CONFORTO TÉRMICO
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1. INTRODUÇÃO
2. MÉTODO DE CÁLCULO
O método desenvolvido por Fanger (1972) e adaptado na Norma ISO 7730 tem
por base a determinação do índice PMV (Predicted Mean Vote) calculado a partir de
uma equação de balanço térmico (ver figura 1) para o corpo humano, em que intervêm
os termos de geração interna e de troca de calor com o ambiente circundante.
Produção de calor
metabólico (M) Trocas de calor sensível
e latente na respiração (Res)
Trabalho mecânico
exterior (W)
o
oo
o
S = M + W + R + C + K - E + Res
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O valor do índice de conforto térmico PMV, que é uma estimativa da votação
média previsível de um painel de avaliadores relativamente a um dado ambiente
térmico, é calculado pelo método desenvolvido por Fanger (1972). Este autor
estabeleceu um modelo de correlação entre a percepção subjectiva humana, expressa
através da votação numa escala de conforto que vai de -3 (muito frio) a +3 (muito
quente), e a diferença entre o calor gerado e o calor libertado pelo corpo humano, ao
qual corresponde a seguinte equação:
em que:
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ta – temperatura do ar (ºC);
M – a taxa de metabolismo (W/m2)
W – trabalho mecânico exterior (W/m2)
pa – pressão parcial de vapor de água (Pa)
tr
tsk
ta
tcl
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sendo tsk, o valor da temperatura exterior da pele, calculado a partir de:
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A zona de conforto térmico é definida, na figura 3, pelo intervalo de valores de
PMV entre – 0,5 e 0,5, o que significa que a percentagem previsível de pessoas
insatisfeitas (PPD) deve ser inferior a 10%. A análise da figura 3 permite também
concluir que, devido às diferenças individuais entre as pessoas, mesmo para a
situação que é em média considerada pela população como de neutralidade térmica
(PMV=0), a percentagem de insatisfeitos é da ordem de 5%.
3. FOLHAS DE CÁLCULO
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Figura 4 – Interface gráfica da folha de cálculo de base para aplicação da norma ISO 7730
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O operador, para cada situação que pretenda calcular, tem que preencher as
sete células do campo dos dados de entrada, no canto superior esquerdo, que são as
únicas em toda a folha de cálculo que pode alterar, e, de seguida, clicar sobre a tecla
apresentada no ecrã com a designação “Run”, o que inicia o processo de cáculo que
dura menos de um segundo. Existe, na secção do lado esquerdo, um campo para
verificação da convergência do processo de iteração, em que o valor apresentado,
para a diferença entre o valor calculado da temperatura exterior do vestuário tcl e o
valor inicialmente arbitrado tcli, deve ser igual a 0 no fim do cálculo. Devem ser tidos
em conta os intervalos de aplicação do método de Fanger, que se destina ao cálculo
na zona de conforto térmico, pelo que os dados de entrada, para garantir a
convergência do processo de cálculo, devem estar compreendidos dentro dos limites
de aplicabilidade definidos na norma ISO 7730:
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Figura 5 – Distribuição percentual dos fluxos de calor e massa referentes aos vários
processos de troca entre o corpo humano e a envolvente (caso da figura 4).
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Figura 6 – Cálculo efectuado para uma situação de desconforto, por calor.
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Analisando os resultados apresentados nas duas figuras, verifica-se que o valor
do balanço global é positivo e relativamente elevado, 41.69 W/m2, pelo que a
sensação sentida pelas pessoas seria de calor. Constata-se ainda que, como a
temperatura radiante da situação simulada é muito alta, 39 ºC, o fenómeno de
radiação, em vez de representar uma perda, representa um ganho de calor para o
corpo humano, daí o seu sinal negativo e a barra invertida na representação da
figura 7.
A implementação generalizada da avaliação dos parâmetros de conforto térmico
em ambientes de trabalho tem sido prejudicada pelo preço relativamente elevado dos
equipamentos dedicados exclusivamente a este tipo de ensaios. Existem basicamente
duas formas possíveis de determinação directa dos valores de PMV e PPD:
- a partir de estações para climas interiores (ver figura 8) que, além dos sensores
dedicados à medição das quatro grandezas ambientais (tar, tr, Var e pa), têm que ter
capacidade de processamento para poderem aplicar o método iterativo anteriormente
descrito;
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Figura 9 – Medidor de Conforto Térmico baseado em transdutor aquecido
Apesar dos benefícios que se sabe que estarão associados à melhoria das
condições térmicas nos locais de trabalho, quer em termos da saúde dos
trabalhadores, quer, inclusivamente, em termos da sua productividade, as análises
deste género não têm sido requeridas pelas autoridades com a mesma frequência que
acontece relativamente a outros estímulos de desconforto. Para permitir a utilização
de equipamentos de medida mais económicos na avaliação de ambientes térmicos
interiores do que as estações climáticas dedicadas a este tipo de análises, o autor
elaborou três folhas de cálculo complementares.
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ela é calculada a partir de uma equação de balanço térmico estabelecida para o corpo
do globo negro, na qual se considera que, em regime permanente, o fluxo de calor por
convecção entre o globo e o ar e o fluxo de calor por radiação entre o globo e as
superfícies envolventes se anulam mutuamente:
em que:
hcg (ta − t g )
tr = 4 (t g + 273) 4 + − 273 (11)
ε ⋅σ
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Fgura 11 – Interface gráfica da primeira folha de cálculo complementar
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Uma outra possibilidade de obter os quatro parâmetros ambientais é utilizar a
combinação de sensores representada na figura 12. Neste caso, o termohigrómetro da
situação anterior foi substituído por um psicrómetro, que consiste numa associação
de dois termómetros, um de bollbo seco e outro de bolbo húmido, montados num
suporte rotativo. O termómetro de bolbo seco permite a medição da temperatura do ar.
O termómetro de bolbo húmido dá um valor em que a temperatura do ar é afectada
pelo efeito do arrefecimento provocado pela evaporação de uma manga humedecida
que envolve o elemento sensor. A partir dos valores dos dois termómetros, aplicando
as equações do diagrama de ar húmido, é possível determinar a pressão parcial de
vapor de água. Para efectuar as medições com o psicrómetro, o operador tem que
garantir que a manga do termómetro de bolbo húmido está molhada e fazer rodar
durante algum tempo o psicrómetro de forma que garanta que os elementos sensores
têm uma velocidade relativamente ao ar superior a 3 m/s.
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Figura 13 – Interface gráfica da segunda folha de cálculo complementar
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Uma outra possibilidade é que quem efectua as medições disponha de um
anemómetro de baixa velocidade e de um medidor de WBGT, que integra termómetros
de globo, de bolbo seco e de bolbo húmido (ver figura 14) . Neste caso, uma vez que a
temperatura de bolbo húmido é medida sem circulação forçada do ar em torno do
sensor de temperatura envolto na manga húmida, essa temperatura toma a
designação de temperatura de bolbo húmido natural. A diferença entre a temperatura
de bolbo húmido tbh, medida normalmente por um psicrómetro e utilizada nos
diagramas de ar húmido, e a temperatura de bolbo húmido natural, tbhn, é dada por
Malchaire (1976), com base nos estudos efectuados por Romero (1971), para
situações em que a velocidade do ar está abaixo dos 0.15 m/s:
0.16 ⋅ (t g − ta ) + 0.8
tbhn − tbh = ⋅ (560 − 2 ⋅ HR − 5 ⋅ ta ) − 0.8
200 (12)
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Figura 15 – Interface gráfica da terceira folha de cálculo complementar
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4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ISO 7730 (2005) - “Moderate Thermal Environments - Determination of the PMV and
PPD Indices and the Specifications of the Conditions for Thermal Comfort” -
International Standard Organization, Geneve, Suisse
Madsen, T. L. (1971) – “A new instrument for measuring thermal comfort”, 5th Int.
Congress for Heating Ventilation and Air Conditioning, Copenhagen
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