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Robson Fernandes de Farias

Química, Ensino
& Cidadania

Pequeno manual para professores


e estudantes de prática de ensino

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Química, Ensino
& Cidadania

Pequeno manual para professores


e estudantes de prática de ensino

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Robson Fernandes de Farias

Química, Ensino
& Cidadania
Pequeno manual para professores
e estudantes de prática de ensino

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© 1999 Robson Fernandes de Farias

Direitos desta edição reservados à


Editco Comercial Ltda..

1ª impressão sob demanda: 2001

Obra registrada no escritório de Direitos


Autorais, EDA, da Biblioteca Nacional sob o
nº 185.952, livro 317, folha 106.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Farias, Robson Fernandes de


Química, Ensino e Cidadania : Pequeno Manual para Professores e
estudantes de prática de Ensino / Robson Fernandes de Farias. —
Capinas : Setembro de 1999.

54 p.

ISBN

1. I. Título.

Índice para catálogo sistemático:


1.

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO

Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo
transmitida por meios eletrônicos ou gravações, sem a permissão, por escrito, do
editor. Os infratores serão punidos pela Lei no 9.610/98.

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

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À Romeu (in memoriam) e Raimunda,
meus primeiros mestres, e a Sônia, primeira
colega de classe, nessa primeira e mais importante
das escolas: a família, onde aprendemos os
fundamentos do amor e do caráter, pré-requisitos
fundamentais para tudo o que vier depois,
ofereço, dedico e condagro esta pequena obra,
forma condensada de minha pouca
experiência.

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Moro em minha própria casa,
Nada Pedi de ninguém
E ainda ri de todo mestre,
Que não riu de si também.

Paga-se mal ao mestre quando se


continua a ser apenas o aluno.

Nietzsch

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Sobre o autor

Nascido em Nova Iguaçu, RJ (1967), é


Licenciado em Química (1991) e Mestre em Físico-
Química (1993) pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, UFRN, e Doutor em Química
Inorgânica (2000) pela UNICAMP. Desde 1994
é Professor do Departamento de Química da
Universidade Federal de Roraima, UFRR, onde
leciona as disciplinas de Química Geral, Química
Analítica e Química Inorgânica. Possui cerca de
cinqüenta trabalhos apresentados em congressos,
bem como mais de trinta e cinco artigos publicados
em periódicos científicos nacionais e internacionais.
É Secretário Regional da Sociedade Brasileira
de Química, SBQ, em Roraima e membro da New
York Academy of Sciences. Tem como áreas de
interesse/atuação: Química Inorgânica, Química de
Materiais, Ensino e História da Química.

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Sumário
Introdução

1. Planejar é preciso ...................................................14

2. Eternamente estudante ..........................................19

3. Não mudou de cor ..................................................21

4. Respeito é bom, todos gostam ...............................24

5. Seja popular, não populista .....................................26

6. Os “rótulos” .............................................................27

7. Motivação e participação........................................28

8. Química, cotidiano e cidadania ...............................29

9. Formação e informação..........................................32

10. O que eu sei, o que eu gosto e o que eles precisam


aprender................................................................33

11. A avaliação ...........................................................35

12. Exemplo de mistuta heterogênea: seus alunos ....37

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13. O computador .......................................................42

14. A História e o ensino da Química .........................43

15. Psicologia, didática ...............................................45

16. As festas e reuniões .............................................47

17. Algumas referências úteis ....................................48

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Introdução

Embora nem sempre encarada com a devida


seriedade, ensinar é uma das atividades que mais exigem
de um profissional, pois requer, além de treinamento
e conhecimento especializados, aperfeiçoamento
constante, e senso crítico sempre em estado de alerta,
muita, muita paciência e diplomacia.
O professor, além dos conhecimentos específicos
de sua área de atuação (História, Química, Letras
etc.), deve possuir sólidos conhecimentos em filosofia,
psicologia e história da educação, além de didática, é
claro. Conhecimentos sobre a história da ciência que
pratica são também altamente desejáveis, para que
o conhecimento a ser reconstruido em sala de aula,
possa sempre ser contextualizado, situado dentro de
uma perspectiva humana e histórica.
Tendo em vista o reduzido número de textos que
tenham por finalidade específica orientar a atuação
do professor no dia-a-dia de sua atividade, parece-me
oportuno o lançamento deste livro, destinado sobretudo
aos professores do ensino médio, bem como aos
estudantes de prática de ensino na área de Química.
Contudo, acredito que professores e estudantes de
outras ciências, assim como professores universitários,
possam dele tirar algum proveito.
Este pequeno livro constitui-se basicamente num
manual de orientação/reflexão sobre esta atividade tão
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desafiadora e prazerosa que é ensinar. Cada capítulo
termina por se constituir num lembrete, uma recordação
de certos pontos que às vezes, no decorrer de nossa
prática, nos esquecemos de lembrar. Trata-se de uma
espécie de roteiro de viagem a este maravilhoso mundo
do ensino. Apertem os cintos...

1. Planejar é preciso

Uma etapa de vital impor tância para a boa


execução de qualquer atividade é o planejamento.
Em se tratando de ensino, não poderia ser diferente.
Contudo, quando falo aqui de planejamento, refiro-me a
um planejamento autêntico, verdadeiro, não àquele que,
talvez por imposição da sua escola, você seja obrigado
a fazer, para figurar em algum arquivo.
Estabelecer previamente qual o conteúdo a ser
abordado, quais os objetivos a serem atingidos, quais
os recursos e metodologias a serem utilizados para
abordar os conteúdos escolhidos e qual o melhor tipo
de avaliação a empregar, certamente são procedimentos
válidos, que qualquer profissional consciencioso deve
ter em mente. Entrar em sala de aula despreparado,
contando apenas com seu poder de improvisação é,
além de uma atitude pouco profissional, uma temeridade,
pois coloca-se em risco não apenas a qualidade do
processo de ensino-aprendizagem, prejudicando o aluno,
como também sua própria reputação como professor.
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Na hora de prerarar suas aulas, procure se utilizar
das mais variadas fontes. Lembre-se de que, de um
modo geral, os livros se equivalem em termos de
conteúdo informativo, mas que a abordagem, o enfoque
de determinado assunto, costuma variar de um livro para
outro. Ter acesso a essas diferentes formas de introduzir
um mesmo conteúdo pode auxiliá-lo a escolher que
“estratégia de ataque” utilizar em sala de aula, a fim de
conseguir seus objetivos. Além disso, um gráfico, uma
figura, ou uma única palavra a mais, podem tornar o
conteúdo mais claro para seus alunos. O que não se
encontar num livro, pode-se achar em outro. Mesmo
os livros consagrados não são perfeitos, assim como,
mesmo os textos tidos como imprestáveis não são
totalmente desprovidos de valor. Alguns livros têm, como
ponto forte, a clareza na apresentação dos conteúdos,
outros possuem valiosas listas de exercícios. Tire o
melhor de cada um deles.
Quando da utilização de livros didáticos, alguns
cuidados se fazem necessários. O maior deles é o de
manter-se alerta para não tornar-se um mero repetidor
dos conteúdos dos livros. Lembre-se de que eles são
apenas ferramentas de trabalho. Cada aula deve ter
sempre, necessariamente, o seu toque, a sua “cara”.
Afinal, você é o professor.
Policie-se sempre. Nunca se esqueça de quem
você é, e qual o seu papel. Tenha sempre uma atitude
de respeito e responsabilidade com relação à sua
profissão.
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Saber intercalar aulas expositivas com exercícios
e demais atividades (assistir a um filme sobre a indústria
química, por exemplo) constitui-se em fator de vital
importância para que o curso que você irá ministrar não
se torne monótono e enfadonho. A rotina é inimiga da
motivação, que por sua vez alimenta a aprendizagem.
Atividades de pesquisa podem também ser
incluidas no planejamento, desde que o conteúdo a ser
explorado se preste a este tipo de metodologia. Contudo,
lembre-se de que a pesquisa deve ser devidamente
orientada, com objetivos e prazos bem definidos,
bem como a indicação de fontes para consulta. Não
utilize a pequisa ou qualquer outra atividade de forma
inconseqüente, apenas para se livrar do fardo das aulas
expositivas. Evite a realização dos odiosos “trabalhos”,
que terminam servindo apenas para aumentar as
notas dos alunos, sem contudo conduzirem a qualquer
resultado útil.
Para ministrar suas aulas expositivas, não se
constranja em fazer uso das chamadas “fichas”. Alguns
professores, muitas vezes por puro exibicionismo,
preferem chegar em sala de aula de mãos vazias,
ministrando a aula “de cabeça”. Eles (e muitos alunos)
entendem este tipo de prática como uma demonstração
de conhecimento e segurança por parte do professor.
Isto evidentemente é uma tolice.Tal comportamento
pode ser, isto sim, um sintoma ruim. Talvez já faça tanto
tempo que aquele professor não recicla o seu curso,

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apresentando sempre os mesmos exercícios, o mesmo
texto expositivo, (contando as mesmas piadas) que já
não precisa mais de nenhuma anotação: o conteúdo já
fossilizou dentro dele. De qualquer forma, faça como
se sentir melhor. Vá para a sala de aula com ou sem
anotações, você escolhe. O que importa é que a aula
seja proveitosa para os alunos (e para você). Contudo,
não confie excessivamente em sua memória. Ela
normalmente nos trai, e, uma equação, o valor de uma
constante, ou a fórmula de uma substância qualquer
que por ventura seja esquecida, pode comprometer
o bom andamento da aula, provocando uma quebra
de ritmo.
Esteja sempre bem preparado ao entrar em sala
de aula. Se você não estiver, seus alunos notarão, e
isto sim, é muito constrangedor. Porém se em qualquer
momento, não souber responder alguma pergunta de
forma satisfatória (supondo que isto seja possível), seja
sincero: diga que não sabe, e traga não apenas uma
resposta para a pergunta formulada, mas informações
complementares na aula seguinte. Não tente “enrolar” o
seu aluno com respostas descabidas. Este procedimento,
além de desonesto, geralmente não funciona: fica
evidente a tentativa de logro, comprometendo sua
credibilidade.
Faça sempre o melhor uso possível dos recursos
presentes em sua escola ou universidade, e não tenha
preguiça de aprender os recursos que não conhece.

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Retroprojetores, aparelhos de vídeo e demais recursos
devem ser explorados em toda a sua potencialidade,
sempre que possível. Assim suas aulas serão mais
divertidas para você e seus alunos. Lembre-se de que
o conhecimento pode ser construído e adquirido em
qualquer lugar. A sala de aula é apenas mais um deles,
não o único.
O planejamento efetuado não pode ser contudo
rígido demais, a ponto de tornar-se uma camisa de força.
Maior tempo do que o previsto poder ser investido no
estudo de um determinado conteúdo, ou na resolução
de exercícios, caso você perceba esta necessidade por
parte de seus alunos.
Esteja sempre atento às notícias do momento,
pois um notícia nova pode servir como tema gerador
para uma de suas aulas. Se, por exemplo, o noticiário
do dia anterior divulgou um acidente com um caminhão
que transpor tava ácido, ou a criação de um novo
medicamento, tais assuntos podem ser de grande
utilidade na introdução de novos temas, ou na continuação
de tópicos já abordados.
Planeje sempre: o professor prudente antecipa
mentalmente seus passos, e aquele que se previne
jamais é pego de surpresa.

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2. Eternamente estudante

Dizem que é mais fácil entrar na universidade


do que sair dela (exceto para alguns dos cursos mais
concorridos, como medicina por exemplo, para os quais
parece ser mais fácil sair do que entrar). A felicidade de
passar num vestibular é logo substituída pelo cansaço
mental (e físico) de assistir uma meia dúzia de cursos
a cada semestre, fazer dezenas de provas, centenas
de exercícios..., etc. Assim, muitos acreditam que, após
saírem da universidade e iniciarem sua vida profissional,
jamais terão de estudar novamente. Puro engano, é
claro.
Mesmo os conhecimentos mais sólidos se
enfraquecem com o desuso. Ler e estudar representa,
para a mente, o que o exercício físico representa para
o corpo. Podemos até deixar de ser alunos, estudantes
porém, jamais!
Assim como nas demais ciências, o conhecimento
em Química aumenta muito rapidamente. Tópicos que
até poucos anos atrás eram tidos como tremendamente
avançados, sendo enfocados apenas em cursos de
Pós-Graduação, estão atualmente presentes em livros
didáticos de Química Geral. Da mesma forma , assuntos
que sempre foram tidos como pertencentes ao chamado
Ensino Superior, começam a ser apresentados, mesmo
que de forma simplificada, nos livros didáticos destinados
ao Ensino Médio.

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Não deixe que os novos conhecimentos o peguem
de surpresa. Atualize-se. Muitas universidades oferecem,
regularmente, cursos de aperfeiçoamento ou reciclagem
para professores do ensino médio e fundamental.
Informe-se. Considere seriamente a possibilidade
de realizar cursos de Especialização, Mestrado ou
Doutorado. Invista na sua formação. Você sairá ganhando,
e seus alunos também. Um curso de pós-graduação
pode ser uma boa oportunidade para adquirir novos
conhecimentos e novo estímulo em sua profissão.
Pense nisso.
Os Professores da rede oficial de ensino
têm direito legal a afastamento remunerado para a
realização de cursos. Caso você trabalhe exclusiva ou
predominantemente na rede particular, as coisas podem
ficar mais difíceis. Procure uma entidade de classe e
procure se informar sobre seus direitos.
Para ministrar aulas a nível de Segundo Grau, não
consulte apenas livros deste nível. Seus conhecimentos
devem sempre se situar num nível acima daquele que
será necessário em sala de aula. Um atleta especialista
na prova dos dez mil metros, não treina para a corrida
correndo dez mil metros, ou cinco mil, ou apenas um
quilômetro. Os atletas de nível internacional correm
de quinze a vinte quilômetros por dia. Seja um atleta
de alto nível.

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3. Não mudou de cor...

Que Professor de Química não já passou por esse


vexame ? A demonstração (no laboratório ou na sala de
aula), ou aquele experimento que os alunos deveriam
realizar, simplesmente não funciona.
Lembre-se de que os experimentos são parte
integrante do curso que você está ministrando, e
merecem a mesma atenção e cuidados que as aulas
teóricas. Verificar a qualidade dos reagentes utilizados,
e testar previamente todos os experimentos que seus
alunos irão executar, é de fundamental importância. O
experimento é o complemento natural da aula expositiva e
não pode ser relegado a segundo plano. Um experimento
que não funcione pode simplesmente estragar toda uma
aula (principalmente se você não tiver uma “carta na
manga”). Contudo, caso, a despeito de todos os cuidados
previamente tomados algo não funcionar a contento
durante uma aula prática, não perca a pose: IMPROVISE.
Aproveite o momento e explique o que não funcionou, e
se já souber a causa, por que não funcionou também. Os
experimentos que não dão certo podem ser às vezes os
mais proveitosos do ponto de vista pedagógico.
Aliás, com relação às aulas práticas, algumas
considerações se fazem necessárias:

a) Lembre-se de que os experimentos, assim


como as aulas teóricas, devem ser motivantes.

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Escolha-os, não apenas em função de sua utilidade
em termos de aprendizagem específica, mas também
em função de seu apelo ao interesse do aluno. A
dimensão lúdica não deve jamais ser esquecida.
Se, por exemplo, dois determinados experimentos
atingem, do ponto de vista de conteúdo específico,
um mesmo objetivo, mas se num deles ocorre algum
fenômeno que possa, por si próprio, despertar o
intesesse do aluno (uma mudança de coloração, por
exemplo) escolha este último. Quem não já ficou
encantado vendo a formaçao do iodeto de potássio,
com seu amarelo intenso, ou do iodeto de mercúrio,
de vermelho tão belo? Sempre que possível ponha
cor sem seus experimentos. Normalmente surte
bons resultados.

b) Lembre-se de que os experimentos surgem


como fruto da curiosidade humana. Normalmente
realizamos um experimento para responder a
alguma pergunta, tirar uma dúvida, confirmar
ou não uma hipótese. Assim, não há sentido
em realizar-se experimentos que já estejam
detalhadamente descritos (resultados inclusive)
num livro didático ou manual de experimentos.
Deixe que o experimento fale por si, respondendo
perguntas que não foram respondidas em sala de
aula. Faça da aula prática algo realmente útil para
a aprendizagem de seus alunos.

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c) Não se esqueça de tomar todas as medidas
de segurança necessárias para garantir que
surpresas desagradáveis não venham a acontecer.

Recordo-me que, em todas as turmas de Química


Geral que tive, sempre encontrei alunos fazendo-me, em
tom de brincadeira, perguntas do tipo: E aí professor,
quando vamos fazer algumas explosões no laboratório?
Isto explode ? É ácido sulfúrico ? Nossa !.
Infelizmente, muitos (quase todos) dos nossos
alunos no ensino médio, e mesmo na universidade,
têm da Ciênia, e da Química em particular, apenas
aquela versão estereotipada e inevitavelmente distorcida
apresentada nas revistas em quadrinhos, desenhos
animados, filmes, e nos comerciais e programas de
televisão. Basta nos lembramos de alguns comerciais
de sabão em pó, de personagens infantis como o Prof.
Pardal ou o Prof. Ludovico, ou ainda de filmes como “O
professor aloprado”. Assim, o cientista é aquele indivíduo
“CDF”, socialmente desajustado (não consegue paquerar
as garotas) que usa avental branco e óculos “fundo de
garrafa”, sendo o químico aquele cara esquisitão, sempre
à procura de alguma fórmula maluca, que inevitavelmente
resulta na explosão do laboratório.
Em função de tudo isto, fica o meu apelo: Seja
sempre um “embaixador” da Ciência, e da Química em
particular. Ajude a desmistificar a Ciência e a imagem
do cientista. Não reforce, com palavras ou ações, as

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concepções distorcidas que seus alunos têm sobre a
Ciência como um todo, e sobre a Química em particular.

4. Respeito é bom, todos gostam

Respeito, consideração. Eis um ponto


fundamental nas relações humanas. Assim, com
relação aos alunos:

a) Respeite a individualidade de cada um. Os


alunos são o que são, e não o que você gostaria
que eles fossem. Não discrimine um aluno só por
que ele usa brinco, cabelo grande ou gosta de
“rock pauleira”. .

b) Jamais insinue, para ele mesmo ou para


outros, que um aluno é “pouco inteligente”. Não
raras vezes as pessoas nos surpreendem. Além
disso, um ser humano tem outras qualidades,
além da inteligência. Respeito ao próximo é uma
delas.

c) Seja amigo, mas evite excesso de intimidade


com seus alunos. Não deixe que o homem (ou
mulher) atrapalhe o profissional. Saiba manter-se
na posição que sua profissão exige.

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d) Nunca deixe de exercer sua autoridade,
quando esta se fizer necessária.

e) Jamais guarde sentimentos negativos tais


como mágoa ou ressentimento, com relação a
qualquer de seus alunos.

Com relação aos professores (seus colegas):

a) Procure ver em cada um deles seus


aspectos mais positivos. Aprenda com eles, e
ajude-os prontamente, sempre que for solicitado.

b) Nunca, mas nunca mesmo, entre em atrito


com um colega de trabalho por causa de qualquer
aluno. Não importando quão bom ou ruim seja
este aluno, ou quão ruim ou bom seja este colega.
Que não seja você o semeador da discórdia e da
desunião no ambiente de trabalho.

Se você não concorda com a conduta ou


a metodologia de algum colega, converse com
ele amigavelmente, como companheiro, não como
antagonista. Mas, se ainda assim ele decidir manter sua
forma de agir, respeite a decisão dele. Lembre-se de
que ele é tão profissional quanto você. Tem os mesmos
direitos, deveres e autoridade.

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Se você for bem mais jovem do que alguns de
seus colegas, problemas adicionais podem surgir. Via de
regra, os profissionais mais jovens, e menos experientes,
são alvos, ao menos de início, da desconfiança de alguns
dos colegas mais antigos. Diferenças de ponto de vista
com relação a abordagens metodológicas, e conduta
disciplinar, podem também ser fonte de atrito. Saiba
conduzir-se com ética e diplomacia. Faça valer seus
conhecimentos e forma de conduta, mas esteja sempre
pronto para ouvir os mais experientes. Transforme
um possível choque de gerações, num encontro de
gerações.

5. Seja popular, não populista

O desejo de ser tido como um professor popular,


amigo de todos, pode muitas vezes desvirtuar sua
conduta profissional. Não sinta inveja se algum colega
for sempre o preferido dos alunos, aquele que sempre
ganha bolo e presentes no aniversário, é convidado para
paraninfo de formaturas, enquanto você não é alvo das
mesmas atenções.
Talvez o seu colega, em função de sua própria
personalidade, consiga, por razões as mais diversas,
conquistar maior afeição por parte dos alunos. Isto
contudo não desmerece sua posição, nem compromete
seu desempenho profissional. Não parta em busca de

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aplausos, mas da realização de um bom trabalho. A
competência e as boas intenções sempre terminam por
ser reconhecidas. Respeite a si mesmo, não tentando
ser aquilo que não é.
Contudo, não se torne rancoroso com relação aos
colegas que tenham maior popularidade. Seja, acima de
tudo e sempre, PROFISSIONAL.

6. Os “rótulos”

Normalmente, tanto nas escolas como nas


universidades, cada professor termina por receber
um “rótulo” por parte dos alunos, não raras vezes
acompanhado de algum apelido. Assim, existe o
famoso professsor “caxias”, que reprova em massa.
Existe ainda o “conquistador”, que “derrete” o
coração das alunas e o “bonzinho”, que sempre
aprova todo mundo.
Existem contudo, dois “rótulos” dos quais o
profissional que se preze deve a todo custo tentar
ficar longe, sob pena de comprometer seu trabalho:
Em primeiro lugar, você não pode ser considerado
incompetente por parte de seus alunos, e a
melhor forma de conseguir não ser considerado,
é não sendo. Em segundo lugar, você não poder
ser considerado com “fraco” do ponto de vista
disciplinar, ou seja, aquele típico professor que

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permite que a sala de aula se transforme no
“circo” de aula. Esta última realidade é enfrentada
sobretudo nas escolas de primeiro e segundo
graus, onde, em função da própria faixa etária,
a indisciplina não necessita de muitos estímulos
para florescer.
Se, por natureza, você for uma pessoa do tipo
tímida e retraída, reeduque-se. O autoritarismo
pode ser condenável, mas a falta de autoridade é
simplesmente imperdoável.

7. Motivação e participação

MOTIVAÇÂO. Eis a palavra chave para toda


e qualquer atividade humana. Quem está motivado
torna-se atuante, participativo. É preciso manter seus
alunos interessados, pois isto certamente facilitará, e
muito, não apenas o seu trabalho, mas a aprendizagem
deles.
Aulas bem preparadas, e experimentos que
enriqueçam a aprendizagem e despertem a curiosidade
do aluno, certamente ajudarão a manter elevada a
motivação em sala de aula.
Aprenda a elogiar (desde que o elogio seja
merecido, é claro). Não custa nada e produz grande
resultado. Seja sempre sincero, mas nunca perca
a oportunidade de felicitar um aluno pelo seu bom

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desempenho. É sempre agradável quando o nosso
esforço é reconhecido.
Lembre-se de que, se a turma estimar motivada,
irá ter um melhor desempenho e maior participação.
Com isso a sua motivação irá aumentar, o que trará
benefícios para você e para seus alunos.

8. Química, cotidiano e cidadania

Disciplinas como filosofia, sociologia e história, em


função de sua própria natureza, propiciam a discussão/
reflexão em torno de temas tais como justiça social,
participação política e cidadania. Contudo, será que
disciplinas como Química e Física estão fora deste tipo
de discussão, sendo totalmente “neutras”, puramente
técnicas e “frias” ? De forma alguma.
A Química, assim como qualquer outra ciência,
atua, antes de mais nada, na preparação do indivíduo
para a vida moderna, no mundo tecnológico em que
vivemos.
Comparando os livros didáticos de Química para
o ensino médio existentes no mercado editorial hoje
em dia, com os livros de quinze, vinte anos atrás, você
irá perceber que não foi apenas a qualidade gráfica
dos livros que mudou, com a apresentação de grande
número de fotos e desenhos coloridos. Passou a existir,
desde mais ou menos uns oito ou dez anos pra cá,

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uma tendência nestes livros de ilustrar os conteúdos
apresentados com dados da realidade diária, do cotidiano
dos alunos. Assim, quando do estudo de Química
Orgânica, tornou-se lugar comum a apresentação dos
polímeros e a discussão em torno dos seus usos e
importância para a vida moderna. Quando do estudo da
Termoquímica, a composição dos alimentos, em termos
de conteúdo energético, “calorias”, costuma ser utilizada
como tema gerador e exemplo ilustrativo. Exemplos
de aplicações no dia-a-dia, dos conceitos estudados,
são apresentados sempre que possível, na tentativa de
contextualizar os conteúdos abordados, mostrando
que a Química é uma ciência viva, presente (e
fundamental) no nosso cotidiano. Livros didáticos mais
modernos, ou mesmo livros bastante tradicionais,
sofreram reformulações, passando a adotar este tipo
de enfoque/abordagem.
Tudo isto tem uma razão muito forte de
ser. Primeiramente, todo e qualquer processo de
aprendizagem se torna mais fácil e prazeroso quando
o conteúdo estudado nos motiva e interessa. Utilizar
exemplos tirados do cotidiano para ilustrar ou introduzir
determinado conteúdo, serve, antes de tudo, para mostrar
que a Química não está/existe apenas nos laboratórios,
ou nas indústrias. Ela está presente na comida que
comemos, na água que bebemos, na roupa que vestimos,
no analgésico que tomamos contra nossa dor de cabeça,
no ar que respiramos, nos hormônios e enzimas que

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atuam incessantemente em nossos corpos e em muito
mais.
Assim, estudar Química significa preparar-se para
entender por que tanto faz comprar o medicamento A do
laboratório multinacional X, que custa Z, como comprar o
medicamento B, do laboratório Y, que custa Z/10: Por que
os dois medicamentos têm o mesmo princípio ativo (a
mesma substância responsável pela ação farmacológica
do produto), o que muda é apenas o nome de fantasia
( e o gasto com publicidade, encarecendo o custo do
produto). Assim, devemos comprar o medicamento B,
que é dez vezes mais barato, e tem o mesmo efeito.
Estudar Química significa estar apto a entender a função
(ou desfunção) de cada aditivo existente na comida
e na bebida que ingerimos diariamente. Só através
da Química poderemos entender como as indústrias
preparam melhores tecidos, perfumes, palpel para os
livros que lemos (este iclusive). Só através da química
a entenderemos os inúmeros processos que mantêm
a vida em nosso planeta. Estudar Química, enfim, é
prepara-se para entender o mundo que nos cerca.
A função social mais importante que o professor
de Química pode cumprir é a de bem ensinar esta ciência.
Bem ensinar não significa apenas tornar seus alunos
treinados na resolução de “problemas”, preparando-os
para o vestibular. Significa torná-los aptos a entender
as implicações que a produção e uso das sustâncias
químicas têm em nossas vidas.

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Como consequência de toda a argumentação
precedente, torna-se claro que a Química precisa ser
ensinada como o que realmente é: uma ciência viva e
inevitavelmente presente em cada um dos nossos dias.
Maior motivação do que esta, impossível.
Muitos professores porém cometem um pecado
capital no ensino da Química: perdem-se (e fazem
os alunos se perderem) em meio aos problemas e
exercícos, fazendo a Química parecer um mero quebra-
cabeças matemático. É preciso fazer com que os alunos
entendam que os problemas e exercícios não são um
fim em si mesmos, mas um meio de melhor entender
a estrutura de raciocínio e a metodologia de trabalho
da Ciência Química.
A aprendizagem da Ciência Química, mediada
pelo professor, deve preparar para a vida, e não para
as provas. Uma forma de conseguir isto talvez seja
utilizando os exemplos do cotidiano não como exemplos,
mas como ponto de partida para a abordagem dos
conteúdos.

9. Formação e informação

Devemos sempre ter em mente que não existe


formação sem informação, mas que o inverso pode
existir. Nossa função como professores é informar para
formar, e não informar por informar. Nem mesmo a

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imprensa, a quem cabe informar, apenas informa. Ela
também nos forma. E como...!

10. O que eu sei, o que eu gosto e o que


eles precisam aprender

Com a expansão e o aumento da complexidade


da Ciência Química, por questões de comodidade e
racionalização, ela foi artificialmente dividida em quatro
grandes áreas: Química Inorgânica, Química Orgânica,
Química Analítica e Fisico-Química. A Físico-Química,
que por sua vez foi subdividida em Termodinâmica
Química, Cinética Química e Química Quântica (Estrutura
Molecular), pode ser entendida não como uma sub-área
da química, mas como seu “esqueleto” conceitual, uma
vez que proporciona o conjunto de teorias que dão
coesão e sustentação à Química, tornando-a uma ciência
inteligível, e não apenas um mero aglomerado de fatos
experimentais isolados.
Como consequência dessa grande expansão e
consequente subdivisão da Química, pode-se encontar
um químico que, por exemplo, adore Termodinâmica, mas
não goste de Química Orgânica, ou que seja apaixonado
por Química Analítica, mas não aprecie com o mesmo
entusiasmo a Química Inorgânica. Em função disso,
não raras vezes o professor de Química, principalmente
o da Escola Média, onde geralmente os professores

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são contratados por disciplina e não por área
de especialização como geralmente acontece nas
universidades, vê-se muitas vezes forçado a ensinar
um determinado conteúdo com o qual não tem muita
afinidade.
Como consequência disto, muitas vezes o
professor aplica-se de forma mais demorada e com
maior empenho quando da apresentação dos conteúdos
que melhor domina, ou que mais aprecia, fazendo uma
apresentação mais rápida e superficial dos conteúdos
que menos o motivam. Assim, o professor termina muitas
vezes por ensinar aquilo que mais gosta ou sabe, e não
aquilo que os alunos precisam aprender. Óbviamente
tal atitude termina por comprometer a formação dos
alunos, que terminam saindo da escola “mais fortes”
em determinados conteúdos e “mais fracos” em outros.
Pior do que isso, o professor pode terminar, implicita ou
explicitamente, transmitindo sua aversão por determinada
área da Química, induzindo talvez o aluno a adotar
a mesma conduta. Não é preciso dizer que tal
comportamento precisa ser evitado a todo custo.
Principalmente ao nível da Escola Média, onde
o grau de complexidade dos conteúdos estudados
está muito abaixo daquele em que se encontra um
professor com formação universitária, todos os conteúdos
habitualmente exigidos em cada disciplina, devem ser
conscienciosamente estudados, recebendo a atenção e
o tempo que lhes sejam devidos.

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Os alunos são o público alvo do nosso trabalho.
Assim, devemos ensinar-lhes o que seja bom para eles,
e não para nós. Supra suas deficiências, e vença suas
aversões e preconceitos pessoais antes de entrar em
sala de aula.

11. A avaliação

De nada adianta estudar, bem preparar suas


aulas, e motivar seus alunos durante o processo de
ensino-aprendizagem se, no momento da avaliação, você
cometer pecados capitais. Uma nota ruim pode devastar
a autoconfiança de um aluno. Assim, se esta nota ruim
vier, esteja seguro de que não é por responsabilidade
sua. Com relação ao processo de avaliaçao, alguns
cuidados se fazem necessários:

a) Esteja sempre atento para empregar, para


cada conteúdo estudado, a metodologia de avaliação
mais adequada. Questões de múltipla escolha
podem tornar mais fácil o seu trabalho de correção
das provas, mas não são adequadas para todo e
qualquer tipo de conteúdo.

b) As provas não devem ser fáceis nem difíceis.


Elas devem ser o que precisam ser para que se
possa efetivamente avaliar o grau de aprendizagem

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do aluno. Não adote atitudes condenáveis tais como
aplicar provas facílimas, para que todos tirem boas
notas e fiquem satisfeitos, ou a atitude inversa,
aplicar provas dificílimas, para que as notas sejam
sempre baixas e sua disciplina ganhe fama de
“difícil”. Alguns professores adotam um meio termo
entre estas duas condutas, colocando sempre
em cada prova alguma questão de alto grau de
dificuldade, para que ninguém tire a nota máxima.
Tudo isto é uma tolice. Transforme suas provas
realmente em intrumentos sérios de avaliação, não
numa piada ou numa tortura para seus alunos.

c) Nunca esqueça de corrigir para toda a


turma as questões de prova. É preciso que cada
um entenda o que e como errou, ou ainda uma
forma alternativa de responder a mesma questão,
caso tenha acertado.

d) Arquive com cuidado todas as provas,


pois elas podem sera alvo de alguma contestação
posterior, e tê-las em mãos pode vir a ser muito
útil. Dai o nome “prova”.

e) Valorize sempre, em suas provas, questões


que exijam verdadeiro entendimento do conteúdo,
além de muito raciocício por parte do aluno.
Obrigue seu aluno a pensar. Não utilize aquelas

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questões que podem ser respondidas simplesmente
decorando fórmulas, sem real entendimento dos
temas abordados. Considere também a possibilidade
de aplicar uma prova com consulta, seja de um
livro, caderno, ou simplesmente tabelas.

f) Sem ser parcial, nunca deixe de elogiar


publicamente os alunos que fizerem as melhores
provas, não apenas por terem obtido boas notas,
mas pela qualidade de suas respostas, pelo
grau de criatividade e entendimento que tenham
demonstrado. Uma palavra de apoio aos alunos que
tirararm notas baixas, valorizando os seus acertos,
não deve ser esquecida.

12. Exemplo de mistura heterogênea:


seus alunos

Tanto nas escolas públicas como nas particulares,


um pouco mais talvez nas primeiras, geralmente é
elevado o grau de heterogeneidade entre os alunos.
Assim, na escola pública você tanto pode encontrar
um aluno oriundo de um favela, quanto o filho de pais
pertencentes à chamada classe média baixa, ou mesmo
da classe média alta. Enquanto isto, na escola particular,
tanto podem ser encontados os filhos de governadores e
profissionais autônomos com altas rendas mensais, como

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os filhos da classe média ou classe média baixa, que
estudam em escolas caras graças ao grande sacrifício
feito pelos pais para pagar as mensalidades.
Estas diferenças em termos de condição sócio-
econômica terminam por se refletir, muitas vezes, no
desempenho dos alunos em sala de aula. Estudos
demonstram que crianças e jovens que crescendo num
ambiente mais estimulante, do ponto de vista intelectual,
têm melhor desempenho na escola.
Enquanto alguns podem dispor de livros,
enciclopédias e computador am casa, outros talvez
tenham dificuldade até para adquirir os livros
recomendados pela escola. Enquanto alguns têm uma
rica experiência de vida, já tendo viajado para o exterior,
outros jamais sairam de suas cidades. Enquanto alguns
têm um quarto mobiliado, tranqüilo, onde podem estudar
e realizar suas tarefas escolares calmamente, outros
dividem o quarto com um ou mais irmãos, ou outros
membros da família, morando geralmente em casas
pequenas e cheias de gente, onde o ambiente não é
muito adequado para o estudo. Filhos de pais com nível
superior normalmente são também favorecidos, não
apenas em função dos próprios pais, que valorizam o
estudo e podem ajudá-los em suas atividades, como
também pelo círculo de amizades da família, que
normalmente inclui pessoas de elevado nível cultural.
Tudo isso deve ser levado em conta na hora de
se entender por que o aluno A tem melhor desempenho

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do que o B. Procure conhecer as origens e a história
de vida de seus alunos. Isto ajudará a enteder por que
eles são como são.
Com relação aos alunos de melhor e de pior
desempenho, os professores adotam, muitas vezes,
posições opostas. Alguns acham que é melhor investir
naqueles que apresentam melhores resultados pois
estes darão retorno ao seu esforço, enquanto os
demais “não têm mesmo jeito”. Outros professores, ao
contrário, preferem dedicar-se aos que demonstram
menor capacidade, pois os que já sabem não precisam
de ajuda. Uma posição intermediária entre estes dois
extremos certamente é mais acertada. Dedicar especial
atenção aos alunos com pior desempenho, sem contudo
deixar com que os melhores sintam-se “órfãos”: eis o
melhor caminho. Contudo, se os merlhores são capazes
de aprender sem o auxílio do professor, ainda necessitam
de alguém que oriente seus estudos, indicando-lhes
o que aprender.
Nestes tempos difíceis em que vivemos, algumas
palavras talvez sejam úteis com relação aos alunos de
escolas públicas e particulares, e sua relação com eles.
Muitas vezes, alunos das escolas públicas, encaram seu
professor como um fracassado. Um indivíduo que ensina
em escolas do Estado ou do Município por que não foi
bom o bastante para conseguir um emprego nas escolas
particulares de prestígio, ou nos badalados “cursinhos”
(acho que o diminutivo nunca foi tão bem empregado).

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Enquanto isto, nas escolas particulares, o professor
termina muitas vezes por ser encarado também como
um “qualquer”. Um indivíduo que se dedicou ao ensino
por não ser bom o bastante para fazer outra coisa como
ser médico, advogado ou engenheiro, por exemplo,
profissões que ainda povoam o imaginário da população,
apesar dos pesares. Assim, na mente do aluno de família
abastada, que muitas vezes já possui seu próprio carro
(apesar de ainda ter quinze ou dezeseis anos), viaja
todo ano pra “Disney” e freqüenta “as melhores festas”,
o professor termina por ser considerado um mero
empregado seu (e apenas seu), no qual ele pode mandar,
e que deve satisfazer os seus gostos e caprichos. O
que posso dizer-lhe meu caro colega? Imponha-se.
Coloque-se sempre como o que você realmente é: Um
profissional de nível superior, altamente especializado
e qualificado, responsável pelos destinos do país. E
não tenha receio de impor sua autoridade caso isto
se faça necessário. Dignidade sempre, e a todo custo.
Respeite-se, e será respeitado.
Da mesmo forma que existem alguns “tipos” típicos
entre os professores (o professor “caxias”, o “desligado”,
etc.), existem também alguns alunos “típicos”.
Merece destaque o aluno “sabichão”. Via de regra o
“sabichão” é um aluno inteligente, bem informado, que
estuda antecipadamente os conteúdos e responde
antecipadamente os exercícios. Até aí tudo bem. Um
problema porém pode surgir: a competição ente o

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aluno e o professor. O aluno “sabichão” muitas vezes
é um tipo arrogante e provocador, que gosta de a todo
instante “testar” o professor. Muitas vezes o professor,
principalmente se ainda não for muito amadurecido,
termina, na tentativa de se afirmar como o “dono” maior
do conhecimento, elevando desnecessáriamente o
nível do curso que ministra, tornando-o mais difícil
do que deveria ser, apenas para fazer frente ao aluno
“sabichão”. Desnecessário dizer que o restante da turma
sai penalizada. Um conselho: não aceite provocações.
Desenvolva seu curso da forma que deve ser. Pense na
coletividade, e não tente competir com nenhum de seus
alunos. Todos sairão vencedores.
Com relação aos cursos noturnos, algumas
considerações também devem ser feitas. Muitos alunos,
e infelizmente muitos professores também, consideram
que, por definição, os cursos noturnos devam ser mais
“fracos”. Assim, enquanto o aluno considera-se, desde
cedo, como alguém menos capaz, que deve receber uma
formação de segunda categoria, o professor, por sua
vez, reforça essa visão, assumindo que o aluno do curso
noturno é menos preparado, e que por isso deve ser
tratado de forma diferenciada.
Para efeito da qualidade de ensino, não existem
cursos diurnos e noturnos. Existem cursos. Certamente,
um aluno que trabalhe, e que, em função disto, tenha
sido forçado a ingressar num curso noturno, terá que se

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esforçar bem mais do que o aluno dos cursos diurnos,
que, via de regra, dedicam-se apenas aos estudos (sei
disso por experiência própria). Contudo, o nível de
exigência deve ser o mesmo para ambos. A discriminação
social não pode começar dentro da própria sala de
aula.

13. O computador

Recordo-me de um colega de curso, com o qual


tive contato logo no primeiro semestre de graduação.
Vamos chamá-lo de “X”. Poi bem, “X” tinha uma bela
calculadora, daquelas que têm um visor bem grande,
fazem cáculos sofisticados (integral e tudo mais), gráficos
etc. A calculadora era uma espécie de amuleto para “X”.
Ele quase não estudava. Colocava todas as fórmulas na
memória de sua calculadora, confiante de que ela tudo
resolveria. Desnecessário dizer que as coisas não se
passavam desta forma, e assim “X” normalmente não se
saia muito bem nas provas.
Este pequeno episódio talvez ilustre bem o que
acontece nos dias de hoje com relação ao computador.
Ele tornou-se a grande panacéia, que resolverá todos
os problemas da educação brasileira, colocando-a numa
nova era. Só que ainda não inventaram computador que
pense. Ele apenas executa o que lhe é ordenado, e da
forma que lhe é ordenado. Se o operador não souber
o que está fazendo...
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O computador poder ser uma ferramenta didática
de grande valia, mas não substitui o estudo, o esforço, a
leitura. Deixe isso sempre bem claro para seus alunos.
A começar pelas notícias de jornais e revistas,
passando por “Home pages” mais específicas (de
universidades por exemplo) que possam conter conteúdo
de interesse para o estudo e ensino da Química, a
Internet pode fornecer precioso complemento para suas
aulas. Sem falar nas planilhas de cálculo, que podem
servir para ilustrar muitos dos conteúdos abordados.
Voce já tentou construir a curva da função de distribuição
de probabilidades (função radial) para o átomo de
hidrogênio, em função do raio, usando o programa
Excel, por exemplo? Construir um gráfico é sempre
mais instrutivo do que simplemente vê-lo pronto.
Contudo, cuidado: que seus alunos só passem a utilizar
calculadoras e planilhas de cálculo quando demonstrarem
que são capazes de efetuar os cálculos necessários
SEM estes recursos.

14. A História e o ensino da Química

Talvez alguns professores digam que não é preciso


conhecer a História da Química para poder ensiná-la.
Afinal, sabendo ou não que foi Kekulé quem propôs
uma estrutura hexagonal para o benzeno, podemos
ensinar todas as reações químicas características desta

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substância. Sem saber nada sobre a vida de Lewis,
pode-se perfeita e corretamente utilizar as estruturas
por ele propostas. Tudo isto certamente é verdade.
Porém, conhecendo a História envolvida na construção do
conhecimento Químico, conhecendo a vida daqueles que
tornaram a química tal qual ela é hoje, você será capaz
de ensinar com muito mais propriedade e conhecimento
de causa os chamados conteúdos específicos.
Mesmo que ocasional e brevemente, narrar para
seus alunos um pouco da vida e da obra de determinado
personagem da história da química, e principalmente,
os métodos e processos por ele utilizados para formular
suas teorias, cer tamente tornará o assunto a ser
apresentado mais atraente para seus alunos. Além disso,
apresentar os conteúdos dentro de uma perspectiva
histórica, tem a grande vantagem de deixar claro que
o conhecimento não nasce pronto e acabado na mente
de alguns poucos iluminados, mas que é fruto de
muito trabalho, com a participação de muitas figuras
anônimas. Evidencia-se também que os modelos e
teorias atualmente aceitos e tidos como verdade (muitas
vezes absoluta), não foram prontamente assimilados
quando de sua formulação, sofrendo muitas vezes
severas (e em alguns casos pertinentes) críticas. Enfim,
apenas dentro de uma perspectiva histórica seremos
capazes de conferir à construção do conhecimento
químico sua dimensão humana.
A revelação do lado humano na construção do

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conhecimento químico, fará seus alunos perceberem
que em princípio qualquer um, inclusive eles, pode
ajudar a construir este conhecimento. Mostre-lhes que
pessoas como Haber, Werner, Mohr e tantos outros, não
são apenas nomes respeitabilíssimos da História da
Química, são também nossos colegas, pois somos seus
herdeiros intelectuais. Muitos desses grandes homens
erraram quando da formulação de algumas de suas
idéias, assim como nossos alunos erram na execução de
suas provas. Mostrar que o erro não é privilégio nosso
apenas, certamente contribuirá para o amadurecimento
de seus alunos, permitindo-lhes desenvolver uma visão
mais crítica diante dos conhecimentos que lhes serão
apresentados.
Saber História da Química pode não ser
indispensável para ensiná-la, mas certamente é altamente
desejável.

15. Psicologia, didática

Infelizmente, mesmo entre os professores já no


mercado de trabalho, bem como entre os alunos das
licenciaturas, que irão posteriormente se dedicar ao
ensino fundamental, médio ou superior, é grande o
número daqueles que têm a idéia de que Psicologia da
Educação, o estudo da estrutura e do funcionamento
do ensino de primeiro e segundo graus e Didática,

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assim como todas as demais disciplinas voltadas para
a reflexão e a preparação específica do ato de ensinar,
não passam de pura bobagem. Se você é um desses,
desculpe-me pela franqueza, mas bobo é você.
Estar preparado do ponto de vista da aquisição
dos conteúdos específicos a serem ensinados, sem
contudo estar preparado em termos das diretrizes e
metodologias que irão nortear e viabilizar sua conduta,
é como saber dirigir sem contudo ter um mapa que
nos indique o caminho para onde vamos, ou saber ler
sem contudo conseguir interpretar aquilo que se lê. É
saber pela metade.
Certamente existe mais de uma forma de se fazer
alguma coisa. Você pode cortar um bolo usando uma
faca ou uma caneta. Com a faca é claro, seria
mais fácil. Além disso porém, existem formas de se
executar determinada tarefa que simplesmente não dão
resultado. Voltando ao exemplo do bolo, certamente não
conseguiríamos corta-lo usando um guardanapo.
Sobretudo nas universidades, onde a esmagadora
maioria dos prodessores são bacharéis, não tendo jamais
recebido qualquer tipo de formação a nível de disciplinas
da área pedagógica, a descrença e o descaso com estas
disciplinas se faz sentir com toda a sua força. Por não
estarem devidamente preparados para a prática de
ensinar, acreditam que o senso comum tudo resolve.
Devemos lembrar que o senso comum nos diz que é

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o sol que gira em torno da terra, que por sua vez não
se move...
Não se engane: somente os conhecimentos
adquiridos através das disciplinas da área
pedagógica podem fornecer ao professor os meios
para que este possa saber qual a melhor forma de
ensinar determinado conteúdo, por que fazer isto,
quais os melhores métodos de avaliação a serem
empregados, etc. Estes conhecimentos é que vão
realmente viabilizar um ensino de qualidade.
Lembre-se de que no curso de Química lhe ensinam
Química, não lhe ensinam a ser professor.

16. As festas e reuniões

A não ser que seja por um motivo de força maior,


jamais perca as reuniões com os pais dos alunos, ou
as reuniões de trabalho, com os outros professores e
a direção da escola, ou reuniões de departamento e
conselhos, no caso das universidades.
Nas reuniões com os pais você terá a oportunidade
de conhecer um pouco da mentalidade e do
comportamento daqueles que, em casa, educam seus
alunos. Conhecendo a árvore, muitas vezes entendemos
melhor o fruto....
Nas reuniões de trabalho, decisões importantes
podem ser tomadas, e estar ciente delas, bem como dar

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o seu voto, pode ter consequências de vital importância
para o seu futuro. Nunca deixe de defender seus
interesses.
Com relação a festas, sejam elas só entre
professores ou para toda a comunidade da escola
ou universidade, compareça sempre, mesmo que
fique pouco tempo. Não perca a oportunidade
de conhecer seus colegas e alunos em situações
diferentes daquelas vivenciadas normalmente. Um
contato social pode ajudar a desfazer equívocos e
apagar ressentimentos. Uma festa pode ser muito
instrutiva. Mas não esqueça: divirta-se.

17. Algumas referências úteis

Com o intuito de melhor refletir e se preparar para


a nossa prática do ensino, a leitura de livros e artigos
tratanto de temas específicos ou diretamente ligados ao
ensino da química, é sem dúvida de grande valia.
Uma grande fonte de referências úteis pode ser
o livro de resumos da Reunião Anual da Sociedade
Brasileira de Química, SBQ. Na seção de Ensino de
Química, você poderá encontrar os resumos de inúmeros
trabalhos tratanto de diversos aspectos do ensino da
química, desde concepções dos alunos sobre a química
até a utilização de materiais alternativos para a realização
de experimentos. Existe alguma desvantagem por se

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tratar de resumos e não de trabalhos completos, mas,
caso o material contido no resumo não seja elucidativo o
bastante, sempre existe a possibilidade de se contactar
os autores.
Material didático de apoio de grande qualidade
e relevância para incrementar a prática do ensino
de química pode ser encontrado na revista QUÍMICA
NOVA NA ESCOLA, editada semestralmente pela SBQ.
A revista já está no número nove (maio de 1999), e conta
com várias seções, onde artigos completos tratanto de
temas como história da química e relatos de sala de aula
podem ser encontrados. Artigos dedicados ao Ensino
de Química podem também ser encontrados na revista
QUÍMICA NOVA, editada bimestralmente pela SBQ.
Caso você ou a biblioteca de sua escola ou universidade
se interessem em assinar estas revistas, basta entrar
em contato com:
Sociedade Brasileira de Química. Caixa Postal
26037,
05599-970, São Paulo, SP. Fone (0 - -11)
210-2299.

49

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Apresento a seguir uma pequena lista de livros e
artigos que considero de leitura bastante recomendável,
existindo contudo muitos outros:

Livros (todos editados em português, com preços


bastante acessíveis):

1) Glenn T. Seaborg, Os Elementos Transurânicos


Sintetizados Pelo Homem, Editora Edgard Blücher, São
Paulo, 1969 (embora antigo, ainda pode ser encontrado
à venda em algumas livrarias).

2) Bernard Vidal, História da Química, Edições 70,


Lisboa, 1986.

3) P.W. Atkins, O Reino Periódico, Editora Rocco,


Rio de Janeiro, 1996.
4) Attico Chassot, A Ciência Através dos Tempos,
Editora Moderna, São Paulo, 1997.

5) Jean Rosmorduc, Uma História da Física e da


Química, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1988.

6) Marcos Bagno, Pesquisa na Escola-o que é, como


se faz, Edições Loyola, São Paulo, 1999.

7) Paul Strathern, Bohr e a Teoria Quântica, Jorge


Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1999.

8) Pierre Thuillier, De Arquimedes a Einstein, Jorge Zahar


Editor, Rio de Janeiro, 1994.

9) Aécio P. Chagas, Como se Faz Química, 2a edição,


Editora da Unicamp, Campinas, 1994.

50

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10) Dermeval Saviani, Da Nova LDB ao Novo Plano
Nacional de Educação: Por Uma Outra Política
Educacional, Editora Autores Associados, Campinas,
1999.

11) Carlos Benedito Martins, Ensino Pago: Um Retrato


Sem Retoques, Cortez Editora, São Paulo, 1988.

12) Everett Reimer, A Escola Está Morta, Francisco


Alves, Rio de Janeiro, 1983.

13) Regis de Morais (Org.), Sala de Aula- Que Espaço


é Esse ? 3ª Edição, Papirus, Campinas, 1988.

14) Oscar M. de Castro Ferreira, Plínio Dias da Silva


Júnior, Recursos Audiovisuais no Processo Ensino-
Aprendizagem, Editora E.P.U., São Paulo, 1986.
15) Oswaldo Frota-Pessos, Rachel Gevertz, Ayrton
Gonçalves da Silva, Como Ensiner Ciências, Coleção
Atualidades Pedagógicas, Vol. 96, Compainha Editora
Nacional, São Paulo, 1985.
16) Mario Alighiero Mancorda, História da Educação,
Cortez Editora-Editora Autores Associados, São
Paulo, 1992.

17) Célia Pezzolo de Carvalho, Ensino Noturno-


Realidade e Ilusão, Coleção Polêmicas do Nosso
TempoTempo, Vol. 12, 5ª Edição, Cortez Editora-Editora
Autores Associados, São Paulo, 1986

18) Anália Rodrigues de Faria, O Desenvolvimento


da Criança e do Adolescente Segundo Piaget, Editora
àtica, São Paulo, 1989.

51

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19) Nelson Orlando Beltran, Carlos Alberto Mattoso
Ciscato, Química, Coleção Magistério 2º Grau, Cortez
Editora, São Paulo, 1990.

20) Cipriano Carlos Luckesi, Filosofia da Educação,


Coleção Magistério 2º Grau, Cortez Editora, São Paulo,
1990.

21) Mansur Lutfi, Cotidiano e Educação em Química,


Livraria UNIJUÍ Editora, Ijuí, 1988.

22) Sérvulo Folgueras-Domínguez, Metodologia e


Prática de Ensino de Química, Edição do Autor, São
carlos, 1994.

23) Maria Francisca Neves Cordeiro, Estatística


Aplicada à Educação, Editora UCG, Goiânia, 1988.

Artigos

1) M. Regina Alcântara e J. Atílio Vanin,“Armas Químicas”,


Química Nova, 15 (1992) 62.

2) Anna M.P. Felicíssimo, Lilian R.F. de Carvalho, Liliana


Marzorati e M. Eunice Marcondes, “Prática de Ensino
de Química no 3º grau-uma experiência no curso de
pós-graduação”, Química Nova, 14 (1991) 122.

3) Léo Degrève, “A informática no Ensino de Química:


IV. os orbitais atômicos hidrogenóides”, Química Nova,
14 (1991) 289.

4) Sérvulo-Folgueras Domingues e Valéria M.P. Pinto,


“Acompanhamento da Aprendizagem de Alunos de

52

miolo original para pod.indd 52 07/06/01, 4:11 PM


Graduação em Química”, Química Nova, 14 (1991)
291.

5) João A. de M.G. Matos, José R. Cagnon, Renata


X. Kover, Waldmir N. Araújo Neto, “Ensino de
Disciplinas de História da Química em Cursos de
Graduação”, Química Nova, 14 (1991) 295.

6) Renato J. de Oliveira, “A Crítica ao Verbalismo e ao


Experimentalismo no Ensino de Química e Física”,
Química Nova, 15 (1992) 88.
7) Claudio A. Téllez S., “O Atomismo de Leucipo e
Demócrito”, Química Nova, 15 (1992) 95.

8) E. F. Mortimer, “Pressupostos Epistemológicos Para


uma Metodologia de Ensino de Química: Mudança
Conceitual e Perfil Epistemológico”, Química Nova,
15 (1992) 242.

9) Blanca da Cunha Machado, Sérgio de Paula Machado


e Juan Omar Machuca Herrera, “Orbital Molecular: Uma
Proposta para os Cursos de Química Geral”, Química
Nova, 15 (1992) 250.
10) Alice R.C. Lopes, “Livros Didáticos: Obstáculos ao
Aprendizado da Ciência Química. I- Obstáculos Animistas
e Realistas”, Química Nova, 15 (1992) 254.

11) Wildson L.P. dos Santos, Ricardo Gauche, Roberto


Ribeiro da Silva, “Currículo de Licenciatura em Química
da Universidade de Brasília: Uma Proposta em
Implantação”, Químiva Nova, 20 (1997) 675.

12) Glaucia Elaine Bosquilha, Isaura Maria Gonçalves


Vidotti, Luiz Roberto de Moraes Pitombo, Maria Eunice

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Ribeiro Marcondes, Maria Helena Roxo Beltran e Yvone
Mussa Esperidião, “Interações e Transformações no
Ensino de Química”, Química Nova, 15 (1992) 355.

13) Eduardo F. Mortimer, Gerson Mol, Lucienir


P. Duarte, “Regra do Octeto e Teoria da Ligação
Química no Ensino Médio: Dogma ou Ciência ?”,
Química Nova, 17 (1994) 243.

14) Dácio R. Hartwig,“Um Procedimento Para aResolução


de Problemas de Química no Ensino de 2º Grau”,
Química Nova, 7 (1984) 36.

15) Alice Casimiro Lopes, “A Concepção de Fenômeno


no Ensino de Química Brasileiro Através dos Livros
Didáticos”, Química Nova, 17 (1994) 338.
16) Afrânio A. Craveiro, Alexandre C. Craveiro, Francisco
G. da S. Bezerra, Fábio Cordeiro, “Química: Um Palpite
Inteligente”, Química Nova, 16 (1993) 234.

17) Dahir X. de Araújo, Roberto R. da Silva, Elizabeth


Tunes, “O Conceito de Substância em Química
Apreendido Por Alunos do Ensino Médio”, Química
Nova, 18 (1995) 80.

18) David E. Nicodem, “O Biriba de Ressonância”,


Química Nova, 5 (1982) 53.

19) Luiz Carlos de Feitas, “Pedagogia e Psicologia da


Aprendizagem: A Quem Possa Interessar...”, Química
Nova, 5 (1982) 128.

20) Malcom J. Frazer, “A Resolução de Problemas em


Química”, Química Nova, 5 (1982) 126.

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21) Alice M. teno, João B. Udim, José F. Andrade, Natalina
A.L. Sicca, Nelson R. Stradiotto, Yassuko Iamamoto, “A
Utilização do Cotidiano no Ensino de Química”, Química
Nova, 9 (1986) 172.

22) Leda Verdiani Tfouni, Dair Aity F. de camargo,


Elia Tfouni, “A Teoria de Piaget e os Exercícios
dos Livros Didáticos de Química”, Química Nova,
10 (1987) 127.

23) Carlos A.L. Filgueiras, “As Eletronegatividades


dos Gases Nobres”, Química Nova, 3 (1980) 104.

24) Leonello Paolini, “Química e Mecânica Quântica:


Relação Entre a Estrutura Lógica da Química e
a Realidade Molecular”, Química Nova, 3 (1980)
164.

25) Natarajam Subramanian, Severino F. de


Oliveira, “Algumas Considerações Sobre a Regra de
Hund e a Estrutura Eletrônica de Átomos no Ensino
de Química”, Química Nova, 20 (1997) 313.
26) Alice Casimiro R. Lopes, “Conhecimento escolar em
Química – Processo de Mediação Didática da Ciência”,
Química Nova, 20 (1997) 563.

27) Dário R. Hartwig, Romeu C. Rocha Filho,“Experiências


e Analogias Simples Para o Ensino de Conceitos em
Química”, Química Nova, 11 (1988) 333.

28) Romeu C. Rocha Filho, “Sobre o Mol e Seus Afins:


Uma Proposta Alternativa”, Química Nova, 11 (1988)
419.

55

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29) Claudio Costa Neto, Maria R.B. Loureiro, Hatsumi T.
Nakayama, “O Projeto UMBRAL: Uma Proposta Para o
Ensino de Química”, Química Nova, 7 (1984) 95.

30) Malcom J. Frazer,“A Pesquisa em Educação Química”,


Química Nova, 5 (1982) 126.

31) Judith Feitosa Rodrigues, Maria Ester Weyne


Jucá, “Reflexões Sobre a Utilização de metodologias
Alternativas Para o Ensino de Química Geral”, Química
Nova, 16 (1993) 60.

32) Natalina A. Laguna Sicca, “Prática de Ensino de


Química: Um Programa em Construção”, Química Nova,
16 (1993) 586.

33) Maria Celina R. Aydar, André Valdir Zunino, “Prática


de Ensino de Química-Uma Experiência Educacional
Dialógica”, Química Nova, 17 (1994) 172

34) Roseli Pacheco Schnetzler, “Um Estudo Sobre


o Tratamento do Conhecimento Químico em Livros
Didáticos Brasileiros Dirigidos ao Ensino Secundário de
Química de 1875 a 1978”, Química Nova, 4 (1981) 6.

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