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O DISTANCIAMENTO DAS TÉCNICAS DE PREPARO DE MEDICAÇÕES

INJETÁVEIS NO COTIDIANO DO TRABALHO DOS TÉCNICOS DE


ENFERMAGEM

Daniel de Barros Peruchetti1


Rachel Alves Molinário Garcia2
Fábio José de Almeida Guilherme3
Maria da Soledade Simeão dos Santos4
Edna Gurgel Casanova5

Introdução: A administração de medicamentos é o processo de preparo e introdução de


medicamentos no organismo humano, visando obter efeitos terapêuticos. As técnicas de
preparo de medicações injetáveis são de suma importância para que não haja erros na
administração de drogas injetáveis em pacientes hospitalizados. O interesse pela temática do
estudo decorreu de algumas observações no campo de estágio, em que os técnicos de
enfermagem ao preparem medicação injetável, não faziam a higienização das mãos
corretamente, assepsia da bandeja, bem como não utilizavam os EPIs (equipamentos de
proteção individual) consequentemente expostos a estes podem ser fatais para o cliente e para
o próprio profissional da saúde. Considera-se EPIs como todo dispositivo ou produto de uso
individual destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador contra possíveis
riscos que ameaçam a sua saúde ou segurança durante o exercício de sua atividade laboral, os
EPIs são extremamente importantes no preparo e na administração de medicações, protegendo
o profissional e o cliente. Além dos EPIs outro fator importantíssimo é a assepsia, definida
como o processo pelo qual se consegue o afastamento dos germes patogênicos em
determinado local ou objeto. A utilização da assepsia correta e dos EPIs apropriados, junto a
uma boa pratica, são fundamentais para uma ótima execução. A falta dessa técnica asséptica
no preparo de procedimentos simples, como por exemplo, em uma troca de soro fisiológico de
manutenção, por muitas vezes aumentariam os risco de infecção hospitalar, pois esse
simples1procedimento torna-se um meio de contaminação. Para administrar medicamentos de
maneira correta, deve-se utilizar a regra dos seis certos: medicamento certo, dose certa,

1 - Enfermeiro. Pós Graduando em Cardiologia pela Universidade Gama Filho/RJ. Graduação


em Enfermagem pela Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy -
UNIGRANRIO.
2 – Enfermeira. Pós Graduanda de Cardiovascular em alta complexidade pelo Instituto
Nacional de Cardiologia - INC em parceria com a Universidade Gama Filho - UGF. Graduada
pela UNIGRANRIO.
3 – Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery –
Universidade Federal do Rio de Janeiro – EEAN/UFRJ. Instrutor do Advanced Trauma Care
for Nurse – ATCN, capítulo Brasil. Coordenador do Curso de Pós Graduação lato sensu de
Enfermagem em Urgência e Emergência pela UNIGRANRIO. Professor Assistente I do
Centro de Ciências da Saúde – CCS da UNIGRANRIO. Membro do Núcleo de Pesquisa
Educação e Saúde em Enfermagem – NUPESENF – EEAN/UFRJ.
4 – Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto –
Universidade de São Paulo – EERP/USP. Professor Adjunto Doutor da EEAN/UFRJ.
Membro do NUPESENF – EEAN/UFRJ.
5 – Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela EEAN/UFRJ. Professora Adjunta da Escola de
Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – FAENF/UERJ. Professor
Adjunto Doutor pela CCS da UNIGRANRIO.

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paciente certo, via certa, hora certa e documentação evitando erros e assegurando ao máximo
que o paciente receba a medicação corretamente. Objetivos: Descrever a qualificação dos
técnicos de Enfermagem para a realização do preparo de medicação e analisar os motivos que
impedem ou dificultam os técnicos de Enfermagem no preparo de medicações injetáveis
segundo as normas técnicas. Descrição Metodológica: A metodologia utilizada no estudo foi
o método qualitativo. A coleta de dados desse estudo foi realizada através de uma entrevista
semiestruturada, onde foram escolhidos dez técnicos de enfermagem, que atuam como
plantonistas, de forma aleatória e não foram definidos critérios de inclusão e exclusão. Todos
os entrevistados aceitaram participar da pesquisa, e assinaram o Termo de Consentimentos
Livre e Esclarecido, anonimato dos entrevistados foi garantido, orientado a partir da
Resolução nº 196/96 (CNS, 1996), no que diz respeito aos aspectos éticos. A presente
pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP, da Universidade do Grande
Rio Prof. José de Souza Herdy – UNIGRANRIO, sob o número: 05053812.2.0000.5283, 14
de Setembro de 2012. Resultados: A partir dos dados coletados construímos duas categorias
denominadas: o processo de trabalho como impeditivo na utilização de técnicas preconizadas
e as competências relativas à administração de medicação injetável e a capacitação
profissional. Relacionado ao processo de trabalho como impeditivo observamos através das
informações coletadas que, quatro entrevistados relatam realizar o procedimento de preparo
de medicações injetáveis utilizando a técnica correta, sempre demonstrando a importância
desta, para evitar suas complicações, demonstrando muita preocupação com sua própria
segurança e também com a segurança do cliente. Os outros seis entrevistados declararam não
utilizar a técnica correta durante o preparo, listando uma série de fatores para justificar tal
atitude, como por exemplo, a falta de materiais para realização do procedimento adequado, e a
grande demanda de pacientes. Quando foram questionados se alcançaram suas competências,
no curso de formação ou na vida profissional, sete dos dez depoentes disseram ter conseguido
toda informação e competência necessária para realização das suas atividades. Os outros três
depoentes afirmaram não ter alcançado durante seu curso de formação as competências
necessárias, e apenas dois obtiveram após serem lançados no mercado de trabalho, o ultimo
entrevistado declarou ter tido dificuldades por causa da deficiência do seu curso de formação.
No item capacitação profissional sete entrevistados disseram existir cursos de educação
continuada, com atualizações para o melhor desempenho da função, os outros três relataram
só existir cursos de capacitação para recém-contratados, como eles tem mais tempo na
instituição, acabam não obtendo informações novas. Todos os entrevistados acham
interessante a idéia de existir cursos regulares, desenvolvendo cada vez mais para o
fortalecimento do conhecimento. Conclusão: Após a realização desse estudo podemos
observar os reais motivos para os técnicos de Enfermagem se distanciar da teoria na prática no
preparo de medicações injetáveis. Analisamos os motivos que os levam a não praticar as
regras de preparo e o uso de EPI´s adequados para tal preparo, sendo eles: falta de materiais,
falta de profissionais e a demanda alta de pacientes. Podemos observar que a maioria não
utiliza a técnica de preparo adequada devido esses fatores, mesmo sabendo a importância de
seguir a teoria do preparo e ter alcançado a competência durante o curso técnico e os
malefícios que podem ser causados durante o preparo das medicações. A minoria relata que
apenas alcançou a competência após iniciar a carreira profissional, pois pode colocar em
prática toda a teoria ensinada e que foi dificultosa durante o curso. Observamos que a
educação continuada é um ponto importante para todos pesquisados, inclusive para os que não
alcançaram a competência durante o curso, achando interessante ter sempre cursos e palestras
para dar continuidade e estar atualizando-os, evitando possíveis erros de preparo e futuras
iatrogênias. Concluímos que os técnicos de Enfermagem sabem os malefícios que levam a
não estarem realizando as técnicas corretas de preparo de medicações injetáveis e o uso de
EPI`s, onde a maioria se atualiza das novas regras e teorias através de cursos e da educação

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continuada, porém o ambiente de trabalho não os beneficia na prática do preparo por se tratar
de uma unidade de emergência. Contribuições para a Enfermagem: Esperamos contribuir
com esse estudo, no que tange a melhoria dos fatores citados pelos técnicos de Enfermagem
para não seguir as técnicas de preparo, fortalecer a educação continuada em Enfermagem,
pois é de grande importância para esses profissionais. Referências: 1. Mozachi, Nelson. O
hospital: manual do ambiente hospitalar. 3 ed. Curitiba: Mozachi e de Souza. 2009. 2. Brasil.
Ministério do Trabalho e Educação. Norma Regulamentadora 6. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DC56F8F012DCDAD35721F50/NR-
06%20%28atualizada%29%202010.pdf Acesso em 8 de abril de 2012. 3.Clayton, Bruce D.
Farmacologia na prática de enfermagem. Bruce D. Clayton, Yvonne N. Stock, Sandra E.
Cooper. 15 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
gestão do trabalho e da educação na saúde. Departamento de gestão da educação na saúde. A
educação permanente entra na roda: pólos de educação permanente em saúde: conceitos e
caminhos a percorrer. Brasília: MS; 2005. 5. Potter, Patrícia Ann. Perry, Anne Griffin.
Fundamentos de Enfermagem. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

Área temática: 5 - Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem.

Decs: Administração dos Cuidados ao Paciente, Biossegurança e Recursos


Humanos de Enfermagem no Hospital.

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