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The theoretical-methodological perspective of the GREM on the emotional culture of the city
of João Pessoa: A review
cultura e sociedade como eixo teórico organizador e condutor da crítica aos modos e
estilos de vida dos moradores da cidade de João Pessoa, cuja cultura emotiva tem
sofrido um considerável processo de transformação em decorrência do crescimento
demográfico e urbano exponencial da cidade nas últimas cinco décadas, vindo a
conformar-se como um lugar de medos generalizados e banais, os medos corriqueiros, e
de estranhamento do outro, sentido como vetor de ameaças. O universo de pesquisa
trabalhado por Pontes, o GREM, - concebido a partir do trabalho e da ação acadêmica
de seus pesquisadores docentes e discentes, - foi analisado como instituição acadêmica
situada em três contextos históricos bem marcados. Primeiramente, o contexto de
consolidação dos estudos em Antropologia e Sociologia na UFPB, que abarca o período
de 1983 a 1994, - anos de gestação do Projeto GREM, - e que tem como eixo temático a
análise da desigualdade, da pobreza urbana, da transformação urbana dos espaços rurais,
da exploração do trabalho assalariado e das lutas e resistências em torno da
sindicalização de trabalhadores rurais, entre outros.
Nesta primeira fase de organização institucional, as categorias-chave de análise
da relação entre indivíduo, social e da cultura partem de noções como homem comum
pobre e trabalho, no sentido marxiano do termo, e são ainda influenciadas por uma
abordagem estruturalista dos fenômenos sociais. O segundo contexto de produção
acadêmica e de ação institucional do GREM perfaz um movimento de transição para
uma postura teórico-metodológica mais interacionista, pragmatista e processual, tendo
como eixo de análise a construção social da individualidade e da subjetividade no
urbano contemporâneo.
Este segundo contexto institucional abarca o período de 1994 a 1999 e
desenvolve como categorias-chave de análise as noções de homem comum e de
subjetividade, sofrendo forte influência da leitura simmeliana do papel e do lugar da
individualidade e dos processos intersubjetivos na construção da modernidade
capitalista ocidental. O terceiro contexto GREM de fazer pesquisa acadêmica, - já
fortemente marcado por pesquisas sobre a cidade de João Pessoa enquanto cultura
emotiva, - compreende o processo de afirmação da Antropologia e da Sociologia das
Emoções no cenário local, regional e nacional, com a maturação de projetos GREM
sobre emoções específicas, - como os sentimentos de luto, de medos corriqueiros, de
pertença e de vergonha cotidiana, - e sobre a construção social do self, da
intersubjetividade e de culturas emotivas.
Este é também o contexto de fundação da RBSE – Revista Brasileira de
Sociologia da Emoção e da organização de Grupos de Trabalhos em eventos pelo país e
pelo exterior. Essa terceira e última fase de produção acadêmica se estende de 1999 até
os dias atuais e desenvolveu categorias-chave de análise como homem comum urbano e
como emoções.
Pontes logrou apresentar ao leitor um recorte temporal bastante interessante do
GREM, situando as preocupações e trajetórias teórico-metodológicas e temáticas do
grupo, sintetizadas nos conceitos analíticos centrais de cada contexto de maturação
acadêmica da instituição sob análise. Uma vez delimitado historicamente o universo de
pesquisa, a autora situa o seu objeto empírico: a produção acadêmica do GREM sobre a
cidade de João Pessoa a partir do projeto de pesquisa guarda-chuva GREM Medos
Corriqueiros: A construção social da semelhança e da dessemelhança entre os
habitantes urbanos das cidades brasileiras na contemporaneidade (KOURY, 2002).
O objeto de pesquisa, com efeito, é trabalhado da mesma forma cuidadosa com
que se expôs o universo de pesquisa: Ao descrever o seu objeto, a autora descreve e
analisa a história acadêmica e a trajetória teórico-metodológica e temática do projeto de
pesquisa Medos Corriqueiros. Descobre e apresenta analiticamente suas três fases
Referências
BECKER, Howard. Métodos de pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: HUCITEC,
1993.
COOLEY, Charles Horton. O self social: o significado do EU. Revista Brasileira de
Sociologia da Emoção, v.16, n. 47, p. 173-192, 2017.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. Medos Corriqueiros: A construção social da
semelhança e da dessemelhança entre os habitantes urbanos das cidades brasileiras na
contemporaneidade. Projeto de Pesquisa, GREM: João Pessoa, 16p.
KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. Etnografias urbanas sobre pertença e medos na
cidade: Estudos em Antropologia das Emoções. Coleção Cadernos do GREM N° 11.
Editora Bagaço: Recife; Edições do GREM: João Pessoa, 2017.
MEAD, George Herbert. Mind, self and society. Chicago: University of Chicago Press,
1934.