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O que é Turbidez da Água e Como ela afeta o

Tratamento de Água?
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12 de dezembro de 2017

Você certamente já ouviu falar sobre os padrões de potabilidade da


água, os quais envolvem parâmetros como o flúor, pH, Coliformes
fecais, E. coli., água dura e cloro.

Estes são alguns parâmetros que são essências para determinar ou não se
água é propicia para o consumo humano.

Para avaliar esses parâmetros, existem legislações especificas, como a


Portaria nº 2.914/11 do Ministério da Saúde. E é por meio desta
portaria que companhias de saneamento, como CASAN ou SAMAE,
por exemplo, vão se orientar para a realização de suas análises.

Mas saber apenas se os parâmetros atendem os padrões não é


suficiente, precisamos entender o que é cada parâmetro e seu
comportamento no ambiente.

E dentre seus parâmetros, vamos falar sobre a turbidez, qual seu


papel na potabilidade da água e a sua importância.

Turbidez na Água

A turbidez pode ser entendida como a medida do espalhamento de


luz produzido pela presença de partículas em suspensão ou coloidais,
sendo expressa como Unidade Nefelométrica de Turbidez (NTU
– Nephelometric Turbidity Unity).

Pesquisadores da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), em seu


“Manual de Controle da Qualidade da Água para Técnicos que
Trabalham com ETAS” (2015), colocam que:

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A turbidez é um dos parâmetros de qualidade para avaliação das
características físicas da água bruta e da água tratada. O valor máximo
permitido para água tratada é de 1 NTU (unidade nefelométrica de
turbidez) na saída das estações de tratamento de água e 5 NTU em
qualquer ponto da rede de distribuição.

Mas como determinar se a água bruta ou tratada possuem os valores


permitidos e quais os principais fatores responsáveis pela turbidez?

O que causa turbidez?

A turbidez é causada pela presença de materiais sólidos em suspensão


como: silte, argila, sílica ou coloides, matérias orgânicas e inorgânicas
finamente divididas, organismos microscópicos e algas.

As origens desses materiais podem ser diversas, desde o solo (quando


não há mata ciliar – por meio da erosão); mineração, como a retirada
de areia ou a exploração de argila; indústrias ou o esgoto doméstico
lançado no manancial sem tratamento.

Após chuvas fortes, as águas dos mananciais de superfície ficam turvas,


graças ao carreamento dos sedimentos das margens pela enxurrada.

A presença desses materiais (em grande quantidade) faz com que


ocorra o aumento da turbidez, ou seja, quando os valores ultrapassam
os valores máximos permitidos – temos assim a turbidez excessiva.

Uma consequência da turbidez excessivaem ambientes aquáticos é a


diminuição da penetração da luz na água e, com isso, há a redução da
fotossíntese dos organismos (tais como fitoplâncton, algas e vegetação
submersa).

Outra consequência da turbidez é quando esses materiais se


sedimentam e preenchem os espaços entre pedras e pedregulhos do
fundo, eliminando os locais de desovas de peixes e o habitat de muitos
insetos aquáticos e outros invertebrados, afetando a produtividade dos
peixes.

Esses sedimentos em suspensão podem ainda carrear nutrientes e


pesticidas.

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Eles podem até interferir na habilidade do peixe em se alimentar e se
defender dos seus predadores e as partículas em suspensão
localizadas próximas à superfície podem absorver calor adicional da luz
solar, aumentando a temperatura da camada superficial da água.

No entanto, águas de lagos, lagoas, açudes e represas apresentam,


em geral, baixa turbidez, porém ela é variável em função dos ventos e
das ondas que, nas águas rasas, podem revolver os sedimentos do
fundo.

A turbidez é encontrada em quase todas as águas de superfície, em valores


elevados (até 2.000 mg/l de SiO2), mas está normalmente ausente nas
águas subterrâneas.

Seu limite pode ser melhor visualizado na tabela abaixo:

Valores estabelecidos para turbidez.

Como prevenir a turbidez?

Griebeler e Colaboradores (2005) levantaram trabalhos que avaliaram


a eficácia de planos de conservação de solos em bacias
hidrográficas e demonstraram que tais práticas podem reduzir em até
80%, sendo que os valores médios são de 50%.

Tais valores reduzem até 10,4% os custos de tratamento de água


(conforme referências citadas pelos autores acima).

Nos mananciais de água para abastecimento, a turbidez irá interferir na


desinfecção da água, pois o material em suspensão pode conter
organismos e dificultar a ação do desinfetante. Outra consequência
seria a formação de lodo extra nas estações de tratamento.

Exemplos dessas situações aconteceram em municípios do Vale dos


Sinos, Blumenau e Arequipa (Peru), onde as empresas responsáveis
pelo tratamento suspenderam ou reduziram os trabalhos de
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abastecimento devido a elevada turbidez dos mananciais.

Como medir a turbidez?

A turbidez é medida por meio do turbidímetro ou nefelômetro.

Esses equipamentos comparam o espalhamento de um feixe de luz ao


passar pela amostra com um feixe de igual intensidade ao passar por
uma suspensão (amostra) padrão.

Quanto maior o espalhamento, maior será a turbidez.

Equipamentos para medir turbidez (Nefelômetro e Turbidímetro Portátil).

Existem ainda outras formas que podem ajudar a determinar as causas


da turbidez, como é o caso de análises microscópicos e observações in
loco do manancial.

Na maioria das vezes, esses materiais se


apresentam em tamanhos diferentes,
variando desde partículas maiores (> 1
um), até as que permanecem em
suspensão por muito tempo, como é o
Análises laboratoriais para
caso das partículas coloidais (diâmetro
determinar a turbidez.
entre 10^-4 e 10^-6 cm).

Determinar suas características, suas origens e sua granulometria


facilita muito o tratamento a ser utilizado para a turbidez, uma vez que
sua remoção irá melhorar a desinfecção nas estações de tratamento,
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bem como os habitats das espécies aquáticas.

O papel do engenheiro ou técnico nas estações de tratamento ou de


empresas/consultorias responsáveis pelo tratamento das águas de
lagos, lagoas, açudes e represas, sendo ela destinada para
abastecimento público ou não, é realizar as análises exigidas pela
Portaria MS 2.914/11 ou pela Resolução CONAMA 430/2011, de forma
a garantir o bem estar e saúde da população e a todos que direta ou
indiretamente irão utilizar esta água, seja para consumo ou lazer.

E você, já trabalhou em estações de tratamento ou já utilizou alguma


vez em sua experiência profissional as legislações mencionadas? Se
sim, conte suas experiências e comente logo abaixo da postagem.

Author: Émilin CS
Engenheira ambiental. Têm experiência na área de saneamento e
gestão ambiental, buscando soluções usando QGIS e Bizagi. Atua na
área de modelagem matemática para rompimento de barragens com
software HEC-RAS. View all posts by Émilin CS

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