Você está na página 1de 16
Copyright Paulus © 2009 Direc eta, {elfen Ton Coordengto eto Valse de Caso. Produc etal AGM Artes Gracas Imagem ds apa sxe Impresito eacabamento PAULUS Dados internaconas de Catalogo na Publica (IP) (CBrmara Brasilien do Livro, 3 ras (Gin, Seg Lie Interests ruzados: 2 produao da tra na oma brasil / Seg Lie Gad ~ S30 Paulo Pau, 2008 ~ (Colao comincao) Bogan ISBN 578-85 249-2050-8 1. Comuncado ~ Aspects socals 2. Comuniagto «cultura 3.Jomais LT. I. Tula produto da ctr no namo bras. sé 09.03028 00-070 49306, indies para catalogo tematic; — Z 1 oealsmo cut 070.449306 PAULUS - 2008 Rua Francsco Cruz, 229 (4117-001 S30 Pou rash Tek (11) 5084-3066 Fe (11) 5579-3627 wpa com.be editorial@pauts com br ISBN 978-85-349-3059.8 Agradecimentos A fata Gadini, em especial 3 dona Lacil, pela ous © incansivel post num Outeo Mundo Posive! A Capes (Coordenaio de Aperfeigoamento de Pessoal de Nivel Supetit), que, pelo PICDT (Programa Insiracional de Capaciasto Docente¢ Tecnica), pssiblitou a reliago da pesquisa de dourorado ie qual ese liveo€ um resuleado parca. A Universidade Estadual de Pooea Gross, que me libero das ‘eividadesletvas no perodo em que cure! 0 dourorado. Ey fartcularmente, at Colegas Jo Departamento de Comonicaio, ‘tu, mesmo com divergEncas pontuas, apostam au Projo coletivo ao Curso de Jornalismo da UEPG. ‘Ao professor Joné Lax Brags, orientador da pesquisa que resultou ‘esa plicgSo. Os momentos de didlogo eiterlocuso deixaram Sima lembrangas de ma convivéacia sempre cordial. A mesma ftidio€exensiv aos proesore extudantes da pO Beaduacto fim comonicaguo de Uniting (RS), pla cori comviveni A todos os colegs profstonss, entreviseados, editors, eeptees, produtores culeuss, sritores litres on uauros dos bens, produtos Eu services cltuais que se dspuseram a ouvir, coments, responder “questions on lieu tempo precio de suas aividades ‘Sridianas pars que eat eatudoseronasse defens4vel. Meu ageadecimenco especial aos editors dos cadernos ue integram ‘amos da pesquisa que, mesmo fo ciadosexplictamene ‘gor diversas preocupagh), encontarum um tempo vloroso par dar Soa importante contibuiao. A todo, meu since agr4derimento ‘os estdantes de Joraltao da UEPG, muitos dos ausis twando ‘to campo joraleco, por runsformarem muitas wus prstgiado eager de dilogo, com eventias esdobramentos {ago pollecac cultural or im, # dos of stores sci que ededicam as dispuas no campo cultural conso um espago de lta pela cidade melhores condigoes de vida. nesses cau ‘mentado sua média de piginas publicadas com mais variado suplementos, 0 que se entendia como papel e contribuigio jornalismo impresso brasileiro — em especial ao longo do sé XX - jd nllo pode ser reconhecido como o mesmo neste pals. O ssuplementos, hoje, para além de informar, discutir e até esclaree¢ sobre determinados assuntos, parecem atender fundamencalmen a0 seu caréter de servigo e de legitimador de valores, modos pensar e comportamentos de consumo jé despertados ¢ propagad por outros espagos mididticos, especialmente pela televisio., ‘O que se verifica em muitos cadernos culeurais — onde a agen «08 assuntos televisivos ocupam boa parce das piginas disrias —1 pparte assim de um sistema miditico, cada vez mais integrado, parece limitar 0s jornais impressos a uma Fungio legitimadora o cde manutengio de uma “cultura de TV", onde pouco ainda se de jornalismo propriamente dito, como informagao, debate p co, reportagem e pluralidade, por exemplo. ‘Varios suplementos de fim de semana, no muito diferentes cadernos didtios (conforme se pode verificar pela andlise da desta pesquisa), se tornaram em muitos casos um espaco (nobte pois sempre selerivo e ainda prestigiado) de roteiro, servigo, dades e lazer, restando pouco do que em alguns casos se t compreender como producio jornalistica (singular, acual, plural universal) do conhecimento humano. 53 abel Tavancas cond apts contatar que alguns suplements pernanecem em ‘meno no regvando veo, que sus anueno deve prinpalmente aun Siipic er wos de imagem do joal pre ose etx” 20, p15. ‘ALEM DA INFORMAGAO E DO CONSUMO © jornaismo cultural como sinrimo de intrpretacdoe crtica Dapuis do dircitea ria, £0 dirte a eitiaro dom mais vaio (que liberdade de omcamente de expres pad fore.” Viadimie Nabokow ‘em critica cultural. Jése tornou tazoavelmente aceita a ideia de que o jornalismo nao se restringe ao ato de informar, com precisio e objetividade, determinado acontecimento — base da con- Cepcio, tio questionavel, do jornalismo com espelho da ralidade ‘Assim como a concepcio de jornalismo que orienta este livro~ pat tada pela sua compreensio como um campo social marcado por tensbes¢ interagbes das diferentes vozes que consttuem 0 «spas sociale co processo de produgio implica selgioe interpreta do que € ou nio noticiével ~, eambém a noco de critica' implica jul- gamento, interpretacio basead: jue comprovern F= em jornalismo cultural é falar, direta ou indiretamente, [Tamalogcamene a plea “oft” ver do ree “rnin” = “lgar” Yates de un lgsmentovefleo eno deteminate, que supe vores cosesuas, METO que PO ‘ibros tse corer ndo signa adeso imeata ese ros, mas, sobre, Ue ao pode Raver ca em un canto de aloes ettiosecenhecidose egitmados un Bee de refer Lea Parone Mots, ts trate evar nacbracriel \Seexctresmodemas. 50 Pau Compania das Leva, 1988) camp 530) InTERESSEScRUZADOS ‘nM OA NFORMAGAO EDO CONSUNO 242 cera autordade em determinado assunco. Tal concepei norceou a atividade critica até o inal do século XIX, “A partic do século XX acrftca se fesicingiv 8 explicagio ou anilise de uma obra, pautada, na maiotia dos casos, por critéios Fajaiodr que Ou or um vag sense comum supose ihad pelo interlocutor.” Note-e, ainda, que no con- texto das sociedades contemporines, tanto ese ros quanto ‘senso comum nao esto dissociados do carter mercadol6gico que e condic idades culeurais & nesse sentido, segundo Perrone-Moisés (1998, p. 204), que a abundinca de informagbes e de producbes culturas, possi biltada pelas teenologias de comunicacio, nao permite, 20 usuario, nenhuma selecéo real; a perecbilidade quase imediata ‘das mesmas impede qualquer visa de conjunto € qualquer crtica [num sentido mais amplo}” Decorse dat que a crftica também nfo se dissocia da divulgagio 2Tlnja Perera Mos wpa exe mutanca nos pardmetos da cca como ua ds Sequtncas do modem qu, 20 quesna’e aba os ise eras sca ue a feta chertaam a aviade cia esercadearam owlaizaco da ruptree de Sle ‘uma intensdade evel ta que, “aboldos todos 0 cdg, feou eneanto UM trandoment: cnr 0 cig" (der p16). Os alors ects pasa a et tira questo de gosto ede sca, consti9ios, na mai es ves, de ferme subtiae “adoce que peemanecem inlets 5. Com base nasefletes de Pre Bowe, 2 nao de campo cut ¢ a omreend dacomo uma exer ei ues singe dos demas expos pel extn de especie 9. £0 caso de dicsso fete pox Dla Buon. “Apes de estar inser no univers da cota, tenders a conser aac ua regen ctrl mas aperrada te i seria a cut do da ad, ena cbjetiosexetia, eters, ang, ene os ‘onceos de avo, pla, prods, cel. € vos epic rca deserts ‘Ssuos expects hstércose cos. Consuls ua cra da itera, d mise, ‘ds artes psa, do teatoe, mas mademamente do crema. Para muitos un coneetd. ‘onteporneo deal ctr deve abranger im unneo ample de prs le 80 se estge as artes consaradas ou ds artes de massa, Asm, quaditos, cali ane ‘estates egies, afte, pabapsna arate, otal, roeos den, boris, \ieogames, tudo psi de ser objeto do nals cua. Toda a arts canst asada serve de efetncia quando sf em jamal ctrl (Buon. . 58, ‘ALE DA NFORMAAD 00 CONSUMO 247 de mio tinica ou consenso pleno. O que hé, evidentemente, é uma constante tentativa, em especial advinda das diretrizes de produgio industrial, de padronizacio dos gostos, valores e modos de pensar: ‘uma hegemonia relativa, em outros termos. E € nesse contexto que ‘0 produto jornal ocupa e exerce seu “lugar de fala”. 1. REFERENCIAS DE UMA CONSTRUGAO HISTORICA “A Hist6ria nio pode divorciar-se da critica ¢ critica significa uma referéncia constance a um sistema de valores”, hist6rica € socialmente constituido, Assim, a critica moderna nio pode ser dissociada da urbanizagio, da 0 ddo papel do Estado, da expansio da alfabetizacio, do crescimento os expagos dedicados Ws atividades culturais, enre outros facos IilstGricos que marcam a passagem do século XVIII para o século XIX. Nese momento, em que os jornais jf existiam em franca proliferagio, pelo menos nas cidades mais povoadas, aumenta tam- bém a demanda pela apreciacio leiga das artes: Nas instituigdes da erica de arte, da crtca ierdia, teatral € musical é que se organiza ojlgamento leigo public ja chegado | ’3 majoridade ou que suponha ter chegado a ela. nova protissso {que cortesponde a isso recebe, no jargao da épaca, o nome de “arbtro das artes". O “xbiro” assume uma tarefa data pe- ‘cular ele se entende a0 mesmo tempo como mandatério do paibic e como seu pedagogo (Habermas, 1984, p. 57). ‘A critica comece a ter maior visibilidade, deixando 0s limites dos restritos cfrulos nobres para assumir sbierva ‘elfoxio feita por Habermas ~ o cariter “educativo" que vai tencar desempenhar, a partic de entio, ¢ ganha as ruxs; peineipatmente 1 den uz Bog. “Lupa de fa come conceto metodo esto de prods cl tures" in Midas roeso occu, eo Leopoldo, Unsnas, 200, p. 159188 11, Welk spud ern Moses, op. p20, omngco, ents cauzao0s 248 acravés dos periddicos que passam a compor o emergence mercado lieerério e das artes em geral.!* Nas palavras de Habermas: ‘Assim que a imprensa passa a assumirfuncbes ciicas, a escre- vinhagao de noticias avanca, tornando-se um jornalsmo liters fi. A origem deste a partir da conversacao argumentatva em sociedade est4 na tara dos antigosjornais, que se autodenomi- nam Conversacdes Mensais, Entretenimentos Mensas ete,” AA passagem ou conquista de espaco para critica culeural nos perisdicos didtios vai se dar de forma gradual, um pouco ao ritmo. das demandas e da emergéncia de piblicos consumidores, associa= ddo ao forcalecimento das cidades ¢ da prépria inddstria cultural. Attica em jornais divios fxou-se apenas a partir do século XIX. emibora andncios de concertos aparecessem desde o final do século XVI, nos primeirs periédicos gerais, especialmente 1na Inglaterra” (Cavalhero Filho, 1996, p. 8) Note-se que, nesse mesmo periodo, a imprensa brasileira nase cia, nio 6 inspirada, mas literalmente feita nos moldes ingleses, ‘sob a égide do pensamento e da difusio do conhecimento” (Dines, 2001, p. 2); portanto, com uma proposta marcadamente pedagé- _gica e numa intima relagio com a critica literdria."™ 12. “Os jonas consaarado a arte 8 rica cultural so como instumentos da cris de arte rsiteconalada, ciagbes tics do seu NVI” abermas, 1984, p58) 13. ide. 303. 14.0 ore raise, pinto vel digi 2 pico basi, a cuente seus ca tore aos de erst eo, edad e mre ranger, por su fundador ito Costa sto do jornal, Armazém Utero, ja inca segundo Dies,» propos pedagia do jal: “Ltr aun deve Sr entenddo no seo dale, as as des, de td gal qu est cantons os 10 jal pretend for ete apace essumit nucle cotes0 que, nos 308 aes aererts, «see mera na mas cone {absurd (Aber Dies. “0 prada Hata = Ai eo Bt do sco 0 “ert epresentad opal O pace a mila na prparaéo do Sol pr sé 21. hd Anna Oxford Glbo Conference. Oxf Cente fer Brain Stes da Unersiade de (sor, 21-22 de mai de 201, p. 2. Dsponvel em cto tau asenatorodompresa combr>. eso em 2782002. ALEM DA INFORMAGAO EDO CONSUMO 249 “Como 0 piiblico letrado das cidades era 0 pablico dos jornais dlrios e outros peri6dicos que, mesmo de cunho politico, quase sem- pre abrigavam temas literdtios", Duleflia Buironi observa que isso fez que a literatura tenha se tornado “a mae da critica cultural publi- cada” (2000, p-59). Nesse mesmo sentido, Dines afirma que se forjou ‘no Brasil uma tradigio jornalistica ‘onde se combinam informacdo e cultura, Nos séculos XIK€ os mares alerts das nossas tas anstaram de ium or ma pelojornalsmo, enquanto que as figuras mais ulgurantes joxnalsmo foram também homens de letras (Dines, 2001, p. 3). io cunt embrat quem su histria da misc, José Ramos “inosine pitas pre pensar qo, 0 mena no Bras pies também aaguteimporane contigo na ormaio€ france de om pablo cnumidr deem, Cm ‘Sey apeue de prowess camer no sEclo XIK, a prin ude cermor bans e pablo, va se poste fala taco ern clara opislguins dcadas mais tare SE nds signteativ a pac do nos 1930." TE Tab Rares TR sci aap si: de to 159, - - 16 A dcaso be ait econo ata psn galanin ‘Simca moot tes - anda goose ane, ri rn ono estan ee ctl ‘SnSogserae goons wpa «nur cep nda a Se "cna romeo fot, demote na daha, nose Sesto Terr Ora Re, rede ler i on Ba Tsoi ps ou pes“ or ars 30, ro hea pene ero Pe ‘Guten ers oot ete pine ane Wiggs ui ans la at wpe mato gece ongeen sere BES SES eres terrae ayes chins baer trou ge oP As acct rvenenacn pacar em apo mundane Totate apts enero cer ara ro ero an ae Geeta simpen orp mse ree eo Tino Rows bens se ebro rar ono eT ais pen eras co eon scans emia comungcgo Ierssescruzanos 250 [tM OR INFORMAGAO EDO CONSUIMO 2. CONTEMPORANEIDADE, CRITICA DA CULTURA MULTITRANSVERSAL E HOMOGENEA ‘Ap6s a Segunda Guerra Mundial, duas imporeancs transfor snacies, intimamenteTigadas, marcam tanto ojarnalismo quanco ‘cultura brasileira: #adogio do modelo ameriano como parime- {0 para a producto jornalistica e a emergéncia de um meréadore culeua de consumo no pats. Consequentemente comega af una progressiva separcio entre a lterarua eo jomalfsmo que se “pro. Sesionaita", ns eermos da indsra cultural, pasedo a ateade ica a ceder espaco para a prestago de servicas ~ ea Conviver com ela = ea divulgacto de bens de consumo. ‘Nilo por acaso, comevam a se consolidaf, nesse mesmo perfodo, os eagos que caracerizam acura contemporinea, entre os quae se detacam «perspeciva de servigos, produtos ideas que nose festringem a setores pontuss, e 0 questionamento da separagio entre cultura de elie eculeura de massa, Da economis, politics, telucago, passando pelo campo mididtco, Kseéla ou turiemo, além dos esforgos de idenificagto social qué orientam 4 glo dos individuo, a cultura € cada vez mals um campo plursseridotico, sarcado pelos efeitos simbélicos das iniciatvaseaividades cons. tieulds em seu petipis mbiro, Daf poderse aenat qin ata € apenas 0 ftorecondmico ~ por vent mensrado pela projeio ssarfstica que osetor movimenta ao otal do mereato-~que pro- Jeevethntere ltereee an co, Do jomal de baitro que veicula publicidadespeetensamente slobais, pasando pelo satdor que anuncia a tendéncia da moda pars. préxima estaclo, pel falder que chama para a opgio de ale mmogo, 3 vitrine ousada que tenta despertaro fnteresse do transeu ‘ano rbano contemporineo parece volta leridade mididtica que extrapola a mera c imediats sumo simbélico € mat ven = Em especial nos paises onde a faioria da populaclo estd excl da do acesso aos servigos e bens de consumo, a producio simbélico- cultural adquire um sentido cada vez mais crescente de publicidad. ‘Assim, nfo se fazem produtos apenas para consumo direto e ime- dato, mas para se vender a ideia de pertencimento e adesio aos Sentidos e valores que esses mesmos producos representam (Lage, 1998), Niio deixa de ser significativo, nesse contexto, o fato de que, nas muitasfavelas dos grandes centrosurbanos brasileios, a mesma populagio que nio tem acesso a saneamento bisic, por exemplo, dlispe de bens de consumo como antena parabélica e sofsticados aparelhos de som, Afina, a prépriaindstria da cultura também precisa ganhat legitimidade para além da rserea faixa de pablico consumidor que dispée de poder aquistivosuficiente para tomar-se tum ustuiio destes bens, servigos ou produtos. “al adesio se dina esteira de uma “intetdependéncia”simbiica «que inclu, entre suas insimera esratégias, a subversi (conivente, explicita ou implicitamente), “conversio” ou cépia de produtos ‘que, 20 mesmo tempo em que sfo comercializados em stopping ‘enters a precos que viabilizam as relagBes de um mercado global, também sio vendidos em bancas eruascomerciais das mais diversss cidades do mundo e, claro, eambém do Brasil Das lojas de R$ 1,99, passando pelo comércio dos camelds, 20s armazéns europeus onde se vendem produtos “similares” por 2 caros (¢ 2 délares nos Estados Unidos): 0s produtos culeurais ~ {ncluindo CR, fas ce video, DVDs. livros, suvenites de astros do cinema mundial, da TV ou da mésica, bem como reprocusBes aristicas em geral~ sfo “alternativas” de mercado" para ampliat ‘oaceso a um consumo e, se mantivessem as mesmas canacterstcas de ‘marcas orgimais, correriam séiosriscos de envelhecer em gondolas 18 Adicio er teros de “ofena”de mercado ~enbora as express remem 3 gcd ‘unadoes ens ni neste em ear para no ter rolenas com oppo pr “Tinl qu andise ou esténca cca pode e013 esperar um publica qe nem tomes te ace50 varads produto, servis eben cua? ‘OMNC30 InTeREssescruzavos [ALUM DA IFORIAGAO EDO CONSUMO 254 Nio custa lembrar, ainda, que as priticas culturais no podem set dissociadas das condigdes de recepgio, habits e comportamentos , Aces em 2147200, 27s Brag. Ines sobre sigs do coment sacl ic, Ss espa, ‘niins, 2002, aco, InTEREssEscRuZADOS ‘AEM DA INFORMAGAD OO CONSUMO 258 adequado ou apropriado, até pela muleiplicidade de formacos tex cuais, seria falar em “comenticios” 4, DAS FUNGOES E DESAFIOS DA CRITICA CULTURAL © critico ¢ “aquele que julga as obras do espitito” ¢ uma c ca éo julgamento produzido por um critico", diz Emile Litré.” Assim, cabe 8 critica pelo didlogo ¢ apropriagio culeural, a funcio de “tessignificar-o. mundo” produzido e editado pelo emissor, diz Maria Aparecida Baccega.” ‘Uma argumentagio bem fundamentada que se traduza num cex- to consistente e agradvel —capaz de atingir um piblico amplo ~ é « grande desafio de um critico, para Maria Helena Martins Independentemente de natureza e caracteristicas intrinsecas da obra criada e das instancias da litura, a disponibilidade e sensibilidade face 3 interacdo obrafleitor sso pedra de toque do procedimento critico. Ambas sustentam a ponte para a ‘ransmissdo de ideias que expressam uma visdo pessoal, res- peitando a integridade da obra, considerando seus possivels leitores (Martins, 2000, p. 13 ‘Ao discutie as quatro atitudes, ou operagbes mevodolégicas, inerentes a critica literdria, Flavio Aguiar" chama a aten¢io para anilise como uma delas: 28, importante rsar que a marie etereégca da plana (rei) amb rete 30 Sento de “qucbra’alide se 002 de “re, por expo, 2 ac, numa mes a farsa mexro:qubra ua ota em pedo pond em ceo uefa Je” (estos, 2000p. 10) 29. Brunel et lA cia teria. So Pa, Mains Fontes, 1968p 2, 30. Mara Apareia Bacega “Cia de levis: apoxmogbe", i Mari Helene Maine (or), Ouras letras teat, eleva jmalsmo deat ecu, guages meager te Sto Polo, enact Cut, 20008 pp 37-53. 31. Flo Aguiar. “As ques da ica era": Mara Helena Marts og): Ouras letras tatu tls, jomalsmo de ar cut, foguagersinapentes So Pal, ‘Serta Cal, 200, 9.1935, Entendemas a caracterizacBo da forma particular de urna obra, “através da consideragao de seus elementos internos e das ela- ‘gees que mantém entre si, Por exemplo, no caso de um roman: ce; tempo, espaco, personagens,foco naratvo, ponto devista, natureza da agd0 ~ se 6 que hd aco, pois ha figoes, endo 6, contemporaneas, que se caracterizam pea sua fata ou impos- sibidade (Aguiar, 2000, p, 22) ‘Além da andlise, Aguiar (2000, p.23) destaca a interpretacio, «8 parifrase” e 0 comentirio como as outras atitudes bisicas que devem orientat a atividade critica. Interpretagio € aqui entendida como a possibilidade de colocar o que a obra “sugere em relacio ‘com os demais campos da arte e do conhecimento”, explica. ‘Acutra operacio metodolégica da critica, o comentitio, refere-se «a “tudo aquilo que ver de fora da obra”, sejaa informacio biogrifica, seja os costumes ou habitos, contexto sociopolitico ou ainda variaveis da produc editorial. InformagBes que, de algum modo, podem “aju dar a emoldusi-la em sem tempo, no conjunto da obra de seu autor, também no nosso tempo”, diz Aguiar (2000, p. 24) Flivio Aguiar lembra, entreranto, que essas quatro operacdes, em geral, “funcionam de modo nio estanque”, trabalhando quase simuleaneamente, ‘Ao fazermos a paratase, js estamos entrando na analise e su ‘gerindo a interpretagdo e somos obrigados, para conduzir and lise interpretagdes, anos apoiarmos em pardfrases de trechos ¢aludimas a comentarios sgnificatvos, e assim por dante. Guardadas algumas especificidades que remetem e dizem res- peito mais diretamence a uma obra literdria, essa proposta de “aproximagio critica metodolégica” apresentada por Aguiar 32. Por parase, Rio Agua design a “reproducio de ob atraes de memdria do eto. ‘usa contra esta, ese opoema, coma pois aloes, aan, erent, ‘que es peracio nose vata de um ato meamente“passvo" Maris, 2000, p21) 33 idem. 24 259 com INTERES cRUZADOS [AM DA NFORMAGAO EDO CONSUMO 260 poderia noreear também uma reflexio sobre a critica culeural, de tum modo geral Considere-se, por outro lado, 0 ato ~ que aqui inceressa mais «em seu nivel de constatacio, para melhor discutir 0 assunto,€ no ras implicagoes de uma “tomada” de posicdo ~ de que “o” crtico a 0 configura uma profssio em seu ‘organizado € reconhecido como tal. Antes, indica uma fungio dé- sempenhada por diferentes € variados profissionais que circalam, atuam, consomem e discutem 0s produtos ou eventos do campo, ‘ulus e adquirem mais visibilidade na conexio com os suportes mididticos contemporineos. ag ‘A Fangio da critica como forma de interpretagio de sentidos, acravés da pritica jornalistica, também € abordada por Carmen Herrero Aguado: [No hay que olvidar que el critica hace de mediador 0 de in- termediari entre el autory su obra, por un lado, y el piblico, ppor otro, La citca, como género de especializacion, cumple {si esa funcién que Fernandez del Moral asigna a todo e! Periodismo Especializado, esto es, la de servir como campo de integracién de saberes, como aproximacién o acercamien: io de la cultura, en este caso, y los distintos pablico intere- sados. La ertca adquiere mayor importancia, zi cabe, preci samente cuando las artes deben ser explicadas... (Aguado, 1998 p. 145) Ao discutie a critica musical, Archur Nestrovski (2000, p. 10) destaca que “o jomalismo cultural existe nessa tensio entre 0 contingente eo permanente, com a balanga quase nunca no meio”. E, segundo o autor, é fundamental ter presente que é "a compreen- ‘lo ~e nao 0 ‘gosto’ ~ 0 ponto de partida e chegada da critica’ “34, Carmen Herero Aguado, “La cultura como area de espciazacign periods: la crtica ysuimesn herent”, Esucos de parodia Vt perede yromocin cut "a Bito, Scedad Espo de eres esd del Pas Vasco, 1988, pp. 17-147 “mente seria outracaracteristica do campo cultura brasil 261 '5. JORNALISMO: CRITICA OU SERVILISMO (CULTURAL)? Escritor, editor de cultura e colaborador de varios periédicos impressos ¢ on-fine, Daniel Piza (2000) afirma que um dos “sub- produtos” graves do jornalismo cultural brasileiro contemporiineo a “pemtiria da critica brasileira”, Isso porque “qualquer critica ‘em boa dose de subjetividade”e, para além de uma leitura répida, podem-se encontrar “argumentos que pertencem antes de mais ‘nada ao campo da filosofia”, diz Piza (2000, p. 94), (© “clubismo” ou a pritica de elogiar mais que analisar critica- (© clubismo ¢ um mal universal, parte integrante da democraca de consumo moderna, So que no Brasil ee se acentua nociva- mente pelo fato de nossa cultura de acomodacso pregar que ‘gosto ¢ indiscutive irracionaizante,reforando a passvdade, ‘mesmo que Wavesida de “diferenca” © desafio mais complexo doses human ¢ entender seus préprioscondicionamentos, para saber até que ponto consegue atenus-ios ou canaliz-los em, ‘sentimentos produtivos e ideas prprias. Nao ha nada mais con- Seevador no Brasil do que o passonalsmo corporativo que vigo- racem todas as dasses,regites ediscursos Fiza, 2000, p. 95). [A despeito de tais problemas, Daniel Piza ressalta a impor- tincia da critica no jornalismo cultural: uma luta ingloria, quem sabe perdida, a de defender a cr- tica , especialmente, os crtcos. No Brasil, onde o medo.de_ emitic opiniao € tao arraigado que s6 deixa espaco para 0 si- lencio ou0 achismo, o posicionamento a esse respeito 6 ainda mais temerdrio. Mesmo porque osrticos, quase sempre, tém sido apenas sujeitos que confundem lanterna corn farol, mas ‘continuam perdidos. Nao espanta que sejam t40 pouco enco- rajados, No entanto, a crica é muito importante, vital, para {qualquer cultura, ha uma série de lugares-comuns sobre ela {que precisa ser combatides com urgéncia. Outro dia, por comungcdo InTERSsEscRUZADOS 262 ‘exemplo, lia entrevista de um diretor de teatro brasileiro que, numa resposta, reclamava da baixa qualidade da producao

Você também pode gostar