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Tema 6: Avaliar para quê?

Profª Ma Elaine Cristina Vaz Vaez Gomes


PARA INÍCO DE CONVERSA
Neste tema será aprofundado o debate a
respeito de por que avaliar. Além disso, dentro
do âmbito da avaliação participativa, será
tratado o Programa de Avaliação Institucional
da PUC de São Paulo, dentre outros assuntos.
Rios (2009) nos convida a uma viagem pela
filosofia, buscando nela os argumentos
necessários para realizar uma avaliação. A
autora sugere ainda partir da realidade,
olhando com clareza, com profundidade e
com a inclusão de muitos dados.
Isto é, é necessário “ver claro”, no sentido
de estabelecer certo cuidado com aquilo que
poderá enfraquecer nosso olhar, evitando
armadilhas impostas internamente e no
ambiente em que vivemos;
“ver fundo” no sentido de muito mais do que um
simples olhar, de estar atento para o que é superficial
e ir além do que pode parecer, ou seja, radicalizar, ir
profundamente até o último respiro, buscando aquilo
que está sendo investigado;
e, “ver largo”, no sentido de perceber na
totalidade o processo em que se está inserido,
com as questões determinantes e olhando
para o objeto de todos os lados.
É, nesse sentido, perceber todos os lados para não
cair na armadilha de achar que este processo se dá
apenas por um caminho, ou, para o caso de não se
dar conta de todos os lados, pelo menos perceber se
o caminho ao qual se está olhando é o mais
adequado.

 
A contradição nos coloca à prova em tudo que
vamos fazer. Nesse caso, perceber esse fato
só qualificará nossa ação, sendo um aspecto
fundamental da realidade.
Continuando
Essa realidade apresenta várias facetas, exigindo a
inclusão de muitos dados no sentido de garantir
aprofundamento teórico sobre o tema. Qual é o
sentido dessa realidade? Que significado tem? Essas
questões têm que nos nortear.
Ou seja, o processo de avaliação terá que nos
ajudar, segundo Rios (2009), “no intuito de
estabelecer um questionamento contínuo do
que se avalia, procurando, revendo e
ampliando seu significado”.
No trato da filosofia, Rios (2009) traz uma questão
que é de onde partem suas reflexões: o campo da
ética. A autora faz, nesse sentido, referência à
“perspectiva política” enquanto elemento importante
e imprescindível no processo de avaliação.
É essa perspectiva política que abarca a
“dimensão de eticidade, de questionamento
da ação, considerando-se as determinações a
que está constantemente submetida e os
valores que a fundamentam”. Rios (2009, p.
112) completa:
Que “a articulação das dimensões ética e
política da ação avaliativa se dá no espaço das
significações que a sociedade confere às
práticas e relações dos sujeitos que a
constituem”.
Com base nessas questões filosóficas
colocadas por Rios (2009), o âmbito do
mundo acadêmico – a academia –, de acordo
com a experiência da autora, não é um
espaço qualquer, mas sim o lugar onde é
construído e socializado o conhecimento.
Uma instituição educacional tem a missão de “servir
a sociedade, construindo e socializando a cultura,
formando profissionais competentes e criativos,
realizando um trabalho de ampliação constante de
uma boa qualidade” (RIOS, 2009, p. 113).
Vamos Praticar?
Entender sobre o Locus da pesquisa
Seu espaço de atuação é a PUC-SP, que é definida
pela autora como “uma universidade comunitária,
guardando, portanto, um caráter diferenciado no
cenário das instituições universitárias
brasileiras” (RIOS, 2009, p. 113).
Nesse contexto de comunidade, o grupo de
valores, saberes, com toda produção cultural e
do conhecimento ali realizado, “só garantirá e
sedimentará seu significado com um processo
permanente de avaliação”.
Completa que avaliar é “apontar para o valor
e só se fala em valor no departamento do
humano, que é o campo do simbólico, da
atribuição, de sentido” (RIOS, 2009, p. 113).
Para avaliar, segundo a autora, é necessário
que se rompa com a ausência de interesse, é
preciso que haja interesse por algo, que esse
interesse seja manifestado.
Esta “manifestação se dá em relação não a um
valor qualquer, mas a um determinado valor”.
A quem interessa se algo é bom e por quê?
Num processo de avaliação participativa é
importante que “os sujeitos” façam parte de
todo o processo (RIOS, 2009, p. 113).
A autora completa que “fazer parte é
diferente de ser parte” e isso tem relação com
intencionalidade, “escolha, definição de
caminhos e responsabilidade”.
Finalizando
Rios (2009, p. 114) associa a participação a
“um conceito grávido de politicidade – [que]
supõe a informação, o preparo para a
atuação, a clareza com relação aos objetivos”.
E na sequência, a autora apresenta o PAIPUC,
que é o Programa de Avaliação Institucional
da PUC-SP. Esse programa é executado com
base nos princípios e diretrizes de uma
avaliação emancipatória,
ou seja, aquela que tem o intuito de
“proporcionar uma visão ampla e aprofundada
da prática educativa na Universidade, para, a
partir da análise dos problemas, encaminhar
propostas com vistas à sua superação” (RIOS,
2009, p. 114).
O PAIPUC, informa a autora, nasce dentro de outro
programa, lançado pelo MEC e intitulado Programa de
Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras
(PAIUB). Esse programa, segundo a autora, tem o
objetivo de “fazer a apreciação crítica do trabalho que
se desenvolve nas universidades, de maneira global”
E o PAIPUC nasce com o propósito de,
segundo Saul (2009), “lançar um olhar crítico
sobre nossa instituição, com intenção de
aprimorá-la, de fazê-la ir ao encontro dos
objetivos que define e metas que se propõe a
alcançar”.
O PAIPUC está dividido em quatro etapas:
I sensibilização e diagnóstico;
II avaliação interna;
III avaliação externa; e

IV consolidação do processo.
Saul (2009) ressalta que “o trabalho está nos
mostrando como é que, usando uma determinada
metodologia, procurando fazer recurso a uma ação de
que efetivamente participem os sujeitos envolvidos,
vamos devagarzinho constatando que se amplia uma
consciência de seu significado”.
Apesar dos desafios, a implementação do PAIPUC-SP
tem contribuído para que ao mesmo tempo em que
se prima pelos resultados que “gratificam a
universidade”, desafiando-a, afirma-se a qualidade da
instituição. Quer-se, assim, que esta proposta de
avaliação seja consolidada na Universidade e com o
viés de avaliação participativa.

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