia do século XVII, em que se
questionam os critérios / regras objectivas
que distinguem o que é moral ou imoral.
No século XX, há autores que propõem o
regresso à perspectiva aristotélica;
o Para Aristóteles, esta questão tem uma
importância a nível individual e colectivo;
51

o Só é político, aquele que luta pelo bem.



Pá gina

O acto justo é um ponto de equilíbrio (virtude)


entre dois opostos / extremos. Sucede quando
não há injustiça nem se impõe um acto injusto
(dar aquilo que lhe é devido);
 Descoberta de Aristóteles: oposição ente Justiça
Natural (validade universal) e Justiça Positiva
(obrigatória para todos em conformidade ou não
com o Direito Natural). As penas criminais variam
conforme o local e o tempo, mas aquilo que é
considerado incorrecto está inscrito no Direito
Natural;
 No plano político, Aristóteles afirmou que “o
Homem é um animal político”, um animal
gregário que vive em comunidade;
o Dois vectores que se reúnem na pólis (ser
cidadão)
 Fundado na natureza humana
(privilegia a agricultura, actividade
natural, em detrimento da indústria
e do comércio e serviços);
 Sociabilidade.
o Discute os prós e contras da vida política
activa em detrimento da vida
contemplativa – entende que o indivíduo
deve ter uma cidadania activa precedida
de uma reflexão;
o Dicotomia liberdade positiva – liberdade
negativa:
 Liberdade positiva – participação
activa na vida da comunidade
(conceito da Antiguidade);
 Liberdade negativa – não invadir a
vida privada do indivíduo (conceito
da Modernidade)
52

 O pensador e político francês


Pá gina

Benjamin Constant e o
filósofo político britânico
Isaiah Berlin teorizaram sobre
esta matéria.

o Classificação dos regimes / formas de


Governo, de acordo com dois critérios:
 1.º Critério – n.º de governantes;
 2.º Critério – inclinação para a
justiça.

Formas Puras Formas Corruptas


Monarquia (1 governante zela Tirania (1 monarca descura o bem
pelo bem comum) comum e apenas se preocupa
consigo)
Autocracia (grupo de pessoas Oligarquia (desvio para a utilidade
mais honestas que zelam pelo bem dos mais ricos)
comum
Politeia (ou República ou Democracia (forma degenerada da
Democracia ou Estado multidão governar para os mais
Constitucional) – multidão governa pobres)
para o bem comum

o O termo “Democracia” pode assumir


várias acepções;
o Formas mistas de Governo – combinam a
riqueza (oligarquia) e a liberdade
(democracia);
o Separação tripartida de poderes:
 Deliberativo (da assembleia)
 Executivo (magistraturas
governamentais)
 Judicial (juízes)
o Aristóteles preconiza a rotatividade dos
53

cargos, a não acumulação de poderes e a


Pá gina

renovação de mandatos;

 Preocupações educativas de Aristóteles


o Liberdade e igualdade não se
compreendem fora da pólis (esfera de
cidadania);
o Preparação do cidadão para a vida na
pólis, desde muito cedo (ideias
semelhantes aos políticos da 1.ª República
Portuguesa).

 Políbio (203 a.C. – 120 a.C.) – geógrafo e historiador


grego
 Políbio nasce em Megalopólis, filho de uma
família nobre (aristocrata), mostra antipatia pela
Democracia e Demagogia;
 Influência na tradição republicana clássica;
 Precursor de uma racionalidade política
objectiva, mais tarde seguida por Maquiavel;
 Influenciou de modo determinante Cícero,
Montesquieu e os fundadores dos EUA;
 Conhece a vida política por dentro durante 40
anos;
 Famoso pela sua obra Histórias, cobrindo a
história do mundo Mediterrâneo no período de
220 a.C. a 146 a.C;
 Políbio e seu pai pertenciam a uma confederação
de cidades-estado gregas (Liga Aqueia). Assumiu
um papel diplomático importante no período de
expansão do Império Romano. Defendeu uma
posição de neutralidade no que diz respeito à
supremacia romana na Grécia, entendendo que
54

os gregos não se deviam insurgir, conciliando o


Pá gina

génio romano com o intelectualismo grego e


preservando a independência. Todavia, percebe
que as ideias de liberdade e independência
estavam já ultrapassadas;
 Os Romanos desconfiam desta suposta
neutralidade e, por isso, os membros da Liga
Aqueia são levados para Roma, são feitos reféns
durante 17 anos, ao fim dos quais foi concedida
liberdade aos sobreviventes (entre os quais está
Políbio);
 Vive com Paulus como tutor dos seus filhos,
privando com o anátema da sociedade romana e
escrevendo as suas Histórias;
 Efectua uma análise política sem subjectividade e
sem paixões. Defende, pela primeira vez, de um
modo consistente, um regime misto de governo
(cria um sistema original de governo misto),
através do estudo do sistema romano;
o Governo misto (3 princípios)
 Monárquico (Cônsules)
 Aristocrático (Senado)
 Democrático (Assembleias)

 Tem reservas sobre a democracia sem limites.

 Cícero (106 a.C. – 43 a.C.) – filósofo e político romano


 Conhecido pela acção política e pelas suas
capacidades enquanto orador – a palavra ao
serviço da liberdade;
 Enquanto cônsul, ficou conhecido pelas famosas
Catilinárias – série de quatro discursos célebres
de Cícero, pronunciados em 63 a.C. Mesmo
passados dois mil anos, ainda hoje são repetidas
55

as sentenças acusatórias de Cícero contra


Pá gina

Catilina, declaradas em pleno senado romano,


fazendo-a deixar a cidade:

“Até quando, enfim, ó Catilina, abusarás da


nossa paciência? Por quanto tempo ainda esse
teu rancor nos enganará? Até que ponto a (tua)
audácia desenfreada se gabará (de nós)?
(Quousque tandem abutere, Catilina, patientia
nostra? Quamdiu etiam furor iste tuus nos
eludet? Quem ad finem sese effrenata iactabit
audacia?)”

Ainda hoje, estes discursos são utilizados como


formas de aprendizagem da boa argumentação.
O povo romano declara Catilina (filho de família
nobre, mas falido financeiramente, que
juntamente com os seus seguidores subversivos,
planeava derrubar o governo republicano para
obter riqueza e poder. No entanto, após o
confronto aberto por Cícero no senado, Catilina
resolveu afastar-se do senado, juntando-se ao
seu exército ilícito para armar defesa.) inimigo
público, tendo sido condenado à morte. Morreu
no campo de batalha.
Defesa da ideia de República, que contrapõe aos
governos injustos.
 Brilhante jurista prático e estadista;
 Bom teorizador de Filosofia Política e Jurídica –
encontra um elo de ligação entre o legado grego
e o espírito romano;
 Cícero enquadra-se numa das escolas de
jusnaturalismo – realismo jurídico – dando-lhe
uma feição mais prática aos conceitos
aristotélicos; Ligação do Direito com a Filosofia, a
56

Razão e a Divindade (ordem divina da natureza


das coisas)
Pá gina

 Para Cícero, há leis inscritas na natureza das


coisas que devem ser inscritas na Lei positiva;
 Encara o exercício forense (jurista) com alguma
mágoa, por o ver frequentemente corrompido;
 A nível político, mostra-se adiante do seu tempo.
Doutrinas desenvolvidas:
o Abolição da escravatura;
o Liberdade de circulação de pessoas e bens;
o Defende o Estado misto;
o Defende a paz entre as nações (conceito
de “guerra justa”).

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 11 de Novembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)

 Direitos subjectivos públicos – direitos particulares em relação ao


Estado;
 Relações entre particulares e Estado
o Duas perspectivas: Será o Estado que outorga direitos às
pessoas ou as pessoas que transmitem direitos ao Estado?
Existirá direitos inerentes à natureza humana (tese
naturalista) ou é o Estado que os transmite? ;
o Não só os órgãos do poder (Assembleia da República,
Presidente da República, autarquias locais) são nossos
representantes. Na verdade, outras pessoas que não
designamos, por meio do voto, também nos representam (ex:
funcionários, juntos das altas instâncias). Devemos, aqui,
retomar a noção de patrimonialismo, visto que determinadas
pessoas se sentem ungidas para assumir o poder;

 O Estado pode ser encarado como instituição nacional e para-


nacional (órgão de Direito Internacional Público);
57

 O Estado-aparelho, ou seja, a Administração Pública, que tem como


principal órgão o Governo, encontra-se sob fiscalização do
Pá gina

Presidente da República. O Governo encontra-se sob a égide do


Presidente da República ou o contrário?
o Em tempos de crise, o Presidente da República não sofre
quebra de popularidade, ao contrário do Governo. Por este
motivo, também se entende a rejeição da tese que defende a
vigência de um sistema de governo semi-presidencialista em
Portugal;
o O Presidente da República, em Portugal, assume poderes
“simbólicos”;
o Nesta medida, podemos considerar que vigora, no nosso país,
um sistema parlamentarista (não puro);
 Uma das maiores críticas à Constituição Federal Brasileira é a
existência da MP (medida provisória) que permite ao Presidente da
República legislar, provisoriamente, sem o Congresso Nacional. De
acordo com Bernardo Cabral, relator da Assembleia Nacional
Constituinte e autor do projecto de condensação da Constituição, os
deputados previam que a Constituição passasse por uma revisão
cinco anos mais tarde, quando seria possível retirar do texto a
polémica MP – o que não foi feito. "Seria a oportunidade de
quebrar e cortar as arestas, infelizmente, não foi possível fazê-lo",
disse. Em 2007, a Comissão de Notáveis responsável pelo projecto
de consolidação do texto da actualização constitucional do Estado
entregou o anteprojecto à Assembleia Nacional, presidida por José
Sarney. Na Assembleia, procura-se equilibrar o parlamentarismo e o
presidencialismo. Todavia, ao vigorar o presidencialismo, mantém-
se a medida provisória;
 Aquando da elaboração da Constituição de 1911, em Portugal,
discutiu-se a existência de um Presidente da República, o que revela
um parlamentarismo frágil;
 Apesar da controvérsia, existe, no nosso país, doutrina realizada,
sobretudo, por apoiantes do semi-presidencialismo. O semi-
presidencialismo deveria ser uma modalidade de presidencialismo,
58

algo que não sucede no caso português;


 Existe uma enorme discussão entre definições de determinados
Pá gina

conceitos:
o Pluralismo / pluralidade;
o Igualdade / igualitarismo.
o No projecto do Código de Direito Público, de Mello
Freire, existe uma tentativa de concretização
daquilo que se entende ser igualitarismo.

 No que diz respeito à formação da sociedade, não existe uma teoria


única, podendo apresentar três correntes que defendem
concepções divergentes:
o Contratualismo – defendem a formação da sociedade por um
“Contrato Social”, onde há a transferência de direitos para a
celebração do bem comum. Entre os contratualistas,
podemos apontar os nomes de John Locke, Tomas Hobbes e
Jean-Jacques Rousseau. Em “Discurso sobre a origem da
desigualdade entre os Homens”, Rousseau glorifica a vida
natural – o Homem é bom –“mito do bom selvagem” – sendo
corrompido pela sociedade. Já John Locke é defensor da
preservação da posse, pois tudo está fundado na propriedade
(vida, liberdade e bens). No estado de natureza (antes do
Estado social), verificava-se uma ausência do poder político.
Com o “Contrato Social”, surgiu a sociedade política;
o Naturalismo – o homem como um ‘’ser eminentemente
social, que necessita de se relacionar, constantemente, com
outros homens para poder desenvolver-se’’. Entre os
naturalistas, podemos destacar Aristóteles, São Tomás de
Aquino e Cícero. Para São Tomás de Aquino, existem apenas
três situações em que o Homem não viveria em sociedade:
59

quando tivesse uma doença mental, revelasse extrema


Pá gina

inteligência ou em caso de desastre. O Homem realiza


“contratos sociais”, diariamente;
o Auto-limitação do poder pelo Estado – critica-se os
contratualistas e esquecem-se dos naturalistas (teorias
naturalistas do poder). O Estado, através da sua soberania,
atribui direitos aos cidadãos. Tal não sucede, obviamente, nos
Estados totalitários, dado que o poder assenta numa figura.
Trata-se de uma teoria institucionalista, que assenta o poder
na Administração, que diferem das teorias garantísticas (mais
burocráticas).

 Funções e Fins do Estado


o Funções do Estado – acções do Estado, que podem ser
entendidas em duas perspectivas:
 Assemelham-se aos poderes clássicos de Montesquieu;
 Função deliberativa (government), que integra a função
legislativa e executiva, e função judicial.

 Michel Deguy negava a ideia de existência de direitos;


 O funcionamento democrático do Estado depende de uma
distribuição clara dos poderes, procurando evitar-se abusos de
poder e interferências noutros poderes;
 A arte da Política é saber jogar com as nossas paixões (vaidade,
ambição). As virtudes devem ser incentivadas, mas os vícios
também podem ser bem canalizados;
 Relações entre instituições e o Estado
o Há instituições bastante mais velhas que o Estado (ex:
universidade);
o Verifica-se que o Estado tende a apropriar-se das instituições,
violando a independência destas, dado que estas têm
jurisdição própria;
o Nem sempre a relação entre instituições e o Estado se revela
60

pacífica, cordial;
Pá gina

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 12 de Novembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)


 Relações entre instituições e pessoas
o Estas relações caracterizam-se pela maior ou menor
proximidade / dedicação entre elas:
 Algumas instituições são encaradas pelas pessoas como
verdadeiras “religiões”, outras instituições procuram
meramente salvaguardar interesses económicos;
 A integração de determinadas instituições pode
conduzir a uma conotação imediata do indivíduo;
 O estatuto de uma instituição não revela,
necessariamente, a personalidade dos indivíduos que a
integram;
 A reflexão filosófica de um indivíduo pode ocorrer em
qualquer local. Veja-se o exemplo de Leonardo
Coimbra, José Régio, Teixeira de Pascoaes, Júlio
Resende e Amadeo de Souza-Cardoso, que marcaram o
espírito de tertúlia no Porto. O café Majestic, no Porto,
constitui um ícone desta tradição.

 Relações com a pátria (mátria)


o O fenómeno dos exilados pode ser fundamental para
caracterizar a pátria. Veja-se o caso de Joseph Brodsky, poeta
e escritor russo que viveu exilado nos Estados Unidos;
o Ligação com a pátria e a superficialidade dos regimes;
o Exílio “no interior do país” – Alexandre O’Neill viveu
isolamento voluntário, prescindindo da participação na vida
política, o que não deixa de constituir uma virtude
republicana, por evidente discordância com o regime.
Verifiquemos, igualmente, o exemplo de Vergílio Ferreira,
61

condenado à solidão, devido ao isolamento que os outros lhe


impõem;
Pá gina

 Segundo Moreira de Campos, para um indivíduo ser bem-sucedido,


deve manter subserviência sobre os seus superiores e tomar uma
posição imperiosa sobre os seus inferiores. Falamos do chamado
“carreirista”, que pretende subir na carreira profissional, mesmo
através de meios pouco éticos;
 Na opinião do Dr. Paulo Portas, “as juventudes partidárias são as
escolas do crime”;
 Existe o preconceito da ordem e o preconceito da liderança. O
primeiro remete-nos para uma harmonia construída, natural das
coisas, verificando-se a tentativa de imposição da ordem (artificial).
Já o segundo relaciona-se com o espírito de liderança, próprio dos
ditadores;
 “Democracia” como construção de uma ordem social, dada a
imperfeição do indivíduo. Trata-se de uma obra de educação e
vontade. Há sempre imperfeições na Democracia (falta de
Democracia), mas também se pode verificar um excesso de
Democracia (pseudo-democracia);
 Actualmente, denota-se uma ausência de educação literária e “das
paixões”, que impede a realização de referendos vinculativos e
eficazes. Com “educação das paixões”, referimo-nos a um
distanciamento do indivíduo dos outros, pensando por si, mesmo
contra o que os outros dizem. Hoje em dia, vota-se pelas benesses
prometidas, pelo estilo, pela vontade das maiorias ou ainda opta-se
pelas ditas “alternativas” minoritárias, apenas para contrariar os
outros;
 Se alguém se afirmar como “anarquista” (extrema-esquerda
máxima), não é encarado de modo sério, por se tratar de uma
minoria na actualidade;
 A existência de ordem depende da garantia de justiça, não
menosprezando a importância da segurança (valor iniciador da
justiça);
 “Instituições trituradoras” – controlo rígido da actividade dos
62

funcionários, numa tentativa de criação de “espírito de empresa”.


Coloca-se em causa a dignidade da pessoa humana, dado que a sua
Pá gina

vida privada, a sua intimidade não é garantida. Para prosseguir este


controlo, recorre-se a medidas inovadoras, como a criação de
órgãos de propaganda (comunicação social) e à “invenção de
trabalho”;
 O Prof. Dr. Paulo Mêrea, uma das personalidades mais importantes
da Universidade portuguesa do século XX, fala-nos da “selecção ao
invés”, ou seja, tendemos a valorizar os piores e menosprezar os
melhores ao nível da educação, por exemplo;
 As funções primordiais de uma instituição tendem a ser afastadas
por funções secundárias, provocadas pela burocratização do
sistema;
 No meio laboral, constata-se cada vez mais um autoritarismo e uma
arbitrariedade do poder (da parte de “pequenos ditadores”), que
pode implicar a mudança de carácter dos inferiores hierárquicos.
Vivemos num clima de chantagem permanente, tende-se a
globalizar a injustiça;
 Estado como “instituição das instituições prostituídas”.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Segunda-Feira, 16 de Novembro de 2009, 11h-13h – Prática)


 Idade Moderna
o Jean Bodin (1530-1596)
 Jurista francês, membro do Parlamento de Paris e
professor de Direito em Toulouse;
 Considerado, por muitos, o “pai” da Ciência Política,
devido à sua teoria sobre soberania. Baseou-se nesta
mesma teoria para afirmar a legitimação do poder do
homem sobre a mulher;
 Semelhanças, a nível formal, com Aristóteles: A
reflexão bodiniana sobre as formas de constituição está
esboçada no capítulo VI do Methodus ad facilem
63

historiarum cognitionem (1566), que trata das


Pá gina

constituições das repúblicas. O principal objectivo


desse capítulo é fazer uma ampla revisão das
definições aristotélicas: "Como não convém dar numa
discussão mais peso à autoridade do que à razão, é
preciso inicialmente refutar, através de argumentos
que se impõem, as definições dadas por Aristóteles
para cidadão, república, soberania e magistratura"
(Bodin, 1951, p. 350). Depois de tê-las criticado,
principalmente por serem muito restritas e imprecisas,
Bodin redefine cada uma dessas categorias políticas,
adaptando-as à realidade de seu tempo. Entre elas, o
conceito de soberania ganha um destaque especial,
passando a ocupar o centro do seu sistema político.
Uma das suas funções é servir como critério de
classificação das constituições: "A soberania pertence
necessariamente seja a um só indivíduo, seja a um
pequeno número de notáveis, seja ao conjunto de
todos ou pelo menos da maioria dos cidadãos, e nós
temos, segundo o caso, uma monarquia, uma
aristocracia ou uma democracia" (idem, ibidem, pp.
367-8);

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 18 de Novembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)


 O n.º6 do artigo 19º da CRP comprime a possibilidade da prática de
actos contrários ao Estado de Direito Democrático, visto que
promove a não afectação de direitos fundamentais. Fixa um núcleo
importante de direitos, liberdades e garantias que considera
absolutamente intocáveis: os direitos à vida, à integridade pessoal,
à identidade pessoal, à capacidade civil e à cidadania, a não
retroactividade da lei criminal, o direito de defesa dos arguidos e a
liberdade de consciência e de religião não podem ser tocados nem
64

pelo estado de sítio nem pelo estado de emergência. Por outro, os


Pá gina

direitos, liberdades e garantias abrangidos pela declaração de


estado de sítio ou de estado de emergência têm que ser
rigorosamente especificados (art.19º, nº3 da CRP);
 Será que o governante deve mentir? Ele não o deve fazer, mas por
vezes as razões de Estado a isso o obrigam.
o Recordar “caso Watergate” - escândalo político ocorrido na
década de 1970 nos Estados Unidos da América que, ao vir à
tona, acabou por culminar com a renúncia do presidente
americano Richard Nixon eleito pelo partido republicano.
"Watergate" de certo modo tornou-se um caso paradigmático
de corrupção;
o A verdade depende dos diversos graus definidos, ou seja
existem diferentes modos de ver a verdade. Note-se como as
estatísticas, transmitindo verdades, podem ser
manipuladoras.
o As razões de Estado são alegadas na tentativa de proteger o
segredo de Estado, característica essencial para assegurar a
defesa e segurança do Estado, em matéria militar,
económica, científica. O sentido de Estado consiste na
tomada de uma posição responsável face à realidade estatal.
Para exemplificar esta realidade, verifique a posição da
“oposição” face ao Governo minoritário na tentativa de
assegurar a governabilidade. Por outro lado, compete,
igualmente, ao Governo manter um diálogo com a
“oposição”, não tentando impor, de qualquer modo, as suas
opções políticas, sujeitando-se ao risco de derrube por
apresentação e votação de moção de censura. O sentido de
Estado também se relaciona com a capacidade de sacrifício
dos governantes (p.e. François Mitterrand). O facto de, por
exemplo, um governante falar a sua língua perante
estrangeiros, é revelador desta noção. Também a
necessidade de manter um status justifica este sentido de
estado. Para exemplificar este argumento, admita-se a
possibilidade de um Chefe de Estado desempenhar
65

determinados cargos considerados ditos de classe baixa,


apesar de dignos. Tal circunstância afectaria seriamente a sua
Pá gina

popularidade.
o Um exemplo extremo de sentido de Estado verificou-se a 14
de Dezembro de 1961, três dias antes da invasão e ocupação
do Estado Português da Índia (Goa, Damão e Diu) pelas forças
da União Indiana, quando Salazar pedira aos soldados e
marinheiros portugueses nos territórios um último sacrifício,
o da vida. Mal armados e em número reduzido (cerca de 4 mil
efectivos), perante as forças indianas invasoras (cerca de 50
mil militares do Exército, Marinha e Força Aérea), resistir
significava uma cruel e inútil auto-imolação para os efectivos
portugueses. Nos dois dias da invasão, resistiram o que
puderam, morrendo 26 militares. Mas o contingente
português acabou por se render, a 19 de Dezembro, tendo o
governador, general Vassalo e Silva, ordenado a "suspensão
do fogo" às suas tropas.
Mais de 3 mil militares portugueses foram feitos prisioneiros
pelo Exército indiano (entre os quais se encontrava o general
Vassalo e Silva), os prisioneiros que Salazar não queria. Por
isso puniu e perseguiu alguns dos oficiais em serviço na Índia
- o que abriu dolorosa ferida nas Forças Armadas portuguesas
e foi uma das raízes do derrube do regime de Salazar, doze
anos depois da queda de Goa, Damão e Diu.
Na mensagem que enviou, a 14 de Dezembro de 1961, ao
governador e comandante-chefe português do Estado da
Índia, Vassalo e Silva, o chefe do governo de Lisboa
reconhecia a "impossibilidade de assegurar a defesa
plenamente eficaz" dos territórios, mas pedia ao general que
organizasse essa defesa "pela forma que melhor possa fazer
realçar o valor dos portugueses, segundo velha tradição na
Índia". E ainda: "É horrível pensar que possa significar o
sacrifício total, mas recomendo e espero esse sacrifício como
única forma de nos mantermos à altura das nossas tradições
e prestarmos o maior serviço ao futuro da Nação".
66

Numa perspectiva contrária, podemos destacar os advogados


portugueses ao serviço do Estado na União Indiana, não
Pá gina

remunerados.
 O terrorismo constitui um teste à acção do Estado;
 Se o Direito Natural perdeu relevância ao nível dos Estados em
detrimento do Constitucional, a nível internacional assume
significativa importância;
 Segundo o princípio da tipicidade, cada crime em Direito Penal deve
aparecer devidamente discriminado. Ora, por exemplo, na
ocorrência de casos de pirataria, como não há legislação adequado,
o Direito revela-se ineficaz por omissão legislativa;
 Verificamos, no mundo actual, que a medida de valorização de
qualquer indivíduo depende da sua nacionalidade.

 Política e Ciências
o Importa atentar na substancialidade das matérias e descurar
a peripolitologia, ou seja, deve-se abordar o cerne / a
realidade central da matéria.
 Sujeitos da Política
o Problema da Natureza Humana – temos, por um lado, a
crença numa natureza não-física, cultural e valorativa e, por
outro lado, há quem entenda que não existe natureza
humana;
o O que é ser Homem?
 Ideia do “Homem puro”;
 “Miopias da alma”
o Ligação do Homem com a sociedade:
 Teorias naturalistas, contratualistas e institucionalistas;
 Os naturalistas são contratualistas que retiram da
História do “Contrato Social”.
 Objecto da Política
o Há autores que limitam o objecto da Política ao Estado.
Todavia, o poder político exerce-se, também, fora do Estado;
o “Política Corporativa” – fazer Política no seio do seu trabalho
67

(profissão);
Pá gina

o Tudo o que se relaciona com o poder é Política;


o Ideia de governação é intrínseca ao Estado;
o Dicotomia governantes / governados – existem pessoas que
não pretendem ser poder nem ser governados. Recorde-se a
célebre afirmação de Agostinho da Silva:
Eu não quero ter poder, mas apenas liberdade de falar aos do
poder do que entenda ser verdade.
Por outro lado, existem indivíduos que ambicionam o poder
e, inclusive, aceitam qualquer cargo de poder. Já outros
desejam as lutas políticas, promotoras de querelas políticas
estéreis. Denominam-se “estadistas”, aqueles que são
construtores, ou seja, deixam obra feita com a sua assinatura;

 Vivemos num mundo de artificialidade, em que é necessário saber


tudo aquilo que o indivíduo fez (curriculum). Também há os bota-
abaixistas que procuram destruir a obra alheia;
 Questão do saber e do poder – ambiguidade ética do poder. Quem
tem poder para fazer, não tem ideias e, pelo contrário, quem tem
ideias, não tem poder para executá-las.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 19 de Novembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)


 O governo pode ser encarado enquanto executivo e enquanto
orientação política geral;
 Omnipresença do fenómeno do poder governativo (realidade
incontornável);
 Fundamento da Política – a pessoa enquanto ser social (≠ indivíduo
– ser isolado);
 Dignidade da pessoa humana
o O que é, face ao multiculturalismo existente?
o Como julgar os costumes dos outros?
68

o Em que consiste a natureza humana?


Pá gina

o Afinal, o que é a dignidade humana?


 Não podemos desmentir que existe um reduto da
dignidade das pessoas (direitos básicos);
 Vivemos um período de crise da dignidade humana,
dado que as pessoas se deixam conformar
excessivamente com atentados à sua dignidade. Por
outro lado, denota-se a instalação de um clima de
desconfiança entre pessoas.
 Liberdade e Livre-arbítrio
o A liberdade está sempre submetida a condicionalismos;
o É muito difícil conceber o Direito sem atender ao livre-
arbítrio, visto que ele se pode tornar injusto;

 Poder (potestas) e autoridade (auctoritas)


o Poder – Capacidade de constranger alguém, mesmo contra a
sua vontade, a praticar determinado acto. Há alguns autores
que consideram que o poder é sempre mau, recorrendo a
uma análise sociológica e histórica ou, por outro lado,
teológica / metafísica;
o Existe a ideia, na actualidade, que o poder não se legitima por
si só, algo que no passado recente era discutível. Pensava-se
que o poder legitimado por Deus existia e implicava a
subordinação a ele por todos. Agora que a Igreja defende e
promove os Direitos Humanos, abandonou-se esta
concepção;
o Legitimidade de título – a legitimidade do poder adquire-se
pelo cumprimento dos procedimentos regimentais (na
monarquia, por sucessão hereditária).
 Filipe I de Portugal “herdou, conquistou e comprou” o
poder.
o Legitimidade de exercício – a legitimidade do poder adquire-
se com uma governação correcta.
69

 Filipe I de Portugal não viu o seu poder legitimado,


Pá gina

dado o exercício incorrecto do seu título;


 A peça “Édipo Rei” designava-se inicialmente “Édipo
Tirano”. Um tirano não alcançava o poder pelas vias
tradicionais e não via legitimado o seu poder pelo
exercício.
o Teorização de Max Weber sobre a governação
 Liderança patriarcal (pela sabedoria)
 Liderança carismática (do líder iluminado)
 Mussolini e Napoleão, por exemplo, impõem-se
pelo seu carisma;
 Não se aplica num regime parlamentarista.
 Liderança racional / burocrática (actual)

 Ideia do bem-comum associado, inicialmente, ao Cristianismo,


agora substituída pela ideia de justiça social (afastada pelos neo-
liberais);
 Justiça política (por John Rawls, social-democrata de esquerda) ≠
Justiça social (rejeitada pelos liberais extremistas, que não
acreditam no valor da igualdade);
 Ideia de moderação (“terceira via”) atravessa quase todo o espectro
político representado no parlamento.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 02 de Dezembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)


 Uma das manifestações da crise política actual é a aculturação
política. Transportando esta realidade para o núcleo familiar,
verifica-se cada vez mais a tendência para todos os membros da
família defenderem a mesma “cor política” ou, quanto muito, um
70

constituir a excepção à regra, sendo então cognominado “ovelha


Pá gina

negra”. Denota-se, assim, uma tendência de padronização das


opções políticas;
 Ao contrário da ideia comummente transmitida, os nossos “heróis”,
ou seja, aquelas figuras emblemáticas da História Mundial não têm
de ser, necessariamente, perfeitos como indivíduos. Por outro lado,
revela-se desinteressante vasculhar a sua vida privada, na tentativa
de desvalorizar a sua obra marcante. De qualquer modo, estas
figuras não têm de ser um “espelho de virtudes”;
 O retrato de Martinho Lutero (1483-1546) em filmes revela-se
parcial. Apresenta um legado ambivalente:
o Guerra dos Camponeses na Alemanha (1524-1526):
 Expressão da revolta religiosa conhecida como a
Reforma Protestante, na qual críticos dos privilégios e
da alegada corrupção da Igreja Católica Romana
contestaram a ordem religiosa e política estabelecida;
 Reflexo do descontentamento social com o poder dos
nobres locais.

A propósito deste facto, Lutero é acusado de fomentar a


disputa, rejeita as exigências dos insurgentes e decide apoiar
os príncipes contra os camponeses, para suprimir as revoltas:
“Só há uma maneira desse 'povinho' fazer a sua obrigação. É
constrangendo-o pela lei e pela espada, prendendo-o em
cadeias e gaiolas, da mesma forma como se faz com bestas
selvagens (...) melhor a morte de todos os camponeses do que
a morte dos príncipes (...) estrangulem os rebeldes como
fariam com cães raivosos.”

o Apresenta-nos uma ideia de limitação dos heróis, refutando,


por um lado a noção do indivíduo que irrompe o
transcendente, e apoiando a posição de que ele só faz aquilo
que está na sua natureza:
71

"Não posso fazer outra coisa, esta é a minha posição.”


Pá gina

 A prática de actos heróicos pode não partir da vontade do sujeito,


mas, por outro lado, pode ser justificada pela natureza intrínseca do
indivíduo;
 Não raras vezes se inventam heróis. Consideremos, por exemplo,
Lucrécia, personagem da história de Roma, eternamente recordada
pelo historiador romano Tito Lívio (59 a.C. – 17 d.C.). Sobre isto,
Machado de Assis estabelece uma relação entre a célebre história
do “punhal de Lucrécia” e a crónica eternamente desconhecida de
Roberto Schwarz “O punhal de Martinha”, publicada em Agosto de
1894, no jornal “A Semana”. Por que é que uma será para sempre
lembrada e a outra nunca será lembrada?
Para desenvolver esta matéria, ver:
 http://www.fatea.br/seer/index.php/angulo/article/viewFile/
60/59
 http://www.cespe.unb.br/Concursos/_ANTIGOS/2006/DIPLO
MACIA2006/arquivos/guia%20de%20estudos%202006.PDF

 A parcialidade na exposição das histórias de heróis conduz à prática


de injustiças históricas e processuais, por motivos de preferência de
vária ordem (por exemplo, política). O tratamento de uma
personagem histórica com mais ou menos simpatia vai influenciar a
sua caracterização, que fica para a História.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 09 de Dezembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)


 Os conceitos “Constituição” e “Direito Constitucional” apresentam
um carácter altamente subjectivo. Deve haver consenso entre
conceitos de ordem técnica, mas é impossível e irresponsável
definir conceitos deveras discutíveis (ex: liberalismo);
 Antonio-Carlos Pereira Menaut revela-se contra a jurisprudência
72

dos valores.
Pá gina

 Soberania: em que consiste?


o Jean Bodin foi o primeiro autor a dar ao tema da soberania
um tratamento sistematizado;
o Nunca foi um conceito absoluto;
o Ligação entre soberania e monarquia – o monarca defendia o
lugar para si.
 Separação de poderes
o Considerada, por alguns, um mito, revela-se muito
importante na resolução de conflitos institucionais.
 Representação da sociedade política (3 tipos)
o Ao votar, a sociedade outorga poderes para que o
representante haja, não em seu nome próprio, porém em
nome da sociedade. Essa participação é denominada
representação da sociedade “pelo poder” e está
intimamente ligada à ideia de representação “pelo povo”, já
que depois de receber a autorização para representar, o
deputado vai ter a oportunidade de exercer o poder
representativo – representatividade “perante o poder”. Eis
então que temos a ideia de poder “do povo e pelo povo”. A
sociedade politicamente organizada é representada pelo
poder, outorgando posteriormente, o poder a um terceiro
que representará a sociedade. Surge, assim, a figura da
representatividade “no poder”. Neste caso, referimo-nos aos
chefes de estado ou ao grupo dirigente, isto é, à Autoridade
Estatal que governará em nome do povo.
o Para mais desenvolvimentos, ver:
http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/
article/viewFile/32404/31620

 Distinção entre Amigo e Inimigo – Para o filósofo político Carl


Schmitt (1888-1985), não há politica sem inimigo. Daí considerar
que a específica distinção política à qual é possível reconduzir as
acções e os políticos é a distinção entre amigo (freund) e inimigo
(feind). Ela oferece uma definição conceptual, isto é, um critério e
73

não uma definição exaustiva ou uma explicação do conteúdo. Na


medida em que não é derivável de outros critérios, corresponde,
Pá gina

para a Política, aos critérios relativamente autónomos das outras


contraposições: bom e mau, para a moral, belo e feio, para a
estética. Para ele "os conflitos políticos não são racional ou
eticamente determinados ou solúveis; são conflitos existenciais" e a
política é preexistente ao Estado, considerado como simples modo
de existência e não produto da necessidade histórica;
o Necessidade de ter consciência jurídica prática e de não ser
ingénuo;
 No dia 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um
levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa)
ao Ultimato britânico de 1890, por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que
pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique. As figuras cimeiras
da "Revolta do Porto" foram o capitão António Amaral Leitão, o
alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, o dr. Alves da Veiga, o
actor Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura
como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio
Teles, entre outros. Se a Instauração da República ocorre-se com a
Revolta de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, certamente proceder-
se-ia de modo diferente àquilo que se verificou após o 5 de Outubro
de 1910 (1.ª República).

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quinta-Feira, 10 de Dezembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)


 Segundo Martin Heidegger, “a língua é a casa do ser”, ou seja, a
personalidade de cada indivíduo diverge em função da sua língua
(idioma);
 S. Tomás de Aquino foi um pensador progressista, apesar de
inexplicavelmente ter sido caracterizado como “intolerante” por
John Rawls. Entende-se, por outro lado, que a obra Uma Teoria da
Justiça (A Theory of Justice) de Rawls não passa de uma cópia da
Suma Teológica (Summa Theologiae) de S. Tomás de Aquino.
74Pá gina

CIÊNCIA POLÍTICA

(Segunda-Feira, 14 de Dezembro de 2009, 11h-13h – Prática)


 Ficha de Exercícios Práticos de CIÊNCIA POLÍTICA (tópicos de
resolução)
GRUPO I

1. Concordo com a afirmação;


Recurso a vários métodos (análises qualitativas e quantitativas);
Objecto da Ciência Política é complexo, de difícil limitação –
poder;
Integra-se nas Ciências Sociais e Humanas e estuda o Homem e a
Sociedade;
Dificuldade de estabelecimento de leis aplicáveis aos fenómenos
humanos – imprevisibilidade;
Influência de outras áreas de estudo;
Contributo de Aristóteles e Maquiavel na autonomização da
Epistemologia.

2. Conceito de ideologia;
Distinção comum válida e prática? ;
Introdução das ideologias do centro (bipartição ou tripartição);
Dificuldade de enquadrar partidos nas alas esquerda e direita;
Classificação de ideologias: moderadas, conservadoras e
colectivistas;
Distinção Ditadura / Democracia;
“Politicamente correcto” invasor, totalitário, pensamento único
que elimina tudo à sua volta.

3. Estado como um tipo de sociedade politicamente organizada e


como Estado-aparelho (poder);
Governo pode ser encarado como sistema de governo e relação
75

entre órgãos de poder;


O que é um «bom governo»?
Pá gina

Formas de Governo da Antiguidade;


Existe sempre um Governo, em qualquer comunidade;

4. Distinção entre Política (“fera” da ordem do ser) e o Direito


(“domador da fera” – enquadra a Política, constitui o dever ser);
A Política (através dos órgãos do poder político) faz leis;
Constitucionalismo como técnica de limitação da Política;
Jusnaturalismo e Juspositivismo;
Importância do Direito Constitucional na constituição do Direito;
Autonomização do Direito na Idade Média.

5. Sim, concordo
Abordagens mais realistas;
Separação entre Política e Religião e Moral – autonomização
com Maquiavel;
Tentaram “cientifizar” a Política;
Conceitos de virtù (permanência) e fortuna (temporal)
aproveitados pelos neo-republicanos;
Método comparativo em ambos:
- entre constituições, com Aristóteles;
- entre passado e presente, com Maquiavel.

GRUPO II (sempre com recurso ao texto)

A. Manifestar opinião sobre os critérios utilizados para distinguir


República e Monarquia;
Classificação das formas de governo;
Contextualização histórica;
Sentido minimalista actual;
76

Conceito mais exigente de República;


Problema da limitação do poder na Monarquia, por leis e outros
Pá gina

órgãos de poder – monarquia pura e limitada.

B. Conceito de democracia nas várias formas políticas estudadas


(evolução do conceito desde a Grécia Antiga);
Democracia vs Ditadura;
Várias formas de Democracia: directa, representativa e
participativa;
Democracia e Direito, como forma de ordenação da comunidade;
Prevalece a vontade da maioria – limitação da vontade das
minorias – regra operativa da Democracia;
Distinção entre Democracia técnica (desprovida de valores éticos)
e Democracia ética;
Necessidade da Lei e da Constituição para limitar o
funcionamento da Política.

CIÊNCIA POLÍTICA

(Quarta-Feira, 16 de Dezembro de 2009, 11h-12h30 – Teórica)


 “Governar” como responsabilidade de definir uma linha de rumo e
assumir a responsabilidade de a executar. Assume o poder
executivo e, como no nosso país, o legislativo;
 Formas de Governo – disposição do poder e articulação dos seus
elementos (povo, território). Utilização dos critérios quantitativo
(n.º de governantes) e qualitativo (orientação para a Justiça).
o Classificações clássicas
 Aristóteles (formas de governo puras e degeneradas);
 Não toma posição por nenhuma deles;
 Apoia o governo misto, com equilíbrio de poder.
 Maquiavel (Repúblicas e Principados);
 Montesquieu
 República (aristocrática ou democrática);
 Monarquia;
77

 Despotismo (degeneração da Monarquia).


Pá gina

o Classificações correntes
 Sistemas de Governo
 Com concentração de poderes (presidencialismo,
tendencialmente);
 Sem concentração de poderes (parlamentarismo,
tendencialmente).
 Sistemas de Governo
 Democrático;
 Ditatorial / Autocrático.

 Ideologia – conjunto de ideias orientadas para questões sociais;


 Democracia Liberal (EUA e Europa Ocidental) e Democracia Popular
(associada aos regimes comunistas que aplicaram o marxismo)
o A Democracia Liberal globaliza-se, defendendo a democracia
(pelo menos, em ideal), os direitos humanos (nova face do
Direito Natural) e a separação de poderes. A ela, também se
têm associado problemas como a demissão da educação
cívica e social e a ausência de valores.

 Direitos Humanos
o Os Direitos Humanos (Naturais) tiveram uma céptica
recepção por alguns autores, como Michel Villey (1914-1988)
e Álvaro D’Ors (1915-2004);
o Na promoção e credibilização dos Direitos Humanos, teve um
papel importante a Igreja Católica e, mais propriamente, a
figura do Papa João Paulo II;
o Denota-se uma crescente jurisdição que tem dado alcance
aos direitos humanos;
o Hoje, é a Lei que depende dos Direitos Humanos;
78

o Porém, mesmo positivados, continuam a ser alvo de


Pá gina

desprezo, por acção das teorias maximalista e minimalista;

 Sufrágio, Democracia e Representação – conceitos normalmente


confundidos que mantêm relações entre si, mas são diferentes.
o Evolução do conceito de Democracia
 Numa primeira fase, constatamos que se instaura, na
Grécia, um governo oligárquico e, depois, um governo
misto oligárquico e democrático;
 Depois, sucede-se uma forma regenerada de
Democracia – democracia representativa:
 Rousseau opõe-se a este modelo, defendendo a
unidade da soberania popular e a
representatividade individualista (modelo
ultrapassado);
 Democracia representativa tende a tornar-se
uma “partidocracia”, deixando os representantes
de serem pessoas livres, esclarecidas e
independentes, para se tornarem representantes
da vontade do partido que representam.

 Estado de Direito
o Princípio da legalidade – submissão dos poderes
estabelecidos à Lei;
o Defesa dos direitos fundamentais;
o Princípio democrático;
o Exigência de conduta responsável dos governantes;
o Separação e interdependência de poderes.
o Estado de Direito Democrático – promoção do sufrágio
universal e secreto e da educação dos cidadãos.

 O “politicamente correcto” tende a formatar o pensamento das


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pessoas, aproveitando-se do seu descrédito na Política. Começa a


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reinar um clima de hipocrisia e subtileza, crescendo a discriminação.


 Carácter demoliberal da Constituição de 1933, apesar de o regime
ser anti-liberal e anti-democrático.
 O facto de os direitos predominarem nas constituições, existindo,
noutra medida, um número reduzido de deveres, é comum nas Leis
Fundamentais. A ausência de deveres entende-se pelo seu
voluntário respeito que, no entanto, depende de uma educação
cívica incutida, num primeiro momento, pela família;
 Desde o 25 de Abril, verifica-se uma exigência de trabalho aos
indivíduos bastante superior, desrespeitando-se horários laborais.
Não existe, porém, qualquer associação desde facto à “Revolução
dos Cravos”. Esta constitui, apenas, um marco para delimitar este
facto;
 A valorização do indivíduo numa comunidade já não depende
somente das suas virtudes.

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