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SARRIERA, Jorge Castellá, SAFORCADA, Enrique Teófilo (orgs.).

Introdução à
Psicologia Comunitária: bases teóricas e metodológicas. Porto Alegre: Sulina, 2014.

Capítulo 3 meados dos anos 1960, já encontramos uma espécie de "minoria


ativa" na Psicologia - constituída por professores, estudantes
de Psicologia e psicólogos em centros como São Paulo e Porto
Alegre - que intentavam desenvolver trabalhos junto aos setores
BREVE HISTÓRIA E ALGUNS DESAFIOS
desfavorecidos da população, na busca da construção de um fazer
DA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA
psicológico menos elitista e mais comprometido com os rumos
da realidade social (Freitas, 1998a; Montero, 1994).
É neste clima que encontramos as bases para aquilo que,
quase três décadas depois, iríamos conhecer como sendo a emer-
Lílian Rodrigues da Cruz
gência e consolidação do que denominamos, hoje, de Psicologia
Maria de Fátima Quintal de Freitas
Social Comunitária. Assim, podemos dizer que, em parte, esta
Juliana Amoretti
inquietude com os diferentes fazeres da Psicologia, ao lado da
preocupação em buscar uma prática diferenciada, voltada para
a maioria da população, costumeiramente, alijada dos serviços
psicológicos, foi um forte elemento que impulsionou, desde a
O presente capítulo propõe-se a fazer um resgate histó-
década de 1960, a construção da trajetória da Psicologia Social
rico do surgimento da Psicologia Social Comunitária, enfocan-
Comunitária, com características latino-americanas distintivas.
do, prioritariamente, o Brasil. Abordaremos a trajetória dessa
Na conjuntura histórica e política da América Latina, o
disciplina, os principais aportes teóricos e metodológicos, bem clima de terror e a perda dos direitos humanos básicos, a violên-
como seus conceitos centrais. cia manifestada e impingida em diversos contextos e dinâmicas
Após a Guerra Fria, nos anos de 1950 e 1960, o compro- sociais, mesmo os mais privados, a exclusão social dos serviços
misso social e político dos intelectuais, bem como o papel da básicos como moradia, saúde, educação e emprego, ao lado de
universidade na formação de profissionais foram fortemente uma constante opressão e submissão, como marcas indeléveis
questionados e exigidos. Neste contexto adquire visibilidade do sistema ditatorial, configuravam um processo social que não
a insatisfação com o fazer psicológico dirigido à maioria da poderia ser simplesmente negado. Tratava-se de uma realidade
população. Esses questionamentos apontavam para a busca de silenciosa e perversamente vivida pela maioria dos brasileiros e
práticas diferentes das tradicionais que haviam se constituído nos latino-americanos, mesmo porque sua divulgação era proibida
alicerces da criação desta profissão em nosso país (Andery, 1983), (Betto, 2000; Freire, 1977). Mesmo assim, a vida das pessoas e
no início dos anos 1960, assim como tais modelos tradicionais o sofrimento vêm à tona, acompanhados pela riqueza cultural dos
eram predominantes na formação dos psicólogos. Mesmo as- diferentes segmentos da população que trazia consigo, potencial-
sim, diante desta forte hegemonia dos modelos individualistas mente, muitas alternativas. É neste cenário de questionamentos
e elitistas presentes no trabalho psicológico, durante o processo sobre o compromisso social e político dos intelectuais e profis-
de formação das primeiras turmas de psicólogos no Brasil, em sionais que emerge um movimento de dentro da Psicologia, ao

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lado de outros campos, explicitando a responsabilidade dos pro- Sobre a disciplina
fissionais para com as transformações sociais, objetivando lutar
contra as relações injustas, indignas e até subumanas presentes nos Em termos de pressupostos teóricos e conceituais, veri-
sistemas de governos autoritários. Intentava-se uma Psicologia fica-se que as origens deste campo localizam-se no âmbito da
que rompesse com a dualidade entre social e individual, que eli- Psicologia Social, especificamente ligada às tradições históricas
minasse a visão individualista e psicologizante, que propusesse e políticas do continente latino-americano.
trabalhar com grupos, que refletisse sobre as questões e proble- Neste contexto e a partir da constatação de que estudar os
máticas emergentes das próprias comunidades, reconhecendo as seres humanos apartados da sociedade reforça uma visão fragmen-
necessidades desses setores para, através da partilha de práticas tada e a-histórica dos fenômenos psicossociais é que a Psicolo-
e saberes, potencializar estas comunidades rumo à autonomia no gia Social vai ocupando, cada vez mais, espaços de investigação
cotidiano das relações. e análise, inclusive dentro das tradicionais formas de trabalho,
Podemos dizer que o período histórico que viveu a América colocando a interação/relação entre indivíduo e sociedade como
Latina reuniu condições de possibilidades para que emergisse objeto de estudo prioritário (Guareschi, 1996; Sandoval, 2000).
um novo olhar psicológico comprometido com a realidade do Diferentes autores (Serrano-García et ai., 1992; Lane, 1983;
cotidiano dessas populações, maximizando a saúde dos cidadãos, dentre outros) ao longo destas últimas décadas, preocupando-se
que só pode ser alcançada com acesso à educação, à cultura, à ha- em construir uma Psicologia mais comprometida com a realidade,
bitação, ao lazer e ao saneamento, buscando relações mais dignas e retomam ou explicitam a discussão sobre a falsa dicotomia que
igualitárias. Este novo olhar vai ganhando força através dos anos, se estabelece entre o indivíduo e a sociedade, como se aquele pu-
acompanhado de uma diferenciada postura dos profissionais, que desse prescindir desta para a sua constituição e estabelecimento
defendiam que não seria possível ser feliz sem a possibilidade como sujeito - ator e autor da sua história pessoal e coletiva>, ao
de ter emprego, moradia, educação, saúde e lazer (Freitas, 1996; mesmo tempo em que a sociedade, por sua vez, só se constituiria
Martin-Baró, 1987). Esta perspectiva teórica da construção psi- como uma organização societária a partir das forças dialéticas
cossocial do homem ( em que a sua posição dialética como produto decorrentes das interações. A discussão sobre esta suposta dico-
e produtor da sua própria história e do seu cotidiano passa a ter tomia constitui-se em um ponto de permanente tensão, não só na
relevância) acaba significando um recorte epistemológico em ter- prática dos trabalhos, mas também nas análises teóricas a respeito
mos de uma nova concepção de homem e concepção do que seja dos fenômenos psicossociais. Para Serrano-Garcia et ai. ( 1992),
o fenômeno psicológico (Freitas, 2001; Montem, 1996; Martin- enquanto a Psicologia Social entender o funcionamento social
-Baró, 1987). Neste sentido, os referidos autores afirmam que a como uma concepção limitada e individual da prática humana
abordagem teórico-metodológica representada pela Psicologia e utilizar-se do método experimental das ciências naturais, não
Social Comunitária, ao longo das últimas décadas, implica em poderá compreender a complexidade das relações sociais.
uma espécie de enfrentamento epistemológico com a Psicologia Contudo, é importante apontar que a Psicologia não era o
tradicional, cuja postura era a de legitimar a ordem social, servindo único campo do conhecimento preocupado em procurar alterna-
de instrumento de dominação. tivas para melhorar as condições de vida das pessoas e a buscar

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entender a complexidade das relações sociais. A Sociologia e a Não podemos deixar de destacar que, ao longo dos anos, inte-
Educação também trabalharam nessa direção, comprometendo-se grando o contexto do saber popular, a arte surge como importante
com a transformação social (Cedefío, 1999). A autora salienta aliado ao desenvolvimento dos trabalhos comunitários em nosso
que os primeiros trabalhos comunitários 1 (final dos anos 1950 continente, na medida em que é forjada na própria dinâmica
e década de 1960) caracterizaram-se pela realização de práti- popular (Pereira, 2001 ). Assim, saber popular e a arte têm sido
cas meio clandestinas - ou muito discretas -, razão pela qual dois aspectos, também, relevantes no contexto histórico onde
foram surgindo de forma simultânea, porém isoladas. O caráter surgem a Educação Popular e as formas de conscientização da
de clandestinidade possibilitava que estes continuassem sendo população. A arte pode, então, ser considerada como expressão
realizados, garantindo uma certa segurança uma vez que, ao não do livre, como potência de ideias, ideais e desejos2•
serem publicados, minimizavam a identificação de seus autores. A influência da Sociologia Rural nos trabalhos comunitá-
Freitas (1996) aponta duas principais vertentes como subsidiando rios, denominada de segunda vertente por Freitas ( 1996, p. 71 ),
o campo de ação das práticas psicossociais em comunidade: uma aparece como uma alternativa aos modelos tradicionais vigentes,
vinda da Educação, e outra decorrente das reflexões ocorridas no revelando uma "insatisfação com o positivismo e adoção da
campo sociológico. Na primeira, "verifica-se que a inserção e a pesquisa participante. Esta provém das críticas que, a partir dos
participação do psicólogo em comunidade aconteceu tendo como anos 50, começaram a ser feitas no campo das Ciências Sociais",
proposta contribuir para a formação de uma consciência política principalmente quanto à rigidez desta área do conhecimento, uma
na população" (p. 70). Desta forma, "a cultura e a educação pas-
sam a ser entendidas como veículos através dos quais podem ser
forjados os processos de conscientização" (p. 71 ). A título de ilustração desta produção artística, podemos citar algumas músicas
populares que tiveram inclusive um papel político no cenário de acontecimen-
O chamado Paradigma da Educação Popular pode ser tos sociais, durante o período da ditadura, no continente latino-americano.
considerado uma expressiva corrente de apoio aos trabalhos Assim, seria impossível não lembrarmos de algumas músicas de Chico
comunitários, englobando um conjunto de ideias políticas e Buarque, uma vez que sua poesia retrata bem questões e temáticas do cotidi-
ano, assim como abordam as relações destes sistemas ditatoriais com a vida
filosóficas que nasceram com os Movimentos de Educação de da sociedade civil, como as composições Construção, Atrás da Porta, Minha
Base e Cultura Popular no final da década de 1950 e início dos História, Apesar de Você, Deus lhe Pague, Angélica e Samba de Orlv, todas
criadas nos anos 1970. Não podemos deixar de citar alguns versos d; música
anos 1960 e que cresceram no interior da resistência popular nos Cálice, em parceria com Gilberto Gil, que se tomou, também, ao lado de
anos 1970 e início dos 1980. Nesse período, a Educação Popular outras, símbolo da sociedade que desejava se pronunciar, mas que permanecia
coloca-se a serviço da sociedade, objetivando um processo de amordaçada pela ditadura e pela ignorância. Como é dificil acordar calado/
Se na calada da noite eu me dano/ Quero lançar um grito desumano/ Que é
conscientização sobre os problemas que dificultam ao cidadão o uma maneira de ser escutado/ Esse silêncio todo me atordoa/ Atordoado eu
exercício digno da cidadania, de forma coletiva e democrática. permaneço atento I Na arquibancada para qualquer momento/ Ver emergir
o monstro da lagoa. Na Argentina, podemos citar a música Sólo le pido a
Dias, de León Gieco e Mercedes Sosa: Sólo le pido a Dias/ Que la guerra
no me sea indiferente / Es un monstro grande y pisa fuerte / Toda la pobre
1 Segundo Lane (1996),já na década de 1940 existiam no Brasil- e em outros inocencia de la gente / Es un monstro grande y pisa fuerte / Toda la pobre
países da América Latina - programas de trabalho comunitário, mas eram inocencia de la gente. No Chile, um dos nomes mais importantes da nova
majoritariamente orientados por uma postura positivista de sociedade, que canção folclórica é Victor Jara e, dentre suas várias composições, citamos
levava a intervenções paternalistas. El pueblo unido, El derecho de vivir em paz e Manifiesto.

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vez que considerava "como uma fonte de erro para a pesquisa realizado em Havana, em 1980, pode ser considerado como
científica qualquer prática que implicasse em transformação da um dos primeiros e importantes fóruns de fomento aos debates
realidade'? (p. 71 ). Esta posição levava à dicotomia entre teoria relativos aos paradigmas dominantes no campo das práticas da
e prática, e à defesa de uma postura de neutralidade e de isenção Psicologia em comunidade, abordando as exigências teóricas e
político-social para o profissional e para o seu trabalho. Entretanto, metodológicas. Segundo Nascimento (2001 ), nesse evento foram
tal concepção não podia mais se sustentar, no mínimo por conta dos identificadas visões de homem e, portanto, diversos tipos de
próprios trabalhos desenvolvidos no campo comunitário, tendo a intervenções na comunidade, tendo estado presentes, também,
participação de diversos profissionais, oriundos de campos distin- trabalhos com práticas paternalistas e assistencialistas. Tal diversi-
tos. As fortes críticas dirigidas às formas tradicionais de trabalhar dade, já presente no início dos anos 1980, apontava para a neces-
em Psicologia decorrem do fato de que seus modelos explicativos sidade de serem demarcados os aspectos teóricos-metodológicos
"se apoiavam no positivismo lógico e no empirismo estrito, não de uma Psicologia Social Crítica, mostrando um tipo de atuação
dando mais conta nem de explicar essas situações da realidade que passou, mais tarde, a ser conhecida como Psicologia Social
latina, e muito menos de indicar caminhos para transformá-las" Comunitária (Nascimento, 200 l; Freitas, 1998a).
(Freitas, 1996, p. 71172).
É neste clima de forte critica ao caráter supostamente neutro
Da Psicologia Social
da prática psicológica que grupos de intelectuais engajaram-se
à Psicologia Social Comunitária
nas lutas populares em prol de unir a atividade científica aos
processos de transformação social. A partir deste cenário de dis- A discussão sobre as relações que existem e podem existir
cussões surgem os primeiros trabalhos em contextos comunitários, entre alguns campos muito próximos na Psicologia, como é o caso
com o objetivo de facilitar a formação de consciência crítica e da Psicologia Social, Comunitária e Política, tem sido intensa e
participação política. Estes passam a ter maior visibilidade atra- prolífica, em especial no início do presente século. Ainda que não
vés de diversos eventos e simpósios que passaram a ser realiza- seja nosso objetivo apresentar aqui uma discussão detalhada so-
dos, especialmente pela ABRA PSO (Associação Brasileira de bre as interinfluências entre tais campos, consideramos relevante
Psicologia Social), tendo como eixo norteador a preocupação de recuperar e sinalizar alguns elementos já sinalizados por outros
aproximação e comprometimento da Psicologia para com a reali- estudos da área.
dade. O Congresso Interamericano sobre Psicologia Comunitária, Encontramos em Campos e Guareschi (2000) a indicação
de haver, no século XX, três demarcações importantes que con-
tribuíram para definir a Psicologia Social atual, incluindo aí a
3 Transformar a realidade é buscar formas na vida concreta que "maximizem Psicologia Social Comunitária. A primeira refere-se à proposta da
uma saúde melhor para a população e esta saúde emana diretamente das pos-
sibilidades reais que esta população possa ter para estudar, co~e~, morar, fa~er
Psicologia das Multidões, nascida na Europa do início do século
cultura, e, pelo menos, para transformar as coisas do seu cot1d1!no, ou s~Ja, apontado como uma resposta específica às indagações colocadas
para trabalhar. Ao poder fazer isto, a vida das pessoas e suas r:laçoes - cons1g_o sobre os movimentos sociais urbanos nas sociedades capitalistas
mesmas com o outro e com o mundo que as cerca - poderao se tornar mais
dignas, ~ais solidárias e eticamente humanas, considerand?-se uma perspectiva modernas. Em segundo lugar, aparece o Modelo da Psicologia
psicossocial de compreensão da realidade humana" (Freitas, 1996, p. 65). da Opinião Pública, derivado das questões colocadas pelo fim-

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cionamento das democracias modernas baseadas na síntese de produto e produtor do meio social, transformando a realidade ao
milhares de pontos de vista individuais. E, por fim, o Modelo da mesmo tempo em que é transformado por ela, sendo uma pro-
sicologia Social Comunitária, baseado no pluralismo cultural e dução societária e, ao mesmo tempo, fazendo da sociedade uma
na ética igualitária que se impôs no final do século XX. produção humana. O campo da Psicologia Social Comunitária
Neste último modelo encontramos uma parte considerável tem utilizado, também, a perspectiva crítica e dialógica dirigida
da produção contemporânea em Psicologia Social na América à reflexão, revelando uma influência do materialismo histórico e
Latina, como se verifica nos congressos realizados pela Sociedad da Escola de Frankfurt.
Interamericana de Psicologia (SIP), em que pelo menos desde 1992 Através desta combinação, não somente o aspecto constru-
observa-se uma expressiva participação dos trabalhos subscritos na tor da ação, mas também a desconstrução das análises de causa
área de Psicologia Comunitária. A partir destes, Montero (1996) e efeito têm aparecido em diferentes trabalhos neste campo. Este
propõe o que passou a ser denominado de Paradigma da Psicologia aspecto aparece, mais recentemente, em Montero (2000), enfati-
Social latino-americana, que nas palavras de Campos e Guareschi zando que, para isso, "é necessário incorporar a ação e a reflexão
(2000, p. 9) é "o paradigma da construção e da transformação a novos atores e ouvir as vozes daqueles que vivem os problemas
crítica, caracterizado pela relação dialógica4 entre o pesquisador e a quem se destinam os programas sociais" (p. 75).
e os sujeitos da pesquisa e pela ênfase na aplicação da ciência à Destacamos, também, que a originalidade da Psicologia
transformação social". Social na perspectiva latino-americana localiza-se no interesse
Dentre os demarcadores desta Psicologia Social Comunitária pelo coletivo e pelas comunidades, no posicionamento social a
latino-americana encontramos o seu caráter ativo e construtor dos favor das minorias oprimidas e dos movimentos sociais, na práxis
"influjos sociales" (Martín-Baró, 1989), tendo a referência históri- visando à transformação social e individual, na incorporação das
ca, crítica e social para as ações a serem implementadas (Freitas, culturas populares, bem como na participação social (Massimi,
1998b; Lane, 1995; Guareschi, 1996), assim como a explicitação 2000). A necessidade do enfrentamento de uma realidade políti-
dos determinantes políticos (Montero, 2000; Lane, 1995). Há uma ca, cultural e social marcada por conflitos, exploração, injustiça
reconhecida influência do construcionismo social de Berger e social, exclusão e miséria do contexto latino-americano definiu
Luckmann ( 1996) para as concepções relativas à produção humana os alicerces sobre os quais desenvolveu-se a Psicologia Social
e formas societárias de existência, presentes na obra A Construção Comunitária. A conjuntura política ditatorial, entre 1960 e 1980,
Social da Realidade, que apresenta a ideia do ser humano como em vários países da América Latina, assim como a reprodução
da Psicologia norte-americana, levou a uma ampla revisão crítica
das teorias desenvolvidas até então (Martins, 2001 ), buscando
4 A ideia de dialogismo ou polifonia foi construída pelo escritor Mikhail Bakhtin,
a construção de uma Psicologia que considera as particularida-
a partir de 1920, no campo da teoria literária e da filosofia da linguagem. O
autor sustenta que a linguagem e o mundo social são, fundamentalmente, di- des nacionais e o momento histórico pelo qual passavam esses
alógicos, isto é, são caracterizados pela interação entre diferentes perspectivas países. Com um eixo baseado no estreitamento da relação entre
e pontos de vista. A abordagem dialógica possibilita, assim, incluir a questão
teoria e prática, o contexto social passou a ser referência obri-
da alteridade na discussão em tomo das Ciências Humanas, quanto ao método,
rigor e científicidade (Amorim, 200 l ). gatória. Atualmente, a inserção e a prática da Psicologia Social

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Comunitária têm sido reconhecidas como nunca aconteceu em como unicamente individuais. A integração deve ocorrer coleti-
sua história de construção, desde o início da década de 1960 vamente, em grupos.
(Freitas, 2001). Enfim, em uma visão abrangente, podemos dizer que a
Tomando-se como referência as conceituações deste Psicologia Social Comunitária trata de um campo de trabalho inter-
campo, observam-se várias formas de se conceituar a Psicologia disciplinar comprometido política e socialmente com o desenvol-
Social Comunitária. Uma das primeiras definições que foi am- vimento de saberes e práticas que possibilitem o estabelecimento
plamente divulgada é a de Montero, afirmando que esta disciplina de relações igualitárias e emancipatórias através da dialógica
constitui a (Campos, 1996). Em diferentes autores (Freitas, 1998; Montero,
2000; Wiesenfeld, 1994; Serrano-García et al.1992, entre outros)
área da Psicologia cujo objeto é o estudo dos fatores psi-
cossociais que permitem desenvolver, fomentar e manter o verifica-se que a interdisciplinaridade é um elemento fundamen-
controle e poder que os indivíduos podem exercer sobre seu tal, pois a disciplina utiliza-se dos conhecimentos da Psicologia,
ambiente individual e social, para solucionar problemas que Sociologia, Antropologia, Serviço Social, dentre outros, que este-
os afetam e lograr mudanças nestes ambientes e na estrutura
jam a serviço da comunidade e que considerem o saber popular.
social ( 1982, p. 16).

Outra definição utilizada é a de Góis ( 1993 ), para quem a


O encontro dos saberes
Psicologia Social Comunitária é uma área da Psicologia Social
que se interessa pela atividade do psiquismo decorrente do modo Como se dá a produção do conhecimento é uma das
de vida no lugar/comunidade. Na visão desse autor, o objetivo questões que a Psicologia Social Comunitária, ao lado de outros
da intervenção psicológica é o desenvolvimento da consciência campos, também busca responder..Scarparo e Bernardes (2000)
dos sujeitos, concebendo-os como históricos e comunitários. Para afirmam que a produção do conhecimento acontece a partir do
tal, trabalha de forma interdisciplinar, facilitando o fortalecimento diálogo entre o saber popular e o acadêmico, bem como no con-
e o desenvolvimento das pessoas, dos grupos e da comunidade. texto nos quais estes se inscrevem.
Além disto, Montero (2000) salienta que Para Montero (2000):
a Psicologia Social Comunitária versa sobre formas es- entre sujeito e objeto não há distância, visto que compõem
pecíficas de relação entre as pessoas unidas por laços de uma mesma realidade e não se tratam de entidades sepa-
identidade construídos em relações historicamente estabe- radas. O sujeito constrói uma realidade, que por sua vez o
lecidas, que por sua vez constroem e delimitam um campo: transforma, o limita e o impulsiona. Ambos estão sendo
a comunidade (p. 79). construídos e desconstruídos continuamente, em um pro-
cesso dinâmico, em constante movimento (p. 75/76).
Serrano-García et al. ( 1992) indicam que a Psicologia Social
Comunitária se propõe a investigar as formas de integração do Jovchelovitch (2000) aprofunda a discussão acerca da

ser humano em sociedade e as formas com que esta integração construção dos saberes sociais fundamentado-se na Teoria das ,11

Representações Sociais. Esta teoria está principalmente preo- l'


tem se alterado ou pode se alterar. Para as autoras, as formas de
integração do ser humano em sociedade não devem ser entendidas cupada em saberes produzidos no e pelo cotidiano e, desta forma,
1
1111

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são apresentadas três dimensões constitutivas de qualquer saber mediante a participação, o fenômeno do qual participamos passa
social: o significado, a comunidade e a cultura. A construção a ser parcialmente nosso, gerando uma relação peculiar do fenô-
simbólica é essencial para entender a sociedade na qual vivemos, meno com o sujeito participante, de tal modo que o participante
completamente mediada, midiada e dependente do simbólico - de transforma o objeto ou o acontecimento do qual participa, e da
uma forma fundamentalmente diferente do que dependia há 50 mesma maneira é por ele, também, modificado.
anos. A autora salienta que a dimensão da comunidade pode ser O nível da participação entre os membros da comunidade
uma grande sociedade, uma instituição, um grupo ou uma vila, irá depender do grau de identificação e compromisso que as pes-
mas que de qualquer forma é delimitada pela cultura, importante soas vão estabelecendo com determinado projeto (Hemández,
elemento que considera os símbolos, as tradições, os compor- 1996 ). Para a autora, conforme o envolvimento, a participação
tamentos, as regras, os modos de viver e fazer as coisas como pode significar uma assistência, uma participação permanente
constitutivos da identidade dos grupos humanos. ou ainda uma participação orgânica. Assistência seria o grau de
Considerando-se os aspectos relativos aos significados da participação da maioria dos membros de um projeto ou de uma
comunidade, assim como a complexidade da vida contemporâ- comunidade e não é caracterizada pelo comprometimento efeti-
nea, é que encontramos também os trabalhos da Psicologia Social vo. A participação permanente exige que se assuma alguma res-
Comunitária que objetivam implicar-se com a comunidade, incor- ponsabilidade, implicando um trabalho em equipe. A participação
porando seus membros em todas as etapas do trabalho comunitário orgânica seria o maior grau de participação, próprio das pessoas
e desenvolvendo as diferentes propostas de intervenção. Montero que se identificam com o programa ou projeto e o assumem como
seus, participando do planejamento à implementação, passando
(2000) lembra que, desta forma, o conhecimento produzido é re-
por avaliações e assim por diante.
lativizado, no sentido de ser específico ao contexto particular do
A participação da comunidade em atividades políticas,
qual emerge, respondendo ao momento e espaço determinados,
culturais, familiares, de bairro etc. produz mobilização da cons-
uma vez que é historicamente produzido e está marcado por seu
ciência a respeito de circunstâncias de vida, transmite padrões de
caráter social.
comportamentos e novas formas de aprender estas circunstân-
Neste sentido, também há consonância com as matrizes
cias, o que Montero (1996) denomina de ação conscientizadora
teóricas de Marx e Gramsci, que se constituem em norteadores
e socializante.
para as práticas de intervenção comunitária, quebrando com a
Assim, a consciência é, por um lado, captação a nível indi-
noção de comunidade passiva e estática. Constatamos, assim, a
vidual da experiência social e pessoal do ser humano e, por outro,
forte influência da Pedagogia, oriunda da Educação Popular, uma
é a captação da consciência e da ação de um grupo ou classe social
vez que a temática central da Psicologia Social Comunitária é a
(Serrano-Garcia et ai., 1992). O desenvolvimento da consciência
conscientização da comunidade. Logo, consideramos oportuno
requer um investimento. A consciência política, por exemplo, e
resgatar os conceitos de participação e consciência.
em especial, requer uma formação contínua, sistemática e per-
A participação pode ser compreendida como fenômeno in- manente, dentro de um compromisso de ação para transformar a
dicador de transformação psicossocial. Segundo Montero ( 1996),
realidade. Desta forma, se assume o desafio da mudança pessoal

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em função das metas que se tem e a pessoa se converte em um estratégias têm o objetivo de coletar informações, identificar
sujeito político (Hemández, 1996). Serrano-García et ai. ( 1992) necessidades do cotidiano da população, detectar modos alter-
acrescentam para a importância do psicólogo social comunitário nativos de enfrentamento e resolução da comunidade em relação
fazer uma compreensão dos fatores que determinam a consciência a seus problemas, discutir coletivamente estratégias e avaliar
e as possibilidades de captação de um projeto social por parte continuamente o trabalho com a comunidade, estando aberto para
dos grupos. reformulações (Freitas, 1998).
O psicólogo inicia com grandes incertezas e desafios e aos
poucos visualiza o potencial da comunidade, percebendo que a
Aspectos relativos ao método e técnicas
comunidade tem padrões diferentes do saber técnico-científico,
A intervenção psicossocial exige reconhecer a heteroge- mas este saber popular tem igualmente a capacidade de assumir
neidade e a dinâmica social, aproveitar e fortalecer as experi- uma postura dialógica de comunicação e propositiva de ações e
ências existentes, promover uma descentralização de recursos estratégias para executá-las.
e necessidades da comunidade, planejar a participação de orga- A Psicologia Social Comunitária utiliza, prioritariamente, a
nismos públicos e privados locais e trabalhar não apenas a nível pesquisa participante, "na qual o pesquisador e os sujeitos da pes-
local, mas também contemplando o âmbito global (Hemández, quisa trabalham juntos na busca de explicações para os problemas
1996). A própria comunidade, apropriando-se de sua história e colocados, bem como no planejamento e execução de programas
reconhecendo suas necessidades, tem condições de encontrar de transformação da realidade vivida" (Campos, 1996, p. 11 ).
internamente recursos e participar das soluções para enfrentar Acreditamos que as necessidades da população são os
sua problemática. aspectos que devem orientar os caminhos para a prática do
A articulação da população e dos técnicos potencializa os psicólogo, implicando na construção conjunta de alternativas e
resultados desejados no trabalho em comunidade, implicando ações, de forma que a população aproprie-se de seu cotidiano,
amadurecimento, esforço e compreensão. Esta interação é um da sua problemática e do processo de lidar com ela. Os processos
processo que pode ocorrer com mais ou menos obstáculos, mas sustentados em relações participativas, solidárias e éticas contri-
favorece o desenvolvimento local, bem como o desenvolvimento buem para o desenvolvimento de uma consciência crítica e da
subjetivo de todas as pessoas que participam. Nesse sentido, o autonomia da comunidade.
espaço para o desenvolvimento local constitui-se na medida em A trajetória de constituição deste campo de atuação pro-
que a comunidade for compreendida como âmbito de participação piciou um enfrentamento filosófico e metodológico com grande
(Hemández, 1996). parte das perspectivas psicológicas tradicionais, fundadas em
O processo de inserção do psicólogo na comunidade depen- cosmovisões individualistas, com ênfase na suposta neutralidade
de de contatos, agentes intermediários, tentativas de conquistar científica. Este enfrentamento aponta para a proposição de uma
espaço e confiança. O processo contínuo de interações inclui Psicologia Social Crítica e Histórica: falar do fenômeno psico-
entrevistas, conversas informais, visitas, registros de observações, lógico implica falar da sociedade, historicamente construída
recuperação da história, resgate de documentos e encontros. As (Martín-Baró, 1989; Montero, 1996).

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Embora o campo da Psicologia Social Comunitária, nos Neste sentido, um dos desafios da Psicologia Social Comunitária
aspectos teórico-metodológicos, tenha conquistado importante é avançar na produção de conhecimento, tomando a práxis dos
espaço na atualidade, dentro e fora da academia, o que podemos psicólogos na assistência social como lócus de investigação e pro-
afirmar é que esta prática encontra-se em processo de consoli- blematização. Um alerta importante está no documento intitulado
dação, inclusive junto às políticas públicas dos diversos setores. "Parâmetros para atuação de assistentes sociais e psicólogos(as)
Lembremos que a possibilidade de plena participação da socieda- na Política de Assistência Social" (2007): "as práticas psicológicas
de civil na gestão das políticas públicas ainda é recente no país.
não devem categorizar, patologizar e objetificar a classe trabalha-
dora, mas buscar compreender os processos estudando as parti-
Se tomarmos como exemplo a Constituição Federal de 1988,
cularidades e circunstâncias em que ocorrem" (p. 23). No sentido
veremos que esta também trouxe mudança para a concepção de
propositivo consta a promoção da autonomia das famílias e seus
Assistência Social, uma vez que esta passa a constituir, junta-
membros, além de salientar que o profissional da Psicologia tem
mente com a Saúde e a Previdência Social, a base da Seguridade
a contribuir à medida que foi partícipe da Reforma Psiquiátrica
Social, notadamente inspirada na noção de Estado de Bem-Estar
e aponta o Código de Ética profissional para destacar que "toda
Social. Neste sentido, se a articulação entre políticas públicas de
profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca
saúde e Psicologia é recente, o território da assistência social está
atender demandas sociais" (p. 31 ). Para reiterar tal compromisso
se constituindo e, embora o psicólogo pouco tenha participado das
são elencadas as diretrizes nacionais curriculares para a formação
discussões, centradas no profissional do serviço social, o profissio-
em Psicologia.
nal da Psicologia está previsto na equipe mínima dos Centros de
Para finalizar, trazemos para este cenário a nossa prática
Referência da Assistência Social (CRAS), onde a ação principal
da docência. Vemos que a formação acadêmica, muitas vezes,
desenvolve-se através do Programa de Atenção Integral à Família
ainda privilegia o conhecimento técnico-científico, utilizando-se
(PAIF), principal estratégia do Sistema Único da Assistência de concepções e práticas avaliativas e adaptacionistas. Trabalhar
Social (SUAS). Este é endereçado para as famílias em situação com políticas públicas exige pensar a partir do lugar do outro,
de vulnerabilidade social e tem como perspectiva o fortalecimento e não apenas reproduzir conhecimentos ou aprender técnicas;
de vínculos familiares e comunitários. implica em sensibilizar para tópicos (pouco contemplados na
Se a assistência social é uma política pública de proteção academia) como assistência social, direitos humanos, cidadania,
social articulada a outras políticas voltadas à garantia de direitos movimentos sociais e entidades de classe. O desafio é articular a
e de condições dignas de vida, então um território de atuação para dimensão política na formação acadêmica e, consequentemente,
o psicólogo está instituído nesse campo, embora não contemos nas práticas profissionais, pois são indissociáveis.
com estudos5 que analisem as práticas dos psicólogos nos CRAS.

5 Na área da Psicologia encontramos uma tese e uma dissertação. Na primeira, Crítica. Na segunda, a partir do referencial psicanalítico, Scarparo (2008) ins-
Botarelli (2008) analisou a inserção dos psicólogos em políticas de proteção tigou a reflexão sobre os aspectos clínicos, sociais e institucionais envolvidos
social, utilizando-se de aporte teórico e metodológico da Psicologia Social na especificidade do atendimento à família na assistência social.

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