METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida
Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)
Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL
PROJETO DE CONSOLIDAÇÃO DO MODELO DE GESTÃO DO
CONHECIMENTO APLICADO AO SETOR METROLÓGICO.
Carlos Alberto Schneider1, Alexandre Takeshi Ueno 2, Maria Teresinha Angeloni 3.
1 Doutor em Engenharia Dr.ING, Aachen, Alemanha.
2 D.E.A – Information Stratégique, Marseille, França.
3
Doutora em Administração, Grenoble, França.
Resumo: Este artigo trata da descrição do Modelo CERTI
de Gestão do Conhecimento Metrológico e suas
Tecnologias, apresentando as etapas de desenvolvimento e
seus objetivos bem como os resultados a serem alcançados e
os obtidos. Caracteriza a aplicação do modelo de “Gestão
do Conhecimento” aplicado a demandas do setor
metrológico.
Palavras chave: demanda metrológica, base de
conhecimento, aplicação metodológica.
1. INTRODUÇÃO
1.1 Caracterizando a Problemática;
Cada vez mais a necessidade de buscar meios para os
estudos vinculados à metrologia no Brasil está se tornando
evidente, o setor vem enfrentando dificuldades ao longo dos
últimos anos, tais como carência de técnicos, equipamentos
e estudos mais modernos segundo o grupo de trabalho do
Ministério de Ciência e Tecnologia1 criado para avaliação da
temática.
No estudo do Programa Tecnologia Industrial Básica e
Serviços Tecnológicos para a Inovação e Competitividade -
TIB2, fica também demonstrado a necessidade da produção
do conhecimento metrológico decorrente da demanda
crescente de serviços dessa natureza na indústria brasileira.
A exemplo das pequenas e médias empresas em especial,
ainda predomina a falta de conhecimento sobre normas e
regulamentação técnica para o projeto de produto, processos
de fabricação, serviços de calibração de instrumentos e
procedimentos de ensaios dentre outros. Um exemplo desta
necessidade está nos instrumentos para a área da saúde no
Brasil, onde cerca de 80% dos esfigmomanômetros numa
amostragem teste, apresentaram erros de leitura superior a
30% em experiências conduzidas no sul do País, trata o
estudo.
Visando a melhoria da qualidade e o aumento da
competitividade dos produtos nacionais, iniciativas criadas
por órgãos oficiais como o Instituto Nacional de Metrologia
– Inmetro, permitiram ainda, apoiar e melhorar os serviços
prestados ao exportador, como também evitar a importação
de produtos com baixo atendimento aos critérios de
qualidade.
No caso da metrologia científica, os pesquisadores da
USP/São Carlos também deixam claro que uma das
principais necessidades existentes hoje é a de desenvolver
estudos nesse segmento, tomando como exemplo a grande
diversidade biológica do País convivendo paralelamente a
falta de produção de microscópios.
Presentes em grande parte na vida dos cidadãos e pela
demanda dos estudos de metrologia , os fatos acima
mencionados demonstram ainda mais a necessidade da
geração e gestão simultânea do conhecimento, como forma
de sistematização da própria metrologia - tanto no âmbito
científico, como também sob o ponto de vista industrial e
legal. Desta forma, entende-se que a reversão dos benefícios
para sociedade estão também em tornar os produtos e
serviços nacionais mais competitivos principalmente no
mercado internacional.
Baseado na experiência que a CERTI desenvolveu em seus
projetos, tanto na área de Metrologia como na área de
Gestão do Conhecimento, a instituição acredita que a
inovação nos resultados é a forma apropriada de
potencializar a competitividade da indústria, tanto na gestão
como na transferência do conhecimento, em especial para as
pequenas e médias empresas foco deste projeto.
Em memória a Jayme Teixeira Filho3, fundador da
Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento, ressalta
que, ao menos do ponto de vista acadêmico, a Gestão do
Conhecimento é um campo novo na confluência entre teoria
da organização, estratégia gerencial e sistemas de
informação. Segundo ele, essa gestão lida principalmente
com aqueles aspectos críticos para a adaptação e
sobrevivência da empresa, diante de um ambiente de
mudança crescente e descontínua. Para as empresas mais
inovadoras, o conhecimento coletivo já é reconhecido como
uma competência fundamental para a performance
organizacional e se baseia nas habilidades e experiências
individuais em relação ao trabalho realizado.
1.2 A Solução Proposta;
Tendo como foco tornar os produtos e serviços nacionais
mais competitivos no mercado externo, a metrologia está
sendo alvo constante de ações para modernização,
ampliação do parque laboratorial e investimento na criação
de novos padrões de testes e certificação em novas áreas
como a bio e nanotecnologia.
Outro aspecto decorrente da necessidade da gestão
metrológica é evidenciado pelo impacto direto do controle
de qualidade dos produtos, serviços e fornecedores que por
vezes permitem a entrada de produtos abaixo dos padrões e
em outros casos deixam de atender padrões internacionais,
comprometendo até mesmo a exportação.
O mecanismo que suporta essas ações é o Sistema de Gestão
Metrológica que atribui aos gestores e técnicos das
instituições, a habilidade em gerenciar as informações
disponíveis e o conhecimento de especialistas num sistema
de apoio ao processo decisório de forma eficaz, sistemática e
racional. O sistema envolve desde a definição de processos
básicos de gestão da informação, até a identificação,
definição e organização das fontes de dados metrológicos,
integráveis sobre essa plataforma, com o conhecimento e
experiência de especialistas do setor, resultando num
ambiente gerenciável com elevada capacidade de análise e
direcionamento as demandas específicas das empresas, seja
na forma de capacitação e formação de profissionais,
certificação de produtos, bem como na performance dos
instrumentos e equipamentos voltados para a área de
segurança tanto pública como privada e de controle
ambiental.
Assim, o sistema torna-se customizável ao setor em diversas
aplicações, permitindo após o investimento inicial de
implantação e teste contemplado nesta proposta, a
continuidade e evolução das ações auto-sustentadas,
caracterizando uma solução inédita e desafiadora para o
setor.
2. MÉTODOS E RESULTADOS
2.1. Métodos;
Conceitualmente o projeto está concebido em 3 vertentes
que irão consolidar o modelo CERTI de Gestão do
Conhecimento Metrológico, apartir da integração do modelo
de organizações do conhecimento baseado nas dimensões
tecnológica, organizacional e de pessoas. Nas demandas
consideradas críticas pelo próprio setor bem como na
plataforma de comunicação que permitirá desenvolver e
implementar ferramentas que viabilizem a integração entre o
modelo e as próprias demandas.
O modelo de organizações do conhecimento
(angeloni,2000)4 está baseada no modelo tridimensional de
PRAX (1997)5 e Schon (1971)6, diferindo pela concepção de
estrutura que cada um mantém. Enquanto que a estrutura de
Schon concebe um arranjo de papéis e funções bem
definidos, que interagem com outros e formam uma cadeia
de inter-relações, o modelo de Prax enfatiza o aspecto
tecnológico e comunicacional das organizações,
considerando numa perspectiva holística, o equilíbrio
qualitativo das três dimensões que constituem uma
organização do conhecimento; o homem, a tecnologia e a
empresa.
No modelo proposto por Angeloni, as características de cada
modelo anteriormente tratado são mantidos e integrados
numa perspectiva generalista em torno das chamadas
organizações do conhecimento, focando as dimensões de
infra-estrutura organizacional, pessoal e tecnológica em
torno de variáveis que influenciam ou orientam as
dimensões.
A figura1 representa esquematicamente a organização das
dimensões e suas variáveis, dispostos numa configuração
“atômica” que melhor representa a necessidade da dinâmica
entre os elementos.
DIMENSÃO Criatividade e Compartilhamento DIMENSÃO
TECNOLOGIA Inovação INFRA-ESTRUTURA
Bases
Aprendizagem
Modelos
Mentais
Data
ORGANIZAÇÃO
Visão
Warehouse Holística
do
CONHECIMENTO
Estrutura Workflow
Intuição
Cultura
GED
Estilo
gerencial DIMENSÃO PESSOAS
Figura 1: As três dimensões e variáveis da organização do
conhecimento (Angeloni,2000).
A dimensão infra-estrutura está proposta no modelo
focando a competitividade da organização no mercado atual,
visando criar um ambiente propício à gestão do
conhecimento através das variáveis como estrutura, estilo
gerencial, cultura e a visão holística que busca transformar
um entendimento fragmentado em uma visão mais ampla.
Estas variáveis geram o suporte das análises para o
entendimento do papel do indivíduo na organização.
A dimensão pessoas trata do aperfeiçoamento constante do
conhecimento através da integração de seus vários níveis de
entendimento e ao desensenvolvimento das habilidades dos
indivíduos. As variáveis de análise são a aprendizagem
constante, compartilhamento do conhecimento, criatividade
e inovação, modelos mentais e a valorização da intuição
como elemento intangível, determinante e representativo de
cada indivíduo.
A dimensão tecnologia trata dos meios de suporte
principalmente da tecnologia da informação às atividades
relacionadas à gestão e compartilhamento do conhecimento
propriamente dito. São as redes de computadores (internet,
intranet e extranet), bases de dados/informação, workflow,
GED (gerenciamento eletrônico de documentos) e
datawarehouse consistem das variáveis ou sistemas que
apoiam o gerenciamento do conhecimento na organização.
A segunda vertente em estudo será o setor metrológico atender as necessidades dos envolvidos. Paralelamente a
propriamente dito, onde serão detectados tanto no aspecto estas ações, são caracterizadas as necessidades de
científico, industrial e legal as demandas críticas a serem manutenção do sistema e das ferramentas, sendo
tratadas pelo sistema. dimensionada a infraestrutura básica de assistência. A
definição de todos esses requisitos, permite selecionar os
A abordagem metodológica foi adaptada de estudos que
pontos fortes mais relevantes para iniciar o seu
originaram as melhores práticas de desenvolvimento de
desenvolvimento, além de flexibilizar todo o conjunto para
produtos e soluções, cintando como principais fontes a Prof.
atuar em cenários com novos modelos de negócios.
Robert Cooper7 e o Prof. Marvin Patterson8.
Decorrente do conhecimento das necessidades do sistema e
Visando estruturar a inteligência que o sistema deva
das demandas do setor, está incluída nessa fase, a definição
disponibilizar, pela identificação e análise dos seus
do processo de capacitação de pessoal que envolve desde
requisitos, esta primeira fase concentra-se fortemente na
treinamentos e capacitação complementares tanto na
obtenção de um conjunto representativo de informações que
indústria quanto na academia, até intercâmbios em
agregam ao entendimento da complexidade do sistema de
instituições nacionais e internacionais em programas de
gestão e suas ferramentas, identificando os riscos e os
cooperação.
requisitos envolvidos na sua construção e operacionalização
A descrição das especificações consideranda toda a
Paralelamente a ótica tecnológica, esta fase permite
avaliação dos requisitos, funcionalidades e estrutura do
identificar os modelos, métodos, técnicas, casos e melhores
processo decisório, resultando no conjunto de orientações
práticas atualmente empregadas na gestão estratégica do
para a fase de desenvolvimento da solução. Essas avaliações
conhecimento, gerando massa crítica no assunto que
permitem ainda estabelecer as demandas de competências
facilitará o desenvolvimento da etapa de capacitação de
necessárias não apenas a operação do sistema mas também
pessoas. Ainda nessa vertente, a etapa potencializa a sinergia
da compreensão e prática da gestão do conhecimento,
da concepção técnico e metodológica, adequada a realidade
resultando em ações de aprimoramento do capital humano.
e necessidades do setor de metrologia.
Em especial a capacitação da equipe, principal foco de
Considera também as tecnologias críticas e essenciais
atenção dessa fase, terá como objetivo treinar inicialmente
prevendo a substituição tecnológica bem como os demais
os integrantes do projeto nos métodos e técnicas
subsídios para geração da estrutura de informação como as
identificados e integrados ao modelo, visando criar massa
redes de computadores (Internet, intranet e extranet),
crítica para difundir os resultados.
Groupware, GED (gerenciamento eletrônico de
documentos), Workflow, Datawarehouse dentre outros. As As principais atividades envolvidas neste caso estão a
principais ferramentas de suporte empregadas nesta fase são estruturação do modelo, apresentação dos conceitos,
o benchmark e as matrizes de análise e apoio a decisão, que Workshop de Capacitação baseado em projetos
avaliam a capacidade da solução atender as demandas de desenvolvidos anteriormente mas aplicando o novo modelo,
metrologia das empresas principalmente, se existe domínio análises comparativas de resultados para os clientes.
tecnológico e capacidades associadas para fornecer a
O resultado principal dessa fase consiste nos relatórios de
solução proposta e finalmente se a solução apresenta
especificação, manuais de suporte ao usuário e assistência
características de auto-sustentação após a etapa de
técnica, e finalmente os planos de capacitação de pessoal
investimento.
identificando as temáticas e cursos disponíveis bem como a
A investigação do setor objetivará identificar os modelos, necessidade de investimento.
métodos, técnicas, casos de sucesso, experiência e melhores
A terceira etapa considera as atividades de desenvolvimento
práticas atualmente empregadas na gestão estratégica do
da cooperação técnica bem como da construção do sistema
conhecimento metrológico, visando integrar e adequar ao
de gestão do conhecimento metrológico.
modelo existente.
Envolve o desenvolvimento do sistema integrado aos
As principais atividades envolvidas para a realização desta
processos de suporte a decisão, junto as entidades cases do
etapa são o plano de pesquisa, definição das necessidades de
setor, contemplando a alimentação do sistema pela geração
informação, localização das fontes de informação, revisão
de conteúdos específicos através de seus projetos e
bibliográfica, identificação de potenciais parceiros e
programas de cooperação. Desta forma, o conteúdo em si e
validação do modelo.
sua geração acabam por demandar ações complementares a
Resulta dessa fase, um protótipo funcional da solução que fase anterior, voltadas principalmente a capacitação e
reúne as características principais dos processos treinamento de recursos humanos.
metrológicos integrados a gestão do conhecimento, a ser
O resultado principal dessa fase é o sistema de gestão e suas
então testados quanto a sua robustez técnica e metodológica.
ferramentas aptas a serem implantadas, devidamente
Com base nos requisitos é gerado na segunda etapa a documentadas e testadas. Outro resultado é o Plano de
especificação do sistema de gestão, considerando ainda aplicação do piloto, descrevendo as etapas de implantação,
todas as observações captadas pelo uso do protótipo. A procedimentos tanto de usuário quanto de assistência
necessidade de ferramentas suporte é também avaliada nesta técnica, tendo como principal objetivo validar o sistema em
fase, seguindo sua definição e especificação para melhor condições reais de uso no ambiente definitivo. O plano
prevê que sistema será implementado com todas as suas
funcionalidades para um grupo inicial de usuários,
propiciando o treinamento "On the Job" da equipe de
operacionalização e de suporte técnico.
Objetiva ainda, formalizar acordos de cooperação técnica
em gestão do conhecimento, em entidades reconhecidas
nacional e internacionalmente, em conjunto com entidades
igualmente creditadas no setor metrológico brasileiro. Os
acordos devem permitir que haja intercâmbios de pessoas e
programas para suporte a capacitação e aperfeiçoamento
constante do modelo.
As prinicpais atividades envolvidas compreendem a
definição de projetos prioritários, caracterização do
documento de cooperação, estabelecimento dos convênios.
A quarta fase contempla o procedimento de implantação do
sistema piloto conforme o plano de implementação
anteriormente estabelecido, sendo previamente submetido a
uma bateria de testes de robustez da solução tanto em seu
conceito metodológico para a empresa quanto em sua
operação técnica a nível usuário.
Tem como objetivo estender o sistema a todos os seus
usuários, tanto das instituições cases quanto aos seus
próprios clientes do setor, de forma gradual e seqüencial
para que seja submetido as condições reais de uso bem
como para difundir sua utilização.
A configuração validada será então estendida a todo o grupo
de usuários pela equipe de suporte técnico, ativando por
completo as suas demais funcionalidades.
Como principal resultado dessa fase, será o sistema testado,
implantado e operando nas instituições sendo descrito
detalhadamente em relatórios finais de acompanhamento
toda sua evolução e recomendações futuras. Também nesta
fase será avaliado os potenciais de novos negócios visando
a sustentabilidade do sistema.
O foco então é aplicar o modelo e validar as metodologias
desenvolvidas, junto as instituições intervenientes neste
primeiro momento, orientando todo o processo de
implantação e aplicação metodológica adequando aos
processos dessas instituições.
As principais atividades envolvidas consiste na estruturação
do plano de implementação, planejamento do projeto piloto
(técnicas de aplicação e medição dos resultados), Workshop
de avaliação dos impactos gerados pelo modelo e suas
metodologias.
Nessa etapa prevê-se uma discussão ampla com integrantes
dos grupos de trabalho, porém envolvendo outros órgãos
reconhecidos no país e no exterior pela sua atuação na área
de metrologia, o empresariado do setor, órgãos de fomento
e o meio acadêmico com a finalidade de apresentar o
balanço dos primeiros resultados e impactos gerados pelo
sistema, que pretende demonstrar o retorno sobre o
investimento realizado e sugerir a eleição de um grupo líder
formado por integrantes dos órgãos citados possibilitando a
contínua promoção dessas ações para futuro da metrologia
no país.
A etapa final do método consistirá em caracterizar as
metodologias derivadas do modelo, sistematizando sua
integração e aplicação, sincronizando ainda a divulgação
dos resultados obtidos.
A difusão dos conhecimentos/experiências obtidos na
aplicação do modelo é também foco desta etapa,
demonstrando os impactos gerados nas instituições
devidamente documentados para referência nessa aplicação.
Basicamente envolve a definição e dreparação dos veículos
de disseminação (artigos, papers, revistas especializadas,
mídia do setor, internet) e estabelecimento do plano de
disseminação incluindo treinamento no modelo.
O Seminário final tratará da apresentação completa do
modelo de gestão do conhecimento, dos resultados dos
Workshops de caracterização e validação das metodologias,
demandas de conhecimento do setor metrológico, de
definição das metodologias de estruturação do
conhecimento, de definição, caracterização e avaliação de
mecanismos de transferência do conhecimento, de
integração e sistematização das metodologias ao modelo, e
para definição de regras legais quanto a propriedade
intelectual dos resultados gerados pelo modelo.
Como observado, o método de desenvolvimento trabalha
separadamente as vertentes que integrarão o modelo final,
tanto no aspecto da gestão do conhecimento em si, como na
ótica das demandas do setor metrológico, sendo integradas
por uma plataforma de comunicação que permitirá o
desenvolvimento de um produto consistente
metodologicamente e robusto quanto a aplicação para este
segmento específico.
A figura 2 demonstra esquematicamente a estrutura
conceitual do projeto: Consolidação do Modelo Certi de
Gestão do Conhecimento Metrológico e suas Tecnologias.
Adaptação
Modelo
Modelo “Átomos” Demanda Aspectos Críticos
Modelo
Gestão
Intermediário Metrologia
Conhecimento
Modelo
Plataforma
Customização CERTI Customização
Modelo/Ferram. Demanda/Ferram.
Desenho Fluxo Info
Aranha Ger.Comum.
Plataforma de Comunicação
Figura 2: Estrutura conceitual de desenvolvimento do projeto.
2.2. Resultados esperados e Transferência Resultados;
Os principais resultados esperados no projeto podem ser
listados abaixo;
- Consolidação do Modelo de Gestão do Conhecimento
Metrológico aplicado e robusto. O modelo deve apresentar
flexibilidade de customização a demandas de outros setores.
Todas as metodologias propostas para aplicação piloto
deverão estar desenvolvidas.
- Forte capacitção dos integrantes do projeto no modelo de
Gestão do Conhecimento para o setor de metrologia.
- Apresentação dos relatórios com balanços intermediários
durante a execução do projeto, associando todos os
descritivos e memoriais necessários.
- Consolidação dos acordos de cooperação técnica com
entidades de renome e credibilidade, estabelecendo um
programa de cooperação no âmbito Gestão do
Conhecimento Metrológico.
- Realização de intecâmbios com instituições do saber
reconhecido no tema, além de vistas e entrevistas com
outras instituições e empresas que atuam no setor
metrológico.
- Obtenção das metodologias intermediárias do modelo
validadas tanto de forma conceitual como de forma aplicada.
- Divulgação dos resultados divulgados pelo portal
corporativo do projeto, os relatórios internos (técnico, ecn-
financeiro, legal) serão gerados durante todo o
desenvolvimento e organizados apropriadamente.
Quanto a transferência resultados, é parte integrante da
política CERTI de atuação junto a sociedade, a transferência
dos resultados através da implantação do modelo e suas
metodologias junto as instituições intervenientes
participante do projeto. Nesta fase está previsto a formação
de “focus group” que atuará tanto na pesquisa como no
desenvolvimento do modelo de gestão do conhecimento,
como forma de expandí-lo a outros setores. Na academia o
modelo permitirá enriquecer a produção científica por meio
das informações analisadas.
Da mesma forma o modelo será tranferido visando a
capacitação de novos facilitadores no método, contribuindo
diretamente para as instituições.
Junto a concentrações de empresas como as incubadoras e
condomínios de empresas de base tecnológica, tanto como
apoio na avaliação de seus negócios quanto no processo de
suporte empresarial das incubadas.
As principais ferramentas previstas para promoção da
transferência são o portal corporativo do projeto que
consiste em um ambiente internet, onde as informações de
domínio público do projeto estarão disponíveis, como por
exemplo as bibliografias, apresentações, estudos dentre
outros, tornando-se um canal de acesso ao público
(interessados e especialistas). Estarão reunidos e
diponibilizados os resultados da análise benchmarking,
agregando diversas fontes de informação para consultas.
Principalmente durante a fase de capacitação da equipe e
divulgação de resultados esse mecanismo atuará de forma
decisiva para o atingimento dos objetivos.
Outra ferramenta de apoio na gestão será customizada
apartir das plataformas de e-colaboration, desenvolvendo o
sistema de gestão do projeto. Esse sistema permitirá realizar
todo o gerenciamento técnico do projeto, seu cronograma,
atividades, metas, alocações e acompanhamento por parte
dos integrantes que se façam necessários. Também permitirá
gerar relatórios periódicos de acompanhamento, facilitando
a documentação final do projeto. Além disso, o sistema
permitirá realizar todo o acompanhamento econômico –
financeiro dos recursos destinados ao projeto, com acesso
direto pelas instituições fiscalizadoras para fins de auditoria,
desta forma o cronograma de desembolso e aplicação dos
recursos poderão ser acompanhadas constantemente.
Também de forma idêntica será disponibilizado ferramentas
que permitam a rápida customização de documentos legais
tais como, contratos, convênios, propostas, propriedade
intelectual e outros afins, flexibilizando o uso de forma
imediata, além de contribuir para a documentação e
histórico das operações realizadas no projeto.
A integração desses mecanismos e ferramentas de gestão
desenvolvidas para o projeto, permitirão constantemente
tranferir os resultados tanto parciais como totais a medida
que forem sendo produzidos, uma vez que as ferramentas de
comunicação serão desenvolvidas para este fim.
2.3. Resultados Obtidos;
Dentre os resultados mais relevantes já obtidos pelo projeto,
pode ser considerado o sistema de estruturação do
conhecimento SBManager utilizado na organização das
atividades da Sociedade Brasileira de Metrologia e em
particular na organização da produção científica do evento
Metrologia 2003.
A ferramenta reúne sobre plataforma internet, conceitos de
criação e compartilhamento do conhecimento apartir dos
elementos primários que compõe a infomação, o dado.
Nonaka e Takeuchi (1997)9 enfatizam a necessidade da
conversão contínua, interativa e dinâmica entre
conhecimento tácito e explícito nas organizaçãoes do
conhecimento. A interatividade e conversão do
conhecimento ocorre através dos processos de socialização,
externalização, internalização e combinação de tal forma
que a geração e compartilhamento do conhecimento
acontecem simultaneamente nesse ambiente.
Essas características permitiram desenvolver um sistema
que suporta e integra os meios de conversão do
conhecimento sob forma de estrutras flexíveis de
organização dos dados e da informação. A geração do
conhecimento agrega habilidades e experiências dos times
de desenvolvimento, compartilhando o conhecimento
através da própria ferramenta e principalmente estimula a
comunicação entre pessoas.
Neste aspecto, Davenport e Prusak (1998)10 confirmam esta Caso a requisição seja um simples arquivo HTML, o
ação quando afirmam que o compartilhamento do servidor apenas encontrará o arquivo e enviará o seu
conhecimento acontece em qualquer organização, conteúdo; caso contrário, ou seja, se o arquivo for um script
independente das práticas formais específicas, tendo em (no caso ASP), o servidor deverá executar o script que vai
vista que os facilitadores da troca e transmissão de gerar informações em HTML antes de enviar o conteúdo.
conhecimentos entre as pessoas ocorrem naturalmente pelas
A figura 4 ilustra a estrutura básica.
práticas informais.
O SBManager possui duas entidades principais que regem o
sistema e executam as atividades: Usuários e Projetos.
Os usuários podem participar de vários projetos ao mesmo
tempo, ou seja: um usuário, ao acessar o sistema, visualizará
os projetos em que participa e todas as funcionalidades a ele
associadas (informações, dados do projeto, fóruns, 5w1h,
etc.), enquanto que o projeto customiza suas funcionalidades
conforme a nível de acessibilidade do usuário.
Outras funcionalidades são independentes de projetos
específicos, como: dados pessoais, visualizar ajuda, reportar
erros, inserir projeto, inserir usuário. Para a execução de
algumas destas funcionalidades, existem os administradores
do sistema (“masters”), que tem o papel de administrar o
conteúdo e prover suporte aos usuários. Figura 4: Estrutura de requisições do SBManager (Castro,2001)
A figura 3 ilustra estas entidades (usuários e projetos) e O produto final concebido e aplicado junto a Sociedade
algumas funcionalidades do sistema. Brasileira de Metrologia, permitiu avaliar a ferramenta em
condição real de uso tanto na geração como no
compartilhamento do conhecimento. Basicamente, as telas
do sistema podem ser vistas abaixo;

Figura 3: Estrutura do SBManager (Castro,2001)

Tecnicamente, o SBManager utiliza uma definição de

aplicação web como sendo um software cujo código é
centralizado (localizado em um servidor) que se utiliza de
componentes e requisições remotas dos usuários para ser
executado, estruturando informações de uma forma
padronizada e compatível com a internet. Esta forma
padronizada é o HTML (Hypertext Markup Language) e os Figura 5: Telas do SBManager (o autor,2003)
componentes citados podem ser diversos, como
componentes de conexão à uma base de dados, para
execução de um conjunto de funções, acesso a um servidor A integração da ferramenta ao projeto aqui apresentado, está
de correio eletrônico, etc. em fase de conclusão pela equipe de desenvolvimento,
tornando-se um dos principais meios suporte no
O processo de funcionamento da aplicação descrita resume- acompanhamento e execução das atividades programadas.
se a:
As próximas etapas consistem na execução dos diagnósticos
O cliente (através do browser) faz uma requisição ao junto setor metrológico com a finalidade de caracterizar os
servidor, enviando informações diversas como nome do aspectos críticos e integrar o modelo de Gestão do
arquivo requisitado, browser e S.O. do cliente, etc.; conhecimento proposto sobre a ferramenta apresentada,
prevendo a aplicação final do conceito.
3. CONCLUSÕES [7] Cooper, R. et al. Best practices for managing R&D portfólios.
Research Technology Management, Jul./Aug., 1998, p.20-
Tendo em vista o andamento do projeto, as conclusões 33.
preliminares obtidas através dos resultados parciais,
demonstram a factibilidade no desenvolvimento de um [8] Patterson, Marvin L.; Ligtman, Sam. Accelerating
innovation: improving the process of product development.
Sistema de Gestão do Conhecimento Metrológico como uma New York : VNR, 1993. 159p.
singela iniciativa de contribuir para a competitividade do
setor como um todo. [9] I. Nonaka; H. Takeuchi, “Criação de conhecimento na empresa:
como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação”,
Compreendendo a complexidade e abrangência do tema, a (tradução de Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins
proposta será focada para as demandas consideradas Celeste), 2 ed., Rio de Janeiro: Campus, 1997.
prioritárias para o desenvolvimento do setor, tornando-se
[10] T. Davenport; L. Prusak, “Conhecimento empresarial: como
foco de atuação do piloto. as organizações gerenciam o seu capital intelectual –
As principais limitações do método apontam para o efetivo métodos e aplicações práticas”, (tradução de Lenke Peres),
impacto que esse suporte poderá gerar, tendo em vista a Rio de Janeiro: Campus, 1998.
necessidade da aplicação.
As principais vantagens estão presentes na flexibilidade de Autor: Doutor em Engenharia, Carlos Alberto Schneider,
customização ainda mais especializada para o setor Fundação CERTI, Campus da UFSC, cx 5053, Florianópolis,
metrológico, bem como para a adequação em outros Brasil, 48 239-2000, cas@certi.org.br
segmentos econômicos que se façam necesários. D.E.A – Information Stratégique, Alexandre Takeshi Ueno,
Sob a ótica econômica, os indicadores a serem gerados em Fundação CERTI, Campus da UFSC, cx 5053, Florianópolis,
termos da transferência dos resultados do projeto e sua Brasil, 48 239-2185, atu@certi.org.br
incorporação pelos setores de produção industrial, serviços e Doutora em administração, Maria Teresinha Angeloni, NEGICT,
governo, tais como redução de custos, investimentos e Campus da UFSC, Centro de Ciêcias Sociais, Florianópolis, Brasil,
retorno financeiro às instituições participantes estão cada 48 331-7000, angelggc@hortmail.com
vez mais potencializados pelas ações que estão sendo
desencadeadas como o próprio evento.
Finalmente, tem-se observado o grande potencial de
aplicação da temática Gestão do Conhecimento de forma
sistematizada, trazendo conceitos simplificados e
desmistificados para os diversos setores afetados neste caso
pela metrologia, desde a pesquisa e desenvolvimento de
base, passando pela indústria da transformação e do
conhecimento, até mesmo influenciar a vida do próprio
cidadão e da sociedade no fortalecimento de um segmento
fundamental para o desenvolvimento científico e
tecnológico do País.

REFERÊNCIAS
[1]
http://www.mct.gov.br/comunicacao/textos/default.asp?cod_
tipo=1&cod_texto=1938.
[2] Tecnologia Industrial Básica-TIB; Revista Parcerias
Estratégicas n.8 –out., 2002,
[3] J.T.Filho, "Gerenciando o conhecimento”. Editora Senac
Rio, 2000.
[4] M. T. Angeloni, (coord.), “Organizações do Conhecimento:
infra-estrutura, pessoas e tecnologias”, São Paulo: Saraiva,
2002.
[5] J.Y. Prax, “Manager la connaissance dans léntreprise: les
nouvelles technologies au service de léngénierie de la
connaissance”, Paris: INSEP, 1997.
[6] D. Schon, “Beyond the stable state”, Nova York: Norton
Library, 1971.