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RESUMO
O presente artigo almeja tratar sobre as formas de atuação do Estado, seja via
execução de serviços públicos ou na ordem econômica. Depois tecerá linhas acerca da
atividade econômica, a titularidade dos serviços públicos, seus princípios, as formas de
prestação e classificação. Apresentam-se, ainda, os diferentes atos normativos que interferem
para que haja a melhor e mais adequada prestação dos serviços públicos.
1. Introdução
Ao tratar sobre os serviços públicos o doutrinador José dos Santos Carvalho Filho
esclarece a dificuldade em definir, com precisão, o tema, pois se relaciona às funções do
Estado e como tal apresentam-se vários e diferentes aspectos que o compõem.
Entende que a expressão serviços público admite dois sentidos fundamentais, sendo
um sentido subjetivo em se leva em conta os órgãos do Estado, responsáveis pela execução
das atividades voltadas à coletividade. Explicita outro sentido, o objetivo, em que serviço
público é a atividade em si, prestada pelo Estado e seus agentes.
A concepção das atividades estatais foi alvo de diversas críticas a partir da teoria de
DUGUIT, que entendia que os serviços públicos constituiriam a própria essência do Estado.
A doutrina desenvolvida por León DUGUIT, que foi decano da faculdade de Bordeux,
despertou muito interesse, foi alvo de diversas críticas e ficou famosa pela luta contra os
chamados direitos subjetivos.
1
Alice Santos Veloso Neves. Especialista em Direito Civil pela Universidade Federal de
Goiás. Aluna especial do Programa de Pós-Graduação em Direito e Políticas Públicas -
PPGDP, nível Mestrado Profissional, da Universidade Federal de Goiás. Assessora jurídica da
Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos.
Sobre Duguit esclarece Moacir Lobo de Costa que:
A doutrina de DUGUIT, desenvolvida através de uma dezena de livros, principiando pelo
"L'Etat, le droit objectif et Ia loi", de 1901, para culminar com a 3.a edição do "Traité de
Droit Constitutionnel", de 1927, um ano antes de sua morte, pôde ser resumida nesta
fórmula: nem o Estado é soberano nem o indivíduo livre, mas ambos, entrelaçados pela
solidariedade e imbuídos do sentimento de justiça, estão subordinados ao direito objetivo,
norma anterior e superior aos homens, que emerge da vida social para garantir a existência
e o progresso da sociedade.
O Estado se legitima não pela sua origem, mas pela sua função ligada e exercida de
conformidade com o direito social. O direito objetivo na sua concepção é uma regra social
fundamentada no fato da solidariedade social que une os membros da sociedade.
Apesar da escola desenvolvida por Duguit ter sido alvo de diversas críticas, negando
a soberania e a personalidade jurídica do Estado, certo é que bem desenvolveu a noção de
serviço público.
Sem adentrar a mais detalhes teóricos, o presente artigo pretende de forma mais
simplista diferenciar o que se trata as atividades desempenhadas pelo Estado.
Assim, observa-se que nossa carta magna propôs uma divisão acerca das atividades
do Poder Público. Nos artigos 175 e 176 direciona para a prestação de serviços públicos de
forma direta, ou por meio de delegação, pela Administração Pública, destacando-se a
utilização dos institutos da concessão, permissão, bem como da autorização.
Por outro lado, o Estado ainda pode atuar no campo do domínio econômico,
exercendo atividade econômica, nos termos definidos nos arts. 170 a 174 da CF. Este é um
campo próprio dos particulares.
Para melhor compreensão dessa clara divisão exposta em nossa Constituição Federal,
dos setores de atuação do Estado, bem como as formas de prestação dos serviços públicos, se
torna necessário explicitar desde os princípios da ordem econômica e dos serviços públicos,
formas de prestação e remuneração.
Nesse sentido, José Carvalho dos Santos (2010, p. 349) cita o conceito firmado por
diversos estudiosos, os quais se replicam a seguir:
Fritz Fleiner define que serviço público é o conjunto de pessoas e meios que são
constituídos tecnicamente em uma unidade e destinados a servir permanentemente a um fim
público específico.
Ainda no enfoque de direito internacional o doutrinador José dos Santos cita o jurista
Diez que considera serviço público como uma prestação que a Administração efetua de
forma direita ou indireta para satisfazer uma necessidade de interesse geral.
Em seu conceito próprio José dos Santos Carvalho Filho define que serviço público é
toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de
direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da
coletividade.
No estudo realizado pelo professor Alexandre Mazza (2011, p.580 e 581) indica-se
alguns elementos dos serviços públicos. Aponta como características fundamentais, sendo
uma atividade material, exercida no plano concreto pelo Estado, de natureza ampliativa, não
impondo restrições ao particular, oferecendo vantagens e comodidade aos usuários, prestada
diretamente pelo Estado ou por seus delegados, sob regime de direito público e com vistas à
satisfação de necessidades essenciais ou secundárias da coletividade.
Toda atividade material ampliativa, definida pela lei ou pela Constituição como dever
estatal, consistente no oferecimento de utilidades e comodidades ensejadoras de benefícios
particularizados a cada usuário, sendo prestadas pelo Estado ou por seus delegados, e
submetida predominantemente aos princípios e normas de direito público.
3. Domínio Econômico
O Estado atua como agente regulador do sistema econômico, como Estado
Regulador, ou executa atividades econômicas que, em princípio, deveriam ser exercidas pela
iniciativa privada, como Estado Executor, de acordo com a distinção realizada por José dos
Santos Carvalho Filho.
O Estado Regulador pratica diversos atos de ordem econômica, produz normas que
interferem na iniciativa privada, regula, controla e fiscaliza o abuso do poder econômico.
Além de regular o Estado também age, realiza atividade econômica, sob os limites da
própria Constituição Federal, estando seus princípios estampados no art. 170:
Nesse sentido, a forma mais comum encontrada pelo Estado, que tem o dever de
prestar o serviço público é atribuir essa tarefa a entidades vinculadas ao próprio Estado, como
as sociedades de economia mista e as empresas públicas e a outros particulares, sempre que
autorizados por lei e mediante instrumentos de delegação, preferencialmente sob o regime de
concessão ou permissão.
4. Titularidade dos Serviços Públicos
O serviço só se constitui como público se a titularidade deste recair sob uma pessoa
jurídica de direito público. Nesse sentido observam-se as regras de competências definidas em
sua maioria pelas Constituição Federal, havendo paralelismo nas Constituições Estaduais e
Leis Orgânicas.
6. Classificação
Observado pelo ângulo de sua obrigatoriedade temos que o serviço público pode ser
compulsório, de utilização obrigatória, remunerado, portanto por taxa, tributo compulsório,
fixado por lei. Por outro lado pode também ser facultativo, remunerados por tarifa ou preço
público, que são receitas não tributárias, advindas de vínculo contratual.
O professor Mazza considera que os serviços uti universi, ou serviços gerais, não
criam vantagens particularizadas para cada usuário, sendo impossível medir o quanto cobrar
por usuário beneficiário, eis que indivisíveis, não podendo ser dados em delegação ou
remunerados pela cobrança de taxa. São serviços prestados diretamente pelo Estado, a
usuários indeterminados, custeado por receitas provenientes de imposto. São exemplos a
coleta de lixo, limpeza de rua, a iluminação pública, atividade jurisdicional, entre outros.
7. Formas de prestação
Quando o serviço público é executado diretamente pelo Estado, ele é dito de forma
centralizada, executado por meio de seus órgãos, e agentes administrativos que compõe sua
estrutura.
A prestação direta pode também ocorrer com o auxílio de particulares, feito em nome
do Estado, após procedimento licitatório, celebrando-se contrato para prestação de serviços,
como o de limpeza e conservação.
7.2 Descentralizado
Assim, nesse caso a prestação da atividade é retirada de seu núcleo, sendo executado
pela administração indireta ou por particulares. A descentralização administrativa ocorre
então quando o Estado (União, DF, estados ou municípios) desempenha algumas de suas
funções por meio de outras pessoas jurídicas. Pressupõe duas pessoas jurídicas distintas: o
Estado e a entidade que executará o serviço, por ter recebido do Estado essa atribuição.
A prestação do serviço direta por outorga ocorre se houver lei específica que isso
autorize e é realizada por meio de pessoas jurídicas especializadas criadas pelo Estado. O
instrumento de outorga transfere a titularidade do serviço, além de sua própria execução,
transferindo-se o domínio sobre o serviço.
8. Conclusão
2
A aplicação das obrigatoriedades impostas pela Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017
entram em vigor, a contar da sua publicação, em 365 dias para a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios com mais de 500 mil habitantes; 540 dias para os Municípios entre
100 mil e 500 mil habitantes; e 720 dias para os Municípios com menos de 100 mil
habitantes.
Referências
BRASIL. Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017. Dispõe sobre participação, proteção e defesa
dos direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13460.htm> Acesso em: 10
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. Rio de Janeiro:
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