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- Retrospecto
Quando os portugueses chegaram no território que viria a ser o Brasil, encontraram uma
diversidade sociolinguística impressionante, com mais de 1.000 línguas indígenas e mais de 1.000.000
de indivíduos (BASSINI, 2015, p. 96).
Para efetivar o domínio do território, os invasores precisariam dominar esse grande contingente
de nativos, por meio da desarticulação de suas culturais e, consequentemente, de suas línguas:
“[...] desde o primeiro momento da chegada dos europeus, no início do século XVI, parece irrefutável que não
seria possível combater e substituir os valores culturais dos habitantes originários desse território, estratégias necessárias
para a dominação colonial plena, sem se considerar com absoluta cautela o papel que as línguas em contato, e desde
então em conflito, poderiam desempenhar” (NASCIMENTO, 2012, p. 58).
Além da violência material e simbólica a que os nativos eram submetidos, a subalternização das
culturas e línguas indígenas foi empreendida de maneira mais sistemática por meio das escolas
indígenas.
Segundo Ferreira (2001), a história da educação escolar indígenas no Brasil pode ser dividida em
quatro fases:
1- A primeira fase remete ao início do processo de colonização do Brasil. A
escolarização indígena ficava a cargo de missionários católicos, com o objetivo de incorporar
mão de obra nativa à sociedade nacional, por meio do apagamento da diversidade
sociocultural de maneira ampla.
2- A segunda fase tem início em 1910 com a criação do Serviço de Proteção ao Índio
(SPI), com o objetivo de proteger os povos indígenas e, contraditoriamente, ocupar o
território do Brasil. A criação do órgão federal levou a uma centralização política nas decisões
indigenistas do país, que perderam a relativa sujeição à igreja católica. Apesar disso, o índio
era reconhecido como um “sujeito transitório”, que deveria ser “civilizado” e integrado à
sociedade dominante. Para oferecer às populações nativas as condições de “evolução” e
integração, foram demarcadas suas terras indígenas com o intuito de protegê-las de
fazendeiros e invasores. Além disso, foram criados serviços de saúde e a educação escolar
formal, com base no trabalho agrícola e doméstico. A criação da Funai, em 1967, gerou
mudanças ainda maiores, como a adoção do ensino bilíngue nas escolas indígenas para
respeitar a diversidade de suas línguas e culturas, e a capacitação de monitores indígenas para
atuar em suas comunidades. No entanto, essas medidas ainda eram elaboradas no interior de
políticas de integração e assimilação cultural dos povos indígenas à “comunidade nacional”.
Para implementar a educação bilíngue, a Funai se associou ao Summer Institute of Linguistics
(SIL), instituição cuja atuação e reputação controversa se espalharam por diversos países, em
virtude de suas práticas de proselitismo religioso. A parceria levou à implantação de um
modelo de ensino bilíngue de transição, que utilizava as línguas nativas para assimilar a língua
portuguesa e ser substituídas por ela, o que caracteriza a subalternização das línguas indígenas
e consequentemente de seus falantes. O convênio entre Funai e SIL foi estabelecido em 1969
e rompido definitivamente apenas 30 anos depois, em 1999.
3- A terceira fase tem início na década de 1970, e é caracterizada por projetos
alternativos para defesa dos territórios indígenas e promoção de serviços de saúde e
educação. Essas iniciativas partiam de organizações não governamentais pró-índio e
contaram com o apoio de instituições universitárias para a elaboração de novas propostas
educativas e curriculares, além de formação de professores indígenas. Organizados por
diferentes grupos, os Encontros Nacionais de Educação Indígena levaram à elaboração de
pautas e documentos que reivindicavam a criação de organismos próprios e novas políticas
linguísticas adequadas às demandas da educação escolar indígena.
4- A quarta fase remonta ao fim da década de 70, e é caracterizada pela consolidação
do movimento indígena no país, por meio da articulação de diferenças lideranças indígenas
e da busca por soluções coletivas para seus principais problemas. No campo da educação,
uma das principais reivindicações envolvia o direito à autodeterminação, que significava que
as diretrizes e práticas educativas fossem desenvolvidas pelos próprios indígenas. Com a
promulgação da Constituição de 1988, houve enormes avanços nas políticas indigenistas
brasileiras, com o reconhecimento e valorização de suas tradições, territórios e diversidade
linguística, além da garantia de utilização das línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem nas escolas indígenas.
O direito ao uso das línguas maternas indígenas e de processos próprios na educação escolar
representou uma grande conquista na luta pela transformação das políticas indigenistas.
Foi reconhecida a necessidade de criar um novo modelo de ensino específico e diferenciado.
O antigo Paradigma Assimilacionista, vigente nos períodos colonial, imperial e republicano, foi
então substituído pelo Paradigma da educação bilíngue e intercultural, que tem como principal objetivo a
preservação das culturas e línguas indígenas e a promoção do ensino da língua portuguesa como
instrumento para interação com a sociedade não indígena.
- Importância
Embora tenha sido um dos principais instrumentos para as políticas de aculturação e integração
do índio à “sociedade nacional”, a escola pode ser ressignificada como um espaço de resistência e
luta em favor da diversidade e do legado das culturas indígenas.
“[...] embora não possa ser possível desinvestir completamente a educação [...] de sua cumplicidade com os sistemas
de exploração e de opressão, devemos sempre lugar como se essa libertação fosse possível” (NASCIMENTO, 2012,
p. 188).
Hoje, a escola constitui um dos mais importantes recursos na luta pela afirmação das identidades
étnicas, recuperação da memória histórica, valorização das línguas e saberes nativos e garantia de
autodeterminação dos povos indígenas.
Isso vale para as práticas de ensino em todos os níveis, desde os estágios iniciais de alfabetização
até as etapas de formação superior.
Na articulação entre as demandas socioculturais e as práticas educacionais indígenas, as
universidades assumem uma função especial, sobretudo com a oferta de cursos de licenciatura
intercultural, que contribuem para a habilitação de professores indígenas.
Conquanto a universidade ainda seja identificada como um espaço que preponderantemente
reproduz o saber e o poder dominantes, característicos de uma cultura eurocêntrica e alheia às
particularidades dos povos indígenas, eles reconhecem que ela fornece instrumentos necessários para
sua libertação.
- Características
Em função da história de opressão e silenciamento que marcou a relação das culturas
eurocêntricas com os povos indígenas, o ensino voltado para as demandas indígenas deve buscar uma
ruptura em relação aos modelos de ensino tradicionais.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (BRASIL, 1998, p. 24-25),
as Escola Indígenas apresentam quatro características fundamentais:
* Comunitária
“Porque conduzida pela comunidade indígena, de acordo com seus projetos, suas concepções e seus princípios. Isto
se refere tanto ao currículo quanto aos modos de administrá-la”.
* Intercultural
“Porque deve reconhecer e manter a diversidade cultural e linguística; promover uma situação de comunicação
entre experiências socioculturais, linguísticas e históricas diferentes, não considerando uma cultura superior à outra
[...]”.
* Bilíngue/Multilíngue
“Porque as tradições culturais [...] são, na maioria dos casos, manifestados através do uso de mais de uma língua.
Mesmo os povos indígenas que são hoje monolíngues em língua portuguesa continuam a usar a língua de seus ancestrais
como um símbolo poderoso para onde confluem muitos de seus traços identitários, constituindo, assim, um quadro de
bilinguismo simbólico importante”.
* Específica e diferenciada
“Porque concebida e planejada como reflexo das aspirações particulares do povo indígena e com autonomia em
relação a determinados aspectos que regem o funcionamento e orientação da escola não-indígena”.
Como base para reflexões, utilizamos como modelo referencial o curso de Licenciatura Intercultural
de Formação Superior de Professores e Professoras Indígenas da Universidade Federal de Goiás.
Para a elaboração do Projeto Político-Pedagógico do curso, Pimentel da Silva afirma que:
“Levaram-se em conta tanto os contextos culturais, linguísticos, políticos e econômicos, quanto os relacionamentos
cotidianos dessas sociedades com a não-indígena; foram considerados também os projetos políticos-pedagógicos das escolas
indígenas, as políticas linguísticas adotadas nas aldeias e os programas alternativos de desenvolvimento econômico em
andamento nas comunidades e, ainda os projetos de futuro desses povos” (PIMENTEL DA SILVA, 2009a, p.
77, apud NASCIMENTO, 2012, p. 111).
Filiado a uma orientação dialógica, no que se refere tanto à diversidade sociolinguística dos
povos em contato quanto aos diferentes campos do saber abordados, o curso de Licenciatura
Intercultural da UFG se baseia em dois princípios pedagógico fundamentais: Transdisciplinaridade e
Interculturalidade.
- - Interculturalidade
Interculturalidade é um conceito que admite a diversidade cultural de maneira dialógica e
complexa, caracterizada pelas tensões, assimetrias e antagonismos (históricos, políticos, sociais) que
essas culturas estabelecem entre si, com o intuito de instaurar diálogos construtivos a partir dessas
divergências e buscar a superação de desigualdades e desequilíbrios nas correlações de forças.
A interculturalidade não propõe a tolerância entre os diferentes ou sua hibridização, mas sim a
percepção dessas diferenças, a instauração de um intercâmbio e a construção progressiva de
possibilidades de equidade.
“[...] a concepção intercultural [...] constitui um grande avanço para a legitimação da pluralidade étnica, uma
vez que permite, pela primeira vez, que modos próprios de ensino e aprendizagem, como como conhecimentos, línguas e
cultura indígenas sejam legitimamos e afirmados e que fazem parte central do currículo da escola indígena que, por sua
vez, tem a chance de ser gerida autonomamente e protagonizada pelos próprios indígenas” (NASCIMENTO, 2012,
p. 140).
E para além das salas de aula, o posicionamento intercultural aponta em última instância para a
transformação da sociedade como um todo, em função do fortalecimento identitário dos povos
minoritários, da sua instrumentalização nas arenas de luta política e no estabelecimento de novas
formas de intercâmbio com a sociedade não indígena.
- - Transdisciplinaridade
O conceito da transdisciplinaridade surgiu no século XX como forma de:
“[...] compensar a hiperespecialização disciplinar, propondo diferentes níveis de cooperação entre as disciplinas,
com o objetivo de buscar soluções para os problemas causados pelo desenvolvimento tecnológico e pela falta de diálogo
entre os saberes decorrentes dessa superespecialização” (NASCIMENTO, 2012, p. 163).
“A abordagem transdisciplinar se apreende então como uma nova organização do conhecimento, como uma nova
hermenêutica das colocações em relação, como um processo epistemológico e metodológico de resolução de dados complexos
e contraditórios situando as ligações no interior de um sistema total, global e hierarquizado sem fronteiras estáveis entre
as disciplinas, incluindo a ordem e a desordem, o sabido e o não sabido, a racionalidade e a imaginação, o consciente e
o inconsciente, o formal e o informal” (PAUL, 2005, apud NASCIMENTO, 2012, p. 165).
- - Bilinguismo
No contexto pedagógico brasileiro, pode-se diferenciar dois principais modelos de educação
bilíngue:
* Educação bilíngue de transição: Busca que o aluno mude da língua materna para a dominante, com
o objetivo de assimilação sociocultural, o que promove um bilinguismo subtrativo, em que a língua
materna do aluno (assim como sua cultura) é substituída pela da sociedade dominante.
* Educação bilíngue de manutenção: Promove o uso da língua materna e a identidade cultural do
aluno, configurando uma modalidade de bilinguismo aditivo.
A noção de bilinguismo pode indicar uma virtual neutralidade sociolinguística entre as duas
línguas e mascarar os conflitos e as diferenças nas correlações de forças entre elas, o que iria contra
os pressupostos da interculturalidade.
Para evitar esse problema, é conveniente trabalhar com o conceito de diglossia.
- - - Multilinguismo
Segundo o último censo do IBGE, atualmente são faladas 274 línguas indígenas em território
brasileiro, o que faz do Brasil um dos países com maior diversidade linguística no mundo.
Entretanto, Rodrigues (2000) afirma que, antes da invasão europeia, essa exuberância
sociolinguística ultrapassava a marca de 1.000 línguas indígenas.
Situada nessa região, a cidade de São Gabriel da Cachoeira possui a maior população indígena
do Brasil, que corresponde a 85% da população total.
São Gabriel é também conhecida por ser a primeira cidade brasileira com mais de uma língua
oficial. Além do português, a cidade possui três línguas oficiais: tukano, nheengatu e baniwa.
A interdição do incesto (casamento entre irmãos) exige a ocorrência de casamentos apenas entre
membros de grupos étnicos distintos, o que faz com que os casais sejam bilíngues.
Além da exogamia linguística, os povos da região se caracterizam pela filiação patrilinear (os
filhos se ligam identitariamente à etnia do pai) e residência virilocal (as famílias vivem no local de
origem do marido ou de residência do pai).
“Uma vez que essas famílias vivem em comunidades ou malocas com várias outras famílias, e que as esposas
podem vir de diferentes grupos étnicos, a comunidade tende a ser multilíngue, contendo a língua dos homens locais, além
das várias línguas que as esposas desses homens falam. Indivíduos crescendo, nesse ambiente social, aprendem mais do
que duas línguas, pois além das línguas do pai e da mãe, aprendem línguas de suas tias e primos [...]” (CHACON
& CAYÓN, 2013, p. 10).
De acordo com Aikhenvald, seria a exogamia linguística, cujo elemento central é a língua, o fator
preponderante para a ocorrência do multilinguismo.
Entretanto, essa visão é contestada por Chacon & Cayón (2013). Para os autores, a noção de
“irmão” não está vinculada à língua.
“[...] as línguas não são de fato o elemento definidor de um grupo exogâmico. Isso porque os padrões de casamentos
não são definidos tendo como base apenas o grupo étnico, mas, sim, a fratria, unidade social não nomeada que engloba
diferentes grupos étnicos, que não pode estar associada em relações de casamento entre si” (CHACON & CAYÓN,
2013, p. 13).
“As línguas possuem um duplo papel na Região. Por um lado, ela é um marcador da filiação patrilinear. Nesse
sentido, a língua reforça os elos socioculturais dentro de um grupo étnico, e evidencia a separação com relação a outros
grupos. Isso é, sobretudo, um valor simbólico. No entanto, língua não é o único marcador étnico associado à filiação
patrilinear, uma vez que um grupo étnico é definido, além da língua, por um conjunto de aspectos culturais, como um
ancestral mítico, um conjunto de flautas de ritos ancestrais, um local de nascimento mítico, que constituem fronteiras
que estão em relação com outros grupos étnicos com as mesmas características” (CHACON & CAYÓN, 2013, p.
17).
“A exogamia linguística é um corolário prototípico da filiação patrilinear. Já com relação às alianças locais, ela
é um epifenômeno, pois depende de certos fatores como multilinguismo a nível local, redes de alianças diversificadas e um
certo equilíbrio político entre as relações interétnicas. Na falta de um desses elementos, a exogamia linguística em seu
modelo canônico tende a se enfraquecer ou desaparecer. Nesse sentido, ela não chega a ser um princípio regulador, como
nos faz crer Aikhenvald (2002), mas, antes, é resultado de um equilíbrio tênue da ecologia linguística na Região”
CHACON & CAYÓN, 2013, p. 18).
- - Protagonismo indígena
Nas decisões a se tomar a respeito do programa, do currículo, da metodologia e assim por diante,
considerar as vozes dos principais sujeitos nesse processo: os alunos e professores indígenas.
A entrada em cena desse novo agente sociopolítico amplia as possibilidades de resistência dos
povos autóctones, instrumentaliza suas lutas contra o etnocídio e o apagamento histórico de que
foram vítimas e fortalece seus movimentos de afirmação identitária.
CURRÍCULO
- Conteúdo
Na América Latina, as práticas pedagógicas tendem a apresentar conteúdos comuns, como:
“[...] os componentes básicos do sistema intercultural bilíngue são: a territorialidade (direito ao território/terra),
a cultura e a interculturalidade, as línguas maternas e segundas línguas. Os componentes operativos, por sua vez, são
constituídos por: a comunidade e seu contexto, o currículo, a cultura indígena (e os conhecimentos sobre a natureza e
seus componentes, sobre matemáticas, sobre ciências sociais, a tecnologia, a mitologia, as artes e artesanatos, a linguística
do idioma nativo, a pedagogia bilíngue e a psicologia), as culturas hispânica [i.e. não-indígena hegemônica] e universal
[...]” (SALINAS & NÚÑEZ, 2001, p. 242, apud NASCIMENTO, 2012, p. 131).
Nesse sentido, a abordagem mais adequada é conceber o currículo a partir do diálogo com os
alunos e professores em questão.
“[...] para esta concepção como prática de liberdade, a sua dialogicidade comece não quando o educador-educando
se encontra com os educandos-educadores em uma situação pedagógica, mas antes, quando aquele se pergunta em torno
do que vai dialogar com estes. Esta inquietação em torno do conteúdo do diálogo é a inquietação em torno do conteúdo
programático da educação. [...] para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da
educação não é uma doação ou uma imposição, - um conjunto de informes a ser depositado nos educandos –, mas a
devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma
desestruturada” (FREITE, 2005, p. 96-97, apud NASCIMENTO, 2012, p. 197).
Ainda assim, alguns pressupostos básicos são essenciais para os diálogos a se estabelecer.
- Pressupostos básicos
Segundo os pressupostos da interculturalidade, a construção do currículo do curso deve ser
realizada a partir das demandas indígenas específicas e por meio do seu protagonismo:
“[...] as vozes dos professores e professoras indígenas não são tratadas como ‘dados’ [...], mas como instâncias de
interlocução para a elaboração e a implementação de um plano de trabalho coerente com suas expectativas”
(NASCIMENTO, 2012, p. 198).
A coerência com a transdisciplinaridade impõe que as práticas educacionais não sejam
organizadas a partir de disciplinas de conhecimento, típicas das pedagogias convencionais, e sim de
áreas temáticas:
“[...] numa atividade de orientação transdisciplinar, o ponto de partida será um tema (uma questão, uma
preocupação, um problema etc.) e, a partir dele, os recursos metodológicos e analíticos serão acionados”
(NASCIMENTO, 2012, p. 170).
“Os temas são galerias por onde os conhecimentos progridem ao encontro uns dos outros” (SANTOS, 1988, p.
65, apud NASCIMENTO, 2012, p. 171).
A definição das áreas temáticas deve explorar conteúdos pertinentes à vida das comunidades e
possibilitar a intersecção de conhecimentos construídos por paradigmas e perspectivas diversas.
A pluralidade das perspectivas deve ser buscada com o objetivo de não promover uma
homogeneização cultural artificial e subalternizadora:
“É importante destacar que não há um único corpo coerente de conhecimento indígena. Os povos indígenas não
apresentam uma única alternativa epistemológica e ontológica homogênea ao paradigma educacional ocidental encontrado
nas escolas. Pelo contrário, apresentam um panorama diverso de filosofias e visões de mundo” (AIKMAN, 1996, p.
158, apud NASCIMENTO, 2012, p. 146).
Assim, a elaboração curricular deve se basear fundamentalmente nos saberes indígenas, de forma
que veiculem os conhecimentos ancestrais dos respectivos povos, valorizem suas matrizes históricas,
transmitam sua cosmovisão e reforcem suas identidades culturais:
“[...] a partir da concepção intercultural, ao espaço linguístico aditivo da educação bilíngue soma-se o fortalecimento
da identidade própria e da cultura de referência imediata da população indígena, que passa a ser a base das propostas
de educação bilíngue intercultural” (NASCIMENTO, 2012, p. 130).
Deve-se considerar também que muitos dos conhecimentos incluídos nos currículos são
intraculturais:
“Muitos temas desses sequer têm como serem traduzidos: muitos são sagrados, outros são segredos. Outros são
corrompidos, quando traduzidos. Neste contexto, a religação dos saberes é de ordem intracultural, acompanha uma
leitura particular de mundo” (PIMENTEL DA SILVA, 2001, apud NASCIMENTO, 2012, p. 148).
Além dos saberes indígenas, as técnicas e tecnologias ocidentais devem ser incluídas no currículo
– sempre de acordo com sua pertinência às circunstâncias locais e conforme as decisões dos
alunos/professores.
Além de propiciar a aquisição de competências úteis aos alunos e estimular os intercâmbios
culturais entre as diferentes culturas, a apropriação dos saberes não indígenas configura um
instrumento relevante nos espaços de luta sociopolítica, sobretudo naqueles mediados pelas instâncias
governamentais.
De acordo com o RCNEI, a área de línguas das escolas indígenas deve tornar o aluno capaz de:
“Compreender que o uso da linguagem verbal é um meio de comunicação e de manifestação dos pensamentos e
sentimentos das pessoas e dos povos. Reconhece e valorizar a diversidade linguística existente no país, Usar a(s) língua(s)
do seu repertório linguística para expressar-se oralmente, de forma eficiente e adequada às diferentes situações e contextos
comunicativos. Ser leitor e escritor competente na(s) língua(s) onde essas competências for(em) julgada(s) necessária(s) e
relevante(s)” (MEC, 1998, p. 130).
Importante destacar que o ensino das línguas não é determinado pelo nível de proficiência ou
pela escolaridade dos alunos:
“[...] os usos das línguas no ensino bilíngue escolar não são determinados pela série ou ciclo, ou pelo tipo de
bilinguismo da comunidade, mas pelo tema contextual em debate” (PIMENTEL DA SILVA, 2001, apud
NASCIMENTO, 2012, p. 148).
- Línguas Indígenas
Em primeiro lugar, deve-se considerar que o uso das línguas indígenas em contextos
educacionais multilíngues pode criar uma relação desigual de forças e uma dinâmica sociolinguística
conflituosa:
“Ao longo do desenvolvimento dos cursos e no cotidiano das relações sociais e comunicativas interétnicas, pode-se
reforçar a tendência já conhecida de enfraquecimento das línguas indígenas e de concomitante fortalecimento da língua
portuguesa, tendo como palco os processos escolares de formação” (BRASIL, 202, p. 49)
Para enfrentar esse quadro, os Referenciais para a Formação de Professores Indígenas (RFPI) defendem
que as línguas indígenas devem ser incluídas nos currículos em articulação com as demais áreas de
conhecimento, seu uso oral e escrito deve ser estimulado e seu estudo metalinguístico como objeto
de pesquisa deve ser promovido.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para o Ensino Indígena, a inclusão das línguas
indígenas no currículo escolar tem o objetivo de:
“[...] possibilitar que os alunos indígenas usufruam dos direitos linguísticos que lhes são assegurados, como
cidadãos brasileiros, pela Constituição; atribuir prestígio às línguas indígenas, o que contribui para que seus falantes
desenvolvam atitudes positivas em relação a elas, diminuindo, assim, os riscos de perdas linguísticas e garantindo a
manutenção da rica diversidade linguística do país; favorecer o desenvolvimento das línguas indígenas no nível oral e
escrito” (BRASIL, 1998, p. 120-121).
- Português
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para o Ensino Indígena:
“[...] a língua portuguesa pode ser, para os povos indígenas, um instrumento de defesa de seus direitos legais,
econômicos e políticos; um meio para ampliar o seu conhecimento e o da humanidade; um recurso para serem conhecidos
e respeitados, nacional e internacionalmente, em suas diversidades, e um canal importante para se relacionarem entre si
e para firmarem posições políticas comuns” (BRASIL, 1998, p. 123).
Em escolas caracterizadas por alunos que dominam apenas a língua materna, deve ser incluído
nos currículos o ensino de português como segunda língua:
“[...] a aprendizagem de uma segunda língua em contexto escolar se torna mais efetiva quando as primeiras
línguas dos alunos e alunas são valorizadas e afirmadas como língua de comunicação e como língua de conhecimento”
(NASCIMENTO, 2012, p. 239).
Nos espaços caracterizados por alunos que dominam o português, ele deve ser a língua de
instrução e disciplina curricular.
A respeito do ensino da língua portuguesa nas escolas indígenas, o RCNEI recomenda que o
contexto sociolinguístico dos professores em formação seja considerado, e que se abordem diferentes
gêneros de textos e discursos presentes nas práticas cotidianas dos estudantes.
- Exemplo de currículo
Apresentar estrutura curricular do curso de Licenciatura Intercultural da UFG
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
- Definição
O campo das políticas linguísticas diz respeito às relações entre as línguas e a sociedade, no que
compreende a interação entre diferentes línguas ou entre as diferentes variedades de uma mesma
língua no interior de um espaço social complexo, as dinâmicas de poder decorrentes dessas relações
heterogêneas, as práticas de intervenção e controle governamental sobre as manifestações linguísticas,
e as implicações socioculturais derivadas desses fenômenos.
As políticas linguísticas abrangem práticas, ideologias e ações que influenciam:
“[...] modos complexos de interação, negociação e produção humanos, mediados por relações de poder [...],
potencializados em situações de contatos sócio-culturais, política e economicamente assimétricos, como é o caso das relações
[...] entre indígenas e não-indígenas no Brasil. Nestas situações, o grupo de maior poder econômico e político é que pode
traçar políticas linguísticas para a sua e as demais sociedades em interação” (NASCIMENTO, 2012. p. 64).
- Brasil
O cenário das políticas linguísticas no Brasil remonta ao período da colonização indígena pela
coroa portuguesa, no século XVI.
A fim de colonizar o espaço e os sujeitos, os invasores europeus precisaram instaurar um
processo de colonização das línguas nativas (MARIANI, 2004, p. 25), com o objetivo de esfacelar as
identidades étnicas dos povos autóctones para impor os interesses e demandas da metrópole.
Para subjugar um povo, é necessário romper suas articulações e quebrar sua resistência. Para
isso, deve-se desconstruir sua identidade, materializada nas suas matrizes culturais e linguísticas.
A colonização linguística supõe:
“[...] a imposição de ideias linguísticas vigentes na metrópole e um imaginário colonizador enlaçando língua e
nação em um projeto único [...]. Trata-se de um processo histórico de confronto entre línguas com memórias, histórias e
políticas de sentidos dessemelhantes, em condições assimétricas de poder tais que a língua colonizadora tem condições
políticas e jurídicas para se impor e se legitimar relativamente à(s) outra(s), colonizada(s)” (NASCIMENTO, 2012.
p. 19).
Para cumprir a empresa colonizadora, a imposição da língua portuguesa se estabeleceu como
uma demanda desde os períodos iniciais do contato. Para auxiliar nesse mister, a coroa contava com
o apoio da Igreja, sobretudo dos missionários jesuítas.
Nesse contexto, a colonização linguística no Brasil se concretizou com o intuito de promover
uma dominação plena, desde os corpos até as almas dos nativos: os primeiros, cobiçados pela coroa
portuguesa; os segundos, pela Igreja Católica. Segundo Mariani:
“Para a metrópole portuguesa, o exercício de uma política unitária de imposição da língua portuguesa representava
a possibilidade de domesticação e absorção das diferenças de povos e culturas indígenas [...]. Para a igreja, [...] o
caminho mais direto para a expansão da evangelização realizava-se através da adoção do vernáculo local [...]. Tanto
no caso da coroa portuguesa como no caso da Igreja, uma única língua [...] era convocada para diluir a diversidade.
Seja como for, em ambos os casos o objetivo era o mesmo: inscrever o índio como um sujeito colonizado cristão e vassalo
de El Rei a partir do aprendizado e utilização de uma só língua” (MARIANI, 2004, p. 95-96).
Os missionários jesuítas utilizavam as línguas indígenas como um instrumento para a aquisição
da língua portuguesa, a qual deveria substituí-las assim que possível.
Assim, as línguas nativas eram utilizadas com um caráter transitório, em práticas de ensino
voltadas para a doutrinação e aculturação, com o fim último da evangelização e colonização.
A pressão econômica e o avanço do colonialismo nas terras brasileiras, por um lado,
contribuíram para o sufocamento das culturas e línguas indígenas e, por outro, promoveram a
consolidação da língua portuguesa na vida cotidiana.
O uso exclusivo da língua portuguesa só foi determinado oficialmente em 1757, por meio do
Diretório dos Índios elaborada pelo Marquês de Pombal.
O Diretório pombalino tornava obrigatório o uso da língua portuguesa e proibia a utilização das
línguas indígenas e da língua geral, a nudez, as habitações coletivas, e previa a punição com morte a
quem desrespeitasse as determinações.
Além disso, exigia a expulsão dos jesuítas do território brasileiro, transformava as aldeias
missionárias em vilas e povoações coloniais portuguesas e favorecia a “mestiçagem” (casamentos
interétnicos).
Com isso, a política pombalina buscava combater o monopólio das ações dos jesuítas junto às
populações indígenas, estimular o povoamento da colônia e a assegurar defesa do seu território.
Embora o Diretório Pombalino tenha sido revogado em 1798, a falta de novas políticas
indigenistas fez com que a realidade sociolinguística na colônia mantivesse as mesmas características.
Segundo Nascimento:
“O advento da República no Brasil [...] não representou mudanças significativas quanto à forma de conceber a
diversidade sociocultural e a forma de nela atuar. Também neste contexto político, o ideário estatal subjacente às políticas
indigenistas (e linguísticas) se pautou na assimilação e na integração dos povos indígenas à sociedade nacional, contexto
no qual a imposição da língua portuguesa se apresentou, mais uma vez, como medida fundamental”
(NASCIMENTO, 2012. p. 81).
Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), que buscava preponderantemente colocar
os índios sob tutela do Estado, considerando-os como “sujeitos em transição” que deveriam ser
assimilados e integrados à “sociedade nacional”.
No campo da educação, o SPI buscou implantar nas escolas indígenas os currículos e programas
pedagógicos convencionais, com práticas de ensino monocultural e monolinguística, características
do período colonial.
O uso das línguas indígenas em contexto escolar foi institucionalizado apenas em 1966, após a
promulgação de um Decreto Presidencial. Ainda assim, o decreto previa a transição progressiva das
línguas maternas para a língua portuguesa.
Em 1970, foi criada a Funai, que representou um grande avanço para o estabelecimento de
agendas e políticas voltadas às demandas indígenas.
A Funai adotou um modelo de ensino bilíngue destinado às escolas indígenas, buscando
resguardar e valorizar as culturas e línguas tradicionais.
No entanto, alinhada à concepção do bilinguismo de transição, que visava à integração dos indígenas
à sociedade nacional, estabeleceu parceria com o SIL, o que gerou controvérsias e tensões com
organizações pró-índio e lideranças indígenas.
De acordo com Pimentel da Silva:
“[...] podemos dizer que o indígena brasileiro recebeu educação escolar a partir de 1549, com a primeira escola
‘de ler e escrever’ em português. Desde essa época até 1972, a educação escolar indígena foi sempre ministrada em língua
portuguesa, portanto, monolíngue” (PIMENTEL DA SILVA, 2001, P. 23)
Em 1973, foi promulgado o Estatuto do Índio, que tornou obrigatório o ensino bilíngue nas
escolas indígenas em âmbito nacional.
O fortalecimento do Movimento Indígena em toda a América Latina desencadeou o surgimento
de diversos projetos educacionais indígenas paralelos aos programas governamentais.
No Brasil, as iniciativas levaram à criação de propostas alternativas que se pautavam pelas
características e demandas culturais indígenas.
Na esteira desses projetos, a busca por modelos específico e diferenciados levou à consideração
de uma Educação Intercultural e Bilíngue (EIB), seguindo os ideais já difundidos no continente.
Essas transformações abriram o caminho para novas conquistas políticas no campo da educação
e dos direitos indígenas.
Nesse novo cenário, a Constituição brasileira de 1988 representou o reconhecimento institucional
e a ampliação de importantes direitos aos povos indígenas, promovendo e valorizando suas tradições,
culturas e línguas, além de defender sua legitimidade sobre os territórios de que são originários.
A partir da Constituição de 1988, diversos dispositivos legais surgiram no campo das políticas
indigenistas, trazendo progressivos avanços.
Direitos coletivos:
* Direito ao ensino da própria língua e da própria cultura
* Direito ao acesso a serviços culturais
* Direito a presença igualitária de sua própria língua e cultura nos meios de comunicação
* Direito a receber atendimento, assistência de organismos oficiais e de estabelecer relações
socioeconômicas em sua própria língua
Artigo 27: “Todas as comunidades linguísticas têm direito a um ensino que permita aos seus membros o
conhecimento das línguas ligadas à sua própria tradição cultural, tais como as línguas literárias ou sagradas, usadas
antigamente como línguas habituais da sua comunidade”
Artigo 28. “Todas as comunidades têm direito a uma educação que permitirá a seus membros adquirir
conhecimento completo de sua herança cultural (história, geografia, literatura, e outras manifestações culturais), bem
como de conhecimento mais extenso possível de qualquer outra cultura que desejem conhecer”
Outro evento importante é a Convenção nº 169 sobre povos indígenas e tribais em países independentes da
Organização Internacional do Trabalho, que dispõe sobre:
* Necessidade de garantir educação em todos os níveis aos povos indígenas
* Existência de programas e serviços de educação especiais
* Garantia da formação docente adequada
* Participação na formulação e execução de programas educacionais
* Ensino em língua materna
* Medidas para o domínio da língua nacional
* Condições para preservar e promover as línguas e culturas indígenas
- Direitos Linguísticos no Brasil
No contexto brasileiro especificamente, foi somente após uma longa trajetória de etnocídio e
apagamento identitário, que configurou as relações da cultura europeia com as indígenas, que os
primeiros avanços no campo dos direitos linguísticos começaram a surgir.
Aos poucos, as pequenas mudanças foram se somando e conduzindo à criação de instrumentos
jurídicos destinados a assegurar direitos básicos aos habitantes originais.
Um desses instrumentos legais é o Decreto Presidencial nº 58.824, de 1966. Entre outras coisas, ele
prevê:
* Educação em condições de paridade a toda a comunidade nacional
* Adaptação dos programas pedagógicas às populações interessadas
* Exigência de estudos etnológicos como base para tais adaptações
* Utilização de línguas indígenas em contexto escolar
* Preservação das línguas maternas
* Transição progressiva das línguas maternas para a língua nacional
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