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Roteiro Para Apresentação – Grupo 5

As Provas no Processo do Trabalho

1 – Conceitue Prova no Processo do Trabalho.

O presente trabalho tem por finalidade o debate do instituto da prova, seu


conceito, princípios, classificação e meios de prova, dentre outros aspectos que o
caracteriza. Contudo, nesse momento o que cabe é apenas a conceituação da Prova no
Direito Processual Trabalhista. E como todo bom trabalho, temos que começar a
conceituação lá em sua origem, ou seja, onde primeiro se utilizou essa expressão.

Segundo Aryanna Manfredini, p. 395, “O vocábulo prova é originário do latim


proba, de probare, no sentido de demonstrar a veracidade de uma proposição ou a
realidade de um fato”, qual seja, prova é o elemento basilar, não a única forma, mas é o
que mais se aproxima do meio ideal para formar a convicção do juiz sobre existência de
um determinado fato e que seja de suma importância no processo. “É a demonstração
legal da verdade de um fato”.

Sob esse olhar, “Amauri Mascaro faz interessante comparação entre o juiz e o
historiador”:

A missão do juiz é, por isso, análoga à do historiador, por


quanto ambos tendem a averiguar como ocorreram as coisas no
passado, utilizando os mesmos meios, ou seja, os rastros ou
sinais que os fatos deixaram. (NASCIMENTO, 2011, p. 403).

Para Carlos Henrique Bezerra Leite, p. 1.132, “não é unívoco o conceito de


prova. No sentido filosófico, é aquilo que serve para estabelecer uma verdade por
verificação ou demonstração, dando-nos a ideia de ensaio, experiência, provação, isto é,
o ato de provar, de 1132/2961experimentar, por exemplo, o sabor de uma substância
alimentar”. Ainda conforme dizeres do autor, “ Na linguagem da matemática, prova é a
operação pela qual se verifica a exatidão de um cálculo. Do ponto de vista esportivo,
prova é a competição entre esportistas, que consiste em corrida (a pé, de bicicleta,
automóvel etc.), arremesso, salto etc., e na qual buscam classificação”, e também, “nos
termos do art. 848 e seus §§ 1º e 2º da CLT, a instrução do processo trabalhista inicia-se
logo após a apresentação da defesa do réu, in verbis”:

Art. 848. Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do


processo, podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de
qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes.

§ 1º Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes


retirar-se, prosseguindo a instrução com o seu representante.

§ 2º Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os


técnicos, se houver.

Ainda segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, “os meios de prova na CLT estão
previstos basicamente nos artigos 818 a 830”.

Conforme tudo o que já foi dito, vale ressaltar que sobre a conceituação, de
acordo com o dicionário “técnico jurídico da editora Rideel (2011, p.494-5) as provas
são: Meios regulares e admissíveis em lei, utilizados para demonstrar a verdade ou
falsidade de fato conhecido ou controvertido ou para convencer da certeza de ato ou fato
jurídico. Objetivamente, é todo meio lícito usado pela parte ou interessado na
demonstração daquilo que alega. Subjetivamente, é qualquer meio lícito capaz de levar
o juiz a convencer-se da verdade de uma alegação da parte. [...]”

Por fim, chama-se de provas os meios que servem para dar conhecimento de um
fato, e por isso a fornecer a demonstração e a formar a convicção da verdade do próprio
fato; e chama-se instrução probatória a fase do 1133/2961processo dirigida a formar e
colher as provas necessárias para essa finalidade

2 – Como evoluiu a Prova no Processo do Trabalho?

Para poder responder a esse questionamento, se faz mister viajar aos primeiros
anos da raça humana. Passar pelas fases mais obscuras dos tempos antigos e medievais,
com seus feudos e por fim adentrar no mundo moderno, com o fortalecimento do Estado
como figura central criação e aplicação da lei.

Assim sendo, “segundo os ensinamentos de Holthausen, nos primórdios da


humanidade, inexistia o Direito de fato, pois quem possuía razão e ganhava os conflitos
sempre eram os mais fortes. Só com a evolução das sociedades primitivas isso mudou,
mas uma mudança bem lenta. Em seu artigo científico, o autor disserta sobre os
primórdios do instituto probatório: Nas origens do Direito (sociedades primitivas),
inexistia a figura da prova, inicialmente pelo fato de que o mais forte era o vencedor do
conflito, depois pela autocomposição, para a qual não se tinha uma decisão sobre quem
possuía razão, mas abdicação de todo ou de parte do Direito. Somente com a evolução
social e fortalecimento do Estado, quando do surgimento dos árbitros, é que os
primeiros mecanismos de provas surgiram”.

Como aduz o supracitado autor, nos primórdios da sociedade, o Direito tinha


origem divina, pelo o que se percebe, “à religião foi um parâmetro para as primeiras
modalidades de produção de provas utilizadas pela humanidade com: Como nas
sociedades antigas as civilizações atribuíam origem divina ao Direito (uma vez que a
religião era a base da sociedade) os meios de provas utilizados para a demonstração dos
fatos possuíam ligação direta com a religião, como, por exemplo, os ordálios, o
juramento, os conspurcadores e combates judiciários”.

Na medida que a sociedade evoluía, o direito também evoluiu. Agora não mais
quem é mais forte tem razão e nem caberia a Igreja ditar, por princípios divino, quem
era o vitorioso nos embates. Assim continua o autor a nos explicar: “À medida que a
sociedade se desenvolvia, o Estado se fortalecia, surgindo mecanismos de estruturação e
administração social. Dentro das relações de conflito, surgiu a arbitragem obrigatória,
havendo, a partir de então, a predominância da justiça pública sobre a privada, sendo a
religião deixada fora do processo de solução dos conflitos. Assim, necessária passou a
ser a demonstração dos argumentos trazidos para que a parte fosse vitoriosa em sua
pretensão, abrindo-se, dessa forma, o campo para a produção de provas dos
acontecimentos e fatos”.

Porém, Sapia, em seu trabalho de conclusão de curso, pensa de uma forma


diferente e nos explica que

A mais antiga forma de apuração da verdade se encontra na


antiga Grécia, como identificada por Foucault na obra Ilíada, de
Homero, quando este afirma em sua obra que esta conquista da
democracia grega, este direito de testemunhar, de opor a verdade
ao poder, se organizou em um longo processo nascido e
instaurado de forma definitiva, em Atenas, ao longo do século V
(a.C.) (OLIVEIRA, 2009, p.01).

E finalizando, “como se pode perceber diante do exposto, a produção de provas


tem seus primeiros passos durante a Idade Média, pois devido à evolução das
sociedades grande parte da população mudou sua percepção de mundo, não aceitando
mais a vontade de Deus como explicação para tudo que ocorria, ou seja, a vontade de
Deus não servia mais como prova para tudo que acontecia. Diante de tal fato, viu-se
necessário algo concreto e real para solucionar os conflitos existentes, surgindo assim os
primeiros sinais de um sistema probatório mais justo e eficaz, que evoluiria até chegar
às regras utilizadas na atualidade.
4)- Esclareça a finalidade ou objeto da Prova?

O vocábulo prova é originário do latim proba, de probare, no sentido de


demonstrar a veracidade de uma proposição ou a realidade de um fato. No processo de
cognição, para que o magistrado possa formar o seu convencimento sobre os fatos
controvertidos e proferir a sentença, é fundamental que seja realizada a colheita das
provas necessárias ao livre convencimento do julgador acerca dos fatos ocorridos na
causa, a prova, no âmbito do direito processual, é o meio utilizado para a demonstração
no processo, da veracidade dos fatos controvertidos.

Nas origens do Direito (sociedades primitivas), inexistia a figura da prova,


inicialmente pelo fato de que o mais forte era o vencedor do conflito, depois pela
autocomposição, para a qual não se tinha uma decisão sobre quem possuía razão, mas
abdicação de todo ou de parte do Direito. Somente com a evolução social e
fortalecimento do Estado, quando do surgimento dos árbitros, é que os primeiros
mecanismos de provas surgiram.

O grande objetivo da prova é de demonstrar a verdade. Como há dois


polos na discussão de um direito, teoricamente haverá duas verdades. A prova tentará
conferir a veracidade dos fatos alegados por cada uma das partes. Para VALLER
ZENNI o objetivo da prova é:

A lei amalgama fatos à consequências e efeitos jurídicos. Se


alguém pretende alcançar algum reflexo jurídico, deve referir-
se a fatos (às vezes direitos) e prova-los. Sendo o julgador o
destinatário da prova, o objetivo da parte é o de convencê-lo
da ocorrência do fato/direito alegado, através de um método
indutivo. A sua finalidade, portanto, é conferir a veracidade
dos fatos alegados ao espírito do juiz.

Assim sendo, segundo o ilustre doutrinador Humberto Theodoro Júnior


(2014) vê o conceito de provas em dois sentidos. Primeiramente, ele entende a prova
em um sentido objetivo, ou seja, como o instrumento ou o meio hábil, para demonstrar
a existência de um fato (as testemunhas, os documentos, entre outros). Mas também
considera outro, o subjetivo, que é “a certeza (estado psíquico) originada quanto ao
fato, em virtude da produção do instrumento probatório. Aparece a prova, assim, como
convicção formada no espírito do julgador em torno do fato demonstrado.”

Em conformidade com o atual Código de Processo Civil (2015), a fase de


produção de provas (probatória ou instrutória) tem início após o despacho saneador e
termina na audiência, no momento em que o juiz declara encerrada a instrução e abre o
debate oral (art. 364). Mas também existem provas produzidas antecipadamente, ainda
na fase postulatória, que são os documentos. Além disso, o novo CPC modificou
profundamente as regras para a produção antecipada de provas, isso pode ocorrer
quando a parte não pode esperar a fase de instrução para produzir determinada prova
dentro do processo.

Para Humberto Theodoro Júnior, “toda prova há de ter um objeto, uma


finalidade, um destinatário, e deverá ser obtida mediante meios e métodos
determinados.” Assim, constituem características da prova: o objeto, a finalidade, o
destinatário e os meios.

O objeto são os fatos. Assim, as partes deverão demonstrar a ocorrência dos


fatos nos quais se sustentam suas pretensões. Mas apenas são objeto de prova os fatos
controversos, aqueles sob os quais divergem autor e réu. Os fatos incontroversos não
são objeto de prova, a exceção de direitos indisponíveis, onde a falta de contestação não
ensejará na dispensa do ônus de provar.

Além dos fatos incontroversos, também não são objeto de prova, de acordo
com o artigo 374 do CPC, os fatos notórios, os em cujo favor milita presunção legal de
existência ou de verdade e os fatos admitidos por uma parte e confessados pela outra
(estes também são incontroversos).

Questão 5: Explique a natureza da prova Trabalhista. - Minuta para


apresentação

Provar significa formar a convicção do juiz sobre a existência ou não de fatos


relevantes no processo. É o conjunto de motivos produtores da certeza, a conformidade
entre nossas idéias e os fatos constitutivos do mundo exterior e a demonstração legal da
verdade de um fato.
Outros doutrinadores sustentam que provar é demonstrar a verdade de uma
proposição, mas em seu significado decorreu de uma operação mental de comparação.
Sob esse prisma, a prova judicial é a confrontação da versão de cada parte, com
os meios produzidos para aboná-la. O juiz procura reconstituir os fatos valendo-se dos
dados que lhe são oferecidos e dos que pode procurar por si mesmo nos casos em que
está autorizado a proceder de ofício.
Neste contexto, Amauri Mascaro faz interessante comparação entre o juiz e o
historiador:
A missão do juiz é, por isso, análoga à do historiador, por
quanto ambos tendem a averiguar como ocorreram as coisas no
passado, utilizando os mesmos meios, ou seja, os rastros ou
sinais que os fatos deixaram. (NASCIMENTO, 2011, p. 403).
Existem cinco tendências que procuram mostrar a natureza do direito probatório.
A primeira teoria é a da prova como fenômeno de direito material, sustentada por
Salvatore Satta. A segunda é a teoria da prova como fenômeno de natureza mista,
material e processual, considerando que há normas que regulam a prova fora do
processo para fins extraprocessuais e outras normas dirigidas ao juiz para que as aplique
no processo.
Já a terceira teoria é a da natureza unicamente processual das normas sobre
provas, uma vez que são destinadas ao convencimento do juiz. A quarta teoria é a da
divisão das normas sobre prova em dois ramos, cada qual com sua natureza
própria, processual ou material, como sustenta Jaime Guasp. A quinta teoria é a das
normas sobre provas pertencentes aos denominado direito judicial, assim entendido o
direito que tenha por objeto uma relação jurídica existente entre a justiça estatal e o
indivíduo.

Os defensores da primeira teoria – exclusivamente de Direito Material – dizem, em


síntese, que há certa inseparabilidade entre direito subjetivo questionado e sua prova,
portanto todas as normas que regem as provas estão ou deveriam estar disciplinadas nas
leis substantivas: civis ou penais.
Os defensores da segunda corrente – exclusivamente de Direito Processual,
portanto oposto à primeira – reconhecem como pertinentes ao direito substancial as
matérias referentes aos requisitos indispensáveis de validade dos atos e negócios
jurídicos, isto é, às suas formas ou maneiras como se exteriorizam, mas a prova, que
revela a verdade dos fatos em geral , é exclusivamente processual.Há quem diga que
entre os processualistas domina a idéia de que o estudo da prova é matéria típica de
direito processual, e que eles não negam que muitas dessas normas dizem respeito ao
direito em si, devendo por isso serem disciplinadas pelo direito material. Daí,
reconhecem, alguns deles, a existência de um Direito Processual Formal, ao lado de um
Direito Processual Material.
Os adeptos da terceira corrente reconhecem que existem algumas normas sobre
provas que pertencem ao Direito Civil, em especial aquelas relativas às pessoas e aos
meios, e outras ao processo: o modo, a admissão e o momento (tempo) de ingresso no
processo, bem como a valoração dos mesmos meios de prova. Em suma algumas regras
sobre provas são da essência do Direito Material e outras são tipicamente processuais.
A finalidade da prova é a formação da certeza e convicção acerca da
ocorrência do objeto (o fato) sob o qual se funda o direito. E o destinatário é o Juiz, pois
a ele cabe o papel de julgar e aplicar o direito ao caso concreto. Não obstante, em regra,
o Juiz não poderá buscar a verdade real (o que realmente aconteceu, independente do
que dizem os autos) sob pena de prolongar o processo a ponto de inutilizá-lo. Assim, o
Direito Processual Civil contenta-se apenas com a verdade formal. “Desse modo, só o
que consta regularmente dos autos pode servir de prova para o julgamento da lide (quod
non est in actis non est in mundo)” (JÚNIOR, p. 293)

Em suma, o objeto da prova são os fatos relevantes, pertinentes e


controvertidos narrados no processo pelo autor e réu. Impende destacar que
apenas os fatos devem ser provados pelas partes, uma vez que o direito não
depende de prova. Em outras palavras, o juiz conhece o direito, cabendo aos
litigantes narrar e provar os fatos, e ao juiz aplicar a norma legal cabível à espécie.

Questão 6
A prova, em processo trabalhista, submete-se aos princípios
fundamentais que seguem.

O primeiro deles é o princípio da necessidade da prova, segundo o


qual os fatos de interesse das partes devem ser demonstrados em juízo, não bastando a
simples alegação, pois a prova deve ser a base e a fonte da sentença, ou seja, pelo
princípio da necessidade da prova, as alegações das partes em Juízo não bastam para
demonstrar a verdade ou não de determinado fato, é necessário que a parte interessada
faça prova de suas alegações. O juiz deve julgar de acordo com o alegado e provado,
porque aquilo que não consta no processo não existe no universo jurisdicional, nem
mesmo o conhecimento pessoal que do fato possa ter o juiz.

Há também o princípio da unidade da prova, que, embora possa ser


constituída de diversas modalidades, forma uma só unidade a ser apreciada em
conjunto, globalmente. A confissão, por exemplo, deve ser analisada em seu conjunto, e
não de forma isolada em cada uma de suas partes. A decisão que analisa o conjunto
probatório para, ao final, concluir pela improcedência do pedido objeto da ação, não se
atendo a determinada prova não pode, por isso, ser declarada nula, porquanto nenhuma
prova serve sozinha para evidenciar a satisfação de um direito ou o cumprimento de
uma obrigação, já que a sua valoração deve ser feita em confronto com os demais
elementos existentes nos autos.

Outro princípio importante é o da lealdade ou probidade da prova,


pois há um interesse geral em que não seja deformada a realidade, e as partes devem
colaborar para que a vontade da lei possa ser exercida pelo órgão judicial sem vícios
decorrentes de uma impressão calcada em falsas realidades. Esse princípio nem sempre
vem sendo observado no processo trabalhista em especial quanto à autenticidade de
documentos.

O princípio da contradição que a parte contra a qual é apresentada


uma prova deve gozar da oportunidade processual de conhecê-la e discuti-la, inclusive
impugná-la, pelos meios processuais adequados. Esta é a razão pela qual se diz que não
há prova secreta. Importante frisar que o contraditório não se resume à impugnação de
uma prova, mas engloba também a possibilidade de produção de contraprova em
substituição à impugnada, qualificando-a como ato elisivo-constitutivo.
No que tange ao princípio da igualdade de oportunidade de prova, este
garante às partes idêntica oportunidade para pedir a realização de uma prova ou de
exercitá-la.

Há também o princípio da legalidade, em decorrência do qual, se a lei


prevê uma forma específica para a produção da prova, ela não pode ser produzida de
outra maneira.

Com relação ao princípio da imediação, esse significa que não só a


direção da prova pelo juiz, mas a sua intervenção direta na instrução probatória, é mais
facilitada quando o processo é fundado na oralidade, como no caso trabalhista.

Por fim, temos o princípio da obrigatoriedade de prova, segundo o


qual, sendo a prova de interesse não só das partes, mas também do Estado, que quer o
esclarecimento da verdade, as partes podem ser compelidas pelo juiz a apresentar no
processo determinada prova, sofrendo sanções no caso de omissão, especialmente as
presunções que passam a militar contra aquele que se omitiu e a favor de quem
solicitou.

Dessa forma, observamos que, mesmo que não haja disposição


legal específica, os princípios tem sua força normativa irradiada por todo o
ordenamento trabalhista e são grandemente utilizados em decisões da ceara
laboral.
7) EXPLIQUE OS SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DA PROVA

O magistrado, na função de aferir as provas processuais pode ter sua ação


regulada por dois sistemas jurídicos: o sistema da prova formal ou o sistema da livre
apreciação, sendo este mais amplo e aquele mais restritivo de liberdade.

Leite (2016) prefere denominar esses sistemas de certeza legal e livre


convencimento.

Nascimento (2013, p. 388) esclarece de forma muito clara sobre a avaliação da


prova:

Entende-se por avaliação ou apreciação da prova a operação


mental que tem por fim conhecer do mérito ou valor de
convicção que possa ser deduzida do seu conteúdo.

Comporta dois momentos que se completam.

O primeiro é o conhecimento, pelo qual se opera a representação


mental do objeto do mundo exterior da subjetividade do
intérprete, pelos meios de percepção do sujeito.

O segundo é o juízo de valor formulado a respeito desse objeto


representado na mente do sujeito.

Esta última etapa nada mais é que um juízo crítico de conjunto


sobre o significado da prova.

Adentrando nos dois sistemas jurídicos fundamentais de avaliação da prova, no


que se refere ao do sistema formal, este se caracteriza por restringir a liberdade do
magistrado, pois o valor das provas já está preestabelecido em lei e o juiz é impedido de
admitir provas que a lei não especifique.

Já o sistema da livre apreciação confere um poder ampliativo ao juiz, já que a


apreciação é feita de acordo com a sua íntima convicção, sem determinações sobre o
valor e o significado de cada prova. Entretanto, a lei exige que fundamente os motivos
de suas decisões sobre o valor conferido a cada prova dentro do seu entendimento.

O sistema da livre apreciação é o adotado no ordenamento jurídico brasileiro.

Questão 8
Princípio da necessidade da prova: Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, o
princípio da necessidade da prova determina que as alegações das partes em juízo não
são suficientes para demonstrar a verdade ou não de determinado fato. É necessário que
a parte faça prova de suas alegações, pois os fatos não provados são inexistentes no
processo.
Neste sentido podemos entender que, tal princípio determina que os fatos
alegados devem vir acompanhados de provas que possibilitem o reconhecimento do
direito, com isso o julgador não pode se deixar levar pelas arguições das partes, pois,
mesmo que as disposições sejam cristalinas e convincentes, caso não exista prova capaz
de comprovar os fatos narrados, a decisão deverá ser no sentido das provas e não das
disposições dos litigantes.
Princípio da unidade da prova: Este princípio no ensina que embora a prova
possa ser constituída de diversas modalidades, a mesma deve ser apreciada em sua
totalidade, formando uma unidade, de tal maneira que se for apreciada de modo
estranho a este acabará sendo errôneo observa-las separadamente.

Os conjuntos dos elementos reunidos ao processo formam uma unidade de


prova, isso significa que todos os instrumentos constituem meio de prova e todos
participam, cada um com sua parcela, da formação da convicção judicial. A testemunha
e o documento são meios de prova.

Por esse princípio uma vez tendo sido produzida a prova, pouco importando
quem seja o responsável pela introdução de tal prova no processo, a mesma gerará
efeitos para todos os sujeitos processuais indistintamente, inclusive para aqueles que
nada tiverem a ver com a produção da prova.

Lealdade ou probidade: Segundo os ensinamentos de Carlos Henrique Bezerra


Leite este princípio “tem por escopo impor aos litigantes uma conduta moral, ética e de
respeito mútuo, que possa ensejar o curso natural do processo e levá-lo à consecução de
seus objetivos: a prestação jurisdicional, a paz social e a justa composição da lide”.

O princípio da lealdade processual está esculpido no art. 79 do CPC, que diz:


“responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou
interveniente”.
O próprio Código de Processo Civil, em seu art. 80 e incisos, define a litigância
de má-fé como aquele que:

I - Deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso


de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do


processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer


incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente


protelatório.

Este princípio vem de encontro com o interesse geral de que não seja deformada
a realidade, e para tanto as partes devem colaborar para que a vontade da lei possa ser
exercida pelo órgão judicial sem vícios decorrentes de uma impressão calcada em falsas
realidades.

Esse princípio nem sempre vem sendo observado no processo trabalhista em


especial quanto à autenticidade de documentos.

Contradição ou contraditório: Este é um princípio constitucional que tem sua


previsão legal no art. 5º, LV. Este inciso determina que “aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes As partes também devem ter
igualdade de oportunidades para apresentarem suas provas nos momentos processuais
próprios.
Significa o princípio da contradição que a parte contra a qual é apresentada uma
prova deve gozar da oportunidade processual de conhecê-la e discuti-la, inclusive
impugná-la, pelos meios processuais adequados. Esta é a razão pela qual se diz que não
há prova secreta.

Igualdade e oportunidade: este princípio garante às partes terão idênticas


oportunidades para pedir a realização de uma prova ou de exercitá-la.

O princípio em escopo encontra-se consagrado no artigo 139, I, do CPC,


dispondo que as partes terão igualdade de tratamento na instrução processual.

Nesse sentido, Teixeira Filho explica que:

Por força desse princípio, aos litigantes se deve


conceder a mesma oportunidade para requererem a produção de
provas, ou para produzi-las, sob pena de a infringência dessa
garantia conduzir, virtualmente, à nulidade do processo, por
restrição do direito de defesa. (TEIXEIRA FILHO, 1994, p. 67)

Há correspondência, também, na Constituição Federal, em seu artigo


5º, caput: “Todos são iguais perante a lei[...]”. (BRASIL, 1998).

Este princípio não deve ser interpretado de maneira absoluta, uma vez
que a hipossuficiência de uma das partes, poderá quebrar a isonomia processual,
especificamente no que tange à valoração e ônus da prova.

Nesse sentido, explica Reis de Paula:

A correta compreensão da índole do Direito do


Trabalho mostra-nos que não tem a finalidade de realizar uma
justiça comutativa, mas sim uma justiça distributiva. Para tanto
impõe-se o combate à desigualdade real, quer se manifeste no
campo político, econômico ou social. (PAULA, 2001, 125)
Portanto, para dar efetividade às normas dos artigos 5ª da Constituição
Federal e 139, I, do CPC, temos que analisá-lo de forma relativa.

Assim, o Princípio da Igualdade deve ser entendido como Princípio do


Tratamento desigual, como faz Reis de Paula em seu livro “A especificidade do ônus da
prova no processo do trabalho”, visto que diante das desigualdades existentes entre
empregado e empregador, o tratamento dado a eles deve ser desigual, uma vez que o
brocardo de tratar os desiguais na medida das suas desigualdades é verdadeiro para se
alcançar a paridade de forças.

Legalidade: Em decorrência deste princípio a lei prevê uma forma específica


para a produção da prova, ela não pode ser produzida de outra maneira.

Em concordância com esse princípio, as partes não dispõem de todos os meios


probatórios a seu bel prazer, devendo observar os limites fixados em lei para a sua
obtenção. O princípio da legalidade da prova está expresso no artigo 5º, LVI, da
Constituição da República: “[...] são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos.” (BRASIL, 1998).

Contudo, deve-se fazer a leitura deste princípio conjugado com o


princípio da razoabilidade e da hipossuficiência do trabalhador. Eis que a prova obtida
por meios ilícitos deve ser admitida quando não houver outro meio apto para
demonstrar a verdade dos fatos alegados.

Nesse sentido é o entendimento de Bezerra Leite:

O princípio da proibição de prova ilícita vem sendo


mitigado, em casos concretos, com base nos princípios da
proporcionalidade (ou da razoabilidade), segundo o qual não se
deve chegar ao extremo de negar validade a toda e qualquer
prova obtida por meios ilícitos, como por exemplo, uma
gravação sub-reptícia utilizada por empregada que deseja fazer
prova de que fora vítima de assédio sexual pelo seu empregador
ou superior hierárquico, sem o conhecimento deste. (LEITE,
2015, p. 1142).

Imediação: Esse princípio significa que não só a direção da prova pelo juiz, mas
a sua intervenção direta na instrução probatória, é mais facilitada quando o processo é
fundado na oralidade, como no caso trabalhista.

O princípio da imediação estabelece que o juiz, como diretor do processo (CLT,


art. 765), é quem colhe, direta e imediatamente, a prova. No processo do trabalho, o
princípio da imediação está previsto no art. 848 da CLT, que faculta ao juiz, de ofício,
interrogar os litigantes, e no art. 852-D (procedimento sumaríssimo), que confere ao juiz
ampla liberdade para determinar as provas a serem produzidas, considerando o ônus
probatório de cada litigante, podendo, ainda, dar especial valor às regras de experiência
comum ou técnica.
Obrigatoriedade: Este princípio informar que, sendo a prova de interesse não
só das partes, mas também do Estado, que quer o esclarecimento da verdade, as partes
podem ser compelidas pelo juiz a apresentar no processo determinada prova, sofrendo
sanções no caso de omissão, especialmente as presunções que passam a militar contra
aquele que se omitiu e a favor de quem solicitou.
Busca da verdade real: O princípio da busca da verdade real é extraído do art.
371 do CPC e dos arts. 765 e 852-D da CLT, donde se conclui que o juiz tem ampla
liberdade na condução do processo na busca de elementos probatórios que formem o
seu convencimento sobre a alegação das partes a respeito dos fatos que tenham
importância para a prolação de uma decisão fundamentada e justa.
Tal princípio é derivado do direito material do trabalho, e equivale ao princípio
da primazia da realidade. De tal notação o referido princípio ganhou espaço direto no
corpo da lei, como pode ser verificado no artigo 765 da CLT, que diz: - “os juízos e
tribunais do trabalho terão ampla liberdade na direção do processo, e velarão pelo
andamento rápido das causas, por determinar qualquer diligência necessária para o
esclarecimento dela”. Ou seja, o disposto em lei faculta ao Juiz dirigir o processo com
ampla liberdade.
Já definiu Sérgio Pinto Martins, em sua obra Direito do Trabalho: "Os fatos são
muito mais importantes que os documentos”. Tal ressalva é feita devido, a relação de
trabalho quase sempre trazer uma relação de hipossuficiência, onde de um lado o
empregador detém as condições e exigências para o empregado realizar o trabalho. Fica
clara o dispare que ocorre na relação empregado x empregador, onde por muitas vezes o
empregado se permite concordar com ordens que transpassem sua função laboral, e até
mesmo assinar documentos com inverdades. Afinal que alternativa lhe resta para manter
seu emprego.
Contudo, o princípio da verdade real, é aquele que mais atua do lado do
trabalhador, primando assim para que a realidade dos fatos seja exposta, e a que justiça
possa ser feita.

Verdade real e verdade formal são inconfundíveis para os fins da teoria da prova.
A primeira decorre dos fatos que realmente acontecem na vida, ou seja, a verdade em si;
a segunda corresponde aos elementos constantes dos autos, como resultado das provas
produzidas pelos sujeitos do processo.

Proibição da prova ilícita: As partes têm o dever de agir com lealdade em


todos os atos processuais, mormente na produção de prova. O princípio da licitude da
prova encontra residência no art. 5º, LVI, da CF, segundo o qual “são inadmissíveis, no
processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.
É factível afirmar que prova ilícita é aquela que implica violação de norma do
direito material, uma vez que é obtida por meio de ato ilícito. Já as provas que decorrem
de violação de norma processual são chamadas ilegítimas.
O princípio da proibição de prova ilícita vem sendo mitigado, em casos
concretos, com base nos princípios da proporcionalidade (ou da razoabilidade), segundo
o qual não se deve chegar ao extremo de negar validade a toda e qualquer prova obtida
por meios ilícitos, como, por exemplo, uma gravação sub-reptícia utilizada por
empregada que deseja fazer prova de que fora vítima de assédio sexual pelo seu
empregador ou superior hierárquico, sem o conhecimento deste.
A revista íntima também pode ensejar a violação ao princípio em epígrafe. Há
entendimentos que admitem a revista íntima, desde que o empregador adote todos os
meios necessários à preservação da intimidade e da dignidade do trabalhador.

Do livre convencimento ou da persuasão racional: São dois os sistemas


jurídicos acerca da posição do juiz na aferição da prova processual, os quais são
informados por dois princípios: o do livre convencimento e o da certeza legal.
O sistema do livre convencimento opõe-se ao sistema da certeza legal, pois neste
o valor das provas já estava preestabelecido em lei, não tendo o juiz nenhuma liberdade
na sua apreciação. O sistema da certeza legal decorria do receio de arbítrio judicial.
Havia então uma hierarquia das provas, ficando o juiz impedido também de admitir
provas que a lei não especificasse.
O ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio do livre convencimento,
também chamado de princípio da persuasão racional. Esse princípio, na verdade,
encerra a base de um sistema processual em que o juiz forma a sua convicção
apreciando livremente o valor das provas dos autos. A liberdade de que goza o juiz não
pode, porém, converter-se em arbítrio, sendo, antes, um dever motivar o seu raciocínio.
O princípio do livre convencimento está consagrado expressamente no art. 131
do CPC 73, sendo certo que a CLT também o contempla implicitamente no art. 765, que
confere ao juiz ampla liberdade na condução do processo, e no art. 832, que determina
constarem da sentença “a apreciação das provas” e “os fundamentos da decisão”.
Porém o CPC de 2015 estabelece em seu artigo 371 que “o juiz apreciará a prova
constante dos autos independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na
decisão as razões da formação de seu convencimento”.
No CPC de 2015 não encontramos a palavra “livremente” estabelecida no artigo
131 do CPC/73 e no art. 118 do CPC/39, o que tem levado alguns intérpretes da Lei
13.105/2015 a asseverar não mais existir no Direito Processual Civil Contemporâneo o
princípio do livre convencimento motivado. Todavia, esse entendimento não é unanime
Da aquisição processual; A prova produzida, independentemente de quem a
produziu, é adquirida pelo processo, ou melhor, pelos autos, dele não podendo mais ser
retirada ou desentranhada, salvo em situações especiais legalmente autorizadas, como as
previstas nos arts. 195, 392, parágrafo único, e 1.215, § 1º, do CPC. Vale dizer, as
provas não pertencem às partes, e sim ao processo ou, segundo alguns, ao juízo. Daí o
princípio da aquisição processual da prova.
Oralidade: No processo do trabalho, as provas devem ser realizadas,
preferencialmente, na audiência de instrução e julgamento, isto é, oralmente e na
presença do juiz. O princípio da oralidade não é um princípio de processo, mas sim de
procedimento processual.
Este princípio está positivado em diversos artigos da CLT, principalmente no seu
art. 845, segundo o qual “o reclamante e o reclamado comparecerão à audiência
acompanhados de suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas”.
Outros dispositivos consolidados também encampam o princípio, como se vê da leitura
dos seus arts. 848 usque 852 e 852-H.
A lei dos juizados especiais (lei 9.099/95) em seu art. 2º diz que: “O processo
orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação”.
No processo do trabalho o princípio da oralidade tem ampla utilização: a reclamação
poderá ser verbal (reduzida a termo posteriormente) – art. 840, caput, da CLT;

1) a defesa pode ser verbal – o réu dispõe de 20 (vinte) minutos – art. 847 da CLT;

2) o juiz pode interrogar (oralmente) os litigantes – art. 848, caput, da CLT;

3) oitiva de testemunhas, peritos e técnicos – art. 848, § 2º, da CLT;

4) as razões finais podem ser feitas oralmente – cada parte dispõe de 10 (dez) minutos –
art. 850, caput, da CLT

In dubio pro misero: Consiste na possibilidade de o juiz, em caso de dúvida


razoável, interpretar a prova em benefício do empregado, geralmente autor da ação
trabalhista. Afinal, o caráter instrumental do processo não se confunde com sua forma.
De forma geral, quando ocorrerem dúvidas em relação à qual norma legal
aplicar, deverá ser aplicada a que for mais favorável ao empregado. Podemos mencionar
como exceção a esse princípio as situações que envolvem a matéria probatória ou o
direito processual. Nessa linha é entendimento de Sergio Pinto Martins: O indubio pro
operário não se aplica integralmente ao processo do trabalho, pois, havendo dúvida, à
primeira vista, não se poderia decidir a favor do trabalhador, mas verificar quem tem o
ônus da prova no caso concreto”.

O princípio ora focalizado não é aceito pacificamente pela doutrina no


âmbito do direito processual do trabalho, pois, neste, o juiz deve velar pelo
tratamento igualitário às partes, orientando-se, em tal mister, pela teoria da
distribuição do ônus da prova.

Questão 9
A prova, conforme Marinoni e Arenhart, não tem como objetivo provar fatos e sim as
‘afirmações de fato’, ou seja, a alegação que pode ou não ter relação com o que se
passou (MARINONI, Luiz Guilherme apud BEZERRA, Carlos Henrique, 2012, p.604).
O processo deixa claro que existem duas faces da ideia de verdade: real e formal. De
acordo com a primeira, os fatos que aconteceram na vida serão os relevantes; de acordo
com a segunda, se limita os elementos analisados nos autos, sendo tudo baseado nas
provas produzidas pelas partes do litígio.

Com isso, surge a ideia de principio da primazia da realidade, presente no direito


material, que é a base para o principio da verdade real. Conforme o artigo 765 da CLT,
‘os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e
velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência
necessária ao esclarecimento delas’. A jurisprudência também acolhe tal principio,
conforme citação abaixo:

SALÁRIO EXTRA FOLHA. INVALIDADE DA PROVA


DOCUMENTAL.PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA
REALIDADE. No processo do trabalho vigora o princípio da
primazia da realidade, que invalida os recibos de pagamento
formais, quando estes são desconstituídos pelo restante da prova
dos autos. Demonstrado, pela prova testemunhal, firme e idônea,
o pagamento de prêmios em dinheiro, não contabilizados com o
salário mensal, são devidas as diferenças correspondentes à
integração dos primeiros na remuneração do autor, porque
evidenciada a quitação de salário extra folha (RO 7025/03, 2ª
Turma do TRT da 3ª Região, Sabará, Rel. Alice Monteiro de
Barros, j. 24-6-2003, unânime, DJMG 2-7-2003).

PROVA TESTEMUNHAL. No Processo do Trabalho, vigora o


princípio da primazia da realidade, que faz com que a prova
documental ceda espaço à testemunhal, quando esta se mostra
firme no sentido da desconstituição daquela (RO 00599.401/98-
2, 5ª Turma do TRT da 4ª Região, Caxias do Sul, Rel. Francisco
Rossal de Araújo. j. 20-3-2003, unânime, DJ 12-5-2003).
A fundamentação jurídica para tal principio encontra embasamento também no Novo
Código de Processo Civil, conforme o artigo 371 que diz: ‘o juiz apreciará a prova
constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na
decisão as razões da formação de seu convencimento’. Além disso, voltando à
Consolidação das Leis Trabalhistas, o artigo 852 D diz: O juiz dirigirá o processo com
liberdade para determinar as provas a serem produzidas, considerado o ônus probatório
de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes
ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência
comum ou técnica.

Conforme os artigos da CLT supracitados, fica notório que os juízes e Tribunais


possuem ampla liberdade na direção do processo e podem determinar diligências que
sejam importantes para se conseguir esclarecer sobre certos pontos. Além do mais, fica
claro que cabe ao juiz participar da instrução do processo, ou seja, ele pode excluir ou
limitar provas excessivas, protelatórias e impertinentes.

Tais questões podem ser de grande ganho para se impedir a produção das provas ilícitas,
ou seja, o juiz pode aferir a verossimilhanças entre o que disse as partes. Tal fato
encontra total respaldo constitucional, conforme o que é expresso no artigo 5º, LVI: ‘são
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos’. Tal vedação não tem
aplicabilidade apenas no Processo Trabalhistas, mas também no CPC, como diz o artigo
369: ‘As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como moralmente
legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em
que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz’. Tal
vedação respalda na tentativa do processo estar em consonância com regras de direito e
morais. O julgado do TST mostra tal aplicabilidade:

pode o empregador monitorar e rastrear a atividade do


empregado no ambiente de trabalho, em email corporativo, isto
é, checar suas mensagens, tanto do ponto de vista formal quanto
sob o ângulo material ou de conteúdo. Não é lícita a prova assim
obtida, visando a demonstrar justa causa para a despedida
decorrente do envio de material pornográfico a colega de
trabalho. Inexistência de afronta ao art. 5, X, XII e LVI, da
Constituição Federal. 6. Agravo de Instrumento do Reclamante a
que se nega provimento.” (TST 10 R., RR 613/007, 1 T., Rel.
Min João Oreste Dalazen, DJU 10.06.2005, p. 901)

Sobre a questão de gravação clandestina, pode-se citar tal entendimento:

PROVA ILÍCITA E DANOS MORAIS - A gravação ambiental


de diálogo por um dos interlocutores, sem conhecimento e
autorização dos demais, não constitui prova ilícita, mormente
quando a ação versa sobre danos morais, muitas vezes de difícil
comprovação. A gravação realizada, no caso em tela, configurou
legítima defesa da reclamante em face das ofensas por ela
apontadas, o que afasta a argüição de ilicitude da prova. (TRT-2ª
R. - RO 00624-2004-062-02-00-4 - 12ª T. - Rel. Juiz Adalberto
Martins - DOE/SP 11.04.2008).

Enfim, fica claro que as provas produzidas devem estar respaldas com ética e lealdade,
como bem dispõe o artigo o artigo 14, II do antigo CPC e vedação de litigância de má
fé, como dispõe o artigo art 80 do novo CPC. Também o Código de Processo Civil
deixa expresso, no art. 142 do novo CPC que: “Convencendo-se, pelas circunstâncias da
causa, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou
conseguir fim proibido por lei, o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das
partes”.

Entretanto, vale falar que as provas produzidas de meios ilícitos, conforme Carlos
Henrique Bezerra Leite, baseando nos princípios da proporcionalidade ou razoabilidade,
não invalidam o processo desde que existam provas autônomas, independentes e não
contaminadas. Como dispõe o autor em seu livro Curso de Direito Processual do
Trabalho:

O princípio da proibição de prova ilícita vem sendo mitigado,


em casos concretos, com base nos princípios da
proporcionalidade (ou da razoabilidade), segundo o qual não se
deve chegar ao extremo de negar validade a toda e qualquer
prova obtida por meios ilícitos, como, por exemplo, uma
gravação sub-reptícia utilizada por empregada que deseja fazer
prova de que fora vítima de assédio sexual pelo seu empregador
ou superior hierárquico, sem o conhecimento deste.
(BEZERRA, Carlos Henrique, 2012, p. 1142)

Portanto, o juiz possui certa liberdade para contrapor a produção de provas ilegítimas e
existe um abrandamento pela doutrina e jurisprudência quando se diz sobre a produção
de prova ilícita, conforme citado por Carlos Bezerra Leite. Sendo assim, sempre se
deve observar o caso concreto e examinar se existe condições de indicar provar por
outro meios e ver os danos gerados.

Referências:

SARAIVA, Renato, Curso de Direito Processual do Trabalho, São Paulo, Método,


2014

LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Curso de Direito Processual do Trabalho, São


Paulo, LTR 80, 2012

Artigo 852-D. 2015. Disponível em: <http://www.direitocom.com/clt-comentada/titulo-


x-do-processo-judiciario-do-trabalho/capitulo-iii-dos-dissidios-individuais/artigo-852-
d>.Acesso em: 08-07-2017

A prova ilícita no processo do trabalho. Disponível em:


<http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/a-prova-ilicita-no-processo-do-
trabalho/6307>.Acesso em: 08-07-2017

Introdução:

A prova ilícita mostra a relevância de se dar o mínimo de respaldo jurídico ao juiz para
impedir que atos ao arrepio do direito sirvam para fundamentar atos do Estado Juiz.
Para isso, é de suma importância que o Juiz busque garantir a Constituição Federal,
principalmente a parte do artigo 5º, LVI que veda prova ilícita, para se conseguir
garantir a pacificação social justa. Entretanto, é sempre bom deixar claro que nem
sempre deve se interpretar de maneira exegética, uma vez que isso também pode
representar violação dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, como bem
veremos na argumentação de Carlos Henrique Bezerra Leite

Conclusão:

Portanto, pode-se observar que os julgados da Justiça do Trabalho estão a todo o


momento rechaçar provas ilícitas, inclusive dando mais liberdade ao Juiz para afastar
tais meios, mas de modo que não signifique violação do principio da proporcionalidade
e razoabilidade. É justamente com base em tais princípios que o processo, mesmo
respaldo em partes por prova ilícita, pode continuar o seu andamento, inclusive,
conforme argumenta Carlos Henrique Bezerra Leite, a gravação sub-reptícia, mesmo
que tendo atos ilícitos, pode ser analisada para se provar o assédio sexual de uma
empregada.

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