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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ


INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E ENGENHARIAS
FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS E MEIO AMBIENTE
MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL NA MINERAÇÃO

CLEBER BRITO DA SILVA


JULLIANA MAISY PINTO DA SILVA
LAÉRCO LINO DE ARAÚJO JÚNIOR
VICTOR MATHEUS COUTINHO

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM MINAS DE BAUXITA


E TITÂNIO

MARABÁ – PA
2018
CLEBER BRITO DA SILVA
JULLIANA MAISY PINTO DA SILVA
LAÉRCO LINO DE ARAÚJO JÚNIOR
VICTOR MATHEUS COUTINHO

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM MINAS DE BAUXITA


E TITÂNIO

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia


de Minas e Meio Ambiente da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará
(UNIFESSPA), em cumprimento às
exigências para obtenção de nota parcial para
aprovação na disciplina Métodos de
Recuperação Ambiental na Mineração
Docente: Prof. Ma. Ana Luiza Coelho Braga

Data da aprovação: ____/____/______


Conceito:_____________

MARABÁ – PA
2018
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------- 4

2 ESTUDO DE CASO -------------------------------------------------------------------------------- 7

2.1 LAÉRCIO ------------------------------------------------------------------------------------ 7

2.1.1 Localização geográfica -------------------------------------------------------------- 7

2.1.2 Clima ----------------------------------------------------------------------------------- 8

2.1.3 Geologia -------------------------------------------------------------------------------- 8

2.1.4 Disposição da bacia de rejeito ----------------------------------------------------- 8

2.1.5 Método adotado ---------------------------------------------------------------------- 9

2.2 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS MINERADAS NA AMAZÔNIA POR MEIO DA


TÉCNICA DE NUCLEAÇÃO ---------------------------------------------------------------------- 11

2.2.1 Sobre a criação do projeto -------------------------------------------------------- 13

2.2.2 Aplicação da técnica ---------------------------------------------------------------- 14

2.2.3 Resultados do projeto -------------------------------------------------------------- 16

2.2.4 Cobertura vegetal da área e consequências ----------------------------------- 17

2.2.5 Considerações sobre o uso da técnica na mina de Juruti ------------------- 18

2.3 LAVRA E BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO DE TITÂNIO REALIZADO PELA


EMPRESA MILLENIUM --------------------------------------------------------------------------- 19

2.3.1 Localização geográfica, clima e relevo ----------------------------------------- 19

2.3.2 Características da empresa ------------------------------------------------------- 20

2.3.3 Lavra e beneficiamento do minério de titânio realizado pela empresa -- 21

2.3.4 Primeira etapa da recuperação -------------------------------------------------- 22

2.3.5 Segunda etapa da recuperação --------------------------------------------------- 23

3 CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------------25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS --------------------------------------------------------------26


4

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país detentor de uma variedade de terrenos e formações geológicas em


seus mais de 8,5 milhões de km², propiciando um elevado número de áreas mineralizadas das
diversas substâncias minerais existentes. Estes recursos são expressivos e abrangem a
prospecção, pesquisa, explotação, beneficiamento e produção de mais de 50 substâncias
minerarias, dentre minerais metálicos, não metálicos, energéticos, gemas e diamantes, cujas
atividades apresentam alto potencial de riscos e impactos ao meio ambiente e à geração de
passivos ambientais (PINHEIRO, 2011).
Segundo o Ibram, ao longo da última década o setor da indústria mineral brasileira
registrou crescimento eficaz, graças a transformações realizadas nos setores socioeconômicos
e de infraestrutura que o país tem vivenciado, ainda embora a atividade mineral tenha sofrido
baixas nas expectativas por conta das crises internacionais de 2008 e 2012. Esse crescimento é
fomentado pelo processo de urbanização em países emergentes com significativas áreas
territoriais, alta densidade demográfica e elevado PIB (Produto Interno Bruto), como os BRICs
(Brasil, Rússia, Índia e China), os quais, coincidentemente, são de grande importância para a
mineração mundial.
Tonidandel (2011), afirma que os elementos que compõem um empreendimento mineral
podem variar em virtude do minério que está sendo lavrado, mas, no geral, uma mina é formada
por barragens de rejeito e captação de água, diques de contenção de sedimentos, pilhas de
estéril, cavas a céu aberto e/ou aberturas subterrâneas, estradas de acesso e circulação, sistema
de drenagem, usinas de beneficiamento, maquinários utilizados para extração e beneficiamento
do mineral, edificações de áreas de apoio como escritório, almoxarifado, dentre outros.
Estes empreendimentos minerários geram diversos impactos negativos, estes podem ser
evidenciados, como, por exemplo, a degradação ambiental da fauna e flora, contaminação de
cursos d’água, lençóis freáticos e solos por diversas substâncias, aumento da erosão, aumento
dos sólidos totais e turbidez da água, assoreamento de rios, aumento da acidez da água da mina,
dentre outros. Porém, para mitigar tais impactos, o setor mineral desenvolveu, adaptou e aplicou
novas tecnologias que permitem ganhos ambientais, onde se pode citar: a consolidação de
métodos de disposição segura de rejeitos em bacias formadas por barragens, implantação de
estações de tratamento de água e efluentes oleosos, técnicas de estabilização de encostas e
taludes e monitoramento através de escaner laser, disposição de rejeitos em pilhas ou em bacias
de retenção formadas por diques, sem barramento de drenagens naturais, monitoramento
5

ambiental, e importante destaque para a valorização de certos rejeitos ou o seu reaproveitamento


(FERNANDES, LUZ E MATOS, 2007).
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA (1990), a recuperação de áreas degradadas por impactos, como os acima
citados, pode ser definida como um processo de reversão de tais áreas em terras produtivas e
autossustentáveis, de acordo com uma proposta preestabelecida de uso do solo podendo chegar
ao nível de uma recuperação de processos biológicos – sendo assim chamada “reabilitação” –,
ou mesmo aproximar-se muito da estrutura ecológica original – “restauração”.
Soares e Silva (2009) afirmam que a recuperação de solos minerados é uma exigência
da legislação ambiental brasileira vigente, sendo apontada como uma das ações necessárias à
racionalização do uso da terra e melhoria da qualidade ambiental. Os autores asseguram que a
ação que tem maior destaque para que as áreas degradadas possam voltar a ser produtivas após
o manejo do solo, é o método de revegetação do local de maneira inclusive, a propiciar o retorno
da fauna, em especial de polinizadores e dispersores. Ainda segundo os mesmos, revegetar a
área é parte essencial no processo de recuperação dessas áreas, a qual implica, não só o plantio
de espécies vegetais, mas também uma seleção adequada dessas espécies e das técnicas de
manejo, visando à aceleração e a reconstituição dos processos de sucessão que acontecem
naturalmente.
Técnicas utilizadas em sistema de nucleação são muito usuais para recuperar e restaurar
os ambientes, pois promovem o aumento da biodiversidade local, obedecendo aos estágios
naturais da sucessão ecológica de uma floresta nativa, nas quais os núcleos criados atrairão
biodiversidade das áreas circundantes. A nucleação reflete uma das melhores formas de
implementar a sucessão dentro de áreas degradadas, restituindo a biodiversidade conveniente
com as características da paisagem e das condições microclimáticas locais. Empregar diversas
técnicas nucleadoras, juntas, produz uma diversidade de fluxos naturais na área degradada
aumentando a conectividade da paisagem (TAVARES et. al., 2014).
Neste contexto, a nucleação consiste em um subsistema sinérgico introduzido em áreas
degradadas, utilizando-se elementos abióticos, biológicos e sociais, capazes de propiciar novos
fluxos de energia para gerar emergências voltadas a potencializar a formação de ecossistemas
(Ecossistemas emergentes) (RAS, 2013).
Em outro ponto, nas regiões litorâneas, o estabelecimento vegetal enfrenta problemas
devido à ocorrência de solos extremamente arenosos, com alta salinidade, baixo teor de matéria
orgânica, altas taxas de infiltração e consequente baixa retenção de umidade, com
6

superaquecimento das camadas superficiais expostas à insolação. As espécies selecionadas para


recolonização dessas áreas devem possuir boa tolerância à seca, sistema radicular profundo e
vigoroso e capacidade de sobrevivência sob condições de baixa fertilidade e propiciar boa
cobertura do solo. Entre as práticas que podem promover condições mais favoráveis ao
estabelecimento da vegetação, a adição de solo da camada superficial, proveniente do
decapeamento pré-exploratório da área, é amplamente recomendada. Além do valor
representado pelo banco de sementes, pela matéria orgânica e pelos nutrientes, contém
microrganismos simbióticos e degradadores de material orgânico extremamente importantes
(CUNHA et. al. 2003).
7

2 ESTUDO DE CASO

Em quaisquer que sejam as situações de ocorrência da degradação do solo, fase inicial


onde ocorre a degradação agrícola ou fase final caracterizada por degradação biológica, é
necessário adotar técnicas para recuperar os passivos existentes (EMBRAPA, 2003).
As estratégias de longo prazo, segundo o Manual de Práticas de Conservação do Solo e
Recuperação de Áreas Degradas, do Embrapa (2003), são caracterizadas pela recuperação
natural da área. O abandono da área (pousio) conduz ao desenvolvimento de arbustos e árvores
que, conforme o tempo passa, formam uma área vegetada com as características de uma floresta
secundária, onde muitas funções da floresta primária são reestabelecidas em parte.
Quando se trata de médio prazo, a principal estratégia é a introdução de sistemas
agroflorestais (EMBRAPA, 2003). Segundo o Centro de Inteligência em Florestas, estes
sistemas são formas de uso ou manejo da terra, nos quais se combinam espécies arbóreas
(frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou criação de animais, de forma
simultânea ou em sequência temporal e que promovem benefícios econômicos e ecológicos.
O curto prazo, consiste em adotar medidas que proporcionem a pronta recuperação da
área, envolve-se geralmente, o uso de corretivos, para fornecer nutrientes às plantas. Devendo
estarem voltadas para a correção dos fatos responsáveis por degradar, sendo uma ou mais
práticas: controle de invasoras, adubação, manutenção, manejo adequado, plantio de forrageira,
plantio de leguminosa, diferentes espécies de pastagens, ocupação de áreas e após substituir as
forrageiras (EMBRAPA, 2003).

2.1 LAÉRCIO
2.1.1 Localização geográfica

A área de análise que corresponde ao estudo de caso encontra-se aos arredores de uma
mina de bauxita localizada no município de Oriximiná no estado do Pará, á margem direita do
rio Trombetas. A mina pertence a região da Floresta Nacional de Saracá-Taguara, que abrangem
municípios como: Oriximiná, Faro e Terra Santa. O distrito de Porto Trombetas, está localizado
no município de Oriximiná (PA), a 10 km a oeste da confluência do Rio Trombetas com o Rio
Amazonas, distante 450 km de Manaus a leste e 850 km a Oeste de Belém, em linha reta
(SALOMÃO & MATOS, 2002).
8

Figura 1: Localização regional da Floresta Nacional de Saracá-Taquera.


Fonte: ICMBio

2.1.2 Clima

Caracterizado como clima tropical úmido, com índice médio anual de umidade relativa
superior a 75% e apenas dois meses com média em torno de 70% ( REIS, 2006). As estações
limitam-se ás tradicionais amazônicas, contendo duas estações bem características, a estação
chuvosa e a de seca. A chuvosa se limita aos meses de dezembro a maio com uma média de
precipitação pluviométrica de 265,8 mm/mês e estação de seca compreendendo aos meses de
julho a outubro com uma média de precipitação de 72,3 mm/mês (REIS, 2006).

2.1.3 Geologia

A bauxita é uma rocha de cor avermelhada, formada por processos de laterização


(transformação de minerais pela ação do clima, em ambiente tropical) e composta por óxidos
de alumínio (gibbsita), ferro (goethita e hematita), titânio (anatásio) e minerais de argila
(caolinita). A laterização é um processo atuante em climas tropicais, onde ocorre o
intemperismo químico através da lixiviação, o que leva ao enriquecimento do solo
principalmente por hidróxidos de ferro e alumínio. Na laterização os elementos alcalinos e
alcalinos terrosos são os primeiros a serem lixiviados, depois lixivia-se a sílica livre ou
combinada com materiais silicatados, sobrando somente o produto de menor solubilidade que
é justamente a mistura de hidróxidos de ferro e alumínio. Caso o hidróxido de alumínio seja o
mais abundante, ou seja, o material com maior predominância, ele recebe o nome de bauxita.

2.1.4 Disposição da bacia de rejeito


9

Segundo a comissão pró-índio de São Paulo (CPI) disponível em quilombo.org.br as


24 barragens da MRN representam um número significativo no universo total das barragens de
mineração no Brasil. Mineração Rio do Norte é uma das mineradoras com maior quantidade de
barragens ativas do país. A mais recente barragem entrou em operação em dezembro de 2016.
Mais 11 reservatórios de rejeitos devem ainda ser construídos. A maior parte das barragens
(22 delas) está localizada dentro da Floresta Nacional Saracá-Taquera. As outras
duas barragens estão situadas na área do porto da empresa, a 430 metros do Quilombo Boa
Vista.
Tratando das barragens localizadas na região da floresta nacional Saracá-Taquera ainda
segundo a CPI a área industrial da MRN e as barragens de rejeitos estão situadas no interior da
Floresta Nacional Saracá-Taquera no platô Saracá, o primeiro a ser explorado pela MRN no
período de 1979 a 2014.
A estrutura para disposição, secagem e adensamento dos rejeitos gerados no processo
de beneficiamento da bauxita e para reserva de água da MRN inclui:
• 01 Reservatório de água (TP 1).
• 01 Reservatório de rejeitos diluídos (TP 2).
• 19 Reservatórios de rejeitos adensados (SPs).
• 03 Lagos de recuperação de águas dos SPs (Lago Urbano, Lago L 1, Lago Pater) e 01
Lago de recuperação (L 2) adjacente ao TP 2 (ponto de adução de água para a planta de
beneficiamento).
Há ainda uma barragem de rejeitos (SP 16) em construção com previsão de término em
dezembro de 2016 e início de operação em janeiro de 2017. Há previsão para construção de
mais 9 reservatórios de rejeitos.
Quanto ao volume, 20 barragens são classificadas médias e 1 como pequena. A altura
do barramento dos reservatórios varia de 12 metros (1 barragem), 15 metros (3 barragens), 17
metros (1 barragem), 19 metros (13 barragens) e 20 metros (3 barragens) – para se ter uma
noção da grandeza dessas barragens, lembramos que 15 metros correspondem a um edifício de
5 andares.

2.1.5 Método adotado

A exploração do minério de característica latéritica se resume nas etapas de


desmatamento, decapeamento, desmonte da camada de laterita, escavação, carregamento e
transporte do minério. Ao finalizar essa etapa, inicia-se o projeto de recuperação da área
10

minerada. O estudo de caso adotado exemplifica o método da seguinte maneira: além das áreas
mineradas, há também as áreas dos tanques de rejeito que devem ser revegetadas. O rejeito da
lavagem da bauxita é uma lama que chega ao tanque pulmão ou reservatório de adensamento
com apenas 7% de sólido, onde ocorre o espessamento deste material até atingir a concentração
média de 30% de sólido, e então o rejeito é bombeado para os tanques definitivos
(LYNCH,2004).
Estes taques são construídos sobre as áreas já mineradas e neles, o processo de
adensamento é continuado. Ao ser atingida a capacidade destes, inicia-se a etapa de
revegetação. O material sólido do rejeito é, basicamente, constituído pela argila caulinítica que
contamina o minério. Ao ser depositada nos tanques, irá sofrer um processo lento de
sedimentação, ocorrendo então uma deposição orientada destas argilas. Ao final do processo de
secagem dos tanques, o substrato a ser revegetado apresenta-se como um material compacto,
que forma blocos extremamente resistentes à penetração de raízes, sendo esta uma grande (se
não a maior) limitação ao desenvolvimento de vegetação nestes tanques (LYNCH,2004).
A estratégia de revegetação que tem sido adotada para os tanques é a hidrossemeadura
com gramíneas e espécies leguminosas arbustivas, ainda durante a fase de secagem do tanque
para acelerar este processo através da evapotranspiração das espécies vegetais e, também,
acelerar a incorporação de carbono ao sistema, além de promover uma descompactação do
material ainda não consolidado pelo efeito do crescimento radicular. Em uma segunda fase,
com o tanque mais seco, é feito o plantio de enriquecimento com mudas de espécies arbóreas
nativas, que são plantadas nas brechas dos blocos argilosos formados (LYNCH,2004).

Figura 2: Barragens de Rejeito MRN.


Fonte: Quilombo.org
11

2.2 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS MINERADAS NA AMAZÔNIA POR MEIO DA


TÉCNICA DE NUCLEAÇÃO

O princípio da recuperação ambiental sistêmica via nucleação é uma tecnologia


aplicada, pela primeira vez em mineração, na Mina de Bauxita de Juruti. É uma inovação
tecnológica, baseada na visão biossistêmica, em que todos os componentes do ecossistema
florestal a serem removidos pela mineração, são considerados como prioritários no processo de
recuperação (TAVARES et. al., 2014).
Ainda segundo os autores, convictos de que as interações solo-planta são representantes
essenciais para a formação de um novo ecossistema, que substituirá o removido pela atividade
mineradora, o processo direciona a nucleação para uma neopedogênese (processo no qual o
solo, lentamente recompõe sua estrutura e composição), em que a utilização da matéria
orgânica, retida no topsoil e na biomassa florestal, é feita dispondo o material sobre áreas em
recuperação. Assim sendo, criam-se condições para a regeneração natural, como a chegada de
espécies vegetais, animais e de microrganismos.
A técnica de nucleação tem por objetivo, disparar gatilhos ecológicos no processo de
regeneração natural. Segundo os autores, os núcleos são elementos capazes de formar novas
populações, novos nichos de regeneração e gerar conectividade na paisagem (TAVARES et.
al., 2014).
Diante destes fatos, entende-se por nucleação em processos de mineração o manejo da
água, de forma que os fluxos de internalização favoreçam a reestruturação das camadas de solo,
cooperando para o fenômeno de neopedogênese – criação de um novo solo. A montagem de
superfícies dissipativas e concentradoras (Figura 3) criam rugosidades sobre as áreas mineradas
de forma a contribuir na precaução de processos erosivos. Tais superfícies geram centros de
concentração de energia com capacidade para manter ambientes favoráveis à expressão da
biodiversidade local e das potencialidades futuras, de acordo com Tavares et. al. (2014).

Figura 3: Esquema representativo de superfícies dissipativas e concentradoras.


Fonte: Modificado de RAS Restauração Ambiental Sistêmica, 2013.
12

Os autores ainda citam que esses núcleos de energia, dispostos de forma a criarem
rugosidades, propiciam a entrada de biodiversidade sobre as áreas mineradas. Para tal fim, são
feitas transposições do topsoil, chuva de sementes, galharias e instalação de poleiros artificiais,
conforme mostrado nas figuras 4, 5 e 6. A presença de forma heterogênea das espécies é uma
fonte de assegurar maiores probabilidades de sustentabilidade nos ecossistemas em formação.

Figura 4: Modelo de coletores de chuva de sementes.


Fonte: Modificado de RAS Restauração Ambiental Sistêmica, 2013.

Figura 5: Transporte do topsoil e galharia.


Fonte: Modificado de RAS Restauração Ambiental Sistêmica, 2013.
13

Figura 6: Instalação de poleiros artificiais.


Fonte: Modificado de RAS Restauração Ambiental Sistêmica, 2013.

Portanto, o projeto de recuperação de áreas mineradas desenvolvido pela Alcoa é um


processo inovador, principalmente nos aspectos voltados à recuperação de áreas mineradas no
setor de mineração de bauxita no Brasil, procurando facilitar a formação de um novo
ecossistema florestal com base na formação de um novo solo, na ciclagem da matéria orgânica
e do banco de sementes acumulados nos ecossistemas florestal original.

2.2.1 Sobre a criação do projeto

Os autores do artigo destacam que em decorrência dos impactos ambientais e culturais


provenientes da extração mineral na região, bastante relevantes para a sociedade em geral, a
alteração dos valores culturais foi significativa para a localidade. A partir de então, a Alcoa
buscou implementar programas eficientes de mitigações destes impactos, que atendam às
expectativas da comunidade local e da sociedade em geral. Ainda segundo eles, o processo de
lavra da bauxita, desestrutura o solo e os perfis geológicos que estão sobre das camadas a serem
exploradas. Defendem que a proposta de reabilitação da área degradada via nucleação tem como
14

principal fundamento a internalização da água, considerando seu fluxo vertical como o principal
elemento reestruturador das camadas geológicas e da formação de um novo solo.
Realçam ainda que a atividade de enterrar a galharia (galhos, folhas e raízes) nas cavas
é uma técnica comumente utilizada ne mineração, sendo também a técnica praticada pela Alcoa
anteriormente ao projeto de recuperação de áreas mineradas pela técnica de nucleação. O novo
sistema propiciou a utilização da galharia gerada na supressão vegetal para recuperar as áreas
mineradas. O aproveitamento dos resíduos florestais possibilita que os nutrientes do solo,
armazenados pela floresta amazônica durante milhares de anos, sejam cedidos para a formação
do novo ecossistema, após o processo de mineração.

2.2.2 Aplicação da técnica

Após estudos e verificações, determinou-se a situação problema, e então foram


montados módulos de 2500m², definidos por construção de bermas contínuas que formavam
quadrados de 50 x 50 metros. Tais bermas apresentavam cerca de três metros de base e uma
altura variando de 1,3 a 2 metros de altura, construídas com o próprio material estéril deixado
pelo processo de mineração ou mesmo com topsoil, conforme disponibilidade de material. Com
essa técnica foram implantados 132 hectares na operação em 2012 (TAVARES et. al., 2014).
Os autores apresentaram ainda que nas áreas retidas pelas bermas foram depositados
montes de topsoil e galharia, dispostas de forma a criar rugosidades (superfícies dissipativas e
concentradoras). A galharia e o topsoil foram depositados de forma sincrônica com a sua
retirada nas frentes de mineração. Os montes foram dispostos de forma a criar microbacias para
a retenção da água, estando próximos para tocarem suas bases. Em cada módulo foram
depositados em torno de 64 montes de 12m³ cada, além da instalação de um poleiro artificial,
formado pela disposição vertical de uma árvore fina de aproximadamente cinco metros de
altura. Foram plantadas 300 mudas/ha de espécies arbóreas de interesse para a melhoria do solo
(leguminosas fixadoras de nitrogênio) e espécies atrativas para a fauna (com funções de
herbivoria, polinização e dispersão de sementes). A Figura 7 resume as principais atividades e
funções do processo de nucleação na Mina de Juruti. No processo de monitoramento, previu-se
avaliar o papel dos módulos na infiltração da água e na contenção dos processos erosivos.
15

Figura 7: Caracterização do processo de recuperação ambiental sistêmica via nucleação na Mina de Juruti.
Fonte: Modificado de RAS Restauração Ambiental Sistêmica, 2013.
16

Conforme citado por Tavares et. al. (2014), a opção para verificar a expressão do novo
ecossistema florestal, foram previstas avaliações anuais do processo de cobertura vegetal das áreas
e da regeneração natural. Após o terceiro ano de implantação, seria realizada uma avaliação geral
com o objetivo de verificar a necessidade de reintroduzir espécies atrativas para a fauna e de
interesse extrativista para as comunidades locais. Os dados deste trabalho correspondem à primeira
avaliação realizada após 20 meses de implantação do novo sistema de recuperação. A avaliação foi
feita em seis áreas, onde foi realizado um levantamento florístico das mesmas.

2.2.3 Resultados do projeto

Como resultado, os autores obtiveram que as microbacias se mostraram eficazes na retenção


e rápida infiltração da água no solo (Figura 8). Não ocorreram rompimentos e transbordos das
bermas dos módulos de restauração. Consequentemente, não houve processos erosivos externos a
cada um dos módulos implantados (TAVARES et. al., 2014).

Figura 8: Retenção de água (esquerda) e infiltração de água (direita) nas microbacias no processo de recuperação
sistêmica via nucleação da Mina de Juruti.
Fonte: Tavares et. al. (2014).

As áreas implantadas apresentaram boa cobertura vegetal, ocorrendo somente pequenas


ilhas de áreas com vegetação mais esparsa, possivelmente associadas ao material de origem
(topsoil) com banco de sementes mais pobre (Figura 9), de acordo com Tavares et. al. (2004).
17

Figura 9: Área com 100% de cobertura vegetal (esquerda) e área com menor cobertura vegetal (direita) no
processo de recuperação sistêmica via nucleação da Mina de Juruti.
Fonte: Tavares et. al. (2014).

2.2.4 Cobertura vegetal da área e consequências

A cobertura vegetal foi iniciada pela regeneração de duas espécies rastejantes que,
rapidamente, cobriram o solo formando uma rede de baraços, contribuindo com a retenção de
sedimentos no processo de deslocamento das partículas sobre os montes e influenciando,
positivamente, o processo de reestruturação do solo (TAVARES et. al., 2014).
Após 20 meses de implantação, o levantamento florístico revelou a presença de 71
morfoespécies. Entre as registradas, detectou-se a presença de espécies de estágios sucessionais
mais avançados, inclusive a presença de espécies emergentes das Florestas de Terra Firme da região
(TAVARES et. al., 2014).
O processo de herbivoria foi observado em todas as áreas em processo de recuperação. A
recolonização de insetos nas áreas ajuda na ciclagem dos nutrientes, bem como a polinização de
flores das espécies pioneiras que já ocupavam a área. Além disso, nesse processo está a formação
da serapilheira sobre o solo que representa uma nova forma de microrrugosidades sobre o solo,
contribuindo para evitar escorrimentos superficiais das águas pluviais e, ao mesmo tempo, para a
formação da neopedogênese com a introdução de matéria orgânica no solo (TAVARES et. al.,
2014).
Foi observada, ainda, a visita de pássaros nos poleiros fixados nas áreas em recuperação
(Figura 10), inclusive nos fragmentos isolados por estradas e mais distantes da borda. Sem a
presença dos poleiros nestas áreas, possivelmente, pelo menos nos períodos iniciais, a presença de
avifauna só seria observada nos módulos localizados próximos a borda do platô (TAVARES et.
al., 2014).
18

Figura 10: Pássaros nos poleiros artificiais.


Fonte: Tavares et. al. (2014).

Em alguns poleiros foi evidenciada a formação natural de poleiros vivos e de ninhos. A


formação de ninhos indica que os pássaros irão permanecer mais tempo naquele ponto e,
consequentemente, a deposição de sementes será mais intensa, enquanto os poleiros vivos irão
imitar árvores para atrair animais que não utilizam os poleiros secos. Dentro desse grupo, destacam-
se os morcegos, principais dispersores das florestas tropicais e subtropicais (TAVARES et. al.,
2014).

2.2.5 Considerações sobre o uso da técnica na mina de Juruti

Os dados mostraram que a nova tecnologia de recuperação, implementada em Juruti, iniciou


um processo de formação de uma nova comunidade florestal com reestruturação do solo, deposição
de serapilheira, percolação da água e da manifestação de uma vegetação com diversificação de
formas de vida e de síndromes de dispersão (TAVARES et. al., 2014).
As plantas denominadas bagueiras (plantas capazes de atrair uma fauna diversificada) têm
papel fundamental para a manutenção do equilíbrio dinâmico das florestas e também para a
recuperação de áreas degradadas, uma vez que, quando com seus frutos maduros, atrairão os
animais dos remanescentes florestais da região e, por sua vez, trarão para área ainda mais sementes
para o aumento da diversidade de espécies locais (TAVARES et. al., 2014).
O processo de herbivoria foi observado em todas as áreas em processo de recuperação. A
recolonização de insetos nas áreas ajuda na ciclagem dos nutrientes, bem como na polinização de
flores das espécies pioneiras, que já ocupam a área (TAVARES et. al., 2014).
A nova tecnologia introduzida em Juruti mostra-se, até o momento, eficiente no controle
dos processos erosivos, na percolação das águas pluviais e na formação do novo ecossistema
19

florestal. As Figura 11 e figura 12, mostram como a regeneração da área está evoluindo ao longo
do tempo (TAVARES et. al., 2014).

Figura 11: Projeção realizada inicialmente da primeira fase (1 a 2 anos) do projeto, com vegetação atingindo até
5 metros de altura nas áreas com aplicação do processo de recuperação sistemática via nucleação.
Fonte: Tavares et. al. (2014).

Figura 12: Aspecto geral da vegetação em regeneração 12 meses após a implantação do processo de recuperação
sistêmica via nucleação (esquerda) e 18 meses após a implantação (direita).
Fonte: Tavares et. al. (2014).

2.3 LAVRA E BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO DE TITÂNIO REALIZADO PELA


EMPRESA MILLENIUM
2.3.1 Localização geográfica, clima e relevo

A área estudada é de propriedade da Mineradora Millenium Inorganic Chemicals e localiza-


se no município de Mataraca, extremo norte do litoral do estado da Paraíba W29' S, 34°56'W, 10 a
75 m de altitude (Figura 13). O clima é tropical e chuvoso, com uma curta estação seca. A
temperatura média anual é de 25,5 C e as médias mensais oscilam de 23,7 C, em julho, a 26,8 C,
em fevereiro. A precipitação média anual de 1796mm concentra-se 85,7% de março a setembro; o
mês mais seco ocorrendo em dezembro (média de 31mm) e os mais chuvosos em abril (média de
314mm) e julho (média de 315mm) (Cunha et al., 2003).
20

Figura 13: Localização da mina de Titânio da Mineradora Millenium Inorganic Chemicals.


Fonte: Duré, 2013.

O relevo da região é caracterizado por um sistema de dunas arenosas de origem marinha


que se estende em pararelo ao mar, podendo atingir os 80m de altitude em seu cume. Estas dunas
são mineradas pela Millenium Inorganic Chemicals, que extrai por via úmida em uma planta
industrial a pequena fração de grãos de ilmenita. Ao final do processo, formam-se grandes dunas
de rejeito compostas de areia lavada, com níveis desprezíveis de matéria orgânica e sais minerais,
sem banco de sementes e altamente sujeitas à erosão eólica.

2.3.2 Características da empresa

Millennium Inorganic Chemicals do Brasil, está presente em três estados: Paraíba, Bahia e
São Paulo. Na Paraíba, onde está localizada a Mina do Guajú, são desenvolvidas as atividades de
mineração; na Bahia, funciona a unidade de processamento dos minérios, responsável pelo
beneficiamento dos minerais e em São Paulo o escritório responsável pela parte comercial da
empresa. Os principais minerais de interesse comercial que são extraídos na Mina do Guajú são:
ilmenita, zirconita, rutilo e cianita. A demanda por esses minerais ocorre pela necessidade de gerar
matéria-prima para as indústrias químicas. A mina de Guajú é a única da América Latina que produz
o minério ilmenita que é extraído e enviado em grande parte para a fábrica da Bahia e o excedente
é exportado para o exterior.
A ilmenita é o mineral de ocorrência mais comum e mais abundante, possui coloração preta
por conta do ferro, e é matéria-prima para a produção de pigmento branco de TIO2(dióxido de
Titânio), mediante o processo sulfato, para aplicação final nas indústrias de tintas, plástico,
borracha, papel, entre outros.
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A zirconita é a matéria-prima usada nas indústrias de cerâmica, refratários e fundição de


elevada precisão. O rutilo é um mineral escasso que tem cor vermelha, castanho avermelhado a
preto e é aplicado em eletrodos de solda e ligas metálicas. A cianita é matéria-prima para refratários.
No que tange à produção desses minerais, segundo dados disponibilizados pela empresa em
2013, a mina produz 120.000 toneladas/ano de ilmenita, 20.000 toneladas/ano de Zirconita; 1800
toneladas/ano de Rutilo e 1000 toneladas/ano de Cianita, conforme a (Figura 14).

Figura 14: Produção de minérios toneladas/ano da Mina do Guajú. Mataraca, 2013.


Fonte: Millennium.

2.3.3 Lavra e beneficiamento do minério de titânio realizado pela empresa

O processo de exploração dos minerais na Mina do Guajú é feito a céu-aberto utilizando o


processo de lavra úmida (draga), onde ocorre o desmonte mecânico com o auxílio da draga de
sucção que escava a duna. A área dragada é denominada de bacia ou lago artificial, pois é
preenchida pela água do rio Guajú. Esse processo tem início a partir da retirada da vegetação que
recobre as dunas. As plantas são cortadas individualmente e identificadas e os animais movidos da
área e identificados para que se possa proceder a preservação das espécies locais. Após o processo
de supressão vegetal é iniciado o desmonte das dunas pelo processo de lavra úmida (uso de água),
onde a areia retirada da duna natural vai sendo capturada por uma draga e remetida a uma planta
úmida flutuante (móvel) instalada no lago artificial como é ilustrado pela figura 15. Posteriormente,
os minerais extraídos são transportados por caminhões a uma usina de processamento (planta fixa)
com plantas secas e úmidas a fim de separar a areia dos minerais por separadores magnéticos,
gravimétricos e eletrostáticos (SOUZA, 2016).
22

Figura 15: Desmonte hidráulico na mina Guajú.


Fonte: Notícias de mineração, 2014.

2.3.4 Primeira etapa da recuperação

Os trabalhos de revegetação destas dunas partiram de diversas tentativas feitas com o


objetivo de se conhecerem as vantagens e desvantagens de um leque de opções técnicas.
As primeiras experiências relacionadas à recuperação de dunas degradadas surgiram nas
décadas de 1980 (FREIRE, 1983) e 1990 (CARVALHO; OLIVEIRA-FILHO, 1993), nessa mina.
Carvalho e Oliveira-Filho (1993) foram os pioneiros com experiências de revegetação de dunas de
rejeito resultantes da atividade mineradora. No mesmo local, Oliveira-Filho (1993) e Oliveira-Filho
e Carvalho (1993) estudaram a vegetação nativa das diferentes fisionomias encontradas na área de
maneira a subsidiar os trabalhos de recuperação ambiental. As dunas de rejeito são formadas onde
antigamente existiam as dunas naturais e são compostas por areia lavada, com baixíssimos níveis
de matéria orgânica e sais minerais, sem banco de sementes e sujeitas à erosão eólica. Após dois
anos da criação da duna de rejeito (1985 – 1987), dois processos de revegetação foram aplicados:
plantio intercalado de propágulos e colocação de serapilheira e solo de mata de duna.
O primeiro foi realizado em 1988, em uma vertente, com o plantio intercalado de propágulos
de 4 espécies de herbáceas (Ipomoea pes-caprae (L.) Sweet – Convolvulaceae, Canavalia rosea
(SW.) DC. – Fabaceae, Cynodon dactylon (L.) Pers. e Paspalum maritimum Trin. – Poaceae), com
grande capacidade para colonizar áreas perturbadas ou compondo a sucessão primária em restinga
arenosa. Os propágulos foram coletados na região e plantados com adubo orgânico (Figira XX).
O outro processo foi realizado em 1989, em outra vertente, consistindo na colocação de uma
camada de 20 cm de solo superficial e serapilheira de mata de dunas naturais que ainda seriam
mineradas, esse processo é chamado de recapeamento. Esse solo foi retirado da duna que seria
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minerada usando-se trator de lâmina e depois transportado por caminhões-caçamba e despejado


sobre a duna de rejeito e espalhado também com trator lâmina (figura 16).

Figura 16: (a) Composto orgânico utilizado no processo de recuperação das dunas; (b) Duna recuperada.
Fonte: Eliane marques, 2013.

Os dois métodos foram aplicados nas faces a barlavento e sotavento da duna, durante a
estação chuvosa e tratados com irrigação. Após quatro anos foi realizado nessas dunas um
levantamento florístico e o resultado encontrado foi satisfatório.

2.3.5 Segunda etapa da recuperação

Após a primeira cobertura das dunas, já abordado anteriormente, o processo de


recuperação segui para o passo de adensamento e enriquecimento. E para isso a empresa tem
um programa de recomposição vegetal denominado Programa de Produção de Mudas, que
envolve a comunidade local na produção de mudas nativas para o reflorestamento das áreas
mineradas ilustrado pela figura 17. (SOUZA, 2016).

Figura 17: Mudas produzidas pela comunidade para a recomposição vegetal das dunas.
Fonte: Souza, 2016.
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A figura 17 apresentada por Souza (2016) em seu trabalho ilustra uma duna em estágio
inicial de recuperação e em um estágio mais avançado. E a partir desta imagem pode-se verificar
o quão delicado é esta operação uma vez que se estabelece todo um ecossistema em um terreno
a onde antes não teria condição alguma de sustentar a vida. No trabalho de Duré (2013) contém
as figuras 18 e 19 apresentadas mais abaixo e com elas é possível expressar que os trabalhos
executados para a recuperação das dunas estão seguindo um bom caminho, pois a semelhança
entre a vegetação nativa e a artificial é incontestável.

Figura 18: Vegetação nativa


Fonte: DURÉ, 2013.

Figura 19: Áreas em estágio avançado de recuperação.


Fonte: DURÉ, 2013.
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3 CONCLUSÃO

Sabe-se que a atividade minerária é um ramo que afeta bastante o meio ambiente, e sem
dúvidas os passivos deixados degradam muito o local em que está inserida. No entanto, medidas
tem sido criadas para recuperar as áreas afetadas, e ao longo dos anos apresentaram uma
evolução significativa em suas aplicações.

Quando se utilizar as técnicas de revegetação, é de extrema importância que as espécies


sejam definidas adequadamente, em conformidade com as condições da região.

A técnica aplicada na mina de bauxita da Alcoa, no município de Juruti-PA, mostra que


as melhorias ambientais caracterizam que é possível minimizar os impactos gerados pela mineração
desde que sejam empregadas técnicas de recuperação que propiciem a formação de um novo
ecossistema florestal.

Após suas pesquisas Cunha et al (2003) observaram que a irrigação parece não ter
influenciado a cobertura e que o seu emprego ainda gera uma artificialidade ao ambiente,
permitindo o desenvolvimento de espécies características de várzeas. Observaram também que
a adição de substratos orgânicos, como o bagaço de cana, é efetiva na retenção de umidade, no
entanto, observando-se que a adição de bagaço em áreas irrigadas gerou um “acomodamento”
dos sistemas radiculares, ficando aí concentrados e perecendo após a supressão da irrigação.
Constatou-se ainda que a adição de solo de mata favoreceu o desenvolvimento da vegetação,
pois traz melhoras as características físicas, químicas e biológicas dos substratos, promovendo
o aumento do poder de retenção de umidade e a melhoria da textura e servindo como banco de
sementes e fonte de microrganismos, o que garante a evolução da matéria seca e número de
plantas a partir da deposição sobre as dunas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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