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MINITÉRIO DA EDUCAÇÃO

“Poda em Frutíferas:
ênfase no manejo para a Poda em Frutíferas
cultura da goiabeira”

Prof. Márcio Cleber de M. Corrêa


Universidade Federal do Ceará

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DEFINIÇÃO: OBJETIVOS DA PODA EM FRUTÍFERAS:

 Favorecer a obtenção e manutenção de...


Por definição: A “PODA” consiste na  Plantas “sadias”
• Pela eliminação de ramos doentes e quebrados;
eliminação de parte dos ramos vegetativos e,
• Pelo maior arejamento e insolação no interior da copa;
• Pela maior facilidade de tratos fitossanitários (pragas e
ou reprodutivos da planta, visando uma forma doenças) em plantas de porte mais baixo.

 Plantas com “tamanho” adequado


e produção adequadas à finalidade desejada
• Maior facilidade nos tratos culturais: realização da
própria poda, colheita, desbaste e ensacamento de frutos,
(frutos para consumo de mesa, frutos para indústria, tratos fitossanitários etc..

...)  Regularização da produção


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• Possibilidade de determinar a época de colheita e,
Fruticultura - Fitotecnia/CCA/UFC – Prof. Márcio Cleber De Medeiros Corrêa 02/04/2017 assim, poder colher o ano todo.

PRINCÍPIOS FISIOLÓGICOS E
3) A circulação da seiva será tanto mais intensa
ANATÔMICOS DA PODA: quanto mais retilíneo for o ramo:

1) A rápida circulação da seiva no ramo  Ramos RETILÍNEOS  mais RÁPIDA circulação da


favorece o desenvolvimento vegetativo, seiva no ramo.
enquanto a circulação lenta estimula o  Ramos CURVILÍNEOS  mais LENTA circulação da
florescimento e frutificação (produção); seiva.

2) A velocidade da seiva no interior da planta


depende do seu estado fisiológico, então: 4) Ramos em posição vertical favorecem a
 Plantas apresentando “intenso” crescimento velocidade da seiva;
vegetativo têm mais RÁPIDA circulação de seiva nos
 Ramos VERTICAIS  mais RÁPIDA circulação da
ramos.
seiva.
 Plantas apresentando “intenso” FLORESCIMENTO 5 6
 Ramos HORIZONTAIS  mais LENTA circulação da
têm mais LENTA circulação de seiva nos ramos.
seiva.

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7) O desbaste de ramos secundários estimula a
5) Há um DIRECIONAMENTO preferencial da dominância apical (auxinas vs. citoquininas).
seiva (fotoassimilados) para as PARTES ALTAS e
ILUMINADAS da copa:
 Ramos MAIS ALTOS e ILUMINADOS  recebem MAIS
8) Por outro lado, o encurtamento do ramo
SEIVA (porém, em seguida há uma redistribuição). favorece o aparecimento de brotações laterais
 há quebra da dominância apical.

6) Quanto mais AMPLA a INSERÇÃO do ramo na


planta, MAIOR A CIRCULAÇÃO DE SEIVA nele: 9) Quanto MAIS SEVERA a poda num ramo,
MAIOR O VIGOR da brotação resultante.
 E maior o “suprimento” para o ramo.
 Quanto + SEVERA a poda  maior a eliminação de
reservas (fotoassimilados armazenados).
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10) O crescimento adicional na planta podada


NÃO compensa a porção retirada. 13) Um só ramo por ponto de inserção na planta
torna-o MAIS RESISTENTE.

11) Relação entre Parte Aérea e Raiz:


14) O vigor e a produtividade de uma planta
 Há sempre a tendência de manter a
variam com o clima, solo e outras condições
proporcionalidade entre Parte Aérea e Raiz;
locais.
 Quando faz poda na parte aérea  Há uma
consequente redução no Sistema Radicular.

12) Ramos em ângulo agudo (com menos de 90°)


são MAIS FRACOS. 9 10

RESUMINDO E JUNTANDO AS INFORMAÇÕES...

 Um método de Poda não pode deixar


de levar em conta fatores como: O vigor, a fertilidade e o equilíbrio
 As Diferentes Arquiteturas das Cultivares;
das plantas são os fatores que
 Condições Climáticas Locais;
primeiro devem ser observados
 Fisiologia e Biologia da Planta
 Princípios Fisiológicos da Poda na decisão de uma poda...
 Manejo e Vigor da Planta.
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O vigor dos ramos é função da posição
e inclinação dos mesmos na planta:  Quanto + severa a poda num ramo, maior é o seu
vigor na brotação (semelhante a uma adubação
 Os ramos superiores e, ou verticais são mais nitrogenada);
robustos (vigorosos) que os inclinados, e
estes, por sua vez, mais vigorosos que os  O aumento do diâmetro do tronco está em relação
horizontais; inversa à intensidade da poda;

 Brotos verticais serão principalmente  A poda curta (drástica) é indicada para ramos e
vegetativos e muito vigorosos (pois árvores debilitados, e, a poda + longa (leve) para
apresentam maior velocidade de seiva), ramos e árvores vigorosos.
enquanto ramos inclinados ou horizontais têm  Regra geral (deve ser avaliada em cada situação):
mais tendência a originar flores e frutos
 “Poda Curta” (em coroa)  Ramos com D < lápis.
(apresentam menor velocidade da seiva);
 “Poda Média” (em esporão)  Ramos c/ D = lápis.
 Nos ramos mais fracos o fluxo de seiva tende a
cessar (e o ramo seca); 13  “Poda Longa” (em Vara ou desponte)  14
Ramos c/ D > lápis.

Afertilidade das plantas é a tendência da


árvore a produzir frutos e pode variar  A circulação rápida da seiva tende a favorecer o
desenvolvimento vegetativo, enquanto a lenta, ramos
entre cultivares da mesma espécie e entre frutíferos.
indivíduos da mesma cultivar:  A seiva, devido à fotossíntese, tende a dirigir-se aos ramos
mais expostos à luz do que àqueles submetidos à sombra.
 A fertilidade é, em geral, inversa ao vigor:
 Assim, vemos árvores raquíticas cobertas de flores
e frutos, em tal quantidade que não chegam a  Equilíbrio:
a poda permite manter a árvore
amadurecer porque a árvore não pode mantê-los.
dentro de um espaço pré-estabelecido, e que
 A poda drástica retarda a frutificação. todas as suas partes se desenvolvam
 As funções reprodutivas e vegetativas são harmonicamente, mantendo o equilíbrio e
antagônicas; permitindo que a planta frutifique com
 A frutificação é uma consequência da acumulação de regularidade.
carbohidratos, que é maior em ramos novos e finos do 15 16
que nos velhos e grossos.

ARQUITETURA DE ALGUMAS CULTIVARES


 Antagonismoentre vigor vegetativo e a
DE GOIABEIRAS:
intensidade de florescimento em mangueira:
 Goiabeiras com hábito de
crescimento horizontal: ‘Paluma’,
‘Século XXI’, ‘Kumagai’ e ‘Ogawa’.

 Cultivares com hábito de


crescimento vertical: ‘Pedro Sato’,
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‘Sassaoka’, ‘Tailandesa’. 18

Fotos: F. Ildênia de B. Mendes, UFC, Quixeré-CE, 2014.

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 PODA DE FORMAÇÃO:
Tipos de Poda na Goiabeira
 Objetivo:
Construir no menor espaço de tempo
possível, um esqueleto de acordo com uma
 Poda de Formação; forma pré-definida, forte e equilibrada, capaz
de suportar a máxima produção da planta.
 Poda de Frutificação;
 Para a Goiaba:
 Poda de Limpeza. Busca-se PORTE BAIXO e formato de
TAÇA ABERTA.
 Essa forma facilita o manejo das plantas
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(+barato e +fácil Controle Fitoss.) 20

 Procedimentos para poda de formação:


 Procedimentos para poda de formação:
2ª fase:
1ª fase: Deixar 3 a 5 ramos laterais, bem
Quando o Ramo principal atingir ±1m  distribuídos (a partir de ±25 cm de altura,
cortá-lo a ±50-60 cm de altura no eixo principal);
Local onde foi feito o
(ponto do corte = marrom, lenhoso); corte na 1ª fase da
poda de formação

corte

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Ramos abaixo de 25
cm  Retirados.

 Procedimentos para poda de formação:


RESUMO DA 2ª FASE DA PODA DE FORMAÇÃO:
2ª fase (cont.):
Despontar os ramos secundários quando
atingirem ±80 cm decomprimento;
Vista de cima
Realizar Desbrota sempre que necessário;
Conduzir os ramos primários em forma de
Taça Aberta.
Desponte das pernadas (ramos
secundários) a ±80cm

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PLANTA EM FORMAÇÃO PLANTA EM FORMAÇÃO
Formação em 4 pernadas (ramos secundários) Pernadas formadas em alturas diferentes

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Aparício Sextus, Emater-CE


Aparício Sextus, Emater-CE

Planta mal formada.

 PODA DE FRUTIFICAÇÃO:

É feita simultaneamente à Poda de


Formação, principalmente no 2o e 3o
anos após o plantio:
 devido a precocidade da cultura

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A goiabeira produz em ramos novos, com


crescimento MODERADO, assim, a poda de
frutificação consiste no ENCURTAMENTO* dos  Tipos de Podas de Frutificação
ramos que já produziram p Gerar Ramos novos
(ou Podas de Produção):
* Tipos de encurtamentos de ramos:
1) “Poda de Frutificação Contínua”;
a) Desponte;
b) Poda em Vara (10-20cm); 2) “Poda de Frutificação de Verão”
ou “de 2a Safra”;
c) Poda em Esporão (4-6cm);
d) Poda à Coroa (cordão de gemas); 3) “Poda de Frutificação Total”.
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e) Desbrota (rente, não deixa gemas).

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1. “Poda de Frutificação Contínua”: 2. “Poda de Frutificação de Verão”
ou “de 2a Safra”:
Consiste em constantes repasses
Por ocasião do desbaste de frutos, deixam-
no pomar para realização do encurtamento se de 6 a 10 pares de folhas por ramo que
está produzindo, para estimular novas
dos ramos que já produziram,
brotações e uma nova safra.
respeitando sempre ±30 dias (“descanso”)
Também pode ser feito só o desponte dos
após a colheita dos frutos nesses ramos. ramos (deixando 5 a 6 pares de folhas acima
do último fruto no ramo).
Obs: Esse tipo de poda de produção é
praticado só em Pomares cujos frutos são Obs: Não convém para plantas em sistema
destinados ao consumo de mesa. 31 de poda total  exaustão das plantas. 32

RAMOS PODADOS PARA 2ª SAFRA


Nova brotação, cerca Nova brotação, cerca
de 21 dias após a de 21 dias após a
poda de “2ª safra”. poda de “2ª safra”.

Ponto onde foi


feito o encurta-
mento do ramo.

Fruto ainda em
Fruto ainda em Ponto onde foi
desenvolvimento no feito o encurta-
desenvolvimento no ramo já podado para
ramo já podado para mento do ramo.
a “2ª safra”.
a “2ª safra”.

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Importante respeitar,
3. “Poda de Frutificação Total”.
pelo menos,
Consiste no encurtamento simultâneo
de todos os ramos que produziram na 30 dias após o fim da colheita
última safra.

Cuidados:
para realizar a poda de
• Evitar deixar a planta totamente desfolhada frutificação total
 Fotossíntese e Sol;
• Irrigar após a poda caso seja na época seca.

Obs: Pode escalonar talhões para colher “DESCANSO da planta para


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durante vários meses no ano (20 em 20 dias).
reposição das sua reservas”

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 PODA DE LIMPEZA:  Regras para sequência lógica na realização
das “Podas de Limpeza/Frutificação”:
 Objetivo:
Retirar Ramos Doentes, Quebrados, 1) Remover os ramos Quebrados, Mortos, e
Cruzados, Mal Direcionados (baixo, Doentes;
centro), Ladrões. 2) Remover ramos “Ladrões”;
3) Ramos encostados um no outro (atrito);
4) Ramos que crescem em direção ao centro
Na prática, a poda de limpeza é, da planta (para abrir a copa) ou que
crescem para baixo (geralmente
normalmente, realizada junto com a improdutivos);
poda de frutificação. 5) Observar o Equilíbrio entre as funções
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Reprodutivas e Vegetativas da planta.

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41 42

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Aparício Sextus, Emater-CE

Aparício Sextus, Emater-CE

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Pomar ao final do ciclo produtivo, antes da poda anual
de produção e limpeza (espaçamento 7m x 5m).

Realização da poda anual de produção e limpeza, cerca de três


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meses após encerramento da colheita.

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Aparício Sextus, Emater-CE

Cuidados após a poda:


Há dois Fatores Principais que
 Fazer a aplicação de uma pasta ou uma Interferem no Sucesso da Poda de
calda de fungicida a base de cobre nas partes
Frutificação em Goiabeiras:
feridas para evitar a invasão de organismos
1. “Época de Realização da Poda”:
causadores de doenças e podridões.
 “Luminosidade/Nebulosidade”,
“Chuvas”, “Seca”, “Frio”, “Calor”.
 Nos pomares submetidos a poda total,
recomenda-se a sua pulverização
2. “Intensidade da Poda”:
 Longa (Desponte).
imediatamente após o término da operação
 Média (Vara).
com calda sulfocálcica, na diluição
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 Curta (Esporão, Coroa ou Desbrota).
de 1 L de calda para 8 L de água.

Para determinar a Época da Poda


Para determinar a Intensidade
deve-se levar em conta:
de Poda devemos levar em conta:
- Ciclo Produtivo (da poda até a colheita):
- ±180 a 240 dias (Sudeste do Brasil)  Vigor da Planta (se a cultivar é naturalmente
- ±150 a 180 dias (Ceará - Baixo Acaraú) mais ou menos vigorosa).

- Florescimento Natural da cultura:  Clima Local (temperaturas médias,


- Ocorre no início da estação chuvosa. luminosidade: interferem no vigor da planta).

 Manejo da Cultura (irrigação, adubação;


- Safra natural:
sanidade: interferem no vigor da planta).
- Nas principais regiões produtoras do País é
no 1º semestre (preços +baixos).
 Destino da Produção (indústria ou mesa).
- Poda em período frio e/ou sem água:  Vigor do Ramo a ser Podado (fraco ou forte). 54
há maior risco de falhas na rebrotação.

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FOCO na PLANTA como um todo:

Quanto melhor for a condição para a planta se desenvolver,


mais leve deverá ser a poda.

FOCO em cada RAMO a ser podado:

Quanto maior for o diâmetro do ramo,


mais leve deverá ser a poda.

1- Ramos Grossos: fazer “poda longa” só DESPONTE.

2- Ramos “Lápis”: “poda média” (em VARA);

3- Ramos mais finos que um lápis: “poda curta”


(em ESPORÃO, COROA ou DESBROTA).
RAMO DE CRESCIMENTO ORIGINAL
Foto: I. Melo, Incaper-ES.

PODA MÉDIA
PODA LONGA ou LEVE
(Realização de encurtamento do
(Encurtamento do ramo com
ramo em “VARA”)
realização apenas do “DESPONTE”)
Foto: I. Melo, Incaper-ES. Foto: I. Melo, Incaper-ES.

PODA CURTA ou
DRÁSTICA
PODA CURTA ou DRÁSTICA (Encurtamento do
(Realização de encurtamento do ramo em “COROA”)
ramo em “COROA”: ± 1cm)
Foto: I. Melo, Incaper-ES.

Foto: I. Melo, Incaper-ES. Foto: I. Melo, Incaper-ES. Foto: I. Melo, Incaper-ES.

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PODA DRÁSTICA PODA LONGA

Foto: I. Melo, Incaper-ES. Foto: I. Melo, Incaper-ES.

PODA LONGA

Márcio Cleber de Medeiros Corrêa


Engº Agrº, Professor do Depto. de Fitotecnia /
Universidade Federal do Ceará

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Foto: I. Melo, Incaper-ES.

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