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asl ULV DO La ere aT eee reeorennie oe va CUP coe) ae ; DT PAD 1 + NEOODY 4516 Mensagem do Dia Mur ‘ EOMAHISTORA ,7| 89 Teatro Dom Roberto Da quase extingao ao renascer texto de José Bit {sabre o Teatro de Marionetas Portugués ' texto de Catta Magalhies ‘on 10|11 (PACHETHNAWVOZ) = 1215 Vira Ser Impressao de Vide texto de Clara Reiro LUNIMA-Portugal Apartado 550 2481-001 Aleobaca - Portugal [Coordenagio Geral Jose ci [colaborao nesta etigda) Jose ci ‘Carla Magaihges, Clara Ribeiro, Isabel Bares, Era Uma Vez - Teoto de Marionetas, enVide neFelibata {propriedade} Unima Portugal Publicagio Trimestral ‘Ano 2 | Nimero 3 | Outubro 2013 isa ger | 2 CHAEKDOS BONES, 1517 Museu das maionetas do Porto Entrevista a Isabel Barras, (EANTOCHERRDY,.. 18 19 Entrevista Era Uma Vez Teatro de Maronetas ‘ Tutorial de enide neFeibata, da companhia de Marionetas de Imagem de Capa: Foto relrada do espalio de Alexandre Passos, com a seguinte indicapao no "Roberts da pera traci .0u Uma Tourada é Portuguesa. Estes personagens_(forcados) pertenceram a0 famoso pavihio de teatro itnerante de Boniates que se chamava Pavihdo Mexicano, O dono este pavhao e construtor de bonirates chamava-se Manvel Rosado (.)" Tourado Mais uma edigao da Magazine UNIMA Portugal “nas bancas”. Como poderao constatar a periocidade nao tem sido muito certa, mas vamos conseguindo aos poucos. Neste numero temos uma maior participagao dos associados pois varios responderam ao solicitado e enviaram artigos que aqui so publicados. Somente assim se consegue dar continuidade este projecto. Neste Numero na Palheta na Voz temos um texto muito interessante de autoria da nossa associada Clara Ribeiro. A Cruzeta desta vez traz-nos dicas para usar 0 micro-ondas na construgao de marionetas. Do Porto chega-nos uma reportagem sobre 0 novo Museu de Marionetas em Portugal, o Museu das Marionetas do Porto. De Evora a histéria da companhia Era Uma Vez contada numa exposig&éo comemorativa. De Montemor-o-Novo o Encontro Luso Brasileiro de Bonecos. Ainda um texto de Carla Magalhaes sobre o estudo do teatro de marionetas portugués e como no podia deixar de ser a mensagem oficial da UNIMA do dia mundial da marioneta este ano escrita por Roberto De Simone. Estamos a passar por grandes dificuldades em Portugal o que se feflete também naturalmente nos associados da UNIMA Portugal, mas a vida continua e cada vez estamos mais unidos. Este ano é ano de eleicdes na UNIMA Portugal e temos todos de participar neste acto t4o importante para nds. Trés numeros da Magazine Portugal dos quatro que nos propusemos fazer, ja sairam. JA estamos a trabalhar no préximo ntimero. Assim voltamos a pedir a todos os associados que pretendam ver os seus textos publicados que magazine@unimaportugal.com. Aguardamos a vossa participagao. enviem para José Manuel Valbom Gil Presidente da Direcedo da UNIMA Portugal = mensagem do x DIA MUNDIAL da MARIONETA Dia Mundial da Marioneta - 21 de Margo de 2013 A.UNIMA tem o prazer de apresentar a Mensagem para o Dia Mundial da Marioneta 2013 Pedimos, este ano, a um renomado miisico italiano, o Maestro Roberto De Simone, que € igualmente um autor, encenador e especialista da tradigao napolitana de Guarratelle Pulcinella Esta escolha vem na sequéncia da visita que Pudumjee Dadi e eu proprio fizemos a Roma e Napoles, por convite da direceao da UNIMA-Italia, o que também nos permitiu ‘conhecer Acerra, cidade natal do personagem Pulcinella do qual nos viemos a tornar Ambasciatore Globale. Agradecemos ao director e a equipe do prestigiado Museo di Pulcinella di Acerra, pela honra que nos concederam convidando-nos a visité-lo. ‘Todos nés sabemos a imensa influéncia que 0 carater de Pulcinella exerceu no mundo das marionetas e a sua evolugao gradual, sob formas e aparéncias distintas, na cultura de muitos paises. © texto do Maestro permitir-vos-4 entrar no coragéo da cultura napolitana e sensibilizar-vos-4 para a dimensdo musical e ritmica que devera possuir todo o bom mestre marionetista Nossa arte é nica e em plena efervescéncia. A 21 de Margo de 2013, celebremos a Marionetal Tenhamos consciéncia de que, entretanto, algumas formas tradicionais esto em perigo e precisam de protegao. Aeste respeito, Napoles e a sua regido so um exemplo a seguir: a transmissao da tradigao ocorre de modo respeitoso e vivificante entre mestres e discipulos hd mais de 500 anos. Jacques Trudeau Secretario-Geral da UNIMA oreo) Roberto De Simone Diretor e musicélogo italiano, a sua dedicagao a temas antropolégicos também estdo presentes, entre outras, em obras como Fiabe campane (1993). Trabalhou como misico e diretor, muitas vezes em colaboragao com a Nuova compagnia di Canto Popolare. Foi director artistico (1981-1987) do Teatro San Carlo de Napoles e tem dirigido numerosas operas. Nomeado em 1998 membro da Academia de Santa Cecilia, veio ainda a receber, do Presidente da Repiiblica francesa, o titulo de Cavaleiro das Artes e das Letras. Em 2003, recebeu o prémio Roberto Sanseverino. (In: enciclopédia Treccaniit, Italia) Mensagem Internacional de Roberto De Simone i 6 © meu primeiro encontro com Pulcinella inscreve-se nas minhas primeiras lembrangas de infancia, quando Pulcinella fazia parte do imaginério de todas as criangas napolitanas. Podiamos entao encontré-lo nas ruas, nas deslumbrantes cestas de brinquedos dos vendedores ambulantes e nas barracas de feira pelo Sdo José, ou pela Epifania, ou pela festa de Piedigrotta, onde os brinquedos tradicionais eram expostos para venda. Entre eles estava um pequeno Pulcinella , 0 qual, montado num carrinho miniatura e animado por uma vareta, batia mecanicamente as maos equipadas com pequenos cimbalos de lata. Havia também, frequentemente, um outro brinquedo que consiste num pequeno cone de cartao vermetho, dentro do qual estava inserida uma corneta com uma pequena palheta, a Pivetta, e com a qual se podia interpretar o refrdo de uma tarantella tradicional. ‘Também fazia parte do artefacto, um fantoche a semelhanca de Pulcinella, cuja camisa estava colada ao rebordo do cone, e que um pedago de arame ai introduzido e impulsionado por qualquer crianga faria movimentar para cima e para baixo. Obviamente, o jogo, pela insinuagao sexual associada a este movimento, conferia ao nosso her6i um significado falico, também reforcada pela presenga noutras manifestacdes tradicionais Finalmente, Pulcinella comparecia ainda em rimas de musicas para criancas, em cantigas de roda, em fébulas, em suma, pertencia a textura irreal da tradi¢do, de modo que, em primeiro lugar alimentava a fungdo inicidtica e, de seguida, adquiria uma profunda significacao misteriosa e emblematica. Para tudo isto, o teatro de fantoches itinerante Guarattelle também contribuiu seriamente, la onde ganhavam vida o fantastico Pulcinella, Teresina (a sua namorada), 0 Cdo, a Morte, o Carrasco, e outros, apresentando-se ora na Piazza del Gests, em San Domenico Maggiore ou a Porta Capuana, magnetizando a atengao das nossas caras de criangas que, de boca aberta, viviamos ai a profissao de fé da nossa Biblia onirica. \VOZ DE PULCINELLA: ue pue pué pué pué puere pue pue. Mostra-te Teresa Vem mostrar-te na tua varanda, Que eu quero que oigas uma misica bonita Por fim, quero ainda dizer-vos que, mesmo no repertério tradicional do Teatro Guarattella, podemos encontrar personagens e cenas que parecem ter sido tomados por empréstimo da tradi¢ao judaica, da tradigéo espanhola, da tradigao do teatro latino, e até mesmo do teatro grego. O termo guarattella é a versdo, em dialecto, de Bagattella (um caso trivial), e deriva de Bagatto que é uma das cartas maiores do tarot, cuja origem cabalistica foi veiculo de elementos e historias frequentemente encontrados entre os enredos do repertério do teatro Guarattella. Terminarei com uma declaragao pungente que gravei da viva voz do derradeiro guarrattellaro fiel & antiga tradi¢o napolitana, chamado Nunzio Zampella, falecido prematuramente, e que tinha no seu ADN os cromossomas da antiga arte “pulcinellante”, o qual, a questo «até que ponto a utilizacao da Pivetta 6 importante para o marionetista tradicional», respondeu: Zampella: *- E crucial! A arte da marioneta nao é facil. O manuseio pode ser simples, mas a mimica musical, o movimento é musica. A coisa mais diffcil 6 a voz dupla, isto 6, saber alternar a voz natural e o uso Pivetta para a voz artificial. O marionetista deve ser capaz de reproduzir todas as vozes: a da mulher, do policia, do monge, de Pulcinella, a voz do cdo, e até mesmo a da morte. Porém, qualquer que seja 0 disparate pronunciado no espectaculo, ele deve tornar-se em ritmo. Essa é a verdadeira forga da Guarattelle: o movimento é ritmo, as palavras sao miisica. * (21 de Junho de 1975) * A marioneta Pulcinella foi criada por volta de 1620 e inspirou dezenas de outros personagens do teatro popular europeu que foram, todos, capazes de alegrar e proporcionar um espago de liberdade aos seus pliblicos. Desejo a todos, nos cinco continentes, um fabuloso Dia Mundial da Marionetal 5 5 Tradusdo live, de lideberto Gama, 2 partir da versdo francesa, oS S Lande = Ld mensagem do DIA MUNDIAL da MARIONETA Mensagem do Presidente da UNIMA Portugal Dia Mundial da Marioneta em Portugal - 21 Margo 2013 Por certo muitos dos nossos associados estariam a espera que eu escrevesse uma mensagem _politicamente correcta, a dizer para ndo se esquecerem de pagar as quotas & aparecerem com mais frequéncia no Centro de Documentagao ou mesmo para ajudarem mais 1na criagao de contetidos da nossa Magazine. Mas nao é isso que vai acontecer! Sempre achei que este tipo de mensagem devia conter o que nos incomoda na alma no momento em que a escrevemos e por isso aqui vai Este ano, como desde ha muito tempo, comemora-se o dia mundial da marioneta a 21 de Margo. Todos sabemos que este dia é um dia de muitas comemorag6es, dia da Arvore, da Poesia, etc, etc. Mas 0 que importa mesmo neste caso é que pelo menos uma vez por ano o teatro de marionetas seja lembrado. Em Portugal este ano estamos todos um pouco com o coracéo nas mos, pois os apoios estatais e dos mecenas sao cada vez menos. Se ja era dificil viver da cultura em Portugal, agora com todos estes cortes nos apoios e aumentos nas licengas esta a ser quase impossivel. Nao me lembro de ver as programagées dos teatros to atrasadas ou inexistentes como agora. O teatro de marionetas ficou sempre ou pouco & margem da escolha dos programadores deste pais, salvo raras mas boas excep¢ées. A bem da verdade j4 passamos ha alguns anos 0 estigma do teatro de marionetas ser uma “coisa” para criangas. A produgdo das estruturas profissionais portuguesas ja nos habituou a uma qualidade sem igual, e temos como prova disso os prémios conquistados pelos marionetistas portugueses um pouco por todo o mundo. Mas agora temos um novo obstaculo! Se por um lado estas “crises” sao boas para limpar 0 mercado do que 6 mau, e simultaneamente esta a destruir 0 mercado do teatro de marionetas, por outro lado estamos a ‘comegar a criar “Reis” nos teatros recuperados com o dinheiro de todos. Veja-se a quantidade de “reizinhos” que temos por todo o pais que decidem as programagées das salas. Nunca na historia de Portugal tivemos tantas salas de espectaculo com condi¢ées t4o boas para os artistas trabalharem, mas ao mesmo tempo nunca fomos tao descriminados. Tenho reparado que um pouco por todo o lado as companhias de marionetas portuguesas tém trabalhado, produzindo novas pegas e realizado oficinas de marionetas, criando e ensinando como nunca aconteceu nos iltimos 40 anos. Nao muitas vezes, recebo no e-mail da UNIMA um pedido de informacao sobre 0 teatro de marionetas produzido em Portugal a que respondo com muito orgulho reencaminhando todos os sites dos nossos associados. Se somos tao reconhecidos ld fora pelos nossos pares, porque é que ca dentro somos tantas vezes trocados pelo que vem \4 de fora? O que se produz em Portugal em termos de teatro de marionetas é muito bom e recomenda-se. Senhores Programadores, Produtores, “Reis" e afins que decidem o que pode ou nao ser apresentado, nas salas de espectaculos deste pais pagas por todos nds: Deixem trabalhar quem o quer fazer, e nao empatem. Aprendam com os raros exemplos que existem, pois séo de exceléncia. E tao facil destruir como ajudar, e neste momento dificil para todos, temos de Nos uni e ndo separar. Eu acredito no Teatro de Marionetas feito em Portugal e farei tudo o que estiver ao meu alcance para que este continue a ter o respeito e reconhecimento que merece Abraco! A todos os que amam, vivem e respiram o Teatro desta forma tao bonita. \Viva 0 Dia Mundial da Marioneta, 21 de Marco de 2013 José Gil (Presidente da UNIMA Portugal) TEATRO DOM ROBERTO da quase extingdo ao renascer Texto ose cit) ~ TEATRO DOM ROBERTO = da quase extingdo a0 renascer = Texto José Git o o x Teatro Dom Roberto Escrever para nao se perder. O teatro Dom Roberto sendo uma das formas de teatro popular portugués de maior sucesso, fez também com que esta fosse copiada e alterada vezes sem conta. Ha semelhanca dos seus primos espalhados pela europa ocidental, 0 Teatro Dom Roberto teve os seus momentos de gloria e os seus fracassos ao longo da historia desde o século 17. © heréi que representa 0 povo neste teatro de seu nome Dom Roberto, nem sempre se chamava Dom Roberto. Dependia muito dos bonecreiros que realizavam o espectaculo e em que regio este era apresentado. Existem varios registos de nomes possiveis desde o Arturzinho, usado mais para o norte de Portugal a Jodo mais a sul, ou somente Roberto. Infelizmente as historias que chegaram até aos dias de hoje séio muito poucas, somente quatro das largas dezenas ou mesmo centenas que possivelmente existiram, Esta escassez de reportério deve-se muito por culpa do regime facista que governou Portugal Os bonecreiros do Dom Roberto eram proibidos de apresentar o seu teatro nas ruas, sendo perseguidos e muitas vezes presos, fazendo assim com que estes desistissem e mudassem de profissao. Outra das causas que levou a tao grande escassez de titulos conhecidos, foi a sua transmissao somente por via oral das historias. Os titulos se fossem escritos teriam de ser analisados pela censura e assim nunca foram passados para papel. Também a necessidade de eliminar a concorréncia levou a que ndo se fizesse 0 registo escrito ia pts maine | Mas felizmente varios mestres nunca desistiram de realizar o seu teatro de robertos e preservaram algumas das historias que chegaram até nés. Os pavilhdes de marionetas das feiras, foram os grandes impulsionadores do teatro de marionetas néo s6 em Portugal mas também um pouco por toda a Europa. Foi gragas aos pavilhdes que os ultimos mestres aprenderam e deram continuidade ao teatro Dom roberto. Foto Sofa Vinagre Quando os pavilhdes comegaram a desaparecer os marionetistas voltaram para a rua para realizar o seu teatro, aids na verdade nunca se deixou de realizar o teatro de robertos trés ou quatro marionetistas, agora ja somos nove, o que faz prever um futuro risonho para os Robertos. A minha necessidade pessoal de preservar e registar esta forma de teatro fez com que investigasse e escrevesse sobre os Robertos. Com a realizagéo de um trabalho para a Universidade de Evora no ambito da obtengdo do grau de Mestre em Teatro na especialidade de Actor-Marionetista, reescrevi um titulo que se julgava perdido para sempre do reportério do teatro Dom Roberto, O Saloio e Alcobaca Com a conclusdo deste trabalho escrito e apresentagao do espectéculo, fiquei com a vontade de preservar este trabalho através de sua edigéo em formato de livro o que iré acontecer ainda este ano. Como fizeram os bonecreiros antes de nés, vamos continuar a apresentar 0 nosso teatro tradicional de marionetas, preservando e inovando as historias, mas desta vez, vamos fazer registo de tudo de todas as formas possiveis para que nunca mais se perca nada desta forma de arte. José Manuel Valbom Gil cd Rees 4 nina pts maga Estudo sobre 0 Teatro de Marionetas Portugués com o apoio do Instituto Internacional da Marioneta por Carta Magalhaes ' © meu primeiro contacto com marionetas foi no CENDREV com os Bonecos de Santo Aleixo (BSA) Nao deve haver ninguém que se cruze com eles, que Ihes fique indiferente A sua energia, ritmo, musicalidade, beleza e ousadia encantam. Enquanto estudante de teatro, via muitas vezes, em Evora, o “Sr. das barbas” que estudava os BSA. Esse Sr. era 0 Alexandre Passos. Nao imaginava eu, que muitos anos mais tarde me iria cruzar com ele em Viana do Castelo. De facto, depois de andar uns anos a trabalhar em companhias de teatro de norte a sul, acabei por parar em Viana do Castelo. Nessa altura (2001), conheci o grupo de teatro de marionetas fundado por Alexandre Passos (Marionetas, Actores & Objectos) e mais tarde, em 2005, havia de vir a integrar 0 seu elenco. Desde essa altura que tenho vindo a estudar esta arte to particular e esse caminho levou-me a fazer um doutoramento nesta area que, por sua vez, me levou a uma bolsa de investigagao no Instituto Intemacional de Marionetas em Charleville-Méziéres, Franga. © projeto de doutoramento que atualmente desenvolvo, propée-se analisar os grupos de Teatro de Marionetas (TM) existentes em Portugal, as suas formas de organizagao e produgéo, para perceber as transformagdes ocorridas no modo de pensar e praticar o TM ea importancia desta arte no Teatro Contemporaneo ina cu gain | 1 Para isso, farei uma cartografia dos grupos de TM portugueses e 0 enquadramento histérico dos periodos de constituigdo dos grupos no dominio das politicas culturais. De seguida, analisarei a pratica e as tendéncias do TM atual para perceber que linguagem e que estética, que modelo ou modelos teatrais identitarios se estao a formar ou 1ndo, no confronto do TM popular com as diversas. artes cénicas e visuais e, ainda, os audiovisuais, o cinema e a televisao. As informagées —recolhidas —_permitiréo compreender as dindmicas e as condipdes em que se opera a organizagao e produgao teatral da animagdo em Portugal, contribuindo para um melhor conhecimento da Historia do Teatro de Marionetas Portugués. Para me ajudar a suportar teoricamente este estudo tive a oportunidade de ser recebida no Instituto Internacional da Marioneta. Este Instituto, criado em 1981 possui um centro de documentagao com mais de 8000 obras sobre marionetas. Este centro detém também, mais de 1800 documentos em suporte audiovisual, tais como espetaculos, documentarios, filmes de animago, trabalhos finais dos estagios. profissionais que o Instituto promove anualmente, com diversos especialistas de varias. nacionalidades e trabalhos apresentados e desenvolvidos pelos alunos da ESNAM, a Escola Superior Nacional das Artes da Marioneta, sediada em Charleville-Mézieres. Também possui um fundo iconogréfico com milhares de fotografias, cartazes, postais e outros suportes de papel que registam e testemunham as atividades desta arte teatral. Ainda se pode encontrar neste centro de documentacéo informagéo sobre companhias de teatro de marionetas francesas mas também estrangeiras ¢ festivais de marionetas do mundo inteiro. Para além de ter podido contactar com todo este acervo, devo dizer que fiz contatos muito interessantes. Pude conhecer alunos da ESNAM, ei mornin de | la Marionnette ex-alunos que agora j4 tém a sua propria ‘companhia, professores, diretores, colaboradores e investigadores. Todos, sem excegao, foram amaveis, prestaveis e generosos. Nesta partilha pude perceber 0 quanto ainda precisamos de trabalhar para que 0 Teconhecimento desta arte em Portugal se aproxime um pouco do que acontece noutros paises, como a Franga. De facto, um estudo feito em 2006 pela Association Nationale des Théatres de Marionettes et des Arts Associés (THEMAA) (Manip, hors serie n°2, 2008) mostra que existiam cerca de 500 companhias de teatro de marionetas. ‘em Franga nessa altura. Para uma populagdo 6 vezes maior que a portuguesa, este numero representa muito mais do que o séxtuplo das ‘companhias de TM existentes em Portugal. Privilegiar um estudo sobre 0 TM portugués significa valorizar esta expressao_artistica, enfatizar a competéncia dos seus profissionais e a importéncia do seu trabalho para a construgao do nosso patriménio cultural. Contribuir para o reconhecimento do seu valor artistico e cultural faz dele um contributo importante para os Estudos Culturais, como campo de estudos onde diversas disciplinas se cruzam e interagem no estudo de aspetos culturais da sociedade. E porque “a tradico representa uma continuidade do passado, uma transmissdo ao longo do tempo, um elo entre geragdes” (Silva 2000: 10)? e a identidade de um povo pode ser reafirmada e redescoberta através da cultura e das suas miltiplas manifestagdes, acredito que este estudo vai permitir indagar sobre a relevancia sociocultural do TM, as competéncias fragilidades dos seus profissionais, em suma, 0 lugar que ele ocupa no patriménio cultural portugués. Perceber criticamente 0 pensamento, © fazer e as praticas sociais em toro do TM sera um contributo para os Estudos Culturais, para os estudos sobre o Teatro e, mais particularmente, para os estudos sobre o TM. * Doutoranda do Programa Doutoral em Estudos Culturais ~ Universidades de Aveiro e Minho e bolseira do 1IM (Franca). (carlamagalhaes@sapo.pt ) ? Silva, A. S. (2000). Cultura e Desenvolvimento. Oeiras: Celta Editora. > [vir a ser] impressgo de vida {Clara Ribeiro | Teatro de Marionetas foi essencialmente desde sempre um teatro de imagem e acgao. E através da aceéo que a marioneta se exprime, ultrapassando a sua condigéo de forma inanimada para forma animada, e em acgdo dramaticamente diante do publico, ganha alma. Uma das caracteristicas mais interessantes do teatro de marionetas ¢ a negagao do realismo, pois a marioneta é um objecto inanimado, e 0 marionetista quer estando a vista ou ndéo do piblico, manipula-o, e é este o jogo estabelecido entre 0 publico e 0 espectaculo, visto o espectador estar consciente desta condigao. Uma vez que tem consciéncia destas negacdes do realismo é fundamental a sua pré-disposigao para aceitar a ilusdo proposta pelo espectaculo. ‘Quando uma marioneta ganha vida, todos tem consciéncia que ela ¢ manipulada, este jogo & marcado essencialmente pela relagéo entre marionetista, marioneta manipulada e pblico, e esta relagdo a trés é essencial para que o teatro de marionetas faga sentido, e ¢ nesta mediagéo que reside o factor determinante desta dramaturgia. Amarioneta, ao se encontrar entre o marionetista € 0 publico, impée uma forma dramatirgica de agir, necessdria a este fazer teatral, cuja especificidade € determinada nao s6 pela marioneta, mas pelo jogo que se estabelece com © piblico. ‘Ao compartilhar a cena, seja manipulando e/ou actuando junto da marioneta/objecto, 0 actor/marionetista faz com que seu trabalho, em alguns aspectos, se assemelhe ao do actor, ja que 0 seu corpo se torna também presente para 0 piblico, e tem por isso que ser refletido e trabalhado na cena, tanto quanto 0 corpo da marioneta. A marioneta inerte € um objecto, e 0 que o transforma em elemento teatral é€ a acgdo dramatica, e quando o actor/marionetista manipula a marioneta, é também o seu corpo que atua em cena. A busca por um trabalho que retina o desenvolvimento destas habilidades de neutralidade e contracena, exige do marionetista uma pesquisa no campo do teatro e da danga, procurando ferramentas técnicas que o auxiliem no desenvolvimento corporal. 0 trabalho corporal do actor/marionetista nao & assim limitado @ apropriagdo de uma técnica por meio da repeti¢ao de exercicios, pois cada movimento em palco tem um significado e o actor/marionetista que trabalha com esse modelo, concentra-se nao apenas nos movimentos da marioneta, mas também nos movimentos do seu proprio corpo. Os movimentos realizados pela marioneta sao pensados e estudados para que transmitam o significado escolhido, bem como os movimentos do marionetista. Neste trabalho de movimento e cumplicidade a marioneta e o marionetista trabalhem em consonancia com a cena. Nesta fase € necessario existir uma partitura gestual e de acco. Se a marioneta por si sé néo se movimenta, toda a construgéo de movimentagao tanto do marionetista como da marioneta deve ser estruturada, Assim, nao é possivel pensar no trabalho do marionetista, dissociada do trabalho corporal de actor, pois 0 seu corpo presente em cena, 4 vista do piiblico, comunica, e e com uma partitura de movimento actuara em harmonia. Ao animar um objecto inanimado, 0 actormarionetista. usa de todas as suas ferramentas para transformar o objecto inerte em personagem, sendo a marioneta a extensdo do seu corpo, a manipulagao da assim sentido ao objecto e faz com que ele exista. A magia acontece quando manipulador manipulado se tornam um corpo s6, na qual nao ha distingdo entre sujeito e objecto. Impresséo de vida Um dos aspectos indispensaveis para a compreenséo da linguagem do teatro de marionetas 6 a concepgao de movimento. E espantoso quando o movimento da marioneta é to convincente que logo relacionamos com o movimento do ser humano. Essa é uma etapa importante a ser conquistada no trabalho com a marioneta, para em seguida criar 0 movimento proprio do personagem, com ritmos, respiragdes e intengdes proprias. E fundamental compreender as especificidades que caracterizam a linguagem da marioneta, pois nao se trata apenas da reprodugdo realista das acgées humanas, mas sim de transgredir esas. referéncias, poetizando as suas acgdes, procurar superar a imitacdo e encontrar o ser de cada marioneta. © maior desafio do marionetista é fazer com que a marioneta se possa expressar, produzindo a impressdo de vida num corpo que se encontra fora do nosso préprio corpo, e isso exige intima relago do actor/marionetista com o objecto. Para que isso acontega 6 também necessério dominar as técnicas de manipulagdo, garantindo que facilmente o manipulador se confunde com o objecto manipulado, os sentimentos de um séo imediatamente transmitidos ao objecto, que por sua vez so interpretados pelo puiblico. Para adquirir a técnica é necessdrio dedicagao, repetigéo de movimentos, dominio do foco, da neutralidade, controle sobre a respiragao, sobre a forga da presenga da marioneta, os siléncios, a qualidade da voz do actor/marionetista, principios que 86 sero obtidos no trabalho arduo sobre a técnica de manipulagao. Se 0 actor/marionetista no seu trabalho esté aberto as diversas possibilidades, técnicas e de linguagens, disposto a fazer descobertas, e predisposto a se surpreender com a marioneta, 0 seu trabalho de certeza que ganhara dimensao e alma, indispensdvel para a criagéo de um espectaculo de teatro de marionetas. A disponibilidade para descobrir e jogar permite a0 marionetista estar atento e ampliar a sua técnica e 0 seu dominio sobre qualquer objecto/marioneta, olhando-o mais intimamente, percebendo a possibilidade do vir a ser contido em cada marioneta. Na linguagem do teatro de marionetas, para além de uma técnica de construgéo e manipulagdo aprimoradas, é fundamental que o objecto construido tenha o que transmitir. A busca de técnicas de manipulagdo de grande rigor, a invengéo de mecanismos sofisticados para conseguir movimentos perfeitos, a modelacao e pintura de rostos para que as marionetas paregam humanos e possam encantar 0 publico so importantes, no entanto, o trabalho do artista vai muito para além da técnica, é fundamental [vir 2 ser] impresseo de vida que existam aspiragdes artisticas, 6 essencial que quando a marioneta sobe ao palco tenha 0 que dizer, que pense que sinta e que a sua presenca nao seja meramente entretenimento. 5 4 Actor/Marionetista Os espectaculos de teatro de marionetas tem sofrido uma evolug&o considerdvel no que concerne a visdo Unica e exclusiva de teatro de entretenimento, chegando hoje em dia ao piblico de forma bem diferente. Para além da continua formagao em que as Companhias de teatro de marionetas tem vindo a investir, muito tem contribuido a experimentacao de novas técnicas de — manipulago, aproximando-o do teatro convencional transcendendo-o, associando outras linguagens attisticas, que o diferenciam do modo como historicamente 0 teatro de marionetas era praticado. Podemos afirmar que entre 0 teatro e o teatro de marionetas diferenciamo-los na forma expressiva que cada um escolhe para comunicar, e mesmo i que paregam compativeis na area das artes dramaticas, ndo o sao na esséncia. O instrumento expressivo no teatro 0 actor com © seu corpo, gestualidade, movimentos e motivagées, enquanto no teatro de marionetas 0 actor/marionetista faz isso através de um objecto. E expressar-se através de um objecto s6 é possivel pela aprendizagem da técnica. a falar de um poderoso instrumento de comunicagao. A presenca da marioneta, por si sé, cria uma ligago forte e directa com o espectador, a sua aparicdo cativa desde o primeiro instante, anula automaticamente a resisténcia natural do espectador. Com a marioneta a comunicago é imediata e a participagéo do publico torna-se natural. Essa é uma diferenga importante em relagao ao trabalho do actor, porque para que o piiblico acredite na personagem criada, o actor precisa estabelecer com ele uma relagao mais complexa de comunicagao Por seu lado a relagao que o publico estabelece com a marioneta, nao é a mesma que estabelece com o marionetista, mas quanto maior for a sua capacidade de fazer acreditar 0 publico na alma da marioneta, mais estara sintonizado com a linguagem do teatro de marionetas. © marionetista domina uma linguagem prépria, singular, que nao é a do actor e também nao é a de um simples manipulador de objectos. Precisa dominar miltiplos conhecimentos para a realizagéo do seu trabalho, dominando as técnicas do teatro e do teatro de marionetas. Ser actor, nao significa necessariamente ser actorimarionetista, pois a manipulagdo de marionetas exige o dominio de técnicas e saberes que nao sao necessariamente do conhecimento do actor. No entanto se o actor/marionetista se confina nas especificidades da linguagem de manipulacdo, dissociando-se do trabalho do actor, tem uma actuagdo incompleta. © teatro de marioneta € uma linguagem com regras proprias, que esta em permanente processo de transformagao, _actualizacdo, recriagéo e superacao, dando espago a novas Propostas, novas linguagens artisticas que caminham na direcgdo da ampliagao desta arte. « Clara Ribeiro Janeiro de 2013 Museu das Marionetas do Porto entrevista a Isabel Barros | Directora Artista do Teatro de Marionetas do Porto ‘Quem, como e quando comecou este projeto? Isabel Barros — Quem: Jodo Paulo Seara Cardoso, Como: sem apoios e com uma grande paixo e trabalho de uma companhia Quando: em 2002. Em 2002, Jodo Paulo Seara Cardoso (1956-2010) encenador e diretor artistico do Teatro de Marionetas do Porto, teve a ideia e 0 sonho de criar um Museu das Marionetas no Porto. Nesse ano, 2002, foi alugado o espago, na Rua das Flores, um imével que na altura estava praticamente em ruinas. A3 de Fevereiro de 2013, data de aniversario de Joao Paulo Seara Cardoso, o sonho foi realizado. Situado na Rua das Flores, uma das mais belas artérias da cidade do Porto, e proximo da sede do Teatro de Marionetas do Porto, foi inaugurado o MUSEU DAS MARIONETAS DO PORTO, num projeto de arquitetura do arquiteto José Gigante. © Teatro de Marionetas do Porto comemora 25 anos e a inauguragao do Museu das Marionetas do Porto foi um momento muito importante no programa elaborado para esta comemoracao. Que apoios teve ou vai ter para a sua continuidade? Até ao momento, 0 Museu das Marionetas do Porto teve um apoio da Fundagéo Calouste Gulbenkian para aquisigéo de material de iluminag&o, e esta a tentar outros apoios que ainda no esto confirmados. Foi criado 0 cartéo Amigo das Marionetas do Porto, e acreditamos que no futuro, esperando que seja no futuro préximo seja possivel encontrar apoios que permitam a continuidade e a constante aposta na qualidade. Através de parcerias, nomeadamente com a Porto Lazer e com a Fundacdo da Juventude, o Museu esta a desenvolver projetos de criagéo com comunidades do Centro Histérico. 0 que podemos ver e sentir dentro do museu? Uma das caracteristicas deste Museu, é ser um Museu intimamente ligado a um projeto de criag&o artistica, que possibilita que a coleco seja sempre renovada e o nticleo de exposicbes ganhe uma forte dinamica. A especificidade do museu sera essa relacao teatro/museu, ou seja marionetas com existéncia teatral, vistas em contexto cénico, com alma, mais tarde revistas no seu estado de vida latente no museu, € 0 contrdrio, marionetas expostas que voltam a existir em cena através das reposigdes dos espetaculos. No Museu hé uma exposicéo permanente, na qual estéo Miséria e Teatro D.Roberto, e ao longo do ano serao feitas trés exposigdes diferentes. Até 31 de Maio, encontra-se a exposicao Lugares de Apaziguamento. Nesta exposicao, que ocupa dois pisos, podem ser vistas marionetas de dez espetaculos do Teatro de Marionetas do Porto, todos da autoria de Joao Paulo Seara Cardoso, com marionetas de varios, artistas, nomeadamente: Rosa Ramos, Antonio P.Onofre, Joao Vaz de Carvalho e Julio Vanzeler. Num dos pisos, ha também a exposi¢éo Pelos Cabelos, com ilustragdes de Jodo Vaz de Carvalho. A proxima criagéo do Teatro de Marionetas do Porto iré ser criada a partir do universo das ilustragdes de Pelos Cabelos. © que podemos ver e sentir no Museu: Marionetas que séo também objetos plasticos, esculturas, ilustragées, ciclos de video, conversas, visitas, matérias de um sonho. Que atividades podem ser realizadas no museu? O Museu das Marionetas do Porto esta aberto de segunda a sdbado das 11h as 18h. Podem ser feitas visitas livres, visitas guiadas para publico em geral com os atores, em datas divulgadas através do nosso site e Facebook, e ainda visitas guiadas para escolas, com os atores, e com marcagao prévia Além das visitas, uma vez por més ha Exibigdes no Museu, onde — sero _—exibidos documentériosifilmes com conversa com os autores do mesmo no final da exibigao. ue convites fariam aos futuros visitantes? Sugerimos se deixem encantar pelo mundo das marionetas, pelas histérias que contam e pelas historias que silenciam. Sugerimos que se permitam a descoberta e através da experiéncia da viagem pelo Museu das Marionetas do Porto possam ficar com a vontade de descobrir mais. Sugerimos que consultem 0 site www.marionetasdoporto.pt, e vejam as sinteses de cada um dos espetaculo e dessa forma encontrem as mesmas marionetas que viram expostas, noutras formas e em aco. E ainda que a partir dessa experiéncia possam ficar atentos a programagées de marionetas, quer do Teatro de Marionetas do Porto, quer de outras companhias nacionais ou internacionais. Sugerimos que nao saiam do Museu das Marionetas do Porto sem deixar algo escrito no pequeno livro de registo para que a passagem de cada um dos visitantes seja como um sorriso que nos apazigua e devolve todo o sentido de existir. ‘Sugerimos ainda que faga todas as perguntas que tiver vontade, sobre 0 passado, o presente ou o futuro, a equipa que recebe ficara feliz por poder participar nessa experiéncia. = = [0 que se faz por co] — > entrevista a Era Uma Vez Teatro de Marionetas Como comecou o projecto "Era Uma Vez" ? Aminha entrada para o mundo das marionetas foi feita pela porta dos Bonecos de Santo Aleixo. Ai aprendi a trabalhar com os bonecos de vardo e a ver como trabalhavam os outros companheiros das outras técnicas que fazem o mundo do teatro de marionetas. Quando precisei de fazer um caminho sozinho escolhi fazé-lo com os bonecos. O nome que escolhi encerra a forma e a esséncia do que ainda somos ERA UMA VEZ TEATRO DE MARIONETAS, contar historias, fazer teatro de bonecos. Que criages jé fizeram a0 longo deste anos todos? Dezassete espectaculos dao corpo ao reportério actual da companhia, espectaculos de varao, de fantoches, de marionetas (de fio), de muppets, de sombras, espectAculos para todos os publicos que passam pelos contos tradicionais portugueses, por originals nossos, por Federico Garcia Lorca e por Gil Vicente. Ainformagdo sobre os nossos espectaculos pode ser consultada na nossa pagina: ‘WWw.eraumavezmarionetas.com. ‘Quem compée a massa humana da companhia, e o que cada um faz dentro da estrutura? A companhia actualmente 6 formada por trés marionetistas, José Carlos Alegria, Carlos Miguel Meira Alegria, Ana Margarida Meira Alegria e pontualmente por Ana Maria Pereira Alves Meira Ana Leitéo. Somos uma companhia que trabalhando com muitos colaboradores tem uma base familiar. Hoje em dia somos uma associacao. Na "nossa casa" todos fazemos tudo. Porqué ficarem sediados em Evora? Aqui nascemos e somos teimosos. Como aparece esta colaboragao com o inatel de évora? Na sequéncia da Exposico comemorativa dos 20 anos do Era Uma Vez, Teatro de Marionetas que fizemos, no fim de 2011, na Direcgao Regional de Cultura do Alentejo, tentémos encontrar um espago em Evora para apresentar de uma forma regular os nossos espectaculos e continuar a mostrar 0s nossos bonecos. Tem sido uma histéria demasiado triste para ser contada. Em Setembro de 2012 foi-nos cedido o espago de exposigdes da Fundacdo Inatel em Evora onde estivemos até Margo de 2013 e onde apresentamos um grande numero de espectaculos e mostramos os nossos bonecos. E neste 2mbito de cooperagéo com a Fundagdo Inatel que esta a ser preparado um Protocolo de sedéncia de um espago na Agéncia de Evora que nos permitira manter um espago de exposigao e apresentagéo dos nossos _espectaculos Esperamos poder abrir esse espago no proximo més de Maio. A exposigdo retrata o percurso da companhia, 0 que é que 0 visitante pode ver nela? Na exposigao podem ser vistos bonecos dos espectaculos que temos em cena, assim como alguns retabulos. Conseguem viver do teatro de marionetas somente a trabalhar em Portugal ou vao a outros paises apresentar os vossos espectaculos? Somos desde 0 primeiro dia uma companhia itinerante que se faz a estrada leve ela onde levar. Por agora levou-nos a Portugal Continental de norte a sul, aos Agores, a Sao Tomé e Principe, a Espanha, a Andorra, Franga, _Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Alemanha, Suiga e Italia. © facto de apresentarmos os nossos. espectaculos no estrangeiro faz com que algumas das nossas obras possam ser apresentadas em espanhol, francés, italiano e inglés uma mensagem/concelho a todos aqueles que estéo a iniciar 0 seu trabalho no mundo das marionetas em Portugal? 8) Emigrem. De todos os paises da Europa que conhego e sdo mais do que aqueles onde trabalhei, néo ha nenhum que trate téo mal os. seus Artistas, e se por definicao estiipida 0 Teatro de Bonecos continua a manter um estatuto de menoridade na nossa Terra sobram as razdes para Ihe virarem as costas. A propésito ndo ha profisso mais bonita no mundo, algumas das nossas obras possam ser apresentadas em espanhol, francés, italiano e inglés. Uma mensagem/concetho a todos aqueles que estao a iniciar 0 seu trabalho no mundo das marionetas em Portugal? Emigrem. De todos os paises da Europa que conhego e séo mais do que aqueles onde trabalhei, néo ha nenhum que trate tao mal os seus Artistas, e se por definicao estiipida o Teatro de Bonecos continua a manter um estatuto de menoridade na nossa Terra sobram as razes para Ihe virarem as costas. A propésito ndo ha profisséo mais bonita no mundo. + tutorial [MICRO-ONDAS] 003 » 004 por enlVide neFelibata [Teatro e Marionetas de Mandragora) CRUZETA Nesta terceira edic&o publico um dos truques que tenho usado ao longo dos vltimos 14 anos. O micro-ondas é uma ferramenta que deve fazer parte de toda e qualquer oficina de trabalho e nessa ferramenta devem ser testados todos os materiais possiveis e imagindveis. Estas paginas servem apenas como introductio & érea e rio invalida uma investigacéio mais aprofundada. ‘O micro-ondas, como qualquer outra ferramenta, tem os seus pss e contras e de igual forma é impor- r. inte conhecermos as suas desvantagens para as usarmos a nosso favor. : Sempre que experimento um material novo, gosto de o testar no micro-ondas para ver com® se Com porta. A ideia é levar os materiais aos seus limites e verificar onde ¢ que eles falham ¢ como falham Uma dessas desvantagens tem a ver com 0 facto de a humidade, que reside no objeto, se condensa e con- centra na superficie de contacto entre o objeto e a base onde o mesmo se encontra pousado. Esta con- densaco também se manifesta em toda a superficie motde 2 taeelos| do objeto que se encontre em contacto com qualquer chu aberto outro. Portanto podemos usar 0 micro-ondas para abrir moldes de gesso de pequeno porte que estejamos a criar. A humidade dos gessos concentrar-se-é nas paredes de contacto entre tacelos facilitando a sua separacio. Mas a utilizagdo principal dada ao meu micro-ondas é a de trabalhar pastas a base de ‘dgua. Vamos tentar criar uma mé&o com bastantes rugas, .. 0 uso perfeito do micro-ondas, E imaginem sé, .. praticamente todas as pastas d base de dgua tendem a expandir em tamanho. Vou usar para esta demonstracdo uma pasta chamada Flocky fabricada pela darwi que consiste basicamente em Pequenas fibras de papel que se vendem embaladas em estado seco. Leiam-se as instrucdes para conhecer 4s percentagens ideais da mistura a usar sendo que no entanto tenho por hdbito substituir metade da dgua por cola branca para aumentar a resisténcia Uma mistura homogénea é trabalhosa mas importante. Geralmente preparo vérias embalagens e armazeno-as por tempo indeterminado bem seladas mas para tal é fulcral o uso de dgua destilada. via pth aie | 20 Enrolem-se dedos. Num gesto rdpido modele-se unhas, cuticulas éric Num ¢ , e tragos aleatérios 6: 6 vei oq daminare portanto mais uma azo pele qul adoro este procesa. © (ater sentria Pequenas porcdes de pasta e crie-se pequenos cilindros com a dimenstio desejada para os Os dedos recentemente modelados deverdo ir ao micro-ondas sobre um quardanapo de papel ou outro suporte de igual forma absorvente. Desta forma petemos a condensagtio de dgua que se formaria entre os dedos e 0 prato. ‘Os mesmos guardanapos podem ser usados para suportar a forma que que- remos dar ao dedo. NOTA: E importante testar intensidades | € tempos diferentes pois os mesmos podem variar entre modelos de micro-ondas. Cozinhar durante 60 segundos em modo alto. A pasta dilataré e poderé mesmo vir a apresentar algumas fissuras. Uma pelicula exterior ficaré cozinhada, todavia seu interior continuard htimido pelo que de~ veremos ser rdpidos na execucdo dos restantes procedimentos (dat eu trabalhar apenas 2 ou 3 dedos de cada vez). Enquanto quente, apertamos a peca de volta as suas dimensées origi- nois, Esta pele exterior, que agora apresenta maiores dimensées, ao ‘ser comprimida criaré as rugas. ‘Quando satisfeitos com 0 aspeto final, deixamos arrefecer para voltar a cozinhar mais 120 segundos e Ihe conferir uma secagem total. Ne tae momento Os dedos esti resistentes o suficiente para usar- ea ras ferramentas para esculpir pequenos de Com a ajuda de pasta cada vor de an eapasta Fresca comecamos a uni os dedos, um de Seguros no microcondas, "1 "6 ©#58lgacdo com sessées de 60 21 nina porta maine Qa

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