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Universidade Federal do ABC

Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas

Programa de Pós-graduação em Energia

Comparação entre os programas de eficiência energética brasileiros e norte-americanos

Charles Couto de Camargo Júnior

Dissertação

Santo André - SP
2015
Charles Couto de Camargo Júnior

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Energia da Universidade Federal
do ABC, como parte dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Energia.
Área de concentração: Tecnologia, Engenharia e
Modelagem

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ricardo Lourenço


Coorientador: Prof. Dr. Júlio Francisco Blumetti Facó

Santo André - SP
2015
Ficha catalográfica

CAMARGO JUNIOR, Charles Couto


Comparação entre os programas de eficiência energética brasileiros e norte-americanos:
Universidade Federal do ABC, 2015.
115 fls. Il. 29 cm
Orientador: Sérgio Ricardo Lourenço
Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal do ABC, Programa de Pós-graduação
em Energia, 2013.
1. Eficiência energética. 2. Políticas. 3. Programas. 4. Brasil. 5. EUA
I. LOURENÇO, Sérgio Ricardo. II. Programa de Pós-graduação em Energia, 2013, III.
Título.
FOLHA DE ASSINATURAS
Assinaturas dos membros da Banca Examinadora que avaliou a Defesa de Dissertação de
Mestrado do candidato Charles Couto de Camargo Júnior, realizada em 21 de maio de 2015,
com o título “Comparação entre os programas de eficiência energética brasileiros e norte-
americanos”.

Prof. Dr. Sérgio Ricardo Lourenço


UFABC-Presidente

Prof. Dr. Douglas Alves Cassiano


UFABC-Avaliador Interno

Prof.ª. Dr.ª Carla Andrea Soares de Araújo


FEI-Avaliador Externo

Prof. Dr. Fernando Gasi


UFABC – Avaliador Suplente Interno

Prof. Dr. Fabiano Armellini


École Polytéchnique de Montréal – Avaliador Suplente Externo
Página intencionalmente deixada em branco
Dedicatória
A minha mulher Nara, pelo amor, apoio e incentivo incondicionais.

Aos meus filhos Thais e Arthur, pela compreensão da minha ausência, apoio e dedicação.

A meus pais, Charles e Thereza, in memoriam, pelo incentivo, sacrifício e orgulho de seus
filhos.
Agradecimentos

Ao amigo e orientador, o Prof. Dr. Sérgio Ricardo Lourenço pela orientação, apoio e
principalmente pelos grandes ensinamentos, dentro e fora do espaço acadêmico.

Ao coorientador Prof. Dr. Júlio Francisco Blumetti Facó, pelas contribuições à dissertação.

À banca composta por pelos Doutores acima citados e ainda o Prof. Dr. Douglas Alves
Cassiano, Prof.ª Dr.ª Carla Andrea Soares de Araújo, Prof. Dr. Fernando Gasi, Prof. Dr. Fabiano
Armellini, cujas contribuições constituíram de forma significativa para a conclusão deste
trabalho.

Aos mestres e colegas mestrandos pelos momentos de aprendizado que me proporcionaram.

.
Epígrafe

“O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.

William George Ward
Lista de Tabelas contidas nesse trabalho

Tabela 1-Componentes do custo de Energia Elétrica Industrial no Brasil ............................. 19


Tabela 2-Classificação dos projetos de Eficiência Energética-Brasil e EUA ......................... 43
Tabela 3-Divisão dos programas analisados por grupos ........... Erro! Indicador não definido.
Tabela 4-Produtos abrangidos pelo PEB............................................................................... 47
Tabela 5-Resultados dos programas Selo Procel e Energy Star no ano de 2011 .................... 48
Tabela 6-Resultados dos programas Selo Procel e Energy Star no ano de 2012 .................... 48
Tabela 7- Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados a
Etiquetagem de equipamentos .............................................................................................. 49
Tabela 8- Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados edificação
............................................................................................................................................ 53
Tabela 9-Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados a órgãos
públicos ............................................................................................................................... 55
Tabela 10-Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados aos
veículos ............................................................................................................................... 60
Tabela 11-Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados a
indústria ............................................................................................................................... 63
Tabela 12- Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados aos
biocombustíveis e hidrogênio ............................................................................................... 65
Tabela 13-Comparação de programas de eficiência energética em vigor destinados a energia
elétrica renovável ................................................................................................................. 68
Tabela 14-Comparação de programas de eficiência energética em vigor destinados a energia
............................................................................................................................................ 70
Tabela 15-Comparação final entre os programas de eficiência energética brasileiros e norte-
americanos ........................................................................................................................... 76
Lista de Figuras contidas nesse trabalho

Figura 1- Custo da Energia Elétrica Industrial no Mundo ..................................................... 19


Figura 2-Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte .......................................................... 23
Figura 3-Evolução do Consumo Final por tipo de fonte primária - 1970 a 2013 ................... 24
Figura 4-Evolução da Participação do Consumo Final por fonte-1970 a 2013 ...................... 24
Figura 5-Produção de Energia Primária-1970 a 2013 ........................................................... 25
Figura 6-Oferta Interna de Energia-por tipo de energia primária ........................................... 26
Figura 7-Oferta Interna de Energia-Evolução 1970-2013 ..................................................... 26
Figura 8 - Sistema Energético Genérico ............................................................................... 30
Figura 9-Produção Total de Energia (Mtep) ......................................................................... 32
Figura 10-Intensidade de Energia (Oferta Interna de Energia Total/PIB) - tep/US$ x 103 ..... 33
Figura 11 ............................................................................................................................. 34
Figura 12-Auto Suficiência (%)-Produção Total de Energia/Oferta Interna de Energia Total 34
Figura 13-Oferta Interna de Energia Total/População (tep per capita)................................... 35
Figura 14-O “mercado” da eficiência energética .................................................................. 38
Figura 15 - Comparação entre PIB e Consumo Energético ................................................... 39
Figura 16-Quadro Indicador da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável (UNCSD) .......................................................................................................... 40
Figura 17-Etiqueta de eficiência energética e sua descrição .................................................. 45
Figura 18-Etiqueta de eficiência energética-lâmpadas .......................................................... 46
Figura 19-Logotipo Energy Star. .......................................................................................... 48
Figura 20-Logotipo do Programa Procel Edifica .................................................................. 51
Figura 21- Etiqueta Procel para fase de projeto .................................................................... 52
Figura 22-Etiqueta Procel para edificação construída ........................................................... 52
Figura 23-Selo do Procel EPP .............................................................................................. 54
Figura 24-Selo PBAV .......................................................................................................... 57
Figura 25-Tabela comparativa de veículos: Economia de Combustível................................. 58
Figura 26-Tabela comparativa de veículos: Segurança e Ambiente. ..................................... 59
Figura 27-Logotipo do Programa Procel Indústria ................................................................ 62
Lista de siglas utilizadas nesse trabalho

AMO - Advanced Manufacturing Office

Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica

BETO - Bioenergy Technologies Office

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BTO - Building Technologies Office

CAFE - Corporate Average Fuel Economy

CICE - Comissão Interna de Conservação de Energia

CNI - Confederação Nacional da Indústria

Conpet - Programa Nacional de Racionalização do Uso de Derivados do Petróleo e do Gás


Natural

DOE - U. S. Department of Energy

DOT - U. S. Department of Transportation

EE -Eficiência Energética

EECBG - Energy Efficiency and Conservation Block Grant Program

EEE - Eficiência Energética em Edificações

EGS -Enhanced Geothermal Engine

EIA - U. S. Energy Information Administration

EMTU/SP - Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo

ENCE - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

EPA - U. S. Environmental Protection Agency

EUA - Estados Unidos da América

FCVT -FreedomCAR and Vehicle Technologies

FEMP - Federal Energy Management Program


Finep - Financiadora de Estudos e Projetos

GT-Edificações - Grupo Técnico para Eficientização de Energia nas Edificações no País

IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal

IEA-International Energy Agency

Inmetro - Instituto Brasileiro de Metrologia

ISO - International Organization for Standardization

MME-Ministério de Minas e Energia

NHTSA - National Highway Traffic Safety Administration

PBE - Programa Brasileiro de Etiquetagem

PBEV - Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular

PCEEE - Programa de Conservação de Energia Elétrica em Eletrodomésticos

PME - Programa de Mobilização Energética

PNPB - Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel

PNCURE - Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia

Procel - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

Procel Edifica - Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações

Procel EPP - Programa de Eficiência Energética nos Prédios Públicos

Procel GEM-Procel Gestão Energética Municipal

Proinfa - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

P&D - Pesquisa e Desenvolvimento

P&D+I - Pesquisa Aplicada, Desenvolvimento e Inovação

RCE - Rede Cidades Eficientes em Energia

REC - Renewable Energy Certificate

RFS - Renewable Fuel Standard


RTQ-C - Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios
Comerciais, de Serviços e Públicos

SEP - State Energy Program

TEP - Tribal Energy Program

Toe - Tonne of oil equivalent (1 toe = 11,63 MWh = 41,868 GJ)

Tep – Tonelada equivalente de petróleo

WAP - Weatherization Assistance Program

WIP - Weatherization and Intergovernmental Program

WWPTO - Wind and Water Power Technologies Office


Sumário

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 18

2. PROBLEMA ............................................................................................................... 21

3. OBJETIVO DO TRABALHO .................................................................................... 22

3.1. Objetivo geral ........................................................................................................ 22

3.2. Objetivo Específico ............................................................................................... 22

4. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 23

5. EMBASAMENTO TEÓRICO ................................................................................... 28

5.1. A Eficiência energética .......................................................................................... 28

5.2. Os Indicadores de eficiência energéticas ................................................................ 28


5.2.1. Indicadores Termodinâmicos .......................................................................... 29
5.2.2. Indicadores Físico-termodinâmicos ................................................................. 31
5.2.3. Indicadores Econômico-termodinâmicos ......................................................... 31
5.2.4. Indicadores Econômicos ................................................................................. 31

5.3. Comparação dos Indicadores de Energia e eficiência energética do Brasil e EUA .. 32

5.4. A utilização dos indicadores de Energia e eficiência energética .............................. 35

5.5. Limitações no Processo .......................................................................................... 35

5.6. Os Fatores Econômicos .......................................................................................... 37

5.7. Desenvolvimento de matriz de sustentabilidade ..................................................... 39

6. HISTÓRICO DOS PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL


41

7. METODOLOGIA ....................................................................................................... 43

8. DISCUSSÃO ............................................................................................................... 45

8.1. Etiquetagem ........................................................................................................... 45

8.2. Edificações ............................................................................................................ 51

8.3. Órgãos Públicos ..................................................................................................... 54


8.4. Veículos ................................................................................................................ 56

8.5. Biocombustíveis e hidrogênio ................................................................................ 64

8.6. Energia elétrica renovável ...................................................................................... 66

8.7. Integração e suporte ............................................................................................... 69

8.8. Resultados ............................................................................................................. 71

8.8.1. Etiquetagem ....................................................................................................... 71

8.8.2. Edificações ......................................................................................................... 72

8.8.3. Órgãos Públicos ................................................................................................. 73

8.8.4. Veículos ............................................................................................................. 73

8.8.5. Indústria ............................................................................................................. 73

8.8.6. Biocombustíveis e hidrogênio ............................................................................ 74

8.8.7. Energia Elétrica Renovável ................................................................................ 74

8.8.8. Integração e suporte ........................................................................................... 75

9. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 78

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 79


RESUMO

A utilização de energia faz parte do progresso do homem, e em um ambiente com


recursos finitos, a utilização dessa energia se faz necessário adaptação. Os princípios de
eficiência energética devem ser aplicados à realidade cotidiana e desta forma, a comparação de
programas já consolidados, ampliam a gama de opções energéticas para o crescimento
brasileiro. O estudo comparativo das políticas implantadas em duas nações distintas - no caso
Brasil e EUA - que apresentam diferentes fases de desenvolvimento, permitem uma adaptação
mais precisa às realidades brasileiras dos projetos de eficiência energética, utilizando as boas
práticas e abandonando aquelas que já se mostraram não efetivas. As análises conjecturais dos
casos abrangerão as políticas para etiquetagem de equipamentos, as edificações, órgãos
públicos, veículos, a indústria, biocombustíveis e hidrogênio, energia elétrica renovável e a
integração e suporte.

A conclusão que se estabelece é que a eficácia da aplicação dos programas será


diretamente responsável pela manutenção do crescimento sustentável e que sua aplicação é
completamente necessária à atual situação energética brasileira.

Palavras-chave: Eficiência energética. Políticas. Programas. Brasil. EUA.


ABSTRACT

Energy use is part of man's progress, and from the moment we live in an environment
that have finite resources, the use of this energy is needed adaptation. The principles of energy
efficiency should be applied to everyday reality and thus the comparison of programs already
established, will meet increasing demands on our environment. The comparative study of
policies implemented in two distinct nations - where Brazil and USA - which have different
phases of development, permit a more precise adaptation to Brazilian realities of energy
efficiency projects, using best practices and abandoning those that have proven not effective.
The conjectural analysis of cases cover policies for labeling of equipment, buildings, public
agencies, vehicles, industry, biofuels and hydrogen, and renewable energy integration and
support.

The conclusion that is established is that the effective implementation of programs will
be directly responsible for the maintenance of sustainable growth and that its implementation
is quite necessary to the current Brazilian energetic situation.

Keywords: Energy efficiency. Policies. Programs. Brazil. USA. The use of energy is part of
man's progress, and in an environment with finite resources, the use of that energy is
necessary adaptation. The energy efficiency principles should be applied to everyday reality
and thus the comparison of programs already established, expand the range of energy options
for the Brazilian growth. The comparative study of the policies implemented in two distinct
nations - where Brazil and the United States - who have different stages of development, can
adapt more needs to Brazilian realities of energy efficiency projects using best practices and
abandoning those that have proven not effective. The conjectural analysis of cases cover
policies for labeling equipment, buildings, public agencies, vehicles, industry, biofuels and
hydrogen, renewable electricity and the integration and support.

The conclusion that is established is that the effective implementation of programs will be
directly responsible for the maintenance of sustainable growth and that its implementation is
quite necessary for the current Brazilian energy situation.

Keywords: Energy efficiency. Policies. Programs. Brazil. USA.


18

1. INTRODUÇÃO

A energia é um dos insumos essenciais, determinantes e limitantes para o


desenvolvimento da sociedade. Desta forma, a utilização das fontes de energia de forma a
manter a maior eficácia possível, afetará as gerações presente e as futuras, formatando novas
tecnologias e novas necessidades. A medição da eficiência de energia de um sistema ou
processo é um passo essencial para o controle do consumo de energia e os custos de energia.
(GIACONE, 2012).

Um ponto preocupante, em termos energéticos, é que a demanda global triplicou nos


últimos 50 anos e pode triplicar novamente nos próximos 30 anos. (HINRICHS, R.,
KLEINBACH, M., 2008).

A evolução do consumo de energia no Brasil nos próximos 20 anos, deverá evoluir à


taxa média de 4,18% ao ano (EPE, 2012), decrescendo do atual patamar de 5,4% (2012-2013)
e estabilizando-se próximo a 4% a partir de 2016. Essa tendência justifica-se pela evolução do
desenvolvimento do país na última década, pois o consumo energético é proporcional ao grau
de desenvolvimento de cada nação (MIELNIK O., GOLDEMBERG J., 2002).

A matriz energética brasileira instalada é composta principalmente por componente de


geração hidrelétrica, com 63,11% (ANEEL, 2014), contudo, as usinas termelétricas estão
operando no país com carga quase total, com 81% da sua capacidade de 21.670 MW. A falta
de chuva em algumas regiões e o aumento do consumo de energia impulsionaram essa medida
emergencial, que possui um alto custo ambiental e de produção.

Apesar de ser baseada em um sistema de geração de energia de baixo custo operacional,


os custos da energia elétrica no Brasil impõem ao consumidor custos entre os maiores do
mundo. Em termos industriais, a tarifa média de 537,40 R$/MWh para a indústria no Brasil,
com variação de até 63% entre os estados - é o dobro da média de 267,50 R$/MWh encontrada
para um conjunto de 27 países que possuem dados disponíveis na Agência Internacional de
Energia, conforme gráfico abaixo (FIRJAN, 2015)
19

Figura 1- Custo da Energia Elétrica Industrial no Mundo

500,0

400,0

300,0

200,0

100,0

0,0

Bélgica
Itália

México

Argentina
Índia

Colômbia

Espanha

Holanda
Singapura

China
Costa Rica

Alemanha

Coréia do Sul

Paraguai

Canadá
França
Uruguai

Rússia
Reino Unido

Equador
EUA
Brasil

República Checa
El Salvador
Turquia

Japão

Chile
Portugal

R$/MW Média

Fonte FIRJAN, 2015

Isso se deve a problemas conjunturais inerentes à realidade do Brasil, onde o


planejamento necessário ao desenvolvimento da nação, foram relegados a segundo plano. Os
fatores preponderantes a esse custo, são a carga de impostos, os encargos setoriais e perdas,
conforme a seguinte tabela:
Tabela 1-Componentes do custo de Energia Elétrica Industrial no Brasil

Custo médio Brasil


Componente
R$/MW %
Custos de Geração, Transmissão e Distribuição-GTD R$ 281,60 52,4%
Encargos Setoriais R$ 22,60 4,2%
Perdas técnicas e não técnicas R$ 34,90 6,5%
Custo médio ponderado das bandeiras tarifárias R$ 53,30 9,9%
Tributos federais e estaduais-PIS/COFINS e ICMS R$ 145,00 27,0%
Total R$ 537,40 100,0%
Fonte-FIRJAN 2015
Baseado nessas premissas e como a energia elétrica é utilizada por todos os segmentos
da sociedade, como insumo de produção, os esforços para ampliação da eficiência energética
nas instalações torna-se realidade cada vez mais necessária.
20

Com o aumento do preço das fontes de energia durante as crises do petróleo ocorridas
nas crises de 1973 e 1979, busca-se soluções que melhor utilize-se a energia disponível, de
forma mais eficaz (MME, 2011). Exemplo das medidas adotadas no Brasil para reduzir a
dependência do petróleo importado é o PROALCOOL.

Desde então, vários países vêm implementando práticas de eficiência energética (EE),
por meio das quais é possível usar uma menor quantidade de energia para produzir a mesma
quantidade de serviços ou de energia útil (PATTERSON, 1996).

Como exemplo, o governo dos Estados Unidos adotou uma série de leis entre 1975 e
1980, após a segunda fase da crise do petróleo, que promoveram padrões de eficiência,
incentivos financeiros e a educação energética, causando uma redução no consumo energético
nacional (CLINTON, 1986), com o investimento de bilhões de dólares em pesquisa e
desenvolvimento, fundos e incentivos fiscais no setor de eficiência energética, sendo um dos
países de referência de práticas de eficiência energética (GELLER, 2006).

No Brasil, em 1975, o Grupo de Estudos sobre Fontes Alternativas de Energia (GEFAE)


organizou, em colaboração com o Ministério das Minas e Energia, um seminário sobre
conservação de energia e a FINEP patrocinou os recursos financeiros para a realização do
Programa de Estudos da Conservação de Energia, passando a desenvolver e apoiar estudos
visando à busca de maior eficiência na cadeia de captação, transformação e consumo de energia.

Outros programas praticados no Brasil são o Programa Nacional de Conservação de


Energia Elétrica (PROCEL), o Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do
Petróleo e do Gás Natural (CONPET) e o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

Dessa forma, este presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de analisar os
programas brasileiro e americano de eficiência energética, implantados e em atividade, em suas
semelhanças e diferenças, partindo-se de suas metas, objetos e meios de atuação.
21

2. PROBLEMA

Dada a evolução de demanda energética para um país em desenvolvimento social e


tecnológico, bem como as vertentes de gestão de impostos, perdas e demais implicações
políticas e administrativas, relações nacionais e internacionais de bens e produtos, que gerem a
economia de mercado, como podemos, no âmbito dos programas de eficiência energética,
implantar soluções que possibilitem menores custos de insumos na construção da indústria
nacional?

De que forma, comparando os programas de eficiência energética dos EUA com os


brasileiros, poderemos acrescentar valor à política energética da indústria brasileira?
22

3. OBJETIVO DO TRABALHO

3.1. Objetivo geral

Pesquisar o portfólio de eficiência energética que foi implantado e o em atividade no


Brasil e compará-lo aos implantados nos Estados Unidos da América (EUA), levantando suas
semelhanças e diferenças.

3.2. Objetivo Específico

Pesquisar quais as áreas nas quais são desenvolvidos programas de eficiência energética
nos dois países, quais são suas metas, objetos e meios de atuação.
23

4. JUSTIFICATIVA

Apesar da premissa de que para se tenha crescimento econômico existe maior consumo
energético, notadamente baseado nos anos anteriores a 80, onde o custo dos insumos
energéticos era pequeno, nota-se que de 1980 a 1998, o consumo energético elevou-se em uma
média 1% ao ano, enquanto o PIB (em valores do dólar constantes) cresceu 3,3 % anualmente.
(HINRICHS, R., KLEINBACH, M., 1998), notadamente baseado nos preceitos de eficiência
energética e conservação da energia.

Seguindo essa tendência, o Brasil tem-se desenvolvido nas últimas décadas e isso requer o
consumo de cada vez maiores quantidades de energia. Hoje a matriz energética elétrica
brasileira é eminentemente de origem hidráulica, com 70,6% do computo geral e essa geração
atingiu 570,0 TWh em 2013, resultado 3,2% superior ao de 2012 (EPE, 2014). É importante
ressaltar que devido à distribuição irregular de chuvas, a geração térmica a gás natural
(incluindo autoprodutores e usinas de serviço público) houve um acréscimo de 47,6%,
atingindo o patamar de 69,0 TWh (EPE, 2014).

A capacidade total instalada de geração de energia elétrica do Brasil (centrais de serviço


público e autoprodutoras) alcançou 126.743 MW, representando um acréscimo de
aproximadamente 5,8 GW, porém as centrais hidráulicas incrementaram em 30% enquanto as
centrais térmicas responderam por 65% da capacidade adicionada, cabendo às usinas os 5%
restantes. (EPE, 2014).

Figura 2-Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte

Fonte: adaptado de BEN 2014


Observações: Carvão e derivados: Inclui gás de coqueria; Hidráulica: Inclui importação de eletricidade;
Biomassa: Inclui lenha, bagaço de cana, lixívia e outras recuperações
24

Apesar da matriz energética ter mudado, devido às políticas de eficientização energética,


ainda somos dependentes da energia gerada pelo petróleo, como demonstram os gráficos
abaixo, na evolução e sua composição:

Figura 3-Evolução do Consumo Final por tipo de fonte primária - 1970 a 2013

Fonte:
Fonte: adaptado de BEN 2014

Figura 4-Evolução da Participação do Consumo Final por fonte-1970 a 2013

Fonte: adaptado de BEN 2014


25

Verifica-se que há grande diminuição do uso de lenha (decréscimo de 45% na


participação em 70 para próximo de 5% em 2013) e ampliação da utilização de energia elétrica
(de 7% na década de 70 para 17,1% em 2013), bem como o incremento da biomassa - bagaço
de cana (5% em 1970 e 15% em 2013) e de outras formas de energia, onde podemos destacar a
eólica coma geração de 6579 kW em 2013, equivalente a um aumento de 30,3% em relação ao
ano anterior, quando se atingiu 5050 kW, porém o petróleo apresenta-se no mesmo patamar de
1985 (EPE, 2014).

A Produção Primária de Energia, que é aquela gerada a partir de produtos energéticos


providos pela natureza na sua forma direta, como o petróleo, gás natural, carvão mineral,
minério de urânio, lenha e outros, por fonte apresenta uma inflexão para um patamar de
estabilidade, como pode ser verificado abaixo:

Figura 5-Produção de Energia Primária-1970 a 2013

Fonte: adaptado de BEN 2014

Nota-se a predominância do petróleo, com o avanço dos produtos da cana e hidráulica,


nos últimos 5 anos. Em relação à Oferta Interna de Energia, existe a seguinte configuração:
26

Figura 6-Oferta Interna de Energia-por tipo de energia primária

Fonte: adaptado de BEN 2014

Onde a predominância do Petróleo e seus derivados é notada, que se acrescida ao gás


natural, corresponde a 52,1% da oferta. A evolução dessa oferta, é observada abaixo, com:

Figura 7-Oferta Interna de Energia-Evolução 1970-2013

Fonte: adaptado de BEN 2014

Outros fatores, demonstrados na Demanda de Energia 2050 (EPE, 2014) são:


27

a. A mudança do perfil gerador brasileiro, com a auto geração pelo consumidor,


modificando e até equilibrando a crescente demanda energética;
b. Mudança no comportamento de mobilidade urbana brasileiro, devido à saturação
das grandes cidades;
c. Novas modalidades de transporte de carga, visando economia e competitividade;
d. Maior viabilização das energias alternativas nas indústrias, comercio e residências;
e. Ampliação da população e com a melhoria do padrão de vida, maior consumo da
energia;
f. Alteração do perfil de edificação, preocupada com a eficiência energética;
g. Com o custo brasileiro da energia, na contramão dos processos mundiais, o perfil de
empresas consumidoras de grandes quantidades de energia – vidro, cimento,
alumínio – podem mudar, alterando equilíbrio mundial.

Desta forma a justificativa para esse trabalho se baseia no fato do Brasil ser fortemente
dependente de fontes energéticas baseadas em petróleo e que os conceitos de eficiência
energética devem ser aprimorados para o melhor uso dessa fonte primária.

O uso de comparação para esse fim, entre os EUA - um dos maiores energo-consumidores
mundiais-país já reconhecido por suas práticas de eficiência energética, levantando as
semelhanças e diferenças entre o portfólio dos dois países, forma um parâmetro que apoia
medidas efetivas de controle e ajudem na pesquisa de novas fontes energéticas.
28

5. EMBASAMENTO TEÓRICO

5.1. A Eficiência energética

Por definição, a eficiência energética consiste da relação entre a quantidade de energia


empregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização (MME, 2013). Outra
definição corrente é que a eficiência energética refere-se a utilização de menos energia para
produzir o mesmo serviço ou de saída útil (PATTERSON, 1996). Porém essas definições
podem variar conforme a orientação de cada indivíduo, exemplificando, um engenheiro pode
considerar a menor quantidade de combustível utilizada por um veículo para percorrer
determinada distância, enquanto um ambientalista pode admitir um maior consumo desde que
sejam transportados maior número de pessoas. O que nos leva a pensar em indicadores.

5.2. Os Indicadores de eficiência energéticas

Os indicadores de eficiência energética constituem uma importante ferramenta de análise


entre o consumo de energia e as atividades envolvidas no processo em questão, a fim de que
seja possível mensurar corno a energia consumida. Este tipo de análise é fundamental para
monitorar e avaliar políticas energéticas, tanto passadas quanto atuais, a fim de projetar medidas
necessárias para o futuro.

Indicadores de energia tornaram-se importantes para o desenvolvimento de políticas de


energia, uma vez que eles ajudam a resumir informações sobre energia, analisando históricos
de tendências energéticas, análise comparativa, alvo de monitoramento realização de políticas
energéticas do passado e do presente, fazer políticas eficazes para o futuro e com foco apoio
político. Em suma, os indicadores de energia fornecem informações para avaliar as mudanças
do consumo de energia (LOMBARD, 2012)

Considerando-se a quantidade e complexidade dos processos existentes em uma indústria e


da utilização final de seus produtos, criar índices de eficiência que sejam consistentes e que
possam ser comparados torna-se uma tarefa difícil (TANAKA, 2008). Dessa maneira, o
problema torna-se em como definir precisamente a saída útil e o consumo de energia, onde
devem ser consideradas determinadas metodologias essenciais que muitas vezes são ignoradas
na literatura (PATTERSON, 1996).
29

A análise de indicadores de eficiência consiste em uma boa oportunidade para compreender


os principais condutores do consumo de energia dentro de um processo.
Trata-se de uma abordagem eficaz, que demonstra as diferenças e tendências do consumo
energético na indústria, sendo capaz de identificar as maiores oportunidades de melhoria.
Segundo Patterson, existem diversos indicadores que podem ser utilizados para
monitorar mudanças na eficiência energética. Estes podem ser divididos em quatro grupos
distintos: termodinâmico, físico-termodinâmico, econômico-termodinâmico e econômico.

5.2.1. Indicadores Termodinâmicos

Os indicadores termodinâmicos são aqueles nos quais são consideradas apenas medidas e
análises relacionadas às leis da termodinâmica, quanto à eficiência da transformação de uma
forma de energia em outra, ou seja, comparando a relação entre o processo real e o ideal quanto
à energia utilizada.

A Primeira Lei da Termodinâmica, ou Princípio de Conservação de Energia, estabelece que


a soma da energia mecânica e da quantidade de calor, a energia total, é constante dentro de um
sistema isolado. Sob este aspecto, a energia total do sistema inicial é igual à energia do sistema
final, independente do caminho seguido pelo sistema para passar do estado inicial para o final.
A eficiência desta primeira lei, chamada de entalpia, é calculada de acordo com a relação
energética em um processo, apresentada abaixo.

∑ 𝑆𝑎í𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎


𝐸𝑛𝑡𝑎𝑙𝑝𝑖𝑎 = (1)
∑ 𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎

Nesta relação é considerado apenas o fato de que a energia se conserva, mas não há
indicações com relação a melhor forma de ser utilizada (GOLDEMBERG, 1983). Esta
eficiência também não leva em consideração a qualidade da energia na entrada e na saída, e não
há distinção entre os tipos de fonte utilizados, nem quais são as mais produtivas. De uma forma
geral, esta lei não fornece ideias de melhorias que podem ser realizadas no sistema a fim de
obter um melhor desempenho, pois não há sentido em comparar processos de diferentes
características.
30

A Segunda Lei da Termodinâmica tem como base a definição do limite ideal dos processos,
ponto importante para a teoria da conservação de energia. Com a definição de eficiência
termodinâmica de 100% ou a unidade, esta lei permite que se tenha ideia das melhorias que
podem ser realizadas, porém é aplicável apenas ao mundo restrito dos sistemas ideais
(PATTERSON, 1996). A eficiência da Segunda Lei dentro de um processo, analisando uma
tarefa especifica, é descrita na Equação 2.

𝐸𝑛𝑡𝑎𝑙𝑝𝑖𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑢𝑚𝑎 𝑡𝑎𝑟𝑒𝑓𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑎


𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 2ª 𝑙𝑒𝑖 = (2)
𝐸𝑛𝑡𝑎𝑙𝑝𝑖𝑎 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑟 𝑢𝑚𝑎 𝑡𝑎𝑟𝑒𝑓𝑎 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠í𝑣𝑒𝑙

Esta razão pode ser utilizada para mensurar o quão próximo um processo de conversão de
energia real é de uma eficiência ideal, onde o processo mais eficiente possui o resultado desta
fórmula igual a 1 (PATTERSON, 1996). A primeira restrição desta lei é que assume
reversibilidade perfeita, como se os processos pudessem ser reduzidos infinitesimalmente. De
fato, isso não é possível no mundo real, pois ocorrem perdas durante a transformação de uma
forma de energia em outra, como pode ser observado na Figura 7. Além disso, não contabiliza
as entradas indiretas de energia - voltando à questão da independência com relação à qualidade
da energia utilizada.

Figura 8 - Sistema Energético Genérico

Sistema

Processo

Energia Utilizada Energia Útil

Perdas

Fonte: Adaptado de MARQUES, 2006


31

5.2.2. Indicadores Físico-termodinâmicos

Este tipo de indicador é considerado híbrido, pois a entrada de energia continua sendo
mensurada em unidades termodinâmicas, porém a saída é medida em unidades físicas. Estas
unidades físicas tentam medir o que de fato é fornecido pelo processo, por exemplo, em termos
de toneladas do produto final (PATTERSON, 1996).

Esta comparação não ocorre de forma simples, pois há dificuldade em localizar e analisar
as diferentes entradas e saídas de energia na indústria, para cada linha de produto. O problema
torna-se determinar, especificamente, quanto da entrada de energia foi distribuído para cada um
dos diferentes processos e suas saídas, a fim de obter o restringe-se a medida da eficiência
energética geral do processo, já que permite comparar apenas processos com o mesmo uso final.

5.2.3. Indicadores Econômico-termodinâmicos

Também considerados híbridos, mas neste caso as saídas do processo são mensuradas
em termos de preços do mercado, ou seja, valores monetários. A energia de entrada, assim como
nos casos anteriores, é mensurada em termos de unidades termodinâmicas. Estes indicadores
podem ser utilizados em diversos tipos de atividades econômicas, como setorial, industrial ou
nacional. O problema encontra-se em sua metodologia, pois estes dados são facilmente
manipulados ou adaptados à teoria, podendo não representar a realidade.

5.2.4. Indicadores Econômicos

Neste grupo, a mensuração de entrada e saída de energia ocorre em valores monetários.


O problema deste, no entanto, é determinar o valor monetário da energia de entrada. Seria
necessário obter a estimativa de um preço ideal, porém este preço é instável, devendo ser
recalculado constantemente. Uma alternativa seria obter uma medida para o "custo da energia
conservada", a qual poderia informar o público, de maneira geral, qual seria a quantidade em
valor monetário da economia caso medidas de eficiência energética fossem adotadas.

Este princípio, porém, leva em consideração que todos têm acesso à melhor tecnologia
disponível no mercado, deixando de lado fatores que podem dificultar este cenário ideal, como
políticas econômicas, sociais e energéticas de cada país. Esta técnica pode resultar em valores
32

finais vagos, se utilizados sem análise complementar, pois os preços podem variar e a qualidade
do produto final também, não refletindo a eficiência energética.

De forma geral, o uso de indicadores de eficiência nacionais não é recomendado para a


indústria, devido aos seus elevados limites de tolerância, que por muitas vezes não
correspondem às especificações de sua instalação. A melhor opção é utilizar os indicadores de
eficiência provenientes dos fornecedores das tecnologias em uso. Se houver dúvidas quanto à
confiabilidade destes indicadores, recomenda-se contratar os serviços de laboratórios ou outras
instituições relacionadas às tecnologias em questão, a fim de realizar uma auditoria energética
para fazer ajustes no indicador caso seja necessário.

5.3. Comparação dos Indicadores de Energia e eficiência energética do Brasil e EUA


Figura 9 - Produção Total de Energia (Mtep)

1000
Mtep

100

10
1973

1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011

Ano

Brasil EUA

Fonte: International Energy Agency, 2015

Nessa comparação, nota-se claramente que a produção de energia nos EUA permanece
praticamente constante, enquanto a brasileira tem crescimento no decorrer do período
analisado.
33

Figura 10-Intensidade de Energia (Oferta Interna de Energia Total/PIB) - Tep/US$ x 103

0,35

0,33

0,31

0,29
tep/ US$ x 103

0,27

0,25

0,23

0,21

0,19

0,17

0,15
1975
1973

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011
Ano

Brasil EUA

Fonte: International Energy Agency, 2015

Nessa comparação, nota-se claramente que a produção de energia nos EUA permanece
praticamente constante, enquanto a brasileira tem crescimento no decorrer do período
analisado.
34

Figura 11

Intensidade de Energia: Oferta Interna de Energia Total/PIB (paridade de poder aquisitivo) - Tep/US$ x 103
0,35

0,30

0,25
toe / US$ x 103

0,20

0,15

0,10

0,05
1973

1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011
Ano

Brasil EUA

Fonte: International Energy Agency, 2015

Figura 12-Autossuficiência (%)-Produção Total de Energia/Oferta Interna de Energia Total

100

95

90

85

80
%

75

70

65

60

55

50
1973

1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011

Ano

Brasil EUA

Fonte: International Energy Agency, 2015


35

Figura 13-Oferta Interna de Energia Total/População (Tep per capita)

6
toe er capita

0
1973

1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011
Ano

Brasil EUA

Fonte: International Energy Agency, 2015

5.4. A utilização dos indicadores de Energia e eficiência energética

A figura 9 demonstra a evolução dos valores da produção total de energia dos dois países,
demonstrando que nos EUA está praticamente com em constante evolução, enquanto o Brasil
apresenta crescimento, enquanto a figura 10, demonstra a Intensidade de Energia, como a Oferta
Interna de Energia Total / PIB, demonstrando que no caso americano, como a população cresce
e a oferta é constante, essa relação decresce e no caso brasileiro, a evolução da oferta e
população tem crescimento praticamente equivalente e assim sendo, a curva se mantém
constante. Quando se mantém a mesma base de paridade de poder aquisitivo (figura 11), isso
fica mais evidente.

Na figura 12, demonstra-se a evolução da autossuficiência dos dois países

5.5. Limitações no Processo

Segundo Patterson, existem alguns problemas e questões metodológicas que estão


associados à prática da medição e determinação de indicadores da eficiência energética. Alguns
36

profissionais ignoram estes problemas, fato que pode prejudicar a precisão dos indicadores a
serem determinados.

O primeiro problema trata sobre avaliações e juízos de valor acerca de medidas de eficiência
energética e seus respectivos indicadores. Normalmente, encontra-se na literatura resultados em
unidades termodinâmicas, o que é objetivo, porém não está livre de interferências humanas.

A determinação da energia útil de saída, por exemplo, depende do que é definido como
energia útil, a qual é determinada através de valores ditos "humanos". O que é considerado
energia não-utilizada, ou energia desperdiçada, não entra no cálculo da eficiência energética
termodinâmica (PATTERSON, 1996). Assim, de acordo com Patterson, em todas as definições
de eficiência energética termodinâmica há valores de juízo implícitos, sendo aceito como parte
integrada à definição de eficiência energética.

O aumento da complexidade de sistemas ou processos, onde fontes e uso final da energia


possuem diferentes qualidades, também representa um problema na mensuração da eficiência
energética. E necessário que as diferentes formas de energia utilizadas sejam ajustadas em
termos da qualidade da energia, ou analisadas separadamente, dependendo do caso em questão.

A mensuração da entalpia, por exemplo, não faz nenhuma distinção entre fontes de baixa
qualidade, como o carvão, e fontes de alta qualidade, como a eletricidade. Isto caracteriza o
problema na construção conceitual e utilização de indicadores de eficiência (PATTERSON,
1996). O problema agrava-se quando há a tentativa de comparar a eficiência energética relativa
a processos diferentes, com entradas de diferentes qualidades, onde provavelmente as saídas de
energia também são de qualidades distintas.

Outro problema abordado por Patterson é relacionado à fronteira do sistema elou processo.
Esta fronteira é tomada como pressuposto nas condições de cálculo dos indicadores de
eficiência energética. Como já mencionado anteriormente, apenas a energia útil é incluída nos
cálculos. Na entrada, porém, não há fronteiras bem definidas ou justificadas. Dessa forma,
quando a eficiência energética é calculada, apenas alguns valores de energia são considerados
- a chamada "energia comercial".
37

A energia que não é obtida através do mercado, ou seja, que não é "comprada", é colocada
fora dos limites de fronteiras nesse caso. A energia solar, por exemplo, é usualmente excluída
dos indicadores de eficiência energética pois é considerada "gratuita", mesmo que exija um
montante considerável para seu financiamento (PATTERSON, 1996).

Outro parâmetro que envolve as fronteiras está em definir o quanto deve-se retroceder o
processo de fornecimento de energia de entrada. Para o petróleo refinado, por exemplo, seria
necessário levar em consideração as perdas do processo de refino, ou então considerá-lo como
o fornecedor primário de energia. Se for considerado o processo de refino, a energia de entrada
irá aumentar, diminuindo o indicador de eficiência. Torna-se necessário, portanto, adotar
medidas para chegar à equivalência das fontes na metodologia adotada, de forma a ser possível
realizar comparações entre os indicadores calculados.

5.6. Os Fatores Econômicos

Nos últimos cinco anos, o investimento em eficiência energética na maioria das regiões, em
grande parte tem sido estimulado por intervenções políticas, bem como pela alta dos preços de
energia. (OECD/IEA, 2013).

Estes são dois principais indutores do investimento em eficiência energética e, portanto, de


conservação de energia.

Durante a última década, os aumentos nos preços globais do petróleo estimularam a


inovação tecnológica e uma maior eficiência em diversos setores, que permanecem em
progressão continua. Esse aumento aliado a volatilidade dos preços da energia, bem como os
altos preços de gás na Europa e na Ásia Oriental, têm sido molas propulsoras para investimentos
em eficiência energética.

Os elementos que atuam nessa cadeia, de ordem pública e privada, nas mais variadas formas
(transportes, edificações, eletrodomésticos), são demonstrados abaixo:
38

Figura 14-O “mercado” da eficiência energética

Fonte: adaptado de OCDE/IEA, 2013

Outro fator que demonstra que a utilização energética é diretamente proporcional à


evolução das riquezas de uma nação é o demonstrado na figura 8, onde se compara a evolução
do PIB – Produto Interno Bruto e o consumo energético do Brasil de 2004 a 2013:
39

Figura 15 - Comparação entre PIB e Consumo Energético

Fonte: Adaptado de IEA e Banco Mundial

Durante o período analisado, a correlação se demonstra, com a correspondente mudança


de inflexão nos dois itens analisados.

5.7. Desenvolvimento de matriz de sustentabilidade

Indicadores de sustentabilidade podem ser definidos pela sua capacidade para resumir,
concentrar e condensar a enorme complexidade do ambiente dinâmico em que vivemos para
uma quantidade razoável de informações significativas, que podemos analisar e tomar
decisões precisas. Segundo Meadows, 1998, “Indicadores vêm de valores (nós medimos o
que nos importa) e eles criam valores (Nos importamos com aquilo que conseguimos
medir) ”. Os principais indicadores globais do desenvolvimento sustentável são os Sociais,
Ambientais, Econômicos e Institucionais.

Os indicadores utilizados na avaliação de sustentabilidade industrial da moderna sociedade


são (i) conservação dos recursos naturais, (ii) a redução das emissões de gases de efeito
40

estufa, (iii) redução das emissões voláteis, (iv) a redução de resíduos em aterros sanitários, e
(v) redução de resíduos perigosos (FRUEHAN, 2009), indo de encontro com o preconizado
pela The United Nations Commission for Sustainable Development (UNCSD), abaixo
esquematizado, que considera outras variáveis.

Figura 16-Quadro Indicador da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (UNCSD)

Fonte: Adaptado de SINGH et al. 2009


41

6. HISTÓRICO DOS PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL

Em 1981, por meio da Portaria MIC/GM46, foi criado o Programa CONSERVE


promovendo a conservação de energia na indústria, o desenvolvimento de produtos e processos
energeticamente mais eficientes, e estímulo à substituição de energéticos importados por fontes
alternativas, através da substituição do óleo combustível consumido na Indústria, especialmente
na Indústria siderúrgica, de papel e celulose e de cimento, aproveitando a capacidade excedente
de geração elétrica de fonte hidráulica para a geração de calor nas indústrias.

Em 1982, o Decreto n° 87079 aprovou as diretrizes para o Programa de Mobilização


Energética - PME, objetivando a conservação de energia e à substituição de derivados de
petróleo, racionalizar a utilização da energia, obtendo a diminuição do consumo dos insumos
energéticos e substituindo progressivamente os derivados de petróleo por combustíveis
alternativos de origem nacionais.

Em 1984, o Inmetro, órgão vinculado ao Ministério da Indústria e do Comércio Exterior,


lançou o Programa de Conservação de Energia Elétrica em Eletrodomésticos, com o objetivo
de reduzir o consumo de energia em equipamentos como refrigeradores, congeladores, e
condicionadores de ar domésticos, renomeado em 1992 para Programa Brasileiro de
Etiquetagem, com suas atribuições iniciais, acrescidos os requisitos de segurança e
parametrizando os índices mínimos de eficiência energética.

Em 1985, por meio da Portaria Interministerial n° 1877, do Ministério de Minas e Energia


e Ministério da Indústria e Comércio Exterior, foi instituído o PROCEL - Programa Nacional
de Conservação de Energia Elétrica, com o objetivo de coordenar as ações da conservação de
energia elétrica no país.

Em 1990, por meio do Decreto n° 99656, foi criada a CICE - Comissão Interna de
Conservação de Energia, onde estabelece que todos os órgãos públicos que apresentem
consumo anual de energia elétrica superior a 600 MWh ou consumo anual de combustível
superior a 15 Tep, deveria promover medidas de conservação e incremento nas ações de
eficiência energética.

Em 1991, foi instituído o CONPET - Programa Nacional da Racionalização do Uso dos


Derivados do Petróleo e do Gás Natural, que revisaram as competências do PROCEL, com a
finalidade desenvolver e integrar ações que visem à racionalização do uso da energia.
42

Em 1993, foi instituído o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia,


concedido às contribuições feitas para o incremento da conservação e do uso racional da energia
no país criando também o Selo Verde de Eficiência Energética, que identifica os equipamentos
que apresentem níveis ótimos de eficiência no consumo de energia.

Em 1996, a Lei n° 9427, cria a Agência Nacional de Energia Elétrica.

Em 1997, a Lei n° 9478/1997 (Lei do Petróleo) dispõe sobre a Política Energética Nacional
e cria a ANP. Determina também, um dos princípios e objetivos da Política Energética Nacional
são as políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia, proteger o meio
ambiente e promover a conservação de energia. Com isso a ANP tem a função de fazer cumprir
as boas práticas de conservação e uso racional do petróleo e do gás natural e da preservação do
meio ambiente.

Em 2000, é promulgada a Lei n° 9991, cujo caput dispõe sobre a realização de investimentos
em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética por parte das empresas
concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica.

Em 2001, a Lei n° 10295 (Lei da Eficiência Energética), o principal marco regulatório da


matéria no Brasil, versando sobre a política nacional de conservação e uso racional da energia,
o uso dos recursos energéticos e também a preservação do meio ambiente. Ficam estabelecidos
os níveis máximos de consumo específico de energia ou mínimos de eficiência energética de
máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados ou comercializados no país, com
base em indicadores. Obriga também os fabricantes a atingir metas progressivas, ampliando a
adoção de patamares de eficiência. A lei também versa sobre a eficiência energética nas
edificações construídas no país.
43

7. METODOLOGIA

Nesta pesquisa descritiva e documental foram utilizados o método comparativo e a


abordagem qualitativa. As fontes primárias foram artigos de periódicos e documentação
eletrônica. Inspirado a partir da revisão da literatura especializada, esse estudo teórico levantou
e analisou o portfólio de eficiência energética implantado e o existente no Brasil e nos EUA.
Numa primeira etapa, foram levantados e analisados os programas de entidades federais
brasileiros. Na segunda etapa, foi feito o mesmo procedimento com os programas norte-
americanos. Na terceira etapa, os programas foram organizados em uma tabela e classificados
por:

Tabela 2-Classificação dos projetos de Eficiência Energética-Brasil e EUA

Item Descrição
1 Nome do Programa
2 País (Brasil ou EUA)
3 Vigorando ou encerrado
4 Objeto de atuação
5 Subobjeto de atuação
6 Órgão Responsável
7 P&D
8 Incentivos fiscais ou fundos
Fonte: Do autor

A análise dos programas foi feita mediante a divisão dos programas em grupos, sendo
considerados para essa divisão os objetos de atuação dos programas. Os grupos que foram
formados são 8, como se pode observar na tabela 2 da página seguinte.

Na quarta etapa, os programas de cada grupo e de ambos países foram comparados e


foram levantadas as suas similaridades e diferenças, levando em consideração principalmente
como critério de avaliação as características levantadas na primeira e segunda etapas. Na quinta
e última etapa, com os dados obtidos por grupo, foi obtida uma síntese geral com as
similaridades e diferenças dos portfólios brasileiro e norte-americano em eficiência energética.
44

Tabela 3 - Divisão de programas analisados, por grupos

Grupo Nome País


Programa de Conservação de Energia Elétrica em
Brasil
Eletrodomésticos
Etiquetagem de Selo CONPET Brasil
equipamentos Selo PROCEL Brasil
Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) Brasil
Energy Star EUA
Programa Nacional de Eficiência Energética em
Brasil
Edificações (Procel Edifica)
Edificações
Building Energy Codes Program EUA
Building Technologies Program EUA
Procel EPP Brasil
Órgãos públicos Comissão Interna de Conservação de Energia (CICE) Brasil
Federal Energy Management Program (FEMP) EUA
PBE Veicular - Programa Brasileiro de Etiquetagem
Brasil
Veicular
Plano de Ação Conjunta Inova Energia Brasil
Veículos Corporate Average Fuel Economy (CAFE) EUA
Vehicle Technologies Program EUA
FreedomCAR and Vehicle Technologies (FCVT) EUA
Procel Indústria Brasil
Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de
Brasil
Energia
Indústria Programa CONSERVE Brasil
Industrial Technologies Program EUA
Programa de Mobilização Energética-PME Brasil
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel Brasil
Projeto Ônibus Brasileiro a Hidrogênio Brasil
Biocombustíveis e
Biomass Program EUA
hidrogênio
Clean Fuels Grant Program EUA
Hydrogen and Fuel Cell Technologies Program EUA
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Brasil
Energia Elétrica (Proinfa)
Energia elétrica Green Power Switch EUA
renovável Solar Energy Technologies EUA
Wind and Hydropower Technologies EUA
Geothermal Technologies EUA
Procel GEM Brasil
Procel Reluz Brasil
Integração e suporte
Procel Sanear Brasil
Weatherization and Intergovernmental Program EUA
Fonte: Do autor
45

8. DISCUSSÃO

8.1. Etiquetagem

O Programa Brasileiro de Etiquetagem, coordenado pelo Inmetro, tem o objetivo de


fornecer as informações técnicas de desempenho dos produtos, sua eficiência energética, ruído
e outros critérios que permitem comparação entre modelos do mesmo tipo de equipamento,
tornando os critérios de aquisição mais transparentes ao indivíduo. Com essa formatação, força
a indústria a estar permanentemente competitiva, resultando em produtos efetivamente mais
baratos e melhores.

O PBE ensaia os produtos em laboratórios independentes, atribuindo graus que permitem


comparação visual, através de faixas coloridas. Para todas as avaliações realizadas pelo PBE,
que são feitas nos laboratórios da Inmetro, existe uma Etiqueta Nacional de Conservação de
Energia (ENCE), que fornece a eficácia em termos de eficiência energética dos produtos
analisados, sendo as mais eficientes notas A ou B e os menos de C até G, conforme o exemplo:

Figura 17-Etiqueta de eficiência energética e sua descrição

Fonte: Inmetro
46

Figura 18-Etiqueta de eficiência energética-lâmpadas

Fonte: Inmetro

Para a classificação de eletrodomésticos, como condicionadores de ar, fornos micro-ondas,


lâmpadas, lavadoras de roupa, refrigeradores, televisores e ventiladores, o Inmetro conta com a
ajuda do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), criado pelo Governo
Federal e mantido pela ELETROBRAS. Os produtos com os melhores níveis de eficiência
energética em sua categoria são marcados com o Selo Procel, o que orienta o consumidor no
momento da compra (BRASIL, 1993). Já para aparelhos domésticos movidos a gás, como
fogões, fornos e aquecedores de água a gás, os mais eficientes pela avaliação da Inmetro em
conjunto com o Programa Nacional de Racionalização do Uso de Derivados de Petróleo e do
Gás Natural (Conpet) são destacados com o Selo CONPET de Eficiência Energética, concedido
anualmente pela Petrobras (BRASIL, 1993 e PETROBRAS, 2015).

Os produtos brasileiros e importados que são submetidos a essa etiquetagem estão descritos
na tabela abaixo:
47

Tabela 4-Produtos abrangidos pelo PEB

Aquecedores de Água a Gás


Aquecedores Elétricos de Hidromassagem
Aquecedores Elétricos de Passagem
Aquecedores Elétricos de Acumulação (Boiler)
Bombas e Moto bombas Centrífugas
Chuveiros Elétricos
Condicionadores de Ar
Congeladores Verticais, Congeladores Verticais Frost-Free e Congeladores Horizontais
Duchas Higiênicas Elétricas
Edificações Residenciais
Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos
Fogões e Fornos Domésticos a Gás
Fornos Elétricos Comerciais
Fornos de Micro-Ondas
Lâmpadas Decorativas-Linha Incandescentes-127V e 220V
Lâmpadas de Uso Doméstico-Linha Incandescentes-127V e 220V
Lâmpadas Fluorescentes Compactas 12VCC
Lâmpadas Fluorescentes Compactas C/ Reator Integrado (127V)
Lâmpadas Fluorescentes Compactas C/ Reator Integrado (220V)
Lâmpada Vapor de Sódio a Alta Pressão
Lavadoras de Roupa Semiautomáticas
Lavadoras de Roupas Automáticas Abertura Superior (Top Load)
Lavadoras de Roupas Automáticas Abertura Frontal (Front Load)
Lavadoras de Roupas e Secadora Automáticas com abertura superior (Lava e Seca)
Lavadoras de Roupa e Secadora Automáticas com abertura frontal (Lava e Seca)
Motores Elétricos Trifásicos
PBE Veicular
Refrigeradores, Frigobares, Combinados, Combinados Frost-Free
Sistema de Energia Fotovoltaica
Sistemas e Equipamentos para Aquecimento Solar de água (PBE Solar – Coletores e
Reservatórios)
Televisores-Standby
Torneiras Elétricas
Transformadores de Distribuição em Líquido Isolante
Ventiladores de Mesa
Ventiladores de Teto 127V
Ventiladores de Teto 220V
Fonte: Inmetro, 2015

O Programa Brasileiro de Etiquetagem é bem semelhante ao Energy Star, nos EUA.


Implantado em 1992 pela U.S. Environmental Protection Agency (EPA), este consistia em uma
tentativa de diminuir os gastos energéticos de computadores e monitores. Atualmente, em 2014,
o programa já classifica mais de 60 categorias de produtos e construções em relação a sua
eficiência energética (EPA, 2012 e 2013).
48

Figura 19-Logotipo Energy Star.

Fonte: Wikimedia Commons

Os produtos, como eletrônicos, aparelhos de escritório, lâmpadas, ventiladores,


carregadores de bateria, purificadores de ar, aquecedores de água, bombas de piscina e materiais
para construção são classificados nos laboratórios autorizados na EPA e os mais eficientes
recebem o selo da Energy Star. Os produtos que contêm o selo podem ser mais caros que os
comuns por sua tecnologia mais avançada, porém são oferecidos, dependendo do equipamento,
descontos em impostos do governo para incentivar a sua compra. O Energy Star também avalia
casas novas, prédios comerciais e indústrias, que podem também receber o selo (EPA, 2013).

Tabela 5-Resultados dos programas Selo Procel e Energy Star no ano de 2011

Selo Procel Energy Star


Categorias de produtos analisados 32 Mais de 60
Produtos participantes 3.784 35.000
Número de vendas de produtos
48 milhões 280 milhões
certificados pelo programa
Economia de energia (109 MJ) 22,9 972
Laboratórios participantes 20 400
Fonte: ELETROBRAS, 2012 e EPA, 2012.

Tabela 6-Resultados dos programas Selo Procel e Energy Star no ano de 2012

Selo Procel Energy Star


Categorias de produtos analisados 36 Mais de 65
Produtos participantes 3.467 Mais de 40.000
Número de vendas de produtos
44 milhões 300 milhões
certificados pelo programa
Economia de energia (109 MJ) 31,9 1.080
Fonte: ELETROBRAS, 2013 e EPA, 2013.
49

Analisando as tabelas 4 e 5, pode-se observar uma redução no número de produtos


participantes do Selo Procel de 2011 a 2012, que ocorreu devido a entrada em vigor em 1º de
julho de 2012 de índices de eficiência energética mais rigorosos e de critérios novos para a
premiação com o selo para lâmpadas fluorescentes compactas (ELETROBRAS, 2013). Além
desses esforços para a ampliação da abrangência do Selo Procel, a análise das tabelas possibilita
ver um acréscimo de quatro novas categorias de produtos para a análise de 2011 para 2012.
Mesmo com essas medidas, o Energy Star se mostra um programa muito mais amplo que o
brasileiro, considerando-se que o número de laboratórios participantes são cerca de vinte vezes
superior, o de produtos cerca de dez vezes e o de categorias é o dobro. Cabe aqui a análise de
que a diferença do número de produtos participantes para o número de categorias analisadas é
muito maior no Selo Procel, mostrando que o crescimento do programa não é acompanhado
pela aderência dos fabricantes ao sistema de análise dos seus produtos, em comparação ao
Energy Star. Outro ponto a ser levantado, é que apesar do número de vendas de produtos
certificados ser elevado no programa brasileiro, em comparação ao norte-americano o valor de
economia de energia é muito inferior, o que pode ser indicado por critérios de avaliação menos
rigorosos no Brasil ou até mesmo o tipo de categoria que é mais comercializada.

Tabela 7- Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados a Etiquetagem de


equipamentos

Nome País Descrição P&D Incentivos


Etiquetagem de aparelhos domésticos
Selo Conpet Brasil Não Não
movidos a gás
Etiquetagem de equipamentos (motores,
Selo PROCEL Brasil Não Não
lâmpadas) e eletrodomésticos
Etiquetagem de equipamentos,
PBE Brasil Não Não
edificações e veículos
Etiquetagem de equipamentos em geral e
Energy Star EUA Não Fiscais
edificações
Fonte: do autor

Segundo a ELETROBRAS em seu relatório de 2014, com base em dados de 2013,


temos: “Com base em estimativas de mercado e aplicação de metodologias específicas de
avaliação e resultados, estima-se que em 2013 a Eletrobrás Procel tenha alcançado um
resultado de economia de energia de aproximadamente 9,744 bilhões de kWh. Essa energia
economizada evitou emissões de 935 mil tCO2 equivalentes, o que corresponde ainda às
emissões proporcionadas por 321 mil veículos2 durante um ano. Esse resultado também
equivale a 2,10% do consumo total de energia elétrica no Brasil no período, bem como
50

corresponde ao consumo de energia anual de aproximadamente 5 milhões de residências


brasileiras ou à energia fornecida, em um ano, por uma usina hidrelétrica com capacidade de
2.337 MW. Além disso, estima-se que a Eletrobrás Procel foi responsável por uma redução de
demanda na ponta de 3.769 MW. ”

Em relação ao programa Energy Star, este afirma que em 2013, os investimentos em


tecnologias e práticas de eficiência energética, proporcionaram uma redução de US$ 30 bilhões
e também deixaram de emitir mais de 277 milhões de toneladas métricas de emissões de gases
do efeito estufa, que representam mais de US$ 10 bilhões em benefícios para a sociedade,
devido à redução de danos das alterações climáticas. (U.S. ENVIRONMENTAL
PROTECTION AGENCY, 2015)
51

8.2. Edificações

No Brasil, em 2003, visando regulamentar o Decreto n° 4059, de 19 de dezembro de


2001, que estabeleceu que para edificações construídas no Brasil deviam haver certos padrões
mínimos de eficiência energética (BRASIL, 2001), a ELETROBRAS, em conjunto com a
Procel e mais posteriormente com a parceria da Inmetro, lançou o Programa Nacional de
Eficiência Energética em Edificações (Procel Edifica).

Figura 20-Logotipo do Programa Procel Edifica

Fonte: ELETROBRAS

Um dos projetos desenvolvidos por este programa consiste na avaliação de gastos de


energia nas construções, buscando incentivar o uso eficiente de recursos naturais nas mesmas.
O processo de etiquetagem é voluntário e destinado a edificações atendidas com alta tensão ou
com área útil superior a 500 m². Após do envio da documentação ao laboratório de inspeção,
se o projeto do edifício e a construção atenderem aos requisitos pré-determinados pelo
Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais,
de Serviços e Públicos (RTQ-C), avaliados pelo Inmetro, o edifício recebe a Etiqueta Nacional
de Conservação de Energia (BRASIL, 2011). Em 2011, foram concedidas 8 etiquetas de projeto
a edificações, sendo uma delas residencial e 12 etiquetas de edifício construído, também sendo
uma delas residencial (ELETROBRAS, 2012).

Pretende-se futuramente difundir cada vez mais o programa, possibilitando assim que
as construções com a etiqueta sejam mais valorizadas no mercado imobiliário brasileiro, assim
como ampliá-lo também para edifícios residenciais. O Procel Edifica em conjunto com
universidades públicas brasileiras, como a Universidade Federal de Santa Catarina e a
Universidade Federal de Alagoas, também realiza capacitação laboratorial e oferece cursos de
aperfeiçoamentos em eficiência energética em edificações (EEE) para posteriormente obter das
universidades retorno com a elaboração de publicações científicas e apoio técnico ao Grupo
Técnico para Eficientização de Energia nas Edificações no País (GT-Edificações), que
regulamenta e elabora as avaliações da eficiência energética de edificações ( ELETROBRAS,
2014).
52

Figura 21- Etiqueta Procel para fase de projeto

Fonte: Eletrobrás e CB3e, 2013

Figura 22-Etiqueta Procel para edificação construída

Fonte: Eletrobrás e CB3e, 2013


53

Já nos Estados Unidos, a maioria dos programas de eficiência energética voltados a


edificações são gerenciados pelo Building Technologies Office (BTO), de responsabilidade do
U.S. Department of Energy. Este órgão tem como objetivo realizar pesquisas e
desenvolvimento no setor, conscientizar e estimular o envolvimento dos consumidores na
economia de energia em suas residências e comércio e por fim, criar códigos de edificações e
etiquetagem de equipamentos para avaliar sua eficiência energética. Ao todo, estão sendo
conduzidos cerca de 59 projetos, sendo 29 destinados a tecnologia, 20 a eficiência energética
em prédios comerciais, 6 a eficiência energética em residências e 4 a códigos de edificações.
Os projetos são desenvolvidos em parceria com alguns dos laboratórios nacionais destinados a
pesquisa e desenvolvimento na área de energia gerenciados pelo DOE, os chamados DOE
national laboratories and technology centers que ao todo já chegam a 21 unidades. Dentre as
atividades realizadas nesses projetos se pode citar o desenvolvimento de novas tecnologias para
construções que reduzem o consumo energético, avaliações da performance energética de
edificações com premiações às que cumprem os requisitos básicos e criação de normas e
padrões de edificação para construções energeticamente mais eficientes (EPA, 2013 e RISSER,
R., 2014).

Dessa forma, a partir da análise dos programas de edificações vemos que o Brasil possui
pouco desenvolvimento de projetos nesse setor comparado ao número norte-americano. Os
centros de pesquisa brasileiros relacionados a busca de novas tecnologias para edificações são
poucos e ainda em fase de capacitação, diferentemente do que ocorre com os norte-americanos,
dos quais alguns são referência no setor. Já em relação ao projeto de etiquetagem de residências
no Brasil, este é ainda pouco divulgado e reconhecido em comparação aos programas dos EUA,
como é o caso do Challenge Home, que avalia residências e premia as melhores com um selo e
já classificou mais de 14.000 casas como eficientes energeticamente desde 2008 (DOE, 2013).

Tabela 8- Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados edificação

Nome País Descrição P&D Incentivos


Pesquisa, etiquetagem e códigos
Procel Edifica Brasil Sim Não
para edificações
Pesquisa, etiquetagem e códigos
BTO EUA Sim Sim
para edificações
Fonte: do autor
54

8.3. Órgãos Públicos

No Brasil existem dois programas destinados a eficiência energética no setor público.


Um deles é a Comissão Interna de Conservação de Energia (CICE), uma comissão que deve
estar presente em todos estabelecimentos pertencentes a órgãos ou entidades da Administração
Federal que possuam um consumo anual de energia elétrica superior a 600 MWh ou 15 Tep. A
CICE é responsável em apresentar soluções para o consumo racional de energia elétrica nestes
locais (BRASIL, 1990).

O outro programa é o Programa de Eficiência Energética nos Prédios Públicos (Procel


EPP), administrado pelo Procel, que desenvolve projetos de conservação energética em prédios
públicos nos níveis federal, estadual e municipal, por meio de mudanças no sistema de
iluminação, climatização e qualquer outro que proporcione a redução no consumo de energia
elétrica. Os projetos do Procel EPP pretendem por meio de medidas técnicas e gerenciais de
baixo investimento reduzir de 15% a 20% o consumo, trazendo uma economia de até 29 PJ por
ano (ELETROBRAS, 2014).

Figura 23-Selo do Procel EPP

Fonte: ELETROBRAS

Paralelamente, nos EUA, um projeto destinado a economia de energia no setor público


é o Federal Energy Management Program (FEMP) que promove serviços, ferramentas e
técnicas para ajudar os órgãos federais diminuírem o consumo de energia. Entre as áreas do
programa se pode destacar ajuda técnica para a obediência da legislação energética e outras
regulamentações, arrecadação de fundos para melhorias, utilização de tecnologias sustentáveis
e que utilizem energias renováveis para a construção de prédios com alta eficiência energética,
compra de produtos mais eficientes, desenvolvimento de medidas eficientes para o uso da água,
premiação dos empregados que tiverem as melhores e mais criativas inciativas em eficiência
energética nos órgãos e tornar a frota de carros federais mais eficiente energeticamente
substituindo os carros por veículos que utilizam combustíveis alternativos (DOE, 2012).
55

Tabela 9-Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados a órgãos públicos

Nome País Descrição P&D Incentivos


Procel EPP Brasil Eficiência energética em Prédios Públicos Não Não
Eficiência energética em Órgãos e entidades
CICE Brasil Não Não
da Administração Federal
Eficiência energética em Órgãos e entidades
FEMP EUA Não Não
da Administração Federal
Fonte: do autor
56

8.4. Veículos

O transporte é atualmente responsável por metade do consumo mundial de petróleo e quase


20% do consumo mundial de energia, dos quais cerca de 40% é utilizado somente em transporte
urbano (IEA, 2011). Como as populações urbanas crescem e com elas, a necessidade de
transporte, o consumo de energia nos transportes deverá dobrar até 2050, apesar da tecnologia
dos veículos e melhorias de economia de combustível. As emissões dos transportes urbanos
globais anuais aumentarão mais de 2 vezes para cerca de 1 bilhão de toneladas anuais de CO2
equivalente em 2025, onde 90% deste crescimento das emissões deverá vir de viagens em
veículos de transporte individual (OECD/IEA, 2013).

Devido a essa crescente demanda de viagens e motorização privada, temos elevados níveis
de congestionamento, ao custo bilhões de dólares em combustível e tempo perdido. Além disso,
o tráfego de veículos motorizados tem efeitos adversos importantes sobre a saúde, contribuindo
para doenças respiratórias e cardiovasculares devido à poluição do ar, e outras relativas à
segurança, com mais de 1,3 milhões de mortes por ano em acidentes de trânsito no mundo.
Desta forma, políticas de melhoria da eficiência dos sistemas de transporte urbano são
necessárias não só por razões de segurança energética, mas também para a melhoria do clima,
o ruído, a poluição do ar, congestionamento e impactos econômicos que resultam. (OECD/IEA,
2013).

Como resposta a essas demandas, oito bancos multilaterais de desenvolvimento anunciaram


na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), em junho de
2012 que iriam investir US$ 175 bilhões ao longo da próxima década para o transporte nos
países em desenvolvimento, em forma de financiamento de empréstimos e subvenções, destinas
a ajudar a aliviar problemas de transporte (por exemplo, congestionamento e poluição do ar),
através de soluções de transporte mais eficientes, ambientalmente amigável, acessível, acessível
e segura. Esse programa se apoia em iniciativas pré-existentes, incluindo a Iniciativa de
Transporte Sustentável do Banco Asiático de Desenvolvimento, o Programa de Planejamento
de Transporte Urbano no Banco Mundial e do InfraFund no Banco Interamericano de
Desenvolvimento. (ONU, 2012)

Assim sendo, a Agência Internacional de Energia, 2013, sugere as seguintes iniciativas:

 Promover a redução nas viagens com meios de transporte, recomendando o caminhar


em pequenas distâncias;
57

 Promoção do transporte público em detrimento do transporte particular;


 Melhoria de tecnologia, com a promoção de veículos mais eficientes no consumo de
energia e no transporte de passageiros em massa.

Em 2008, através de uma parceria entre Inmetro e CONPET, foi criado o Programa
Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), que avalia os veículos, quanto a sua eficiência
energética, e os oferece uma Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) de acordo
com a sua classificação, assim como ocorre na etiquetagem dos equipamentos na qual os mais
eficientes ganham a classificação A. Também são avaliados a autonomia em quilômetro por
litro de combustível na cidade e na estrada e sua emissão de gás carbônico. A aderência dos
fabricantes de automóveis a avaliação é voluntária e são avaliados veículos de mais de dez
categorias (INMETRO, 2014).

Figura 24-Selo PBAV

Fonte INMETRO

O Brasil também possui outro programa que atua na área de eficiência energética para
os veículos, o programa Plano Inova Energia, de parcerias da ANEEL, BNDES e Finep. Este
programa busca incentivar projetos de inovação em diversas áreas através de ações de fomento
58

à pesquisa. Dentre as áreas fomentadas, há uma destinada ao desenvolvimento de veículos


híbridos e eficiência energética veicular, que tem como subáreas desenvolvimento de motores
e sistemas de tração, desenvolvimento de baterias e acumuladores de energia e projetos de
produção em escala de veículos automotores híbridos e elétricos, de preferência a etanol
(BRASIL, 2014).

Já dentre os projetos de eficiência energética veiculares norte-americanos, há um que


atua de forma semelhante ao processo de etiquetagem feito no Brasil pelo PBEV. De
responsabilidade do U.S. Environmental Protection Agency (EPA) e do National Highway
Traffic Safety Administration (NHTSA), o Corporate Average Fuel Economy (CAFE) é um
conjunto de regulações que exigem certos índices de eficiência energética nos veículos
automotivos. São essas regulações que guiam a classificação e etiquetagem dos veículos no
país. As etiquetas também coladas nos vidros dos automóveis indicam além da autonomia na
estrada e na cidade e as emissões de gases poluentes, também o valor em dólares de economia
em 5 anos de uso, comparado com a média de veículos novos, e o valor do combustível em 1
ano, considerando 15.000 milhas por ano e um valor de $3,70 por litro (DOE, 2014).

Outra diferença é o sistema de abatimento no imposto para o incentivo de compra de


veículos híbridos, elétricos ou de outros combustíveis alternativos. Na aquisição de um veículo
da marca BMW, modelo i3 – veículo híbrido – urbano, constituído de elementos de alumínio e
fibra de carbono, a partir de 2010 ou posteriormente, podem beneficiar de um crédito de
imposto de renda federal de até US$ 7.500 e o valor do crédito varia de acordo com a capacidade
da bateria usada para abastecer o veículo. Baseado na competitividade entre as empresas para
atingir cada vez melhores patamares de excelência, o programa apresenta no site
http://www.fueleconomy.gov/feg/findacar.shtml um sistema que permite comparação entre
modelos, sua eficiência energética, economia anual e emissões, como demonstrado abaixo.
(DOE, 2006 e CAR AND DRIVE, 2015).

Figura 25-Tabela comparativa de veículos: Economia de Combustível.


59

Fonte: DOE 2015

Figura 26-Tabela comparativa de veículos: Segurança e Ambiente.

Fonte: DOE 2015


60

Uma outra vertente de eficiência energética seguida nos Estados Unidos em relação aos
veículos além da etiquetagem é através do programa FreedomCAR and Vehicle Technologies
(FCVT), do DOE, que apoia a pesquisa e desenvolvimento (P&D), a implantação de tecnologias
de transporte rodoviário eficientes e sustentáveis visando melhorar a economia de combustível
e menor consumo e dependência de petróleo. Estas tecnologias, que incluem veículos elétricos,
baterias, tecnologias de acionamento elétrico, motores de combustão avançadas, materiais leves
e combustíveis alternativos, que irão aumentar a mobilidade e a segurança energética e
buscando a redução dos custos e redução dos impactos ambientais. (DOE, 2006).

Tabela 10-Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados aos veículos

Nome País Descrição P&D Incentivos


PBE Classificação da eficiência dos veículos
Brasil Não Não
Veicular
Inova Smart grids, tecnologia p/ a indústria,
Brasil Sim Fundos
Energia veículos híbridos
CAFE EUA Classificação da eficiência dos veículos Não Fiscais
P&D em veículos híbridos e outras
FCVT EUA Sim Não
tecnologias automotivas
Fonte: do autor
61

Indústria

A energia é um fator chave de produção de muitas indústrias e com o ritmo crescente de


globalização, as indústrias com a competitividade internacional devem se preocupar com a
redução dos custos de produção, incluindo aqueles relacionados à energia. Além disso, os
impactos do uso da energia (emissão de CO2) são preocupações que estão crescentes devido ao
efeito estufa. (GIELEN E TAYLOR, 2009).

O setor industrial apresenta o maior consumo de energia no Brasil em processo de


desenvolvimento industrial, sendo que a indústria do aço é um dos segmentos com maior
consumo energético. As indústrias de ferro e aço estão no setor intensivo de energia e são as
principais emissoras de CO2, sendo responsável por 20% do uso global de energia industrial e
30% das emissões de CO2 em 2005 (SIITONEN, 2010).

Nos últimos anos a conscientização em eficiência energética tem aumentado, devido às


crescentes preocupações sobre os impactos ambientais locais e globais da utilização de energia.
Melhoria em eficiência energética é uma base importante de segurança energética, quanto às
preocupações ambientais, pois reduz a demanda energética e a exploração das fontes primarias
de energia. (TANAKA, 2008; CULLEN, 2010)

O primeiro programa brasileiro voltado a eficiência energética na indústria foi o Programa


CONSERVE criado em 1981, por conta da crise do petróleo, e que durou até 1985. Seus
principais objetivos eram reduzir o consumo de energia, incentivar o uso de fontes alternativas
nacionais e estimular maior eficiência energética no setor industrial, por meio de um sistema
de financiamento subsidiado e incentivos fiscais (CIPAI, 1982). Foi dividido em duas vertentes:
a CONSERVE Industria, que beneficiou principalmente indústrias dos setores de cimento,
siderúrgica e papel e celulose, e a CONSERVE Tecnologia, que fomentou projetos de
desenvolvimento tecnológico para a conservação de energia. Porém, um número limitado de
projetos foi financiado pelo CONSERVE Industria (menos de 87), pois havia uma grande
burocracia para a liberação de recursos por parte do BNDES (agente financeiro do programa)
desestimulando as empresas. Por outro lado, pode se considerar que o CONSERVE foi bem-
sucedido ao se analisar que este reduziu o consumo de derivados de petróleo nos projetos
apoiados, aumentou a conscientização sobre a conservação de energia e capacitou institutos
tecnológicos (PICCININI, 1994).
62

O governo federal também instituiu outros dois programas, que não estão mais em vigor
atualmente e que visavam medidas de eficiência energética não só a indústria, mas também a
outros setores. Em 1982, foram aprovadas as diretrizes para o Programa de Mobilização
Energética (PME), que tinha como objetivos conservar a energia nos transportes e na indústria,
produzir combustíveis substitutos do petróleo e fixar um programa de pesquisa e
desenvolvimento visando a conservação e substituição de derivados do petróleo (BRASIL,
1982). Já em 1993, o Ministério de Minas e Energia instituiu, com parcerias do Procel e do
Conpet, o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, que visava premiar e
incentivar ações de eficiência energética feitas por indústrias, empresas do setor energético,
pequenas empresas, imprensa, órgãos públicos e edificações, que contribuíssem para o
desenvolvimento sustentável do país, cuja última edição ocorreu no ano de 2009 (BRASIL,
2014).

Posteriormente, em 2001, devido à crise do abastecimento de energia elétrica no Brasil,


foi criado outro programa destinado a eficiência energética em indústrias, o Projeto de
Otimização de Sistemas Motrizes que deu o embasamento para a estruturação do subprograma
do Procel chamado Procel Indústria. O programa busca através de convênios com as indústrias,
identificar no processo de produção onde há gastos desnecessários de energia, implementar
medidas de eficiência energética para evitar esses gastos e conscientizar sobre o uso eficiente
de energia. Para tornar isso possível, o Procel Indústria conta com o apoio de universidades
para prestar suporte a essas atividades. Para micro e pequenas empresas também há um projeto
semelhante em conjunto com a Sebrae-RJ. Em parceria com a CNI, o programa desenvolve
guias de eficiência energética para serem aplicados nas fábricas. O programa também tem um
papel de destaque na elaboração da norma ISO50001-Sistema de Gestão da Energia,
desenvolvida pela International Organization for Standardization (ISO), que busca melhorar a
eficiência energética de toda organização (ELETROBRAS, 2012).

Figura 27-Logotipo do Programa Procel Indústria

Fonte: ELETROBRAS

Paralelamente nos EUA, existe o DOE Advanced Manufacturing Office (AMO), órgão
destinado a desenvolver programas semelhantes ao Procel Indústrias. Grande parte dos projetos
63

costumam ser de alto risco e com um alto valor agregado, buscando diminuir os consumos
energéticos da indústria enquanto estimula sua produtividade. Dentre as áreas de atuação dos
programas está o desenvolvimento de novas tecnologias para a indústria e a aplicação destas.
Nos projetos de desenvolvimento de novas tecnologias, como o desenvolvimento de avançados
sistemas de cogeração e de materiais de última geração, são realizados uma série de testes e
aperfeiçoamentos com estas tecnologias que posteriormente podem vir a ser comercializadas
em larga escala. Já a implantação dessas tecnologias nas indústrias se dá por meio de avaliações
energéticas e auditorias, ferramentas de software e suporte de especialistas qualificados no
setor, que sempre buscam mostrar às indústrias como a aderência às essas tecnologias atua na
redução dos gastos energéticos. Durante mais de 30 anos, o AMO já desenvolveu mais de 600
projetos de pesquisa e desenvolvimento na indústria que já produziram cerca de 250 novas
tecnologias destinadas ao uso comercial (DOE, 2013).

Tabela 11-Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados a indústria

Nome País Descrição P&D Incentivos Subprojetos


Procel Pesquisa para redução de gastos Não há
Brasil Sim Não
Indústria em sistemas motriz dados
Pesquisa e desenvolvimento para
AMO EUA Sim Não 600
eficiência energética na indústria
Fonte: do autor
64

8.5. Biocombustíveis e hidrogênio

No segmento de biocombustíveis e hidrogênio, o governo brasileiro através do


Ministério de Minas e Energia (MME) desenvolve dois programas. Um deles é o Programa
Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), que busca garantir qualidade, suprimentos
e preços competitivos para a produção do biodiesel brasileiro, além de diversificar as matérias
primas e locais de produção (BRASIL, 2005). O outro programa, que ainda está em projeto, é
o chamado Ônibus Brasileiro a Hidrogênio, que busca adquirir, operar e manter até cinco ônibus
com célula a combustível hidrogênio e uma estação de produção de hidrogênio por eletrólise
para abastecimento dos ônibus, que serão inseridos no Corredor Metropolitano ABD (São
Mateus/Jabaquara), localizado na Grande São Paulo e gerenciado pela Empresa Metropolitana
de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP).

Já o governo norte-americano, por meio do DOE, desenvolve dois programas atuando


nesse segmento de biocombustíveis e hidrogênio. O primeiro é o Bioenergy Technologies
Office (BETO), um órgão que tem como objetivo aumentar a produção de biocombustíveis
avançados até 2022 para atingir as metas do Renewable Fuel Standard (RFS) de 36 bilhões de
galões. O BETO atua por meio de ações de pesquisa, desenvolvimento e demonstração, que
buscam tornar-se os sistemas de produção, colheita e transporte da biomassa mais eficientes,
melhorar as tecnologias de conversão da biomassa para combustível e melhorar a logística de
distribuição dos combustíveis pelo país (DOE, 2013). O segundo é o Hydrogen and Fuel Cells
Program que procura ampliar a comercialização de tecnologias movidas a hidrogênio e por
células de combustível em vários setores da economia. Assim como o BETO, este programa
atua por meio do aperfeiçoamento das tecnologias com ações de pesquisa, desenvolvimento e
demonstração e com atitudes para diminuir os obstáculos na comercialização (DOE, 2013). Por
meio do U.S. Department of Transportation (DOT), o governo norte-americano desenvolve
outro programa no setor, o Clean Fuels Grant Program que paga fundos para incentivar a
compra de ônibus movidos a combustíveis limpos, a melhora de equipamentos para ônibus
movidos a combustíveis limpos e o desenvolvimento de tecnologias para a construção de ônibus
movidos a combustíveis limpos, biodiesel, elétricos híbridos ou emissão zero (U.S.
DEPARTMENT OF TRANSPORTATION FEDERAL TRANSIT ADMINISTRATION,
2014).
65

Tabela 12- Comparação dos programas de eficiência energética em vigor destinados aos biocombustíveis e
hidrogênio

Nome País Descrição P&D Incentivos


Implantação sustentável da produção e uso
PNPB Brasil Não Não
do biodiesel
Ônibus Implantação de ônibus a hidrogênio no
Brasileiro a Brasil transporte público Não Não
Hidrogênio
Clean Fuels Combustíveis limpos para ônibus
EUA Sim Sim
Grant Program
Pesquisa e desenvolvimento de eficiência
BETO EUA Sim Não
energética para Biocombustível
Hydrogen and Pesquisa e desenvolvimento de eficiência
Fuel Cell EUA energética para Hidrogênio Sim Não
Program
Fonte: do autor
66

8.6. Energia elétrica renovável

A energia elétrica renovável no Brasil correspondeu no ano de 2012 a mais de 85% da


matriz. Apesar dessa predominância, a utilização dessas fontes é pouco diversificada já que dos
85% cerca de 95% eram vindos da energia hidráulica. Em 2012, a produção elétrica a partir da
energia eólica representou 0,9% da oferta interna, cerca de 18 PJ produzidos no ano com um
parque eólico de 1,886 GW (BRASIL, 2013), porém o país ainda possui um grande potencial
estimado disponível para este setor de cerca de 143,5 GW por ano (AMARENTE, 2001). O
mesmo ocorre com as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), já que o Brasil possui um
potencial inventariado de 9.800 MW, porém apenas 2.000 MW estão em operação (BRASIL,
2013). Já a energia solar e a biomassa, que é a energia elétrica provinda da combustão de
recursos orgânicos como a lenha, o bagaço de cana, a lixívia entre outros, juntas foram
responsáveis por menos de 4% da matriz de energia elétrica renovável brasileira (BRASIL,
2013).

Dessa forma, o governo brasileiro desenvolve projetos para aumentar o uso de fontes
renováveis pouco utilizadas, mas com grande potencial, como as citadas anteriormente. Um
deles é um programa de responsabilidade da ELETROBRAS, o Programa de Incentivo às
Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), que tem como objetivo aumentar a energia
elétrica produzida por fontes renováveis como a eólica, a biomassa e a vinda de pequenas
centrais hidrelétricas (PCH), através da compra de lotes de energia elétrica de empreendimentos
brasileiros nesses setores. Em 2012, pelo Proinfa, foram comprados de 130 empreendimentos
cerca de 38.881 PJ de energia elétrica renovável provinda dessas três fontes renováveis
(ELETROBRAS, 2012).

Outro incentivo que está sendo dado a energia elétrica renovável no Brasil, é através do
aquecimento solar em residências, projeto recente lançado em julho de 2011 pela
ELETROBRAS chamado Rede ELETROBRAS Procel Solar. O programa ainda está no início,
porém já foram feitos acordos com diversas universidades e laboratórios de referência
brasileiros para criar um plano de ação para o programa, avaliando questões como a
manutenção, dimensionamento e qualidade de serviço de sistemas de aquecimento solares, bem
como para criar centros de capacitação de profissionais regionais e realizar estudos de medidas
e verificação, priorizando o programa habitacional Minha Casa Minha Vida (ELETROBRAS,
2012).
67

Já nos Estados Unidos, no ano de 2012, as fontes renováveis foram responsáveis por
apenas 12,4% da geração de eletricidade no país, um porcentual bem inferior ao brasileiro
(DOE, 2014). Para aumentar esse percentual, o país desenvolve uma série de programas
destinados a eficiência energética no setor de energia elétrica renovável: o Wind and Water
Power Technologies Office – WWPTO (DOE, 2013), o Solar Energy Technologies Office
(DOE, 2011) e o Geothermal Technologies Office (DOE, 2014), os três geridos pelo U. S.
Department of Energy – DOE e por fim o Green Power Switch, gerido pelo Tennessee Valley
Authority (TENNESSEE VALLEY AUTHORITY, 2014)

O WWPTO possui dois programas, um desses é o Wind Program, destinado a eficiência


energética no setor eólico e que tem como objetivo ampliar a indústria eólica para que esta seja
responsável por 20% da matriz de eletricidade norte-americano em 2030. Para isto, o programa
pesquisa para o desenvolvimento de turbinas que possuem maior capacidade de geração,
desenvolve códigos de simulação e ferramentas de design para a construção e modernização de
turbinas e pás eólicas, fomenta centros de testes para pesquisadores e indústrias da área eólica,
desenvolve diversos equipamentos de última geração para incorporar às turbinas, ajuda a
incentivar o uso de fontes eólicas e ampliar o seu mercado e por fim trabalha para calcular o
potencial eólico existente nos EUA para políticas futuras (DOE, 2012).

O outro programa de responsabilidade do WWPTO é o Water Power Program que


realiza pesquisa e desenvolvimento pioneiros em produção de tecnologias para a geração de
energia maremotriz e energia hidráulica. Para o desenvolvimento da pesquisa em energia
maremotriz, que utiliza a movimentação da água dos oceanos e marés, o programa prevê a
construção de três centros dedicados a essa linha de pesquisa. Já para a energia hidráulica, são
desenvolvidos projetos para a otimização das ferramentas utilizadas para o aumento da geração
de energia, para a passagem segura dos peixes pela turbina em operação e para a criação de
barragens com menor tamanho que reduz os impactos no meio ambiente (DOE, 2013).

Já o Solar Energy Technologies Office desenvolve projetos para eficiência energética


em sistemas de produção de energia elétrica através da energia solar. Suas áreas de atuação são
a melhora de sistemas de armazenamento térmico, desenvolvimento de células fotovoltaicas
mais eficientes e competitivas no mercado, divulgação de informações sobre melhores práticas,
pesquisas recentes, incentivos fiscais, documentos e estudos de caso, criação de tecnologias
para o aperfeiçoamento de usinas solares, redução de custos para tornar as tecnologias solares
mais acessíveis no mercado e integração com redes elétricas (DOE, 2011).
68

Paralelamente, os programas desenvolvidos pelo Geothermal Technologies Office são


voltados a eficiência energética em processos de produção de energia geotérmica, aquela
proveniente do calor do interior da Terra. São financiados mais de 150 projetos que buscam
melhorar a tecnologia dos processos de produção de energia através de convecção hidrotermal,
que ocorre em rochas permeáveis, e do Enhanced Geothermal System (EGS), sistema que
possibilita a produção de energia também por rochas impermeáveis (DOE, 2014).

Por fim o programa Green Power Switch busca aumentar a produção de energias
renováveis através do incentivo da compra por indústrias e residências de lotes de energia
elétrica renovável, atuando como intermediário dessa venda. A compra de cada MWh, o
comprador ganha um Renewable Energy Certificates (RECs), indicando que ele comprou
energias renováveis, funcionando assim como uma commodity já que podem ser vendidos
(TENNESSEE VALLEY AUTHORITY, 2014).

Tabela 13-Comparação de programas de eficiência energética em vigor destinados a energia elétrica renovável

Nome País Descrição P&D Incentivos


Compra de lotes de energia elétrica de
Proinfa Brasil Não Não
fontes renováveis
Rede Pesquisa e desenvolvimento em
ELETROBRAS Brasil tecnologias de energia elétrica solar Sim Não
Procel Solar
P&D em tecnologias de energia elétrica
GTO EUA Sim Não
de fonte geotérmica
Compra de lotes de energia elétrica de
Green Power Switch EUA Não Sim
fontes renováveis
Pesquisa e desenvolvimento em
SETO EUA Sim Sim
tecnologias de energia elétrica solar
P&D em tecnologias de energia elétrica
WWPTO EUA Sim Não
de fontes Eólica e hidrelétrica
Fonte: do autor
69

8.7. Integração e suporte

No Brasil, foram instaurados três subprogramas da Procel que buscam melhorar a


eficiência energética em municípios através de políticas públicas. O mais antigo é o Procel
Gestão Energética Municipal (Procel GEM), em vigor desde 1996, que busca melhorar a gestão
energética elétrica nos municípios desde sua compra a sua manutenção, por meio da utilização
equipamentos mais eficientes e conscientização dos consumidores.

Em 1998, o Procel GEM em conjunto com o IBAM, criou o projeto Rede Cidades
Eficientes em Energia (RCE), que consiste em capacitar os municípios a negociar com a
concessionária de energia elétrica, destacar os municípios eficientes em suas regiões e auxiliar
o acesso das prefeituras às informações técnicas, através da troca de informações sobre
eficiência energética entre os municípios associados e da reprodução de sistemas mais eficientes
de iluminação pública e saneamento.

Já em 2000, foi instituído o subprograma Procel Reluz que atua através da


implementação de projetos de eficiência energética nos sistemas de iluminação pública e
sinalização semafórica substituindo lâmpadas incandescentes, mistas e a vapor de mercúrio por
lâmpadas a vapor de sódio a alta pressão e a vapor metálico, cuja eficiência é maior. Por fim,
foi criado o Procel Sanear cujo objetivo é promover práticas de eficiência energética no setor
de saneamento ambiental e gerenciar o uso da água para evitar desperdícios.

O Procel Sanear atua através da capacitação de profissionais que trabalham no setor, de


incentivo a projetos que vão ao encontro dos objetivos do programa e de ações de Pesquisa
Aplicada, Desenvolvimento e Inovação (P&D+I), por meio da atuação da Rede LENHS -
Laboratórios de Eficiência Energética e Hidráulica em Saneamento, e da revisão e edição de
publicações técnicas voltadas para a eficiência energética, o controle e a redução de perdas de
água no saneamento e irrigação ( ELETROBRAS, 2012).

Já nos Estados Unidos, o programa que segue mesma essa linha tentando reduzir o
consumo de energia nas cidades é o Weatherization and Intergovernmental Program (WIP), do
U.S. Department of Energy, que é subdividido em 4 projetos. Um deles é o Weatherization
Assistance Program (WAP), o maior programa de eficiência energética no país, que oferece
subsídios para melhorar a eficiência energética das residências de mais de 100.000 famílias de
baixa renda anualmente, ajudando-as economizarem dinheiro em suas contas de luz.
70

Há também o State Energy Program (SEP), que incentiva projetos para melhorar a
eficiência energética dos estados e oferece apoio para os governos desenvolverem um melhor
uso da energia, através de fundos para a pesquisa tecnológica.

Já o Energy Efficiency and Conservation Block Grant Program (EECBG), tenta reduzir
o consumo energético e as emissões de gases de combustíveis fósseis através de melhoras de
eficiência energética em construções residenciais e comerciais, modificações nos códigos de
edificações, criação de programas de transporte que conservem energia, instalações de fontes
de energia renováveis em prédios governamentais, sinais inteligentes entre outros. Por fim, há
o Tribal Energy Program (TEP) que é destinado a tribos indígenas, fornecendo a esta educação
energética, opções de energia limpas e melhorias na economia local (DOE, 2011).

Tabela 14-Comparação de programas de eficiência energética em vigor destinados a energia

Nome País Subobjeto P&D Incentivos

Procel GEM Brasil Gestão Energética Municipal Não Não


Procel Reluz Brasil Eficiência energética na Iluminação Pública Não Não
Eficiência energética e P&D em Saneamento
Procel Sanear Brasil Sim Não
Ambiental
Suporte para governos locais e tribos indígenas
WIP EUA Sim Sim
em eficiência energética
Fonte: do autor
71

8.8. Resultados

Por meio da análise dos programas brasileiros de eficiência energética, pode se observar
de um modo geral que há um diversificado conjunto de programas desse tipo sendo
desenvolvidos no país e muitos destes com objetivos e métodos semelhantes aos desenvolvidos
nos EUA. Porém comparando a quantidade e abrangência dos programas brasileiros aos norte-
americanos, o número ainda é baixo. Conforme observado durante a comparação, esse baixo
número pode ser relacionado às diferenças que foram encontradas nos objetivos e métodos dos
programas dos dois países.

A maioria dos programas brasileiros se diferenciava dos norte-americanos pelos poucos


projetos em pesquisa e desenvolvimento na área de eficiência energética, o que pode ser
justificado à falta de estrutura que há no Brasil para esse tipo de atividade. Enquanto os
programas norte-americanos de eficiência energética contam com o apoio de uma rede de
laboratórios de referência federais para a condução das pesquisas - chamados de DOE National
Laboratories and Technology Centers, Centros de Tecnologia e Laboratórios Nacionais do
Departamento de Energia - os programas brasileiros ainda desenvolvem em conjunto com as
universidades públicas esses centros de pesquisa ou até mesmo fornecem fomento para grupos
de pesquisa autônomos conduzirem esses projetos.

Diferenças também foram encontradas no sistema de incentivo para a produção, compra


e uso de produtos eficientes energeticamente. Nos EUA, para a compra de equipamentos,
veículos e tecnologias com altos índices de eficiência energética, além da redução no consumo
de energia havia uma bonificação por meio de abatimentos no imposto. O mesmo ocorria para
edificações que possuíssem certificados de eficiência energética. No Brasil nenhum dos
programas analisados conta com esse recurso. Já os programas que oferecem fundos para a
produção de novas tecnologias existem no Brasil, porém em número muito inferior se
comparado aos números norte-americanos.

8.8.1. Etiquetagem

O Brasil possui um sistema semelhante ao americano de etiquetagem de equipamentos.


Tanto o Selo Procel como o Energy Star avaliam uma vasta gama de produtos em relação a seu
desempenho energético, destacando os com melhor desempenho. Porém diferentemente do
72

programa brasileiro, o norte-americano incentiva a compra dos produtos certificados não


apenas com o selo que indica menores gastos, mas também com abatimentos dos impostos
governamentais. Também, por meio da análise das tabelas 4 e 5, permitiu-se afirmar que o
Energy Star é um programa mais abrangente que o Selo Procel, cabendo aqui o estudo em
trabalhos futuros das causas desse fato que possibilita ao programa norte-americano um número
maior de produtos, laboratórios e consumidores finais envolvidos. No ano de 2013, 87% dos
entrevistados do programa Energy Star reconheciam o selo do programa, sendo que os
principais produtos foram eletrodomésticos (46%), refrigeradores (36%), máquinas de lavar
roupas (39%) e secadores de roupa (26%) (CEE, 2013). No caso brasileiro, extraído do
Resultados Consolidados do Procel - Resultados do Programa em 2013 temos:

“Com base em estimativas de mercado e aplicação de metodologias específicas de avaliação


de resultados, estima-se que em 2013 a Eletrobrás Procel tenha alcançado um resultado de economia
de energia de aproximadamente 9,744 bilhões de kWh. Essa energia economizada evitou emissões de
935 mil tCO21 equivalentes, o que corresponde ainda às emissões proporcionadas por 321 mil
veículos2 durante um ano. Esse resultado também equivale a 2,10% do consumo total de energia
elétrica no Brasil no período, bem como corresponde ao consumo de energia anual de
aproximadamente 5 milhões de residências brasileiras ou à energia fornecida, em um ano, por uma
usina hidrelétrica com capacidade de 2.337 MW. Além disso, estima-se que a Eletrobrás Procel foi
responsável por uma redução de demanda na ponta de 3.769 MW. ” (ELETROBRAS, 2015).

8.8.2. Edificações

No Brasil existem projetos para a melhora de códigos de edificações, ainda que em nível
de pesquisa básica, sendo que nos EUA já há quatro projetos atuando no setor. Nos dois países,
tanto o Procel Edifica como o Building Technologies Program têm o mesmo paradigma, ou
seja, pesquisa de materiais e prática, etiquetagem e elaboração de normas e condutas. O
programa norte-americano, dentro de sua ação nos planos de 5 anos, pretende até 2030, reduzir
o consumo energético residencial em 50% (RISSER, 2014). A grande diferença notada é a
quantidade de programas e projetos abrangidos pelos dois países.
73

8.8.3. Órgãos Públicos

Observando os programas desenvolvidos por ambos países, os dois são bem


semelhantes ao buscar melhorar a eficiência energética dos órgãos públicos. Um destaque dos
programas brasileiros é o CICE que por se tratar de uma comissão interna pode ser mais rápido
e eficaz para a resolução dos problemas energéticos das instituições. Já um destaque para o
programa norte-americano FEMP é a preocupação não só com a eficiência energética dos
edifícios, mas também com a da frota de carros públicos, e também o incentivo dado aos
funcionários com ideias inovadoras.

8.8.4. Veículos

Verifica-se que os programas possuem as mesmas vertentes, porém possuem algumas


diferenças. Os programas de etiquetagem de ambos os países possuem um sistema de
funcionamento semelhante, sendo que a maior diferença é o fato de nos Estados Unidos haver
um abatimento de imposto para certas categorias de automóveis que forem compradas. No setor
de pesquisa e tecnologia, pode-se ver que a linha de pesquisa dos dois países também é
semelhante, no entanto o programa norte-americano conta com uma rede de laboratórios e
centros de pesquisa destinados a isso, sendo que no programa brasileiro apenas há o incentivo
do fomento para a ampliação e a criação de mais grupos de pesquisa nesse setor.

8.8.5. Indústria

A análise dos programas de eficiência energética nas indústrias nos permitiu observar
um histórico de programas brasileiros nesse setor, porém comparando o único programa ainda
estão em vigor, o Procel Indústria, com o norte-americano AMO, pode-se ver algo que já foi
abordado anteriormente nas outras seções que é um desenvolvimento menor em pesquisa e
desenvolvimento e geração de novas tecnologias.
74

8.8.6. Biocombustíveis e hidrogênio

A comparação entre o programa brasileiro PNPB com o norte-americano BETO,


observa-se metas e objetivos semelhantes para a produção de biocombustíveis, porém
novamente o programa norte-americano se destaca pela preocupação com o desenvolvimento
de novas tecnologias para conversão da biomassa em combustível. Já a comparação do Projeto
Ônibus Brasileiro a Hidrogênio com o Hydrogen and Fuel Cells Program e o Clean Fuels Grant
Program, resulta que novamente há poucos projetos no Brasil desenvolvidos nesse setor de
eficiência energética com hidrogênio e combustíveis limpos, principalmente relacionados a
pesquisa e incentivo por fundos.

8.8.7. Energia Elétrica Renovável

Da análise dos parâmetros encontrados, pode-se observar que apesar das grandes
diferenças de porcentual de fontes renováveis na matriz de geração de eletricidade nos dois
países, os programas desenvolvidos por ambos são semelhantes, notadamente nos programas
Green Power Switch e Proinfa, que buscam incentivar o uso de energia elétrica comprando lotes
de energia renovável. Outra semelhança encontrada se faz nos programas Procel Solar e o Solar
Energy Technologies Office, ambos buscam desenvolver soluções através da pesquisa e
desenvolvimento no setor, porém cabe ressaltar que o programa norte-americano já possui uma
proporção de atuação superior em comparação ao brasileiro. Em relação aos programas norte-
americanos destinados a pesquisa nos setores eólico, geotérmico, maremotriz e hidráulico, não
temos nenhum programa brasileiro equivalente. Vale destacar que a geração de energia elétrica
por fonte hidráulica é bastante implementada no Brasil, a eólica é pouca, mas é incentivada pelo
Proinfa e a geotérmica e maremotriz inexistem. Desta forma, o estudo para a ampliação do
potencial dessas duas fontes alternativas – e de especial a maremotriz devido à extensão do
litoral brasileiro - ampliando a diversidade da matriz energética, e também a implantação de
outros programas de pesquisa e desenvolvimento como os norte-americanos, até mesmo para
complementar as ações do Proinfa.
75

8.8.8. Integração e suporte

A comparação dos subprogramas do Procel com o WIP mostra que apesar dos objetivos
dos programas serem os mesmos-melhorar a eficiência energética nas cidades por meio de
políticas públicas - os métodos utilizados e os focos dos projetos são diferentes. O programa
brasileiro tenta atuar mais através da melhoria de eficiência energética na gestão, iluminação e
saneamento públicos, enquanto o programa norte-americano atua mais na melhoria da
eficiência energética nas edificações e transportes.
76

Tabela 15-Comparação final entre os programas de eficiência energética brasileiros e norte-americanos

Em
Nome País Objeto Subobjeto Órgão P&D Incentivos Subprojetos
vigor
AMO EUA Sim Indústria Pesquisa e desenvolvimento para EE na indústria DOE Sim Não 600
Combustíveis
BETO EUA Sim Pesquisa e desenvolvimento de EE para Biocombustível DOE Sim Não N.D.
renováveis
BTO EUA Sim Edificações Pesquisa, etiquetagem e códigos para edificações DOE Sim Sim 59
CAFE EUA Sim Veículos Classificação da eficiência dos veículos NHTSA Não Sim N.D.
CICE Brasil Sim Órgãos Públicos EE em Órgãos e entidades da Administração Federal - Não Não N.A.
Combustíveis
Clean Fuels Grant Program EUA Sim Combustíveis limpos para ônibus DOT Sim Sim N.D.
renováveis
Energy Star EUA Sim Equipamentos Etiquetagem de equipamentos em geral e edificações EPA Não Sim N.D.
Desenvolvimento de veículos híbridos e outras tecnologias
FCVT EUA Sim Veículos DOE Sim Não N.D.
automotivas
FEMP EUA Sim Órgãos Públicos EE em Órgãos e entidades da Administração Federal DOE Não Não N.D.
Energia elétrica
Green Power Switch EUA Sim Compra de lotes de energia elétrica de fontes renováveis TVA Não Sim N.D.
renovável
Energia elétrica
GTO EUA Sim P&D em tecnologias de energia elétrica de fonte geotérmica DOE Sim Não N.D.
renovável
Hydrogen and Fuel Cell Combustíveis
EUA Sim Pesquisa e desenvolvimento de EE para Hidrogênio DOE Sim Não N.D.
Program renováveis
Inova Energia Brasil Sim Veículos Smart grids, tecnologia p/ a indústria, veículos híbridos BNDES Sim Não N.D.
Ônibus Brasileiro a Combustíveis
Brasil Proj. Implantação de ônibus de transporte público movidos a hidrogênio MME Não Não N.D.
Hidrogênio renováveis
PBE Brasil Sim Equipamentos Etiquetagem de equipamentos, edificações e veículos Inmetro Não Não N.D.
PBE Veicular Brasil Sim Veículos Classificação da eficiência dos veículos Inmetro Não Não N.D.
PME Brasil Não Indústria Conservação de energia e substituição dos derivados do petróleo - Sim Não N.D.
PNCURE Brasil Não Indústria Premiar instituições em geral que utilizam racionalmente a energia Eletrobrás Não Não N.D.
Combustíveis
PNPB Brasil Sim Implantação sustentável da produção e uso do biodiesel MME Não Não N.D.
renováveis
Procel Edifica Brasil Sim Edificações Pesquisa, etiquetagem e códigos para edificações PROCEL Sim Não N.D.
Procel EPP Brasil Sim Órgãos Públicos EE em Prédios Públicos PROCEL Não Não N.D.
Procel GEM Brasil Sim Suporte Gestão Energética Municipal PROCEL Não Não N.D.
Procel Indústria Brasil Sim Indústria Pesquisa para redução de gastos em sistemas motriz PROCEL Sim Não N.D.
Procel Reluz Brasil Sim Suporte EE na Iluminação Pública PROCEL Não Não N.D.
Continua na próxima folha
77

Continuação da folha anterior


Em
Nome País Objeto Subobjeto Órgão P&D Incentivos Subprojetos
vigor
Procel Sanear Brasil Sim Suporte EE e P&D em Saneamento Ambiental PROCEL Sim Não N.D.
Programa CONSERVE Brasil Não Indústria Promover EE na indústria MIC Sim Não N.D.
Energia elétrica
Proinfa Brasil Sim Compra de lotes de energia elétrica de fontes renováveis MME Não Não N.D.
renovável
Energia elétrica
Rede Eletrobrás Procel Solar Brasil Sim Pesquisa e desenvolvimento em tecnologias de energia elétrica solar PROCEL Sim Não N.D.
renovável
Selo Conpet Brasil Sim Equipamentos Etiquetagem de aparelhos domésticos movidos a gás Inmetro Não Não N.D.
Etiquetagem de equipamentos (motores, lâmpadas) e
Selo PROCEL Brasil Sim Equipamentos PROCEL Não Não N.D.
eletrodomésticos
Energia elétrica
SETO EUA Sim Pesquisa e desenvolvimento em tecnologias de energia elétrica solar DOE Sim Sim N.D.
renovável
WIPO EUA Sim Suporte Suporte para governos locais e tribos indígenas em EE DOE Sim? Não 4
Energia elétrica P&D em tecnologias de energia elétrica de fontes Eólica e
WWPTO EUA Sim DOE Sim Não N.D.
renovável hidrelétrica
Fonte: do Autor

Notas:

A seção Incentivo se refere há outras ações promovidas pelo programa, além da própria redução do consumo de energia, para incentivar a aderência de pessoas físicas e/ou
jurídicas ao programa:
1) Fiscal: se refere a deduções no imposto em caso de participação no programa, seja pela compra ou uso de tecnologias com certificado de eficiência energética;
2) Fundos: oferecem fundos financeiros para quem participa do programa;
3) Prêmio: oferecem premiações ou certificados para quem participação do programa;
4) RECs: oferecem Renewable Energy Certificates, uma commodity para quem compra lotes de energia elétrica renovável.
A seção Órgão se refere ao órgão que é responsável pelo programa.
78

9. CONCLUSÃO

A partir dos resultados da análise das semelhanças e diferenças entre o portfólio de


Eficiência Energética dos dois países, pode-se concluir que o setor de eficiência energética
brasileiro ainda possui algumas deficiências comparado ao modelo norte-americano. Dos 28
programas em vigor que foram analisados, sendo destes 14 brasileiros e 14 norte-americanos,
observou-se que, no Brasil, 5 atuam em P&D e apenas um programa, o Inova Energia, possui
um sistema de bonificações para práticas de Eficiência Energética através de fundos, enquanto
nos EUA, 10 atuam em P&D e 7 apresentam algum tipo de bonificação financeira para práticas
de Eficiência Energética.

Apesar disso, também se observa que esforços são feitos para desenvolver esse setor no
Brasil. Praticamente para todos os programas norte-americanos analisados foi encontrado um
programa brasileiro equivalente, com objetos de atuação semelhantes. Além disso, os cinco
programas do Brasil que atuam em P&D, são recentes e foram implantados após da crise de
abastecimento de energia elétrica do ano de 2001.

Dessa forma, pode-se concluir que apesar do portfólio brasileiro em eficiência


energética possuir algumas deficiências ao ser comparado ao americano, o governo brasileiro
tem tomado medidas para desenvolver esse setor. Assim, a partir dos resultados desse trabalho
e de outros futuros, podem ser estudadas novas medidas a serem implementadas no Brasil pelo
governo federal para ampliar e aperfeiçoar este setor no país.
79

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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órgãos e entidades da Administração Federal direta e indireta, da Comissão Interna de
Conservação de Energia (CICE), nos casos que menciona, e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 1990. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D99656.htm>. Acesso em: 17/05/2015.

BRASIL. Decreto nº 5.025, de 30 de março de 2004. Regulamenta o inciso I e os §§ 1o,


2o, 3o, 4o e 5o do art. 3o da Lei n° 10.438, de 26 de abril de 2002, no que dispõem sobre o
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA, primeira
etapa, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2004. Disponível em: <
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na matriz energética brasileira; altera as Leis nos 9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.847,
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