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Até poucas décadas atrás, a grande maioria das cargas elétricas previa o uso de corrente
contínua ou alternada senoidal "pura". Em função disso, os conceitos de potência ativa e reativa
eram associados a essas duas formas "ideais" de tensão e corrente. No entanto, com o uso das
técnicas não-lineares de controle eletrônico (retificação, inversão, chaveamento, etc.),
começaram a aparecer aplicações em que outras formas de onda são utilizadas. Nestes casos,
tornou-se necessário analisar a potência elétrica sob nova ótica, já que algumas parcelas
adicionais podem se manifestar na forma de potências oscilatórias. Esse é o caso, por exemplo,
de distorções harmônicas na corrente ou na tensão da rede e nas situações com desequilíbrio
entre as fases.
Como a presença de harmônicos afeta a medida das grandezas elétricas básicas como
tensão e corrente eficaz, torna-se importante estabelecer com clareza quais os efeitos indesejados
que são provocados pelas formas não senoidais. Esse vai ser o tema de discussão deste Capítulo.
O objetivo principal é poder generalizar os conceitos tradicionais de potência ativa, reativa,
aparente, média e instantânea, de maneira que assumam significado físico e possam ser
utilizados para fins de controle ou de compensação das parcelas indesejadas.
Notação adotada:
• Variáveis temporais são representadas através de letras minúsculas (v, i, p, ~
p );
• Grandezas médias e valores eficazes são representados através de letras maiúsculas ou por
letra minúscula barrada (V,I,P, p );
1
A elaboração deste capítulo contou com a participação do Prof. Dr. Fernando Pinhabel Marafão, da UNESP, a
quem agradecemos a cortesia pela cessão de conteúdo e resultados, principalmente na parte referente à teoria CPT e
à comparação entre as teorias [54,55].
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• Parâmetros reais e grandezas complexas também são representados por letras maiúsculas
(S=P+jQ, Z=R+jX , Y=G+jB);
• Indicadores são representados por siglas maiúsculas (FP, FD, DHTV, DHTI).
Simbologia:
v, V, v&, V& tensões instantâneas e eficazes mono ou multivariáveis (V);
i
Fonte v Carga
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Esta definição aplica-se tanto para corrente contínua como alternada. Notar que a potência
expressa o efeito combinado da fem (força eletromotriz) disponível entre os terminais no ponto
de medição e a corrente que circula através da carga por conta dessa fem.
Caso monofásico senoidal:
Considerando que o sistema é monofásico senoidal, com a tensão e corrente dadas por:
O valor eficaz corresponde ao valor quadrático médio, definido para um sinal senoidal com
período T, como sendo:
1 1 2 Vp
V =
T ∫T v 2 dt =
2
Vp =
2
(4)
ou ainda
p(t ) = VI cos ϕ (1 − cos 2ω t ) − VI sen ϕ. sen 2ω t (8)
Percebe-se de (6) ou (7) que a potência instantânea contém uma parte constante e uma
parte oscilatória com o dobro da freqüência (2ω) das ondas de tensão e corrente.
A parte constante corresponde ao valor médio por período T:
1
p = VI cosϕ = P = ∫ v.i dt (9)
TT
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Verificamos, portanto, que a parte oscilatória é composta de duas parcelas que oscilam em
quadratura: uma parcela oscila com cos2ωt e vale P=VIcosϕ e a outra parcela oscila com sen2ωt
e vale VIsenϕ. Essa segunda parcela que oscila em quadratura com a potência ativa P, é chamada
de potência reativa:
Q = VI sen ϕ (12)
Portanto, em termos das potências média (ativa) e reativa, a potência instantânea (8) pode
ser expressa como sendo:
p ( t ) = P (1 − cos 2 ω t ) − Q. sen 2ω t (13)
Como se vê na figura 2, a corrente pode ser decomposta em uma parcela senoidal em fase
com a tensão e um segundo termo em quadratura com o primeiro. A parcela I da potência é
devida exclusivamente à parte da corrente em fase com a tensão, enquanto a parcela II se deve ao
termo em quadratura.
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& = V∠0
V (14)
&I = I ∠ − ϕ (15)
Define-se a potência aparente complexa S como sendo o produto:
& . &I* = V I ∠ϕ = VI cos ϕ + jVI sen ϕ
S=V (16)
Portanto, considerando as equações (9) e (12) concluímos que a potência aparente
complexa é dada por:
S = P + jQ (17)
Usualmente o módulo da potência complexa, dado pelo produto dos valores eficazes da
tensão e da corrente é denominado potência aparente. Os valores eficazes das grandezas são
importantes para a especificação de uma instalação, ou seja, a bitola dos condutores é
determinada pelo valor eficaz da corrente que deverá circular pelos mesmos, enquanto a tensão
define a isolação necessária entre os condutores.
As potências ativa e reativa correspondem às projeções de S nos eixos real e imaginário do
plano complexo, formando o triângulo de potências. Para relacionar as parcelas de potência do
plano complexo com as do domínio do tempo, temos que lembrar da analogia com os vetores
girantes usados na análise fasorial. A figura 3 mostra essa relação:
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ZG 1 ZS 2
Fonte i Carga
e v ZC
∆ p = R S .i 2 (24)
e, neste caso, saberíamos a potência instantânea consumida pela carga (pc), mesmo medindo a
tensão no ponto 1, pois:
pc = v1.i - ∆p (25)
No caso monofásico, Rs deve incluir a resistência dos dois condutores (ida e volta da
corrente).
Para o caso monofásico senoidal, essa relação também pode ser escrita como sendo:
VI cos ϕ
FP = = cos ϕ ≤ 1,0 (27)
VI
Percebe-se que o FP mede a fração da potência máxima que poderia ser transferida,
considerando as magnitudes de tensão e corrente dadas. A fração deixa de ser máxima quando a
potência reativa é diferente de zero, ou seja, pode-se dizer que a potência reativa reduz o fator de
utilização da linha. Essa é uma razão importante para se querer reduzir a circulação de potência
reativa na rede. Além disso, a potência reativa, por ser uma energia oscilatória, com média nula,
teoricamente não necessita de fonte primária de energia para existir. Basta excitar os campos
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elétricos (em capacitâncias) ou magnéticos (em indutâncias) com tensões senoidais para essa
energia reativa se estabelecer.
A rigor, portanto, não dá para eliminar a potência reativa de um circuito de corrente
alternada, apenas se pode restringir o seu efeito, associando elementos reativos de forma a
trocarem de energia reativa entre si. Esse é o processo de compensação reativa ou de correção de
FP, realizado ao se instalar bancos de capacitores próximo de cargas indutivas (motores,
reatores, indutores, etc).
i
Fonte v C Motor
Qm Sm Antes da compensação:
Pm
FPm = = cos ϕ
Sm
ϕ
Pm = Smin
Depois da compensação:
Pm
FPmax = = 1,0
Qcap =- Qm S min
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O valor eficaz dessa função periódica com período T será dado por:
1 2 1 2
V=
T ∫T
v dt =
2
(
V1p + V32p = V12 + V32 ) (30)
V3 V
V1
N
I= ∑I
h =1
2
h (32)
Neste ponto vale a pena introduzir o conceito de Distorção Harmônica Total (DHT) de
tensão e de corrente:
50
∑V 2
h
DHT V = h=2 (33)
V12
50
∑I 2
h
DHT I = h=2
(34)
I 12
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Conclui-se que o circuito se apresenta bem mais “indutivo” para as harmônicas do que para
a fundamental (XL3 = 3XL1). Para elementos capacitivos, ocorre o contrário, a reatância diminui
com o aumento da ordem harmônica (XC3 = 1/(3ω1C) = XC1/3).
Isto significa que as correntes harmônicas, além de terem suas amplitudes diminuídas em
circuitos indutivos, sofrerão aumentos dos ângulos de atraso em relação às respectivas tensões
harmônicas. Em circuitos capacitivos, a amplitude das correntes harmônicas aumenta
proporcionalmente à ordem harmônica, ao passo que a defasagem diminui. Por essa razão os
capacitores correm o risco de sofrer sobre-corrente quando submetidos a tensões distorcidas.
A potência em uma carga do tipo RL, nessas condições, pode ser expressa por:
p(t) = vi = (V1p senω1 t + V3p sen3ω1 t).[I1p sen(ω1 t − ϕ1 ) + I3p sen(3ω1 t − ϕ3 )] (37)
ou
p(t) = vi = (v + v )(i + i ) = v i + v i + v i + v i (38)
1 3 1 3 11 3 3 1 3 3 1
Os dois primeiros termos de (38) podem ser interpretados como potências instantâneas da
fundamental e da 3a. harmônica. Essas parcelas oscilatórias senoidais são do mesmo tipo já
analisado anteriormente, e podem apresentar valor médio (P1 e P3) e parcela em quadratura (Q1 e
Q3). Muda apenas a freqüência com que oscilam (2ω1 e 6ω1).
Os dois últimos termos correspondem à interação de freqüências distintas de tensão e
corrente. Essas parcelas são oscilatórias e apresentam, por definição, valor médio nulo por
período, uma vez que:
∫ senω t.senω t. dt = 0
a b
para ωb = kωa, k inteiro (39)
T
É muito difícil representar tais parcelas no plano complexo, justamente por oscilarem em
freqüências distintas. Essa é uma das razões que complicam a sua visualização e interpretação
física.
No entanto, os valores médios podem ser obtidos e interpretados com relativa facilidade
como sendo:
Notar que P1 e P3 são, de fato, somáveis, por serem médias temporais constantes. No
entanto, Q1 e Q3 a rigor não são somáveis por se tratar de parcelas de potência que oscilam com
freqüências distintas. A soma Q, portanto, não tem um significado físico que sirva para
compensação reativa.
Por essa mesma razão, a potência aparente complexa dada por S = V.I* também não tem
uma interpretação física clara. Se analisarmos o produto de fasores complexos:
S = V.I* = P + jQ (42)
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( )(
S2 = V12 + V32 . I12 + I32 ) (43)
e assumindo que os produtos de termos cruzados não contribuem para os valores médios, resulta:
e, portanto:
S 2 = P12 + P32 + Q12 + Q 32 (45)
S Q3
S3
P3
Q1
S1
P1
Q1 S
S3 Q3
S1
P3
P1
Temos que lembrar que essas relações fasoriais correspondem apenas às parcelas médias
por período (obtidas em função de valores eficazes das tensões e correntes). Os produtos
cruzados nessa contas não são nulas instantaneamente, o que significa que podem existir
interações entre freqüências que não estão sendo computadas através dos valores médios.
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ZG 1 ZS 2
ia
Fase A
ea va ZC
ZG 1 ZS 2
Fase B ib
eb vb ZC
ZG 1 ZS 2
Fase C ic
ec vc ZC
Neutro Zn
in
ea = 2 E senωt (62)
eb = 2 E sen(ωt-120o) (63)
ec = 2 E sen(ωt-240o) (64)
No sistema balanceado a soma das tensões e correntes instantâneas é zero:
ea + eb + ec = 0 (65)
i a+ i b + i c = i n = 0 (66)
v a+ v b + v c = 0 (67)
Como não há corrente de retorno, também não há queda de tensão no neutro. Aliás, o
condutor de retorno pode ser eliminado, sem afetar a operação balanceada.
A potência trifásica no ponto de medição 2 será definida como a soma das potências
instantâneas nas três fases a,b,c:
p = v a .i a + v b .i b + v c .i c (68)
Com base no caso monofásico podemos escrever essa soma como sendo:
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ou ainda:
p = 3P − P[cos 2ωt + cos 2(ωt − 120) + cos 2(ωt − 240)] −
6.1.2.1 Energia ativa: parcela consumida pela carga, perdas de geração e transmissão
Da mesma forma que no caso monofásico, a parcela consumida pelas cargas é dada pelo
produto das tensões medidas junto à carga (ponto 2) pelas correntes das respectivas fases.
Se as tensões forem medidas no ponto 1, estaremos incluindo as perdas de transmissão,
sobre ZS. Como o sistema é balanceado não há perdas no neutro (in = 0) e só haverá perdas nos
condutores das fases.
Se utilizarmos as tensões das fontes no produto com as correntes, estaremos incluindo
também as perdas de geração (ZG). Em todos os casos teremos potências trifásicas não
oscilatórias (constantes), enquanto o sistema for senoidal e balanceado.
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6.1.2.2 Energia reativa: parcelas utilizadas pelas cargas, pela geração e transmissão
Uma vez que o cálculo da potência instantânea fornece apenas a potência ativa P, como se
obtém a potência reativa Q no sistema trifásico?
Para isso vamos fazer o cálculo da potência complexa utilizando fasores. Sabemos que o
produto do fasor tensão de fase pelo conjugado do fasor corrente da mesma fase dá a potência
aparente dessa fase. Portanto, no caso trifásico balanceado, devemos obter a soma das 3 fases:
* * *
S 3 = Sa + Sb + Sc = Va .Ia + Vb .Ib + Vc .Ic (72)
= 3P + j3Q (75)
Notar que essa soma é diferente da anterior (69) no domínio do tempo, onde as potências
reativas das três fases se cancelavam ao longo do tempo. Nesta soma complexa se apresentam as
demandas de potências ativa e reativa das três fases separadamente.
Discutir sobre a conveniência ou não dessa representação para o caso trifásico é
importante, porque ela esconde o fato de que se pode compensar a demanda instantânea de
reativos das fases sem a necessidade de elementos armazenadores de reativos, já que a soma
instantânea é zero no caso senoidal balanceado. Essa interação entre fases também é um
fenômeno complexo de se interpretar na presença de harmônicas.
Bastaria teoricamente utilizar chaves (eletrônicas) para fazer a transferência de reativos de
uma fase para a outra, pois a todo instante se dispõe de reativos positivos (indutivos) e negativos
(capacitivos) em alguma das fases. Através de uma lógica de chaveamento adequada se buscaria,
a cada instante, os reativos necessários na fase onde estivessem disponíveis. Essa possibilidade
só foi vislumbrada por Akagi/Nabae em 1983 [12], como será explorado adiante.
1
i a− =
3
(
i a + a 2 .i b + a.i c ) (78)
i a = i +a + i −a + i 0a (79)
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Essa decomposição também pode ser aplicada para as tensões trifásicas desequilibradas.
No caso de se medir as tensões de fase e de neutro com relação a uma referência comum
qualquer (zero virtual), podemos expressar a potência trifásica em termos dos componentes
simétricos, resultando:
p = v a .i a + v b .i b + v c .i c + v n .i n = 3( v a+ .i a+ + v a− .i a− + v 0a .i 0a ) (80)
p = 2(va .ia + vb.ib + vc.ic ) + va (ib +ic ) + vb (ia +ic ) + vc (ia +ib ) (82)
ou
p = 2(va .ia + vb.ib + vc.ic ) +ia (vb + vc ) +ib (va + vc ) +ic (va + vb ) (83)
Para assinalar que existe uma parcela oscilatória, costuma-se representar as partes como
sendo:
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p = p + ~
p (86)
p ~
p
p=P
tempo
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P3 Pa + Pb + Pc
FP3 = = (90)
S3 Sa + Sb + Sc
Notar que esse valor pode ser calculado como uma média por período T em função dos
valores eficazes das tensões, correntes e respectivas defasagens.
A equação (89) sugere uma soma direta das potências por fase, cuja representação gráfica é
mostrada na figura seguinte:
Q3
S3
Qa+Qb+Qc
Pa+Pb+Pc P3
Figura 19 - Potências trifásicas para o caso desbalanceado (no caso balanceado as potências por
fase são iguais).
Q3
Q3 /3
S3
b
a
P3 /3 P3
Figura 20. Compensação reativa pela média das 3 fases.
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harmônicas são bem mais complexas, devido às interações entre freqüências. No caso trifásico,
essa situação se complica ainda mais, pois existem também interações entre as fases.
A questão central é: como se pode medir e compensar a potência não-ativa e o FP nessas
condições?
A teoria tradicionalmente mais aceita e utilizada, no tratamento deste caso geral, é a teoria
proposta por Budeanu em 1927 [3]. Muitas normas e recomendações para medição, tarifação e
compensação de energia, assim como grande parte dos equipamentos disponíveis no mercado,
baseiam-se nos conceitos definidos por este autor. Entretanto, como será discutido a seguir, tal
teoria apresenta vários pontos equivocados e pode levar a conclusões enganosas, principalmente
em relação à compensação de reativos e distorções do sistema. Desta forma, faz-se necessário o
estudo de teorias alternativas e a definição e validação de novos conceitos.
Ao longo dos últimos cem anos, mas sobretudo nas últimas três décadas, diversas
contribuições têm sido apresentadas e as principais propostas vêm de especialistas de três
grandes grupos de estudos: o grupo de estudos do IEEE para Situações Não-Senoidais, o qual é
presidido pelo professor Alexander E. Emanuel [5,13,14]; o grupo de estudos presidido pelo
professor Alessandro Ferrero, o qual vem se reunindo na Itália a cada dois anos, desde 1991, em
encontros específicos sobre definições de potência (International Workshop on Power
Definitions and Measurements under Non-sinusoidal Conditions) [6,15-20]; e por fim, apesar de
não constituírem um grupo formal, destacam-se os esforços de vários pesquisadores sobre as
propostas de teorias de potências instantâneas, principalmente relacionando definições de
potência, com técnicas de filtragem ativa [12,21-25].
Buscando discutir, identificar as possíveis fontes de confusões e eventuais soluções para as
questões anteriores, este capítulo apresenta um histórico detalhado de algumas teorias e o cálculo
de potência sob condições não-ideais de transferência de energia.
As definições e comentários apresentados a seguir têm o objetivo de criar um contexto no
qual se possa observar as diferentes linhas de pesquisa e identificar as semelhanças e diferenças
entre elas, principalmente no que tange o objetivo pelo qual cada proposta de teoria de potência
foi desenvolvida (medição, análise, tarifação ou compensação).
A seguir, as principais teorias serão analisadas de acordo com o domínio do
equacionamento proposto, domínio da freqüência ou do tempo.
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T
1 2
T ∫0
V= v ( t )dt ( 92)
Note que este valor total é diferente da simples soma dos valores eficazes de cada
componente espectral.
f (t ) = f 0 (t ) + f1 (t ) + f 2 (t ) + L f h (t ) (94)
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va ia
v = vb i = ib (96)
vc ic
A Norma Euclidiana ou Norma 2 destes mesmos vetores pode ser calculada como:
Outra definição importante é a de ortogonalidade de vetores. Diz-se que dois vetores são
ortogonais se satisfazem a seguinte relação (o valor médio do produto escalar é nulo):
1 T 1 T
∫
T 0
(v ⋅ i⊥ ) dt = ∫ (va .ia + vb .ib + vc .ic ) dt = 0
T 0
(99)
Assim, se for possível decompor um sinal qualquer em uma parcela proporcional e outra
ortogonal ao sinal original, tem-se:
i ⇒ i v + i⊥v (100)
onde:
2
i = i v 2 + i⊥v 2
(101)
v ⋅ i = v ⋅ i v + v ⋅ i⊥v = v ⋅ i v (102)
i∑ = ∑i
υ= a , b , c
2
υ = i ⋅i v∑ = ∑v
υ = a , b ,c
2
υ = v⋅v (104)
Eficazes:
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T T
1 1 2
I = ∫ i 2∑ dt = i ⋅ i
2
T ∫0
∑ V∑2 = v ∑ dt = v ⋅ v (105)
T0
e ainda demandasse na forma de campos eletromagnéticos uma dada Potência Reativa calculada
por:
∞ ∞
Q B = ∑ Q = ∑ V .I sinφ (108)
h =1 h h =1 h h h
sendo esta, ortogonal à Potência Ativa, por definição. Deve-se observar que o termo Potência
Reativa, aqui é definido usando todo o conteúdo harmônico dos sinais. O ângulo Φh é a
defasagem entre tensões e correntes da componente harmônica h. Budeanu também definiu a
parcela de potência DB, a qual foi denominada de Potência Distorciva e seria expressa pela
combinação quadrática:
DB = S 2 − P 2 − Q 2B (109)
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cosseno). O que pode ser feito com facilidade para sinais puramente senoidais, mas no caso da
presença de distorções, se torna uma tarefa complexa, principalmente porque deveria ser feita
para cada freqüência, independentemente. Considerando que as ferramentas computacionais hoje
disponíveis, simplesmente não existiam quando da proposta de Budeanu, pode-se imaginar a
dificuldade da aplicação do método proposto.
Além disto, em determinados casos, a utilização do método de Budeanu resulta em
inconsistências, como no caso de um circuito linear puramente reativo, sendo alimentado por
uma tensão distorcida. Neste caso as correntes também serão distorcidas, mas DB indicará um
valor igual a zero [26]. A falta de associação das componentes de potência com os fenômenos
físicos que as originam, bem como o fato desta proposta ter sido desenvolvida para sistemas
monofásicos, são algumas outras limitações do método.
Um dos objetivos mais perseguidos tem sido o cálculo de parcelas de potência que possam
ser diretamente associadas com as perdas e eliminadas através de algum tipo de compensador,
sem influir no valor das outras parcelas de potência. No caso da teoria de Budeanu,
principalmente pelo fato de não isolar as correntes ativas e reativas das correntes harmônicas, tal
objetivo não é facilmente atingido.
Entretanto, sabendo que o método de Budeanu é provavelmente o mais difundido e
utilizado na engenharia elétrica, fica uma pergunta: Como pode tal método ter sido adotado e
utilizado com bons resultados?
o qual, nestas condições, também é conhecido como fator de deslocamento. Mesmo não tendo
sido proposto pela primeira vez por Budeanu [2], o fator de potência tem sido utilizado em
conjunto com suas definições e aplicado à tarifação de energia ou mesmo para projeto de
instalações e sistemas de potência (por exemplo, projeto de cabos e transformadores).
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P
Ge ≡ 2
(118)
V
Q
Be ≡ − 2
(119)
V
e, para um sistema trifásico (R,S,T), define as potências ativa e reativa totais como:
{
P = R e VR I *R + VS I *S + VT I *T } (120)
{
Q = I m V R I *R + V S I *S + V T I *T } (121)
i a = G e .v (123)
dv
i r = Be . (124)
d (ω1 t )
ig = i − ia − ir (125)
ia = G e . v (127)
ir = Be . v (128)
ig = i
2
− Ge ( 2
+ Be
2
). v 2
(129)
Neste modelo aparece a separação clara entre corrente reativa e corrente harmônica. O
autor generaliza ainda mais, introduzindo distorção harmônica na fonte, e assumindo que as
harmônicas introduzidas pela carga sejam distintas das existentes na fonte. Seguindo o caminho
análogo ao anterior, o método é aplicado para cada harmônica e as parcelas correspondentes são
então somadas, resultando uma decomposição em 5 componentes ortogonais de corrente,
designadas por:
i = ia + ir + is + iu + ig (130)
2 2 2 2 2 2
i = ia + ir + is + iu + ig (131)
2
de modo que i corresponde ao valor da corrente CC que produz o mesmo efeito térmico que
as correntes das fases i R , i S , i T produziriam em um sistema trifásico simétrico.
Segundo Czarnecki, as diversas parcelas ortogonais têm as seguintes interpretações:
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ia: correntes ativas similares às de Fryze (como será discutido a seguir) para ondas não-
senoidais:
ia = G e. v (132)
ir: correntes reativas devido a indutores e capacitores nas diferentes freqüências harmônicas:
1
2
= ∑ B 2ne . v n
2
ir N u = conj. harmônico da fonte (133)
n∈ N u
A proposta de Czarnecki, apesar de interessante, não tem sido muito utilizada por outros
autores, provavelmente pela complexidade do equacionamento no domínio da freqüência. No
entanto, é interessante notar que tal proposta, além de auxiliar na compreensão dos fenômenos
físicos que compõe o sistema elétrico, poderia ser implementada tanto em sistemas de análise e
monitoração de energia, quanto em sistemas de condicionamento de energia, desde que
utilizando sistemas adequados de processamento digital de sinais [31].
Seja do ponto de vista de análise, quanto de controle, a proposta parece muito interessante
se o objetivo for a identificação, tarifação ou compensação das “correntes” de distúrbio,
entretanto, ainda deixa algumas dúvidas como, por exemplo: como atribuir responsabilidades ou
compensar distúrbios na “tensão” de fornecimento, ou ainda, o que mudaria nas decomposições
propostas se a tensão fundamental do sistema for assimétrica (este tipo de distúrbio parece não
ter sido abordado)? Além disto, destaca-se que, por se tratar de uma definição no domínio da
freqüência, eventuais inter-harmônicos presentes nos sinais de tensão e corrente, podem não ser
interpretadas corretamente. Para isto, a complexidade matemática e implementacional das
análises seriam ainda maiores.
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No entanto, é importante destacar que Czarnecki tem sido um dos autores mais ativos nas
discussões sobre teorias de potência. Como resumido, sua abordagem objetiva subdividir a
corrente de um sistema ou circuito elétrico em várias sub-parcelas, cada qual associada com um
tipo diferente de fenômeno físico e conseqüentemente, responsável por uma componente de
potência distinta. Czarnecki também tem contribuído para discussões como a necessidade ou não
da definição de potência aparente, visto que esta é muito mais uma interpretação matemática do
que física; bem como para estudos de compensadores ativos ou passivos; e ainda para
desmistificar determinadas teorias [26,32,33] ou questionar sobre quais seriam os verdadeiros
requisitos para uma “teoria de potências”.
Uma vez que o foco de sua proposta é a associação com os fenômenos físicos, em
trabalhos recentes o autor vem denominando tal proposta de Teoria das Componentes Físicas de
Corrente, do inglês, Theory of the Current's Physical Components (CPC) [33].
Como será visto adiante, a abordagem de Czarnecki no domínio da freqüência tem muitas
semelhanças com as definições de Depenbrock no domínio do tempo [17].
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impedâncias das duas formas de conexão (Z∆ = 3ZY). Essa hipótese também é feita para analisar
sistemas desbalanceados, sob condições não-senoidais.
No caso de correntes desequilibradas deve-se analisar se o sistema possui ou não condutor
de retorno. Caso haja condutor de retorno, Figura 23a, poderá haver corrente nesse condutor,
dada pela soma das correntes nas 3 fases.
va va Ie
r l Ia r l
a a
R
vb C vb
Ib Ie
b r l A b r l
R R
vc G vc R R
Ie
r l Ic A r l
c c R
rn ln rn ln In=0 Ve Ve Ve
n In ≠ 0 n R
∆P = I 2 r (138)
Assim, a perda total para o sistema da Figura 23a será definida como as soma das perdas
nas três fases mais a perda no condutor de retorno (neutro):
∆Pt = r ( I a2 + I 2b + I c2 ) + rn I 2n (139)
Para uma dada potência na carga e condições otimizadas de operação, as correntes nas
linhas serão mínimas se a carga for resistiva e balanceada, resultando FP = 1 (Figura 23b).
Nessas condições, as intensidades das correntes eficazes serão dadas por I a = I b = I c = I e e
I n = 0 . Para as mesmas perdas de transmissão, tem-se a seguinte relação:
onde a corrente eficaz equivalente ( I e ) é definida em função das perdas do sistema real,
aplicadas a um sistema equivalente balanceado. Logo, igualando as equações (139) e (140) tem-
se:
1 2 2 2
Ie = (I a + I b + I c + ρI 2n ) (141)
3
rn
onde ρ = é a relação entre a resistência do condutor de retorno (rn) e a resistência dos
r
condutores das fases (r), as quais em geral, não são iguais.
Uma análise semelhante é feita para a tensão eficaz equivalente ( Ve ), obtida considerando
que a carga no circuito real (Figura 23a) consiste de grupos de cargas conectadas em Υ e em ∆ .
Cada grupo é caracterizado por uma resistência equivalente RΥ e R∆ respectivamente (Figura
23b), e a potência absorvida no sistema real, é dada em função das tensões eficazes de fase e de
linha:
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3Ve2 9Ve2
Pe = + (143)
RY R∆
V2
Dado que P = , para o circuito da Figura 23b (equivalente) resulta:
R
3Ve2 9Ve2
PΥ = , e P∆ =
RΥ R∆
e, assim, tem-se a relação das potências absorvidas entre os grupos de cargas ligadas em ∆ e Y:
9Ve2
P R 3R Υ
ξ = ∆ = ∆2 = (144)
PΥ 3Ve R∆
RΥ
Substituindo a equação (142) nas equações (143) e (144) e igualando estas duas equações
obtém-se:
Van2 + Vbn2 + Vcn2 Vab2 + Vbc2 + Vca2 3Ve2 9Ve2
+ = +
RY 3R Υ R Y 3R Υ
ξ ξ
(145)
Ve =
( ) ( )
3 Van2 + Vbn2 + Vcn2 + Vab2 + Vbc2 + Vca2 ξ
9(1 + ξ)
considerando ξ = 1 que, segundo a equação (144), implica potências iguais dos grupos de cargas
em Y e em ∆ ou que P∆ = PΥ e R ∆ = 3R Υ , resulta da equação (145):
Ve =
( ) (
3 Van2 + Vbn2 + Vcn2 + Vab2 + Vbc2 + Vca2 ) (146)
18
Para sistemas trifásicos com três condutores sem neutro ( I n = 0 ) a equação (141) é
simplificada para:
1 2 2 2
Ie = (I a + I b + I c ) (147)
3
Para a tensão equivalente efetiva com três condutores considera-se PΥ = 0 , ξ → ∞ ,
RΥ → ∞ , Re = R∆ / 3 , e assim a equação (146) é simplificada para:
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1 2
Ve = (Vab + Vbc2 + Vca2 ) (148)
9
Os valores Ve e Ie calculados dessa maneira representam valores por fase do sistema
equivalente balanceado. A potência aparente efetiva total é definida como:
Se = 3Ve I e (149)
Esta definição de potência aparente é diferente das usadas nas definições clássicas, por
incluir a corrente e resistência do condutor de retorno (neutro), além de considerar o sistema
trifásico como um sistema polifásico de fato, e não um somatório de sistemas monofásicos.
Quanto à definição de potência ativa (P) existe um consenso de que seja calculado como o
valor médio, sobre um ou mais períodos do sinal, do produto das tensões de fase-neutro pelas
respectivas correntes:
t + kT
1
P=
kT ∫ (i
t
a v a + i b v b + i c v c ) dt (150)
onde T é o período das tensões e correntes, “t” é o instante inicial de integração e k é um número
inteiro de períodos para o cálculo da média (em geral k=1).
Desta forma, o fator de potência efetivo é definido como a razão entre a potência ativa
equação (150) e a potência aparente efetiva (149):
P
FPe = (151)
Se
I e = I e21 + I eH
2 (152)
Ve = Ve21 + VeH
2 (153)
onde o índice “1” representa a componente fundamental 60/50Hz e “H” o conjunto das
componentes harmônicas do sistema.
As componentes fundamentais equivalentes por fase da corrente e tensão por fase podem
ser obtidas por:
1 2
I e1 =
3
(
I a1 + I 2b1 + I c21 + ρI 2n1 ) (154)
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1
Ve1 =
18
[( )
3 Va21 + Vb21 + Vc21 + Vab2 1 + Vbc2 1 + Vca2 1 ] (155)
I eH = I e2 − I e21 (157)
Notar que essa parcela de potência, causada pela presença de componentes harmônicos e
inter-harmônicos distintos nas tensões e correntes, tem caráter oscilatório.
Sistemas trifásicos equivalentes em condições desequilibradas
Para cargas desbalanceadas, define-se a potência aparente fundamental de desequilíbrio,
pela diferença:
Sendo:
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P1+
+
FP = +
1 (165)
S1
Esta relação pode ser associada com o fator de deslocamento ( cos φ1 ) dos sistemas elétricos
senoidais e equilibrados.
Várias outras parcelas de potência ou relações entre estas, ainda podem ser extraídas da
abordagem proposta em [34], no entanto, já é possível tecer alguns comentários sobre vantagens,
desvantagens e semelhanças desta proposta em relação a outras referências:
Vantagens:
• O fato de separar as componentes fundamentais e de seqüência positiva das demais
parcelas da tensão, corrente e potência, é um ponto importante no que tange à
compreensão dos fenômenos físicos, bem como em relação à medição e tarifação das
potências envolvidas no processo de fornecimento de energia;
• Por utilizar as definições de grandezas equivalentes de Buchholz, o método procura tratar
de forma adequada sistemas trifásicos com três ou quatro fios (embora trabalhos recentes
apontem algumas inconsistências [10]);
• O método permite uma certa flexibilidade em relação a quantas e quais parcelas de
potência se deseja calcular, dependendo da necessidade ou objetivo do usuário;
• As novas definições têm uma estreita relação com os conceitos convencionais para o caso
senoidal e balanceado;
• A definição de Potência Aparente Efetiva parece mais rigorosa e útil do que as definições
convencionais;
Desvantagens:
• Uma vez que o foco principal dos trabalhos desenvolvidos pelos autores em questão
sempre foi a normalização dos protocolos de medição e tarifação de energia em
condições não-senoidais e/ou desbalanceadas, todas as definições são baseadas em
valores eficazes, quando na verdade poderiam ter sido generalizadas no domínio do
tempo e, então, aplicadas para tarifação;
• Mesmo permitindo a identificação de parcelas de potência que poderiam ser
compensadas (eliminadas) através de compensadores ativos (SeN) ou passivos (Q12), por
não ser este o objetivo principal do grupo, tais vertentes da proposta ainda não foram
suficientemente exploradas;
• Um ponto crítico em quase todas as propostas de teoria de potência é a identificação do
sentido do fluxo de potência harmônico, o que nesta proposta também não foi
solucionado;
• Outro ponto que ainda requer aprimoramento, tratando-se de uma recomendação IEEE, é
o fato de que os algoritmos e protocolos para os cálculos das componentes fundamentais,
harmônicas ou de seqüência positiva não foram abordados;
Discussão:
Baseado nos comentários anteriores, pode-se afirmar que a proposta atual do grupo do
IEEE apresenta inovações em relação às recomendações anteriores do próprio IEEE. Tal
proposta também traz várias semelhanças com as propostas de outros autores contemporâneos,
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I 2 = I w2 + I b2 (168)
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 32
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que é a Potência Reativa de Fryze e também pode ser encontrada na literatura com o nome de
Potência Fictícia ou Não-Ativa.
Além disto, utilizando a desigualdade de Schwartz que diz que:
2
b f ( x ). g ( x ) dx ≤ b b
∫a ∫ f 2 ( x ) dx ⋅ ∫ g 2 ( x ) dx (172)
a a
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onde “m” indica o número de condutores que ligam a fonte à carga e o * indica que os valores
das tensões foram medidos em relação à referência virtual.
O método FBD considera como ativos todos os condutores do sistema polifásico, inclusive
o condutor neutro (usualmente considerado retorno). Para o cálculo das tensões, toma como
referência um “ponto virtual”, Figura 23b, e não o condutor de neutro (retorno) como é
realizado usualmente, inclusive na proposta da STD 1459-2000.
va va ia
r Ia r l
a l a
vb C vb C
r l Ib A r l ib A
b b
R R
vc G vc G
r l Ic A r l ic A
c c
r l In r l in
n n
∑i
υ =1
υ =0 ∑v υ=1
υ* =0 (176)
T
1
V = ∫ v2∑ * (t)dt = v* (t) ⋅ v* (t)
2
∑* (179)
T0
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A equação (180) é igual à da potência ativa convencional, porém com as tensões medidas
em relação ao ponto virtual. A potência aparente coletiva total é dada pela seguinte expressão:
S ∑ = V∑ * I ∑ (181)
Esta potência foi introduzida por Buchholz, e considera todas as tensões e correntes do
sistema elétrico. A partir, das equações (180-181) pode-se obter o fator de potência como sendo:
P∑
FPΣ = (182)
S∑
• Correntes de Potência Zero ( iυz ): não contribuem para a transferência de energia. Estas
correntes podem ser compensadas sem a necessidade de armazenadores de energia
[38,39]:
m
iν z = i − iν p PΣz = ∑ v v* ⋅ i vz = 0 (185)
v =1
• Correntes Não-Ativas ( iυn ): associadas aos vários tipos de distúrbios e oscilações que
afetam a potência instantânea, mas não transferem energia para as cargas:
iν n = i − iν a = iν z + iν v (186)
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1 1 1
i0 2 2 2 ia
2 1 1
iα = 3 1 − 2 − 2 ib . (188)
iβ ic
0 3 − 3
2 2
A Teoria pq define duas potências “reais” instantâneas ( pαβ e p0) e uma potência
“imaginária” instantânea ( qαβ ) para o sistema trifásico a quatro fios:
Observando-se a Figura 24, pode-se concluir que a potência instantânea real seria formada
pela componente de seqüência zero ( p0 = v0 .i0 ), que circula por um “circuito monofásico de
seqüência zero”, o qual é independente, e pela componente pαβ definida pelo produto das
tensões instantâneas em uma fase pelas correntes instantâneas correspondentes às mesmas fases
(produto escalar), ou seja:
e desta forma, representaria a potência real ativa instantânea (em Watts) que circularia pelo
sistema bifásico formado pelos circuitos αβ [43].
A potência formada pela soma dos produtos de tensões de uma fase, pelas correntes em
outra fase (produto vetorial) é definida como uma nova grandeza elétrica, a potência imaginária
instantânea ( qαβ ), dada em Volt-Ampère-Imaginário (VAI):
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Assim como proposto em [23], a potência imaginária definida acima tem sinal contrário do
proposto originalmente por Akagi et al. e pode ser associada a vários aspectos:
• o fato de que pela álgebra vetorial adotada e sendo a potência imaginária ortogonal à
potência real, a qual é definida sobre eixo real das coordenadas, a potência imaginária
resulta no eixo imaginário das coordenadas;
• também pelo fato que, ao contrário das potências instantâneas reais, esta componente não
participa da transferência de potências entre fontes geradoras e as cargas, conforme
indicado na Figura 25;
• por fim, pelo fato de ser apenas uma definição matemática, a qual é utilizada para
quantificar as parcelas de potência instantâneas que correspondem a interações de
energia, entre as fases do sistema, sejam elas constantes ou não.
Figura 24 - Circuitos que contribuem para o fluxo de potência instantânea - Teoria pq.
A equação a seguir traz uma analogia ao cálculo convencional de potência instantânea para
um sistema trifásico a quatro fios, com a teoria apresentada:
p3φ = va .ia + vb .ib + vc .ic = vα .iα + vβ .iβ + v0 .i0 = pαβ + p0 (192)
Com isso, observa-se que a potência instantânea trifásica é dada pela soma das potências
instantâneas reais de Akagi, ressaltando que a presença da componente de seqüência zero (p0) é
indesejada no sistema elétrico.
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 39
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vα
iα p = . pαβ (195)
(vα + vβ2 )
2
vβ
iα q = − .qαβ (196)
(vα + vβ2 )
2
vβ
iβ p = . pαβ (197)
(vα2 + vβ2 )
vα
iβ q = .qαβ (198)
(vα + vβ2 )
2
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o que deixa claro que a corrente de seqüência zero faz parte de um circuito independente e
contribui somente para o fluxo de potência fonte-carga, mesmo que sempre acompanhada de
oscilações. No entanto, segundo esta abordagem, as correntes αβ são constituídas por parcelas
ativas e reativas, sendo esta última relacionada com a potência imaginária.
Usando as expressões das correntes iα e iβ decompostas para retornar ao cálculo das
componentes de potência, tem-se que:
pαβ = vα .iα p + vα .iα q + vβ .iβ p + vβ .iβ q = pα p + pα q + pβ p + pβ q . (199)
por isso foram denominadas como componentes de potência reativa instantânea, e estão
relacionadas ao conceito de potência imaginária, já que estas parcelas de potência circulam entre
as fases do sistema elétrico, sem contribuir para o fluxo real.
O fato das potências reativas instantâneas se anularem quando somadas entre si, levou os
autores a concluírem que se um compensador eletrônico (ativo) criasse a interação entre as fases,
estaria eliminando (confinando para o lado da carga e impedindo assim sua circulação pelo
sistema de fornecimento de energia) estas parcelas de potência que são indesejadas ao sistema
elétrico, uma vez que só contribuem para o acréscimo de perdas. Considerando as correntes
reativas instantâneas como as referências para os compensadores, automaticamente a potência
imaginária seria eliminada, reduzindo as perdas do sistema e elevando o fator de potência.
Destaca-se que pela transformação inversa de (196), pode-se calcular o valor instantâneo das
correntes reativas nas coordenadas originais a,b,c.
Seguindo a abordagem proposta [12], as potências poderiam ser decompostas ainda como:
pαβ = pαβ + p% αβ qαβ = qαβ + q%αβ (202)
onde o sinal barrado representa as componentes médias (CC) de pαβ e qαβ , as quais se
originariam, respectivamente, da corrente ativa fundamental e da corrente reativa fundamental. O
sinal oscilatório representa os componentes CA das potências, os quais seriam originados de
componentes harmônicas e componentes assimétricas (seqüência negativa). Assim, utilizando
expressões similares as equações de (202)-(206), seria possível calcular as correntes
“instantâneas” relacionadas com cada parcela de potência média ou oscilatória. Tais correntes
poderiam ser utilizadas nos algoritmos de controle para que a potência resultante após a conexão
de um compensador fosse apenas p .
Neste ponto, algumas considerações devem ser feitas:
• se as tensões do sistemas não forem perfeitamente senoidais, as potências médias p e q
não são provenientes apenas das correntes fundamentais ativa e reativa, mas sim de uma
composição harmônica que depende da forma de onda da tensão e do tipo de carga
envolvida. Neste caso, a compensação de p% αβ e q não significa que a corrente que circula
pelo sistema compensado seja senoidal;
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 41
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• uma vez que as parcelas médias e oscilatórias são separadas por meio de filtros passa-
baixas, os quais normalmente possuem uma dinâmica lenta, as correntes derivadas desta
decomposição não deveriam ser relacionadas com o termo “instantâneo”, como será
discutido novamente mais adiante.
Discussão:
A Teoria pq pode ser bastante eficiente para o projeto de compensadores eletrônicos, no
entanto, existem limitações e desvantagens desta proposta quando formalizada como uma “teoria
de potência”, a qual deveria ser geral o suficiente para ser aplicada nas mais diversas áreas da
engenharia elétrica. Alguns pontos podem ser destacados:
• a necessidade da transformação de coordenadas por si, já é uma desvantagem do ponto de
vista da teoria de potência, uma vez que não permite a associação direta dos fenômenos
físicos, com suas respectivas contribuições nas grandezas elétricas de tensão, corrente e
potência em seu sistema de coordenadas original (a,b,c);
• do ponto de vista de instrumentação para monitoração de distúrbios na qualidade de
energia, esta teoria não permite separar e identificar a origem da deterioração quando
vários fatores estão presentes simultaneamente;
• não é possível sua aplicação em sistemas monofásicos;
• a compensação baseada na eliminação das correntes reativas instantâneas não é geral a
ponto de minimizar as perdas de energia no sistema, ou seja, esta técnica só funciona
perfeitamente se as tensões de alimentação forem simétricas e senoidais;
• no caso das tensões de alimentação não seguirem a condição anterior, é necessária a
escolha de uma técnica de controle para o dispositivo de compensação que possibilite
atingir os objetivos desejados, sejam eles: eliminar a potência imaginária, eliminar a
contribuição de harmônicos, manter a potência ativa constante no ponto de acoplamento
comum (PAC), manter as correntes do PAC senoidais e equilibrada, eliminar a corrente
de seqüência zero, dentre outras. Ressaltando que a escolha de um dos objetivos de
controle acima para a filtragem ativa, não significa que os outros estarão sendo
satisfeitos, ou seja, o controle do dispositivo pode estar garantindo um objetivo e
prejudicando outro [44];
• mesmo que se faça uma escolha correta no momento de projetar o controle de um
compensador, fica quase impossível ter visão e controle “seletivo” dos distúrbios
envolvidos, já que foram agrupados nas parcelas αβ ;
• não prevê a separação das contribuições dos sinais fundamentais daqueles com distorções
harmônicas.
O trabalho desenvolvido por Akagi et al. foi uma das maiores contribuições dos últimos
anos, no campo de compensação de distúrbios, mas não pode ser tratada como uma teoria de
potências simples e geral a ponto de ser incorporada, por exemplo, aos conceitos básicos no
ensino de engenharia elétrica ou mesmo para aplicações como monitoração ou tarifação de
energia. O espaço dado ao seu estudo neste capítulo, baseia-se no fato de que sua ampla
divulgação e utilização em sistemas de condicionamento de energia podem criar a imagem de
que sua generalização para outras áreas da engenharia elétrica se daria de forma simples e direta,
o que não é verdade.
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 42
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(203)
Onde , , são as integrais no tempo da tensão, e
correntes, , enquanto , são os valores médios de cada e , em um período T (isso é
feito para eliminar o valor médio proveniente da integração de um valor inicial diferente de
zero).
Note que e são dimensionalmente homogêneos à tensão e à corrente, respectivamente.
Isso significa que a operação de integração não influencia a amplitude dos sinais resultants, uma
vez que são multiplicados pela frequência angular.
De forma análoga, a tensão e a corrente em homo-derivadas são:
(204)
Assim como e , as variáveis e também são dimensionalmente homogêneas às
tensões e correntes originais, respectivamente. Neste caso as derivadas são multiplicadas pelo
inverso da frequência angular.
Considerando quantidades periódicas com período T e frequência angular fundamental
, é bem conhecido que o produto interno dos vetores de tensão e de corrente é definido
como:
(205)
2
O texto original, bem como as figuras, foram obtidos, com autorização do autor, nas referências [54, 55].
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 43
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(206)
o que resulta em valores eficazes coletivos iguais ao do método FBD ( ). Para circuitos
monofásicos, ou considerando cada fase de um sistema m-dimensional:
(207)
(208)
Ainda mais, se e forem quantidades senoidais com valores eficazes respectivamente
iguais a e e defasagem ϕ, as seguintes propriedades são válidas:
(209)
que exatamente corresponde às definições tradicionais de potência ativa e reativa em circuitos
monofásicos.
Para comportamento periódico, as seguintes quantidades foram definidas, as quais são válidas
para formas de onda senoidais ou distorcidas, em condições balanceadas ou não:
Potência ativa: que representa a potência média entregue à carga. Tal defnição é idêntica às
definições tradicionais (Steinmetz, Budeanu, Fryze, Buchholz).
(210)
Potência reativa: que está associada à energia media acumulada em uma rede e foi definida
como:
(211)
O significado físico destes termos de potência são largamente discutidos em [50].
A corrente pode ser decomposta em algumas parcelas, de acordo com sua associação com
os termos de potência. A corrente ativa é a mínima corrente (isto é, com norma mínima) que é
capaz de fornecer a potência ativa P à carga e é definida como:
(212)
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(213)
Ambas correntes têm um significado físico claro. Estão associadas com a presença de
potência ativa e reativa e permitem estabelecer valores médios para a condutância , e
susceptância da carga.
A corrente residual (void current) não se relaciona nem a nem a :
(214)
De acordo com os autores [50], a corrente residual pode existir apenas na presence de
distorção na corrente, no entanto, como mostrado em [54, 55] ela também é influenciada por
desbalanços.
Por definição, todos os termos de corrente são ortogonais.
(215)
6.2.4.1 Caso I: Sistema com carga resistiva desbalanceada – alimentador com baixa
impedância
A figura 26 mostra o circuito considerado, enquanto na tabela I têm-se os parâmetros. A
figura 27 mostra as tensões e correntes calculadas no PAC.
TABELA I – TENSÕES E IMPEDÂNCIAS PARA O CASO I.
Fonte Linha Carga (Y)
Va = 127∠0º Vrms RLa = 1mΩ LLa= 10 µH Ra = 9,3405Ω
Vb = 127∠-120º
RLb = 1mΩ LLb=10µH Rb = 6,2270Ω
Vrms
Vc = 127∠120º Vrms RLc = 1mΩ LLc=10µH Rc =3,1135Ω
vb RLb LLb Rb
ib
vc RLc LLc Rc
ic
va* vb* vc*
*
Virtual start point
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200
150
a b c
100
] 50 b c
A a
[
i 0
]
V
[ -50
v
-100
-150
-200
1.97 1.975 1.98 1.985 1.99 1.995 2
Time [s]
Figura 27: Tensões e correntes no PAC para o caso I.
Note que tensões e correntes das respectivas fazes não estão exatamente em fase, uma vez
que as tensões são medidas em relação ao ponto virtual, o que, na prática, representa que as
tensões estão referenciadas ao ponto neutro das fontes, ao invés do pnto neutro das cargas. Além
disso, as tensões resultam balanceadas uma vez que este procedimento de medição elimina a
componente homopolar (sequência zero) das tensões da carga.
A figura 28 mostra a decomposição da corrente pelos métodos FBD (a), teoria pq (b) e
CPT (c). Neste caso, a corrente ativa baseada na teoria FBD e na CPT são exatamente as
mesmas, pois ambas são baseadas nas definições de Fryze. Adicionalmente, elas coincidem com
a parte media da corrente ativa definida por Akagi ( ) e estão em fase com as respectivas
tensões, uma vez que tem-se uma situação de tensões senoidais e balanceadas
( ).
Há, no entanto, outros resultados que divergem de uma análise para outra. Por exemplo, as
components e resultam distorcidas, mesmo sem que haja qualquer distorção nas
tensões, nem mesmo cargas não-lineares. Isso poderia indicar que tais componentes da corrente
não são uma boa representação dos fenômenos de potência, em tais condições. Também a parte
oscilatória da corrente ativa de Akagi ( ) é distorcida, o que significa que a corrente ativa
total não é senoidal. Mesmo para uma carga puramente resistiva, a decomposição indica a
existência de corrente reativa!
Finalmente, a figura 28-c mostra a decomposição da corrente baseada na CPT. Note que as
correntes reativas resultam nulas ( ), indicando a ausência de elementos armazenadores
de energia. As componentes residuais de corrente são senoidais ( ) e representam o
desbalanceamento da carga.
A figura 29 mostra os espectros das correntes nas diferentes decomposições, permitindo
estabelecer as seguintes relações:
(216)
Czarnecki [33] demonstrou que as componentes ativa e reativa totais da teoria pq apresentam
um conteúdo de terceira harmônica originado pela decomposição em si. Das figuras 28 e 29
pode-se verificar que tais harmônicas estão presentes nas componentes oscilatórias ( ) e
( ). Em [54] mostra-se que um comportamento análogo ocorre com a FBD.
Em termos de interpretação física dos fenômenos, estes resultados sugerem que a CPT é
mais apropriada e consistente, tomando como base as definições tradicionais para sinais
senoidais. O desbalanço da carga aparece refletido na componente residual de corrente. Note
que tais correntes são de sequência negativa ( ).
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 46
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50 50 50
25 c 25 c 25 c
a b a b a b
] 0 ] 0 ] 0
A
[ -25 A[ A
[ -25
i i -25 i
-50 -50 -50
1.97 1.98 1.99 2 1.97 1.98 1.99 2 1.97 1.98 1.99 2
50 50 50
a b c a b c a b c
25 25 25
] ] ]
A 0 A
[ 0 0
[ A
[
i a -25 p- -25 a -25
i i
-50 -50 -50
1.97 1.98 1.99 2 1.97 1.98 1.99 2 1.97 1.98 1.99 2
20 20 20
10
c b a a c b
10 10
] ] ]
A 0 A
[ 0 0
[ A
[
z -10 ~
p -10 r -10
i i i
-20 -20 -20
1.97 1.98 1.99 2 1.97 1.98 1.99 2 1.97 1.98 1.99 2
20 20 20
10
a c b c b a a c b
10 10
] ] ]
A 0 A 0 0
[ [ A
[
v -10 q -10 v -10
i i i
-20 -20 -20
1.97 1.98 1.99 2 1.97 1.98 1.99 2 1.97 1.98 1.99 2
Tim e [s] Tim e [s] Tim e [s]
a) FBD-decomposição b) pq-decomposição c) CPT-decomposição
Figura 28: Decomposições da corrente para o Caso I.
10
10
8
8
6 6
] ]
A
[ 4 A
[
z 4
i ~p
2 i
2
0 0
0 0
60 60
120 120
180 180
F [Hz] 240 F [Hz] 240
10 300 300
360 abc 10 360 abc
8 8
6 6
] ]
A
[ 4 A
[ 4
v q
i i
2 2
0 0
0 0
60 60
120 120
180
180
F [Hz] 240
F [Hz] 240 300
300 360 abc
360 abc
a) FBD-decomposição b) pq-decomposição
Figura 29: Espectro de alguns componentes de corrente nas decomposições FBD e pq Caso I.
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(217)
LOAD
Lcc
SOURCE LINE PCC
va RLa L La
R cc
ia
vb RLb LLb Ls
ib
C cc R cc
vc RLc L Lc
ic
va* vb* vc* R ca
Lca
*
Virtual start point
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(218)
a b c
100
] a b c
A[
i 0
]
V[
v -100
-200
1.97 1.98 1.99 2
Tim e [s]
Figura 32: Tensão e corrente no PAC para o caso III.
Das figuras 33 e 34 pode-se obter as seguintes relações:
(219)
Observe que a parte média da corrente ativa de Akagi ( ) difere das correntes ativas
da teoria FBD e da CPT. Isso se deve ao fato de que em caso de tensões não-senoidais ou
desbalanceadas o denominador de (195) e (197) não é constante.
Outra observação e que as correntes reativas da teoria CPT são levemente distorcidas
(veja figura 34), o que está condizente com a situação de distorção na tensão junto à carga. No
caso II isso também ocorre, mas como a distorção é muito pequena, passa desapercebida.
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 49
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50 50 25
40 40 20
30 ] 30 ] 15
] A
A
[a A
[ [ r
i 20 -p 20 i 10
i
10 10 5
0 0 0
0 0 0
60 60 60
120 120 120
180 180
180 240
240 240
300 300 300
360 360 F [Hz] 360
420 420
420 480
480 480
540 540 c
F [Hz]
600 ab
c F [Hz] 540
ab
c 600 a b
600
35 5
30
4
25
3
20 ]
] A
[
A
[z 15 2
~p
i i
10
1
5
0
0
0
0 60
60 120
120 180
180 240
240 300
300 360
360 420
420 480
480 F [Hz] 540
F [Hz] 540 600 ab c
600 abc
35
7 30
6 25
5 20
]
4 A
[ 15
] i
q
A
[v 3 10
i
2 5
1 0
0
0 60
0 120
60 180
120 240
180 300
240 360
300 420
360 480
F [Hz] 540
420
480 600 ab c
F [Hz] 540
600 abc
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LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 51
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Sistema não-senoidal
e desequilibrado
1
Sistema senoidal
e desequilibrado
2
Sistema senoidal
e equilibrado
3
Correntes
ativas
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 52
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freqüência (FFT), basta calcular a componente fundamental e pela diferença com a entrada (vide
Figura 35), obtém-se o termo residual responsável por harmônicos e “inter-harmônicos” com
bastante precisão. A Figura 36 indica uma forma alternativa para obtenção das parcelas residuais
e fundamentais (algoritmo dual).
Desta forma, se o objetivo for quantificar as distorções de forma de onda presentes nos
sinais de tensão e corrente, seja para avaliação, compensação ou tarifação, vres e ires seriam as
variáveis que devem ser monitoradas ou eliminadas. É claro que neste caso não é possível saber
quais e quanto de cada harmônico ou inter-harmônico está presente no sinal, visto que para isto
seria necessária uma varredura completa no domínio da freqüência.
Do ponto de vista de compensação, a eliminação destas duas parcelas residuais significa a
compensação de toda distorção nas formas de onda dos sinais, o que pode ser atingido usando
tais parcelas como erro para o projeto do compensador escolhido.
X Identificação X1 Xres
da
Fundamental -
+
X Eliminação Xres X1
da
Fundamental -
+
v + a1 i + a1
v1+ = v + b1 i1+ = i + b1 (222)
v+ i +
c1 c1
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 53
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Destaca-se o termo “fundamental”, uma vez que todo este processo poderia, se necessário,
ser aplicado a cada freqüência harmônica, ou seja, poderiam ser calculadas as componentes de
seqüência para qualquer freqüência harmônica [1].
Neste ponto já se pode, por exemplo, definir um vetor auxiliar de tensões como:
vd = v − v1+ (223)
o qual pode ser denominado de tensão de distúrbio, e representa todas as distorções e assimetrias
presentes no sinal de tensão. A eliminação desta parcela de tensão faz com que a tensão em um
determinado PAC respeite as condições ditas ideais de fornecimento e pode ser efetuada, por
exemplo, através de Restauradores Dinâmicos de Tensão (DVR) ou Filtros Ativos Série.
Tomando as componentes fundamentais da tensão e da corrente, poder-se-ia estimar os
vetores das componentes de desequilíbrio ou assimetria (u do inglês, unbalanced) como:
os quais poderiam ser usados tanto para medir e monitorar o valor das assimetrias, quanto para
controlá-las isoladamente de outros distúrbios (seletividade). Diversos trabalhos têm ressaltado a
importância do efeito destas assimetrias no sistema elétrico, que muitas vezes podem ser mais
prejudiciais do que as distorções de forma de onda [49]. O diagrama da Figura 37 ilustra o
procedimento sugerido.
X Xd
+ -
X1 X1+ Xu1
Sequência
Positiva - +
v = v ⋅v . (227)
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i ' = ir = g e .v . (228)
Vale destacar que as expressões anteriores podem ser calculadas de forma quase-
instantânea, considerando-se sistemas discretos com elevadas taxas de amostragem ou através de
valores médios por período (ou períodos).
Considerações sobre o valor de ge:
É interessante observar que no caso do valor de ge ser variável no tempo, as correntes
resultantes da minimização não terão a mesma forma de onda das tensões. Tal condição pode
ocorrer em vários casos práticos, sendo os principais:
• sistemas com cargas não-lineares;
• cargas desbalanceadas, com tensões de alimentação equilibradas;
• cargas desbalanceadas, com tensões de alimentação desequilibradas.
Nestes casos, a potência instantânea (p) deve variar de forma não-proporcional à norma
2
quadrática das tensões ( v ⋅ v ) e, conseqüentemente, o valor de ge não é uma constante e,
portanto, não representa um conjunto de cargas lineares e equilibradas. Este é um dos principais
motivos para identificação da condutância equivalente média (Ga) e sua respectiva parcela de
corrente (ia). Para isto, basta efetuar as expressões (217) e (218) utilizando os valores médios por
período da fundamental (T), ou seja:
T T
1 1
T ∫0 T ∫0
i ⋅v ia .va + ib .vb + ic .vc
P
Ga = T
= T
= 2
(229)
1 1 V
T ∫0 T ∫0
v ⋅v va .va + vb .vb + vc .vc
iaa
ia = Ga .v = iba (230)
ica
coincide com a corrente ativa definida por Fryze [4], expandida por Depenbrock para o caso
polifásico e também usada na CPT. A forma de onda é exatamente proporcional à da tensão. Tal
corrente representa a mínima corrente necessária para representar a potência ativa média (P) em
uma dada instalação.
Uma vez que ia depende do valor médio da potência instantânea e do valor eficaz
quadrático das tensões, sugere-se desvincular esta componente do termo instantâneo,
denominando-a apenas de corrente ativa [4,30]. Vale lembrar que ia não precisa ser senoidal,
apenas periódica. Como conseqüência, pode conter contribuições tanto da componente
fundamental, quanto de eventuais harmônicos presentes na tensão.
O equacionamento anterior sugere, portanto, que a corrente resistiva instantânea (ir) é
composta por:
i r = i a + iv (231)
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 55
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Existem apenas dois casos em que a condutância equivalente instantânea (ge) será
constante, são eles:
• Circuitos polifásicos resistivos, lineares e equilibrados ( ga = gb = gc ), no qual as tensões
de alimentação podem ser quaisquer (inclusive assimétricas e não-senoidais);
• Circuitos polifásicos reativos, lineares e equilibrados, no qual as tensões de alimentação
são puramente senoidais e equilibradas. Esse é um caso particular de interesse em
sistemas de energia, onde cada ramo do circuito pode ser representado por uma
condutância e uma susceptância em série ou paralelo, formando um circuito balanceado.
Nos sistemas elétricos atuais, tanto um caso como outro são bastante específicos e difíceis
de ocorrer. Entretanto, o segundo caso representa o subsistema formado após as Decomposições
I e II, ou seja, um subsistema de tensões ( v1+ ) e correntes ( i1+ ) senoidais e equilibradas, mas
podendo estar defasadas entre si, devido ao comportamento não-resistivo das cargas. Daí o
interesse e a necessidade das duas decomposições anteriores.
a projeção do vetor i1+ sobre o vetor v1+ é calculada pelo método do Multiplicador de Lagrange
de forma que o vetor instantâneo resultante
T T T
1 1 + + 1 + +
T ∫0 T ∫0 T ∫0
p1+ i1 ⋅ v1 ia1 .va1 + ib1+ .vb1+ + ic1+ .vc1+
+ + + P1+
i =
1a T
.v =
1 T
.v =
1 T
= 2
(234)
1 + + 1 + + 1 V1+
T ∫0 T ∫0 T ∫0
v1 ⋅ v1 v1 ⋅ v1 va1+ .va1+ + vb1+ .vb1+ + vc1+ .vc1+
seja denominado de corrente fundamental ativa de seqüência positiva ( i1+a ), o qual representa
a corrente ideal de um sistema elétrico, sendo que:
v1+ .i1+ = v1+ .i1+a . (235)
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que define a parcela denominada corrente de distúrbio, a qual representa todas as formas de
deterioração do sinal de corrente (reativos, distorções, desequilíbrios, não-linearidades, etc.).
Uma vez eliminada ou compensada a parcela id , a corrente resultante seria apenas a
corrente ideal i1+a . Desta forma id pode ser usada como referência de controle para dispositivos
de compensação, entretanto, deve-se ressaltar que esta corrente não pode ser completamente
compensada sem a utilização de armazenadores ou fontes auxiliares de energia.
Através desta última decomposição, também é possível identificar, no domínio do tempo, a
parcela de corrente convencionalmente relacionada com as cargas reativas lineares (indutores e
capacitores) balanceadas:
i1+q = i1+ − i1+a (237)
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1ºDecomposição 2ºDecomposição V
+ 3ºDecomposição
Vres V1u Vd
+ + - i
V
- V1 - V1 +
i1a+ +
Identificação Identificação id
Multiplicador
i da da sequência
de Lagrange -
fundamental positiva
-
i1 - i1 +
- i1q+
+ ires
+ i1u
+
ir i1r
Multiplicador Multiplicador
de Lagrange - iz de Lagrange - i1z
+ +
3ºDecomposição 3ºDecomposição
Grandezas Coletivas:
Seja através de variáveis coletivas [39] ou equivalentes [34], já é praticamente consenso
que o sistema polifásico deve ser interpretado não como vários sistemas monofásicos, mas sim
como um todo. Desta forma, os cálculos de potência propostos utilizam o conceito de grandezas
coletivas. Assim, o valor instantâneo da tensão coletiva é dado por:
vΣ = va ⋅ va + vb ⋅ vb + vc ⋅ vc + vn ⋅ vn . (238)
Utilizando a equação anterior, o valor eficaz coletivo pode ser expresso por:
T
1 2
T ∫0
VΣ = vΣ .dt , (239)
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p = va ⋅ ia + vb ⋅ ib + vc ⋅ ic + vn ⋅ in , (240)
De posse dos valores eficazes da tensão coletiva e corrente coletiva é possível definir a
potência aparente como:
SΣ = VΣ ⋅ I Σ . (242)
P
FPe = . (243)
SΣ
vΣ1 = va1 ⋅ va1 + vb1 ⋅ vb1 + vc1 ⋅ vc1 + vn1 ⋅ vn1 (244)
T
1 2
T ∫0
VΣ1 = vΣ .dt (245)
iΣ1 = ia1 ⋅ ia1 + ib1 ⋅ ib1 + ic1 ⋅ ic1 + in1 ⋅ in1 (246)
T
1 2
T ∫0
I Σ1 = iΣ .dt (247)
1 T
P1 =
T ∫ 0
p1 . (249)
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T
1 +2
T ∫0
VΣ+1 = vΣ1 .dt (253)
T
1 +2
T ∫0
I Σ+1 = iΣ1 .dt . (255)
1 T
P1+ =
T ∫
0
p1+ . SΣ+1 = VΣ+1 ⋅ I Σ+1 . (257)
+ P1+
FP e1 = + . (258)
SΣ1
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ativa média) e reativa (fictícia, não-ativa, imaginária, reativa instantânea, etc.) para se ter uma
idéia das variações no significado e definição matemática.
Uma definição generalizada de teoria de potências não deve conter nenhum tipo de
restrição quanto às variáveis ou sistemas a analisar. Portanto, deve permitir não só o controle da
qualidade da energia (compensação ativa ou passiva), mas também medição, monitoração,
tarifação e identificação das diferentes parcelas da tensão, corrente e suas respectivas
componentes de potências.
Assim, embora muito ainda possa ser discutido ou detalhado em função de uma abordagem
unificada, acredita-se na possibilidade de formalização de uma teoria de potência, a qual poderia
ser implementada tanto em aplicações de medição e tarifação, quanto compensação de energia,
sejam em sistemas monofásicos ou polifásicos.
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP 61
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