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Análise do conto "Mestre

Finezas", de Manuel da
Fonseca
 Dona Professora

 09.11.17
Ação
Estrutura da ação
Introdução: Carlinhos, o narrador, entra na barbearia de Mestre
Finezas, revelando uma certa intimidade com esta personagem.
Desenvolvimento: o narrador-personagem apresenta Mestre Finezas:-
recordando o tempo em que era ainda uma criança e a mãe o
obrigava a ir cortar o cabelo à barbearia;- recordando o medo que
sentia pelo mestre,- revelando a admiração pelas suas atividades de
ator de teatro e de violinista;- evocando os seus momentos de fama;-
entristecendo-se com o esquecimento e abandono a que foi votado
por todos;- revelando cumplicidade mútua de confidentes;-cortando o
cabelo na sua barbearia;- ouvindo-o tocar uma música lenta e
melancólica.
Conclusão: a música torna-se cada vez mais desesperada,
transmitindo a ideia de toda a dor e desolação da vida do mestre.
Personagens:
Mestre Finezas é a personagem principal deste conto, cuja vida é
contada por Carlinhos, o narrador-personagem, em dois momentos
diferentes: quando o Mestre era mais novo e o narrador uma criança
(passado); depois sendo o narrador já um homem adulto e tendo o
Mestre envelhecido (presente).
Quanto ao relevo:
- principal: mestre Finezas;
- secundária: Carlinhos;
- figurantes: a vila, que funciona como uma personagem coletiva.

Quanto à conceção:
- Personagens modeladas: Mestre Finezas e Carlinhos são
personagens modeladas, na medida em que nos surpreendem pelas
suas atitudes e comportamentos, revelando densidade psicológica.
Caracterização física e psicológica:
Mestre Finezas: Mestre dos três ofícios, barbeiro, ator e violinista, o
Mestre é descrito como uma figura alta magra e severa, de “ pernas
esguias, carão severo de magro, o corpo alto, curvado (…), os braços
compridos arqueados”, imagem que manteve ao longo do tempo, com
traços de velhice: “ os cabelos todos brancos”, “mãos trémulas que já
mal seguram (…) a navalha” e o “busto mirrado”. No passado foi um
homem talentoso, hábil e respeitado. O presente era uma figura
entristecida, magoada, votada ao abandono, que só vive de
recordações e que transpõe para o violino toda a dor que sente.
Carlinhos: É o “único confidente” do Mestre, participando da sua
mágoa com ternura e complacência. O medo que no passado sentia,
evoluiu para um sentimento de piedade, à medida que entre eles
aumenta o conhecimento e identificação. Sobre a sua própria vida,
Carlinhos resume-a em poucas palavras: saiu para estudar, mas
acabou por falhar no curso, e vive agora uma vida de marasmo e de
ociosidade”, ansioso por “partir breve”.
Vila: A vila surge como personagem coletiva. Este conjunto de
pessoas anónimas não tem um papel meramente decorativo, teve
grande influência na vida do Mestre, aclamando-o como o melhor
artista, para depois o votar ao maior abandono, esquecendo-se da sua
fama. Finezas diz daquelas pessoas que vivem apenas para “o
negócio, a lavoura” sem apreciarem devidamente a vida. Carlinhos
deseja afastar-se da vila, pois apenas sente indiferença, não se
identificando com nada.

Tempo
Tempo do discurso: Há um desencontro entre a ordem temporal e a
ordem real pela qual os acontecimentos são narrados (anacronia). O
narrador parte do tempo presente (“Agora entro…”) para logo de
seguida, evocar, através da analepse, o tempo passado (“Lembro-me
muito bem de como tudo se passava…”) e regressar ao presente
(“Passaram os anos…”).
Tempo psicológico: Quando o Mestre Finezas cortava o cabelo,
Carlinhos perceciona a passagem do tempo de forma dolorosa e
interminável.

Espaço
Espaço físico
- a vila
- a barbearia
- o teatro da vila: o palco e a plateia.

Espaço social e cultural


A vila é um meio pequeno e rural, que tinha como costume, assistir às
récitas dos atores amadores da vila, hábito que perderam com o
passar do tempo.
Narrador
Presença - Homodiegético: o narrador faz o relato na 1ª pessoa,
sendo uma personagem secundária.
Focalização - Omnisciente: sabe tudo acerca da interioridade das
personagens.
Posição - Subjetivo: emite a sua opinião em relação aos factos
narrados.
Modos de apresentação da narrativa:
-narração: predomina pois tratando-se de um conto, a sua ação é
breve. Predominam os verbos perfeito e no presente, que facilitam os
momentos de avanço.
-descrição: o narrador faz uma pausa para descrever a sua infância. O
tempo verbal predominante é o pretérito imperfeito.
-diálogo: frases soltas do narrador, que conferem maior realismo à
ação.
Simbolismos
Simbolismo do violino : o violino simboliza a importância da arte na
vida de Mestre Finezas que dizia que a arte era tudo.
Narrativa aberta: deixa o fim em suspenso

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