Expansão Marítimo-Comercial
1) Fatores da expansão marítimo-
comercial
Romper o monopólio Árabe-Italiano
sobre as mercadorias orientais;
(metais preciosos; mercados;
especiarias [noz moscada, cravo, canela
etc.] )
Tomada de Constantinopla pelos Turcos
Otomanos em 1554, encarecendo as
mercadorias.
Buscar a superação da crise europeia
dos séculos XIV e XV
Fazer novos fiéis católicos ao redor do
mundo
2) Pioneirismo Português
A forte aliança de um governo
centralizado (Dinastia de Avis) e uma
burguesia em busca de novos mercados
e riquezas
A escola de Sagres (1394-1460)
fundada por Dom Henrique, incitando o
conhecimento náutico (caravelas,
bússolas, astrolábio, uso de coordenadas
como latitude e longitude, etc.)
Localização geográfica privilegiada.
3) Grandes Navegações- Portugal
Tratado de Tordesilhas
Tratado feito entre portugueses e
esponhóis para a divisão das terras
recém descobertas (o novo mundo)
O Tratado de Tordesilhas, assinado em
1494, reza que as terras situadas a oeste
da linha pertencem aos espanhóis e as
que estão a leste são de Portugal. A terra
descoberta pela expedição comandada
por Pedro Álvares Cabral está nesse
último caso
8) Consequências
Exercícios:
1. (Fuvest 2013) Quando Bernal Díaz avistou pela primeira vez a capital asteca, ficou sem
palavras. Anos mais tarde, as palavras viriam: ele escreveu um alentado relato de suas
experiências como membro da expedição espanhola liderada por Hernán Cortés rumo ao
Império Asteca. Naquela tarde de novembro de 1519, porém, quando Díaz e seus
companheiros de conquista emergiram do desfiladeiro e depararam-se pela primeira vez com o
Vale do México lá embaixo, viram um cenário que, anos depois, assim descreveram:
“vislumbramos tamanhas maravilhas que não sabíamos o que dizer, nem se o que se nos
apresentava diante dos olhos era real”.
Matthew Restall. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2006, p. 15-16. Adaptado.
Uma questão acadêmica, mas interessante, acerca da “descoberta” do Brasil é a seguinte: ela
resultou de um acidente, de um acaso da sorte? Não, ao que tudo indica. Os defensores da
casualidade são hoje uma corrente minoritária. A célebre carta de Caminha não refere a
ocorrência de calmarias. Além disso, é difícil aceitar que uma frota com 13 caravelas, bússola e
marinheiros experimentados se perdesse em pleno oceano Atlântico e viesse bater nas costas
da Bahia por acidente.
Rejeitado o acaso como fonte de explicação no que tange aos objetivos da “descoberta”, fica
de pé a seguinte pergunta: qual foi, portanto, a finalidade, a intenção da expedição de Cabral?
Adaptado de LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil colonial. Porto Alegre: Mercado Aberto,
1983.
(Adaptado de C.R. Boxer, O império marítimo português, 1415-1835. Lisboa: Ed. 70, 1972, p.
55.)
Nestes versos identificamos uma comparação entre dois processos históricos. É válido afirmar
que o poema compara
a) o sistema de colonização da Idade Moderna aos sistemas de colonização da Antiguidade
Clássica: a navegação oceânica tornou possível aos portugueses o tráfico de escravos para
suas colônias, enquanto gregos e romanos utilizavam servos presos à terra.
b) o alcance da expansão marítima portuguesa da Idade Moderna aos processos de
colonização da Antiguidade Clássica: enquanto o domínio grego e romano se limitava ao mar
Mediterrâneo, o domínio português expandiu-se pelos oceanos Atlântico e Índico.
c) a localização geográfica das possessões coloniais dos impérios antigos e modernos: as
cidades-estados gregas e depois o Império Romano se limitaram a expandir seus domínios
pela Europa, ao passo que Portugal fundou colônias na costa do norte da África.
d) a duração dos impérios antigos e modernos: enquanto o domínio de gregos e romanos sobre
os mares teve um fim com as guerras do Peloponeso e Púnicas, respectivamente, Portugal
figurou como a maior potência marítima até a independência de suas colônias.
7. (Ufmg 2009)
8. (Fgv 2009) Leia atentamente o poema O Infante, do poeta português Fernando Pessoa.
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse,
Sagrou-te e foste desvendando a espuma.
E a orla branca foi, de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou, criou-te português,
Do mar por nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
O poema permite pensar sobre dois relevantes acontecimentos históricos, que são,
respectivamente:
a) O protagonismo marítimo lusitano nos séculos XV e XVI e a redução do seu império colonial
no século XIX.
b) A descoberta do Brasil em 1500 e a perda de territórios no Nordeste e na África com a
invasão holandesa no século XVII.
c) A formação do Condado Portucalense, em 1142 e a União Ibérica (1580-1640), período de
extinção do império português.
d) A elaboração da ideia do Quinto Império Bíblico, relacionado ao destino de Portugal e,
depois, o fortalecimento dos partidos socialistas que tomaram o poder em 1910.
e) A invasão de Portugal por tropas napoleônicas em 1808, comandadas pelo general Junot, e
a vinda da família real portuguesa para a América, no mesmo ano.
9. (Unicamp 2009) Os motivos que levaram Colombo a empreender a sua viagem evidenciam
a complexidade da personagem. A principal força que o moveu nada tinha de moderna: tratava-
se de um projeto religioso, dissimulado pelo tema do ouro. O grande motivo de Colombo era
defender a religião cristã em todas as partes do mundo. Graças às suas viagens, ele esperava
obter fundos para financiar uma nova cruzada.
(Adaptado de Tzvetan Todorov, Viajantes e Indígenas, em Eugenio Garin. "O Homem
Renascentista". Lisboa: Editorial Presença, 1991, 233.)
10. (Uel 2009) Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o tema da Expansão Marítima
dos séculos XV e XVI, é correto afirmar que as navegações:
a) Constituíram uma realização sem precedentes na história da humanidade, uma vez que
foram muitos os obstáculos a serem superados nesse processo, tais como a ameaça que
representava o desconhecido e o fracasso de grande parte das expedições, que
desapareceram no mar.
b) Propiciaram o fim do monopólio que espanhóis e italianos mantinham sobre o comércio das
especiarias do oriente através do domínio do mar Mediterrâneo, uma vez que foram os
franceses e os portugueses, a despeito das tentativas holandesas, que realizaram o périplo
africano e encontraram o caminho para as Índias.
c) Resultaram na hegemonia franco-britânica sobre os mares, o que, a longo prazo, permitiu a
realização da acumulação originária de capital e, através desta, o financiamento do processo
de implantação da indústria naval, o que prolongou esta hegemonia até o final da Primeira
Guerra Mundial.
d) Propiciaram o domínio da Holanda sobre os mares, fazendo com que a colonização das
novas terras descobertas dependesse da marinha mercante daquele país para a
manutenção das ligações comerciais entre os demais países europeus e suas colônias no
restante do mundo.
e) Representaram o triunfo da ciência e da tecnologia resultantes das concepções cartesianas
e, consequentemente, a destruição de lendas e mitos sobre o Novo Mundo, uma vez que as
expedições revelaram os limites do mundo e propiciaram rapidamente formas seguras de
transposição oceânica.
11. (Fuvest 2008) "Os cosmógrafos e navegadores de Portugal e Espanha procuram situar
estas costas e ilhas da maneira mais conveniente aos seus propósitos. Os espanhóis situam-
nas mais para o Oriente, de forma a parecer que pertencem ao Imperador (Carlos V); os
portugueses, por sua vez, situam-nas mais para o Ocidente, pois deste modo entrariam em sua
jurisdição."
Carta de Robert Thorne, comerciante inglês, ao rei Henrique VIII, em 1527.
13. (Ufrgs 2007) Durante a Baixa Idade Média, ocorreu em Portugal a denominada Revolução
de Avis (1383-1385), que resultou em uma mudança dinástica, cuja principal consequência foi
a) o enfraquecimento do poder monárquico diante das pressões localistas que ainda
sobreviviam nas pequenas circunscrições territoriais do Reino.
b) o surgimento de uma burguesia industrial cosmopolita e afinada com a mentalidade
capitalista que se instaura na Europa.
c) o início das grandes navegações marítimas, que resultaram no descobrimento da América e
no reconhecimento da Oceania pelos lusitanos.
d) o início do processo de expansão ultramarina, que levaria às conquistas no Oriente, além da
ocupação e do desenvolvimento econômico da América portuguesa.
e) o surgimento de uma aristocracia completamente independente do Estado, que tinha como
projeto político mais relevante a expansão do ideal cruzadista.
14. (Enem 2007) A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma
diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas
e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com o
descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus habitantes pelos navegadores
portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às relações mercantilistas com a África,
ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e de seus
povos.
15. (Uel 2007) Sobre a expansão marítima ibérica da época dos descobrimentos, é correto
afirmar que:
a) Ocorreu de maneira pacífica, com a colonização e povoamento das Américas.
b) Fundamentou a expansão do capitalismo mercantil, acompanhado pelas missões.
c) Acabou com o comércio mediterrânico, concentrando-se tão somente no Atlântico.
d) Fortaleceu as cidades-Estados italianas, tradicionais no comércio mercantil.
e) Concedeu cidadania aos súditos que emigrassem para as colônias de além-mar.
17. (Pucsp 2006) A busca de especiarias não ocorreu apenas na Antiguidade e na Idade
Média. No início da Idade Moderna, foi um dos motivos da
a) exploração do litoral do Pacífico na América.
b) intensificação do comércio no Mediterrâneo.
c) decadência das cidades italianas.
d) busca de novas rotas para as Índias.
e) hegemonia da frota naval inglesa.
18. (Mackenzie 2004) Assinale a alternativa correta acerca da Expansão Ultramarina Europeia.
a) A corrida expansionista de Portugal e Espanha gerou, na segunda metade do século XV, um
período de grande cooperação entre esses reinos europeus, denominado de União Ibérica.
b) Posteriormente à descoberta do novo continente, o grande afluxo do ouro e da prata
americanos para a Europa gerou uma significativa baixa nos preços dos alimentos.
c) O navegador Cristóvão Colombo provou, com sua viagem, a tese do el levante por el poente,
isto é, de que seria possível alcançar as Índias, no Ocidente, navegando em direção ao
Oriente.
d) As chamadas Grandes Navegações Europeias inserem-se no processo de superação dos
entraves medievais ao desenvolvimento da economia mercantil e ao fortalecimento da
classe burguesa.
e) Em agosto de 1492, a nau Santa Maria e as caravelas Nina e Pinta partiram de Palos, na
Espanha, rumo ao leste, e atingiram, em outubro do mesmo ano, a costa da América do
Norte.
19. (Uff 2004) A expansão marítima dos Estados Ibéricos, no fim do século XV, é o grande
evento associado aos Tempos Modernos. Entretanto, para esses Estados, os resultados
econômicos e políticos nem sempre representaram sua entrada nesse Novo Tempo. Essa
afirmação indica que por mais ricos que Portugal e Espanha fossem, sua história não
pertenceria à história da Europa Moderna.
Com base no texto, explique o porquê dos Estados Ibéricos não terem sido considerados como
padrões para o desenvolvimento da Europa Moderna.
20. (Unifesp 2003) Se como concluo que acontecerá, persistir esta viagem de Lisboa para
Calecute, que já se iniciou, deverão faltar as especiarias às galés venezianas e aos seus
mercadores.
("Diário de Girolamo Priuli". Julho de 1501)
21. (Fuvest 2003) "Antigamente a Lusitânia e a Andaluzia eram o fim do mundo, mas agora,
com a descoberta das Índias, tornaram-se o centro dele". Essa frase, de Tomás de Mercado,
escritor espanhol do século 16, referia-se
a) ao poderio das monarquias francesa e inglesa, que se tornaram centrais desde então.
b) à alteração do centro de gravidade econômica da Europa e à importância crescente dos
novos mercados.
c) ao papel que os portos de Lisboa e Sevilha assumiram no comércio com os marajás
indianos.
d) ao fato de a América ter passado a absorver, desde então, todo o comércio europeu.
e) ao desenvolvimento da navegação a vapor, que encurtava distâncias.
23. (Unesp 2001) "Vi também as coisas que trouxeram ao rei, do novo país do ouro: um sol
todo em ouro medindo uma toesa de largura; do mesmo modo, uma lua toda de prata e
igualmente grande; também dois gabinetes repletos de armaduras idênticas e toda sorte de
armas por eles usadas, escudos, bombardas, armas de defesa espantosas, vestimentas
curiosas (...). "
(Albert Dürer, pintor, alemão, 1471-1528.)
"As pessoas (...) tanto homens quanto mulheres, andam nuas assim como suas mães as
pariram, exceto algumas das mulheres que cobrem suas partes com uma única folha de grama
ou tira de algodão (...). Eles não possuem armas, exceto varas de cana cortadas (...), e tem
receio de usá-las (...); são tratáveis e generosos com o que possuem Entregavam o que quer
que possuíam, jamais recusando qualquer coisa que lhes fosse pedida (...)."
(Trecho da Carta de Cristóvão Colombo, de 15 de fevereiro de 1493.)
a) Dê dois exemplos de grupos indígenas que podem ser identificados com os textos.
b) Por que os dois relatos são diferentes?
24. (Ufrgs 2001) Na Idade Média a dieta alimentar dos europeus era pobre, pouco diversificada
e não incluía batata, tomate, milho e chocolate. Estes alimentos passaram a ser consumidos na
Europa apenas na época moderna porque
a) na época medieval o consumo destes alimentos era interditado pela Igreja por não serem
citados na Bíblia.
b) o elevado custo de produção desses produtos os destinava apenas para a decoração das
festas da corte.
c) considerados especiarias de alto preço, faziam parte do tesouro dos senhores.
d) nesta época começou a haver contatos e trocas com a América.
e) sua produção diminuiria a área de cultivo de trigo e videiras, produtos mais apreciados pelos
mercados consumidores da época.
25. (Ufscar 2001) Antes deste nosso descobrimento da Índia, recebiam os mouros de Meca
muito grande proveito com o trato da especiaria. E assim, o grande sultão, por mor dos grandes
direitos que lhe pagavam. E assim também ganhava muito Veneza com o mesmo trato, que
mandava comprar a especiaria a Alexandria, e depois a mandava por toda a Europa.
(Fernão Lopes de Castanheda, "História do descobrimento e conquista da Índia pelos
portugueses" (1552-1561), citado por Inês da Conceição Inácio e Tânia Regina de Luca,
"Documentos do Brasil Colonial". SP: Ática, 1993, p. 19.)
O texto refere-se
a) à união política e militar entre venezianos e mouros, contrários às navegações portuguesas.
b) à chegada dos navegantes portugueses à Índia, comprovando empiricamente a esfericidade
da Terra.
c) ao enriquecimento do grande sultão muçulmano, às custas do empobrecimento das cidades
italianas.
d) ao deslocamento do comércio lucrativo de especiarias da região do Mar Mediterrâneo para o
Oceano Atlântico.
e) ao projeto de expansão marítima da coroa portuguesa, preocupada em difundir a fé cristã.
26. (Fgv 2000) Leia atentamente as afirmações abaixo, sobre a expansão marítima e
comercial moderna, e assinale a alternativa correta.
I. O papel pioneiro na expansão marítima e comercial moderna foi dos Países Ibéricos, tendo
Portugal iniciado o feito.
II. O papel pioneiro na expansão marítima e comercial moderna foi dos Países Ibéricos, tendo a
Espanha iniciado o feito.
III. As conquistas espanholas em África (Ilhas Canárias) durante o século XIV, demonstraram a
força da Invencível Armada às demais nações europeias.
IV. A Revolução de Avis foi um marco antecedente fundamental para essa expansão.
V. Bartolomeu Dias, navegador português, foi o responsável pela passagem pelo sul da África e
pela chegada às Índias.
a) Apenas as afirmações I, III e V estão corretas;
b) Apenas as afirmações I e IV estão corretas;
c) Apenas as afirmações II e V estão corretas;
d) Apenas as afirmações I, IV e V estão corretas;
e) Apenas as afirmações III, IV e V estão corretas.
27. (Pucmg 2000) Sobre o expansionismo ultramarino europeu, entre os séculos XV-XVII, é
correto afirmar que, EXCETO:
a) a tomada de Constantinopla pelos turcos e a segunda conquista de Ceuta pelos portugueses
são os marcos iniciais da expansão.
b) os descobrimentos e a colonização das terras do Novo Mundo constituíram-se num
desdobramento da expansão comercial.
c) o afluxo de metais preciosos das áreas coloniais, principalmente ouro e prata, contribuiu para
a superação da crise econômica europeia.
d) o deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico contribuiu para a
ampliação das fronteiras geográficas.
e) a consolidação dos Estados Nacionais e a absolutização dos regimes europeus têm relação
também com os efeitos das viagens ultramarinas.
29. (Pucpr 1999) Em plena Idade Média (1139/1140) nasceu Portugal, originário do Condado
Portucalense. Enquanto o feudalismo era a marca política da Europa Ocidental, em Portugal
mostrava-se frágil: o pequeno reino nascia unificado.
Sobre o tema e evolução posterior, assinale a opção correta:
Saiba mais:
Fatos ligados à história têm sido sugeridos como alternativas, visando possíveis melhorias
no ensino de Ciências. Adicionalmente, pesquisas recentes descritas na literatura buscam
relacionar o uso da história com objetivos de uma alfabetização científica, que busque romper
com as imagens deformadas da Ciência. Dentre as justificativas apresentadas, podemos citar
algumas tais como: a) pode ser motivadora; b) contradiz o cienticifismo e o dogmatismo
presente nos textos escolares; c) favorece a interdisciplinaridade; d) é um instrumento eficiente
na oposição ao presenteísmo muito comum entre os jovens de hoje; e) pode contribuir para uma
análise da diversidade cultural; e f) muitos fatos da história são do conhecimento dos alunos
(Pereira e Silva, 2009). A história das especiarias, sem sombra de dúvida, encaixa-se dentro de
algumas das justificativas apontadas acima. Viajemos por ela.
O processo de efetiva ocupação da América pelos europeus a partir do século XVI foi
ocasionado, inicialmente, pela necessidade desses povos em traçar novas rotas para tornar mais
acessível o comércio das especiarias, termo atribuído a mercadorias caras e difíceis de serem
obtidas e usadas para temperar comida.
Em 1453, o império turco-otomano tomou Constantinopla e colocou sob seu jugo todo o
comércio dos principais condimentos utilizados na alimentação europeia bem como as rotas
para alcançá-los. No velho continente, as especiarias eram imprescindíveis por comporem os
conservantes de alimentos e por serem utilizadas como remédios, afrodisíacos, temperos,
perfumes, incensos etc. Praticamente todos necessitavam dessas “dádivas” da natureza
(Nepomuceno, 2005).
Não apenas o ouro e a prata, mas também os sabores e odores d’além mar fizeram parte das
motivações que impeliram homens a lançarem-se rumo ao oceano desconhecido em busca de
fortuna. Os metais preciosos sempre foram alvo da cobiça dos seres humanos, mas por qual
motivo as especiarias eram tão importantes? Para se ter uma ideia do valor que era conferido a
esses produtos, basta dizer que o primeiro mapa que incluiu o novo mundo e lhe atribuiu o
nome de América, feito pelo monge alemão Martin Waldseemüller, em 1507 (Menezes e Santos,
2006), identificava determinadas regiões do globo com pequenos textos nos quais constavam
comentários a respeito desses alimentos.
Uma dessas explicações diz respeito à capacidade de as especiarias servirem para conservar
as carnes ou para mascarar o gosto infecto das malconservadas. Entretanto, para Flandrin e
Montanari (1998), essa explicação se revela insatisfatória. Em primeiro lugar, segundo eles,
porque os agentes de conservação das carnes já conhecidos naquela época eram o sal, o vinagre,
o óleo e não as especiarias. Em seguida, porque, com exceção das salgas, as carnes eram
comidas muito mais frescas do que atualmente.
Outra tese considera que muitos desses produtos importados do Oriente não tinham uma função
culinária, mas terapêutica. Flandrin e Montanari (1998) revelam que em um livro intitulado Le
thresor de santé (O tesouro da saúde), publicado em 1607, está registrado que a pimenta-do-
reino
[...] mantém a saúde, conforta o estômago [...], dissipa os gases [...]. Cura os calafrios
das febres intermitentes, cura também picada de cobras. Quando bebida, serve para
tosse [...] mastigada com uvas passas purga o catarro, abre o apetite. O cravo-da-índia,
por sua vez, serve para os olhos, para o fígado, para o coração, para o estômago. Seu
óleo é excelente contra dor de dentes. Serve [...] para as doenças frias do estômago [...].
Ele ajuda muito na digestão, se for cozido num bom vinho com semente de funcho. (p.
480-481)
Dessa forma, imaginava-se que todas as especiarias tivessem propriedades semelhantes.
Inclusive essa função medicinal precedia a utilização da especiaria como condimento, pois
os temperos empregados na cozinha no fim da Idade Média foram importados, a princípio,
sendo bem reduzida a sua ingestão, esses indivíduos não apresentavam qualquer problema
relacionado à sua falta. Para Cascudo (2004), a pele dos nativos sul-americanos era protegida da
perda de sais minerais, considerando que sua cobertura com pigmentos naturais retirados do
genipapo (Genipa americana) e do urucum (Bixa orellana), argila e pó de carvão reduzia a
sudorese. Tanto os povos da África como boa parte dos povos americanos preteriam o sal em
favor da pimenta:
Ambos, indígena e negro, eram e são fanáticos pela pimenta cujos alcaloides da
Capsicum encarregar-se-iam de estimular-lhes o apetite pela excitação digestiva. De
Lagos, na Nigéria, Antonio Olinto5 fala-me, em janeiro de 1963, que a pimenta é
empregada em nível inimaginável. As pimentas substituíam o sal e, depois reunidas a ele
nas inquitaias e ijuquis, foram suficientes para a castidade gustativa dos dois grupos
étnicos. (p. 127)
A pimenta brasileira (do gênero Capsicum), ou quiya, era um condimento largamente
utilizado pelos primeiros habitantes das terras americanas. Quase todas as tribos conhecidas no
século XVII tinham hortas das quais retiravam a pimenta para condimentar suas refeições. O
mercenário alemão Hans Staden, no século XVI, foi testemunha do contrabando realizado pelos
franceses na costa brasileira, de onde estes levavam enormes carregamentos de pau-brasil,
algodão e pimenta, frutos de negociatas com os tupiniquins (Cascudo, 2004).
Podemos notar a relevância inegável de diferentes condimentos nas mais variadas culturas que
estiveram e ainda estão relacionados e dependentes das sensações que podem proporcionar aos
nossos sentidos (Quadro 1). A busca pelos condimentos que davam alma às refeições forçou o
alargamento dos horizontes geográficos e intelectuais das pessoas que viveram no período da
expansão marítima. A Europa passou a ser considerada apenas como mais um lugar no vasto
planeta Terra. Por conta dessas novas noções de mundo é que, no século XVI, Copérnico pôde
inaugurar a nova astronomia, retirando, das mentes de seus contemporâneos, o próprio planeta
do centro do universo.
As especiais eram utilizadas pelos primeiros habitantes das terras americanas como
medicamento e só depois para temperar alimentos.
Assim, do século XIII ao início do século XVII, os médicos não cessaram de recomendar o
uso de especiarias no tempero das carnes para torná-las mais fáceis de digerir. Segundo Flandrin
e Montanari (1998), Aldebrandin de Siena escreveu em seu Le régime du corps (1256) que a
canela tem a capacidade “de reforçar a virtude do fígado e do estômago [...] [e de] fazer que a
carne tenha um bom cozimento [...]; [os cravos-da-índia] reforçam a natureza do estômago e do
corpo, [...] eliminam a ventosidade e os maus humores [...] engendrados pelo frio, e ajudam no
cozimento da carne” (p. 481) etc.
Naquele tempo, todos aqueles instruídos pela restrita educação elitista entendiam a digestão
como um processo de cozimento. O mais importante agen te desse processo era o calor animal,
responsável pelo lento cozimento do alimento no estôma go. Segundo essa visão, as especiarias
contrabalançavam a casual frieza dos alimentos, contri buindo assim para a sua cocção, uma vez
que todas elas eram classificadas como quentes e, em sua maioria, secas (Flandrin e Montanari,
1998).
Livros de cozinha franceses publicados entre o século XIV e meados do século XVI atestam
que as especiarias eram utilizadas em 58 a 78% das receitas, e ácidos, em 48 a 65%. Nessa
perspectiva, as especiarias (consideradas quentes e secas) eram “desmanchadas”, “diluídas” ou
“neutralizadas” com ácidos (sempre frios e secos) antes de serem adicionadas ao prato.
Supunha-se que os ácidos teriam a propriedade de se infiltrar nos canais mais estreitos e, assim,
esperava-se que eles levassem o calor das especiarias para todas as partes do corpo. Dos mate-
riais de caráter ácido utilizados pelos cozinheiros franceses, dois apareciam com maior
frequência: o agraço (suco extraído de uvas verdes) e o vinagre.
Dado que os conceitos de medicina antiga eram muito próximos da experiência vulgar, os
princípios da dietética podiam ser difundidos por outros meios além dos livros. Todos, na
sociedade medieval, os aprendiam comendo – como acontece ainda hoje com todos os tipos de
sociedades que consomem especiarias. Os provérbios antigos testemunham a circulação oral de
determinadas prescrições da dietética antiga. Acreditava-se, por exemplo, que as carnes salgadas
provocavam o escorbuto, por isso sempre eram consumidas com um “anti-escorbuto”: a mostar-
da. Daí os provérbios do século XVI:
De carne salgada sem mostarda/ Libera nos Domine. Que Deus nos proteja: de mulher
que se pinta, de criado que em frente ao espelho tarda, e de carne de boi sem mostarda.
(Flandrin e Montanari, 1998, p. 494)
Portanto, o uso dos temperos tinha pelo menos dois objetivos: tornar os alimentos mais
apetitosos e de fácil digestão. Podemos dizer que cozinhar naquela época, assim como hoje, era
dar aos alimentos os sabores mais agradáveis de acordo com as crenças dietéticas e os há bitos
alimentares dos indivíduos de uma determinada cultura.
Na América do Sul, antes da colonização, a população autóctone tinha a seu dispor muitas
plantas adequadas para temperar seus alimentos, cujos sabores tiveram sua boa qualidade com-
provada pelo paladar dos próprios exploradores, dos mais antigos aos mais contemporâneos.
Conforme registrou o marechal Cândido Mariano Rondon, após suas viagens pelo interior do
Brasil no início do século XX, certas tribos preparavam o peixe para suas refeições de forma
incomparável (Cascudo, 2004).
Os nativos, diferentemente dos invasores, não temperavam seu alimento antes ou durante o
seu cozimento. A carne que não fosse consumida ainda fresca, por exemplo, era conservada a
partir de um processo denominado moquém (a carne era tostada ao calor). Nas palavras de
Lery4 (apud Cascudo, 2004), ao preparar seu tempero preferido,
[...] os selvagens pilam (a pimenta) com sal, que sabem fabricar retendo a água do mar
em valos. A essa mistura chamam Ionquet e a empregam como empregamos o sal; entre-
tanto não salgam os alimentos, carne, peixe etc., antes de pô-lo na boca. Tomam primeiro
o bocado e engolem em seguida uma pitada de Ionquet para dar sabor à comida. (p. 120)
De acordo com os registros da época, muitos dos habitantes destas terras não gostavam do
sal e sequer o usavam de forma isolada.
Em todos os países exploradores da Europa, os problemas impostos pelas navegações
provocaram o desenvolvimento da engenharia (invenção de máquinas capazes de marcar melhor
o tempo), da astronomia (definição de pontos de referência no céu tão importantes
paranavegação noturna), enfim, de diversas áreas do conhecimento.
A elite europeia financiou a viagem por mar de aventureiros capazes de trazer, diretamente
do Oriente, as tão desejadas mercadorias. Assim eles poderiam vendê-las e garantir a entrada de
metais preciosos via comércio exterior em seu território.
Fonte: A História sob o Olhar da Química Vol. 32, N° 2 , MAIO 2010
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[C]
A questão, que tem como referência o texto citado, ressalta elementos de análise do choque
cultural entre europeus e nativos da América à época da Expansão Marítimo-Comercial
europeia. Em geral, tanto os conquistadores espanhóis que dominaram o Império Asteca (no
caso citado pelo texto), quanto os que dominaram o Império Inca ficaram bastante surpresos
diante das manifestações culturais dessas civilizações americanas. Contudo, cabe lembrar que
prevaleceu a vontade dos europeus sobre a América, o que implicou na destruição dos
Impérios Asteca e Inca pelos espanhóis.
Resposta da questão 2:
A viagem de Cabral ao litoral do Brasil fez parte de um projeto para reconhecer o litoral do
Brasil, que pertencia a Portugal desde 1494, quando do Tratado de Tordesilhas. A posse do
litoral do Brasil, somada a posse do litoral africano, garantiria ao reino lusitano o controle sobre
a rota atlântica em direção ao oriente e suas especiarias.
As “grandes navegações” foram impulsionadas pela necessidade de superar a crise econômica
do século XIV, determinada pela retração da produção agrícola devido às guerras e a peste
negra; ao mesmo tempo contribuiu para consolidar o Estado Nacional, nova forma de
organização política constituída no final do período medieval.
Resposta da questão 3:
[A]
Resposta da questão 4:
[B]
A partir dos versos de Fernando Pessoa percebe-se a referência ao Mediterrâneo, “mar com
fim”, utilizado pelos gregos em suas diáspora e atividades mercantis e que, séculos depois
ficou sobre controle dos romanos a ponto de ser tratado pelos mesmos como o mare nostrum.
Ao mesmo tempo, refere-se ao “mar sem fim”, numa alusão ao Atlântico, desconhecido no
primeiro século de expansão marítima e que ficou sobre controle português, garantindo ao
Estado lusitano o caminho para as Índias, o controle do litoral africano e as terras litorâneas do
Brasil.
Resposta da questão 5:
[C]
Resposta da questão 7:
[C]
Resposta da questão 8:
[A]
Resposta da questão 9:
a) De acordo com o texto, Colombo pretendia obter recursos para organizar uma nova
Cruzada, evidenciado a finalidades religiosas no seu ímpeto para as suas viagens.