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mc 2
h
p
3 − Criação de pares e+e− quando a energia do
fóton (superior a 1022 keV) é transformada em
onde h é a constante de Planck e λ o comprimento um pósitron mais um elétron (com massa total
de onda. Esta é a famosa relação generalizada por equivalente a 1022 keV, isto é, duas vezes a
L. de Broglie também para partículas com massa massa do elétron) e o excesso de energia (além de
de repouso diferente de zero. 1022 keV) em energia cinética do par. Em
Nesta experiência será utilizada uma fonte de seguida, o pósitron sofre aniquilação com algum
radiação gama monocromática (137Cs) e 2 elétron disponível no material, produzindo um par
detectores cintiladores de NaI(Tl) para verificar de raios γ de 511 keV.
experimentalmente o valor da energia do fóton
espalhado em função do ângulo de espalhamento h 1
prevista pela teoria de Compton. Como centro
2e
detector, móvel, detectará a energia do fóton
espalhado. Os dois detectores permitirão aplicar a θ
técnica de coincidências com a finalidade de 3 e− h ’(θ)
reduzir drasticamente as contagens devidas à
h
1
A probabilidade relativa de ocorrência destes 3 coeficiente de absorção total (devido aos 3
processos depende da energia do raio γ (h ) e do processos de interação), o qual depende do
número atômico Z do material absorvedor (fig. material absorvedor e da energia do raio γ. O
2). O efeito fotoelétrico predomina para raios γ de valor do coeficiente de absorção para diversos
baixa energia e para alto número atômico; a elementos em função da energia pode ser obtido
criação de pares predomina para altas energias e da literatura. Em geral são apresentados gráficos
também alto Z; e o efeito Compton predomina do coeficiente mássico (µ⁄ρ) de absorção (fig. 3),
para energias intermediárias e baixo Z. Em uma onde ρ é a densidade do material.
porção de matéria extensa é possível a ocorrência
de mais de um destes processos em sequência. Coeficiente mássico de absorção para o Al
104
103 Total
102 Fotoelétrico
Compton
101
Prod. de pares
µ/ρ(cm2/g)
100
10−1
10−2
10−3
10−4
100 101 102 103 104 105
Eγ (keV)
Fotoelétrico
103
processos vizinhos são iguais. (The Atomic Nucleus, Compton
102
R. D. Evans − McGraw−Hill 1955). Prod. de pares
µ/ρ(cm2/g)
101
10−1
Quando um feixe de radiação γ atravessa um 10−2
determinado material, podem ocorrer interações
10−3
através dos 3 processos mencionados. Após uma 100 101 102 103 104 105
2
radiação eletromagnética é muito menor, ou seja, um tubo fotomultiplicador. O tubo
a energia do fóton muito maior (tipicamente de fotomultiplicador (fig. 4) consiste de um cátodo,
100 keV a 10 MeV). Os fótons emitidos pelo diversos eletrodos (dínodos) e um ânodo. A luz
núcleo atômico são denominados raios γ. Além
disso, alguns núcleos, denominados radioativos,
podem decair por emissão de partículas
carregadas (α, β+ ou β−), sofrendo transmutação.
No caso do 60Co, por exemplo, o estado
fundamental é instável e decai por emissão de
partículas β− (elétrons) com uma meia−vida (t1/2 )
de 5.27 anos. O núcleo filho (60Ni) é formado em
um estado excitado que decai pela emissão
sucessiva de dois raios γ (1173 keV e 1332 keV).
O 137Cs também decai por emissão β− com meia− Figura 4. Cintilador de NaI(Tl) acoplado a tubo
vida de 30.25 anos, populando quase fotomultiplicador.
exclusivamente um estado do 137Ba o qual decai proveniente do cintilador incide sobre o cátodo
diretamente para o estado fundamental, emitindo produzindo efeito fotoelétrico. Os foto−elétrons
um raio γ de 662 keV. A radiação β−, por ser são acelerados eletrostaticamente em direção ao
carregada, interage muito mais fortemente com a primeiro dínodo onde produzem elétrons
matéria do que a radiação γ, e em geral é secundários em maior número, os quais são
totalmente freada no invólucro plástico das fontes acelerados até o segundo dínodo e assim por
radioativas. Por outro lado, praticamente toda a diante até que chegue ao ânodo um grande
radiação γ é capaz de escapar das fontes sem número de elétrons, proporcional ao número de
sofrer nenhuma interação. Já o núcleo de 22Na foto−elétrons inicial. O pulso elétrico assim
decai por emissão β+ com meia−vida de 2.6 anos formado traz informação da energia da radiação
depositada sobre o detector. No caso de
para um estado excitado do 22Ne que decai para o
cintiladores, o tempo morto é muito menor do que
estado fundamental emitindo um raio γ de 1275 para os contadores Geiger, por exemplo, e
keV. Devido ao decaimento β+, a fonte produz depende essencialmente do tempo de população e
ainda radiação de aniquilação elétron−pósitron. de decaimento dos níveis eletrônicos responsáveis
pela cintilação (da ordem de centenas de
nanosegundos).
O cintilador de NaI(Tl)
Eletrônica de pulsos
Os detectores cintiladores são constituídos de
materiais que produzem luz quando excitados Os detectores de partículas de um modo geral,
pela passagem de partículas carregadas. São em ao receber uma certa quantidade de energia da
geral mais eficientes para radiação γ do que os radiação, geram pulsos (ou sinais) de carga
contadores a gás (devido à maior densidade), e elétrica total proporcional à energia recebida.
além disso podem trazer informação sobre a Estes pulsos são tratados usualmente em módulos
energia da partícula detectada. Nos cintiladores de eletrônica padronizados (NIM) que se
inorgânicos, como o cristal de NaI(Tl) (Iodeto de encaixam em bastidores especiais (BIN). Os
Sódio dopado com Tálio), o elétron da interação bastidores fornecem tensões de alimentação aos
primária provoca excitação dos níveis eletrônicos módulos. Abaixo se encontra uma descrição breve
do cristal, que decaem por emissão de fótons na de alguns módulos que serão utilizados nesta
região da luz visível. O número total de fótons experiência. Os pulsos elétricos podem ser
produzidos é aproximadamente proporcional à analógicos ou lógicos. Os pulsos lógicos têm
energia da radiação detectada. Para converter esse altura constante e apenas indicam, em geral, o
pulso luminoso em um pulso elétrico, é utilizado instante de ocorrência de um certo evento. Já os
3
pulsos analógicos trazem também informação pulso lógico em uma porta de entrada (Gate)
quantitativa contida na altura do pulso (por ex.: que determina se a saída analógica será ou não
proporcional à energia). Os pulsos são gerada. Isto permite que sejam enviados ao
transmitidos entre os módulos por cabos co− ADC exclusivamente os pulsos que obedecerem
axiais especiais, minimizando a interferência de a uma certa condição externa.
ruídos indesejáveis.
Analisador monocanal rápido (TSCA − Timing
Pré−amplificadores: quando o sinal produzido Single Channel Analyser): Gera um pulso
por um detector é muito pequeno, ou quando é lógico quando a altura do pulso de entrada se
necessário transmití−lo por uma extensão muito encontra entre dois níveis (discriminadores) de
grande de cabos, utiliza−se um pré− altura ajustável: E (altura mínima) e E+∆E
amplificador cuja função é integrar a carga (onde ∆E é a largura da janela ou canal). O
produzida no detector, gerando um sinal de início do pulso lógico de saída representa uma
tensão amplificado ou não, com altura boa marca de tempo referente ao instante de
proporcional à carga detectada, e chegada do pulso de entrada (bipolar). A marca
consequentemente, à energia. de tempo corresponde ao instante da troca de
polaridade do pulso bipolar de entrada.
Amplificador espectroscópico (Spectroscopy
Amplifier): tem a função de conformação Módulo de Coincidência (CO − Coincidence):
(shaping: diferenciação e integração do pulso de opera somente com sinais lógicos. Verifica a
entrada) e amplificação linear, de forma a coincidência, isto é, a simultaneidade (dentro de
garantir a máxima resolução em energia do um certo intervalo de resolução temporal) entre
sistema. O fator de amplificação é normalmente dois ou mais pulsos lógicos de entrada. Gera
grande, resultando em pulsos de saída com uma saída lógica adequada a comandar a porta
alturas da ordem de 1 a 10 V, apropriados para de entrada (gate) do LGS por exemplo.
serem subsequentemente digitalizados.
Amplificador de Atraso (Delay Amplifier):
Conversor Analógico Digital (ADC − Analog to Atrasa pulsos analógicos de maneira a
Digital Converter) : A fim de determinar a sincronizá−los com pulsos de etapas paralelas
altura dos pulsos lineares amplificados, a qual é do circuito eletrônico.
proporcional à energia depositada pela partícula
detectada, será utilizado um conversor O Programa de Aquisição (PLEXM)
analógico−digital acoplado a um
microcomputador (PC). A altura do pulso é O programa de aquisicão e análise (Plexm)
convertida em um número inteiro, denominado permite controlar o tempo de aquisição, a
"canal", no intervalo de 0 a 255. O valor do exibição, armazenamento e manipulação dos
canal é enviado ao PC pela iterface paralela. O espectros. No Apêndice I se encontra o manual do
espectro da radiação detectada (um histograma programa.
do número de contagens versus canal) é
acumulado na memória do PC durante o Arranjo experimental
intervalo de tempo da aquisição de dados.
O arranjo experimental se encontra
Alargador linear comandado por porta lógica representado na figura 5. Um castelo de Chumbo
(LGS − Linear Gate and Stretcher): este (Pb) aloja as fontes radioativas de 137Cs, que
módulo tem duas funções. O pulso de entrada produzem a radiação γ monocromática de 662
(proveniente do Ampl. espectroscópico) tem sua keV. O feixe de raios gama é colimado na direção
altura preservada mas é alargado em tempo (até vertical e atinge o detector espalhador (fixo). Um
5 µs) de maneira a facilitar a operação do segundo detector (móvel) detecta a radiação
conversor analógico digital (ADC) na etapa espalhada em um certo ângulo de espalhamento
subsequente. Além disso, o módulo aceita um (θ) pelo primeiro detector. As hastes de latão
4
permitem fixar o detector móvel num certo simultaneidade que permite selecionar
ângulo e distância em relação ao detector preferencialmente os eventos correlacionados
espalhador, conforme estipulado pelo através da ocorrência de espalhamento Compton.
experimentador. O sistema permite a escolha de A saída do módulo de coincidência aciona a porta
ângulos de espalhamento no intervalo de 30o a (Gate) do LGS. A porta permanece aberta por um
150o. período de até 5 µs, liberando o envio do pulso de
saída alargado (de altura igual à do pulso de
entrada I) ao ADC. O pulso unipolar que se
origina no amplificador espectroscópico deve ser
Ângulo de atrasado, portanto, de forma a chegar à entrada I
do LGS dentro do intervalo de tempo em que a
espalhamento
θ porta deste permanece aberta. Os amplificadores
espectroscópicos utilizados para os cintiladores
móveis (B) possuem um atraso interno que afeta
NaI apenas os pulsos unipolares. Este atraso é
(móvel) acionado por uma chave na parte posterior do
módulo. Para o detector espalhador se utiliza, no
Castelo de entanto, um outro tipo de amplificador que não
Pb com possui opção de atraso. Por esta razão, quando se
NaI deseja adquirir o espectro do detector espalhador
fontes de
(fixo) 137 (A) para ajustes, o pulso unipolar do amplificador
Cs é atrasado em um amplificador de atraso (Delay
Amp.) antes de ser enviado à entrada I do LGS
(para isto é necessário desconectar o cabo do
amplificador do detector B da entrada I do LGS).
Este procedimento permite verificar o ajuste da
janela do TSCA do NaI (A). Com isto é possível
discriminar somente os eventos correspondentes a
Figura 5 − Arranjo experimental para medida do efeito
espalhamento Compton no detector A, ou seja,
Compton.
eliminar os eventos correspondentes ao fotopico
Circuito eletrônico de coincidências do espectro do detector A.
A figura 6 apresenta o circuito eletrônico
completo para realização das medidas de efeito
Compton pela técnica da coincidência γ−γ com
dois cintiladores de NaI(Tl). Na figura o detector
fixo (espalhador) está indicado como NaI (A), e o
detector móvel (da equipe que realiza a
experiência), NaI (B). Os pulsos deste último
detector são enviados diretamente a um
amplificador espectroscópico que fornece duas
saídas amplificadas: uma bipolar, enviada ao
TSCA onde é gerada a marca de tempo do
instante de chegada da radiação, e uma unipolar,
enviada ao ADC através do LGS para
determinação da energia da radiação. Um circuito
similar é utilizado para o detector espalhador (A).
No módulo de coincidência (CO) é verificada a
ocorrência de simultaneidade entre as marcas de Figura 6 − Circuito eletrônico de coincidências para
tempo dos dois cintiladores (A e B). É esta medida do efeito Compton.
5
Procedimento experimental funcionamento do circuito do detector móvel.
Fazer calibração de energia usando as fontes de
Parte I − Determinação da energia da borda 22Na e 137Cs.
6
Apêndice I aberto.
> dl c_inf c_sup Limites inferior e superior
Manual do Plexm (em canais) do espectro para próxima exibição.
O programa Plexm permite controlar a > dmm min max Limites inferior e
aquisição de dados em multicanal, a exibição, superior (em número de contagens) do espectro
armazenamento, leitura e análise simples de para próxima exibição. O comando emitido sem
espectros. Ao se iniciar o programa Plexm, parâmetros (> dmm) determina limites calculados
deverá aparecer o sinal de prontidão: >. automaticamente pelo programa.
Nestas condições o programa aceitará os >c Entra no modo cursor, após a
seguintes comandos: exibição de um espectro. Neste modo o programa
aceita os seguintes comandos de uma só tecla:
Comando: Parâmetro(s): Ação:
> in nome.spk[,new] Abre um As setas (← e →) − permitem movimentar o
arquivo para armazenamento e leitura de cursor em passos grandes e as setas do teclado
espectros. A opção ,new cria um arquivo novo. numérico em passos pequenos.
Exemplo: ? − exibe o número do canal da posição do
> in teste.spk,new cursor e o número de contagens do canal (obs:
Para ler um arquivo já existente não deve ser apertar a tecla shift para obter ?).
usada a opção ,new pois os dados já gravados Os colchetes ([ e ]) − limitam a região para
serão perdidos. Ex.: medida da posição (centróide) e área de um pico.
> in teste.spk a − calcula o centróide e a área do pico
> run Inicia a aquisição no limitada pelos colchetes [ ], subtraindo um fundo
multicanal e o cronômetro. linear passando pelos limites.
> stop Interrompe a aquisição no , e . − definem os limites da região de
multicanal e o cronômetro. expansão.
>z Zera a memória do multicanal e o e − expande a região delimitada.
cronômetro. q − sai do modo cursor.
>d m Exibe os dados do espectro > dx idn Exibe a região de expansão
armazenado no multicanal até o instante da (definida no modo cursor) do espectro idn.
emissão do comando >d m. > lin Escala vertical linear.
> mc Entra no modo de exibição
em tempo real do espectro presentemente em > log Escala vertical logarítmica.
aquisição. Neste modo o programa aceita os
seguintes comandos de uma só tecla: Para zerar > cal a b c Define a calibração em
energia do espectro: E = a + bx + cx , onde x
2
imediatamente o espectro e o cronômetro: z. Com
as setas (←, ↑, ↓ e →) é possível alterar as representa o número do canal.
escalas do gráfico. Para sair do modo, pressionar > list idn nome.lis Grava dados em
qualquer outra tecla. formato texto com o espectro idn no arquivo
> sv idn Grava o último espectro adquirido nome.lis.
(na memória do multicanal) no arquivo aberto > del nsec Prepara o temporizador
(com o comando > in), sob o número de para um tempo de aquisição de nsec segundos. As
identificação idn. aquisições subsequentes serão interrompidas
> d idn Exibe o espectro gravado de quando o cronômetro atingir o tempo
número idn. Ex.: > d 3 especificado, desde que o programa esteja no
Podem ser exibidos simultaneamente até 4 modo de exibição em tempo real (mc). Para
espectros, fornecendo−se vários identificadores. desativar o temporizador, executar o comando:
Ex.: > d 3 4 6 10 > del omitindo o parâmetro nsec.
> dir Lista os identificadores dos >h Exibe lista de comandos.
espectros gravados no arquivo presentemente > end Sai do programa Plexm.
7
> MESP Entra no módulo de
manipulação de espectros. Os espectros são
manipulados em dois "buffers": buf1 e buf2.
Neste modo são aceitos os comandos abaixo:
−∗−
8
Universidade de São Paulo
Instituto de Física
Efeito Compton
Professores:
José R. B. Oliveira
Nemitala Added
Nilberto H. Medina
Roberto V. Ribas
Técnico:
Alvimar F. Souza