Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Rúbia Lóssio
Pesquisadora da Fundação
Joaquim Nabuco e Coordenadora
do Centro de Estudos Folclóricos
Mário Souto Maior
1
CANCLINI, Néstor Gárcia. As Culturas Populares no Capitalismo. São Paulo: Brasiliense.1995. p.12
2
Retirado da revista Continente Multicultural, Ano IV – nº 38, fevereiro/2004, p 7
Porém, as tradições populares ou folclore são “o conjunto das criações culturais de
uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas, individual ou coletivamente,
representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da
manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade.”3.
Hoje em dia a cultura popular ou folclore já não é mais identificada pelo anonimato,
mas vista através de sua capacidade de sobrevivência diante do paradigma capitalista.
Hoje, a Indústria Cultural vem assumindo novas funções. Estas, ao mesmo tempo em
que prejudicam a vida das culturas de massa também trazem lucro incomensurável ao
empresário, o que é, sem dúvida, uma forma de poder e manipulação.
3
Congresso Brasileiro de Folclore (8 :1995: Salvador, BA). Anais. Rio de Janeiro: UNESCO, Comissão
Nacional de Folclore, 1999, p. 197.
privilegiadas, passou a fazer parte dos produtos disponíveis para as massas no mercado
mundial.”4
Ressaltamos que, segundo Gabriela Willig “O público conhece apenas uma pequena
porção das expressões artísticas existentes. Quando se decidem por comprar determinado
CD, ver um filme no cinema ou escolher uma roupa, não seguem somente o critério do que
mais gostam para escolher, mas também o critério que a indústria cultural impõe. Somente os
conhecedores sabem encontrar aquelas tendências que não são encontradas em qualquer
lugar, que incentivam o pensamento crítico, mas que a indústria não aceita como uma
mercadoria disponível às massas”.5
4
Retirado do site http://www.mundojovem.pucrs.br/artigo15.htm no dia 1 de outubro de 2004 às 11:23.
5
Retirado do site Retirado do site http://www.mundojovem.pucrs.br/artigo15.htm no dia 1 de outubro de 2004
às 11:23.
6
MONTIEL, Edgar.Políticas Culturais para o Desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília:
UNESCO Brasil, 2003.p.159.
Porém, “Essa globalização das comunicações, facilitada pelo desenvolvimento
espetacular das tecnologias da informação e a criação de redes mundiais, tem potenciado
enormemente os intercâmbios de bens culturais. Esse fenômeno fez com que o setor dos bens
culturais se tornasse um dos ramos de maior crescimento da economia mundial”.7
De uma certa forma, estamos cada vez mais envolvidos com as máquinas, passamos
horas no computador, a televisão deixou de ser um lazer para ser um hábito. A nossa
qualidade de vida é hoje estudado e comentado no mundo inteiro. Quando começamos a
mudar os hábitos alimentares, o retorno ao passado é sempre resgatado nas festas populares.
Na era da tecnologia da informação as tradições populares tornam-se atrativos para o setor
econômico, a cultura passa a ser produto. A informação cultural é um lugar de encontro
virtual onde os seus indicadores são importantes nos tempos de desencanto.
7
MONTIEL, Edgar. 2003 p. 159 e 160.
Tomamos como exemplo o fato de que na apresentação do Bumba-meu-boi em São
Luís do Maranhão, encontramos motivos do contexto massivo, como o Bumba-meu-boi
vestido com roupa da copa do mundo ou relacionado a diversos temas das novelas do
momento. Também encontramos no Boi Garantido e Caprichoso de Parintins/AM uma
espetacularização avassaladora, que mostra a invasão de patrocinadores de multinacionais
numa festa “folclórica”.
O impressionante é que a cultura passou a ser um produto e como produto ela precisa
se reciclar ou se inovar. Um exemplo disso é o Coco de Arcoverde, de seu Calixto, que tem
CD e até uma home page. No ritual de amassar o barro destinado à construção de casas de
taipa de parentes e amigos, deu aos pés dos antigos habitantes de Arcoverde, no Sertão de
Pernambuco, a 256 quilômetros do Recife, uma habilidade singular.
pensamento e das indicações coletivas” Folkcomunicação – é um estudo dos agentes e dos meios populares de
informação de fatos e expressão de idéias. Tese de Doutoramento, Brasília: UNB. 1967), apud, BENJAMIM,
Roberto Emerson Câmara. Folkcomunicação no contexto da massa. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB,
Editora Universitária/UFRN,P.11, 2001.
12
BENJAMIM, Roberto Emerson Câmara. Folkcomunicação no contexto da massa. João Pessoa: Editora
Universitária/UFPB, Editora Universitária/UFRN,P.15, 2001.
13
BENJAMIM, Roberto Emerson Câmara. Folkcomunicação no contexto da massa. João Pessoa: Editora
Universitária/UFPB, Editora Universitária/UFRN,p..15, 2001
Essa tendência avassaladora, com uma dinâmica exagerada de informação revela a
preocupação com os novos tempos e com os novos consumidores. Como serão os
consumidores do futuro?
É preciso incrementar a arte moderna de modo geral, as tradições que poucos sabem
de onde vêm. A exemplo disso, temos: o trabalho musical Bate o Mancá do cantor,
pedagogo e compositor Silvério Pessoa, o uso do cordel na mídia, como mostra o cantor e
compositor Lirinha, do grupo Cordel do Fogo Encantado, de Arcoverde e o sempre
lembrado Chico Science, do movimento Manguebeat, entre outros. Também utilizando a
tecnologia como veículo de acesso e divulgação do seu trabalho, as bordadeiras do
município de Passira, em Pernambuco, exportam seu produto para outros países. Costumes,
como cadeiras nas calçadas, brincadeiras de roda, e outros costumes serão divulgados em
livro ou com o apoio tecnológico. Sendo assim, podemos ver na tela do computador o que
as pessoas faziam num tempo antes de nossa existência. São esses argumentos que fazem
com que a gente acredite na união perfeita entre as tradições populares e a tecnologia.
Referências Bibliográficas
BRAGA, Cristiano. Políticas Culturais para o Desenvolvimento: uma base de dados para a
cultura. Brasília: UNESCO Brasil, 2003, p. 55
Congresso Brasileiro de Folclore (8 :1995 Salvador, BA). Anais. Rio de Janeiro: UNESCO,
Comissão Nacional de Folclore, 1999.
MAIOR, Mário Souto. LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Recife:
Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2004.