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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO E PUBLICAÇÕES

INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA


Área Departamental de Engenharia de Eletrónica e
Telecomunicações e de Computadores

Fibras Óticas de Plástico em Redes de Acesso

MARINO OLIVEIRA RODRIGUES


(Licenciado)

Trabalho Final de Mestrado para Obtenção do Grau de Mestre em Engenharia de Eletrónica e


Telecomunicações

Orientador:
Doutor Pedro Renato Tavares de Pinho

Júri:
Presidente: Doutor Mário Pereira Véstias
Vogais:
Doutora Paula Maria Garcia Louro Antunes
Doutor Pedro Renato Tavares de Pinho

Novembro de 2013
“Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura.
O que importa é partir, não é chegar.”

Miguel Torga, Viagem


Aos meus queridos pais.
agradecimentos
Terminar esta importante etapa da vida sem referir todos aqueles que me apoiaram e
contribuíram à sua maneira ao longo deste percurso, seria um ato de ingratidão e
desonestidade.

Quero começar por agradecer ao meu orientador de Mestrado, Professor Doutor Pedro Pinho,
pelas suas sugestões do melhor caminho a seguir, pela sua disponibilidade e material técnico
disponibilizado.

Um agradecimento especial ao Pedro Soares, colega e aluno formado no ISEL, que deu uma
forte contribuição no arranque deste trabalho, ajudando no processo de familiarização com o
simulador VPI Photonics e pela partilha de conhecimento acerca do mundo das fibras óticas
de plástico.

Quero também agradecer aos meus colegas de trabalho da Refer Telecom, em particular ao
André Rio pela oportunidade de discutir diversos assuntos técnicos relacionados com o tema
desta dissertação. Um agradecimento especial ao Engenheiro Luís Figueiredo pela partilha do
seu conhecimento técnico na área das fibras óticas.

À minha namorada pelo companheirismo, carinho e força nesta longa caminhada.

Aos meus amigos em geral, que me acompanharam ao longo da vida académica e


partilharam comigo bons e maus momentos.

Por último e mais importante, um agradecimento muito especial aos meus pais, por todo o
esforço que fizeram para me proporcionar todas as condições necessárias para que fosse
possível ingressar e concluir um curso superior. Pelo carinho, por todo o apoio incondicional,
orientação para a vida e educação.

Muito Obrigado!
Resumo
O aumento crescente da largura de banda necessária por parte dos utilizadores residenciais e
empresariais tem sido um desafio nos últimos anos para os operadores de telecomunicações.
Por esse motivo, a fibra ótica tornou-se uma fortíssima candidata às redes de acesso,
permitindo débitos binários muitos superiores quando comparado com as infraestruturas até
então existentes, nomeadamente o par de cobre e cabo coaxial ou mesmo com os sistemas de
comunicação sem fios.

As fibras óticas podem existir em diferentes materiais: fibra ótica de sílica (GOF) e fibra
ótica de plástico (POF). As primeiras possuem baixas atenuações permitindo transmissões de
longa distância, mas são frágeis. As de plástico neste momento têm atenuações mais altas, no
entanto são de menor custo, mais flexíveis e robustas.

Pretende-se com esta dissertação estudar a viabilidade da utilização da fibra ótica de plástico
numa rede de acesso garantindo os requisitos mínimos especificados pelas normas das
tecnologias. Para tal, utilizou-se o programa VPIphotonicsTM de modo a simular uma rede de
acesso com vários tipos de fibras. Elaboraram-se dois cenários: o primeiro consiste na
implementação de uma rede GPON com POF e GOF na rede de acesso e o segundo na
análise do desempenho da POF num cenário onde a tecnologia GPON e 10G-PON coexistem
na mesma rede de distribuição ótica (ODN). Efetuou-se o cálculo teórico do power budget do
sistema, onde teve-se em conta as características de todos os componentes passivos e ativos
que constituem a rede. As fibras consideradas para teste e comparação foram uma fibra
monomodo G.657 ClearCurve da Corning, uma fibra multimodo ClearCurve e uma POF
designada por Fontex da Asahi Glass.

A qualidade do sinal ótico recebido foi analisada recorrendo a figuras de mérito como o BER
e o diagrama de olho. A distância máxima conseguida na última milha com POF foi de 115
metros para o primeiro cenário e de 40 metros para o segundo cenário. Na situação atual,
devido à elevada atenuação que as POF ainda possuem só se justifica quando a atenuação do
ODN é cerca de 15 dB.

Palavras-chave: fibra ótica de sílica (GOF), fibra ótica de plástico (POF), rede de
acesso, GPON, 10 GPON, power budget, FTTH.

i
ii
Abstract
The increasing bandwidth needed by the business and residential users has been a challenge
in recent years for telecom operators. For this reason, optical fiber became a strong
candidate to access networks, allowing high transmission rates when compared with existing
infrastructures, especially the twisted pair and coaxial cable or even with wireless
communication systems.

Optical fibers can exist in different materials: glass optical fiber (GOF) and plastic optical
fiber (POF). The GOF have low attenuation allowing long-distance transmission, but are
fragile. The POF currently have a higher attenuation, however is less expensive and is more
flexible and robust.

The purpose of this thesis is to study the feasibility of using plastic optical fiber in the access
network ensuring the minimum requirements specified by the standards of technologies. For
this purpose, it was used a program called VPIphotonicsTM to simulate an access network
with different types of fibers. Two scenarios were taken into account: the first one is an
implementation of a GPON network with POF and GOF in access network and the second
scenario consists on the analysis of the performance of POF in an environment where GPON
and 10G-PON coexists on the same optical distribution network (ODN). It was necessary a
theorical calculation of the power budget of the system, which took into account the
characteristics of all passive and active components that forms the network. The fibers that
were considered for testing and comparison were a singlemode fiber G.657 ClearCurve by
Corning, ClearCurve multimode fiber and POF called Fontex developed by Asahi Glass.

The quality of the optical received signal was analyzed using figures of merit such as BER
and eye diagram. The maximum distance achieved in the last mile with POF was 115 meters
to the first scenario and 40 meters for the second scenario. In the current situation, due to
the high attenuation of POF is only viable when the ODN attenuation is about 15 dB.

Keywords: Glass optical fiber (GOF), plastic optical fiber (POF), access network,
GPON, 10 GPON, power budget, fiber to the home (FTTH).

iii
iv
Índice

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1


1.1 Enquadramento e motivação.......................................................................................... 2
1.2 Objetivos ......................................................................................................................... 3
1.3 Contextualização histórica ............................................................................................. 4
1.4 Estrutura da dissertação ................................................................................................ 7
1.5 Principais contribuições ................................................................................................. 8

CAPÍTULO 2 FIBRAS ÓTICAS........................................................................................ 9


2.1 Espectro ótico ............................................................................................................... 10
2.2 Fundamentos de propagação em fibras óticas ............................................................. 11
2.2.1 Índice de Refração...................................................................................................... 11
2.2.2 Refração e reflexão..................................................................................................... 11
2.2.3 Ângulo de aceitação ................................................................................................... 12
2.2.4 Abertura numérica ...................................................................................................... 13
2.2.5 Regime monomodal e multimodal (parâmetro V) ....................................................... 13
2.3 Fibra ótica de sílica ....................................................................................................... 14
2.3.1 Fibras monomodo....................................................................................................... 14
2.3.2 Fibras multimodo ....................................................................................................... 15
2.3.2.1 Índice degrau (step-index)................................................................................................... 15
2.3.2.2 Índice gradual (graded-index) ............................................................................................. 16
2.3.3 Comparação entre várias normas de fibras de sílica .................................................... 16
2.4 Fibra ótica de plástico .................................................................................................. 17
2.4.1 Tipos de POFs ............................................................................................................ 17
2.4.1.1 SI-POF (Step índex – POF)................................................................................................. 18
2.4.1.2 MC-POF (Multi core – POF) .............................................................................................. 18
2.4.1.3 GI-POF (Graded índex – POF) ........................................................................................... 19
2.4.1.4 MSI-POF (Multi step índex – POF) .................................................................................... 19
2.4.2 Comparação entre os tipos de POFs ............................................................................ 20
2.4.3 Normas existentes para POFs ..................................................................................... 21
2.4.4 POFs disponíveis no mercado ..................................................................................... 22
2.4.5 Vantagens e desvantagens da POF .............................................................................. 24
2.5 Atenuação ..................................................................................................................... 25
2.6 Dispersão ...................................................................................................................... 26

v
2.6.1 Dispersão intramodal (cromática) ............................................................................... 26
2.6.2 Dispersão intermodal .................................................................................................. 27

CAPÍTULO 3 REDES DE ACESSO................................................................................ 29


3.1 Estrutura de uma rede telecomunicações .................................................................... 30
3.2 Cenários evolutivos das redes de acesso ....................................................................... 31
3.3 Rede de acesso usando fibra ótica ................................................................................ 33
3.3.1 Graus de penetração da fibra ótica .............................................................................. 33
3.3.1.1 FTTN – Fiber to the Node ...................................................................................................34
3.3.1.2 FTTC – Fiber to the Curb ....................................................................................................34
3.3.1.3 FTTP – Fiber to the Premises ..............................................................................................35
3.3.2 Rede ótica passiva (PON) ........................................................................................... 35
3.3.3 Rede ótica ativa (AON) .............................................................................................. 36
3.3.4 Comparação entre PON e AON .................................................................................. 37
3.3.5 Equipamento ativo ...................................................................................................... 37
3.3.5.1 OLT – Optical Line Terminal .............................................................................................37
3.3.5.2 ONT – Optical Network Terminal ......................................................................................38
3.3.6 Equipamento passivo .................................................................................................. 39
3.3.6.1 Divisor ótico (splitter) .........................................................................................................39
3.3.6.2 Caixas de junção..................................................................................................................40
3.3.6.3 Distribuidor ótico ................................................................................................................40
3.3.6.4 Patch cord / Pigtail ..............................................................................................................41
3.3.6.5 Acoplador WDM .................................................................................................................42
3.3.7 Arquiteturas das redes PON ........................................................................................ 42
3.3.8 Topologias das redes PON .......................................................................................... 43
3.3.8.1 Topologia em barramento ...................................................................................................43
3.3.8.2 Topologia em anel ...............................................................................................................44
3.3.8.3 Topologia em árvore ...........................................................................................................45
3.4 Tecnologias das redes PON .......................................................................................... 46
3.4.1 APON ........................................................................................................................ 47
3.4.2 BPON ........................................................................................................................ 48
3.4.3 GPON ........................................................................................................................ 49
3.4.4 10G-PON ................................................................................................................... 50
3.4.5 EPON ......................................................................................................................... 51
3.4.6 10G-EPON ................................................................................................................. 53
3.4.7 Comparação das tecnologias TDM-PON..................................................................... 54

vi
3.4.8 WDM-PON ................................................................................................................ 55
3.4.8.1 CWDM ................................................................................................................................ 56
3.4.8.2 DWDM ............................................................................................................................... 56
3.4.8.3 Comparação entre CWDM e DWDM ................................................................................. 56
3.5 Power budget ................................................................................................................. 57
3.5.1 Perdas convencionais dos componentes passivos ........................................................ 58
3.5.2 Dimensionamento de uma rede PON .......................................................................... 60
3.6 Figuras de mérito.......................................................................................................... 63
3.6.1 BER ........................................................................................................................... 63
3.6.2 Diagrama de olho ....................................................................................................... 64

CAPÍTULO 4 SIMULAÇÃO DE UMA REDE DE ACESSO COM POF ................... 65


4.1 Introdução ao software VPI .......................................................................................... 66
4.1.1 Interface gráfica ......................................................................................................... 66
4.1.2 Hierarquia dos módulos .............................................................................................. 68
4.2 Cenários propostos ....................................................................................................... 69
4.2.1 Primeiro cenário – Implementação de uma GPON com POF....................................... 70
4.2.2 Segundo cenário – Coexistência 10G-PON e GPON com POF ................................... 71
4.2.3 Cálculo teórico do power budget ................................................................................ 72
4.3 Componentes e parametrização no VPI....................................................................... 77
4.3.1 Limitações encontradas no VPI .................................................................................. 77
4.3.2 Módulos e componentes do VPI ................................................................................. 78
4.3.3 Parâmetros individuais e globais................................................................................. 81
4.3.4 Parametrização do sistema .......................................................................................... 83
4.4 Implementação e simulação dos cenários propostos.................................................... 86
4.4.1 Primeira implementação ............................................................................................. 87
4.4.2 Construção de galáxias ............................................................................................... 89
4.4.3 Implementação da técnica TDMA no VPI .................................................................. 91
4.4.4 Simulação do cenário 1 – GPON com POF ................................................................. 95
4.4.4.1 Implementação .................................................................................................................... 95
4.4.4.2 Resultados obtidos .............................................................................................................. 99
4.4.5 Simulação do cenário 2 – Coexistência GPON e 10G-PON com POF ....................... 106
4.4.5.1 Implementação .................................................................................................................. 106
4.4.5.2 Resultados obtidos ............................................................................................................ 109

vii
CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 115
5.1 Conclusões................................................................................................................... 115
5.2 Trabalho futuro .......................................................................................................... 119

viii
Lista de Figuras

Figura 1.1 - Convergência de rede e de serviços. ..................................................................... 3

Figura 2.1 - Constituição da fibra ótica [10]. .......................................................................... 10

Figura 2.2 - Comprimento de onda de operação das GOFs e POFs (adapt. de [11]). ............ 10

Figura 2.3 - Refração e reflexão interna total e parcial da luz [13]. ....................................... 12

Figura 2.4 - Propagação da luz na fibra ótica [12]. ................................................................. 13

Figura 2.5 - Fibra multimodo de índice de degrau (adaptado de [13]). .................................. 15

Figura 2.6 - Fibra multimodo de índice gradual (adaptado de [13]). ...................................... 16

Figura 2.7 - Perfil de índice de refração de uma SI-POF [6]. ................................................. 18

Figura 2.8 - MC-POFs com 37, 217 e 631 núcleos [6]. .......................................................... 18

Figura 2.9 - Perfil de índice de refração de uma GI-POF [6]. ................................................ 19

Figura 2.10 - Perfil de índice de refração de uma MSI-POF [6]. ........................................... 20

Figura 2.11 - Gráfico da atenuação da Fontex [20]. ............................................................... 24

Figura 2.12 - Efeito da dispersão cromática [21]. ................................................................... 27

Figura 2.13 - Efeito da dispersão intermodal nas POFs [6]. ................................................... 28

Figura 3.1 - Esquema simplificado de uma rede telecomunicações com fibra ótica. ............. 31

Figura 3.2 - Evolução das tecnologias da rede de acesso. ...................................................... 32

Figura 3.3 - Arquiteturas FTTx............................................................................................... 33

Figura 3.4 - FTTC / FTTN. ..................................................................................................... 34

Figura 3.5 - Rede ótica passiva [2]. ........................................................................................ 36

Figura 3.6 - Rede ótica ativa [2]. ............................................................................................ 36

Figura 3.7 - OLT7-8CH [25]. ................................................................................................. 38

Figura 3.8 - ONT7-SFU [25]. ................................................................................................. 39

Figura 3.9 - Splitter ótico de 1:64 [26]. .................................................................................. 40

ix
Figura 3.10 - Caixa de junção [26]. ........................................................................................ 40

Figura 3.11 - Distribuidor ótico [26]....................................................................................... 41

Figura 3.12 - Patch cord / Pigtail [27]..................................................................................... 41

Figura 3.13 - Acoplador WDM [28]. ...................................................................................... 42

Figura 3.14 - Redes P2P (ponto-a-ponto) e P2MP (ponto-a-multiponto)............................... 43

Figura 3.15 - Topologia em barramento. ................................................................................ 44

Figura 3.16 - Topologia em anel. ............................................................................................ 44

Figura 3.17 - Topologia em árvore. ........................................................................................ 45

Figura 3.18 - Esquema das tecnologias PON.......................................................................... 46

Figura 3.19 - Topologia híbrida WDM/TDM [29]. ................................................................ 47

Figura 3.20 - Gama de operação APON/BPON (adpt. de [24]). ............................................ 48

Figura 3.21 - Rede GPON....................................................................................................... 49

Figura 3.22 - Gama de comprimento de onda GPON/10G-PON [2]. ..................................... 50

Figura 3.23 - Coexistência GPON/10G-PON. ........................................................................ 51

Figura 3.24 - Rede EPON. ...................................................................................................... 52

Figura 3.25 - Gama de comprimento de onda EPON/10GE PON [2]. ................................... 53

Figura 3.26 - Rede WDM-PON [30]. ..................................................................................... 55

Figura 3.27 - Espaçamento entre canais CWDM [2]. ............................................................. 56

Figura 3.28 - Espaçamento entre canais DWDM [2].............................................................. 56

Figura 3.29 - Link Power Budget vs Loss Power Budget (adpt. de [4]). ................................ 58

Figura 3.30 - Dimensionamento de uma PON (adapt. de [4]). ............................................... 62

Figura 3.31 - Codificação NRZ [6]. ........................................................................................ 63

Figura 3.32 - Diagrama de olho [6]. ....................................................................................... 64

Figura 4.1 - Interface gráfica do VPItransmissionMaker. ...................................................... 67

x
Figura 4.2 - Interface gráfica do VPItransmissionAnalyser. .................................................. 68

Figura 4.3 - Hierarquia de módulos do VPI [32]. ................................................................... 69

Figura 4.4 - Primeiro cenário prático - GPON. ....................................................................... 70

Figura 4.5 - Sistema dentro da casa do utilizador [6]. ............................................................ 71

Figura 4.6 - Segundo cenário prático - Coexistência 10G-PON e GPON .............................. 72

Figura 4.7 - Dimensionamento do balanço de potência. ......................................................... 73

Figura 4.8 - Cálculo do power budget no sentido descendente (1490 nm) - GPON. ............. 75

Figura 4.9 - Cálculo do power budget no sentido ascendente (1310 nm)............................... 76

Figura 4.10 - Cálculo do power budget no sentido descendente (1575 nm) - 10GPON. ....... 77

Figura 4.11 - Janela de edição do módulo de uma fibra multimodo....................................... 81

Figura 4.12 - Janela de edição dos parâmetros globais........................................................... 82

Figura 4.13 - Primeira simulação no VPI. .............................................................................. 87

Figura 4.14 - Resultados da primeira implementação. ........................................................... 88

Figura 4.15 - Galáxia construída para o OLT. ........................................................................ 90

Figura 4.16 - Galáxia para o splitter 1:8. ................................................................................ 90

Figura 4.17 - Modificação da galáxia do OLT. ...................................................................... 93

Figura 4.18 - Códigos binários atribuídos aos fluxos no OLT. .............................................. 93

Figura 4.19 - Galáxia do ONT. ............................................................................................... 94

Figura 4.20 - Código binário atribuído ao ONT 2. ................................................................. 95

Figura 4.21 - Esquema implementado no simulador para o cenário 1.................................... 96

Figura 4.22 - Parametrização final do ONT1.......................................................................... 97

Figura 4.23 - Janela de edição da POF Fontex (@1310nm). .................................................. 98

Figura 4.24 - Resultados para o ONT2 com POF Fontex. .................................................... 100

Figura 4.25 - Variação do BER em função do comprimento da POF (@1490 nm). ............ 101

xi
Figura 4.26 - Resultados no OLT/ sinal ascendente do ONT2. ............................................ 102

Figura 4.27 - Resultados para o ONT1 com fibra G.657 ClearCurve. ................................. 103

Figura 4.28 - Resultados para o ONT3 com fibra multimodo ClearCurve. ......................... 105

Figura 4.29 - Esquema implementado no simulador para o cenário 2.................................. 107

Figura 4.30 - Janela de edição de parâmetros globais do cenário 2. ..................................... 108

Figura 4.31 - Janelas de edição da GPON (esquerda) e 10G-PON (direita)......................... 109

Figura 4.32 - Resultados para o ONT_GPON do sinal descendente. ................................... 110

Figura 4.33 - Resultados para o ONT_10GPON do sinal descendente. ............................... 111

Figura 4.34 - Resultados para o OLT_GPON do sinal ascendente....................................... 112

Figura 4.35 - Resultados para o OLT_10GPON do sinal ascendente................................... 113

xii
Lista de Tabelas

Tabela 1.1 - Datas importantes das tecnologias óticas de redes de acesso [5]. ........................ 5

Tabela 1.2 - Datas importantes das fibras óticas [7] [8] [9]...................................................... 6

Tabela 2.1 - Normas da ITU-T para fibras óticas de sílica [15] [16] [17]. ............................. 17

Tabela 2.2 - Caraterísticas dos vários tipos de POFs [6] [17]. ............................................... 21

Tabela 2.3 - Especificações da norma IEC 60793-2-40 [6]. ................................................... 22

Tabela 2.4 - Parâmetros de POFs disponíveis no mercado [6]. .............................................. 22

Tabela 2.5 - Fabricantes de POFs no mercado atual [18]. ...................................................... 23

Tabela 2.6 - Comparação entre POFs de diversos fabricantes [6] [19]. ................................. 23

Tabela 2.7 - Comparação das caraterísticas entre POF, GOF e cobre [6]. ............................. 25

Tabela 3.1 - Comparação entre tecnologias TDM-PON [2] [24]. .......................................... 54

Tabela 3.2 - Comparação entre CWDM e DWDM [2]. .......................................................... 57

Tabela 3.3 - Valores típicos do Power Budget [24] [26]. ....................................................... 59

Tabela 3.4 - Atenuações de splitters [24]. .............................................................................. 60

Tabela 3.5 - Power budget das várias classes para BPON e GPON [4]. ................................ 61

Tabela 3.6 - Valores típicos dos emissores e recetores do OLT e ONU [31]. ........................ 61

Tabela 4.1 - Atenuações dos componentes considerados para simulação [24] [26] [33]. ...... 74

Tabela 4.2 - Parâmetros definidos para o OLT. ...................................................................... 84

Tabela 4.3 - Parâmetros definidos para o ONT. ..................................................................... 84

Tabela 4.4 - Parâmetros para a POF Fontex [34].................................................................... 85

Tabela 4.5 - Parâmetros para as GOFs da Corning [33]. ........................................................ 85

Tabela 4.6 - Parâmetros sugeridos pelo VPI para modulação NRZ [32]................................ 86

Tabela 4.7 - Códigos binários atribuídos para fluxos no sentido ascendente. ........................ 92

Tabela 4.8 - Códigos binários atribuídos para fluxos no sentido descendente. ...................... 94

xiii
Tabela 4.9 - Atenuação total para definir nos atenuadores. .................................................... 97

Tabela 4.10 - Comparativo entre as potências teóricas e práticas do power budget. ............. 99

xiv
Lista de Acrónimos

10G-EPON 10 Gigabit Ethernet Passive Optical Network

10G-PON 10 Gigabit - Passive Optical Network

ADSL Asymmetric Digital Subscriber Line

AES Advanced Encryption Standard

ANSI American National Standards Institute

AON Active Optical Network

APD Avalanche Photodiode

APON ATM Passive Optical Network

ATM Asynchronous Transfer Mode

AWG Arrayed Waveguide Grating

BER Bit Error Rate

BPON Broadband Passive Optical Network

CDMA Code-Division Multiple Access

CO Central Office

CWDM Coarse Wavelength Division Multiplexing

DBA Dynamic Bandwidth Allocation

DFB Distributed Feedback Laser

DL Downlink

DWDM Dense Wavelength Division Multiplexing

EPON Ethernet Passive Optical Network

FC Ferrule Connector

FEC Forward Error Correction

FP Fabry-Pérot

FSAN Full Service Access Network

FTTB Fiber To The Building

FTTC Fiber To The Curb

xv
FTTCab Fiber To The Cabinet

FTTH Fiber To The Home

FTTN Fiber To The Node

FTTP Fiber To The Premises

FTTx Fiber To The x

GEM GPON Encapsulation Method

GI Graded-Index

GI-POF Graded-Index Plastic Optical Fiber

GOF Glass Optical Fiber

GPON Gigabit Passive Optical Network

HDTV High-Definition Television

HFC Hybrid Fiber Coax

IEC Internation Electrotechnical Comission

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

IP Internet Protocol

IPTV Internet Protocol Television

ISI Inter Symbol Interference

ITU-T International Telecommunication Union - Telecommunication Standardization Sector

LC Lucent Connector

LD Laser Diode

LED Light Emitting Diode

MC-POF Multi Core Plastic Optical Fiber

MPCP Multi-Point Control Protocol

MSI-POF Multi Step Index Plastic Optical Fiber

NRZ Non-Return-to-Zero

ODF Optical Distribution Frame

ODN Optical Distribution Network

xvi
OLT Optical Line Terminal

ONT Optical Network Terminal

ONU Optical Network Unit

OSA Oscilloscope Signal Analyzer

P2MP Point to multipoint

P2P Point to point

PDO Optical Distribution Point

PF Fluor Polymer

PIN Positive-Intrinsic-Negative

PLOAM Physical Layer Operations and Maintenance

PMMA Polymethyl methacrylate

POF Plastic Optical Fiber

PON Passive Optical Network

PRBS Pseudo-Random Binary Sequence

PSTN Public Switched Telephone Network

QAM Quadrature Amplitude Modulation

QoS Quality of Service

RN Remote Node

SC Subscriber Connector

SCMA Subcarrier-Division Multiple Access

SI Step-Index

SI-POF Step-Index Plastic Optical Fiber

SM-GOF Single Mode - Glass Optical Fiber

ST Straight Tip

TDM Time-Division Multiplexing

TDMA Time Division Multiple Access

TDM-PON Time-Division Multiplexing - Passive Optical Network

xvii
TDT Televisão Digital Terrestre

TV Television

UL Uplink

VCSEL Vertical-Cavity Surface-Emitting Laser

VDSL Very-high-bit-rate Digital Subscriber Line

VoD Video on Demand

VoIP Voice over IP

WBF Wavelength Blocking Filter

WDMA Wavelength-Division Multiple Access

WDM-PON Wavelength-Division Multiplexing - Passive Optical Network

xviii
Lista de Símbolos

a Raio do núcleo da fibra ótica (m)

c Velocidade da luz no vácuo (3x108 m/s)

J Perdas por fusão térmica da fibra (dB)

l Comprimento da fibra ótica (m)

M Número de modos propagados

Moperacional Margem operacional do sistema (dB)

Msegurança Margem de segurança do sistema (dB)

n Índice de refração de um meio

n0 Índice de refração do meio externo

n1 Índice de refração do núcleo

n2 Índice de refração da bainha

NA Abertura numérica

Ø Diâmetro do núcleo da fibra ótica (m)

PBudget Power budget (dB)

Pdisponivel Potência de sinal disponível (W)

Pin Potência do sinal à entrada (W)

Pout Potência do sinal à saída (W)

PR Potência recebida (W)

PT Potência de transmissão (W)

V Frequência normalizada

vn Velocidade da luz num meio (m/s)

W Perdas do acoplador WDM (dB)

α Coeficiente de atenuação (dB/km)

αT Atenuação total do sistema (dB)

xix
θa Ângulo de aceitação (graus)

θc Ângulo crítico (graus)

θi Ângulo de incidência (graus)

θr Ângulo de reflexão (graus)

θt Ângulo de refração (graus)

λ Comprimento de onda (m)

xx
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

O processo de comunicação entre os humanos é uma necessidade fulcral para o nosso dia-a-
dia, desde os nossos primórdios. Como é típico do homem, a atitude crítica perante o mundo
e otimizar cada vez mais os recursos que o rodeia, permitiu o desenvolvimento de
mecanismos e tecnologias otimizadas capazes de tornar o processo de comunicação mais
simples, rápido e eficaz [1].

O segmento da rede que permite a interligação aos diversos tipos de serviços e à partilha de
informação é designado por rede de acesso. Ao longo do tempo várias tecnologias foram
adotadas para as redes de acesso, com o intuito de fornecer uma largura de banda e uma
qualidade de serviço (QoS) adequado aos serviços de voz, televisão e dados [2].

Serviços como Internet Protocol Television (IPTV) exigem grande largura de banda, uma
vez que possibilitam a visualização de canais em alta definição, funcionalidades interativas e
de Video on Demand (VoD). Dadas as vantagens que a fibra ótica apresenta e o aumento da
necessidade de largura de banda, levaram os operadores de telecomunicações e os países a
investir em grande escala na implementação de fibra ótica nas redes de acesso. Este tipo de
infraestrutura não só suporta as aplicações já existentes, como também abriu novas

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 1


Capítulo 1 Introdução

oportunidades de negócio e desenvolvimento a nível de serviços, devido à elevada largura de


banda que a fibra pode oferecer [1].

1.1 Enquadramento e motivação


A evolução e a otimização são processos que atuam de forma constante no ramo tecnológico.
Nesse sentido, a área das telecomunicações não fica imune a esse processo. As
infraestruturas de cobre e cabo coaxial existentes nas redes de acesso demonstraram algumas
limitações nos últimos anos, nomeadamente no potencial de evolução de forma a satisfazer as
necessidades dos utilizadores.

As redes de acesso possuem várias soluções tecnológicas, e cada uma tem vantagens e
desvantagens associadas. A seleção de uma determinada tecnologia depende da infraestrutura
existente. Nestes últimos anos, tem-se assistido à implementação de fibra ótica baseada nas
premissas Fiber to the x (FTTx) [2].

As redes de acesso enfrentaram vários desafios nos últimos anos. Um desses grandes desafios
prende-se com a convergência dos serviços de voz, dados e televisão (TV) sob a mesma
infraestrutura física. Começou-se por utilizar infraestruturas híbridas, isto é, a rede de
distribuição é constituída por fibra ótica e a rede de acesso utilizava o cabo de cobre e coaxial
para transmitir os sinais provenientes dos três tipos de serviços disponibilizados. Atualmente,
as redes óticas passivas têm-se estendido até às instalações dos próprios utilizadores,
permitindo débitos e distâncias elevadas.

Na Figura 1.1 pode-se verificar que a convergência pode ser dividida em dois campos.
Convergência de rede e convergência de serviços.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 1.1 - Convergência de rede e de serviços.

A convergência de rede significa a migração de todos os serviços sob a mesma infraestrutura


física, enquanto a convergência de serviços prende-se ao facto de num único equipamento
(computador por exemplo) ser possível obter os vários serviços disponíveis.

O segundo desafio que as redes de acesso enfrentam, está associado à substituição


progressiva das infraestruturas de cobre e cabo coaxial por fibra ótica. A sua substituição trás
algumas vantagens ao utilizador final, nomeadamente capacidade para débitos mais elevados
e imunidade à interferência eletromagnética. Contudo, fornecer fibra ótica de sílica (GOF)
neste segmento da rede pode representar um grande investimento para um operador de
telecomunicações. É nesse sentido que as fibras óticas de plástico (POF) podem surgir como
uma alternativa mais económica às GOF, embora com um menor desempenho e para
distâncias curtas.

1.2 Objetivos
O âmbito desta dissertação passa por estudar as tecnologias atuais e emergentes das redes de
acesso, e o estudo da viabilidade da utilização de POF neste segmento da rede. Mais
especificamente, os objetivos são:

• Adquirir conhecimento acerca o estado da arte das atuais redes de acesso e das fibras
óticas de sílica e de plástico;

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 3


Capítulo 1 Introdução

• Compreender a arquitetura de uma rede ótica passiva (PON) e os componentes que a


constituem;
• Estudo das tecnologias PON atuais assim como também outras que se encontram em
desenvolvimento;
• Desenvolver cenários que permitem estudar e comparar o desempenho de três tipos
de fibras óticas, entre as quais a POF;
• Dimensionar e calcular o power budget para os cenários propostos;
• Implementar os cenários propostos no programa de simulação VPIphotonicsTM;
• Executar diversas simulações e comparar o desempenho entre os três tipos de fibras,
estudando os limites de operação da POF;
• Estudar as circunstâncias que tornam viáveis a utilização da fibra ótica de plástico em
detrimento da de sílica.

1.3 Contextualização histórica


A conceção da fibra ótica contribuiu para uma das maiores revoluções das telecomunicações
nas últimas décadas. Desde o seu surgimento que o mercado das telecomunicações tem-se
desenvolvido e criado novos ramos de negócio a um ritmo vertiginoso.

A explosão da internet levou à procura de novas soluções tecnológicas, nomeadamente


infraestruturas capazes de garantir um acesso em banda larga e um QoS adequado aos
utilizadores domésticos e empresariais. Foi por volta de 1990 que se iniciaram as primeiras
implementações de fibra ótica nas redes de acesso, quando alguns operadores de
telecomunicações e fornecedores de equipamento se juntaram e formaram a Full Service
Access Network (FSAN) [3]. Desde então, várias arquiteturas e tecnologias foram
especificadas no sentido de aproveitar ao máximo os recursos que a fibra ótica pode oferecer
a nível de débito binário e distância de transmissão.

Existem dois grandes grupos que estabelecem normas que definem como as redes de
telecomunicações operam e se interligam: Institute of Electrical and Electronics Engineers
(IEEE) e o Telecommunication Standardization Sector of the International

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Telecommunication Union (ITU-T). Ambas as organizações produzem especificações


separadamente na área das PON, sendo incompatíveis entre ambas [4].

A Tabela 1.1 apresenta as datas que marcam a evolução das tecnologias que utilizam a fibra
ótica como meio de transmissão nas redes de acesso.

Tabela 1.1 - Datas importantes das tecnologias óticas de redes de acesso [5].

Ano Acontecimento
1990 Nascimento da FSAN
1998 FSAN especifica a APON com débitos entre 155-622 Mbps
2001 ITU-T lança versão final da norma G.983 (baseado em APON), designando-a
por BPON
2003 ITU-T especifica a GPON G.984 com 2.4 Gbps no sentido descendente e 1.2
Gbps ascendente
2004 IEEE especifica a EPON 802.3ah com 1 Gbps simétrico
2006-09 Massificação de redes GPON na América e na Europa
2007 IEEE especifica a 10G-EPON 802.3av com 10 Gbps simétrico
2010 ITU-T especifica a 10G-PON G.987 com 10 Gbps no sentido descendente e
2.5 Gbps ascendente

As evoluções registadas nas redes de telecomunicações foram obtidas muito à custa da


evolução da fibra ótica. Contudo, quando se faz referência à fibra ótica refere-se
normalmente às GOF. No entanto, a POF surgiu sensivelmente na mesma altura que a GOF,
sendo que a primeira experiência realizada no âmbito das transmissões por fibra ótica, foi
feita com POF, em 1955. O primeiro material usado para fazer uma POF foi o
polimetilmetacrilato (PMMA) e surgiram no início da década de 60. Trata-se de um material
termoplástico rígido e transparente, conhecido como “vidro acrílico”. Por esta altura, a
atenuação registada por este tipo de fibras ascendia aos 1000 dB/km. A sua utilização estava
então comprometida para as GOF, uma vez que estas apresentavam atenuações
consideravelmente mais baixas. Todavia, nos anos seguintes, vários desenvolvimentos foram
efetuados, nomeadamente pelas empresas Mitsubishi Rayon e Asahi Chemical, que
conseguiram diminuir a atenuação para valores mínimos de 55 dB/km (a 568 nm), mas ainda
assim tratava-se de um valor de comprimento de onda que encontra-se fora da janela típica
utilizada em telecomunicações (850 – 1550 nm).

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Capítulo 1 Introdução

O maior salto na evolução das POF deu-se em cerca de 1995 na Universidade de Keio,
quando apresentou-se a POF de índice gradual (GI) com polímero de flúor (PF). Com este
tipo de fibra, era possível obter atenuações inferiores a 50 dB/km para comprimentos de onda
compreendidos entre os 850 e os 1550 nm [6].

Na Tabela 1.2 registam-se as datas dos acontecimentos mais importantes relacionados com as
fibras óticas de sílica e de plástico.

Tabela 1.2 - Datas importantes das fibras óticas [7] [8] [9].

Ano Acontecimento
1956 Narinder Kanpany inventa a fibra ótica
1958 Arthur Schwalow e Charles Townes inventam o laser
1962 Foi inventado o primeiro fotodetetor PIN de silício de alta velocidade
1968 Desenvolvida a primeira POF-PMMA
1976 Primeiro sistema comercial de fibras óticas
1983 Introduzida a GOF monomodo com dispersão nula em 1310 nm – G652
1992 Prof. Koike anuncia 2.5 Gbps com 100m transmissão GI-POF-PMMA
utilizando um díodo laser (LD) nos 650nm
1994 Introduzida a GOF de dispersão nula (NZD) em 1500 nm – G655
1999 A Lucent anuncia 11 Gbps em 100 m de POF Lucina™ (PF-GI-POF)
2005 Primeira PMMA-GI-POF disponível comercialmente
A AGC apresenta a PF-GI-POF baseada no polímero CYTOP, com uma
2010 estrutura com dupla bainha para reduzir as perdas de potência associadas às
curvaturas

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

1.4 Estrutura da dissertação


Esta dissertação é composta por 5 capítulos e estão organizados da seguinte forma:

• Capítulo 1 – Introdução: Neste primeiro capítulo é efetuado uma introdução ao


tema, apresentando o enquadramento e a motivação desta dissertação. São referidos
os objetivos e é efetuado uma contextualização histórica.
• Capítulo 2 – Fibras óticas: Neste capítulo é efetuada uma abordagem teórica
relativamente às fibras óticas. Começa-se por apresentar o espetro ótico de operação
das fibras óticas de sílica e de plástico. Posteriormente faz-se uma pequena
introdução aos fundamentos de propagação da luz em fibras óticas e abordam-se os
conceitos de atenuação e dispersão. Seguidamente aborda-se as fibras óticas de sílica
e de plástico, apresentando várias normas e tipos de fibras existentes no mercado. Por
último, enumera-se as vantagens e desvantagens das POFs e compara-se com as
GOFs.
• Capítulo 3 – Redes de acesso: Pretende-se com este capítulo relatar o atual estado de
arte das diferentes tecnologias das redes de acesso. Apresentam-se as evoluções que
existiram neste segmento da rede, os graus de penetração da fibra ótica e os
componentes que constituem uma rede ótica passiva. Aborda-se os conceitos
necessários para efetuar o cálculo do power budget de uma rede deste tipo.
Enumeram-se algumas figuras de mérito que permitem analisar a qualidade de um
sinal NRZ.
• Capítulo 4 – Simulação de uma rede de acesso com POF: Este capítulo é dedicado
à parte prática. Em primeiro lugar efetua-se uma introdução ao simulador VPI.
Posteriormente apresentam-se dois cenários para simulação no programa. Para tal,
efetua-se o cálculo de power budget assim como também toda a parametrização dos
componentes necessários no simulador. Implementam-se os cenários propostos no
VPI e analisam-se os resultados obtidos.
• Capítulo 5 – Considerações finais: O último capítulo é dedicado às conclusões de
todo o trabalho realizado e do conhecimento adquirido acerca deste tema. São
também apresentadas algumas sugestões para trabalho futuro.

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Capítulo 1 Introdução

1.5 Principais contribuições


No âmbito desta dissertação de Mestrado foi submetida a seguinte publicação:

• M. Rodrigues, P. Pinho, “Plastic optical fiber in Access Networks”, Conference in the


broad field of Electronics, Telecommunications and Computers (CETC) 2013, 15 de
Novembro, ISEL, Lisboa.

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CAPÍTULO 2
FIBRAS ÓTICAS

A fibra ótica assume um papel muito importante na área das telecomunicações nos dias de
hoje. Além de ser mais eficiente comparativamente ao seu antecessor, o cobre/cabo coaxial,
permite a transmissão de informação a distâncias superiores e com uma maior taxa de
transmissão. Independentemente do material que a constitui, o seu princípio de
funcionamento é o mesmo: propagação de um feixe de luz através de sucessivas reflexões
que ocorrem ao longo da fibra até ao recetor.

Na Figura 2.1 pode-se verificar que a fibra é constituída essencialmente por três camadas: o
núcleo é formado por um filamento de vidro de dimensões microscópicas cujo material é
geralmente composto por sílica ou até mesmo plástico, de modo permitir a propagação de luz
ao longo da fibra. A camada que se segue é designada por bainha, e é constituída por um
material dielétrico com um índice de refração inferior ao do núcleo, de modo a que o sinal
ótico tenha reflexão total no interior do núcleo, desde que o ângulo de incidência seja
superior ao ângulo crítico. Por último, para proteção das camadas anteriormente referidas, é
utilizado um revestimento com um material eletricamente isolante para proteção mecânica e
ambiental [8].

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Capítulo 2 Fibras óticas

Figura 2.1 - Constituição da fibra ótica [10].

2.1 Espectro ótico


Um sistema de comunicação ótica pode operar em várias gamas de comprimento de onda.
Contudo, mediante a distância de transmissão, das características do tipo de fibra utilizada,
dos tipos de recetores e emissores, existe um comprimento de onda ótimo para operação do
sistema. A Figura 2.2 ilustra a gama de operação típica das fibras óticas de plástico e de
sílica. Como se pode constatar, as POFs tipicamente operam na gama do espetro visível, isto
é, entre os 400 e os 700 nm, embora existam fibras óticas de plástico designadas de CYTOP
(polímeros de flúor) que permitem operar nos 850 e 1300 nm com atenuações relativamente
baixas. Já as GOFs operam numa gama compreendida entre os 850 e os 1600 nm, com maior
destaque para 1330 e 1550 nm [6].

Figura 2.2 - Comprimento de onda de operação das GOFs e POFs (adapt. de [11]).

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

2.2 Fundamentos de propagação em fibras óticas


A fibra ótica corresponde ao meio onde a luz se propaga no interior do seu núcleo, por meio
de reflexões até ao fotorecetor. Nesta secção abordam-se os fundamentos que explicam o
fenómeno de propagação em fibras óticas.

2.2.1 Índice de Refração


O índice de refração (n) é uma grandeza que expressa a que velocidade a luz se propaga num
determinado meio. Na equação 2.1 pode-se constatar que este pode ser calculado pela razão
entre a velocidade da luz no vácuo (c) e a velocidade da luz no meio em questão (vn).

= (2.1)

Uma vez que a velocidade e propagação no interior de um material é sempre inferior à


velocidade da luz no vácuo, o índice de refração de qualquer material será superior a 1 [12].

2.2.2 Refração e reflexão


A Figura 2.3 representa três casos de propagação da luz numa fibra ótica. Como se pode
verificar, o raio luminoso representado a preto incide segundo um ângulo θi, e é refratado
com ângulo θt, relativo à normal ao ponto de incidência num meio transparente mais
refringente. Parte da luz é refletida para o interior, com ângulo θr. O raio a laranja retrata a
situação de aumentar o ângulo de incidência até se atingir o ângulo crítico θc. O raio
refratado é propagado na interface entre os dois meios. O terceiro caso está representado pelo
raio a castanho com um ângulo superior a θc. O que acontece é que, invés de ser refratado,
este é refletido totalmente. O efeito de reflexão interna total é o mecanismo básico de
propagação da luz em fibras óticas [12].

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Capítulo 2 Fibras óticas

Figura 2.3 - Refração e reflexão interna total e parcial da luz [13].

Para calcular a refração, utiliza-se a lei de Snell, que é dada pela equação 2.2.

sen = sen (2.2)

Quanto ao ângulo crítico θc, pode ser calculado pela equação 2.3.

= sen (2.3)

2.2.3 Ângulo de aceitação


A Figura 2.4 ilustra uma fibra ótica constituída por um núcleo com um índice de refração n1
envolvido por uma bainha com índice de refração n2. Considerando uma fonte de luz
colocada à entrada da mesma, apenas os raios com ângulos inferiores ao ângulo de aceitação
(θa) serão propagados no interior da fibra ótica, por reflexões múltiplas. Pode-se ainda
constatar vários raios de luz com percursos diferentes dentro da fibra, que são originados pela
variação do ângulo de aceitação à entrada [12].

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 2.4 - Propagação da luz na fibra ótica [13].

Para cálculo do ângulo de aceitação, utiliza-se a equação 2.4. De modo a garantir que a luz
que entra na fibra possa ser guiada através desta, tem de se verificar a condição n1 > n2. O
meio exterior à fibra é o ar, cujo índice de refração é n0 ≈ 1 [7]

= sen (2.4)

2.2.4 Abertura numérica


A abertura numérica (NA) é uma medida da quantidade de luz que pode ser emitida ou
recebida por um sistema ótico. Este parâmetro é adimensional e pode ser aplicado a uma
lente, uma objetiva microscópica ou uma fibra ótica. Para calcular a abertura numérica,
recorre-se à equação 2.5. Considera-se que o meio externo à fibra é o ar (n0 ≈ 1).

= sen = − (2.5)

Assim sendo, quanto maior a NA mais fácil será o acoplamento da fonte ótica à fibra. As
POFs são um exemplo desse caso, dado que, tipicamente possuem uma NA até 0,5. Já nas
fibras de sílica, os valores de NA encontram-se entre 0,1 e os 0,2. Contudo, uma elevada
abertura numérica também traz inconvenientes, pois possibilita um grande número de modos
de propagação, aumentando assim o efeito de dispersão intermodal [12].

2.2.5 Regime monomodal e multimodal (parâmetro V)


As fibras óticas podem ser classificadas em dois tipos: monomodo ou multimodo. Um modo
corresponde a uma trajetória possível de um raio que se pode propagar no interior da fibra.

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 13


Capítulo 2 Fibras óticas

Para determinar o regime de funcionamento da fibra ótica, recorre-se ao parâmetro estrutural


V, que depende do raio do núcleo (a), do comprimento de onda (λ) e da abertura numérica
(NA). O parâmetro V pode ser calculado segundo a equação 2.6.

= ×"× (2.6)

Valores de V inferiores a 2,4 a fibra diz-se monomodo, uma vez que apenas é permitida a
propagação de um único modo designado por modo fundamental. Para valores superiores dir-
se-á multimodo. É possível determinar o número de modos (M) de uma fibra utilizando a
equação 2.7, no caso de esta ser de índice em degrau (SI) [6].

%
#≈ (2.7)

Para fibras de índice gradual (GI) com perfil parabólico, recorre-se à equação 2.8.

%
#≈ (2.8)
&

2.3 Fibra ótica de sílica


As fibras óticas podem ser diferenciadas consoante as suas características físicas, como por
exemplo a dimensão do núcleo que dita o seu perfil de índice de refração e a sua capacidade
de propagar um ou mais modos de propagação. Assim sendo, podemos distinguir dois tipos:
as monomodo e multimodo.

2.3.1 Fibras monomodo


As fibras monomodo, comparativamente às multimodo, têm um núcleo com menor dimensão
e uma maior capacidade de transmissão, sendo apropriadas para longas distâncias. Estas
permitem apenas um sinal de luz pela fibra, pois possuem um único modo de propagação.
Tal acontece, porque o diâmetro do núcleo é pequeno quando comparado com o
comprimento de onda do sinal ótico, resultando uma diminuição da dispersão do impulso
luminoso e consequentemente a transmissão apenas do raio axial. Contudo, o facto de o
núcleo ter dimensões pequenas, torna-se difícil o acoplamento da luz na entrada e na saída da
fibra. Por essa razão, geralmente são utilizados fontes óticas coerentes, como é o caso dos
lasers, dado que conseguem ser mais direcionais e de maior precisão. Tipicamente as

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

dimensões associadas ao núcleo são entre os 5 e 10 µm e a bainha em torno dos 125 µm.
Relativamente à atenuação, apresentam perdas baixas, facilitando desta forma a transmissão
para longas distâncias sem utilização de repetidores. Tipicamente os valores concentram-se
na ordem dos 0,5 dB/km para 1300 nm e 0,2 dB/km para 1550 nm [14].

2.3.2 Fibras multimodo


As fibras multimodo são normalmente utilizadas para curtas distâncias, uma vez que para
longa distância introduz muitas perdas. Comparativamente às de monomodo têm uma
dimensão maior relativamente ao diâmetro do núcleo, o que facilita o acoplamento de fontes
óticas incoerentes, tais como os Light-emitting diode (LED). As fibras multimodo podem
ainda ser de dois tipos: índice degrau (SI) e de índice gradual (GI). Este tipo de fibras,
tipicamente possui uma atenuação entre 2,5 a 4 dB/km nos 850 nm.

2.3.2.1 Índice degrau (step-index)


As fibras multimodo de índice em degrau foram as primeiras a serem comercializadas. A sua
estrutura é simples, o seu núcleo é constituído basicamente por um único tipo de sílica com
índice de refração constante e superior ao da bainha. As dimensões do núcleo podem variar
entre os 50 e os 100 µm.

A Figura 2.5 ilustra o comportamento dos raios de luz no interior de uma fibra deste tipo.
Uma vez que existe uma diferença nos índices de refração da bainha e do núcleo, os raios
afastam-se do eixo da normal causando dispersão modal. As refrações só acontecem quando
verifica-se a condição sen ϕ < n2/n1, onde n1 é o índice de refração do núcleo e n2 da bainha
[14] [15].

Figura 2.5 - Fibra multimodo de índice de degrau (adaptado de [15]).

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Capítulo 2 Fibras óticas

2.3.2.2 Índice gradual (graded-index)


Quanto às fibras multimodo de índice gradual, o núcleo é composto por materiais com
índices de refração variáveis. O objetivo desta variação está associado à redução das
diferenças de tempos de propagação da luz no núcleo. O seu processo de fabricação é mais
complexo, dado que para se conseguir um núcleo com índice de refração variável, é
necessário dopar o núcleo da fibra com doses diferentes, para que este diminua do centro do
núcleo até à bainha.

Contudo, como se pode constatar pela Figura 2.6, continuam a existir caminhos diferentes na
propagação da luz. Comparativamente com as fibras de índice em degrau, estas apresentam
melhores condições para transmissão a débitos elevados, dado que diminui a dispersão do
impulso [14] [15].

Figura 2.6 - Fibra multimodo de índice gradual (adaptado de [15]).

2.3.3 Comparação entre várias normas de fibras de sílica


A ITU-T, que é uma organização de normalização global de telecomunicações, normalizou
vários tipos de fibras nas últimas décadas, desde a G.651 até à G.659. Em termos de fibra
multimodo, existe a norma G.651, cujo raio do núcleo é 50 µm e de índice gradual.
Relativamente às fibras monomodo, a mais utilizada é a G.652 que é otimizada para operar
nos 1310 nm, enquanto a G.655 foi otimizada para operar nos 1550 nm [16]. A especificação
G.657 descreve duas categorias de fibra monomodo, que são adequadas para o uso nas redes
de acesso, dada a otimização que foi efetuada a nível de perdas devido às curvaturas.

A Tabela 2.1 resume as caraterísticas principais de cada norma da ITU-T para as principais
fibras de sílica.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Tabela 2.1 - Normas da ITU-T para fibras óticas de sílica [17] [18] [19].

Norma G.651 G.652C G.655 G.657


Multimode
Nondispersion- Non-zero Bending-loss
Fiber with a
Designação Shifted Fiber – Dispersion- insensitive
50-Micron
Low OH Peak shifted Fiber single-mode
Core
Tipo Multimodo Monomodo Monomodo Monomodo
Diâmetro núcleo
50 6 ~ 10 6 ~ 10 6 ~ 10
[µm]
Diâmetro modal
- 8.6-9.5 µm 8-11 µm 6.3-9.5 µm
de campo (MFD)
Atenuação @ 850
4 - - -
nm (dB/km)
Atenuação @
2 0,4 0,4 0,4
1310 nm (dB/km)
Atenuação @
- 0,3 0,2 0,3
1550 nm (dB/km)
Capacidade de ~2000
~100 THz.km ~100 THz.km ~100 THz.km
transmissão (B.L) MHz.km

2.4 Fibra ótica de plástico


A fibra ótica de plástico, tal como o seu nome indica, é constituída por materiais poliméricos.
Tal como as fibras normais de sílica, é formada por um núcleo, uma bainha e um
revestimento para proteção. Relativamente ao núcleo, os materiais podem variar. Consoante
o tipo de material utilizado a atenuação pode ser maior ou menor, sendo que o melhor caso
atual verifica-se com o polímero de flúor, com atenuações de cerca 10 dB/km para um
comprimento de onda de 1300 nm [6].

2.4.1 Tipos de POFs


As fibras de plástico podem ser de vários tipos. Estas são classificadas segundo critérios
como: distribuição do índice de refração do núcleo, número de modos propagados, número
de núcleos e material que constitui o núcleo. Nas seções seguintes abordam-se alguns desses
tipos [7].

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Capítulo 2 Fibras óticas

2.4.1.1 SI-POF (Step índex – POF)


Tal como as GOFs, as primeiras POFs apresentavam um perfil do índice em degrau (SI-
POF). O núcleo é constituído por um material homogéneo, isto é, com índice de refração
constante. A sua grande abertura numérica e diâmetro do núcleo permitem o uso de fontes
óticas de baixa coerência e mais baratas (como o caso dos LEDs). O processo de
acoplamento é melhor e requer pouca precisão com os conetores [6].

A Figura 2.7 ilustra o comportamento dos raios dentro de uma SI-POF.

Figura 2.7 - Perfil de índice de refração de uma SI-POF [6].

2.4.1.2 MC-POF (Multi core – POF)


Neste tipo de fibras, existe uma agregação de vários núcleos numa única fibra durante o
processo de fabrico. O diâmetro total de uma fibra deste género é de 1 mm. As suas
principais vantagens consistem no facto de suportarem elevada largura de banda e sofrerem
baixas perdas devido a curvaturas.

A Figura 2.8 ilustra três exemplos de MC-POFs comercializadas pela AGC Asahi Chemical
[6].

Figura 2.8 - MC-POFs com 37, 217 e 631 núcleos [6].

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

2.4.1.3 GI-POF (Graded índex – POF)


Tal como o seu nome indica, este tipo de fibra possui um núcleo composto por materiais
poliméricos com índices de refração variáveis. Essa variação de gradiente do índice de
refração acontece à medida que a distância ao eixo da fibra aumenta, enquanto a bainha
mantém um índice de refração constante. Na Figura 2.9 pode-se verificar que no centro do
núcleo, os raios percorrem distâncias menores, mas possuem uma velocidade de propagação
menor derivado ao índice de refração ser superior. Por outro lado, uma vez que os valores de
índice de refração junto à bainha são inferiores, os raios são propagados a uma velocidade e
distâncias superiores [6].

Figura 2.9 - Perfil de índice de refração de uma GI-POF [6].

2.4.1.4 MSI-POF (Multi step índex – POF)


As fibras óticas de plástico com índice em múltiplos degraus (MSI-POF) apresentam um
núcleo formado por várias camadas, como ilustra a Figura 2.10. Este tipo de fibras nasceram
do facto de as GI-POFs introduzir algumas dificuldades tecnológicas no seu processo de
produção.

Como é possível constatar pela Figura 2.10, os raios luminosos não se propagam com
trajetórias continuamente curvas, mas sim com trajetórias definidas pelos índices de refração
dos vários degraus [6].

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Capítulo 2 Fibras óticas

Figura 2.10 - Perfil de índice de refração de uma MSI-POF [6].

2.4.2 Comparação entre os tipos de POFs


Como se viu anteriormente as POFs podem ser classificadas consoante o seu perfil refrativo.
Cada tipo possui caraterísticas diferentes, influenciando assim a área de aplicação das
mesmas. Começando pela SI-POF, dada à sua elevada dispersão intermodal, é normalmente
utilizada para transmissão de dados de curta distância ou em iluminação. Relativamente à GI-
POF, apresenta uma grande melhoria comparativamente à SI-POF. Possui uma baixa
dispersão intermodal e uma atenuação inferior comparativamente à SI-POF, devido ao seu
perfil do índice de refração, permitindo assim a transferência de dados mais robustas [6].

A Tabela 2.2 resume as principais características das POFs que foram apresentadas
anteriormente.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Tabela 2.2 - Caraterísticas dos vários tipos de POFs [6] [20].

Capacidade de
Perfil Refrativo Características
transmissão (B.L)
- Comunicações de curtas distâncias (< km)
Índice em degrau 5 MHz.km
(SI-POF) - Elevada dispersão intermodal
- Fácil acoplamento com a fonte ótica
- Comunicações de curtas e médias
Índice multi-degrau distâncias (< km)
30 MHz.km
(MSI-POF) - Baixa dispersão intermodal
- Fabrico relativamente simples
Multi-núcleo 55 MHz.km - Alta estabilidade de atenuação para
(MC-POF) curvaturas

- Comunicações de curtas e médias


distâncias (< km)
Índice gradual 600 MHz.km
(GI-POF) - Baixa dispersão intermodal
- Suporte a elevados débitos binários

2.4.3 Normas existentes para POFs


No ramo das telecomunicações, existem organizações a nível mundial responsáveis por
publicar especificações que servem como referência para os fabricantes desenvolverem
soluções tecnológicas. No caso das fibras óticas de plástico, os fabricantes podem contar com
a norma IEC 60793-2-40 (International Electrotechnical Comission).

A Tabela 2.3 apresenta duas especificações da norma referida anteriormente. Apesar de


existirem outras especificações, estas são as que originam mais interesse no âmbito desta
dissertação e serão necessárias para a parametrização da POF no programa de simulação.

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Capítulo 2 Fibras óticas

Tabela 2.3 - Especificações da norma IEC 60793-2-40 [6].

Classe A4g A4h


Perfil do índice GI GI
Ø núcleo [µm] 120 ± 10 62,5 ± 5
Ø bainha [µm] 490 ± 10 245 ± 5
Ø revestimento [µm] n. d. n. d.
Comprimento de onda de
650, 850, 1300 850, 1300
operação [nm]
Perdas @ 650 nm [dB/km] ≤ 100 –
Perdas @ 850 nm [dB/km] ≤ 33 ≤ 33
Perdas @ 1300 nm [dB/km] ≤ 33 ≤ 33
B.L @ 650 nm [MHz.100m] ≥ 800 –
B.L @ 850 nm [MHz.100m] 1880 – 5000 1880 – 5000
B.L @ 1300 nm [MHz.100m] 1880 – 5000 1880 – 5000
Abertura numérica (NA) 0,19 ± 0,015 0,19 ± 0,015

2.4.4 POFs disponíveis no mercado


No capítulo anterior verificou-se que consoante o tipo de POF utilizada, as caraterísticas da
fibra diferem. Essas diferenças são justificadas pelos parâmetros de propagação que cada tipo
de fibra possui. A Tabela 2.4 apresenta a parametrização de algumas POFs.

Tabela 2.4 - Parâmetros de POFs disponíveis no mercado [6].

Tipo de fibra Perfil NA a [µm] λ [nm] V M

SI-POF padrão SI 0,50 490 650 2368 2,8x106

POF Optimedia GI 0,30 450 650 1305 6,48x105

MC37-POF SI 0,50 65 650 314 4,93x104


(cada núcleo)
MC613-POF SI 0,50 18,5 650 89 3961
(cada núcleo)
LucinaTM (GI- GI 0,20 60 1300 58 841
POF)
GI-POF GI 0,17 25 850 31 240
(Europa)

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Como se pode verificar na tabela anterior, as POFs do tipo GI têm uma abertura numérica
(NA) e raio de núcleo (a) menores que os restantes, à exceção da POF Optimedia que apesar
de ter um NA baixo tem um raio de núcleo maior. É importante também referir que valores
de V elevados resultam também um elevado número de modos propagados (M) [6].

Existem vários fabricantes de POFs com diferentes tipos de materiais e perfil refrativo. Na
Tabela 2.5 pode-se constatar a lista dos principais fabricantes de POFs a nível mundial.

Tabela 2.5 - Fabricantes de POFs no mercado atual [21].

Fibra SI (PMMA) Fibra GI (PMMA) Fibra GI (PF)


Asahi Chemical FiberFin Asahi Glass
Luceat Fuji Photo Film Co Chromis Fiberoptics
Mitsubishi International
Nuvitech
Corp.
Nuvitech Optimedia
Toray Industries COMOSS
COMOSS

Na Tabela 2.6 é possível verificar alguns exemplos de POFs que estão disponíveis no
mercado.

Tabela 2.6 - Comparação entre POFs de diversos fabricantes [6] [22].

POF Fabricante Perfil Material Atenuação λ [nm] a [µm] Débito


(dB/km)
ESKA Mega Mitsubishi SI PMMA 180 650 980 300Mbps/50m

OM-Giga Optimedia GI PMMA 200 650 900 3Gbps/50m

GigaPOF® Chromis GI PF <60 850, 1300 62.5 1Gbps/100m


62LD
GigaPOF® Chromis GI PF <60 850, 1300 50 100Mbps/200m
50SR
Lucina® Asahi GI PF 20~40 850, 1300 120 1Gbps/200m
Glass
Fontex® Asahi GI PF 18~120 850 - 1490 120 40Gbps/100m
Glass

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Capítulo 2 Fibras óticas

Segundo informações do fabricante Chromis, a GigaPOF-62LD pode ser usada diretamente


com fibras de sílica multimodo padrão, e poderão ser utilizados emissores óticos de baixo
custo tais como o vertical-cavity surface-emitting laser (VCSEL) nos 850 nm. Quanto à
GigaPOF-50SR, possui um raio de núcleo e uma abertura numérica muito próxima de uma
fibra multimodo de sílica de 50 µm.

Relativamente às fibras óticas produzidas pela Asahi Glass, é importante referir que a Lucina
foi descontinuada, dando lugar a um novo modelo designado por Fontex. O fabricante
anuncia débitos teóricos de 10 Gbps para 100 metros, embora testes em laboratório revelaram
um desempenho de 40 Gbps para a mesma distância utilizando a modulação DQPSK e OOK
[23]. A Fontex possui um revestimento duplo, permitindo assim uma redução das perdas
associadas às curvaturas [21]. A Figura 2.11 ilustra o gráfico da atenuação em função do
comprimento de onda desta fibra.

Figura 2.11 - Gráfico da atenuação da Fontex [23].

2.4.5 Vantagens e desvantagens da POF


A utilização da POF enquanto meio de transmissão de dados oferece algumas vantagens e
desvantagens. Uma das suas grandes vantagens vai para o facto de se poder utilizar
componentes mais simples e menos dispendiosos. As suas caraterísticas físicas permitem
uma maior flexibilidade e uma grande capacidade de resistência a dobras.

Por outro lado, as POFs também possuem algumas desvantagens, nomeadamente o suporte a
altas temperaturas (> 125ºC), e às suas perdas durante a transmissão (quando comparadas
com as GOFs).

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Na Tabela 2.7 pode-se verificar com mais detalhe a comparação de algumas caraterísticas
entre a POF, GOF e o cobre.

Tabela 2.7 - Comparação das caraterísticas entre POF, GOF e cobre [6].

POF GOF Cobre


Custos dos
Relativamente baixo Alto Baixo
componentes
Alta (curtas Baixa (longas
Atenuação distâncias) distâncias)
Alta

Fácil de instalar; não Mais tempo para Algum tempo para


requer muita instalar; requer muita instalar; requer
Instalação experiência nem experiência e experiência e
ferramentas especiais ferramentas especiais ferramentas especiais
Requer experiência e
Manuseamento Fácil Fácil
cuidados especiais
Flexibilidade Muito flexível Relativamente frágil Flexível
Gama de
Visível e
comprimento de Infravermelho Ondas rádio
infravermelho
onda
Abertura
Elevada (0,5) Baixa (0,1 – 0,2) n. a.
numérica
Algumas dezenas de Várias dezenas de Algumas centenas de
Débito binário Gbps em curtas Gbps em longas Mbps em curtas
distâncias distâncias distâncias
Custo dos
equipamentos de Baixo Alto Médio
testes
Custo do sistema Baixo Elevado Médio

2.5 Atenuação
A atenuação consiste na perda gradual da intensidade de energia de um sinal que se propaga
num determinado meio de transmissão. O seu cálculo pode ser efetuado através da equação
2.9.

'() = ' * +,
(2.9)

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Capítulo 2 Fibras óticas

Aplicando este conceito à propagação de luz nas fibras óticas, a variável Pin representa a
potência do sinal injetado na fibra, Pout a potência à saída da mesma, α o coeficiente de
atenuação e l o comprimento da fibra. A expressão do coeficiente de atenuação em dB é dada
pela equação 2.10.
0 5678
-./ = log (2.10)
, 59

Contudo, nas fibras óticas a atenuação varia de acordo com o comprimento de onda utilizado.
Existe uma dependência direta com o processo de fabrico das mesmas e com o material que
estas são constituídas. A atenuação torna-se um factor muito importante nas comunicações
óticas, dado que o objetivo principal é obter alcances cada vez maiores, o que implica ter
atenuações muito baixas. Relativamente às POFs normalmente possuem uma atenuação
superior comparativamente às GOFs, derivado à absorção intrínseca do material da fibra [6].

2.6 Dispersão
A dispersão é um fenómeno que ocorre nas fibras óticas quando um determinado impulso de
luz se propaga ao longo da fibra e sofre um efeito de alargamento temporal. Este alargamento
determina a largura de banda da fibra ótica (dada em MHz.km), e está relacionada com a
capacidade de transmissão de informação das fibras [14]. No caso da transmissão digital, o
alargamento de um impulso pode sobrepor-se a impulsos adjacentes, um efeito conhecido por
interferência intersimbólica (ISI) [6].

Existem dois mecanismos básicos de dispersão: intramodal e intermodal. A primeira pode


ainda subdividir-se em dispersão material e dispersão de guia de onda. Relativamente à
dispersão intermodal, apenas se aplica às fibras multimodo (índice degrau e gradual).

2.6.1 Dispersão intramodal (cromática)


A dispersão intramodal resulta do atraso diferencial que as várias componentes espectrais do
pulso possuem quando estas propagam-se ao longo da fibra. A Figura 2.12 ilustra o efeito
deste tipo de dispersão, onde pode-se constatar que cada comprimento de onda propaga-se a
uma velocidade diferente [6].

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 2.12 - Efeito da dispersão cromática [24].

A dispersão cromática resulta das propriedades que o material apresenta, dado que possui
diferentes valores de índice de refração em função do comprimento de onda, originando uma
velocidade de propagação diferente para cada comprimento de onda. O tipo de fonte utilizada
também pode contribuir para este efeito (por exemplo os LEDs). Relativamente à dispersão
de guia de onda, resulta principalmente da dependência do parâmetro V com o comprimento
de onda. É particularmente importante em fibras monomodo de sílica, em que a dispersão
material não é significativa. No caso das POFs, a dispersão de guia de onda é geralmente
muito pequena comparada à dispersão material, podendo ser desprezada [6].

2.6.2 Dispersão intermodal


A dispersão intermodal, também conhecida por dispersão modal, deve-se à existência de
vários modos de propagação ao longo da fibra óptica. Por esse motivo, este tipo de dispersão
afeta significativamente as fibras multimodo, uma vez que as suas caraterísticas permitem a
propagação de vários modos (para um mesmo comprimento de onda).

A Figura 2.13 ilustra o efeito da dispersão modal nas POFs. Como se pode constatar, nas SI-
POFs existem vários modos de propagação, em que o modo de propagação de ordem mais
baixa percorre o caminho mais curto (em linha reta) dentro do núcleo da fibra chegando, ao
final da fibra, antes do modo de ordem mais alta. As SI-POFs são altamente afetadas por este
tipo de dispersão, derivado ao seu perfil do índice de refração. As GI-POFs surgiram para
minimizar os efeitos da dispersão intermodal que ocorrem nas SI-POFs. O perfil gradual do
núcleo minimiza esse efeito, fazendo com que os modos de propagação cheguem à
extremidade da fibra ótica em instantes muito próximos [6].

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Capítulo 2 Fibras óticas

Figura 2.13 - Efeito da dispersão intermodal nas POFs [6].

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CAPÍTULO 3
REDES DE ACESSO

Pretende-se com este capítulo abordar as várias tecnologias de redes de acesso em fibra ótica.
Para tal, é necessário compreender melhor o que são as redes de acesso e quais as suas
estruturas atuais.

A rede de acesso é um segmento da rede de telecomunicações que faz a interligação entre os


clientes e as centrais locais. Ao longo do tempo, este segmento de rede sofreu várias
evoluções, tanto a nível do tipo de infraestrutura física, como no protocolo utilizado.
Inicialmente as redes de acesso foram desenvolvidas para transporte de tráfego de voz, numa
era totalmente analógica. Após passar o processo de digitalização, rapidamente evoluiu-se
para tráfego de dados.

As primeiras soluções tecnológicas de transmissão de dados nas redes de acesso baseavam-se


em Dial-up, isto é, não permitiam o utilizador usufruir do serviço de voz e de dados em
simultâneo. Surge então a Digital Subscriber Line (xDSL) que permite a existência
simultânea de vários tipos de tráfego [2]. Existem várias versões xDSL. A mais comum é
designada por Assymetric Digital Subscriber Line (ADSL), e o seu primeiro padrão foi
publicado pela American National Standards Institute (ANSI) com a sigla ANSI T1.413.
Contudo, mais tarde foram publicadas outras normas, nomeadamente pela ITU-T G.992/993.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Paralelamente à evolução das tecnologias que utilizavam o par de cobre surgiu também a
Hybrid Fiber-Coaxial (HFC). Esta tecnologia foi desenvolvida com o propósito de suportar a
difusão televisiva por cabo, mas rapidamente tornou-se uma alternativa à xDSL, permitindo
também o transporte de tráfego de voz e dados.

Nestes últimos anos, tem-se assistido a um forte investimento por parte dos operadores na
implementação de fibra ótica nas redes de acesso, no sentido de aumentar a largura de banda
disponível aos clientes. Surgem então as tecnologias FTTx que permitem uma grande
variedade de serviços com uma qualidade inatingível pelo cobre ou cabo coaxial [25].

3.1 Estrutura de uma rede telecomunicações


O avanço tecnológico e a crescente oferta de serviços tornaram o acesso à informação e a
conteúdos multimédia num hábito para a sociedade atual, e tem sido um fator essencial para
o crescimento económico e da cultura intelectual. Consequentemente as redes de
telecomunicações tornaram-se mais complexas, necessitando de uma arquitetura consistente
e bem definida.

Para se entender melhor o enquadramento das redes de acesso numa rede de


telecomunicações, elaborou-se o esquema que se encontra representado na Figura 3.1 que
ilustra a estrutura típica de uma rede de telecomunicações com vários serviços. Esta pode ser
dividida em três camadas: Nuclear (Core), distribuição e acesso.

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Capítulo 3 Redes de acesso

Figura 3.1 - Esquema simplificado de uma rede telecomunicações com fibra ótica.

A core concentra todos os serviços e servidores para voz, dados e transmissão de vídeo e TV,
assim como também faz a interligação com outros operadores de telecomunicações. De
seguida tem-se a rede de distribuição, cuja função serve para agregar as ligações provenientes
da rede de acesso e as interligar com a rede nuclear. A rede nuclear e a de distribuição, uma
vez que aglomeram grandes quantidades de tráfego são constituídas tipicamente por fibra
ótica. Por último, a rede de acesso, que é a área de estudo de interesse desta dissertação,
serve para interligação ao utilizador final. Neste segmento da rede, são utilizados o cabo de
cobre ou o coaxial numa fase inicial e que posteriormente foi substituído por fibra ótica até à
rede de acesso para responder as necessidades de largura de banda dos utilizadores.

3.2 Cenários evolutivos das redes de acesso


O avanço tecnológico, a diversificação de serviços e a massificação no acesso à internet,
foram algumas das causas que provocaram ao longo do tempo um aumento gradual de
largura de banda, tanto por parte dos clientes residenciais como dos clientes empresariais. Na
Figura 3.2 pode-se verificar que essa evolução gradual da largura de banda teve obviamente
reflexo no tipo de tecnologia utilizada e do tipo de infraestrutura que a suporta.

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 31


Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 3.2 - Evolução das tecnologias da rede de acesso.

Como é possível constatar pelo diagrama anterior, as tecnologias que utilizam o par de cobre
estão de facto limitadas em largura de banda, atingindo um máximo de cerca de 50 Mbit/s no
sentido descendente com a tecnologia Very-high-bit-rate digital subscriber line (VDSL).
Relativamente às tecnologias que utilizam o cabo coaxial, o desempenho é significativamente
melhor dado que se trata de uma arquitetura híbrida.

As tecnologias que utilizam o par de cobre ou cabo coaxial apresentam algumas limitações,
nomeadamente no débito binário e na distância de transmissão. Inúmeros fatores fazem com
que a fibra ótica seja um meio de transmissão preferível em relação ao cobre, cabo coaxial ou
a comunicação sem fios. A substituição dos meios de transmissão por cabos de fibra na rede
melhora a qualidade de serviço e reduz o custo de operação e manutenção da rede de acesso
[26].

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Capítulo 3 Redes de acesso

3.3 Rede de acesso usando fibra ótica


Neste capítulo abordam-se os graus de penetração de fibra ótica, as redes óticas passivas e
ativas e as várias topologias existentes.

3.3.1 Graus de penetração da fibra ótica


Á medida que a fibra ótica começou a tornar-se economicamente viável para a sua
implementação no mercado, tornou-se um forte concorrente às tecnologias de cobre e de
cabo coaxial nas redes de acesso. A designação FTTx é um termo que permite definir vários
graus de profundidade penetração da fibra ótica e permite agregar vários serviços sobre o
mesmo suporte físico, como por exemplo voz, televisão e internet. Estas redes podem ser
ativas (AON) ou passivas (PON) [26].

Consoante o grau de penetração da fibra ótica, a designação FTTx pode tomar algumas
variantes. A Figura 3.3 ilustra algumas das arquiteturas mais conhecidas e implementadas
atualmente.

Figura 3.3 - Arquiteturas FTTx.

Pode-se também afirmar que a razão de existirem várias soluções e configurações para as
redes óticas passivas, deve-se ao facto de esta ter evoluído de uma forma gradual. Isto é, em
primeiro lugar a fibra ótica foi implementada na rede de distribuição, ou seja, entre os
equipamentos que se encontram na central principal e os equipamentos que se encontram nas

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 33


Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

centrais secundarias. Posteriormente convergiu-se para uma solução onde a fibra passou a
substituir os lacetes de cabos de cobre das redes de acesso, e chegou-se a soluções onde o
todo o circuito entre o cliente final e a central principal é constituído por fibra. Assim sendo,
podem existir soluções onde o acesso através de fibra é ponto-a-ponto (P2P) ou ponto-
multiponto (P2MP), sendo que neste último caso é necessário a utilização de splitters
passivos para distribuição de sinal entre as várias fibras para os vários utilizadores [2].

3.3.1.1 FTTN – Fiber to the Node


A arquitetura Fiber to the Node (FTTN) é também conhecida por Fiber to the Cabinet
(FTTCab) e é utilizada para descrever uma topologia híbrida. Na Figura 3.4 pode-se
constatar que neste tipo de arquitetura a fibra ótica encontra-se implementada entre a central
local e os armários de rua, e por sua vez, faz uso das infraestruturas de cabo de cobre
existentes para alcançar as residências dos utilizadores. Habitualmente, neste tipo de
arquitetura os armários de rua têm um alcance de cerca de 1000 metros de raio, sendo por
isso indicado para zonas onde existe alguma densidade populacional [2] [26].

Figura 3.4 - FTTC / FTTN.

3.3.1.2 FTTC – Fiber to the Curb


A designação Fiber to the Curb (FTTC) é um termo que, tal como o FTTN, utiliza uma
arquitetura híbrida como já foi descrito na secção anterior. Comparativamente ao FTTN, no
FTTC a fibra alcança armários de rua que se situam mais próximos das residências,
tipicamente numa área com raio de 300 metros. Este tipo de arquitetura é por isso indicado
para áreas onde existe uma densidade populacional menor [2] [26].

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Capítulo 3 Redes de acesso

3.3.1.3 FTTP – Fiber to the Premises


O termo FTTP é muitas das vezes utilizado para designar dois níveis de penetração, que são
o Fiber to the Home (FTTH) e o Fiber to the Building (FTTB). O que distingue um termo do
outro é que no caso do FTTH, tal como o seu nome indica, é uma solução que é utilizada
para descrever uma ligação em fibra até à residência do utilizador final, enquanto no FTTB
se baseia numa conexão até a um determinado edifício empresarial, sendo depois necessário
a utilização de cabos de cobre ou outras soluções de redes sem fios para conectividade aos
equipamentos finais [2] [26].

3.3.2 Rede ótica passiva (PON)


Existem várias tecnologias de redes de acesso, mas uma das mais conhecidas atualmente são
as PON. Tal como o seu nome indica, a rede está equipada com elementos passivos, com a
exceção dos equipamentos terminais (que se encontram na central local ou no equipamento
terminal do utilizador). Assim sendo, a rede de transporte não requer qualquer consumo de
energia, permitindo um planeamento de rede simplificado e uma redução de custos de
operação e manutenção.

A Figura 3.5 ilustra e estrutura de uma PON. A arquitetura de rede utilizada é ponto-
multiponto, onde o meio é partilhado por vários utilizadores. Os elementos passivos
existentes nestas redes, tal como é o caso do splitter, divide a largura de banda de uma única
fibra até 128 utilizadores, numa distância máxima de 20 km [2].

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 3.5 - Rede ótica passiva [2].

3.3.3 Rede ótica ativa (AON)


As redes óticas ativas diferem das passivas, nomeadamente por necessitarem de
equipamentos ativos no ponto de distribuição (switches, routers ou multiplexers), sendo
necessário alimentação elétrica para distribuir o sinal ótico.

As topologias podem ser ponto-a-ponto, em que uma fibra é dedicada ao utilizador final, ou
ponto-a-multiponto, que necessitam de equipamentos ativos implementados no ponto de
distribuição. Como é possível verificar na Figura 3.6, neste tipo de redes os sinais são
enviados apenas para os utilizadores a que se destinam. Por esse motivo, os equipamentos de
distribuição necessitam de buffers, de modo evitar colisões [2].

Figura 3.6 - Rede ótica ativa [2].

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Capítulo 3 Redes de acesso

3.3.4 Comparação entre PON e AON


A principal vantagem das redes PON relativamente às AON prende-se pelo facto de não
existir equipamentos ativos entre a central local e o equipamento do utilizador final, não
sendo necessário energia elétrica na rede de distribuição. Por esse motivo, conclui-se que a
rede PON é financeiramente mais atrativa que a AON, uma vez que os custos iniciais de
instalação de uma rede PON são mais baixos. O mesmo já não poderá ser dito numa rede
AON, cujos custos de manutenção e de operação dos equipamentos ativos são mais elevados
[26].

As redes AON introduzem latência comparativamente às redes PON, dado que a informação
recebida nos equipamentos ativos de distribuição não é reenviada para todos os utilizadores
em broadcast, sendo necessário uma conversão ótico-elétrico-ótico. Como foi possível
verificar na secção anterior, existe um tratamento da informação e esta é enviada apenas para
o utilizador que a solicitou [2].

Contudo, as redes PON também possuem desvantagens. O equipamento terminal ótico que é
designado por Optical Network Terminal (ONT) requer maior largura de banda e
equipamentos óticos de maior qualidade. É também necessário a implementação de um
protocolo de acesso ao meio, por forma garantir que a informação de cada utilizador seja
sincronizada [26].

3.3.5 Equipamento ativo


Uma rede PON consiste numa central local equipada com um equipamento designado por
OLT (Optical line terminal) interligado a vários ONUs (Optical network unit) ou ONTs
(Optical network terminal). A sigla “ONT” é um termo da ITU-T que descreve um único
ONU para um único utilizador.

3.3.5.1 OLT – Optical Line Terminal


O OLT trata-se de um equipamento ativo que está localizado nas instalações do operador de
telecomunicações, nomeadamente na central local (CO). Possui interfaces para agregar vários
tipos de serviços. Faz o controlo e administração dos vários ONTs, regulando todo o
processo de transmissão e operação da rede. Tipicamente os ONTs estão colocados a

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 37


Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

distâncias diferentes do OLT, o que significa que é necessário regular o nível de potência do
sinal. Todo o processo de registo dos ONTs é controlado pelo OLT.

O comprimento de onda de operação entre o OLT e o ONT no sentido descendente é os 1490


nm para tráfego de voz e dados e 1550 nm para tráfego de vídeo. Já no sentido ascendente
utiliza-se os 1310 nm [27].

Relativamente aos emissores e recetores, tipicamente o OLT utiliza o laser DFB como
emissor de luz e o fotodíodo de avalanche (APD) para o recetor [28].

A Figura 3.7 ilustra um exemplo de um equipamento deste tipo. Neste caso em particular
trata-se de um OLT com designação de OLT7-8CH que é utilizado pela PT para
fornecimento de serviço FTTH aos seus clientes. Contudo, podem existir outros modelos
mais robustos e modulares.

Figura 3.7 - OLT7-8CH [29].

3.3.5.2 ONT – Optical Network Terminal


O ONT é um equipamento ativo que tipicamente é colocado nas instalações dos utilizadores
ou então nos armários de rua que se encontram junto às urbanizações e edifícios. Numa rede
passiva, o sinal que é emitido pelo OLT é recebido por todos os ONTs, mas cada um
seleciona a informação que lhe pertence (através de etiquetas que são colocadas nos pacotes).
No sentido ascendente, a informação proveniente dos vários ONTs é multiplexada no tempo
através da técnica Time Division Multiple Access (TDMA), dado que estes partilham o
mesmo suporte físico [27]. Este equipamento permite também converter o sinal ótico em
elétrico, e vice-versa.

Quanto aos emissores e recetores, tipicamente o ONT utiliza dispositivos de mais baixo custo
quando comparados com os do OLT. Normalmente é utilizado o laser de Fabry-Pérot (FP)
como emissor de luz nos 1310 nm e o fotodíodo PIN como recetor [28]. Na Figura 3.8 pode-

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Capítulo 3 Redes de acesso

se verificar um exemplo de um ONT, neste caso em particular o que é utilizado pela Portugal
Telecom (PT).

Figura 3.8 - ONT7-SFU [29].

3.3.6 Equipamento passivo


A interligação dos equipamentos ativos (OLT e ONT) é efetuada através de uma rede ótica
de distribuição (ODN), onde são utilizados diversos tipos de componentes passivos. Estes
podem ser divisores óticos (splitters), caixas de junção, distribuidores óticos (ODF), patch
cords ou pigtails e acopladores WDM.

3.3.6.1 Divisor ótico (splitter)


Os splitters são equipamentos passivos que permite efetuar a divisão de potência do sinal
ótico para vários ONTs. Nos primeiros sistemas óticos, este tipo de componente não era
necessário dado que a comunicação era efetuada apenas entre dois pontos. Hoje em dia,
existem vários serviços e o número de clientes que utilizam fibra ótica está em constante
crescimento, o que implica o acesso a vários equipamentos e a divisão do sinal ótico. Neste
momento, no mercado, existem splitters desde 1:2 até 1:64, e já se fala, com a atualização
para 10 Gbps, no splitter de 1:128, sendo que quanto maior for a relação de divisão do
splitter mais atenuação será introduzida ao sinal transmitido [27]. Um exemplo comum de
um splitter de 1:64 está representado na Figura 3.9.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 3.9 - Splitter ótico de 1:64 [30].

3.3.6.2 Caixas de junção


As caixas de junção permitem proteger as juntas de cabos de fibra ótica por fusão, tal como
ilustra a Figura 3.10. Este tipo de material possui uma estrutura rígida resistente a impactos e
a infiltrações de água, pois são instalados em locais como condutas, armários de rua ou até
mesmo enterradas na terra. Permite a entrada de vários cabos de fibra, com capacidade
padrão máxima de 48 fusões [30].

Figura 3.10 - Caixa de junção [30].

3.3.6.3 Distribuidor ótico


Um ODF é um equipamento passivo que permite fazer a interligação entre vários cabos de
fibra ótica. São amplamente utilizados nas redes de fibra ótica e são normalmente instalados
em bastidores ou pequenos armários onde terminam as fibras óticas. Como se pode constatar
na Figura 3.11, existe vários cabos de fibra ótica a terminar na parte interior do equipamento,
e no painel frontal poderão ser utilizados patch cords para interligar as várias posições. O

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Capítulo 3 Redes de acesso

painel frontal está apto para adaptadores do tipo Subscriber Connector (SC), Ferrule
Connector (FC), Straight Tip (ST) ou E-2000 [30].

Figura 3.11 - Distribuidor ótico [30].

3.3.6.4 Patch cord / Pigtail


O patch cord é uma designação para os cabos óticos utilizados entre equipamentos ativos e
os distribuidores óticos. Estes podem possuir diferentes conetores nas extremidades, tal como
se pode constatar na Figura 3.12. Tipicamente os cabos de cor amarela são fibras óticas de
monomodo, enquanto os laranja são multimodo.

Figura 3.12 - Patch cord / Pigtail [31].

Relativamente ao pigtail é basicamente um patch cord em que numa das extremidades existe
um conetor (LC, FC, ST por exemplo) e na outra extremidade encontra-se sem conetor que
será utilizada para uma fusão. Tipicamente, nas aplicações FTTH são utilizados pigtails
monomodo [30].

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3.3.6.5 Acoplador WDM


O acoplador WDM tem a função de multiplexar comprimentos de onda na mesma fibra ótica.
Os mais típicos são os que permitem multiplexar o sinal descendente nos 1490 nm e o sinal
de TV analógico nos 1550 nm. Um exemplo deste tipo de equipamento encontra-se
representado na Figura 3.13. Dependendo do fabricante, este tipo de componente introduz
uma atenuação de cerca de 0,8 dB [30].

Figura 3.13 - Acoplador WDM [32].

3.3.7 Arquiteturas das redes PON


Nas PON poderão ser utilizadas dois tipos de arquiteturas de rede: Ponto-a-ponto (P2P) e
ponto-multiponto (P2MP). Tipicamente, a mais utilizada nas redes PON é a ponto-
multiponto, dado que é uma arquitetura que exige menos custos de infraestrutura. A
quantidade de fibra na arquitetura P2MP é consideravelmente mais baixa quando comparada
com a arquitetura P2P. Por outro lado, nas redes P2P a largura de banda é totalmente
dedicada ao utilizador que recebe a ligação, enquanto na P2MP a largura de banda é
partilhada por vários utilizadores.

A Figura 3.14 ilustra o esquema dos dois tipos de arquiteturas. Como se pode constatar na
arquitetura P2MP existe um splitter responsável por dividir o sinal ótico pelos vários
utilizadores.

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Capítulo 3 Redes de acesso

Figura 3.14 - Redes P2P (ponto-a-ponto) e P2MP (ponto-a-multiponto).

3.3.8 Topologias das redes PON


As redes óticas passivas podem ser implementadas em três topologias físicas: em
barramento, anel ou árvore. As topologias referidas possuem uma arquitetura ponto-
multiponto. Cada topologia apresenta caraterísticas distintas, sendo implementadas conforme
a necessidade.

3.3.8.1 Topologia em barramento


Numa topologia em barramento os ONUs são interligados ao OLT de acordo com o esquema
da Figura 3.15. Como é possível constatar, existe um cabo de fibras ligado ao OLT e
posteriormente cada ONU recebe uma fibra proveniente de um splitter com fator de
derivação de 1:2. Por cada splitter introduzido na rede, existe uma perda de potência do sinal
ótico. Por esse motivo, os ONUs mais afastados do OLT recebem um sinal ótico mais fraco
[33].

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Figura 3.15 - Topologia em barramento.

Esta topologia tem a vantagem de utilizar pouca quantidade de fibra e é útil quando se
pretende instalar diversos armários de rua junto a urbanizações (FTTC). Deste modo pode-se
efetuar a distribuição de fibras para os vários ONUs utilizando vários splitters de 1:2. Por
outro lado, um corte na fibra principal implica a perda de serviço em todos os ONUs [27].

3.3.8.2 Topologia em anel


Numa topologia em anel, a interligação da fibra é efetuada de ONU para ONU, criando um
percurso circular de acordo com a Figura 3.16. A informação passa de splitter em splitter até
chegar ao destino.

Figura 3.16 - Topologia em anel.

Uma vantagem da utilização desta topologia é a redundância da rede e a possibilidade de


configurar métricas para o tráfego. Desta forma é possível indicar a direção mais rápida ou

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Capítulo 3 Redes de acesso

preferencial para o tráfego. Contudo apresenta a mesma desvantagem que a topologia em


barramento, visto que o sinal ótico é atenuado sempre que passa por um splitter [27].

3.3.8.3 Topologia em árvore


Na topologia em árvore os ONUs estão interligados ao OLT através de um nó principal, tal
como está representado na Figura 3.17. São utilizados splitters para ramificar as várias
ligações para os ONUs. Se a distância de cada ONUs ao OLT for semelhante, o
dimensionamento da rede é simples e todos os ONUs vão receber um sinal ótico com a
mesma qualidade. Por outro lado, se a distância for diferente, implica a utilização de
amplificadores óticos para compensar as perdas [33].

Figura 3.17 - Topologia em árvore.

Esta topologia é a mais utilizada nas redes PON, derivado à sua simplicidade e ao seu baixo
custo de implementação e manutenção. Tipicamente as tecnologias PON existentes, como
por exemplo a Gigabit Passive Optical Network (GPON) permite alcançar distâncias de 20
km entre o ONU e o OLT. Apresenta a desvantagem de toda a rede depender de uma única
fibra (entre o OLT e o primeiro splitter), que em caso de falha coloca toda a rede em baixo
[27].

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3.4 Tecnologias das redes PON


Neste capítulo pretende-se apresentar as tecnologias PON existentes e as suas caraterísticas.
Existem várias técnicas de acesso ao meio que podem ser utilizadas nas redes PON: Time-
Division Multiple Access (TDMA), Wavelength-Division Multiple Access (WDMA),
Subcarrier-Division Multiple Access (SCMA) e Code-Division Multiple Access (CDMA). De
entre as técnicas referidas, as mais utilizadas são as Time-division multiplexing – PON
(TDM-PON) e Wavelength-division multiplexing – PON (WDM-PON). O diagrama da
Figura 3.18 ilustra as tecnologias PON existentes atualmente [33].

Figura 3.18 - Esquema das tecnologias PON.

A WDM-PON permite operar vários comprimentos de onda em simultâneo no sentido


ascendente e descendente para um determinado ONU. As tecnologias TDM-PON utilizam
um único comprimento de onda em cada uma das direções e o tráfego é multiplexado no
tempo.

Existe ainda a rede híbrida que é uma combinação da TDM e WDM. Este tipo de arquitetura
permite melhorar a escalabilidade da rede permitindo rácios de splitting até 1:1000. Como se
pode verificar pela Figura 3.19, a rede híbrida WDM/TDM consiste em agregar uma TDM-
PON numa WDM-PON, resultando uma rede de elevada densidade capaz de oferecer
conectividade a um grande número de utilizadores [33].

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Capítulo 3 Redes de acesso

Figura 3.19 - Topologia híbrida WDM/TDM [33].

3.4.1 APON
A ATM Passive Optical Network (APON) foi a primeira tecnologia ótica passiva a surgir (por
volta de 1998), definida pelo ITU-T segundo a norma G.983.1. É baseada no protocolo
Asynchronous transfer mode (ATM), e permite débitos de 622 Mbps no sentido descendente
e 155 Mbps no sentido ascendente. A distância máxima de ligação é de 20 km (atenuação
total entre 10 e 30 dB) e suporta splitters com um fator de divisão até 1:64. Como exemplo,
APON a operar a 622 Mbps com um splitter de 1:32 pode fornecer um débito de cerca 20
Mbps a cada cliente. Apesar de ser um protocolo baseado na técnica TDMA, poderá ser
utilizado dois comprimentos de onda sobre a mesma fibra ótica, usando os 1310 nm para o
tráfego ascendente e os 1550 para o tráfego descendente.

Uma vez que a distância entre cada ONU e o OLT pode ser diferente, é necessário existir
mecanismos para evitar colisões no sentido ascendente. Por esse motivo são utilizadas
células PLOAM (Physical Layer Operation, Administration and Maintenance) entre o OLT e
ONU, por forma sincronizar as transmissões e estabelecer a largura de banda necessária para
cada ONU. Estas células são enviadas de forma periódica nos dois sentidos. No sentido
ascendente as células PLOAM são usadas para o ONU transmitir o tamanho das filas de
espera. No sentido descendente serve para o OLT mapear a transmissão dos vários ONUs.
Esse processo é efetuado através de mapas designados por grants. Cada grant é uma
permissão única para um ONU transmitir carga útil em cada célula ATM [2] [33].

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3.4.2 BPON
A Broadband Passive Optical Network (BPON) é uma evolução da APON, mas com
funcionalidades extras. Foi definida pela ITU-T em 2001 com a norma G.983.3. À
semelhança da APON é baseada também no protocolo ATM, permitindo débitos no sentido
ascendente de 155 Mbps. Já no sentido descendente permite débitos até 1244 Mbps [28].

Esta tecnologia tem a capacidade de fornecer diferentes prioridades na atribuição da largura


de banda aos seus utilizadores, dependendo dos serviços/aplicações desejados e suportados,
uma vez que implementa o mecanismo Dynamic Bandwidth Allocation (DBA) [2].

A Figura 3.20 ilustra as diferenças que existem relativamente à gama de comprimento de


onda de operação da APON e da BPON. Enquanto a APON tem uma largura de banda de
100 nm em cada sentido, a BPON vê reduzida a sua largura de banda no sentido descendente
para 20 nm e reserva uma banda de 10 nm nos 1550 nm para transmissão de vídeo [28].

Figura 3.20 - Gama de operação APON/BPON (adpt. de [28]).

A atenuação total do ODN pode ser dividida em classes. Existem 3 classes, que são a classe
A,B e C. A primeira possui uma atenuação no intervalo de 5 a 20 dB. A classe B especifica
uma atenuação total no intervalo de 10 a 25 dB e a classe C de 15 a 30 dB [28].

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Capítulo 3 Redes de acesso

3.4.3 GPON
A tecnologia GPON é uma evolução da BPON e é definida segundo a norma ITU-T G.984.
Existem uma série de recomendações G.984.n (n = 1,2,3,4,5,6) que definem as caraterísticas
gerais da GPON, nomeadamente da camada física, da camada de convergência de
transmissão e interface de controlo e de gestão. Permite débitos superiores comparativamente
à tecnologia anterior, suportando 2.5 Gbps no sentido descendente e 1.25 ou 2.5 Gbps no
sentido ascendente. Apesar da evolução, a GPON é compatível com os débitos binários dos
seus antecessores. A Figura 3.21 apresenta a estrutura de uma rede GPON.

Figura 3.21 - Rede GPON.

Além dos serviços tradicionalmente fornecidos pelas tecnologias anteriores, como os canais
televisivos, tráfego de dados e de voz, surgem novos serviços como Voice over IP (VoIP),
IPTV, VoD ou Televisão digital terrestre (TDT). Todo este tipo de tráfego pode ser
encapsulado utilizando o protocolo Ethernet, ATM, ou através do método de encapsulamento
GPON Encapsulation method (GEM). A utilização do método de encapsulamento GEM
permite uma utilização eficiente do meio de transporte, uma vez que suporta a fragmentação
de pacotes de modo permitir um QoS acessível a tráfego sensível ao atraso (voz e vídeo). O
código de linha utilizado quer para comunicações no sentido ascendente ou descendente é o
código NRZ (Non-return-to-zero). Esta tecnologia implementa também mecanismos de
segurança, tais como encriptação o Advanced encryption standard (AES).

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Relativamente às gamas de comprimento de onda de operação, utiliza os 1480-1500 nm no


sentido descendente e os 1260-1360 nm no sentido ascendente. À semelhança da BPON
utiliza adicionalmente os 1550-1560 nm para distribuição de vídeo no sentido descendente,
recorrendo à técnica WDM.

O alcance físico máximo é de 20 km, suportando também um alcance lógico de 60 km.


Relativamente ao rácio do splitter, esta tecnologia suporta fatores de derivação lógicos de
1:128, embora na prática o máximo implementado é de 1:64 [2].

Quanto às classes de rede de distribuição ótica que definem a atenuação total, tal como a
BPON suporta as classes A, B e C. Em adição são ainda especificadas as classes B+
(atenuação total entre 13 a 28 dB) e C+ (atenuação total entre 17 a 32 dB) na especificação
G.984.2 [28] [33].

3.4.4 10G-PON
A tecnologia 10G-PON é baseada na GPON e é definida pela norma ITU-T G.987. Como se
pode constatar na Figura 3.22, a transmissão no sentido descendente ocorre na banda de
1575-1580 nm com um débito de 10 Gbps. Já no sentido ascendente, opera nos 1260-1280
nm suportando débitos de 2,5 Gbps. Contudo, esta tecnologia também suporta débitos
simétricos, isto é, 10 Gbps no sentido ascendente e descendente, sendo que neste caso será
necessária a utilização de emissores mais caros nos ONUs [2]. A tecnologia 10G-PON é
capaz de suportar os serviços de distribuição de vídeo em alta definição (HDTV), e ao
mesmo tempo suportar a gama de serviços já suportada pelo seu antecessor [1].

Figura 3.22 - Gama de comprimento de onda GPON/10G-PON [2].

A tecnologia 10G-PON coexiste com a GPON, tal se pode verificar na Figura 3.23. A
coexistência é viabilizada através da alocação do sistema 10G-PON em comprimentos de

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Capítulo 3 Redes de acesso

onda diferentes daqueles utilizados pelo sistema GPON. Isto permite uma reutilização da
infraestrutura e de equipamentos, facilitando a migração da GPON para 10G-PON. São
utilizados componentes designados por Wavelength blocking filters (WBF) e Wavelength
division multiplexers (WDM) para que a GPON e 10G-PON partilhem a mesma rede de
distribuição ótica (ODN). Estes equipamentos têm a função de combinar/isolar os
comprimentos de onda das diferentes tecnologias [2].

Figura 3.23 - Coexistência GPON/10G-PON.

Relativamente ao alcance físico da fibra é de 20 km e o lógico é de 60 km, tal como acontece


na GPON. Suporta rácios de splitting de 1:64 (1:128 até 1:256 a nível lógico). O recurso ao
Foward Error Correction (FEC) é obrigatório para todos os canais de transmissão
ascendentes e descendentes [2].

3.4.5 EPON
Paralelamente às evoluções por parte da ITU, o IEEE também normalizou uma tecnologia de
rede passiva. Surge então a Ethernet PON (EPON) com a norma IEEE 802.3ah, que
possibilita débitos simétricos de 1 Gbps e um alcance de 20 km. Tal como o nome indica,
esta tecnologia é baseada no protocolo Ethernet, enquanto os protocolos apresentados
anteriormente são baseados em ATM. Isto implica que as tramas Ethernet são transportadas
no seu formato nativo. Esse facto permite a utilização de equipamentos IP, tornando estas
redes adequadas ao transporte de qualquer tipo de tráfego [1].

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Como se pode constatar pela Figura 3.24 a estrutura da rede EPON é semelhante a uma
GPON, isto é, os equipamentos ativos também são OLTs e ONUs. A gama de comprimentos
de onda de funcionamento é idêntica à da GPON. No sentido descendente opera no intervalo
de 1480-1500 nm e no ascendente é de 1260-1360 nm. No sentido ascendente, o acesso ao
meio também é em TDMA, ou seja, apenas é permitido o acesso a cada ONU
individualmente no timeslot que lhe é dedicado. O intervalo de comprimento de onda de
1550 a 1560 nm é utilizado para distribuição de vídeo. O rácio de splitting máximo suportado
é de 1:32 [2].

Figura 3.24 - Rede EPON.

Apesar das semelhanças com a GPON, a EPON também apresenta algumas diferenças.
Nomeadamente utiliza uma codificação de linha 8b/10b. Isto significa que por cada grupo de
8 bits é codificado um sinal de 10 bits, permitindo assegurar uma extração do relógio mais
fácil. Com este tipo de codificação, implica um aumento 20% de overhead, o que significa
que apesar de suportar uma taxa de transmissão de linha de 1,25 Gbps, a sua capacidade
máxima será de 1 Gbps, tanto no sentido ascendente como no descendente.

Na EPON, é definido o Multi-Point Control Protocol (MPCP) que é o protocolo responsável


pela atribuição de largura de banda e procura automática de dispositivos. O nível de
segurança implementa o algoritmo de encriptação AES. Já para correção de erros, a
utilização do FECs é opcional [2].

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Capítulo 3 Redes de acesso

3.4.6 10G-EPON
A evolução da EPON deu-se para o 10 Gigabit - Ethernet PON (10G-EPON) e é definida
pela norma IEEE 802.3av. Esta norma permite a operação a 10 Gbps de forma simétrica ou
então de forma assimétrica, sendo 10 Gbps no sentido descendente e 1 Gbps no sentido
ascendente.

A Figura 3.25 ilustra a gama de comprimento de onda de operação da 10G-EPON. Para que a
migração para a tecnologia 10G-EPON não seja muito dispendiosa para o operador, é
necessário que as duas tecnologias coexistam no mesmo ODN. Para que isso aconteça, a
10G-EPON utiliza um comprimento de onda diferente no sentido descendente, situando-se na
gama dos 1575-1580 nm. Já no sentido ascendente, as gamas sobrepõem-se sendo necessário
o recurso à técnica de acesso ao meio TDMA. Contudo, a largura de banda é mais pequena
comparativamente à EPON, entre 1260-1280 nm.

Figura 3.25 - Gama de comprimento de onda EPON/10GE PON [2].

A 10G-EPON permite distâncias de 20 km e rácios de splitting de 1:32. O recurso ao FEC é


obrigatório para todos os canais que operam a um ritmo de 10 Gbps. Esta tecnologia utiliza
uma codificação 64b/66b, o que significa que por cada grupo de 64 bits é codificado um sinal
de 66 bits [2].

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3.4.7 Comparação das tecnologias TDM-PON


Pretende-se com este capítulo comparar as várias tecnologias TDM-PON apresentadas
anteriormente. Para o efeito elaborou-se a Tabela 3.1 que resume as caraterísticas mais
importantes das várias tecnologias. É importante referir que a distância física máxima
suportada por cada PON depende do power budget e das perdas introduzidas pelos diversos
componentes, enquanto a distância lógica é limitada a nível de execução da tecnologia, isto é,
depende de quantos mapas têm de ser armazenados no OLT para que este possa mapear
apropriadamente as tramas no sentido ascendente.

Tabela 3.1 - Comparação entre tecnologias TDM-PON [2] [28].

BPON GPON 10G-PON EPON 10G-EPON


Norma ITU G.983 ITU G.984 ITU G.987 IEEE 802.3ah IEEE 802.3av
GEM/ATM/ XGEM/ATM/
Protocolo ATM
Ethernet Ethernet
Ethernet Ethernet

Alcance físico 20 Km 20 Km 20 Km 20 Km 20 Km
Débito descendente 1,25 Gbps 2,5 Gbps 10 Gbps 1,25 Gbps 10 Gbps
1,25 / 2,5
Débito ascendente 622 Mbps
Gbps
10 Gbps 1,25 Gbps 10 Gbps

Comprimento de 1260-1360 1260-1360 1260-1280 1260-1360 1260-1280


onda ascendente nm nm nm nm nm
Comprimento de 1480-1500 1480-1500 1575-1580 1480-1500 1575-1580
onda descendente nm nm nm nm nm
Comprimento de 1550-1560 1550-1560 1550-1560 1550-1560 1550-1560
onda vídeo RF nm nm nm nm nm
FEC Facultativo Facultativo Obrigatório Facultativo Obrigatório
1:64 (1:128 a 1:64 (1:256 a
Rácio splitting 1:32
nível lógico) nível lógico)
1:32 1:32 ou mais

Codificação NRZ NRZ NRZ 8b/10b 64b/66b


Não Não Não
Encriptação especificado
AES AES
especificado especificado
Custo
Baixo Médio Elevado Baixo Elevado
desenvolvimento

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Capítulo 3 Redes de acesso

3.4.8 WDM-PON
As tecnologias TDM-PON operam segundo o princípio em que o acesso ao meio é efetuado
no domínio no tempo, cuja largura de banda é partilhada por todos os utilizadores. Contudo,
existe uma gama de comprimento de onda diferente para cada sentido do fluxo de tráfego
(ascendente e descendente), o que constitui uma semelhança ao funcionamento da tecnologia
WDM.

Uma rede WDM-PON permite a transmissão de múltiplos comprimentos de onda no sentido


descendente e ascendente entre o ONU e o OLT. Deste modo, é possível aumentar a largura
de banda disponível a cada utilizador final. A Figura 3.26 ilustra a forma de como ocorre a
comunicação entre o OLT e os vários ONUs no sistema WDM-PON. Como é possível
constatar, cada ONU tem um comprimento de onda reservado para comunicar com o OLT,
permitindo redes ponto-a-ponto numa infraestrutura PON.

Figura 3.26 - Rede WDM-PON [34].

No sentido descendente, os vários comprimentos de onda são encaminhados para um router


designado por Passive Arrayed Waveguide Grating (AWG) que é implementado no nó
remoto (RN). No OLT, é necessário um emissor capaz de emitir múltiplos comprimentos de
onda para os vários ONUs [34].

As redes WDM-PON subdividem-se em duas redes de transporte: Coarse-WDM (CWDM) e


Dense-WDM (DWDM) [2].

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3.4.8.1 CWDM
O CWDM é um sistema WDM de baixa densidade em termos de comprimento de onda
sendo definido pela norma ITU-T G.694.2. A Figura 3.27 ilustra o princípio de
funcionamento deste sistema. Opera na gama de comprimento de onda de 1271-1611 nm e a
distância entre canais é de 20 nm [2].

Figura 3.27 - Espaçamento entre canais CWDM [2].

3.4.8.2 DWDM
O DWDM é um sistema WDM de alta densidade em termos de comprimento de onda e é
definido pela norma ITU-T G.694.1. Como se pode verificar na Figura 3.28, tem o mesmo
princípio de funcionamento que o CWDM. Opera na gama de comprimento de onda de 1530-
1624 nm e a distância entre canais pode ser de 1,6 nm, 0,8 nm ou até 0,4 nm [2].

Figura 3.28 - Espaçamento entre canais DWDM [2].

3.4.8.3 Comparação entre CWDM e DWDM


Os sistemas CWDM e DWDM são tecnologias que apresentam o mesmo princípio de
funcionamento de combinar múltiplos comprimentos de onda numa única fibra. Contudo,
existem diversas diferenças entre os dois sistemas. A Tabela 3.2 resume as principais
vantagens e desvantagens de ambas as tecnologias.

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Capítulo 3 Redes de acesso

Tabela 3.2 - Comparação entre CWDM e DWDM [2].

Vantagens Desvantagens
• Consumo potência reduzida;
• Menor capacidade;
• Necessita menor espaço;
CWDM • Menor alcance;
• Pode usar LED ou Laser;
• Regeneração do sinal.
• Custos iniciais mais baixos.
• Disponível máxima
capacidade; • Custos iniciais mais elevados;

• Mais de 80 canais; • Requer mais espaço e

DWDM • Suporta débitos por ONT potência;

muito elevados; • Lasers e filtros muito

• Fácil integração de precisos.

amplificação ótica.

3.5 Power budget


O conceito de power budget consiste em determinar a distância máxima que a fibra poderá
ser distribuída sem a colocação de repetidores ou amplificadores. É calculado usualmente em
decibéis (dB) e tem como objetivo garantir que existe sinal suficiente no recetor para cobrir
todas as perdas na distribuição da fibra ótica.

Existem dois conceitos importantes relativos ao power budget: Link Power Budget e o Link
Loss Budget. O primeiro é a diferença entre a potência introduzida na fibra e a sensibilidade
do recetor ligado ao cabo de fibra ótica. O Link Loss Budget é o valor total das perdas de
qualquer componente da ligação. Em todos os casos, o Link Loss Budget deve ser sempre
inferior ao Link Power Budget. Como pode ser constatado na Figura 3.29, o total do Link
Power Budget é a soma do Link Loss Budget e a margem de segurança para futuros requisitos
e também considerando o envelhecimento do sistema de fibra ótica ou possíveis reparações
[30].

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Figura 3.29 - Link Power Budget vs Loss Power Budget (adpt. de [4]).

3.5.1 Perdas convencionais dos componentes passivos


Pretende-se com esta secção apresentar os valores típicos de atenuação dos vários
componentes passivos que podem ser utilizados numa PON.

Como foi possível constatar na secção 3.4, o tráfego de vídeo e de dados (ascendente e
descendente) é transmitido em comprimentos de onda distintos numa rede PON. Para que
isso seja possível, são utilizados componentes designados por WDM couplers. Este tipo de
dispositivos permitem combinar e separar os vários comprimentos de onda (1310, 1490 e
1550) na entrada e na saída de uma fibra ótica. Existem dois locais possíveis de colocação
destes dispositivos. Tipicamente numa PON são necessárias duas unidades, sendo uma
instalada depois do OLT e outra antes do ONU.

Relativamente à fibra ótica de sílica, tipicamente é utilizada a monomodo G.652C ou G.652D


nas PONs. A fusão de fibras é um procedimento que é necessário na implementação da rede
de distribuição ótica, e que introduz uma pequena atenuação (tipicamente 0,1 dB) devido a
impurezas ou desalinhamento entre as fibras. Além das atenuações referidas anteriormente,

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Capítulo 3 Redes de acesso

segundo a recomendação da ITU-T G.957 especifica uma margem entre 3 a 4,8 dB para ter
em conta a degradação dos equipamentos e de possíveis reparações [4].

A Tabela 3.3 resume os vários fatores que influenciam o power budget e o seu respetivo
valor.

Tabela 3.3 - Valores típicos do Power Budget [28] [30].

Fatores do Power Budget Valores típicos


Atenuação fibra G.652C (@1310 nm) 0,4 dB/km
Atenuação fibra G.652C (@1550 nm) 0,3 dB/km
Atenuação padrão por par de conetores 0,75 dB
Atenuação por fusão 0,1 dB
Atenuação WDM coupler 1,5 dB
Margem de segurança Até 3 dB

Num splitter a potência ótica de entrada é dividida pelos vários caminhos de saída que o
componente possui. Quantos mais caminhos de saída o splitter possuir, maior será a divisão
de potência (N) e por isso mais atenuação será introduzida. Idealmente a atenuação de um
splitter ótico é calculado segundo a equação 3.1.

Splitter Loss = 10 × log( ) (3.1)

Na Tabela 3.4 tem-se a representação dos valores de atenuação para os vários fatores de
derivação dos splitters óticos existentes [4].

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Tabela 3.4 - Atenuações de splitters [28].

Splitter Atenuação (dB)


1:2 3,4
1:4 6,8
1:8 10,2
1:16 13,6
1:32 17
1:64 20,4
1:128 23,8

3.5.2 Dimensionamento de uma rede PON


O primeiro passo para dimensionar uma rede PON consiste em decidir qual o comprimento
de onda para transmitir e selecionar os componentes para operar nessa região. Nas redes
FTTx pode-se contar com 3 comprimentos de onda: 1310, 1490 e 1550 nm. O cálculo do
power budget terá que ser efetuado para os três comprimentos de onda, dado que a atenuação
da fibra varia com o mesmo [4].

Para o cálculo do power budget em primeiro lugar é importante saber as caraterísticas dos
componentes óticos que se encontram em cada uma das extremidades da fibra ótica (OLT e
ONU). A quantidade de luz disponível no sistema é calculada através da equação 3.2. A
variável PT representa a potência do sinal que é emitido na fibra e PR é a sensibilidade do
recetor.

'/).DE = 'F − 'G (3.2)

Através do power budget sabe-se qual é a atenuação máxima que pode existir na rede
distribuição ótica, entre o emissor e o recetor. Existem várias classes que caraterizam a
atenuação máxima permitida numa rede de distribuição ótica. A Tabela 3.5 serve como
exemplo para ilustrar o par de emissores e recetores que se utilizam numa rede
BPON/GPON, consoante a classe do power budget.

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Capítulo 3 Redes de acesso

Tabela 3.5 - Power budget das várias classes para BPON e GPON [4].

Emissor/Recetor Emissor/Recetor
PBudget (dB)
OLT ONU
Classe A DFB/APD FP/PIN 20
Classe B DFB/APD FP/PIN 25
Classe B+ DFB/APD DFB/APD 28
Classe C DFB/APD DFB/APD 30
Classe C+ DFB/APD DFB/APD 33

Para que se possa cumprir com o power budget é necessário que os emissores e recetores
sejam capazes de fornecer a potência necessária para que o sinal seja transmitido e chegue ao
recetor com um nível de sinal aceitável para sua deteção. A Tabela 3.6 ilustra os valores
típicos para cada classe dos emissores e recetores para o ONU e para o OLT. Contudo, é
importante referir que a respetiva tabela apenas constitui uma pequena amostra das soluções
existentes no mercado atual.

Tabela 3.6 - Valores típicos dos emissores e recetores do OLT e ONU [35].

Sensibilidade RX
Potência TX (dBm) Classe
(dBm)
OLT (DFB+APD) +1,5 ~ +5 < - 28 B+
ONU (DFB+APD) +0,5 ~ +5 < - 28 B+
OLT (DFB+APD) +3,5 ~ +7,5 < - 33 C+
ONU (DFB+APD) +0,5 ~ +5 < - 28 C+

A Figura 3.30 ilustra um exemplo do dimensionamento de uma rede PON. O cálculo da


atenuação total introduzida é efetuado através da equação 3.3.

Link Loss Budget (LM ) = (∝ × O) + ( × Q ) + (R × S) + (T) + #U (3.3)

A variável αλ depende do comprimento de onda e representa a atenuação da fibra (dB/km) e


L o comprimento de fibra (km). A variável C representa as perdas por par de conetores.
Quanto à variável J representa as perdas por fusão de fibra, W as perdas por cada WDM
coupler e por último Ms que representa a margem de segurança.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 3.30 - Dimensionamento de uma PON (adapt. de [4]).

Desta forma, caso não se verifique a condição de Link power budget > Link loss budget,
significa que o emissor e o recetor não irão funcionar corretamente, pois não terão potencia
suficiente. No recetor é desejável receber um sinal com uma taxa de erros (BER) baixa,
tipicamente de 10-11 neste tipo de sistemas [4].

Outro fator importante a considerar no cálculo do Link loss budget são os cortes de fibra que
poderão ocorrer após a implementação da rede distribuição ótica. Embora os cabos de fibra
possuam alguma proteção, são vulneráveis a inundações e escavações que podem danificar a
fibra, sendo necessário novas fusões [30].

Tanto a EPON como a GPON possuem um dimensionamento e cálculo de power budget


muito semelhante, uma vez que a infraestrutura física é muito semelhante.

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Capítulo 3 Redes de acesso

3.6 Figuras de mérito


As figuras de mérito são ferramentas essenciais para se analisar o desempenho de um sistema
de comunicação por fibra ótica. Dependendo do tipo de teste a efetuar, existem diferentes
tipos de figuras de mérito. Para realizar um teste ao ritmo binário máximo suportado pelo
meio físico, utiliza-se uma codificação digital designada por NRZ, e posteriormente recorre-
se à análise do BER ou do diagrama de olho, para analisar a qualidade do sinal recebido [6].

3.6.1 BER
Quando a informação transmitida é formada por uma sequência de bits, a codificação digital
mais simples a utilizar é a NRZ. A Figura 3.31 ilustra o funcionamento deste tipo de
codificação. O bit “1” é representado com a presença de luz emitida pela fonte ótica e o bit
“0” pela ausência da mesma.

Figura 3.31 - Codificação NRZ [6].

Um dos critérios mais utilizados para analisar o desempenho de sistemas digitais é o BER.
Como se pode constatar pela equação 3.4, este é dado pela razão entre o número de bits
errados obtidos na receção e o número de bits transmitidos originalmente.
Xº .E Z [ E\\ .([ \E EZ .([
MVW = (3.4)
Xº .E Z [ \ [ .([

A existência de erros em sistemas de comunicação são acontecimentos normais. Existem


vários fatores que podem influenciar o BER, tais como o ritmo binário da ligação, potência
de emissão, distância de transmissão e quantidade de ruído. Normalmente é expresso por
números com notação exponencial negativa com base 10, como por exemplo 10-6, o que
neste caso significa que se detetou um bit errado em um milhão de bits transmitidos.

Um BER na ordem dos 10-15 seria o desejado para uma transmissão de dados ideal. No
entanto, um BER = 10-10 consiste num valor bastante aceitável que é normalmente o limite
máximo para uma transmissão de dados fiável [6]. Contudo, cada tecnologia de transmissão

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

de dados possui um valor limite de BER que normalmente vem especificado na sua norma
[36].

3.6.2 Diagrama de olho


O diagrama de olho é outra figura de mérito que pode ser utilizada para avaliar a receção de
sequências binárias NRZ. Esta técnica de medida é feita no domínio do tempo e consiste em
várias (de centenas a milhões) instâncias do sinal recebido sobrepostas, permitindo comparar
os seus períodos de bit. Este tipo de medida permite também uma visualização da distorção
do sinal transmitido. A Figura 3.32 exemplifica a representação de um diagrama de olho [6].

Figura 3.32 - Diagrama de olho [6].

Através da análise desta técnica de medida, pode-se obter informações acerca da distorção de
amplitude e do jitter (variação do atraso). A sua análise tem os seguintes fundamentos [6]:

• A abertura vertical indica a diferença de amplitude entre os bits a “1” e a “0” do sinal.
Quanto maior for esta abertura mais fácil será diferenciar os bits.
• A abertura horizontal permite quantificar o jitter presente no sinal. Quanto maior for
esta abertura menor será o jitter.
• A zona de transição de bit também indica a medida de jitter no sinal. Quanto mais
estreita esta for menor será o jitter.
• A melhor indicação da qualidade do sinal é a abertura do olho em si. Quanto maior
esta for mais fácil será a deteção dos bits e menor será o BER. Se o olho estiver
praticamente fechado, será muito difícil ou mesmo impossível interpretar os dados
corretamente.

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CAPÍTULO 4
SIMULAÇÃO DE UMA REDE
DE ACESSO COM POF

Neste capítulo será abordado todo o procedimento para dimensionar e gerar uma simulação
de uma rede de acesso com POFe GOF no programa de simulação VPIphotonicsTM [37].

Em primeiro lugar será efetuada uma introdução ao modo de funcionamento do programa de


simulação referindo algumas limitações encontradas.

Seguidamente são propostos dois cenários para teste e comparação do desempenho da POF
com a GOF na rede de acesso. O primeiro cenário consiste numa rede de acesso baseada na
tecnologia GPON, onde são consideradas diferentes tipos de fibras para interligação ao
cliente final, que são uma fibra ótica monomodo G.657 ClearCurve da Corning, uma fibra
ótica de plástico designada por Fontex da Asahi Glass e uma fibra multimodo ClearCurve da
Corning. No segundo cenário apenas se considera a utilização de POF no último segmento da
rede para interligação ao cliente, e analisa-se o desempenho da mesma quando na mesma
rede de distribuição ótica coexistem as tecnologias GPON e 10G-PON.

Para os cenários propostos efetua-se o dimensionamento do power budget, que permite


determinar a atenuação da rede distribuição ótica.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Para análise de resultados recorrem-se às figuras de mérito, comparando o desempenho do


sistema com os diferentes tipos de fibra e verifica-se a distância máxima suportada pela POF
na rede de acesso em ambos os cenários.

4.1 Introdução ao software VPI


O programa de simulação VPIphotonicsTM foi desenvolvido pela VPIsystems® e é uma
ferramenta que permite a implementação e simulação de uma vasta gama de circuitos,
incluindo os de fibra ótica.

O VPI é constituído por duas aplicações. A implementação da rede de acesso em fibra ótica e
toda a parametrização necessária dos vários componentes é efetuada recorrendo à aplicação
VPItransmissionMakerTM 8.5. A aplicação disponibiliza vários sistemas de transmissão para
demonstração, o que permite uma melhor familiarização com a ferramenta.

Para simulação e geração de gráficos é utilizado o VPItransmissionAnalyzerTM 8.5 e este é


executado sempre que no projeto exista algum módulo para análise de sinais. À semelhança
da grande maioria dos programas de simulação aplicados à área de engenharia, o VPI possui
um manual de utilizador onde pode ser encontrada informação mais detalhada acerca do seu
funcionamento [37].

4.1.1 Interface gráfica


A interface gráfica do VPI é simples de utilizar e intuitiva. Na Figura 4.1 pode-se constatar
que o ambiente gráfico do VPItransmissionMakerTM pode ser dividido basicamente em três
áreas distintas. Na área que está assinalada com o retângulo a vermelho encontra-se todos os
módulos que o programa possui para a simulação de um circuito. Os módulos e componentes
encontram-se organizados por categorias, mas existe a funcionalidade de permitir executar
uma pesquisa rápida de um determinado módulo. Nesta mesma área, encontram-se também
vários cenários de demonstração que são úteis para a construção de sistemas personalizados.
Por sua vez, o retângulo a laranja representa a área onde é permitido a construção e
elaboração de uma vasta gama de circuitos. Por último, no retângulo assinalado com a cor
amarela, tem-se a barra típica de ferramentas de um programa de simulação. Nesta área

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

encontram-se os atalhos para executar/parar uma simulação, abrir um novo ficheiro para um
novo cenário, salvar ficheiros, etc. [6].

Figura 4.1 - Interface gráfica do VPItransmissionMaker.

Como já foi referido anteriormente, para analisar os sinais é utilizado


VPItransmissionAnalyzerTM. Na Figura 4.2 pode-se verificar que a área que está assinalada
com a cor laranja é a secção onde se visualizam os resultados obtidos. Existem vários modos
de visualização, entre os quais se podem destacar: o analisador de espetro ótico (OSA), o
osciloscópio (Scope) e o analisador do diagrama de olho (Eye) [6]. A comutação entre os
vários modos pode ser efetuada através dos atalhos que se encontram na caixa assinalada
com a cor verde. Do lado direito assinalado com a cor vermelha, existe um menu que permite
a personalização de gráficos, personalização de parâmetros da análise do diagrama de olho,
ativação da análise BER e análise no domínio do tempo e em amplitude do respetivo sinal.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 4.2 - Interface gráfica do VPItransmissionAnalyser.

4.1.2 Hierarquia dos módulos


O VPI possui uma hierarquia de módulos organizada, facilitando assim a manipulação e a
implementação de um determinado esquemático [6].

Como se pode constatar na Figura 4.3, existem três níveis hierárquicos: universo, galáxia e
estrela. Tal como o seu nome sugere, o nível universo é o mais alto da simulação, o que
significa que pode ser representado por uma rede de estrelas e de galáxias interligadas.

Uma galáxia representa o segundo nível mais elevado, e pode ser formada por um conjunto
de estrelas ou até mesmo galáxias interligadas. Para construir uma galáxia é necessário que
exista pelo menos um porto de input e outro porto de output, tal como exemplifica a Figura
4.3. Do ponto de vista do universo, uma galáxia atua como um módulo único e os módulos
nela contidos apenas podem ser vistos recorrendo à opção Look inside [6].

Por sua vez o nível designado por estrela é o nível mais baixo de uma simulação, pois não
pode representar outros esquemáticos. Tipicamente representam componentes base simples,
como por exemplo uma fibra ótica [37].

Tendo em conta a hierarquia descrita, os ficheiros podem ter as seguintes extensões: “.vtms”,
“.vtmg” ou “.vtmu”, correspondendo a uma estrela, galáxia ou universo, respetivamente [6].

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Neste projeto esta estrutura hierárquica revelou-se ser uma mais-valia para o
desenvolvimento e simulação de uma rede de acesso, dado que se criou algumas galáxias
com o intuito de simplificar e estruturar a implementação dos módulos necessários no
programa.

Figura 4.3 - Hierarquia de módulos do VPI [37].

4.2 Cenários propostos


Pretende-se com este capítulo apresentar dois cenários para simulação de uma rede de acesso
com fibra ótica de plástico no VPI. Para ambos os cenários foi necessário ter em conta o
equipamento passivo necessário para o cálculo do power budget.

É importante referir que os cenários propostos são meramente exemplificativos, uma vez que
numa situação real estes podem ser variáveis consoante as condições físicas e a localização
específica dos utilizadores.

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4.2.1 Primeiro cenário – Implementação de uma GPON com POF


O primeiro cenário consiste numa rede de acesso baseada na tecnologia GPON. Esta
tecnologia permite débitos de 2,5 Gbps no sentido descendente e de 1,25 Gbps no sentido
ascendente. Tal como se pode constatar pela Figura 4.4, pretende-se fornecer serviço FTTH
(com serviço de VoIP, internet e IPTV) a três clientes que se encontram no mesmo edifício a
uma distância de 8 km da central local. Neste caso optou-se pela utilização de uma fibra
monomodo G.652C da Corning, dado que possui uma baixa atenuação e dispersão nula nos
1310 nm. A topologia adotada foi em árvore, visto que é a mais utilizada nas redes PON e a
mais simples de implementar.

Uma vez que o objeto de estudo é averiguar os limites de operação da POF na última milha
(vulgo “last mile”), consideraram-se três utilizadores sendo que cada um possui um tipo de
fibra distinta. O primeiro utilizador irá receber a sua ligação através de uma fibra ótica
multimodo ClearCurve da Corning, o segundo utilizador através de uma fibra ótica
monomodo G.657 ClearCurve da Corning e o terceiro através de uma fibra de plástico
designada por Fontex da Asahi Glass. Pressupõe-se que a instalação das fibras é efetuada
entre o ponto de distribuição ótico (PDO) que encontra-se no edifício e ao ONT que é
colocado dentro das casas dos utilizadores. O facto de se atribuir diferentes tipos de fibras
aos três utilizadores permitirá comparar a qualidade do sinal em cada um dos utilizadores.
Todas as caraterísticas necessárias para a parametrização das fibras no programa de
simulação foram obtidas através do próprio fabricante.

Figura 4.4 - Primeiro cenário prático - GPON.

O cenário da Figura 4.4 representa a rede ótica passiva a implementar no programa de


simulação, embora depois na prática na casa do utilizador final o que existe é algo

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

semelhante ao que se encontra representado na Figura 4.5. Como se pode constatar, o sinal
ótico é recebido pelo ONT através de uma POF (ou GOF), sendo depois convertido por este
para elétrico e distribuído pelos vários equipamentos existentes na casa. Embora os
equipamentos representados na figura sejam distintos, a informação que é enviada e recebida
por estes é toda sobre IP (VoIP, IPTV e Dados).

Figura 4.5 - Sistema dentro da casa do utilizador [6].

4.2.2 Segundo cenário – Coexistência 10G-PON e GPON com POF


O segundo cenário consiste na análise de desempenho da POF na última milha mas para
débitos superiores aos que são praticados pela GPON. Para tal, considerou-se um cenário
onde as tecnologias 10G-PON e GPON coexistem no mesmo ODN. Tal como se pode
constatar na Figura 4.6, existe um par de OLT/ONT para cada tipo de tecnologia (GPON e
10G-PON).

Contudo, para que seja possível implementar este cenário é preciso ter em conta alguns
aspetos essenciais. É importante relembrar que a GPON opera nos 1490 nm no sentido
descendente com um débito de 2,5 Gbps e nos 1310 nm no sentido ascendente com um
débito de 1,25 Gbps. Já a 10G-PON opera nos 1575 nm no sentido descendente e nos 1310
nm no sentido ascendente com débitos de 10 Gbps simétricos. Para que as duas tecnologias

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

possam operar em simultâneo no mesmo ODN, é necessário a utilização de um acoplador


WDM de modo a multiplexar os dois comprimentos de onda no sentido descendente (1490
nm e 1575 nm). No sentido ascendente, uma vez que ambas utilizam o mesmo comprimento
de onda (1310 nm), recorre-se à técnica de multiplexação no tempo TDMA.

Figura 4.6 - Segundo cenário prático - Coexistência 10G-PON e GPON

O objetivo da implementação deste cenário prende-se em averiguar o desempenho da POF


para débitos binários superiores, neste caso de 10 Gbps. Uma vez que a tecnologia 10G-PON
suporta esses débitos, será uma forma de testar os valores anunciados e estudar a sua
viabilidade com a tecnologia 10G-PON.

Relativamente ao cálculo do power budget, terá que ser calculado para os 1575 nm, visto que
a atenuação da POF é de 200 dB/km neste comprimento de onda. No entanto o cálculo para
os 1310 nm é comum às duas tecnologias, uma vez que as atenuações dos componentes e
fibras óticas são idênticas.

4.2.3 Cálculo teórico do power budget


O cálculo do power budget é o processo mais importante para o dimensionamento de uma
rede PON. Como já foi referido na secção 3.5.2, o cálculo do power budget deve ser feito nos
três comprimentos de onda de operação, que são os 1550 nm, os 1490 nm e os 1310 nm, caso
a rede ótica passiva seja uma GPON. Caso se trate de uma rede 10G-PON, deverá ser
efetuado o dimensionamento nos 1575 nm (sentido descendente), em vez dos 1490 nm que
são utilizados na GPON.

Contudo, na prática será apenas efetuado o cálculo do power budget nos 1575 nm, 1490 nm e
nos 1310 nm, visto que por limitação do simulador não se utilizará a transmissão do sinal de
TV nos 1550 nm. Tanto no comprimento de onda descendente como o ascendente, a margem

Página 72 Instituto Superior de Engenharia de Lisboa


Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

de potência operacional deve ser positiva, para que o sistema opere com níveis de sinal
dentro dos limites suportados pelas classes dos componentes óticos que estão a ser utilizados
no mesmo.

Para elaboração do cálculo do power budget é de boa prática a elaboração de esquemas


simples com os componentes que constituem a ODN. Esse procedimento foi efetuado, e
elaborou-se o esquema da Figura 4.7 que ilustra o número de pares de conetores necessários
e de fusões térmicas, assim como também o valor das perdas inerentes a cada componente.
Em ambos os cenários foram considerados emissores e recetores óticos de classe B+, o que
significa que com este tipo de emissores e receptores permitem uma atenuação de 28 dB na
rede de distribuição ótica.

Figura 4.7 - Dimensionamento do balanço de potência.

Relativamente ao primeiro cenário, é importante referir que o cálculo do power budget foi
efetuado para o pior caso, isto é, o caso em que é utilizada a POF na rede de acesso (fibra
com maior atenuação). A Tabela 4.1 resume os componentes e as atenuações que foram
consideradas para o cálculo do power budget para os dois cenários. Os valores foram obtidos

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

através de vários fabricantes, em que por exemplo no caso das fibras foram considerados a
Corning e a Asahi Glass.

Tabela 4.1 - Atenuações dos componentes considerados para simulação [28] [30] [38].

Componentes da PON Atenuação


Atenuação fibra SMF-28LL G.652C Corning (@1310 nm) 0,3 dB/km
Atenuação fibra SMF-28LL G.652C Corning (@1490 nm) 0,2 dB/km
Atenuação fibra SMF-28LL G.652C Corning (@1575 nm) 0,2 dB/km
Atenuação fibra ClearCurve G.657 Corning (@1310 nm) 0,35 dB/km
Atenuação fibra ClearCurve G.657 Corning (@1490 nm) 0,25 dB/km
Atenuação fibra ClearCurve G.651 Corning (@1310 nm) 0,6 dB/km
Atenuação fibra ClearCurve G.651 Corning (@1490 nm) 0,4 dB/km
Atenuação fibra Fontex AGC (@1310 nm) 18 dB/km
Atenuação fibra Fontex AGC (@1490 nm) 120 dB/km
Atenuação fibra Fontex AGC (@1575 nm) 200 dB/km
Atenuação padrão por par de conetores GOF 0,3 dB
Atenuação padrão por par de conetores POF 0,7 dB
Atenuação por fusão 0,1 dB
Atenuação acoplador WDM 0,8 dB
Distância máxima entre fusões 6 km

Tendo em conta os cenários propostos e os valores de atenuações dos componentes


representados na tabela anterior, reúnem-se todas as condições necessárias para o cálculo do
power budget. Para o efeito, recorreu-se ao programa Excel da Microsoft onde se começou
por efetuar o cálculo do power budget para o sentido descendente da GPON (1490 nm). Tal
como se pode constatar na Figura 4.8, em primeiro lugar considerou-se uma potência mínima
de transmissão do OLT de 3,5 dBm e uma sensibilidade mínima do ONT de -26 dBm. Estes
valores foram escolhidos tendo em conta os intervalos de potência dos recetores óticos de
classe B+,. Através destes valores e tendo em conta a equação 3.2 da secção 3.5.2, é possível
determinar a potência disponível no sistema, que neste caso é de 29,5 dB.

A distância máxima considerada entre fusões foi de 6 km [30], dado que foi esse valor de
distância que foi considerado para as bobinas de fibra monomodo G.652C.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Seguidamente somam-se as atenuações dos equipamentos passivos que constituem a rede


PON do cenário apresentado. É importante referir que a atenuação da POF foi o único valor
que ficou por determinar aquando o processo de cálculo do power budget. Isto é, foram
considerados todos os valores de atenuação e quantidades dos equipamentos passivos exceto
a distância teórica da POF. O seu valor foi determinado tendo em conta a margem
operacional do sistema, ou seja, o comprimento da POF foi ajustado até ao limite pela qual a
margem operacional do sistema mantém-se positiva.

A margem operacional do sistema é calculada através da equação 4.1 e deve ser sempre um
valor positivo. Caso seja um valor negativo, todo o dimensionamento deve ser revisto.

#(]E\ ( , = '. []( í E, − α F − #U (4.1)

A soma de todas as atenuações dos vários componentes (α F ) totalizou um valor de cerca 27


dB, o que significa que a atenuação total respeita o limite previsto pelos emissores e recetores
ópticos de classe B+ que são os 28 dB.

Figura 4.8 - Cálculo do power budget no sentido descendente (1490 nm) - GPON.

Relativamente ao cálculo do power budget no sentido ascendente (1310 nm), este é efetuado
da mesma forma que foi efetuado no sentido descendente. A única diferença é que para este
caso não é considerado o acoplador WDM, uma vez que no sentido ascendente a informação

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 75


Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

é multiplexada no tempo. Por esse motivo, a potência mínima de emissão do ONT é


tipicamente mais baixa. Neste caso, considerou-se uma potência de emissão de 1 dBm no
ONT e uma sensibilidade mínima de -27 dBm no OLT.

Figura 4.9 - Cálculo do power budget no sentido ascendente (1310 nm).

Como se pode constatar pela Figura 4.9, a margem do sistema é muito maior do que a que foi
obtida no sentido descendente. Isto deve-se ao facto da atenuação da POF ser muito menor
nos 1310 nm, resultando uma atenuação total do sistema mais baixa (cerca de 16 dB) quando
comparada com a que foi obtida no sentido descendente. De qualquer das formas, o mais
importante é que o valor de potência está em excesso, o que significa que o sinal chegará ao
recetor em excelentes condições para a sua detecção.

Também foi necessário o cálculo do power budget nos 1575 nm, uma vez que é este
comprimento de onda que a tecnologia 10G-PON utiliza para transmitir no sentido
descendente. Como se pode constatar na Figura 4.10 a única diferença para o cálculo dos
1490 nm da GPON prende-se no valor de atenuação da POF, que neste caso foi considerado
200 dB/km.

Página 76 Instituto Superior de Engenharia de Lisboa


Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Figura 4.10 - Cálculo do power budget no sentido descendente (1575 nm) - 10GPON.

4.3 Componentes e parametrização no VPI


Neste capítulo pretende-se relatar algumas limitações encontradas no VPI. Abordam-se os
módulos e componentes mais importantes para a implementação dos cenários propostos,
assim como também a parametrização necessária para o correto funcionamento do sistema.

4.3.1 Limitações encontradas no VPI


Embora o VPI seja bastante útil para simulação de uma grande variedade de circuitos óticos,
foram registadas algumas limitações.

A primeira limitação registada prende-se com a utilização de dois fluxos de tráfego com
débitos distintos. O VPI não permite a injeção de dois fluxos de tráfego provenientes de
fontes distintas com débitos diferentes numa mesma fibra ótica, exceto a situação em que os
fluxos obtenham débitos que sejam múltiplos de 2 (ex: 100Mbps e 50 Mbps). Esta limitação
implica que no primeiro cenário seja impossível a transmissão simultânea do sinal de vídeo
analógico (RF), que é transmitido nos 1550 nm em modo broadcast e com um débito de
cerca de 40 Mbps constantes, e dos sinais de dados para os vários utilizadores que é
transmitido no comprimento de onda (1490 nm) que no limite pode agregar um débito de 2,5
Gbps. Após várias tentativas para contornar este problema, chegou-se à conclusão que o

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 77


Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

programa de simulação possui apenas um único TimeWindow (parâmetro que permite definir
um período de tempo que é representado um bloco de dados) e que é geral para todos os
fluxos de tráfego. Por esse motivo, optou-se por lidar apenas com os sinais com codificação
NRZ que são transmitidos no sentido descendente (1490 nm) e ascendente (1310 nm).

A segunda limitação está associada ao facto de o VPI não possuir módulos próprios para a
implementação de PONs. Por outras palavras, não existe módulos específicos como por
exemplo o OLT e o ONT, sendo necessário elaborar o sistema com todos os componentes
necessários para construir cada um dos equipamentos ativos. Contudo, esta limitação não
impede a implementação dos cenários propostos e recorreu-se à utilização das galáxias para
representar cada um dos componentes ativos.

4.3.2 Módulos e componentes do VPI


Dada a apresentação dos cenários e do cálculo teórico do power budget, é importante efetuar
uma abordagem aos módulos e componentes do VPI que possuem maior relevância para a
implementação dos cenários.

Os módulos que serão abordados de seguida possuem um estatuto de estrela no programa de


simulação, o que significa que são os componentes mais simples que podem existir na
hierarquia do VPI [6].

PRBS: Este módulo serve para gerar os bits “0” e “1” de forma aleatória,
representando a informação que se quer transmitir até ao destino. Neste caso em
particular cada módulo PRBS (Pseudo-Random binary sequence) representa um fluxo de
tráfego para um determinado utilizador.

Codificador NRZ: Tal como o seu nome indica, este módulo converte o sinal
digital para um sinal elétrico, segundo uma codificação NRZ (Non-return-to-
zero).

Página 78 Instituto Superior de Engenharia de Lisboa


Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Fonte ótica: Este módulo representa um emissor ótico, possuindo a função de


converter o sinal elétrico recebido para ótico. Por definição do módulo, trata-se
de um laser do tipo DFB.

Fibra ótica: Este módulo representa uma fibra ótica que faz a ligação entre o
emissor e o recetor ótico. O bloco MultiModeFiber.vtms será utilizado para
representar POFs e fibras multimodo de sílica, enquanto que para da fibra monomodo será
utilizado o bloco UniversalFiberFwd.vtmg. É importante referir que este módulo é
unidirecional, isto é, o sinal ótico apenas pode circular num sentido.

Fotodetetor: Este módulo representa um recetor ótico, possuindo a função de


converter o sinal ótico recebido para elétrico. Este recetor pode ser do tipo PIN
ou APD.

RiseTimeAdjust: Este módulo representa um filtro gaussiano que transforma um


impulso retangular elétrico num impulso com contornos mais suaves para que o
sinal se adapte melhor ao canal. Na prática, consiste na multiplicação do sinal digital por uma
sinusoide [6].

FilterEl: Este módulo representa um filtro elétrico universal, com várias funções
de filtragem. O filtro pode ser do tipo passa-baixo, passa-alto ou passa-banda. A
nível de funções de transferência, podem ser do tipo: Bessel, Gaussiana, Butterworth,
Chebyshev e elíptica. Na prática vai ser utilizado o filtro passa-baixo do tipo Bessel, para que
deixe passar apenas os sinais abaixo da frequência de corte.

ClockRecoveryIdeal: Este módulo tem a funcionalidade de recuperar o timing do


sinal original. Essa sincronização é efetuada tendo em conta o sinal original
transmitido e o sinal que foi recebido no recetor.

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Atenuador: Tal como o seu nome indica, permite atenuar o sinal ótico que passa
pelo mesmo. O valor da atenuação pode ser definido. Este módulo é muito útil
para simular as perdas dos conetores e das fusões que são considerados no cálculo do power
budget.

Modulador externo: Este módulo representa um modulador externo, mais


concretamente o Mach-zehnder. Será útil para a implementação da rede de
acesso, pois será efetuada uma modulação externa ao sinal que é emitido pelo laser DFB.
Neste modulador externo é possível definir a razão de extinção (extension ratio). A razão de
extinção é dada em dB sendo utilizada para descrever a relação entre a potência utilizada
quando transmite o nível lógico “1” com a potência utilizada quando transmite o nível lógico
“0”. Para o caso da GPON, o seu valor deverá ser superior a 10 dB [30].

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

4.3.3 Parâmetros individuais e globais


Os resultados que são gerados por uma simulação no VPI são influenciados por um conjunto
de parâmetros que são definidos em cada estrela, galáxia ou no universo. Esses parâmetros
podem ser individuais ou globais.

Tal como o seu nome indica, os parâmetros individuais apenas dizem respeito ao próprio
componente, isto é, qualquer alteração que se faça neste tipo de parâmetros só produzirá
efeito no respetivo módulo. A Figura 4.11 serve como exemplo de uma janela de edição de
um módulo de uma fibra multimodo. Como se pode constatar, existem uma série de
parâmetros que podem ser modificados. Neste caso em particular, os parâmetros mais
relevantes para a simulação de uma fibra são: o comprimento da fibra (Length), a atenuação
(Attenuation), o perfil do índice de refração (TransversalIndexProfile-Description), o índice
de refração do núcleo (CoreRefrativeIndex), o contraste (IndexContrast) e o diâmetro do
núcleo (CoreDiameter) [6].

Figura 4.11 - Janela de edição do módulo de uma fibra multimodo.

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Quanto aos parâmetros globais permitem simplificar a parametrização de sistemas complexos


com um número considerável de componentes. A visualização dos mesmos pode ser efetuada
utilizando o duplo clique na área de trabalho onde o esquema se encontra implementado.
Após esse procedimento, abre-se uma janela semelhante à que se encontra representada na
Figura 4.12.

Figura 4.12 - Janela de edição dos parâmetros globais.

A grande vantagem da utilização dos parâmetros globais prende-se com o facto de permitir
configurar um determinado parâmetro que é comum a vários componentes, como por
exemplo fibras óticas ou emissores e recetores óticos que possuem o mesmo comprimento de
onda. Desta forma, sempre que se queira alterar esse parâmetro, basta alterá-lo na janela de
edição de parâmetros globais e essa modificação produzirá efeito em todos os módulos que
possuem esse parâmetro global definido. Neste projeto, existem alguns parâmetros globais
que aparece por defeito no VPI, sendo os mais importantes os seguintes:

TimeWindow - define o período de tempo em que cada bloco de dados é representado [6].
Este parâmetro deverá ser corretamente definido de acordo com o tipo de codificação e
débitos utilizados no sistema. Neste projeto foram adotados os valores sugeridos no manual
do utilizador.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

SampleModeBandwidth – define a largura de banda de amostragem de todos os sinais da


simulação [6]. Para efeitos de simulação o seu valor foi deixado por defeito.

SampleModeCenterFrequency – define a frequência central de operação da simulação [6]. Na


prática o valor de frequência utilizado foi o do comprimento de onda ascendente, embora
poder-se-ia também ter utilizado o descendente.

SampleRateDefault – define o valor por defeito da frequência de amostragem. À semelhança


do TimeWindow, na prática o valor utilizado foi de acordo com o sugerido pelo manual do
utilizador, tendo em conta a codificação e o débito utilizado.

BitRateDefault – tal como o seu nome indica, define o valor por defeito do débito binário de
operação. Os módulos que possuem o parâmetro do débito binário podem operar com o valor
por defeito da simulação ou com um valor definido manualmente pelo utilizador. Na prática
e devido às limitações previamente abordadas do simulador, deve-se ter em atenção aos casos
em que os valores são definidos manualmente para que respeitem a condição de o valor ser
múltiplo/divisível por 2 do valor por defeito.

Para além dos parâmetros globais que já existem por defeito no VPI foi necessário adicionar
dois parâmetros. São eles o comprimento de onda descendente (WavelengthDL) e o do
comprimento de onda ascendente (WavelengthUL). Estes dois parâmetros serão úteis em
todos os componentes onde será necessário representar o comprimento de onda de operação.

4.3.4 Parametrização do sistema


A parametrização dos módulos que serão implementados no VPI deve estar de acordo com a
norma da tecnologia (que neste caso em particular é a GPON) e com os cenários
apresentados.

A Tabela 4.2 ilustra os parâmetros mais importantes definidos para o OLT tanto a nível de
emissão como de receção. Tal como se pode constatar, o transmissor do OLT é do tipo DFB
com uma potência mínima de transmissão de 1,5 dBm e com uma potência máxima de 5
dBm. No entanto, segundo o cálculo de power budget efetuado, será parametrizada no VPI
uma potência de transmissão de 3,5 dBm.

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Tabela 4.2 - Parâmetros definidos para o OLT.

Relativamente às especificações para o ONT, elaborou-se a Tabela 4.3. A potência de


emissão é relativamente mais baixa, sendo que no cálculo do power budget foi considerado 1
dBm para cada ONT. Apesar do fotodíodo APD ter um melhor desempenho, não foi utilizado
como recetor no ONT dado que todos os sistemas com POF a nível comercial funcionam
com fotodíodos do tipo PIN [6].

Tabela 4.3 - Parâmetros definidos para o ONT.

À semelhança dos equipamentos ativos que foram abordados anteriormente, as fibras óticas
também necessitam de parametrização. No caso da POF cujo modelo utilizado designa-se por
Fontex, para além da atenuação também é necessário ter em conta outros parâmetros
relacionados com as caraterísticas físicas da mesma. Todos os parâmetros necessários
encontram-se apresentados na Tabela 4.4.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Tabela 4.4 - Parâmetros para a POF Fontex [39].

Parâmetros da POF Fontex


Material do núcleo CYTOP®
3
Densidade da fibra (kg/m ) 2.03
Diâmetro do núcleo (µm) 120
Área efetiva do núcleo (µm2) 209
Atenuação @ 1575 nm (dB/km) 200
Atenuação @ 1490 nm (dB/km) 120
Atenuação @ 1310 nm (dB/km) 18
Índice refrativo 1,34
Contraste 0,0106

No caso das GOFs, serão utilizadas três fibras de sílica distintas. A Tabela 4.5 reúne as
caraterísticas necessárias para configuração dos três tipos de fibras no VPI. A fibra G.651
representa a fibra multimodo e a G.652C e G657 são fibras monomodo, sendo a última
indicada para FTTH devido ao seu melhor desempenho com os raios de curvatura. A fibra
G.652C será utilizada para interligação entre o OLT e o splitter.

Tabela 4.5 - Parâmetros para as GOFs da Corning [38].

Parâmetros das GOFs G.651 G.652C/D G.657


Material do núcleo Sílica Sílica Sílica
Diâmetro do núcleo (µm) 50 8,2 8,2
Coeficiente PMD (ps/√km) - 0,04 0,06
2
Declive da dispersão [ps/(nm .km)] 0,101 0,092 0,092
Dispersão @ 1490nm [ps/(nm.km)] - 16 16
Comprimento de onda com 1295 - 1315 1304 - 1324 1304 - 1324
dispersão zero (nm)
Atenuação @ 1490 nm (dB/km) 0,4 0,21 0,24
Atenuação @ 1310 nm (dB/km) 0,6 0,32 0,35
Índice refrativo 1,48 1,46 1,46
Contraste 0,018 0,004 0,004

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Para além da parametrização das fibras e dos equipamentos ativos, existem alguns
parâmetros globais que são importantes ter em conta para uma correta implementação e
simulação dos cenários propostos. É o caso do SampleRate, do TimeWindow e do Samples
per Block que são parâmetros que definem a frequência de amostragem e o período de tempo
que cada bloco de dados é representado. A Tabela 4.6 ilustra os valores que devem de ser
utilizados para os parâmetros anteriormente referidos quando se trata de um sistema com
codificação NRZ com débitos de 2,5 e 10 Gbps. Esta tabela foi obtida diretamente do manual
de utilizador do programa de simulação. Na prática utilizou-se os valores que estão
representados dentro do retângulo a vermelho.

Tabela 4.6 - Parâmetros sugeridos pelo VPI para modulação NRZ [37].

4.4 Implementação e simulação dos cenários propostos


Depois da introdução aos módulos mais importantes do VPI e da apresentação dos cenários,
reúnem-se as condições necessárias para passar à parte da implementação dos cenários
propostos no VPI e das respetivas simulações.

Nesta secção da dissertação pretende-se descrever todo o procedimento para a


implementação dos cenários no VPI, nomeadamente explicar como foi implementada a
técnica TDMA no simulador e a construção de algumas galáxias para representação do
OLT/ONT. Posteriormente analisam-se os resultados obtidos pelas simulações dos dois
cenários. Comparam-se os resultados obtidos, através da análise do diagrama de olho e do
BER e efetua-se uma comparação entre os valores teóricos do power budget com os valores
práticos da simulação.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

4.4.1 Primeira implementação


Apesar da elaboração e planeamento de cenários para simulação de uma rede GPON com
POF no VPI com vários ONTs, a sua implementação foi efetuada de forma faseada no
simulador. O esquema da primeira simulação encontra-se representado na Figura 4.13.

Figura 4.13 - Primeira simulação no VPI.

Como é possível constatar, trata-se de um esquema simples e um pouco diferente quando


comparado com o esquema final que se pretende simular. Tanto o OLT como o ONT foram
implementados componente a componente, uma vez que o VPI não possui módulos
específicos que simulem estes componentes ativos. Existe um conjunto de módulos que é
responsável pela receção do sinal ótico, e outro conjunto pela emissão do sinal ótico. A
seleção dos módulos necessários para implementação dos dois equipamentos ativos foi
efetuada tendo em conta a consulta de bibliografia [40] [41].

O splitter utilizado foi um de 1:4 dado que é o que possui maior fator de divisão no
simulador. Numa primeira fase, optou-se por não utilizar a POF na última milha para
interligação ao ONT de forma averiguar o correto funcionamento da rede GPON. As fibras
utilizadas foram fibras de sílica monomodo e a parametrização utilizada foi a que já existia
por defeito no respetivo módulo. Relativamente aos débitos, utilizaram-se os débitos padrão
da tecnologia GPON, sendo 2,5 Gbps no sentido descendente (do OLT para o ONT) e 1,25
Gbps no sentido ascendente (do ONT para o OLT).

Quanto às potências de emissão, utilizou-se 2 dBm no emissor do OLT e 0,5 dBm no ONT.
Estas potências revelaram-se ser suficientes para vencer a distância de 19 km de fibra ótica
monomodo cuja atenuação considerada foi de 0,3 dB e um splitter de 1:4 com atenuação de
6,8 dB. Para este caso não se teve em consideração os cálculos teóricos do power budget,

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uma vez que o objetivo deste esquema era começar por uma implementação simples e aos
poucos adicionar os componentes necessários até se conseguir cumprir com o que foi
planeado nos cenários.

Ao gerar uma simulação com este primeiro esquema implementado, os resultados foram
satisfatórios e revelaram uma correta implementação do sistema. Os resultados encontram-se
representados na Figura 4.14.

Resultados da primeira simulação

Entrada
OLT

BER 1.889 E-15

Entrada
ONT

BER 2.095 E-15

Figura 4.14 - Resultados da primeira implementação.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Verifica-se que o tanto no OLT como no ONT, o sinal chega em boas condições para
deteção. Esse resultado é visível tanto pela análise do diagrama de olho como pelos valores
obtidos no BER. Os valores de BER registados em ambos os casos respeitam o valor mínimo
suportado pela tecnologia GPON (1x10-10).

4.4.2 Construção de galáxias


Após a implementação do primeiro esquema que foi apresentado na secção anterior, foram
detetadas várias necessidades para que se conseguisse a implementação dos esquemas dos
cenários propostos. Uma dessas necessidades prende-se com a elaboração de galáxias de
modo a simplificar os esquemas de simulação. Foram desenvolvidas galáxias para
representação do OLT, do ONT e para o splitter com fator de divisão de 1:8.

A forma encontrada para criação de uma galáxia foi a seguinte:

1. Selecionar um módulo do esquema;


2. Selecionar a opção Tools da barra de menu, de seguida clicar em Macros e
posteriormente selecionar a opção Create custom module;
3. Seguidamente surge uma janela onde se pode definir o nome da galáxia que se
pretende construir;
4. Depois da atribuição do nome à galáxia, abre-se uma nova janela para construção de
um novo esquema, ou caso o utilizador já possua um pode sempre copiar um conjunto
de módulos para dentro da janela na nova galáxia criada. É importante existir pelo
menos uma ligação de entrada (input) ou uma ligação de saída (output) para que a
galáxia seja guardada com sucesso.

Depois de entender o procedimento para criação de galáxias, começou-se por criar a galáxia
para representar um OLT. O esquema montado encontra-se representado no lado esquerdo da
Figura 4.15. Do lado direito da imagem, tem-se a representação do mesmo quando este
encontra-se implementado num universo.

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Figura 4.15 - Galáxia construída para o OLT.

Quanto à criação da galáxia para o ONT, o processo e o esquema é totalmente idêntico ao do


OLT. Na implementação inicial a única diferença que existe entre os dois equipamentos
ativos na simulação consiste na parametrização dos módulos que constituem os mesmos, mas
à medida que se convergir para a solução final existirão diferenças entre as duas galáxias.

Relativamente à criação da galáxia para o splitter ótico com fator de divisão de 1:8 teve-se
que utilizar um módulo de divisão de potência de 1 para N e outro de combinação de
potência de N para 1. Como se pode verificar na Figura 4.16, utilizaram-se também dois
atenuadores, um para cada direção do sinal ótico (sentido descendente com o comprimento
de onda de 1490 nm e sentido ascendente nos 1310 nm). No entanto, o valor de atenuação é
comum aos dois módulos, uma vez que o objetivo é introduzir a atenuação correspondente de
um splitter de 1:8, cujo valor é cerca de 10,2 dB.

Figura 4.16 - Galáxia para o splitter 1:8.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

É importante referir que esta era a única forma possível de construir um splitter numa
galáxia, ou seja, num sentido existir uma combinação e noutro uma divisão de potência.
Desta forma, a ligação a um ONT é efetuada com duas fibras no simulador, embora se saiba
que na prática e no mundo real é apenas uma fibra. Isto está associado ao facto de no
simulador não existir a possibilidade de parametrizar várias atenuações para vários
comprimentos de onda no mesmo módulo da fibra ótica. Assim sendo, de forma contornar
esse aspecto, teve-se que simular com duas fibras, sendo que uma possui a atenuação
respetiva dos 1310 nm e outra a atenuação dos 1490 nm.

4.4.3 Implementação da técnica TDMA no VPI


O esquema da primeira implementação baseia-se numa comunicação simples entre um OLT
e um ONT. Sendo uma comunicação entre apenas dois equipamentos ativos, não existe
qualquer problema relativamente ao acesso ao meio, isto é, o ONT não necessita de partilhar
o meio com outro ONT, tal como acontece na Figura 4.13.

Contudo, de forma cumprir com os requisitos dos cenários propostos, é desejável simular
uma rede GPON com POF com vários ONTs. Para que isso aconteça é necessário
implementar um mecanismo no simulador que controle a informação dos vários ONTs, dado
que o VPI não consegue ter esse grau de abstração quando se implementa esquemas com
vários fluxos de dados.

O mecanismo desenvolvido consiste na atribuição de códigos e canais lógicos aos fluxos de


dados do OLT e dos vários ONTs. Para tal, foi necessário implementar módulos extra em
ambas as galáxias dos equipamentos ativos com o objetivo de multiplexar no tempo os
blocos de dados dos vários ONTs para serem transmitidos no mesmo comprimento de onda.

Para transmitir vários fluxos de dados do OLT para vários ONTs (ou vice-versa) é necessário
utilizar um módulo designado por commutator.vtms. A sua função baseia-se em multiplexar
no tempo os blocos de dados que este recebe à entrada proveniente de vários fluxos de dados.
Contudo, apenas com a utilização deste módulo não se consegue fazer corresponder um
determinado fluxo de dados a determinado ONT. Para que isso aconteça é necessário que
cada ONT saiba detetar o fluxo de dados que lhe pertence. Como já foi referido
anteriormente, o mecanismo desenvolvido consiste numa atribuição de códigos binários e de

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canais lógicos aos fluxos de cada ONT. A Tabela 4.7 ilustra a correspondência utilizada na
prática dos respetivos códigos e canais lógicos no recetor do OLT.

Tabela 4.7 - Códigos binários atribuídos para fluxos no sentido ascendente.

Fluxo de dados ONT OLT Código binário atribuído Canal lógico atribuído
ONT 1 0100 Ch4
ONT 2 1000 Ch3
ONT 3 0010 Ch6
ONT4 0001 Ch8

Para definir estes códigos binários no simulador, foi necessário utilizar um módulo designado
por SwitchSignal.vtms acompanhado por um IntSource.vtmg. Relativamente ao primeiro, a
sua função é encaminhar para uma porta de saída o fluxo de dados selecionado (o fluxo que
recebeu o bit “1”) e os restantes fluxos são negados (fluxos que receberam o bit “0”). Este
módulo possui uma porta específica pela qual recebe os códigos binários que são definidos
no IntSource.vtmg.

Para além da atribuição dos códigos binários, foi necessário também atribuir canais lógicos.
Estes são definidos em dois módulos específicos. Na emissão define-se no Coder_NRZ.vtms
e na receção é definido no ClockRecoveryIdeal.vtms. O canal lógico funciona como uma
etiqueta que é gerada quando é efetuada a codificação NRZ. Cada fluxo possuirá então o seu
canal lógico, e tendo em conta que o ONT tem sempre dois fluxos (ascendente e
descendente) então este terá pelo menos dois canais lógicos associados.

Para melhor perceção da interligação destes módulos recorre-se à Figura 4.17 onde se pode
constatar as modificações que foram efetuadas à galáxia inicial que tinha sido implementada
para o OLT. Neste caso em particular o OLT está configurado para receber fluxos de dados
de quatro ONTs, mas se fosse necessário um número superior bastava replicar os módulos de
SwitchSignal.vtms e de IntSource.vtmg para um novo ONT com uma nova atribuição de
código binário e de um canal lógico.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Figura 4.17 - Modificação da galáxia do OLT.

A Figura 4.18 ilustra janela de edição da galáxia do OLT. Os valores dos códigos binários
estão de acordo com a Tabela 4.7. Aquando a implementação deste mecanismo, foi
necessário existir alguma afinação, isto é, por tentativa e erro alternou-se os códigos binários
até selecionar o correto fluxo de dados dos vários ONTs.

Figura 4.18 - Códigos binários atribuídos aos fluxos no OLT.

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A implementação deste mecanismo também é necessária em cada ONT, isto é, aos fluxos de
dados que circulam no sentido descendente (OLT para ONT). Na Tabela 4.8 encontram-se
representados os códigos binários que foram atribuídos a cada ONT para o tráfego
descendente. Os canais lógicos são diferentes por forma não criar conflito com os que já
existem.

Tabela 4.8 - Códigos binários atribuídos para fluxos no sentido descendente.

Fluxo de dados OLT ONT Código binário atribuído Canal lógico atribuído
ONT 1 1000 Ch2
ONT 2 0100 Ch1
ONT 3 0010 Ch5
ONT4 0001 Ch7

Relativamente à galáxia do ONT, também foram necessárias alterações para que se


conseguisse completar o mecanismo desenvolvido. Na Figura 4.19 pode-se verificar que as
modificações efetuadas são idênticas às que foram implementadas no OLT. Neste caso em
particular, representou-se um exemplo do funcionamento do ONT 1 que será implementado
na prática.

Figura 4.19 - Galáxia do ONT.

Uma vez que o ONT apenas necessita de selecionar o tráfego que lhe pertence e descartar o
restante, será apenas necessário configurar um código binário (o que lhe foi atribuído). A
Figura 4.20 ilustra um exemplo de uma janela de edição do ONT 2 com o respetivo código
binário atribuído.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Figura 4.20 - Código binário atribuído ao ONT 2.

4.4.4 Simulação do cenário 1 – GPON com POF


Nesta secção do relatório apresenta-se a implementação do primeiro cenário no VPI.
Abordam-se alguns aspetos importantes e opções tomadas na implementação prática deste
cenário e posteriormente apresenta-se os resultados obtidos.

4.4.4.1 Implementação
Depois da construção das galáxias necessárias e do desenvolvimento do mecanismo para
implementação da técnica TDMA no simulador, encontram-se reunidos todos os requisitos
necessários para a implementação dos cenários. O esquema final do primeiro cenário que foi
implementado no VPI encontra-se representado na Figura 4.21.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 4.21 - Esquema implementado no simulador para o cenário 1.

Como já foi referido na secção 4.2.1, este primeiro cenário pressupõe a simulação de uma
rede GPON com três ONTs, onde cada ONT possui um tipo de fibra diferente. São elas uma
POF designada por Fontex, uma fibra monomodo G.657 ClearCurve e uma fibra multimodo
ClearCurve. Contudo, como é possível constatar na Figura 4.21 optou-se na prática por
efetuar uma implementação com quatro ONTs, sendo dois dos quais interligados através de
POF. O motivo pela qual se tomou esta opção prende-se com o débito binário atribuído a
cada ONT. Uma vez que se pretende simular o pior caso, isto é, o caso em que a rede GPON
opera na sua máxima capacidade (2,5 Gbps no sentido descendente e 1,25 Gbps no
ascendente), colocou-se quatro ONTs em que cada um possui um débito de 625 Mbps no
sentido descendente e de 312,5 Mbps no ascendente. Como se pode constatar na Figura 4.22
o débito binário definido para o sentido ascendente do ONT1 foi de 1,25/4 Gbps. Desta
forma, o débito agregado de todos os ONTs totaliza os valores da capacidade máxima
suportada pela GPON. Contudo, sabe-se que na realidade os serviços FTTH vendidos
atualmente por parte dos operadores de telecomunicações nunca atingem débitos tão
elevados para um utilizador residencial. De qualquer das formas, esta era a única forma de
simular a rede na sua capacidade máxima, sem ter que colocar um grande número de ONTs.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Figura 4.22 - Parametrização final do ONT1.

Optou-se também por implementar módulos de atenuadores ligados às fibras de cada ONT. O
propósito destes atenuadores serve para introduzir a atenuação que resulta das fusões
térmicas, dos conetores (POF e GOF), da margem de segurança e do acoplador WDM que
embora não tenha sido utilizado, também foi considerado para o cálculo do power budget. Na
Tabela 4.9 pode-se verificar os valores de atenuação que foram definidos nos atenuadores
que fazem a ligação no sentido ascendente e descendente. O valor total é diferente nos dois
casos porque no sentido ascendente não é contabilizado a atenuação do acoplador WDM,
uma vez que este é utilizado apenas para o sentido descendente. Assim sendo, os atenuadores
que se encontram no caminho ascendente possuem uma atenuação de 4,4 dB e os que estão
no caminho descendente será de 5,2 dB.

Tabela 4.9 - Atenuação total para definir nos atenuadores.

Sentido Margem Conetores Acoplador Fusões Total


segurança (POF + GOF) WDM
Descendente 2 1,9 0,8 0,5 5,2 dB

Ascendente 2 1,9 - 0,5 4,4 dB

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

De forma averiguar o correto valor de potência em vários pontos do esquema, foram


implementados vários medidores de potência ótica (Ponto 1, 2 e 3 na Figura 4.21), e
especialmente em cada ONT para que se possa visualizar a potência ótica recebida e
comparar com os valores teóricos do power budget.

Assinalado com um círculo de cor verde na Figura 4.21 está representado o módulo
commutator.vtms. Tal como já foi referido no capítulo anterior, este módulo é necessário para
efetuar a multiplexagem no tempo dos vários fluxos de tráfego provenientes dos ONTs
(sentido ascendente – 1310 nm).

Relativamente à parametrização das fibras, foi efetuada conforme os dados que foram
recolhidos das fichas técnicas dos fabricantes e que se encontram representados na Tabela 4.4
e Tabela 4.5. É importante referir que o módulo MultimodeFiber.vtms também foi utilizado
para representar a POF no simulador. A Figura 4.23 ilustra a janela de edição da POF no VPI
que foi utilizada para a ligação ascendente (1310 nm). A parametrização da POF para o
sentido descendente é idêntica excetuando o valor de atenuação que é de 120 dB/km.

Figura 4.23 - Janela de edição da POF Fontex (@1310nm).

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

4.4.4.2 Resultados obtidos


Após toda a implementação e parametrização dos respetivos componentes para o primeiro
cenário, executaram-se várias simulações para tirar algumas conclusões sobre o estudo
pretendido. Em primeiro lugar começou-se por verificar se os valores obtidos nos medidores
de potência estavam de acordo com os cálculos do power budget. Na Tabela 4.10 pode-se
verificar os valores de potência ótica medidos no simulador nos vários ONTs e os respetivos
valores teóricos.

Tabela 4.10 - Comparativo entre as potências teóricas e práticas do power budget.

Tipo de Distância de Potência teórica Potência prática


fibra fibra (m) (dBm) (dBm)
GOF G.657 3,5 – 14,4 – 2=
ONT 1 (@1490 nm) 200 – 13,7
ClearCurve – 12,9
GOF G.657 1 – 14,43 – 2 =
ONT 1 (@1310 nm) 200 – 15,94
ClearCurve – 15,43
POF 3,5 – 27,04 – 2=
ONT 2 (@1490 nm) 100 – 25,68
Fontex – 25,54
POF 1 – 16,16 – 2=
ONT 2 (@1310 nm) 100 – 17,74
Fontex – 17,16
GOF 3,5 – 15,12 – 2=
ONT 3 (@1490 nm) 200 – 13,83
Multimodo – 13,62
GOF 1 – 14,48 – 2=
ONT 3 (@1310 nm) 200 – 16,25
Multimodo – 15,48

Como se pode verificar, os valores obtidos foram razoáveis e estão próximos dos valores
calculados, o que representa uma correta implementação do cenário do simulador. A potência
teórica para os três casos foi efetuada recorrendo à folha do ficheiro Excel que já tinha sido
elaborada para o cálculo do power budget. É importante também referir que estes valores de
potência teóricos e práticos pressupõem a utilização de uma determinada distância na última
milha, que neste caso em particular foi de 100 metros para a POF e 200 metros para a fibra
multimodo e G.657 ClearCurve.

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 99


Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Após a verificação dos valores de potência ótica nos vários ONTs, determinou-se a distância
máxima com POF mantendo os níveis mínimos de BER normalizados pela tecnologia
GPON. Este processo foi efetuado por tentativa e erro, ou seja, efetuou-se várias medições
até encontrar o valor máximo de distância. O resultado pode ser visualizado na Figura 4.24.

POF Fontex @ 1490 nm

ONT2

ONT2

Distância 115 metros

BER 2.337 E-12

Figura 4.24 - Resultados para o ONT2 com POF Fontex.

De acordo com a Figura 4.24 pode-se constatar que a distância máxima de POF conseguida
no simulador no primeiro cenário foi de 115 metros para um valor de BER de 2.337 E-12,
obtendo-se assim um valor inferior ao permitido que era de 1 x 10-10. No diagrama de olho

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

ainda existe uma boa abertura horizontal e vertical. No segundo gráfico os impulsos elétricos
possuem alguma oscilação derivado ao sistema estar a operar no limites, mas ainda assim
existe uma boa diferenciação dos bits “1” e “0”.

Contudo, para se perceber como é que o BER evolui à medida que se varia a distância da
POF na última milha elaborou-se um gráfico no programa Excel com valores que foram
recolhidos no simulador. Esse resultado encontra-se representado na Figura 4.25.

Figura 4.25 - Variação do BER em função do comprimento da POF (@1490 nm).

O gráfico ilustrado encontra-se na escala logarítmica e o traço descontínuo de cor azul


representa o limite do nível de BER (1 x 10-10). É importante referir que estes valores de BER
foram medidos no ONT, isto é, o comprimento de onda que está em causa são os 1490 nm.
Verifica-se que num intervalo pequeno de distância (80 – 115 metros) o valor de BER
aproxima-se rapidamente do nível mínimo permitido pela GPON. Este resultado é explicado
pelo facto da POF possuir uma elevada atenuação nos 1490 nm, que são cerca de 120 dB/km.

Quanto ao sinal que circula no sentido ascendente (ONT para OLT) também foi analisado.
Os resultados encontram-se representados na Figura 4.26.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

POF Fontex @ 1310 nm

ONT2

ONT2

Distância 115 metros

BER 0

Figura 4.26 - Resultados no OLT/ sinal ascendente do ONT2.

Repare-se que neste caso teve-se que considerar no mínimo a distância que tinha sido
determinada anteriormente, os 115 metros. Verifica-se que a qualidade do sinal recebido no
OLT foi muito superior do que no caso anterior (sentido descendente). Tanto o diagrama de
olho como os impulsos rectangulares estão muito mais bem definidos. O valor de BER
obtido foi igual a 0, o que indica que a taxa de bits errados é nula. O facto de haver um
melhor desempenho no sentido ascendente comparativamente ao descendente, prende-se
pelas caraterísticas da POF. A Fontex possui uma atenuação muito mais baixa nos 1310 nm,

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

sendo a diferença de cerca 100 dB/km inferior quando comparada com a atenuação registada
nos 1490 nm.

Relativamente às restantes fibras, tiveram um desempenho muito superior comparativamente


à POF. A Figura 4.27 ilustra os resultados que foram registados no ONT1 com a fibra G.657
ClearCurve.

Fibra monomodo G.657 ClearCurve da Corning @ 1490 nm

ONT1

ONT1

Distância 200 metros


BER 0
Figura 4.27 - Resultados para o ONT1 com fibra G.657 ClearCurve.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Os resultados obtidos para a fibra monomodo G.657 foram excelentes. Tendo em conta que a
distância considerada ser já muito razoável (200 metros) para este tipo instalações (última
milha/ interior de edifícios), ainda assim obteve-se um BER igual a 0. Esse resultado também
é notável no diagrama de olho visto que apresenta uma linha fina com contornos suaves. Os
impulsos rectangulares também estão com melhor definição comparativamente aos que
foram obtidos pela POF. Relativamente ao sinal ótico no sentido ascendente, os resultados
foram muito semelhantes, isto é, a qualidade do sinal recebida no OLT também foi excelente
registando um BER igual a 0. Este resultado já era esperado, visto que trata-se e uma fibra
monomodo com atenuações muito mais baixas comparativamente às da POF.

Por último analisaram-se os resultados que foram obtidos com a fibra multimodo
ClearCurve. Os resultados registados no simulador VPI com este tipo de fibra encontram-se
representados na Figura 4.28. Como é possível verificar, os resultados também foram muito
satisfatórios. À semelhança do que aconteceu com a fibra G.657, o diagrama de olho e os
impulsos rectangulares também estão bem definidos e obteve-se um valor de BER igual a 0.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Fibra Multimodo G.651 ClearCurve da Corning @ 1490 nm

ONT3

ONT3

Distância 200 metros


BER 0
Figura 4.28 - Resultados para o ONT3 com fibra multimodo ClearCurve.

Face aos resultados obtidos foi possível tirar algumas conclusões acerca dos mesmos. Com
este primeiro cenário, pretendeu-se simular e analisar o desempenho da POF na rede de
acesso (última milha). Para o efeito foram consideradas para além da POF outras duas fibras
disponíveis no mercado para este tipo de aplicação, e efetuou-se uma comparação entre as
mesmas e determinou-se a melhor solução.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Após várias simulações realizadas, conseguiu-se uma distância de cerca 115 metros de POF
para o cenário implementado, mantendo um valor de BER inferior ao permitido que era de
1 x 10-10. Ainda assim é importante referir que esta distância foi conseguida para este cenário
em específico. A grande limitação da POF encontra-se na atenuação na janela dos 1490 –
1550 nm, que é de cerca 120 dB/km. Face a este elevado valor, torna-se difícil efetuar o
dimensionamento do power budget, apesar de esta possuir outras vantagens quando
comparada com fibras de sílica.

Relativamente à fibra monomodo G.657 e à fibra multimodo, os resultados foram bem mais
satisfatórios. As simulações revelaram nível de sinal ótimo para os ONTs que possuíam estas
fibras. Poder-se-ia até eventualmente adicionar mais atenuação no ODN, através da adição de
outros componentes passivos (como por exemplo um splitter), mantendo uma boa qualidade
de sinal.

Comparando o desempenho dos três tipos de fibras, conclui-se que a fibra G.657 ClearCurve
constitui uma melhor escolha para aplicações FTTH. A POF para uma distância de 115
metros e para um cenário relativamente simples já operava nos limites permitidos pela
GPON. Já com a fibra G.657 obteve-se ótimos resultados e confortáveis para cenários mais
complexos com mais atenuação na rede de distribuição ótica.

4.4.5 Simulação do cenário 2 – Coexistência GPON e 10G-PON com POF


Nesta secção do relatório apresenta-se a implementação do segundo cenário no VPI.
Abordam-se alguns aspetos importantes e opções tomadas na implementação prática deste
cenário e posteriormente apresenta-se os resultados obtidos.

4.4.5.1 Implementação
Como já foi referido, o segundo cenário trata-se da análise do desempenho da POF para
débitos superiores aos que foram utilizados no primeiro cenário. Para tal, elaborou-se um
esquema onde as tecnologias GPON e 10G-PON coexistem na mesma rede de distribuição
ótica. O esquema final do segundo cenário que foi implementado no VPI encontra-se
representado na Figura 4.29.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Figura 4.29 - Esquema implementado no simulador para o cenário 2.

É importante relembrar que a tecnologia 10 GPON opera a 10 Gbps simétricos (sentido


ascendente e descendente), enquanto a GPON suporta 2,5 Gbps no sentido descendente e
1,25 Gbps no sentido ascendente. Como se pode verificar foram implementados dois OLTs e
dois ONTs, sendo atribuído um par OLT/ONT para cada tecnologia. À semelhança do
primeiro cenário, foi utilizado o splitter de 1:8 e uma distância de fibra de sílica de 8 km
entre o OLT e o splitter. Na rede de acesso foram utilizadas POFs Fontex para interligar
ambos os ONTs, para que se possa testar a viabilidade da POF para débitos superiores (10
Gbps).

Os débitos configurados em cada ONT no sentido ascendente foram de 1,25 e 10 Gbps para
as tecnologias GPON e 10 GPON, respetivamente. Foram também definidos parâmetros
globais, nomeadamente o “WavelengthG”, o “Wavelength10G” e o “WavelengthUL”. Estes
parâmetros foram úteis para a definição dos comprimentos de onda de operação de ambas as
tecnologias. Como se pode constatar na Figura 4.30 o débito binário definido por defeito foi
de 10 Gbps, o que significa que o débito definido nos equipamentos ativos da tecnologia
GPON foi efetuado de forma manual sem recurso ao parâmetro global “BitRateDefault”.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Figura 4.30 - Janela de edição de parâmetros globais do cenário 2.

Uma vez que ambas as tecnologias partilham o mesmo meio físico é necessário existir
mecanismos que evitem o conflito de operação entre as mesmas. Para tal, no sentido
descendente as duas tecnologias operam em comprimentos de onda diferentes. Esse
procedimento pode ser feito através da utilização de um acoplador WDM que encontra-se
representado com um círculo de cor verde. Este módulo possui duas entradas e uma saída e
tem a função de multiplexar comprimentos de onda num mesmo meio físico (fibra). As
entradas encontram-se ligadas aos OLTs das duas tecnologias, sendo que no caso da GPON
irá enviar um sinal ótico nos 1490 nm e o da 10 GPON nos 1575 nm. Na saída deste
componente os sinais de ambas as tecnologias serão enviados para uma única fibra mas em
comprimentos de onda distintos. Tal como tinha sido definido no cálculo do power budget, a
atenuação introduzida pelo acoplador WDM no simulador é de 0,8 dB.

Relativamente ao sentido ascendente, recorre-se à técnica TDMA e ao mecanismo


desenvolvido neste trabalho para a sua implementação no VPI. Os códigos binários
atribuídos aos fluxos recebidos no OLT de cada ONT encontram-se ilustrados na Figura
4.31.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Figura 4.31 - Janelas de edição da GPON (esquerda) e 10G-PON (direita).

4.4.5.2 Resultados obtidos


Depois de toda a implementação e parametrização dos respetivos componentes para o
segundo cenário, executaram-se várias simulações para tirar algumas conclusões. Começou-
se por analisar a qualidade do sinal ótico recebido em cada recetor. A Figura 4.32 ilustra os
resultados registados no simulador para o ONT da GPON.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

POF Fontex @ 1490 nm

ONT_GPON

ONT_GPON

Distância 90 metros

BER 1.153 E-11

Figura 4.32 - Resultados para o ONT_GPON do sinal descendente.

O procedimento para determinar a distância máxima conseguida com a POF na rede de


acesso neste segundo cenário foi idêntico ao que foi efetuado no primeiro cenário. Através de
uma série de simulações, atingiu-se um valor máximo de 90 metros de POF para o ONT que
opera com a tecnologia GPON. O BER obtido foi de 1.153 x 10-11 situando-se abaixo do
limite desejável dos 1 x 10-10.

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Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

Posteriormente recolheram-se os resultados obtidos no ONT que estava associado à


tecnologia 10 GPON. Os resultados encontram-se representados na Figura 4.33.

POF Fontex @ 1490 nm

ONT_
10GPON

ONT_
10GPON

Distância 40 metros

BER 1.94 E-10

Figura 4.33 - Resultados para o ONT_10GPON do sinal descendente.

No ONT com a tecnologia 10 GPON conseguiu-se uma distância máxima de 40 metros de


POF na rede de acesso para um valor de BER de 1.94 x 10-10. O diagrama de olho apresenta
um maior número de linhas quando comparado com o da Figura 4.32. Isto acontece porque o
débito binário é quatro vezes superior ao que foi utilizado no primeiro caso.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Relativamente à qualidade do sinal no sentido ascendente de ambos os ONTs, ou seja, o sinal


que é recebido no OLT proveniente dos ONTs, também foi analisada. Começando pelo ONT
da tecnologia GPON, registou-se um BER igual a 0 para a mesma distância de 90 metros que
tinha sido determinada como a distância máxima no sentido descendente. A boa qualidade de
sinal recebido também é visível pelo diagrama de olho que encontra-se representado na
Figura 4.34.

POF Fontex @ 1310 nm

OLT_GPON

Distância 90 metros

BER 0

Figura 4.34 - Resultados para o OLT_GPON do sinal ascendente.

Por último, analisou-se o sinal ascendente do ONT que utiliza a tecnologia 10 GPON. O
diagrama de olho do respetivo sinal encontra-se representado na Figura 4.35. Para uma
distância máxima de 40 metros de POF na rede de acesso, obteve-se um BER de
5.22 x 10-150. Existe uma grande melhoria do sinal recebido no sentido ascendente, pelo facto
de a atenuação da POF nos 1490 nm ser muito superior aos 1310 nm.

Página 112 Instituto Superior de Engenharia de Lisboa


Capítulo 4 Simulação de uma rede de acesso com POF

POF Fontex @ 1310 nm

OLT_
10 GPON

Distância 40 metros

BER 5.22 E-150

Figura 4.35 - Resultados para o OLT_10GPON do sinal ascendente.

Neste segundo cenário pretendeu-se analisar o desempenho e a viabilidade da POF na rede de


acesso com tecnologias que operam com débitos de 10 Gbps. Para tal, de forma também
simular uma situação real de um operador de telecomunicações, desenvolveu-se um esquema
onde a tecnologia GPON (que já tinha sido implementada no primeiro cenário) e 10 GPON
operam no mesmo ODN.

Os resultados das simulações revelaram que é possível utilizar POF na rede de acesso e para
débitos de 10 Gbps. Conseguiu-se uma distância de 40 metros utilizando a tecnologia 10
GPON. Esta diminuição do alcance da POF na última milha deve-se a duas razões. A
primeira pela utilização de um comprimento de onda diferente (1575 nm), introduzindo uma
atenuação superior (200 dB/km) ao sinal transmitido. O segundo motivo deve-se ao facto do
débito binário transmitido ser quatro vezes superior ao que foi utilizado no primeiro cenário,
aumentando assim a probabilidade de um bit estar errado.

Quanto à distância obtida com a tecnologia GPON no mesmo ODN, foi de 90 metros para as
mesmas taxas de transferências de dados que tinham sido utilizadas no primeiro cenário. Este
resultado significa uma redução na distância que tinha sido determinada no primeiro cenário,
que era de 115 metros. Pensa-se que isto está associado ao facto de neste segundo cenário
ter-se utilizado o acoplador WDM e ter causado uma perda de desempenho no sistema.

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CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste último capítulo do relatório apresentam-se as conclusões relativas ao trabalho


realizado. Sugerem-se algumas propostas para trabalho futuro que podem dar continuidade
ao estudo que foi efetuado nesta dissertação.

5.1 Conclusões
O tema desta dissertação incidiu no estudo e simulação do desempenho da fibra ótica de
plástico nas redes de acesso. Para o efeito, em primeiro lugar fez-se o estudo do estado da
arte atual das fibras óticas e das redes de acesso.

Nas fibras óticas, verificou-se que estas podem ser de vários tipos, sendo as de mais
importância para esta dissertação as de sílica e as de plástico. As de sílica podem ser
monomodo ou multimodo. As primeiras têm um raio de núcleo pequeno e uma atenuação
baixa, sendo por isso utilizadas para longas distâncias. Já as multimodo têm um raio de
núcleo e uma atenuação superior, pelo que são utilizadas em distâncias curtas. Relativamente
às fibras óticas de plástico, viu-se que estas também existem em vários tipos e com materiais
diferentes. As mais atuais e desenvolvidas são as GI-POF com polímero de flúor. Foi
efetuado uma pesquisa em vários fabricantes e decidiu-se utilizar para a prática uma POF

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 115


Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

designada por Fontex da Asahi Glass, devido aos valores de atenuação que esta apresenta
(120 dB/km nos 1490 nm e 18 dB/km nos 1310 nm).

Nas redes de acesso, começou-se por abordar a estrutura de uma rede de telecomunicações e
viu-se que esta pode ser dividida em três segmentos: rede nuclear, rede distribuição e rede de
acesso. Constatou-se que existem várias tecnologias de transmissão que são utilizadas nas
redes de acesso consoante o tipo de infraestrutura existente (cobre, coaxial ou fibra). O
aumento gradual da largura de banda necessária por parte dos utilizadores levou o mercado a
desenvolver novas soluções e nestes últimos anos tem-se assistido a um forte investimento
por parte dos operadores de telecomunicações na instalação de fibra ótica até à casa dos
utilizadores. Existem várias tecnologias PON que permitem o fornecimento do serviço FTTH
(voz, televisão e internet) aos utilizadores. Atualmente sabe-se que alguns operadores de
telecomunicações em Portugal fornecem este tipo de serviço com base na tecnologia GPON,
mas o futuro poderá passar pela utilização da 10G-PON ou WDM-PON.

Após todo o processo de pesquisa e de aquisição de conhecimento sobre o tema, reuniram-se


as condições necessárias para prosseguir à parte prática. A ferramenta utilizada para
simulação designa-se por VPIphotonicsTM 8.5. À medida que se foi explorando o seu
funcionamento, foram encontradas algumas limitações. A primeira limitação prende-se com a
utilização de vários fluxos de tráfego com débitos distintos. Isto impediu que na prática fosse
impossível implementar um fluxo de tráfego com uma modulação QAM (para simular o sinal
TV analógico nos 1550 nm) e com um débito totalmente diferente dos que são praticados
pelo tráfego com modulação NRZ. A segunda limitação está associada à inexistência de
módulos de equipamentos ativos para redes PON (como é o caso do OLT e ONT), pelo que
neste caso contornou-se a situação criando manualmente as galáxias necessárias.

Apesar das limitações encontradas no simulador, elaboram-se dois cenários para estudo do
desempenho da POF na última milha. A tecnologia escolhida para a elaboração dos cenários
foi a GPON. Esta tecnologia tem um débito máximo de 2,5 Gbps no sentido descendente e de
1,25 Gbps no sentido ascendente. O motivo pela qual se escolheu esta tecnologia para
simulação no VPI prende-se na existência de muita documentação acerca da mesma, até
mesmo artigos com projetos e simulações noutros simuladores. O primeiro cenário consiste
numa rede GPON com três utilizadores (ONTs). Cada utilizador possui um tipo de fibra

Página 116 Instituto Superior de Engenharia de Lisboa


Capítulo 5 Considerações finais

diferente. As fibras utilizadas foram uma monomodo G.657 ClearCurve da Corning, uma
multimodo G.651 ClearCurve da Corning e uma POF Fontex da Asahi Glass. Pressupõe-se
que a instalação das fibras é efetuada entre o ponto de distribuição ótico que se encontra no
edifício e o ONT que é colocado dentro da casa do utilizador. Neste cenário averiguou-se a
distância máxima permita pela POF para transmissão tendo em conta o limite do valor de
BER (1x10-10 para a GPON e 10G-PON) e comparou-se o seu desempenho com as restantes
fibras.

Relativamente ao segundo cenário trata-se do estudo do desempenho da POF numa situação


em que as tecnologias GPON e 10G-PON coexistem no mesmo ODN. Neste cenário
pretende-se averiguar o desempenho da POF para débitos superiores (10 Gbps).

Para ambos os cenários foi efetuado o cálculo teórico do power budget. Este procedimento é
muito importante no dimensionamento de uma rede PON, pois é com base nele que se
garante uma qualidade de sinal adequada para cada ONT. Utilizou-se óticos de classe B+,
permitindo assim uma atenuação total na rede de distribuição ótica de 28 dB. Apesar do
desenvolvimento prévio de vários cenários para implementação no programa de simulação, a
sua implementação foi efetuada de forma progressiva. Numa fase inicial, executaram-se
alguns testes simples com o intuito de se familiarizar com o funcionamento do programa.
Posteriormente foi-se adicionando mais complexidade e desenvolveu-se um mecanismo para
implementação da técnica TDMA no simulador e criaram-se algumas galáxias para
simplificação do esquema.

A análise de resultados foi efetuada com base nos diagramas de olho e valores de BER
gerados pelo simulador para cada ONT e OLT. Os resultados obtidos em ambos os cenários
foram satisfatórios. No primeiro conseguiu-se uma distância máxima para a POF de cerca
115 metros, cumprindo o valor mínimo de 1x10-10 de BER. No entanto, as fibras multimodo
e monomodo G.657 revelaram um desempenho muito superior, dado que estas possuem uma
atenuação muito mais baixa. No segundo cenário, com um débito de transmissão de 10 Gbps
da tecnologia 10G-PON, conseguiu-se uma distância de 40 metros para a POF na rede de
acesso.

Tendo em conta ao estudo efetuado e aos resultados obtidos, conclui-se que atualmente a
POF apenas é viável para situações onde a atenuação do ODN é relativamente baixa (por

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Página 117


Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

volta de 15 dB), caso contrário a utilização na última milha não se torna viável. Os resultados
obtidos em ambos os cenários revelaram de facto que a principal limitação da POF se prende
com a elevada atenuação na janela dos 1490-1550 nm, que mesmo considerando a melhor
POF atual do mercado para este tipo de aplicações (Fontex), possui uma atenuação de cerca
120 dB/km nos 1490 nm. Por outro lado, os resultados obtidos no sentido ascendente (1310
nm) foram muito satisfatórios derivado à atenuação ser cerca de 100 dB/km inferior à do
sentido descendente, resultando margens operacionais dos sistemas muito confortáveis para
adição de novos componentes. A sua viabilidade pode tornar-se possível neste segmento de
rede, caso sejam desenvolvidos novos tipos de materiais e mais transparentes que
possibilitem obter atenuações mais baixas na janela utilizada em telecomunicações.

Das fibras testadas no primeiro cenário, conclui-se que a melhor opção para instalação em
redes de acesso e para serviços FTTH é a fibra G.657 ClearCurve da Corning dado que esta
não só possui uma baixa atenuação nos 1310 e 1490 nm como também está otimizada para
possuir baixas perdas devido a raios de curvatura.

Página 118 Instituto Superior de Engenharia de Lisboa


Capítulo 5 Considerações finais

5.2 Trabalho futuro


No decorrer desta dissertação foram efetuadas algumas opções que determinaram um
caminho a seguir, no entanto outras poderiam ter sido tomadas e certamente outros resultados
e conclusões se iriam obter. Assim sendo, apresentam-se algumas sugestões para trabalho
futuro que podem dar continuidade ao estudo que foi realizado nesta dissertação.

• Aprofundar o tema implementando cenários mais complexos (como por exemplo


testar a transmissão do sinal RF analógico de TV nos 1550 nm) utilizando outras
ferramentas de simulação direcionadas para PONs e FTTH, como é o caso do
Optisystem da Optiwave;
• Implementação e simulação de uma rede baseada em WDM-PON utilizando POF na
rede de acesso;
• Execução de testes em laboratório de um sistema semelhante com POF que permita
corroborar os valores teóricos e obtidos pelo simulador. Uma vez que o VPI não tem
em conta as perdas devido a raios de curvatura seria interessante testar o desempenho
da POF aquando esta faz raios de curvatura iguais ou superiores a 90º dentro das
tubagens dos edifícios.

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Fibras óticas de plástico em redes de acesso Marino Rodrigues

Página 120 Instituto Superior de Engenharia de Lisboa


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OUTROS TRABALHOS EM: 
www.projetoderedes.com.br

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