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ÍNDICE

1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO........................................................ 1
1.1. Apresentação geral.................................................................................................. 1
1.2. Histórico do empreendimento.................................................................................. 3
1.2.1. Histórico de Pains................................................................................................. 3
1.2.2. Histórico de Corumbá........................................................................................... 5
1.2.3. Histórico do processo............................................................................................ 5
1.3. Localização e vias de acesso.................................................................................. 8
1.4. DNPM: identificação da poligonal e adjacentes; fase do processo......................... 10
1.5. Geologia da mina, produto final, reservas minerais, escala de produção e vida
12
útil. Material estéril: volume, decapeamento e disposição..............................................
1.6. Método de lavra / Plano de fogo.............................................................................. 15
1.7. Transporte do minério.............................................................................................. 18
1.8. Beneficiamento........................................................................................................ 18
1.9. Descrição dos insumos utilizados nos processos minerário e industrial................. 22
1.10. Descrição dos equipamentos e maquinários utilizados nos processos minerário
22
e industrial.......................................................................................................................
1.11. Infra-estrutura: instalações de apoio, fontes de abastecimento de energia e
24
água................................................................................................................................
1.11.1. Infra-estrutura...................................................................................................... 24
1.11.2. Desenvolvimento da mina................................................................................... 25
1.11.3. Meio ambiente..................................................................................................... 26
1.12. Mão-de-obra fixa e terceirizada............................................................................. 26
1.13. Demanda do produto x produção x viabilidade ambiental..................................... 26
1.14. Fluxograma do empreendimento........................................................................... 27
1.15. Fluxograma dos sistemas de produção................................................................. 27
1.16. Cartografia base..................................................................................................... 27
2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL..................................................................................... 28
2.1. Definição das áreas de influência do empreendimento........................................... 28
2.1.1. Área de influência sobre o meio físico.................................................................. 29
2.1.1.1. Área de influência direta (AID)........................................................................... 29
2.1.1.1.1. Área diretamente afetada (ADA)..................................................................... 30
2.1.1.1.2. Área de entorno (AE)...................................................................................... 30
2.1.1.2. Área de influência indireta (AII).......................................................................... 34
2.1.2. Área de influência sobre o meio biótico................................................................ 35

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2.1.2.1. Área de influência direta (AID)........................................................................... 35
2.1.2.1.1. Área diretamente afetada (ADA)..................................................................... 35
2.1.2.1.2. Área de entorno (AE)...................................................................................... 36
2.1.2.2. Área de influência indireta (AII).......................................................................... 36
2.1.3. Área de influência sobre o meio sócio-econômico................................................ 36
2.1.3.1. Área de influência direta (AID)........................................................................... 36
2.1.3.1.1. Área diretamente afetada (ADA)..................................................................... 37
2.1.3.1.2. Área de entorno (AE)...................................................................................... 37
2.1.3.2. Área de influência indireta (AII).......................................................................... 37
2.2. Meio físico................................................................................................................ 38
2.2.1. Geologia................................................................................................................ 38
2.2.1.1. Geologia regional............................................................................................... 38
2.2.1.2. Geologia local.................................................................................................... 39
2.2.1.3. Geologia estrutural............................................................................................. 40
2.2.2. Geomorfologia....................................................................................................... 41
2.2.2.1. Exocarste........................................................................................................... 41
2.2.2.1.1. Geomorfologia cárstica................................................................................... 41
2.2.2.1.2. Geomorfologia regional................................................................................... 42
2.2.2.1.3. Geomorfologia local........................................................................................ 46
2.2.2.1.4. Aspectos hidrogeológicos............................................................................... 47
2.2.2.2. Endocarste......................................................................................................... 49
2.2.2.2.1. Prospecção espeleológica e paleontológica................................................... 49
2.2.2.2.2. Prospecção bioespeleológica......................................................................... 85
2.2.2.2.3. Prospecção arqueológica................................................................................ 100
2.2.2.2.4. Valoração das cavidades................................................................................ 116
2.2.2.3. Produtos cartográficos....................................................................................... 123
2.2.3. Conclusões e recomendações.............................................................................. 123
2.2.4. Hidrografia............................................................................................................. 125
2.2.5. Hidrogeologia........................................................................................................ 127
2.2.6. Qualidade do ar..................................................................................................... 127
2.2.7. Ruído..................................................................................................................... 127
2.3. Meio biótico.............................................................................................................. 128
2.3.1. Caracterização da flora......................................................................................... 128
2.3.1.1. Objetivos............................................................................................................ 128
2.3.1.2. Metodologia........................................................................................................ 128
2.3.1.3. Diagnóstico ambiental da área de influência indireta........................................ 133

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2.3.1.3.1. Ecossistemas terrestres.................................................................................. 133
2.3.1.4. Diagnóstico ambiental das áreas de entorno e diretamente afetada................. 152
2.3.1.4.1 Ecossistemas terrestres................................................................................... 152
2.3.1.5. Prognóstico 162
2.3.1.5.1. Sem o empreendimento.................................................................................. 162
2.3.1.5.2. Com o empreendimento.................................................................................. 163
2.3.2. Caracterização da fauna....................................................................................... 163
2.3.2.1. Mastofauna........................................................................................................ 165
2.3.2.2. Avifauna............................................................................................................. 168
2.3.2.3. Herpetofauna..................................................................................................... 176
2.3.2.4. Ictiofauna............................................................................................................ 184
2.3.2.5. Documentação fotográfica................................................................................. 181
2.3.3. Caracterização bioespeleológica.......................................................................... 183
2.4. Meio sócio-econômico............................................................................................. 184
2.4.1. Patrimônio cultural................................................................................................ 202
2.4.2. Patrimônio natural................................................................................................. 202
3. ANÁLISE INTEGRADA.............................................................................................. 205
4. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS.......................... 207
4.1. Metodologia de avaliação de impactos.................................................................... 207
4.2 Avaliação dos impactos ambientais e medidas de mitigação................................... 209
4.2.1. Passivo ambiental................................................................................................. 209
4.2.2. Impactos sobre o meio físico................................................................................ 209
4.2.2.1. Alteração da morfologia dos terrenos e degradação da paisagem................... 209
4.2.2.2. Alteração da estrutura e fertilidade dos solos.................................................... 211
4.2.2.3. Interferência no uso do solo............................................................................... 211
4.2.2.4. Alteração da qualidade das águas..................................................................... 212
4.2.2.5. Riscos às zonas de recarga subterrânea........................................................... 213
4.2.2.6. Riscos ao patrimônio natural.............................................................................. 214
4.2.2.7. Alteração da qualidade do ar............................................................................. 215
4.2.2.8. Poluição sonora................................................................................................. 216
4.2.2.9. Geração de resíduos sólidos e lixo doméstico................................................... 216
4.2.3. Impactos sobre o meio biótico.............................................................................. 217
4.2.3.1. Redução de áreas com cobertura vegetal nativa............................................... 217
4.2.3.2. Desconexão de áreas remanescentes............................................................... 219
4.2.3.3. Perda de populações......................................................................................... 220
4.2.3.4. Aumento do material particulado proveniente da extração do calcário............. 221

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4.2.3.5. Pressão sobre a fauna....................................................................................... 221
4.2.4. Impactos sobre o meio sócio-econômico............................................................. 223
4.2.4.1. Impactos sobre a segurança e saúde dos funcionários..................................... 223
4.2.4.2. Criação de postos de trabalho........................................................................... 224
4.2.4.3. Tráfego de máquinas e veículos........................................................................ 224
4.2.5. Síntese da qualidade ambiental............................................................................ 225
5. PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS MITIGADORAS.......................................................... 228
5.1. Medidas de minimização.......................................................................................... 228
5.1.1. Construção de depósito de solo orgânico............................................................. 228
5.1.2. Construção de depósito de estéril......................................................................... 228
5.1.3. Implantação de sistema de separação de efluentes oleosos............................... 228
5.1.4. Implantação de sistema de tratamento de esgoto sanitário.................................. 229
5.1.5. Aspersão de água nas vias de circulação por caminhão pipa.............................. 229
5.1.6. Perfuração a úmido com uso de injeção de ar e água.......................................... 230
5.1.7. Adoção de rompedor hidráulico............................................................................ 230
5.1.8. Implantação de coleta seletiva e estocagem adequada....................................... 230
5.1.9. Implantação de sinalização de segurança............................................................ 230
5.1.10. Adoção de medidas de higiene industrial e segurança do trabalho................... 231
5.1.11. Resgate de espécies epífitas e rupícolas........................................................... 232
5.1.12. Preservação das feições cársticas relevantes.................................................... 232
5.2. Medidas de reabilitação........................................................................................... 233
5.2.1. Implantação do plano de recuperação de áreas degradadas............................... 233
5.2.2. Implantação de sistema de drenagem e decantação de águas pluviais.............. 233
5.2.3. Implantação de corredor ecológico....................................................................... 234
5.3. Medidas de compensação....................................................................................... 234
5.3.1. Manutenção de unidade de conservação............................................................. 234
5.3.2. Apoiar a criação de um Museu Histórico em Pains.............................................. 234
6. PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DOS IMPACTOS
235
AMBIENTAIS..................................................................................................................
7. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL................................................................................. 237
8. PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS...................................... 238
9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................................... 239
10. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 240
11. ANEXOS................................................................................................................... 246
12. ANOTAÇÕES DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA.............................................. 247
13. PRODUTOS CARTOGRÁFICOS............................................................................. 248

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RELAÇÃO DE ANEXOS

• Fluxograma do beneficiamento da Mineração João Vaz Sobrinho, em Limeira


• Listagem geral das espécies vegetais citadas para os municípios de Pains, Arcos e
Iguatama e registradas para a área da Mineração João Vaz Sobrinho
• Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD

PRODUTOS CARTOGRÁFICOS

• Planta de Detalhe Planialtimétrica / Superficiários, escala 1:10.000


• Planta de Detalhe Planimétrica das Propriedades, escala 1:10.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Corumbá – Espólio de Pedro Alves Teixeira,
escala 1:10.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Posse Grande – Ana Alves Teixeira de
Oliveira, escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Posse Grande – Companhia Siderúrgica
Nacional, escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da gleba de terras da Ical – Indústria de Calcinação
Ltda., escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da gleba de terras da Ical – Indústria de Calcinação
Ltda., escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da gleba de terras de Ronaldo Garcia, escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Mato do Alto – Mineração João Vaz
Sobrinho, escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Ambrósio – Ana Alves Teixeira de Oliveira,
escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Dona Rita – Jorge Antônio da Costa, escala
1:10.000
• Planta de Detalhe Base/ Planialtimetria, escala 1:5.000
• Mapa da área de influência direta do empreendimento, escala 1:50.000
• Mapa Geológico e Localização das Cavidades, escala 1:5.000
• Mapa Geomorfológico da Província Cárstica do Alto São Francisco
• Mapa de Zoneamento Ambiental, escala 1:5.000
• Mapas das Projeções Horizontais das Cavidades

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RELAÇÃO DE FIGURAS

Figura 1: Método de lavra


Figura 2: Proteção de borda de cava
Figura 3: Mapa base
Figura 4: Pedologia
Figura 5: Mapa dos domínios estruturais da parte sul da Bacia do São Francisco (segundo
Martins-Neto e Alkmim 2001)
Figura 6: Comparação entre tipos de artefatos vinculados à tradição Sapucaí e Una (Prous
1992, Martin 1994). Atentando-se para as respectivas escalas, percebe-se uma oposição
morfológica e volumétrica entre os conjuntos cerâmicos de cada uma das Tradições.
Destaca-se a foto de um vasilhame encontrado no município de Pium-hí, que passou a
denominar uma variante estilística da Tradição Una
Figura 7: Rede hidrográfica
Figura 8: Localização das áreas de estudo para os estudos de flora, Mineração João Vaz
Sobrinho (Pains, MG)
Figura 9: Localização das áreas de estudo para os estudos de flora, Mineração João Vaz
Figura 10: Enquadramento fitogeográfico segundo o Mapa de Biomas do IBGE (2004)
Figura 11: Unidades de conservação próximas da Mineração João Vaz Sobrinho
Figura 12: Localização e distância aproximada das áreas prioritárias para conservação em
relação à área de intervenção
Figura 13: Distribuição espacial da cobertura vegetal nativa e classes de uso do solo
Figura 14: Distribuição das classes de uso e ocupação do solo e vegetação nativa na área
de entorno da Mineração João Vaz Sobrinho
Figura 15: Distribuição das classes de uso e ocupação do solo e cobertura vegetal na ADA
Figura 16: Área potencial para plantio para formação de corredor ecológico e compensação
florestal

RELAÇÃO DE FOTOS

Foto 1: Espeleotemas da Gruta do Sapateiro


Foto 2: Abrigo onde a água é utilizada para descedentação animal
Foto 3: Ressurgência do Abrigo da Caixa D’água
Foto 4: Pequeno abrigo na base de paredão
Foto 5: Pequeno abrigo na base de paredão
Foto 6: Entrada da Gruta do Índio, mostrando as aberturas do nível superior e inferior

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Foto 7: Detalhe da brecha encontrada no interior da cavidade
Foto 8: Entrada da Caverna da Estrada
Foto 9: Interior da Caverna do Desmoronamento
Foto 10: Detalhe de espeleotema desenvolvido ao longo da fratura
Foto 11: Entrada da Gruta da Mina
Foto 12: Conduto no interior da cavidade
Foto 13: Entrada da Caverna Confusa
Foto 14: Entrada da Caverna do Ponto 42, vista de dentro para fora
Foto 15: Visada da entrada da Caverna Comunicante
Foto 16: Conduto meandrante evidenciando o crescimento dos espeleotemas ao longo do
fraturamento
Foto 17: Abrigo do Ponto 44
Foto 18: Conduto da Gruta Tunelzão
Foto 19: Camada de brecha em meio ao calcário
Foto 20: Aspecto do conduto com drenagem escavada no centro. Espeleotema métrico à
direita
Foto 21: Salão no conduto principal da cavidade
Foto 22: Interior da Caverna Continuação
Foto 23: Entrada da Gruta Inexistente
Foto 24: Opilião do gênero Gonissoma sp
Foto 25: Carapaça de escorpião encontrada no interior da cavidade
Foto 26: Barbeiro do gênero Zelurus sp
Foto 27: Opiliões do gênero Goniosoma sp
Foto 28: Conchas de gastrópoda em processo de fossilização
Foto 29: Barbeiros do gênero Triatoma em cópula na zona afótica
Foto 30: Aranha da espécie Enoploctenus cyclothorax
Foto 31: Maciço da Gruta Tunelzão
Foto 32: Fragmentos cerâmicos encontrados no interior da cavidade
Foto 33: Detalhe de fragmento cerâmico encontrado na gruta
Foto 34: Fragmento de cerâmica espesso encontrado no interior do Abrigo 42
Foto 35: Fragmentos cerâmicos do conjunto A
Foto 36: Borda cerâmica do conjunto B
Foto 37: Detalhe de instrumento de osso encontrado em travertino no interior da Gruta do
Índio
Foto 38: Detalhe de machadinho encontrado no interior da cavidade
Foto 39: Área do sítio de superfície Caminho do Índio

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Foto 40: Floresta estacional decidual (mata seca) sobre afloramento de rocha
Foto 41: Formações florestais em afloramento de rocha. Notar vegetação diferenciada entre
os encraves e borda dos afloramentos em relação à vegetação sobre os mesmos
Foto 42: Campo de várzea existente na área de influência, circundado por pastagem
Foto 43: Presença das raízes de gameleira ( Ficus sp.) sobre o afloramento rocha
Foto 44: Formações florestais em afloramento de rocha. Notar a expressiva quantidade de
trepadeiras na borda da formação vegetal
Foto 45: Formações florestais em afloramento de rocha circundando área de pastagem.
Notar conexão entre a vegetação
Foto 46: Presença de áreas de pastagem limitadas pelas formações florestais existentes na
base do afloramento de rocha. Notar presença de erosão laminar e pequenos sulcos na
área de pastagem
Foto 47: Floresta decidual com dominância da aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva)
Foto 48: Área de exploração do calcário desativada, com a cobertura vegetal impactada
Foto 49: Cobertura vegetal nativa da ADA onde estão previstas as instalações de apoio do
empreendimento
Foto 50: Detalhe da presença da espécie Aechmea bromeliaefolia (bromélia), crescendo
sobre rocha em locais de acúmulo de matéria orgânica
Foto 51: Cobertura vegetal secundarizada na área prevista para lavra
Foto 52: Macaco prego (Cebus nigritus) fotografado na AID
Foto 53: Siriema (Cariama cristata) ave muito comum no cerrado brasileiro
Foto 54: Lagarto (Tropidurus itambere) abundante na região
Foto 55: Fezes de capivara
Foto 56: Pegada de furão
Foto 57: Pomba (Columbidae)
Foto 58: Gavião caracará
Foto 59: Jararaca
Foto 60: Tatu (Dasypus septcinctus)
Foto 61: Visita ao museu de Corumbá
Foto 62: Quati atropelado na estrada de acesso
Foto 63: Fezes de cachorro do mato
Foto 64: Buraco de tatu na AID
Foto 65: Pegada de capivara
Foto 66: Tamanduá morto na estrada de acesso
Foto 67: Pegada de tamanduá bandeira
Foto 68: Pato do mato

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Foto 69: Grupo de cabeça seca
Foto 70: Carcaça de tatu peba
Foto 71: Carcaça de tamanduá bandeira
Foto 72: Ouriço morto na estrada de acesso
Foto 73: Igreja do Rosário, em Pains
Foto 74: Cobertura vegetal localizada na área prevista para a instalação do empreendimento

RELAÇÃO DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Evolução da população rural e urbana de Pains (MG), 1970-2000


Gráfico 2: Evolução do PIB por setores de atividades - Pains
Gráfico 3: Evolução do destino do lixo em Pains, 1991
Gráfico 4: Evolução do destino do lixo em Pains, 2000
Gráfico 5: Evolução do número de consumidores de energia em Pains/MG
Gráfico 6: Consumo de energia em Pains/MG

RELAÇÃO DE TABELAS

Tabela 1: Vértices da poligonal


Tabela 2: Reservas de calcário
Tabela 3: Relação dos equipamentos a serem adquiridos
Tabela 4: Relação dos equipamentos do beneficiamento
Tabela 5: Classificação resumida dos principais tipos de depósitos sedimentares em
cavernas, abordando sua proveniência e principais processos de acúmulo de sedimentos,
modificado de Valeriano (1988). *Segundo Lino (1989)
Tabela 6: Fauna cavernícola observada na Gruta do Índio
Tabela 7: Fauna cavernícola observada na Caverna 24
Tabela 8: Fauna cavernícola observada na Caverna do Desmoronamento
Tabela 9: Fauna cavernícola observada na Caverna 27
Tabela 10: Fauna cavernícola observada na Gruta da Mina
Tabela 11: Fauna cavernícola observada na Caverna Confusa
Tabela 12: Fauna cavernícola observada na Gruta Comunicante
Tabela 13: Matriz de similaridade da fauna cavernícola observada nas grutas
Tabela 14: Diversidade total de espécies nas seis gutas que apresentaram alguma
relevância biológica na área em estudo
Tabela 15: Parâmetros para valoração e critérios de pontuação para as cavidades

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encontradas. Modificado de Brandt (2000)
Tabela 16: Valoração e níveis de relevância a serem aplicados a cada cavidade. Modificado
de Brandt (2000)
Tabela 17: Caracterização resumida das principais cavidades encontradas
Tabela 18: Valoração das cavidades encontradas na área. Modificado de Brandt (2000)
Tabela 19: Áreas de amostragem de flora, com localização, coordenadas geográficas e
ambientes componentes, Mineração João Vaz Sobrinho (Pains, MG)
Tabela 20: Relação das espécies vegetais ameaçadas de extinção citadas por Melo (2008)
para os municípios de Pains, Arcos e Iguatama
Tabela 21: Áreas prioritárias para a conservação registradas para o município de Pains /
MG, apresentando a categoria, ação recomendada e também a localização em relação ao
empreendimento
Tabela 22: Classes de uso do solo e cobertura vegetal nativa na área de influência da
Mineração João Vaz Sobrinho, em novembro de 2008
Tabela 23: Classes de uso do solo e cobertura vegetal nativa na área de entorno da
Mineração João Vaz Sobrinho
Tabela 24: Compartimentos da área diretamente afetada da Mineração João Vaz Sobrinho e
respectiva cobertura vegetal
Tabela 25: Classes de uso do solo e cobertura vegetal nativa na ADA da Mineração João
Vaz Sobrinho, em novembro de 2008
Tabela 26: Apresenta as estimativas da riqueza de espécies do Cerrado
Tabela 27: Número de espécies de vertebrados e plantas que ocorrem no Cerrado,
porcentagem de endemismos do bioma e proporção da riqueza de espécies do bioma em
relação à riqueza de espécies no Brasil
Tabela 28: Principais espécies da mastofauna, encontradas na região do empreendimento
Tabela 29: Representa a avifauna encontrada nas áreas de estudo
Tabela 30: Répteis encontrados na região
Tabela 31: Anfíbios encontrados na região
Tabela 32: Peixes encontrados na região
Tabela 33: Crescimento da população de Pains
Tabela 34: Evolução da arrecadação municipal (em R$) – Pains/MG
Tabela 35: Distribuição da propriedades rurais
Tabela 36: Produtividade agropecuária de Pains – 2002/2003
Tabela 37: Nº. de óbitos x morbidade
Tabela 38: Forma de abastecimento de água (em %) no município de Pains
Tabela 39: Evolução dos tipos de instalações sanitárias/Pains (%)

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Tabela 40: Classificação dos impactos
Tabela 41: Significância dos impactos
Tabela 42: Síntese dos impactos ambientais
Tabela 43: Monitoramento dos efluentes sanitários
Tabela 44: Monitoramento dos efluentes oleosos
Tabela 45: Monitoramento da qualidade da água superficial

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1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

1.1. Apresentação geral

RAZÃO SOCIAL: Mineração João Vaz Sobrinho Ltda.


ATIVIDADE: Indústria extrativa – extração mineral
CÓDIGO (DN COPAM Nº.:74/04): A-02-05-4
CNPJ: 20.651.683/0001-54 Inscrição Estadual: 042.518.267-0004
Endereço para Correspondência (Rua, Av., Nº.): Fazenda Cazanga, s/nº, zona rural, CX. P. 13
Município: Arcos Distrito: Arcos CEP: 37.292-000
Telefone: (37) 3352.2800 Fax: (31) 3352.2800 Endereço Eletrônico:
mineracao@cazanga.com.br
Localização do Empreendimento: Fazenda Amargoso, s/nº, zona rural, Pains
Coordenadas Geográficas (UTM): 7.748.000 N e 438.000 E
Lat. Sul: Long. Oeste:
Fonte: Datum: Ano:
Bacia (s) Hidrográfica (s) hierarquizada (s) até 5° grau mínimo (toponímia): Bacia do Rio São
Francisco, sub-bacia do Córrego Santo Antônio, vale do Rio São Miguel
Curso d´água mais próximo do empreendimento: Córrego Santo Antônio

Existência de Unidade(s) de Conservação no entorno do empreendimento, a menos de 10 km de


distância. (X)Sim ( )Não ( ) Distância: 6 km
( ) Uso Sustentável (X) Proteção Integral
( ) Federal (X) Estadual ( ) Municipal ( ) Privada
Órgão Executor:
Órgão Gestor:
Toponímia da(s) UC(s): Estação Ecológica de Corumbá

Classificação do Empreendimento (segundo a DN COPAM 74/04): A-02-05-4

Recursos Humanos
a) Número total de funcionários: 26
Próprios: 26 Terceirizados: 0

Capacidade de Produção
Capacidade nominal instalada de cominuição (t/dia):
ROM (média mensal): 50.000 toneladas
Produto (s) / Produção (média mensal):
Avanço de lavra anual (em ha):
Dimensões (área em ha)
Polígono minerário: 729,26 ha Reserva Legal: 8,10 ha
Área diretamente afetada: 40,39 ha APP(s):
Cava final: 7,09 ha Área(s) destinada(s) à preservação:
UC(s) do empreendimento:

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Responsável legal pelo empreendimento
Nome: Plácido Ribeiro Vaz
Cargo: Diretor
Formação profissional: Nº. de Registro Profissional:
Telefone: (37) 3352.2800 Fax: (37) 3352.2800 Endereço Eletrônico:
mineracao@cazanga.com.br
Responsável técnico pelo empreendimento
Nome: Francisco de Assis de Pinho Tavares
Cargo: Engenheiro de minas
Formação profissional: Eng. de minas Nº. de Registro Profissional: 19.216/D
Telefone: (31) 3225.5699 Fax: (31) 3225.5699 Endereço Eletrônico:
enal@enal.com.br
Responsável pela área ambiental do empreendimento
Nome: Francisco de Assis de Pinho Tavares
Cargo: Engenheiro de minas
Formação profissional: Eng. de minas Nº. de Registro Profissional: 19.216
Telefone: (31) 3225.5699 Fax: (31) 3225.5699 Endereço Eletrônico:
enal@enal.com.br
Coordenador do EIA
Nome: Paulo Cesar Pena
Nº. da ART: 508494
Formação profissional: Eng. de minas Nº. de Registro Profissional: 50.982/D
Telefone: (31) 3225.5699 Fax: (31) 3225.5699 Endereço Eletrônico:
paulo@enal.com.br
Equipe técnica de elaboração do EIA
Área de Nº. de Registro no
competência/respons Profissional Formação profissional Conselho de Classe
abilidade nos estudos (CRB, CREA)
Coordenação Paulo Cesar Pena Engenheiro de minas 50.982/D
Mariana Barbosa Engenheira ambiental /
91.733/D
Laudo espeleológico Timo espeleóloga
e paleontológico Rubens Pereira Historiador /
SBE 1470
da Silva espeleólogo
Laudo Maíra Fonseca da
Bióloga / espeleóloga CRBio 37.801/04-D
Bioespeleológico Cunha
Eliany Salaroli La Arqueóloga /
Laudo arqueológico SP 17.990.325-1
Salvia espeleóloga
Meio físico e
Marcos Elias Sala Geógrafo 81.731/D
socioeconômico
Eugênio Tameirão
Meio biótico - flora Biólogo CRBio 02441/04
Neto
Meio biótico - flora Thiago Mansur Biólogo CRBio 57244/04
Eduardo José da
Meio biótico - fauna Biólogo CRBio 49176/04
Silva
Plano de Fernando Antônio
recuperação de área Sasdelli Engenheiro agrônomo 54.019/D
degradada - PRAD Gonçalves
Fernando Antônio
Sasdelli Engenheiro agrônomo 54.019/D
Plano de utilização
Gonçalves
pretendida
Evandro Marinho Engenheiro florestal 91.337/D
Siqueira

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1.2. Histórico do empreendimento

O empreendimento em questão está localizado no município de Pains (apenas a porção NE


do polígono encontra-se em Arcos), em uma área distante do centro urbano do município. A
localidade mais próxima é o distrito de Corumbá. A população deste povoado é pequena,
sendo que boa parte se desloca diariamente para os centros urbanos de Arcos e Pains a
trabalho, enquanto que outros trabalham em mineradoras próximas ao povoado. Uma
terceira parte vive de atividades rurais, de subsistência e como empregados em grandes
propriedades.

O direito mineral remonta ao ano de 1995 quando a área foi requerida para pesquisa de
calcário, por terceiros.

1.2.1. Histórico de Pains

A primeira versão da história do município diz que, anteriormente habitada pelos índios, a
região onde hoje se encontra o município de Pains começou a ser explorada em 1820.
Segundo conta a história, em 1854, o capitão Manoel Gonçalves de Melo construiu, em sua
fazenda, uma capela em louvor a Nossa Senhora do Carmo. Como nas proximidades da
capela morava a família Pains, o local ficou conhecido como Capela dos Pains. O povoado
que se formou foi elevado a distrito em 1859, com a denominação de Nossa Senhora do
Carmo de Pains, sendo suprimido em 1870 e, novamente, restaurado um ano depois, com a
denominação reduzida.

Outra versão sobre a história de Pains, não contraditória à acima, mas complementar,
remonta aos anos de 1721-1725, quando Bartolomeu Bueno da Silva descobriu os
“fortunados mananciais” do Rio Vermelho, à altura das nascentes do Rio Araguaia, Goiás.
Nesta época começou a marcha de mineiros e paulistas para o Oeste, passando pelo
território na província de Minas que mais tarde seriam povoados, e entre eles estava Pains.

Em 1767 o governo assinou 20 cartas de sesmarias para a província de Minas. Entre os


sesmeiros, parentes de Inácio Corrêa Pamplona (encarregado de perseguir e dizimar os
índios e “calhambolas” nesta região), vieram estabelecer-se nas matas do Rio São
Francisco, como seu filho Padre Inácio Pamplona Corte Real, Bernardina Corrêa Pamplona
(doadora do patrimônio de Iguatama) João José Corrêa Pamplona e outros que deram

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origem à família Paim Pamplona. Do costume de se falar - “vamos à fazenda dos Paim” -
originou-se o nome do município.

Em 1830, na vizinhança dos Paim Pamplona, o Capitão Manoel Gonçalves de Melo, com
sua família, também adquiriu uma fazenda, a da Cachoeira. Tempos depois o Capitão doou
um terreno no centro da mata de Pains para construção de uma igreja em honra a Nossa
Senhora do Carmo. Esta doação juntou-se a outra, anteriormente feita por Manuel Antonio
de Araújo (na fazenda dos Araújos, nasceu Ana Jacinta de São José, a famosa Dona Bêja)
perfazendo quatro alqueires para a base de um povoado, ao redor da referida igreja. Em
1884 a igreja de Nossa Senhora do Carmo, hoje igreja do Rosário, ficou pronta.

Em 31 de dezembro de 1943, pelo decreto-lei número 1.058, foi obtida a emancipação


política, com a elevação de Pains à categoria de município, desmembrando-se do município
de Formiga, no qual se incluía o distrito de Pimenta, hoje também emancipado.

No início dos anos 40 começou um movimento para a emancipação de Pains. Pessoas


como Juca Goulart, Dr. Sócrates, Juca Maneca, Arlindo de Mello e outros foram importantes
para a emancipação. Uma pessoa que teve papel fundamental nesse processo foi Maria
Goulart, que residia em Belo Horizonte e tinha ótimo acesso ao meio político da capital
mineira. Foi ela quem trouxe para Pains um fotógrafo de origem alemã para fazer um álbum
fotográfico para o processo de emancipação. Finalmente a emancipação aconteceu em 31
de dezembro de 1943 com a publicação do decreto. No dia 01 de janeiro de 1944, Pains já
comemorava com desfiles de escolares e baile. Ao município de Pains foi acrescentado o
município de Pimenta.

A capela de Nossa Senhora do Carmo é a “Célula Mater” do distrito de Pains. Foi construída
em 1854 pelo Capitão Manoel Gonçalves de Melo, em terreno de sua fazenda, à margem
direita do Rio São Miguel. Construída a capela que é hoje a matriz de Pains, o Capitão
Manoel Gonçalves de Melo e seu confrontante Manoel Antonio de Araújo, concordaram em
doar à Padroeira, uma área de 12 hectares, para construir o patrimônio do núcleo de
colonização que então se iniciava.

A dois quilômetros da capela está situada a fazenda do Capitão Manoel Gonçalves de Melo
pertencente hoje aos seus herdeiros. Relíquia de família, a fazenda permanece conservada
em toda a sua integridade do arcaísmo de então, apesar dos 160 anos de existência.

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Havia naquelas imediações uma família de sobrenome Paim, daí era costume chamar-se a
capela de “Capela dos Pains” denominação que até hoje se conserva e que se estendeu a
todo o distrito.

O distrito de Pains foi criado em 2 de julho de 1859, pela lei nº. 1.675, e restaurado em
1871, pela lei nº. 1.854 de 12 de outubro. Desde 1926 é a vila de Pains sede da paróquia
Nossa Senhora do Carmo, tendo um vigário domiciliado.

1.2.2. Histórico de Corumbá

Após exaustivas pesquisas, só foi possível constatar que este povoado foi abrigo de negros
que fugiam de seus senhores durante a época da escravidão, especialmente no século
XVIII. Inicialmente, o povoado foi denominado de Quilombo do Ambrósio II, provavelmente
uma homenagem ao maior quilombo já registrado em Minas Gerais, que, homônimo, se
localizou na região de Araxá. Há a presença de uma mínima quantidade de índios no
povoado, pois a mestiçagem já tomou conta dos habitantes do povoado.

1.2.3. Histórico do processo

• 16/02/1995: área requerida por Cleuser José Teixeira para pesquisa de calcário;
• 11/11/1996: publicação da cessão do direito mineral para a Mineração João Vaz
Sobrinho Ltda.;
• 18/12/1996: publicação do alvará de pesquisa;
• 23/11/1999: apresentação do relatório final de pesquisa;
• 02/03/2001: aprovação do relatório final de pesquisa;
• 12/09/2001: requerimento da lavra;
• 05/03/2002: aprovação do plano de aproveitamento econômico;
• 15/02/2002: constatação da realização de lavra clandestina pela Tangará Mineração
e Transporte Ltda. e notificação ao seu proprietário – José da Costa Guimarães –
solicitando a regularização ambiental da área;
• 21/03/2002: notificação extrajudicial a José da Costa Guimarães reiterando o pedido
de regularização ambiental da área;
• 01/04/2002: notificação do Ministério Público de Minas Gerais para o representante
da empresa Tangará Mineração e Transporte Ltda. comparecer no Gabinete da
Promotoria de Justiça de Arcos;

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• 03/04/2002: audiência do Ministério Público com a MICROMINAS e diversas
empresas mineradoras em busca de uma solução jurídica para os trabalhadores
clandestinos;
• 04/04/2002: reunião entre a FEAM e José da Costa Guimarães na qual o
representante da Tangará Mineração e Transporte Ltda. foi orientada a comparecer
à Promotoria Pública para assinar um TAC;
• 05/04/2002: vistoria conjunta (FEAM, IBAMA, Polícia Florestal) na área, na qual a
FEAM solicita a paralisação das atividades da empresa Tangará Mineração e
Transporte Ltda.;
• 05/04/2002: contra notificação extrajudicial da empresa Tangará Mineração e
Transporte Ltda. à Mineração João Vaz Sobrinho Ltda.;
• 05/04/2002: fiscalização conjunta (FEAM, IBAMA, IGAM, DNPM e Polícia Ambiental)
nas instalações da empresa Mineração João Vaz Sobrinho Ltda.;
• 24/04/2002: denúncia ao 3º Distrito da lavra clandestina desenvolvida pela empresa
Tangará Mineração e Transportes Ltda.;
• 25/04/02: notificação da Promotoria de Justiça da Comarca de Arcos ao
representante da Mineração João Vaz Sobrinho Ltda. para comparecer no Gabinete
da Promotoria de Justiça de Arcos no dia 26/04/02;
• 26/04/2002: notificação da Polícia Militar ao representante da Mineração João Vaz
Sobrinho Ltda. para comparecer no Gabinete da Promotoria de Justiça de Arcos para
celebrar termo de ajustamento de conduta (celebrar acordo);
• 26/04/02: termo de audiência com a Mineração João Vaz Sobrinho Ltda. – proposta
de cessão de direitos minerais;
• 06/05/2002: instauração do Inquérito Civil nº. 029/2002 contra a Tangará Mineração
e Transporte Ltda.;
• 06/05/2002: instauração do Inquérito Civil nº. 031/2002 contra a Mineração João Vaz
Sobrinho Ltda.;
• 16/05/2002: denúncia ao IBAMA da lavra clandestina desenvolvida pela empresa
Tangará Mineração e Transportes Ltda.;
• 16/05/2002: denúncia à FEAM/COPAM da lavra clandestina desenvolvida pela
empresa Tangará Mineração e Transporte Ltda.;
• 21/05/2002: ofício nº. 035/2002 do Ministério Público Estadual comunicando
inspeção na área no dia 26/06/2002;
• 26/06/2002: assinatura do TAC pela Mineração João Vaz Sobrinho Ltda. para
recuperação da área degradada pela Tangará Mineração e Transporte Ltda.;
• 26/07/2002: apresentação de plano de recuperação da área degradada à FEAM;
6

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• 16/07/2003: cumprimento de exigência do ofício nº. 1916/2003 (DNPM) –
cumprimento da cláusula 1ª do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta;
• 08/11/2002: comunicado ao Ministério Público que a empresa está aguardando a
aprovação do PRAD para dar início à recuperação da área;
• 03/09/2003: apresentação de relatório de progresso e solicitação de prazo
suplementar para apresentação da licença de instalação em atendimento ao ofício
nº. 5857/2001 (DNPM).
• 23/052005: ofício DINME 083/2005 (FEAM) solicitando apresentação do PRAD;
• 31/05/2005: comunicado à FEAM da apresentação do PRAD em 26/07/2002 e
questionamento a respeito do início da sua implantação;
• 27/09/2005: ofício DINME 157/2005 (FEAM) aprovando o PRAD e solicitando o início
da sua execução;
• 05/05/2006: cumprimento da exigência do ofício nº. 085/2006 (DNPM) – cláusulas 5,
5.1 e 6 do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta;
• 28/03/2006: notificação do Ministério Público a respeito da execução do PRAD;
• 12/09/2006: boletim de ocorrência da Polícia Militar constando a restrição de acesso
para execução do PRAD;
• 15/09/2006: solicitação de mandato judicial para ingresso na área;
• 21/09/2006: comunicado à FEAM do andamento da execução do PRAD – medidas
judiciais e plano de ação;
• 25/09/2006: reunião na FEAM – apresentação de medidas judiciais para execução
do PRAD;
• 24/10/2006: cumprimento da exigência do ofício nº. 2151/2006 (DNPM) – apresentar
formulário de orientação básica Integrado sobre o licenciamento ambiental emitido
pelo sistema FEAM/COPAM;
• 31/10/2006: comunicado à FEAM sobre a recuperação da área degradada;
• 17/05/2007: solicitação ao 3º Distrito de prazo suplementar para cumprimento das
exigências do ofício nº. 981/2007 – recibo de entrega dos documentos do FOBI;
• 25/05/2007: requerimento de alvará judicial para ingresso na área;
• 14/08/2007: comunicado à FEAM da obtenção do alvará judicial para execução do
PRAD;
• 26/10/2007: solicitação ao 3º Distrito de prazo suplementar para cumprimento das
exigências do ofício nº. 3039/07 – recibo de entrega dos documentos do FOBI;
• 05/06/2008: autorizada a prorrogação do prazo de 180 dias para o cumprimento das
exigências do ofício 1019/2008 – apresentação da licença de instalação;

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• 05/11/2008: a Mineração João Vaz Sobrinho Ltda. adquire o terreno de Sebastião
Rodrigues de Brito que o havia adquirido de José da Costa Guimarães;
• 13/11/2008: pedido de relocação de reserva legal.

1.3. Localização e vias de acesso

O estudo realizado para o licenciamento das novas atividades da empresa Mineração João
Vaz Sobrinho Ltda. compreendeu apenas o município de Pains, visto que a área do polígono
pertencente ao município de Arcos é pouco significativa.

O empreendimento está localizado na Bacia do Rio São Francisco, na sub-bacia do Córrego


Santo Antônio, no estado de Minas Gerais, na região Oeste, na macro-região administrativa
do Alto São Francisco, e na micro-região de Formiga.

A micro-região de Formiga é muito importante para o Brasil e para o estado de Minas


Gerais, por possuir atividades econômicas muito intensas, como é o caso do comércio em
geral, das empresas que extraem matérias-primas abundantes na região, como calcário,
argila, areia, caulim, pirofilita, mica, granito e gnaisse, além das indústrias de transformação
mineral. O setor agropecuário também é forte, com produção de milho, arroz e feijão,
voltados para atender a priori o mercado interno, e café, com a produção voltada para
exportação. A micro-região também possui cerca de 10.000 cabeças de gado de corte e
cerca de 35.000 cabeças de gado leiteiro. A micro-região de Piumhí tem como principal
potencial econômico, atividades ligadas à agropecuária e turismo, como o cultivo de café,
milho, feijão e leite, além de ser a principal porta para a nascente do Rio São Francisco. Tais
vocações trazem a necessidade de investimento em infra-estrutura, o que torna os
municípios desta micro-região bons para se viver, apresentando bons indicadores de IDH.

Pains dista 217 km da capital mineira - Belo Horizonte -, está a 580 km da cidade do Rio de
Janeiro, e 500 km da cidade de São Paulo. Está distante 15 km da cidade de Formiga,
considerada a cidade mais importante de sua micro-região. Tendo como característica
peculiar à macro-região do Alto São Francisco, a ocorrência de calcário em grande escala, o
município de Pains, autodenominado “A Capital Mundial do Calcário”, possui uma extensão
territorial de 419,2 km2. Está localizado nas coordenadas 21º22’6” Latitude Sul e 45º39’59”
Longitude Oeste e possui 650 m de altitude mínima na foz do Córrego do Fundão, e 923 m
de altitude máxima no Morro do Café, e o ponto central da cidade tem 693,44 m. O índice
pluviométrico médio anual é de 1.426,3 mm, e a temperatura média anual é de 20,7°C. A

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topografia do município está dividida da seguinte forma: 60% ondulado, 30% plano e 10%
montanhoso (IGA/CETEC-2000). O município possui um distrito (Vila Costina), nenhum
subdistrito, e três localidades, que são: Capoeirão, Farinha Podre, e uma área conhecida
como Mina.

Este município é ligado à capital mineira pelas rodovias MG-170 e BR-354, que dão acesso
a MG-050 (acesso por Divinópolis), ou pela mesma MG-170, que dará acesso à BR-262,
passando por Arcos, Lagoa da Prata e Moema. Pains encontra-se limitada ao norte pelos
municípios de Iguatama e Arcos, a noroeste por Doresópolis, a oeste por Piumhí, a
sudoeste por Pimenta, a sudeste, por Córrego Fundo, a nordeste, por Japaraíba, e ao sul,
por Formiga.

Pains é cortada por rodovias que facilitam a ligação com centros fornecedores e
consumidores de insumos, matérias-primas e prestação de serviços, como a Região
Metropolitana de Belo Horizonte, Divinópolis e Formiga, Sul de Minas e estado de São
Paulo, e o Triângulo Mineiro. Para Belo Horizonte, o acesso se dá pelas rodovias MG-830
ou MG-439, destas para a MG-050 (também conhecida por Rodovia Newton Penido, cujo
acesso se dá por Divinópolis), ou pela mesma MG-439, que dá acesso a MG-170, que por
sua vez dá acesso à BR-262, passando por Lagoa da Prata e Moema. O principal corredor
rodoviário que leva à capital do estado de São Paulo é a BR-381, cujo acesso se dá através
da BR-354, que cruza esta via na altura das cidades de Perdões e Lavras.

A BR-354, que bifurca na MG-050 e dá opção de acesso a Pains, encontra-se em um


estado de conservação regular entre os municípios de Formiga e Arcos, estando bem
sinalizada, iluminada e com asfalto em boas condições, apesar de se observar algumas
rachaduras incipientes. Possui duas faixas para cada sentido, com acostamento. Todas as
demais rodovias, tanto as que dão acesso direto quanto as que dão acesso indireto à sede
de Pains, dispõem de uma faixa para cada sentido, sem canteiro central, com sinalização
precária, além do mau estado de conservação do asfalto. As exceções são a BR-262, que é
bem sinalizada, sendo mal conservada no trecho entre Belo Horizonte e a região de Leandro
Ferreira (próximo a Nova Serrana), e a rodovia MG-050, que é bem sinalizada apenas entre
Itaúna e Divinópolis.

Recentemente foi implementado, na rodovia MG-050, um sistema de cobrança de pedágio,


cuja empresa administradora é denominada “Nascentes das Gerais”. A despeito de o nome
ter pouca ou nenhuma relação com a atividade por ela exercida, no trecho entre Belo

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Horizonte e Arcos existem dois postos de cobrança, sendo necessário despender de R$
3,30 em cada um dos dois postos existentes neste trecho. Um terceiro ponto de cobrança
está em fase final de acabamento, próximo a Mateus Leme. O dinheiro, neste momento,
está sendo aplicado na recuperação da pavimentação asfáltica do trecho que compreende
os municípios de Mateus Leme/Juatuba e Formiga. Entretanto, a sinalização ainda está
precária, e a recuperação está sendo mal feita, pois os trechos já recuperados estão
repletos de saliências, o que compromete a dirigibilidade. Ainda, este pedagiamento está
onerando ainda mais a população mineira, já que o Imposto sobre Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA) do estado – cujo recolhimento deveria ser destinado a obras desta
natureza - é um dos mais caros do País.

Apesar da boa estrutura rodoviária, Pains não dispõe de estradas em boas condições de
conservação. Existem vários pontos críticos, sinalização precária e até mesmo ausência de
sinalização, além do tráfego intenso de caminhões (devido à intensa atividade calcária na
região) – que por transportarem calcário em estados físicos diferentes, tornam-se os
grandes responsáveis pelas emissões de poeira e poluição nas proximidades das sedes
municipais, o que dificulta ainda mais o trânsito no local - e ônibus (estes com maior
freqüência em horários de entrada e saída de alunos das faculdades de Formiga, Divinópolis
e Itaúna), acompanham estas rodovias em praticamente toda a extensão. Estudo feito pelo
DNIT, órgão governamental responsável pela construção e conservação das estradas
brasileiras, apontou que estradas mal conservadas aumentam o custo das mercadorias e
passagens em até 25%, devido às constantes manutenções que são necessárias aos
veículos. O atraso nas viagens também é um fator que prejudica bastante, além da maior
exposição ao risco de acidentes de todos os que as utilizam.

Para acessar a cidade de Pains utilizando ônibus intermunicipal com saída de Belo
Horizonte, a empresa que faz o percurso é a Viação Gardênia, que dispõe veículos de
segunda a sexta, cujo único horário diário de saída é às 16:45h. A cidade ainda dispõe de
mais 2 empresas que realizam viagens intermunicipais - Viação Campo Belo e Viação Aline
-, que levam para Formiga e Arcos, e Bambuí e Formiga, respectivamente.

1.4. DNPM: identificação da poligonal e adjacentes; fase do processo

O processo é identificado pelo nº. DNPM 830.547/1995. O requerimento de lavra foi


protocolado em 12 de setembro de 2001 e o plano de aproveitamento econômico foi julgado
satisfatório em 05 de março de 2002, através do ofício nº. 5.857.

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O polígono delimitador da área é irregular, de 16 lados, perfazendo uma superfície de
729,26 ha. A área está amarrada no PA-78 – Projeto Arcos: confluência do Córrego Fundo
com o Córrego Seco, cujas coordenadas geográficas são: latitude: -20º25’12”700 S e
longitude -45º31’51”000 W. O vértice nº. 1 (um) dista 7.542,00 metros desse ponto de
amarração segundo o rumo verdadeiro 47º56’59”998 NW. Os lados a partir deste vértice têm
as seguintes coordenadas:

Tabela 1: Vértices da poligonal


Latitude Longitude
-20°22'28''409 -45°35'04''121
-20°22'28''409 -45°35'24''018
-20°22'33''514 -45°35'24''018
-20°22'33''511 -45°36'07''813
-20°21'33''679 -45°36'07''806
-20°21'33''675 -45°36'35''011
-20°20'43''761 -45°36'35''003
-20°20'43''767 -45°35'27''221
-20°20'48''384 -45°35'27''221
-20°20'48''385 -45°35'12''534
-20°20'43''767 -45°35'12''534
-20°20'43''767 -45°35'12''051
-20°20'46''661 -45°35'12''051
-20°20'46''661 -45°34'53''295
-20°20'48''677 -45°34'53''295
-20°20'48''678 -45°35'04''121
-20°22'28''409 -45°35'04''121

O polígono abrange nove propriedades pertencentes a sete superficiários: Espólio de Pedro


Alves Teixeira, Ana Alves Teixeira de Oliveira (duas glebas), Companhia Siderúrgica
Nacional, ICAL – Indústria de Calcinação Ltda. (duas glebas), Ronaldo Garcia, Jorge
Antônio da Costa e Mineração João Vaz Sobrinho Ltda.

No Capítulo 13 (Produtos Cartográficos) são apresentados os mapas planialtimétrico e


planimétrico destacando todas as propriedades – Planta de Detalhe Planialtimétrica /
Superficiários e Planta de Detalhe Planialtimétrica das Propriedades, escala 1:10.000, além
do Levantamento Planimétrico de cada terreno, escalas 1:5.000 e 1:10.000.
11

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1.5. Geologia da mina, produto final, reservas minerais, escala de produção e vida útil.
Material estéril: volume, decapeamento e disposição

Na área estudada não afloram rochas do embasamento. Localmente a unidade basal do


Grupo Bambuí é constituída por argilitos de cores variadas, geralmente gradando de
marrom a amarelado, não sendo observados conglomerados basais.

Os pelitos passam gradacionalmente para intercalações de rochas carbonáticas ou pelito-


carbonáticas. São constituídos por calcilutitos e margas com estruturas sedimentares tais
como laminações plano-paralelas, cruzadas e ondulações.

Posteriormente ocorre um amplo domínio de rochas carbonáticas, mais precisamente


calcários calcíticos e magnesianos, alguns com a porcentagem de SiO2 em excesso. Este
pacote calcário pode atingir a espessura de 60 metros, sendo algumas vezes descontínuos.
Possui cor cinza claro, com laminações plano-paralelas e nível de calcarenitos. A
intercalação entre os pacotes calcíticos e magnesianos está na ordem de faixas métricas,
dificultando a separação em campo. Aliado a esta dificuldade encontram-se variações
laterais de fácies, com enriquecimento em sílica.

O contato desta unidade com os calcarenitos dolomíticos ou dolomitos sacaróides é irregular


e abrupto, sendo estes localizados preferencialmente no topo dos maciços, com cor preta e
lapiezamento vertical. A espessura desta faixa no local geralmente fica em torno dos 10
metros, com teores de magnésio e sílica variáveis.

Os dolarenitos ou dolomitos laminados são constituídos por rochas de cor cinza claro, com
laminações estromatolíticas. Os estratos possuem espessura média de um metro, podendo
chegar a 15 metros. Acima destes pode-se encontrar calcarenitos estromatolíticos,
dolarenitos calcíticos e calcirruditos dolomíticos. São rochas de cor escura com laminações
cruzadas e estromatólitos retrabalhados e lentes de sílex. Tipicamente o topo da seqüência
é recoberto por camada estromatolítica coberta por gretas de contração.

Recobrindo os dolomitos e correspondendo às maiores cotas altimétricas, podem ocorrer


camadas de argila com espessuras variáveis resultante das alterações dos pelitos
correlacionáveis à fácies psamo-pelítica de Magalhães (1989) e do produto residual dos
dolomitos de topo.

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Quanto a percentagem de CaO, MgO as rochas carbonáticas podem ser assim
classificadas:

A partir das inúmeras análises químicas realizadas foram caracterizados três tipos de
calcários:

• Calcário calcítico: CaO ≥ 54,0%; MgO ≤ 1,10% e SiO2 ≤ 2,0%; cor cinza com
granulometria fina a muito fina, estrutura compacta;
• Calcário magnesiano: CaO variando de 49% a 53%, MgO ≤ 4% e SiO2 ≤ 2,5%;
possui intercalações de calcário fino a muito fino, estruturas primárias incluem
estratificações cruzadas;
• Calcário dolomítico: CaO variando entre 35% e 41%; MgO variando entre 12% e
16% e SiO2 indefinido, com níveis de estromatólitos, granulometria mais grosseira
que o anterior e cor cinza, podendo apresentar cristais de calcita preta. Os dolomitos
incluem o dolomito calcítico, com teores CaO inferiores a 35% e MgO superior a
16%. Possuem cor cinza escuro estando muitas vezes associados aos
estromatólitos.

Devido à forma do jazimento e características estruturais, na prática os calcários foram


divididos em calcários calcíticos + calcários magnesianos e calcários dolomíticos + dolomito
calcítico + dolomito. Como as reservas foram estimadas a partir de observações de campo e
análises químicas, muitas delas foram inferidas. Para uma melhor avaliação da jazida
seriam necessários furos de sonda e métodos geofísicos, de forma a determinar a existência
e comportamento das falhas e litologias.

A reserva medida foi considerada quando a amostragem e a análise química evidenciaram a


continuidade do afloramento calcário em pelo menos dois pontos. Os critérios para reserva
indicada foram rochas aflorando e com análise química em pelo menos um ponto. Para
reservas inferidas os critérios basearam-se na geologia local, sem extrapolações a grandes
distâncias devido à ocorrência de falhamentos (sistema de horsts e grabens) na área. Como
pode ser observado os critérios foram conservadores. As reservas cubadas são as
seguintes:

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Tabela 2: Reservas de calcário
Calcário calcítico + calcário magnesiano
Medida Indicada Inferida
2.912.257,00 8.687.688,00 62.423.527,50
Calcário dolomítico + dolomito
Medida Indicada Inferida
48.003,75 428.951,25 4.884.766,88
Total
Medida Indicada Inferida
2.960.261,00 9.116.639,00 67.308.294,00

O plano de aproveitamento econômico englobou as reservas medida e indicada totalizando


12.076.900 t. A forma de cubagem da reserva indicada, pela certeza da sua existência
permite este englobamento.

A Mineração João Vaz Sobrinho lavra, beneficia e comercializa calcário nas formas bruta,
britada e moída, a granel e ensacada. Fornece à Belocal calcário na forma de brita para a
produção de cal virgem e hidratada. Fornece à S/A White Martins calcário britado para a
produção de cal virgem e gases industriais. Produz calcário para todas as aplicações
incluindo construção civil e ração animal. O calcário da futura mina será integrado a este mix
de produtos.

As numerosas aplicações do calcário tornam essa substância uma das mais importantes
matérias-primas minerais. A seguir algumas aplicações mais comuns do calcário:

• Agregados empregados na construção civil;


• Emprego na indústria siderúrgica como fundente;
• Ração animal como complemento alimentar de cálcio;
• Pó calcário como corretivo de pH dos solos e fonte de magnésio.

Os produtos oriundos do calcário com destaque para a cal e o carbonato de cálcio


encontram aplicação nas seguintes atividades industriais:

• Plásticos: tubos, conexões, calhas, mangueiras, tapetes, couros sintéticos,


revestimentos, panos plásticos, sacos, malas, bolsas, luvas, botões, recipientes, fios
condutores, carrocerias, barcos, sapatos, tubos extrudados, brinquedos;
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• Tintas: gráficas, plásticas, à base de água, resinas e óleos, massas plásticas, látex;
• Borracha: mangueiras, tapetes, pneus, bolas, luvas, balões, arruelas, solas e saltos,
peças para a indústria automobilística, tubos extrudados, botas, correias;
• Papel: papel para cigarro, papel para livro à prova de envelhecimento, revestimento
de papel couchê;
• Produtos farmacêuticos: antibióticos, comprimidos e cápsulas, estabilizantes e
suspensões medicinais, pomadas, produtos veterinários;
• Indústria alimentícia: sal de cozinha, pós para refresco, gomas de mascar, vinhos,
fermentos sintéticos, farinhas enriquecidas em minerais;
• Colas e adesivos: esparadrapos, colas sintéticas e fitas adesivas coloridas;
• Cosméticos: batom, pó-de-arroz, rouge, máscaras;
• Higiene dental: pastas dentifrícias;
• Vidros: vidros e cristais;
• Sabões: sabões, sabonetes, pós-polidores;
• Diversos: íons de cálcio, neutralizadores de ácidos, fermentos (nutritivos e
estabilizadores de pH), carga para pastilhas de anil, explosivos, fósforos, lactato de
cálcio, gluconato de cálcio, citrato de cálcio.

A produção prevista de 600.000 t/ano de calcário bruto (50.000 t/mês) dará à mina uma vida
útil de 20,13 anos. Visto a jazida não possuir capeamento, a produção estimada de rejeitos
e ou estéreis (material impuro e/ou contaminado) é de 1% da produção nominal, ou seja,
500 t/mês. Esse material será disposto em pátio com aproximadamente 4.000 m2,
construído em área terraplenada, compactada e drenada para calota de contenção do
material carreado.

1.6. Método de lavra / Plano de fogo

O método de lavra a ser implantado será o clássico na extração de calcário, ou seja, lavra a
céu aberto em bancadas e acessos laterais a estas bancadas. Serão desenvolvidos bancos
com altura de 10 metros, com as bermas com largura de 10 ou 20 metros. O acesso de
caminhões para carregamento de minério e estéril nas bermas se dará através de estradas
laterais. Estas bermas terão inclinação lateral de 0,5% e da borda do banco para o canto de
1%. Veja abaixo a Figura 1 ilustrando o método de lavra.

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Figura 1: Método de lavra

10m
0,5%
MÉTODO DE
10m
LAVRA

10m
1,0%
ACESSO

10m

10m
10m

ACESSO

SOLO

As bordas das bermas, devido ao trânsito de caminhões, serão protegidas. Esta proteção
será composta de leira e valeta de drenagem. Em locais de curva e/ou trânsito intenso as
leiras poderão ser substituídas por pedras grandes pintadas de branco. A Figura2 ilustra
esta proteção. As dimensões médias em metros admitidas são: A = 0,5, B = 1, C = 0,8, D =
1 e E = 0,8. A dimensão mínima da proteção da borda da cava (D), metade do diâmetro do
maior pneu utilizado, está prevista na NR-22 da lei 6.514 de 22/12/1977 do Ministério do
Trabalho.

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Figura 2: Proteção de borda de cava

VALETA

BERMA PRINCIPAL D
CRISTA DO TALUDE

A
C E
TALUDE
BERMA
PROTEÇÃO DE
BORDA DE CAVA

O dimensionamento do plano de fogo irá considerar as relações existentes entre a


geometria da perfuração, as características da rocha e a capacidade da britagem da planta
de beneficiamento, além dos equipamentos de perfuração e carregamento disponíveis. A
detonação ocorrerá de forma seqüenciada, fragmentando a rocha e lançando-a para a praça
de trabalho.

A perfuração para o desmonte com explosivos será realizada por perfuratriz pneumática. Os
explosivos utilizados serão encartuchado de 2 x 24 polegadas, encartuchado de 1 x 24
polegadas, granulado de alta densidade e granulado de baixa densidade e os acessórios
serão cordel detonante NP 10, NP 5, espoleta simples, estopim e retardos de 20 e 10 ms.

A malha de furação conterá furos verticais com 10 metros de profundidade, no diâmetro 3


polegadas, distribuídos em linhas. O afastamento será de 2 metros e o espaçamento de 4
metros. A carga de fundo de 1 metro será constituída por encartuchado e a carga de coluna
será preenchida granulado e encartuchado. O tampão de 1 metro será feito de brita 0 e a
sub-furação terá cerca de 0,60 a 0,80 metros.

Mensalmente serão efetuados quatro fogos. As detonações ocorrerão de 11:00 às 12:00 h


ou de 16:00 às 17:00 h, precedidas de aviso sonoro de advertência para segurança dos

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funcionários. Os matacos serão desmontados por rompedor hidráulico, portanto, não haverá
fogacho. A operação de lavra será executada de modo que se configure uma geometria
estável dos taludes.

A limpeza e o carregamento do material desmontado serão realizados por carregadeiras


sobre pneus.

Auxiliando as operações de lavra estarão disponíveis uma caminhonete e um caminhão pipa


com capacidade para 8.000 litros.

1.7. Transporte do minério

O minério desmontado será carregado na mina através de duas carregadeiras de fabricação


CASE, modelo W36. O transporte do calcário no trajeto mina/britador, até as instalações da
empresa em Limeira, num trajeto de 14 km, será feito por quatro caminhões basculantes,
duas unidades MERCEDES BENZ e duas unidades VOLVO.

O transporte do produto acabado, por conta do comprador, será feito por carretas de
carroceria para o produto embalado em sacos e big bags e por carretas graneleiras para o
produto não embalado.

1.8. Beneficiamento

A mina da fazenda Amargoso abastecerá as instalações de britagem e moagem da fazenda


Limeira, localizada em Arcos, distante 14 km.

A capacidade nominal da indústria é para o processamento de 2.600.000 t de calcário por


ano. No ano de 2008 sua produção efetiva foi de 1.901.736 t.

O beneficiamento é feito em 2 linhas de britagem independentes, 1 linha de moagem


composta por moinhos de martelos e bolas e 1 linha denominada Granilha ou fábrica de
componentes para ração animal.

As linhas de britagem produzem britas nas granulometrias 2, 1, 0 e pedriscos e/ou pó de


pedra. A linha de moagem produz pó calcário calcítico, magnesiano e dolomítico com PRNT

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de 80 a 100%. A linha de componentes para ração mói e classifica calcário nas faixas de 10
a 20 mesh, abaixo de 50 mesh, abaixo de 200 mesh e abaixo de 325 mesh.

Estes produtos atendem à demanda dos setores como siderurgia, indústria de cal,
fertilizantes, ração animal, corretivo de solo e construção civil.

A planta de beneficiamento é composta pelas unidades de britagem CBM-01, CBM-02,


moagem CM-01 e fábrica de componentes para ração animal – Granilha. Para melhor
compreensão e simplificação da descrição do fluxograma das unidades serão usadas as
siglas abaixo definidas para designação dos equipamentos: alimentador vibratório – AV,
peneira vibratória – PV, britador de mandíbulas – BR, britador cônico – BG, pilhas de
minério – P, transportador de correia – TC, transportador de rosca – TR, moinho de martelos
– MM, moinho de bolas – MB, válvula rotativa – VR, exaustor – EX, elevador de canecas –
EC e ensacadeiras – ES.

O beneficiamento no circuito de britagem CBM-01, tem início com o basculamento do


minério no alimentador vibratório. Parte do calcário segue para o britador primário BR-01,
após a cominuição, segue para classificação na peneira vibratória PV-01 e parte
diretamente do alimentador vibratório conjuntamente com o undersize segue pelo
transportador de correia TC-01 para classificação na peneira vibratória PV-02. O oversize da
peneira vibratória PV-01 segue para o britador secundário BR-02 e após cominuição, pelo
TC-01 para classificação na peneira vibratória PV-02.

Na PV-02, que possui quatro decks, o undersize segue pelo transportador de correia TC-
04A, na seqüência pelo TC-04 para pilha que servirá de alimentação da moagem. Parte do
passante no terceiro deck segue pelo TC-07 para a peneira vibratória PV-06; e parte do
passante no segundo e terceiro decks segue pelo TC-02 para a peneira vibratória PV-03;
parte do passante no primeiro e segundo decks segue pelo TC-06, parte deste material
segue pela TC-09 formando a pilha de material P-7 de calcário calcítico da White Martins,
parte segue pela TC-51, formando a pilha P-7 de calcário dolomítico da Belocal, e parte
segue pela TC-22 e na seqüência diretamente para a Belocal. O oversize da PV-02 e parte
do passante no primeiro deck retornam pela TC-05 para o britador BR-02, fechando esta
etapa do circuito.

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Na PV-03 o undersize forma outra pilha de alimentação da moagem, o passante no segundo
deck forma a pilha P-1 de calcário dolomítico, o passante no primeiro deck forma uma pilha
P-2 de calcário dolomítico, e o oversize segue pelo TC-03 formando a pilha P-5.

Paralelamente e em conjunto com o CBM-01 opera o circuito CBM-02, que tem início com o
basculamento do minério no alimentador vibratório AV-02, parte deste minério escoa por
gravidade para o britador BR-03 na seqüência segue pelo TC-10 para a PV-04, e parte
segue diretamente, sem passar pelo BR-03 pelo transportador de correia TC-10, para PV-
04. Nesta peneira, o oversize e o passante no primeiro deck seguem para o britador BR-04,
após cominuição, juntamente com o undersize, pelo TC-11, TC-12 para a peneira vibratória
PV-05.

A peneira vibratória PV-05 possui quatro decks; o oversize e parte do passante no primeiro
deck seguem pelo transportador de correia TC-13 para os britadores BR-05 e BR-06 que
funcionam em paralelo, na seqüência pelo transportador de correia TC-11 e TC-12
juntamente com o material do britador BR-04 e da PV-04 para reclassificação na PV-05. O
undersize da PV-05 segue pelo TC-30, e na seqüência para o TC-04A, TC-04 para formar a
pilha de alimentação da moagem. Parte do passante no terceiro deck segue pelo TC-15
para a peneira PV-06. Parte do passante no segundo deck e parte do passante no primeiro
deck seguem pelo TC-14, TC-51 e formarão também a pilha de minério P-7 de calcário
dolomítico, material que é destinado à Belocal. Parte do passante no segundo deck e no
terceiro deck seguem pelo TC-30 na seqüência pelo TC-02 para a PV-03. O minério da pilha
P-7 de calcário calcítico da Belocal segue pelo TC-24 para uma peneira de tela fixa com
malha de 68 mm, o oversize destina-se ao abastecimento dos caminhões e o undersize é
para alimentação do circuito de moagem. Parte do minério proveniente do primeiro deck e
do segundo deck, a partir do TC-14 segue para o TC-09 e forma a pilha P-7 de calcário
calcítico, destinado à White Martins. Parte do minério desta pilha segue para o TC-23, na
seqüência para peneira vibratória de dois decks PV-07; nesta o undersize é direcionado pelo
TC-29A formando outra pilha de alimentação da moagem, o oversize é direcionado para o
carregamento dos caminhões, e o passante do primeiro deck segue pelo TC-29 formando
outra a pilha de minério.

A peneira PV-06 possui quatro decks, o oversize segue pelo TC-19, na seqüência para pilha
pulmão P-3, segue pelo TC-21 e abastece o britador cônico BG-01 e na seqüência
passando pelo TC-20, TC-15 fechando o circuito na PV-06, este material possui
granulometria entre 30 – 50 mm. O passante do terceiro deck segue pelo TC-16 e forma a

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pilha P-0 e que abastece os caminhões pela TC-25, este material possui granulometria entre
6 – 12 mm. O passante no segundo deck segue pelo TC-17 e formará a pilha de minério P-
1, que serve de base para carregamento dos caminhões pela TC-26, este material possui
granulometria variando entre 12 – 22 mm. O passante no primeiro deck segue pelo TC-18,
formando a pilha de minério P-2 e através do TC-27 carrega os caminhões. O undersize da
PV-06 segue pelo TC-08, na seqüência para o TC-04A, e TC-04 formando pilha para
abastecimento da moagem.

Para o circuito da fábrica de componentes para ração animal são utilizados, além do minério
estocado nas pilhas destinadas a moagem o material também estocado nas pilhas P-0, P-1,
P-2 e P-3.

O processo tem início com a deposição do calcário no silo de matéria prima por caminhões
na seqüência parte passa pelo moinho de martelos MM-01, pela válvula rotativa VR-02, e
parte sai diretamente do silo para a válvula rotativa VR-01 ambos seguem pelo
transportador de rosca TR-01 para peneira vibratória PV-1. O oversize com granulometria
entre 10 – 20 mesh segue pelo TR-03, na seqüência para o elevador de canecas EC-05
para armazenagem em um silo. O undersize segue pelo TR-02 na seqüência para o
elevador de canecas EC-01; passa pela válvula rotativa VR-03 escoando para o exaustor
EX-01. Neste são separados três produtos. O primeiro segue para a VR-04 na seqüência
pelo TR-04 e EC-02, é armazenado no silo; este material possui granulometria de 50 mesh.
O segundo produto classificado segue pela VR-05, na seqüência pelo TR-05 e elevador de
canecas EC-03, é armazenado em outro silo, material com granulometria de 200 mesh. O
terceiro produto segue para um reservatório intermediário, o qual está interligado com
exaustor EX-02, o pó calcário com granulometria de 325 mesh segue para VR-06, na
seqüência para o TR-06 e EC-04, é armazenado em outro silo; nesta segunda
reclassificação no EX-02, o pó calcário com granulometria acima de 325 mesh retorna para
o EX-01 e novamente será classificado e depois ensacado. O circuito conta com duas
ensacadeiras para o calcário 80% PRNT e uma ensacadeira para o calcário 200 mesh.

A moagem do calcário é realizada no circuito de moagem CM-01. Esta etapa tem início com
o basculamento do calcário proveniente das pilhas destinadas a este fim no silo de matéria
prima, segue pela TC-33 para o silo alimentador, neste silo o material é distribuído para três
moinhos de martelos, MM-01, MM-02 e MM-03. O minério do MM-03 segue pelos TC-34A,
TC-50 para o silo de alimentação do moinho de bolas MO-01. A saída deste moinho possui
um despoeirador para contenção de aerodispersóides na área de trabalho. Na seqüência o

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pó calcário segue pelos TC-31 e TC-32 para duas pilhas estoque para comercialização.
Parte deste material é encaminhada pelo TC-47 para uma pilha coberta. Parte é
encaminhado para o TC-62, EC-06,TR-03, TR-04 e TR-05, produzindo pó calcário 95%
PRNT.

O calcário proveniente dos moinhos MM-01 e MM-02 segue pelo TC-34, na seqüência pelo
TC-36, TC-37, TC-60 segue para duas pilhas de minério, sendo uma delas para os silos
através da TC-72; a outra parte do material vai para estocagem.

O fluxograma apresentado no Anexo 01 do Capítulo 11 (Anexos) ilustra o processo


produtivo.

1.9. Descrição dos insumos utilizados nos processos minerário e industrial

Os principais insumos utilizados no empreendimento serão: explosivos encartuchados,


explosivos granulados, cordel detonante, estopim, espoleta, retardos, óleo diesel, óleo
lubrificante, óleo hidráulico, graxa, gasolina, hastes, brocas e energia elétrica.

1.10. Descrição dos equipamentos e maquinários utilizados nos processos minerário


e industrial

Os equipamentos que serão empregados nas operações de lavra e desenvolvimento da


mina estão listados na Tabela 3.

Tabela 3: Relação dos equipamentos a serem adquiridos


Equipamento Quant. Marca Modelo Situação
Martelete 04 ATLAS COPCO RH 571 Aquisição novo
Perfuratriz 01 INGERSOL RAND Rock Drill Semi-depreciada
Compressor portátil 01 INGERSOL RAND 360 PCM Aquisição novo
Compressor portátil 01 INGERSOL RAND 760 PCM Semi-depreciado
Carregadeira 02 CASE W 36 Aquisição novo
Caminhão 02 MERCEDES BENZ - Aquisição novo
Caminhão 02 VOLVO Truck Aquisição novo
Caminhonete 02 GM S-10 Aquisição nova
Rompedor hidráulico 01 ATLAS COPCO - Aquisição novo
Caminhão pipa 01 MERCEDES BENZ 1113 Aquisição novo
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Alguns equipamentos serão alugados visto não terem necessidade contínua dentro do
processo produtivo. Atenderão a manutenção de pátios e vias de acesso e picos de
produção: moto niveladora, pé de carneiro, retroescavadeira e trator de esteiras.

A relação dos equipamentos utilizados em todas as etapas do beneficiamento é


apresentada na Tabela 4.

Tabela 4: Relação dos equipamentos do beneficiamento


Equipamento Especificação Marca / modelo
Alimentador vibratório AV-01/02 FAÇO/400x90
Britador de mandíbulas BR-01 FAÇO/100x60
Britador de mandíbulas BR-02 FAÇO/120x40
Britador de mandíbulas BR-03 FAÇO/110x80
Britador de mandíbulas BR-04 FAÇO/120x40
Britador de mandíbulas BR-05 FURLAN/90x25
Britador de mandíbulas BR-06 FAÇO/90x26
Britador cônico BG-01 FAÇO/90T
Peneira vibratória PV-01 GORGOZINHO 400x15
Peneira vibratória PV-02 GORGOZINHO 500x20
Peneira vibratória PV-03 GORGOZINHO 300x12
Peneira vibratória PV-04 GORGOZINHO 400x15
Peneira vibratória PV-05 GORGOZINHO 500x20
Peneira vibratória PV-06 GORGOZINHO 500x20
Peneira vibratória PV-07 GORGOZINHO 200x10
Peneira vibratória PV-08 GORGOZINHO 400x20
Moinho de martelos MM-01/02/03/04 IMETEC/ MCF 120B
Moinho de bolas MO-01/02 FLS/ 10x15
Elevador de canecas EC-01/02/03/04/05/06 IMETEC
Válvula rotativa VR/01/02/03/04/05/06 IMETEC
Exaustores EX-01/02 IMETEC

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1.11. Infra-estrutura: instalações de apoio, fontes de abastecimento de energia e água

As obras a serem implantadas dentro do planejamento de lavra serão divididas em três


grandes itens: infra-estrutura, meio ambiente e desenvolvimento da mina. As obras de infra-
estrutura serão compostas basicamente de: paióis, edificações para refeitório, cozinha e
banheiros, oficina, alojamento, almoxarifado, vias de acesso e energia elétrica. As obras
civis relativas ao meio-ambiente serão: pátio para depósito de solo orgânico, sistema de
fossa séptica, caixa separadora de águas, óleos e lamas e bacia de contenção de
segurança para o tanque de óleo diesel. As obras civis relativas ao desenvolvimento da
mina serão: pátio para deposição de minérios, pátio para deposição de rejeitos/estéreis e
desenvolvimento dos bancos para lavra.

1.11.1. Infra-estrutura

A estrutura de apoio será construída próxima à futura frente de produção. Será composta
das seguintes obras:

• Prédio para refeitório, cozinha e banheiros: prédio em alvenaria, com cobertura com
telhas de fibrocimento, com área de 112 m2 composta de salão, cozinha, copa,
despensa, varanda, WC e chuveiros;
• Prédio para galpão de apoio: prédio em alvenaria, com cobertura de fibrocimento,
com área de 144 m2 composto de garagem / oficina, tanque para 15.000 litros e
bomba de óleo diesel, almoxarifado, alojamento, escritório, WC e depósito de óleos e
graxas;
• Paiol de explosivos encartuchados: prédio em alvenaria com cobertura em laje, com
área de 4,37 m2;
• Paiol de explosivos ensacados: prédio em alvenaria com cobertura em laje, com área
de 7,50 m2;
• Paiol de acessórios: prédio em alvenaria com cobertura em laje, com área de 4,37
m2.

Os paióis serão cercados com distância de 5 m das paredes, cerca com 12 fios de arame
farpado, postes com alambrado espaçados em 1,5 m. Muro de 60 cm na base da cerca de
forma a impedir a entrada de pequenos animais e camada 30 cm de brita nº. 02 entre as
cercas e os prédios.

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O projeto não prevê a implantação de infra-estrutura de moradias. Os funcionários serão
contratados em Pains e transportados até o local de trabalho por empresa terceirizada. O
prédio de apoio (escritório, oficina e almoxarifado) possuirá espaço para alojamento de
forma a atender as situações emergenciais em termos de manutenção, vigia e/ou algum
acidente de menor gravidade e também para visitantes.

O óleo diesel será estocado em tanque com capacidade para 15.000 litros, coberto e dotado
de bacia de contenção de segurança, piso impermeabilizado e bomba de abastecimento.

A água potável será captada através de poço (a ser perfurado). A água para uso doméstico
será bombeada para as caixas d’água das instalações de apoio. A água para consumo
humano será resfriada e filtrada em bebedouros industriais. Prevê-se um volume de 30 m3
por mês para esta utilização. A atividade minerária não utilizará água. A água para
umectação das vias internas de circulação que abastecerá o caminhão pipa será também
proveniente do poço. Prevê-se para este fim o consumo de 750 m3 por mês.

A energia elétrica será fornecida através de uma linha de transmissão de baixa tensão (220
volts), no padrão de eletrificação rural com extensão aproximada de 1.800 m. A energia
elétrica terá utilização doméstica e na oficina de manutenção. O sistema de extração não
prevê a utilização de energia elétrica.

O sistema de telefonia será implantado pela concessionária Oi com dois canais via rádio.

1.11.2. Desenvolvimento da mina

A estrutura de desenvolvimento da mina será composta por um pátio de minérios com


aproximadamente 6.000 m2 construído em área terraplenada, compactada e drenada para
calota de contenção do material carreado.; pátio de deposição de rejeitos/estéreis com
aproximadamente 4.000 m2, construído em área terraplenada, compactada e drenada para
calota de contenção do material carreado; retificação de aproximadamente 1.800 m de
estrada com pista de rolamento com largura mínima de 5 m, compactada e com inclinação
mínima de 1% para as laterais, dotada de mata-burros de ferro, bueiros em manilha de
concreto e cascalhada. A preparação da futura frente de lavra levará em conta bancos de 10
m, embocando os acessos laterais e limpando a vegetação e vestígios de solo.

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1.11.3. Meio ambiente

A estrutura e procedimentos a serem implantados de forma a mitigar todos os agentes


insalubres, perigosos e de degradação ambiental, pela sua importância frente aos
investimentos e à atual legislação ambiental será apresentada no Plano de Controle
Ambiental: sistema de tratamento dos esgotos sanitários, sistema separador de água, óleo e
lamas, coleta seletiva de lixo, higiene ocupacional e segurança do trabalho, drenagem e
contenção de sólidos carreados, pátio de solo orgânico e projeto de revegetação das áreas
mineradas.

1.12. Mão-de-obra fixa e terceirizada

O futuro quadro de pessoal do projeto e as funções envolvidas foram dimensionados


levando-se em consideração a experiência da empresa na operação da mina da Fazenda
Cazanga. Será composto por 5 motoristas, 1 operador de perfuratriz, 1 ajudante de operador
de perfuratriz, 2 operadores de carregadeiras, 2 marteleteiros, 1 escriturário, 1 faxineira, 1
vigia de paióis, 1 frentista, 1 blaster, 6 auxiliares de serviços gerais, 1 técnico de mineração
e 1 técnico de segurança do trabalho.

1.13. Demanda do produto x produção x viabilidade ambiental

A produção do empreendimento comporá o mix de produtos da unidade da empresa


localizada em Limeira, constituído de calcário fornecido a granel e ensacado em
embalagens de papel, plástico e em big bags. Os seguimentos consumidores serão
basicamente a siderurgia e as indústrias indústria de cal, fertilizantes, ração animal, corretivo
de solo e construção civil.

Além da Belocal, também são clientes importantes: White Martins S/A, Cal Arco-íris, Cal
Cruzeiro, Construtora Barbosa Melo, Central Beton e Cargil, além de centenas de
produtores agrícolas e pequenos empreendimentos industriais.

A viabilidade ambiental será assegurada pela proteção do patrimônio espeleológico,


arqueológico e bioespeleológico através da criação de áreas de restrição e pela adoção de
medidas de contenção de sólidos carreados, emissão de poeiras, controle de ruídos e
vibrações e mapeamento das áreas de riscos de acidentes ambientais.

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1.14. Fluxograma do empreendimento

As operações de extração serão extremamente simples, típicas de empreendimentos dessa


natureza, e constituídas das seguintes etapas:

Perfuração

Desmonte

Carregamento

Transporte

Britagem /
moagem

1.15. Fluxograma dos sistemas de produção

O fluxograma do processo produtivo do parque industrial da empresa instalado em Limeira


onde o minério será beneficiado é apresentado no Capítulo 11 (Anexos).

1.16. Cartografia base

A base cartográfica foi elaborada através de levantamento planialtimétrico, com curvas de


nível eqüidistantes em 1 metro. Os serviços foram realizados pela empresa Geomapp
Topografia Ltda., sob a responsabilidade do agrimensor Mauro Lúcio Falcão, CREA-MG
5.257/TD, no ano de 2007. Essa planta serviu de base para os demais mapas temáticos.

No Capítulo 13 (Produtos Cartográficos) é apresentada a Planta de Detalhe Base /


Planialtimetria, na escala 1:5.000.

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2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

2.1. Definição das áreas de influência do empreendimento

Para se conceituar a área de influência do empreendimento ou simplesmente área de


influência, implica na necessidade de se fixar uma área geográfica para estudo de impactos
ambientais, com seu mapeamento físico adequado, demonstrando as mudanças causadas
pela intervenção humana no meio ambiente em estudo.

Para o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA que estabeleceu diretrizes para
delimitação da área de influência, a bacia hidrográfica é o espaço físico apropriado para a
determinação de uma área de influência, pois é uma área bem definida e apropriada para
gestão de recursos naturais.

Segundo o CONAMA, em sua resolução 001/86 - artigo 5º, item III: "(...) definir os limites da
área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos denominada de área
de influência do projeto considerando em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se
localiza".

Para explicar a importância da área de influência do empreendimento estar inserida em sua


bacia hidrográfica, por esta permitir uma gestão apropriada de seus recursos, SAITO (2001)
diz que: "quando se diz que a unidade territorial de gestão de recursos naturais deve ser a
bacia hidrográfica; é porque a bacia, enquanto espaço geográfico, integra a maior parte das
relações de causa-e-efeito a serem consideradas na gestão de recursos naturais, entre elas
aquelas que dizem respeito à contaminação devido às atividades antrópicas. A água flui
através das redes de drenagem na bacia hidrográfica, carregando os nutrientes da chuva e
do solo pelos cursos d'água à jusante do rio. Eventuais atividades poluidoras, como por
exemplo, aquelas com origem à montante do rio, causam efeitos mais adiante, afetando a
qualidade da água, independentemente do fato de os usuários à jusante do rio tomarem
todos os cuidados necessários para não poluírem as águas".

A partir destas definições, entende-se que a bacia hidrográfica satisfaz o critério de escolha
de área geográfica adequada na delimitação da área de influência do empreendimento, uma
vez que esta é passível de gestão de seus recursos e qualquer degradação ambiental que
ocorra no seu espaço físico influenciará direta ou indiretamente toda a bacia.

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Nos estudos ambientais, no entanto, para estabelecer a área de influência do meio
antrópico, suas atividades econômicas e de infra-estrutura, o critério bacia hidrográfica não
se apresenta como adequado uma vez que as atividades humanas são bem mais
dinâmicas, influenciando também os núcleos urbanos.

Segundo SAITO (2001), "há controvérsias sobre a adequação da bacia hidrográfica como
unidade de estudo para todos os fenômenos ambientais. Em alguns casos, tais como
estudos da dinâmica de populações e comunidades transcendem as delimitações da bacia
hidrográfica; no entanto, nos casos de gestão de recursos naturais, a bacia hidrográfica é
reconhecida como a unidade de estudo mais adequada".

Conclui-se então que duas classificações de áreas de influência devem ser delimitadas: uma
primeira, para elaboração dos estudos físicos e bióticos, delimitando como base a bacia
hidrográfica e uma segunda, para elaboração dos estudos sócio-econômicos que extrapola
os limites da bacia hidrográfica.

Na primeira classificação de área de influência, que abrange os estudos físicos e bióticos,


fica delimitado então como sendo área de influência à sub-bacia do Córrego Santo Antônio,
conforme pode ser visto no mapa da área de influência direta do empreendimento
apresentado no anexo do Capítulo 13 (Produtos Cartográficos). Já na segunda classificação
de área de influência, que abrange os estudos sócio-econômicos, a área de influência
extrapola os limites dos municípios de Pains e Arcos e da sub-bacia do Córrego Santo
Antônio.

2.1.1. Área de influência sobre o meio físico

2.1.1.1. Área de influência direta (AID)

Como foi definido, a sub-bacia do Córrego Santo Antônio é área de influência do


empreendimento, uma vez que neste local poderão ocorrer os efeitos ecotoxicológicos, onde
poderá haver bio-acumulação de poluentes na cadeia alimentar, modificações de habitat e
interferências nos ciclos biogeoquímicos.

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2.1.1.1.1. Área diretamente afetada (ADA)

Esta área compreende o local sujeito aos impactos diretos da implantação e operação do
empreendimento, identificados como área de intervenção: área da cava, área do depósito de
estéreis e minérios, estradas, acessos internos, obras de infra-estrutura tais como paióis,
refeitório, cozinha, banheiros, galpão de apoio e demais construções.

2.1.1.1.2. Área de entorno (AE)

Área compreendida pelo poligonal e locais adjacentes. Esses pontos estão locados na
Figura 3 (mapa base) e na Figura 4 (pedologia) e são discriminados a seguir.

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Figura 3: Mapa base

1) Trata-se da primeira área a ser explotada. Esta área foi explotada ilegalmente por José
da Costa Guimarães há aproximadamente 7 anos, e por força de decisão do Ministério
Público, a titular do direito mineral – Mineração João Vaz Sobrinho Ltda. foi obrigada a

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recuperar o dano, através de aterramento e revegetação. Foi, portanto, uma forma que o
Ministério Público encontrou de recuperar o dano.

2) Sede de Ronaldo Garcia. Esta propriedade está sendo pouco utilizada, e suas atividades
são exclusivamente destinadas a gado de corte, com poucas cabeças de gado, e sem
empregados.

3) Propriedade de Brasical. Na sede não há movimentação de nenhuma natureza e


observa-se apenas plantação de eucaliptos. Há uma pedreira, que será explorada
posteriormente, cuja vegetação presente está bastante alterada, com invasão de espécies
exóticas, e há a presença de cerradão.

4) Sede de Plácido Ribeiro Vaz. Área recentemente adquirida pelo proprietário da


mineradora, cuja vegetação está completamente descaracterizada. Não há registro de
atividades econômicas, devido à recente aquisição da propriedade.

5) Nascente encontrada dentro da propriedade de Plácido Ribeiro Vaz, que foi “protegida”
pelo proprietário anterior, e parte da água retida – por um cocho construído próximo à
nascente – era destinada à dessedentação do gado (atividade econômica anterior à
aquisição da propriedade pelo atual proprietário). Atualmente, a área está sem nenhuma
atividade.

6) Sede de Jorge Antônio da Costa. Trata-se de uma propriedade de pequeno porte, cuja
atividade econômica é agricultura familiar, com gado leiteiro. O proprietário reside no local,
com a família (esposa e dois filhos). Há apenas um empregado, que é registrado. A
produção de leite é de 100 litros por dia, e cada litro é vendido a R$ 0,63.

7) Sede de Espólio de Pedro Alves Teixeira. A principal atividade é gado leiteiro, com
ordenha mecânica. Há um empregado sem registro. A produtividade se assemelha à
propriedade anterior.

8) Sede de Ana Alves Teixeira de Oliveira. Semelhantemente à anterior, a principal atividade


é gado leiteiro. Há também apenas um funcionário, registrado. A produtividade se
assemelha à propriedade anterior.

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9) Área que sofreu impacto semelhante à área descrita no item 1. Há vários blocos de
grande tamanho que estão soltos no solo. Isso aconteceu devido ao mal uso de explosivos.

10) Duas pedreiras, a serem exploradas posteriormente. Trata-se de uma antiga área de
pasto, cujo ambiente de cerrado está em regeneração. As áreas de cerradão encontram-se
preservadas.

11) Pedreira a ser explorada posteriormente, com vegetação nativa em bom estado de
conservação. Ocorrem atividades pastoris entre abril e agosto.

12) Sede da CSN. Trata-se da propriedade com maior nível de utilização de todos os
superficiários estudados. Atualmente, a propriedade emprega 166 trabalhadores, todos
divididos em diferentes atividades relacionadas à mineração. São registrados conforme
normas da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), e seus horários de trabalho estão
divididos nos três turnos.

13) Povoado de Corumbá. Este distrito pertence a Pains há aproximadamente dois anos.
Antes, pertencia a Arcos. Não foi possível levantar nenhum dado a respeito da população e
da dinâmica do povoado, pois a Prefeitura ainda não dispõe de informações satisfatórias e
abrangentes sobre a localidade.

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Figura 4: Pedologia

2.1.1.2. Área de influência indireta (AII)

A área de influência indireta sobre o meio físico fica estabelecida como sendo a bacia do
Alto São Francisco, englobando os 27 municípios presentes nesta região, uma vez que
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possíveis impactos ambientais provocados pela atividade poderão ser percebidos em toda a
sua extensão, dependendo da magnitude do impacto. Os municípios são: Abaeté, Arcos,
Bambuí, Capitólio, Córrego Danta, Dores do Indaiá, Doresópolis, Estrela do Indaiá, Formiga,
Iguatama, Japaraíba, Lagoa da Prata, Luz, Medeiros, Moema, Morada Nova de Minas,
Paineiras, Pains, Pimenta, Piuí, Quartel Geral, Santo Antônio do Monte, São Roque de
Minas, Serra da Saudade, Tapiraí, Três Marias e Vargem Bonita.

A delimitação desta região como sendo a área de influência indireta levou em consideração
as semelhanças físicas e as atividades econômicas que ocorrem na mesma, além de ser a
área oficial dos estudos realizados pelo IBGE.

O Alto São Francisco é uma região tradicionalmente produtora de calcário, onde se


encontram vários empreendimentos do ramo. Os impactos ambientais provenientes desta
atividade serão percebidos em toda a sua extensão, dependendo da magnitude do impacto.

Dentro da área de influência indireta delimitada, merece uma atenção especial a região
conhecida como Província Cárstica de Arcos, Pains e Doresópolis, pois o empreendimento
situa-se nesta região e estes municípios possuem suas economias intimamente interligadas.
Os impactos eventualmente ocasionados pelo empreendimento afetarão primeiramente esta
região.

2.1.2. Área de influência sobre o meio biótico

2.1.2.1. Área de influência direta (AID)

A exemplo do meio físico, a área de influência direta sobre o meio biótico é aquela em que é
possível perceber algum tipo de impacto decorrente da atividade minerária, sendo a melhor
definição a sub-bacia do Córrego Santo Antônio. Todavia, como num primeiro momento o
empreendimento estará restrito à propriedade da Mineração João Vaz Sobrinho, os efeitos
da intervenção terão os seus limites menos abrangentes.

2.1.2.1.1. Área diretamente afetada (ADA)

Foi estabelecida como a área prevista para lavra e instalação do empreendimento.

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2.1.2.1.2 Área de entorno (AE)

Foi estabelecido como o terreno inserido nos limites da propriedade da Mineração João Vaz
Sobrinho.

2.1.2.2. Área de influência indireta (AII)

Foi definida como a área correspondente ao decreto DNPM, que extrapola a área de
entorno.

2.1.3. Área de influência sobre o meio sócio-econômico

Para se delimitar a área de influência do empreendimento sobre o meio sócio-econômico,


não será usada a base física da bacia hidrográfica, pois as ações antrópicas e os fluxos
econômicos são muito dinâmicos e extrapolam os limites das sub-bacias nas quais estão
localizados.

Na delimitação da área de influência dentro do critério das ações antrópicas, leva-se em


conta que a mão-de-obra utilizada no empreendimento provém dos municípios de Pains e
Arcos, e que estes municípios serão influenciados diretamente enquanto mercado de
consumo dos trabalhadores da empresa.

Outro critério utilizado para delimitar a área de influência do empreendimento está


relacionado ao mercado de consumo dos produtos resultantes da transformação do calcário,
que são comercializados para várias cidades e para outros estados, mercados estes
indiretamente influenciados pela empresa.

2.1.3.1. Área de influência direta (AID)

Num primeiro momento, compreende a área urbana que corresponde à sede de Pains e
Arcos, além das áreas de propriedades rurais localizadas nas proximidades. Com o
desenvolver das atividades, o povoado de Corumbá também será uma AID, dado o
planejamento que a empresa está fazendo para explorar a área por partes.

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2.1.3.1.1. Área diretamente afetada (ADA)

A área de influência direta corresponde a toda a área de influência direta do meio físico, que
corresponde à sub-bacia do Córrego Santo Antônio, mas extrapolando esta área, chegando
à zona urbana do município de Pains, pois será nesta duas cidade que os empregados da
empresa residirão.

Os salários que a empresa pagará aos seus empregados passarão a circular no mercado
desta cidade, criando demanda por novos produtos e por novos serviços, gerando novos
empregos e contribuindo desta maneira para arrecadação de impostos direta e
indiretamente pelo poder público.

As propriedades rurais localizadas no entorno das pedreiras listadas anteriormente também


serão diretamente afetadas pelo empreendimento, não apenas pela proximidade do local,
mas também pela possibilidade de movimentação da economia e da expectativa de
empregabilidade por parte da população local que hoje vive principalmente de atividades
agropecuárias.

2.1.3.1.2 Área de entorno (AE)

O povoado de Corumbá será diretamente afetado no futuro, pois sofrerá inclusive com
relação à expectativa de criação de postos de trabalho, já que a população do local se
divide, no que se refere às atividades econômicas desenvolvidas, entre os que trabalham
em áreas rurais e os que trabalham em áreas urbanas e de mineração.

2.1.3.2. Área de influência indireta (AII)

Compreende os municípios de Arcos que é um dos principais fornecedores de mão-de-obra


para estas atividades. Com relação ao aproveitamento de mão-de-obra, o município de
Arcos, apesar de não estar contemplado no estudo em virtude de ocupar pequena área do
polígono do empreendimento estudado, é o que mais fornece mão-de-obra para a atividade,
especialmente para ocupar postos que exigem maior qualificação, como técnicos de
segurança do trabalho e ambientais, engenheiros, dentre outros. Nele está localizado
também o parque industrial da Mineração João Vaz Sobrinho.

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2.2. Meio físico

2.2.1. Geologia

2.2.1.1. Geologia regional

De acordo com Campos (1991), a região em estudo está inserida no cráton São Francisco.
Este constitui o embasamento pré-cambriano sobre o qual se depositaram seqüências
supracrustais (terrígenas e químicas) de idade proterozóica, representadas, pelos
supergrupos Minas, Espinhaço e São Francisco, este último composto pelos grupos
Macaúbas e Bambuí em Minas Gerais. Sobre as unidades supracrustais, com um hiato que
vai do proterozóico superior ao cretáceo, depositaram-se seqüências terrígenas continentais
com contribuições eólicas e fluviais pertencentes à formação Urucuia.

O grupo Bambuí, cuja idade remonta ao proterozóico superior, apresenta-se sub


horizontalizado no centro da bacia e dobrado nas bordas, quando em contato com unidades
mais antigas. Compreende da base para o topo, às formações Jequitaí, Sete Lagoas, Serra
de Santa Helena, Lagoa do Jacaré, Serra da Saudade e Três Marias.

O calcário do grupo Bambuí tem sua gênese relacionada à existência do mar de Bambuí, do
pré-cambriano superior, cujas águas quentes e rasas permitiam a precipitação do carbonato
de cálcio, dando origem aos calcários e demais rochas carbonáticas.

Os vestígios fósseis de estromatólitos, que eram organismos marinhos que viveram a mais
de 1.000 milhões de anos, comprovam que a extensão deste mar era quase a totalidade do
atual território de Minas Gerais. Por isto, os calcários são encontrados desde o município de
Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, até o extremo norte de Minas.

Na região o grupo Bambuí encontra-se representado pelo sub-grupo Rio Paraopeba (in
Dardene & Schobbenhaus, 2000) que é composto por uma megassequência marinha
carbonática/terrígena. Essa seqüência se altera transicionalmente, apresentando feições
variadas nas inúmeras fácies.

Desta forma, englobam-se nas seqüências clásticas os Arenitos, Siltitos, Ardósias e


Argilitos. Nas seqüências carbonáticas reúnem-se as margas e predominantemente, os
calcários, principalmente os cinza-escuros.

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Observam-se também nos calcários, tanto nos maciços como nos demais, estratos oolíticos,
cuja espessura nunca ultrapassa 1 metro. A presença de camadas oolíticas mostra que
algumas vezes o mar teve tendências regressivas, retrabalhando os sedimentos já
consolidados.

Tectonicamente a região é caracterizada por um sistema de falhas transcorrentes,


denominado por Magalhães (1989) como sistema Doresópolis-Pains, que coloca calcários
intensamente dobrados lado a lado com calcários indeformados. O metamorfismo é ausente
nas partes centrais da bacia, aumentando progressivamente em direção as bordas
(Dardenne, 1978).

Figura 5: Mapa dos domínios estruturais da parte sul da Bacia do São Francisco (segundo
Martins-Neto e Alkmim 2001)

2.2.1.2. Geologia local

A geologia local foi descrita no item 1.5.

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2.2.1.3. Geologia estrutural

Segundo Saadi e Valadão (1991), as feições da região cárstica de Pains – Doresópolis


estão condicionadas por neotectônica podendo ser delimitada a oeste pelo eixo orográfico
da Serra da Canastra – Serra da Saudade e a leste pelo alto estrutural de Arcos. De acordo
com estes autores ocorreu no quaternário a reativação da Descontinuidade Crustal N50W,
originando os grabens de Arcos e de Doresópolis e subordinadamente basculamento para
nordeste.

A área pertencente à Mineração João Vaz Sobrinho insere-se no compartimento W de


Magalhães et al. (1989), área de influência da faixa Brasília, com dobras com vergência para
o cráton São Francisco. Pode ser observada uma grande densidade de fraturas, com
direções de fraturamento variáveis: NS/70W; N30E/SUBV; N70E/40-80W; N30-40W/70NE;
N20W/70SW; N40-70W/SUBV; N80-90W/SUBV. Em toda a área predominam fraturas de
direção noroeste e mergulho subvertical.

A partir das análises químicas das rochas e com conhecimento da geologia local inferiu-se
que o domínio da uvala onde ocorre o córrego seria um graben, e as laterais seriam host, o
mesmo ocorrendo para o Córrego Santo Antônio, localizado em um graben. Desta forma
obtêm-se um sistema de grabens e host, onde as rochas estão praticamente indeformadas
no interior, podendo ocorrer deslizamentos interestratais, e as bordas tendem a apresentar
pequenas dobras e outras deformações.

Os blocos estão individualizados através de falhas normais. Os horsts, que correspondem


às áreas mais elevadas, estão sujeitos à rápida erosão. Os grabens podem sofrer
sucessivos rejuvenescimentos devido à erosão na base das escarpas de falha, originando
terraços e níveis distintos de erosão. Geralmente as escarpas de falha são rapidamente
obliteradas pela erosão.

No interior dos blocos as camadas praticamente não apresentam deformação, com


mergulho subhorizontal, mas podem ser observadas dobras, principalmente no oeste da
área, sudoeste da uvala central.

A clivagem espaçada é bem desenvolvida, penetrativa e paralela ao plano axial dos


dobramentos. Possui direção preferencial NNW – SSE com mergulhos de 30º a 60º. Pode
ser observada na porção oeste e sudoeste da área, aba oeste da uvala central.

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O mapa integrado de geologia e localização das cavidades pode ser encontrado nos anexos
do Capítulo 13 (Produtos Cartográficos). O mapa geológico divide as camadas de acordo
com o interesse, em calcários magnesianos + calcários calcíticos, dolomitos + calcários
dolomíticos, metapelitos e sedimentos terciários e quaternários. As falhas foram inferidas a
partir da interpretação da ortofoto e dos mapas disponíveis, sendo algumas observáveis em
campo. Os números em verde indicam as amostras recolhidas para análise química. As
cavernas estão numeradas e plotadas no mapa, assim como possuem localização em UTM,
primeiramente as coordenadas E, posteriormente N. Muitas não possuem nome.

2.2.2. Geomorfologia

2.2.2.1. Exocarste

2.2.2.1.1. Geomorfologia cárstica

O termo carste, de origem eslovena, se refere a um processo de dissolução “típico” das


rochas solúveis em água, ou rochas carbonáticas, o que não significa que este fenômeno
não ocorra em outras litologias.

Em decorrência desta solubilidade, as áreas cársticas, quando ocorrem em rochas


carbonáticas, possuem peculiaridades marcantes em relação a outras litologias. Como a
circulação de água subterrânea, a formação de cavernas e demais feições cársticas.

Por sua vez, a espeleologia, derivada do grego “spelaion” que significa caverna, é a ciência
interdisciplinar que estuda as cavernas e seus respectivos ecossistemas. Esta ciência lança
mão de teorias, métodos e técnicas de campo como a geomorfologia, geologia, biologia,
arqueologia, paleontologia, técnicas verticais, topografia, dentre outras.

As rochas sedimentares carbonáticas, ou seja, que possuem o Carbonato de Cálcio –


CaCO3 como componente básico, tem em comum o fato de ter sua origem vinculada à
existência de um mar raso, a partir do qual este elemento foi precipitado, originando as
“bacias intra-cratônicas”.

Do total do território brasileiro, cerca de 7% deste, são rochas carbonáticas (Carmam e


Sanches, 1982), sendo que algumas são bastante antigas, como a Formação Lagoa Santa,
do Grupo Bambuí, que possui idade Pré-Cambriana.

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Portanto, as rochas carbonáticas são solúveis em água, e por isto são propícias à
carstificação, ou seja, à dissolução por água ácida. Uma das características marcantes do
carste é a drenagem subterrânea, que origina as cavernas e abrigos, ou feições
endocársticas e as formas residuais ou feições exocársticas.

Mas isto não quer dizer que as feições cársticas, não se hospedem em outros tipos de
rochas. Nas rochas siliciclásticas, como o quartzito, também ocorrem cavidades como
grutas e outras feições cársticas como as dolinas e lapiás. Nas mais diversas litologias, já
foram descritas cavidades, mas certamente as que mais as hospedam são as rochas
carbonáticas.

Devido às formas peculiares que tais feições assumem, conferem um aspecto particular ao
relevo, ao qual se denomina “paisagem cárstica”. A paisagem cárstica ou o conjunto de
feições peculiares ao carste é objeto de estudo da geomorfologia, que por sua vez é a
ciência, que estuda as formas do relevo.

Porém, as áreas cársticas, ao contrário das áreas cujo substrato é formado por outras
litologias, possuem formas superficiais, que são subordinadas a outras internas, ou seja, o
exo e o endocarste. Portanto, a geomorfologia cárstica pode ser dividida em geomorfologia
exo e endocárstica.

A geomorfologia exocárstica contempla as feições exteriores, como as dolinas, uvalas,


lapiás, paredões, torres, cânions, diáclases, ressurgências, cursos d’água meandrantes,
morrotes, colinas, verrugas e mesetas.

Já a geomorfologia endocárstica, ou espeleologia, se refere á parte subterrânea do carste,


cujas feições mais comuns, são as cavernas, abrigos, sumidouros e abismos.

Portanto, foram descritos aspectos relativos ao contexto geológico e geomorfológico, com


ênfase nas feições exo e endocársticas.

2.2.2.1.2. Geomorfologia regional

Constituindo o quadro geomorfoestrutural do Cráton do São Francisco, a Unidade


Depressão do Alto São Francisco (RADAMBRASIL, 1983), caracteriza-se por um relevo que
expressa relações litoestruturais de sua infra-estrutura geológica (Félix e Freitas Jr. 2000).

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O arranjo espacial das formas de relevo da Depressão do Alto São Francisco resulta da
conjugação de fatores litológicos e estruturais associados a eventos de dissecação,
aplainamento, acumulação fluvial e dissolução das rochas.

A dissecação do relevo é mais marcante a sudoeste da unidade, onde os litotipos do Grupo


Bambuí são interceptados pela cadeia dobrada da Serra da Canastra. Em toda a região
restante a ação da drenagem resulta em colinas com vertentes recobertas por sedimentos
superficiais, resultantes da alteração local dos pacotes de rocha.

Os aplainamentos pleistocênicos, fracamente marcados pela drenagem, sobressaem-se ao


longo do curso do Rio São Francisco e representam sucessivas fases de erosão que
resultaram na morfologia de morros com topos e vertentes alongadas. As planícies e
terraços, como modelados de acumulação fluvial, encontram-se concentrados ao longo do
alto curso do Rio São Francisco a partir da sua confluência com o Rio Ajudas, em direção à
jusante (RADAMBRASIL 1983).

A região de Pains foi mapeada como carste descoberto em exumação, com modelados de
dissolução, ocupando também setores dos municípios de Arcos, Doresópolis e Iguatama
(Felix e Freitas Jr., 2000).

O carste desta região caracteriza-se por extensos maciços calcários com escarpamentos
desenvolvidos em ângulos de 90° e paredões marcados por diferentes tipos de lapiás e
estruturas ruiniformes. As drenagens são predominantemente subterrâneas, com
sumidouros e ressurgências de água, cursos d’água intermitentes, canyons, depressões ou
dolinas muitas vezes associadas a lagos.

Usando as características geológicas e geomorfológicas como critério, Pizarro1 subdivide,


de leste para oeste, a então denominada “Província Espeleológica de Arcos-Pains-
Doresópolis”, em quatro blocos identificados pelos principais cursos d’água que os cortam.

Bloco São Miguel

Corresponde à porção da província, onde é possível a visualização de toda a seqüência


estratigráfica da Fácies Carbonática de Magalhães (1989). Apesar das ocorrências de

1
PIZARRO. A.P. Compartimentação Geológica Geomorfológica da Província Carbonática e Espeleológica de
Arcos-Pains-Doresópolis. XL Congresso Brasileiro de Geologia – BH – SBG. 1998.
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calcário mais contínuo predominar, há porções onde as intercalações de rochas pelíticas
estão presentes.

Este bloco apresenta os maiores e mais contínuos maciços, atingindo alguns quilômetros de
extensão e alturas de até 50 m. São freqüentes as feições exocársticas, os sistemas de
sumidouros-ressurgências, dolinas de dissolução e de abatimento, uvalamentos, feições
ruiniformes (torres, pináculos, banquetas e verrugas) e lapiás.

As principais estruturas que controlam o endocarste são as diáclases subverticais e os


planos de acamamento. Este bloco engloba cerca de 70% do total de cavidades (Guano-
speleo, 1996). Destacam-se as grutas do Éden, Coqueiro I, II e III, Isaías e Paraíso.

Bloco Intermediário

Compreende uma faixa norte-sul, a oeste do Bloco São Miguel. Limitado a leste pela
localidade da Mina, a sudoeste pela Vila Costina, a oeste pela Vila Capoeirão e localidade
dos Cunhas.

Geomorfologicamente hospeda colinas e cristas suaves, típicas de rochas pelíticas, com


afloramentos calcários esparsos e/ou maciços. O padrão das drenagens é geralmente
dendrítico a subparalelo, orientado principalmente segundo direções E-W e NE-SW,
apresentando sistemas de sumidouros-ressurgências com lagoas cársticas. São comuns
dolinas de carste subjascente e de dissolução.

O Bloco é subdividido em dois domínios:

- Domínio Centro-sul: caracterizado por lentes de calcários esparsas (com dimensões de


afloramentos métricos a maciços isolados) em rochas pelíticas.

- Domínio Norte (Faixa Capoeirão): constituído por um conjunto de maciços contínuos a


noroeste da Vila Capoeirão e a leste da localidade de Cunhas. Tectonicamente, já
representa um bloco mais deformado (afetado por falhas transcorrentes de direções NW-SE
do lineamento Doresópolis-Pains, superpostas ao falhamento de empurrão N-S Brasiliano).

As cavernas são controladas principalmente por estruturas como plano axial de dobras,
clivagens de fraturas e planos de falhas. Na porção leste as principais cavernas são:

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Ressurgência e sumidouro da Loca D’Água. A oeste destacam-se a Gruta do Davi e a Toca
do Capoeirão, com desenvolvimento de 400 m.

Bloco Ribeirão dos Patos

Caracterizado por duas faixas de maciços calcários (Faixa Quilombo e Vila Costina), de
direções NW-SE, separadas por um “corredor” constituído de rochas pelíticas.

Estruturalmente, apresenta maciços calcários contínuos, orientados segundo direções NW-


SE, decorrentes de sistemas de falhamentos transcorrentes relacionados ao lineamento
Doresópolis-Pains.

A geomorfologia é caracterizada pelos maciços calcários com as menores dimensões e


continuidades da região.

O elevado grau de deformação superimposto à área (gerando estruturas que serviram de


controle ao processo cárstico) e a freqüente intercalação de rochas pelíticas, conferem uma
particularidade a este bloco.

As cavernas mais representativas são: Gruta do Brega, Santuário e Zezinho Beraldo.

Bloco São Francisco (Extremo W)

É constituído por dois tipos de ocorrências de calcários, às margens do Rio São Francisco:

- Faixa Canyon do São Francisco: os calcários apresentam-se contínuos e deformados,


constituindo o canyon do referido rio (2,5 km a sudoeste da cidade de Doresópolis).
Destaca-se o alinhamento N-S de dolinas nas proximidades do canyon.

- Faixa Arraial Novo: caracterizada por maciços isolados, localizados principalmente na


margem esquerda do rio (a nordeste da localidade de Arraial Novo), sendo as rochas desta
unidade fortemente tectonizadas.

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2.2.2.1.3. Geomorfologia local

O empreendimento está inserido no Bloco São Miguel e corresponde à porção da Província


onde é possível a visualização de toda a seqüência estratigráfica da fácies carbonática de
Magalhães (1988). Os calcários são os litótipos mais abundantes, apesar da ocorrência de
intercalações de rochas pelíticas.

No Bloco São Miguel ocorrem os maciços maiores e geralmente os mais contínuos, com
alguns quilômetros de extensão e altura de até 50 m. Dentre as feições exocársticas
freqüentes destacam-se os sistemas de sumidouros e ressurgências, dolinas
(principalmente de dissolução e abatimento), uvalamentos, feições ruiniformes (torres,
pináculos, banquetas e verrugas) e lapiás.

As colinas alongadas formam um compartimento entre as cotas 800 m a 900 m. Sua


morfologia geralmente é convexa a côncavo-convexa, com vales encaixados. O processo de
evolução do relevo dominante atualmente é a erosão regressiva.

O compartimento cárstico é caracterizado por um relevo formado sobre rochas solúveis,


sendo o agente geomórfico principal a dissolução.

O relevo local caracteriza-se por paredões, lagoas, córregos e colinas alongadas. Estas
últimas possuem cotas altimétricas entre 800 a 890 m. A altitude topográfica indica cotas
altimétricas para em torno de 800 m para o topo de paredões e maciços de 710 m para a
base. As áreas temporariamente inundadas situam-se em cotas altimétricas inferiores a 705
m.

Geralmente, as dolinas são circulares ou alongadas, formando perfis em bacia e produzindo


um modelo ondulado. Morfometricamente apresentam de poucos a centenas de metros de
largura, a poucos metros de profundidade. Algumas estão limitadas por paredões calcários,
configurando dolinas assimétricas em forma de meia-lua.

A uvala central constitui-se por ampla depressão, composta pela coalescência de várias
dolinas de fundo raso, posicionados em cotas inferiores a 710 m. As taxas de ampliação das
depressões do tipo uvala estão diretamente relacionadas com a eficiência do processo de
re-alimentação hidrológica e o desenvolvimento das rotas de drenagem subterrânea. Com a
ampliação da área de captação de águas pluviais, seria reforçado o fluxo de água ao longo

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da zona de infiltração (sumidouros). Com isso aumentaria a corrosão e o aprofundamento
das depressões e, consequentemente, a bacia de captação.

Os paredões e maciços são freqüentes na área, constituindo-se em formas típicas do relevo


cárstico regional. Esses paredões podem ter curta extensão, encaixados em dolinas. Podem
ser facilmente observados delimitando a uvala central da área. Podem apresentar algumas
centenas de metros de extensão, sendo marcados por lapiás verticais e horizontais, em
função do condicionamento estrutural. Os lapiás verticais são encontrados mais
freqüentemente no topo dos maciços, correspondendo aos dolomitos, e o lapiezamento
horizontal corresponde aos calcários calcíticos. As cavernas que ocorrem na área estão
geralmente associadas aos calcários calcíticos e magnesianos.

A evolução do relevo e de algumas cavidades pode estar associada ao rebaixamento do


terreno devido às falhas normais, o que poderia explicar os níveis de cavernamentos
distintos encontrados nos maciços.

O mapa geomorfológico é apresentado nos anexos do Capítulo 13 (Produtos Cartográficos).

2.2.2.1.4. Aspectos hidrogeológicos

A característica de relevos cársticos é a ausência ou quase ausência de drenagem


superficial permanente. Geralmente essa se faz por meio subterrâneo, favorecendo o
aparecimento de feições conhecidas como cársticas, por exemplo, sumidouros,
ressurgências, dolinas e cavernas. A porosidade primária das rochas carbonáticas na
maioria das vezes é tida como insignificante, prevalecendo a porosidade secundária,
caracterizada por descontinuidades geológicas que são alargadas pela passagem de água,
configurando um aqüífero cárstico fraturado. As cavernas, neste contexto, muitas vezes
representam rotas preferenciais de circulação de água.

Regionalmente a área insere-se na Bacia do Alto São Francisco. Neste domínio as


drenagens regionais relacionadas a rochas pelíticas e ao embasamento granito gnáissico
apresentam padrão dentrítico, a leste de Arcos. No domínio das rochas carbonáticas a
hidrologia pode ser caracterizada pela descontinuidade de cursos superficiais e
temporalidade dos mesmos, com a presença de pontos de absorção, de surgências e
ressurgências de lagoas perenes e intermitentes.

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A principal drenagem corresponde ao Rio São Miguel, afluente do São Francisco. Como rios
secundários têm-se o Candonga e Santo Antônio. Este último nasce na fazenda Posse
Grande correndo sobre litologia cárstica até a rodovia que liga Arcos a Bambuí. Neste
percurso passa pelo vilarejo de Corumbá, onde inflete para norte.

As drenagens que aparecem na área pertencem à sub-bacia do Rio Santo Antônio, sendo
que este passa a leste do limite. Estas drenagens são temporárias, onde no período de seca
percebe-se o leito dos córregos e lagoas secos para, na época de chuvas, ocorrer água em
abundância, principalmente na base dos paredões. As dolinas aparecem em toda a área
sendo importantes pontos de recarga hidráulica dos aqüíferos subterrâneos, algumas
formando lagoas. Algumas cavernas possuem drenagem permanente, como a caverna do
Cano D’Água e Abrigo da Caixa D’Água. Estas águas são utilizadas para dessedentação de
animais.

Uma interessante morfologia ocorre na ressurgência e sumidouro da Cascata. A água


aparece à meia altura no paredão caindo em uma dolina de abatimento, por onde penetra
uma caverna.

O escoamento das águas pluviais é concentrado a difuso. As águas fluviais favorecem a


escavação de canais, transportando e depositando o material retirado das vertentes. Devido
ao uso da terra principalmente para a agricultura, como pode ser observado nos vales, estes
escoamentos favorecem o assoreamento de dolinas e cavernas, algumas vezes podendo
entupir as vias de escoamento subterrâneo. Em níveis rebaixados, pode-se destacar
principalmente na base dos paredões e maciços calcários a ocorrência de dolinas e lagoas
temporárias. No entanto não há indicação que este seja o nível do lençol freático na época
de chuvas. No caso das drenagens temporárias percebem-se rotas de circulação de águas
superficiais e subterrâneas, onde se observam nascentes e sumidouros em alguns pontos
dos paredões. A uvala central com drenagem temporária e cota altimétrica em torno de 700
m caracteriza-se como área de descarga da drenagem cárstica local.

Os extensos lineamentos estruturais observados na ortofoto possuem direção sudeste-


noroeste indicando a direção preferencial do fluxo de água. Nos maciços calcários da
porção oeste, assim como a própria uvala e a disposição dos paredões observa-se a
repetição desta descontinuidade. Da mesma forma os lapiezamentos e lineamento das
dolinas corrobora mais uma vez esta feição, de caráter regional e penetrativa.

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2.2.2.2. Endocarste

2.2.2.2.1. Prospecção espeleológica e paleontológica

Feições do tipo dolinas, uvalas, vales cegos, sumidouros e condutos subterrâneos


constituem-se em armadilhas naturais que podem aprisionar e preservar sedimentos
autóctones (aqueles cuja área fonte e o local de sedimentação são o mesmo lugar ou muito
próximos; no caso das cavidades naturais, os sedimentos provindos dela mesma) e/ou
alóctones (aqueles carreados da área fonte para o local de deposição; no caso das
cavidades naturais os sedimentos provenientes do exocarste). Tais feições cársticas são
tradicionais pontos de recarga, aonde ocorre diminuição da velocidade do fluxo e
conseqüente deposição de sedimentos, que possibilitam a preservação de vestígios
paleontológicos desde que, obviamente, as condições geológicas sejam favoráveis ao
desenvolvimento dos processos de fossilização.

Segundo Valeriano (1998), de uma maneira geral, os sedimentos presentes nas cavernas
podem ser classificados quanto a seu tipo (clástico, químico ou orgânico) e proveniência
(autóctone ou alóctone), assim como mostrado, de forma resumida, na Tabela 5.

Sabe-se que as cavernas são importantes rotas de fluxo em condições freáticas ou vadosas,
ativas ou abandonadas. Desta forma, constituem ou constituíram ambientes associados ao
transporte e deposição de sedimentos, podendo, em determinadas condições, possuir
potencial fossilífero. Nos sedimentos orgânicos alóctones é que, principalmente, se
encontram os fragmentos fossilizáveis - ossos, carapaças, galhos, folhas, etc. - os quais
podem vir a sofrer processos de fossilização no decorrer do tempo geológico. As
concreções fossilíferas, precipitação e cristalização do carbonato de cálcio (mais de 90%
dos casos; 10% outros - ex. sulfatos, nitratos, etc.), na forma preferencial de escorrimentos,
envolvendo o material com potencial paleontológico, também podem ser importantes
agentes de fossilização.

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Tabela 5: Classificação resumida dos principais tipos de depósitos sedimentares em
cavernas, abordando sua proveniência e principais processos de acúmulo de sedimentos,
modificado de Valeriano (1988). *Segundo Lino (1989)
Tipo Proveniência Exemplo Processo
Blocos abatidos e brechas
de colapso de tetos e/ou Incasão
paredes
Autóctone
Erosão proximal, por
Fragmentos e partículas
dissolução, com imediata
da rocha hospedeira
deposição
Colúvios e alúvios
Clásticos
siliciclásticos (argilas,
siltes, areias, grânulos e Erosão distal e proximal,
Alóctones com seixos) transporte área-fonte para
contribuição autóctone Brechas matriz/clasto local de sedimentação e
suportadas deposição
Conglomerados
(matriz/clasto suportados)
*Precipitação por águas
circulantes
Espeleotemas; * Precipitação por águas
Químicos Autóctones
Concreções fossilíferas de exudação
* Precipitação em águas
estagnadas
Guano Deposição sem transporte
Autóctones Restos da fauna da área-fonte para o local
cavernícola de sedimentação
Orgânicos Serrapilheira Transporte da área-fonte
Alóctones com Ossadas para o local de
contribuição autóctone sedimentação, e posterior
Animais mortos
deposição

Metodologia

A definição da prospecção espeleológica foi realizada a partir da adoção de critérios. Foi


realizada prospecção espeleológica nos locais potenciais, tais como base de paredão,
dolinas e outras feições características. Ressalte-se que a área possui grandes
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descontinuidades estruturais de direção noroeste/sudeste, como pode ser observado no
mapa geológico nos anexos.

Como método de análise foi adotado o caminhamento pelos pontos de interesse,


observando as feições, o relevo e estabelecendo pontos de coleta de informações gerais. O
procedimento utilizado para a documentação dos pontos foi a descrição das feições, o seu
posicionamento com GPS e o registro fotográfico.

A prospecção ocorreu entre os dias 10 a 31 de maio de 2007, quando foram percorridos


com o auxílio de GPS, as 51 cavidades descritas no trabalho de diagnóstico espeleológico
feito em 97.

Em 1997 uma equipe de espeleólogos coordenados pela Geóloga Georgete Dutra Macedo,
percorreu a área durante o diagnóstico espeleológico e assinalou 51 pontos entre feições e
cavidades.

A partir do referido estudo o trabalho de campo foi dividido em duas fases. Na primeira delas
foi efetuada a busca das coordenadas aí existentes com GPS, através dos caminhamentos
na poligonal DNPM e seu entorno.

O mapeamento das cavidades, os levantamentos bioespeleológico, arqueológico e


paleontológico foram feitos entre os meses de junho, julho, agosto e setembro. O trabalho
de digitalização dos mapas e elaboração do relatório final foi realizado nos meses de
outubro e novembro.

A posição das cavidades encontradas está inserida no mapa da área, de forma a garantir
uma visão geral da situação espeleológica. No texto descritivo das cavidades estão as
coordenadas UTM.

O material utilizado foi a Planta de Detalhe Base da área em questão na escala 1:5.000
disponibilizado pela empresa ENAL – Engenheiros Associados Ltda. e GPS (Global Position
System) modelo GARMIM 76s, para a localização das cavidades. Os demais materiais de
campo envolvem capacete com iluminação, facão, caderno e lapiseira para a descrição das
cavidades, máquina fotográfica e flash, martelo, sacos de amostragem, caneta de retro
projetor e fita.

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Apresenta-se a caracterização paleontológica preliminar através da descrição dos depósitos
sedimentares cavernícolas (incluindo necessariamente os sedimentos presentes no entorno
dessas), sob a ótica da possibilidade de ocorrências importantes sítios paleontológicos a
partir da identificação de qualquer vestígio que denote um eventual potencial fossilífero na
área em questão do presente relatório.

Os depósitos sedimentares em cavernas são analisados sob o ponto de vista paleontológico


faz mais de um século. Nas últimas décadas cientistas reconheceram tais depósitos como
importantes ferramentas na análise dos processos cársticos e paleoambientais, King (1956),
White & White (1968), Bull (1989), etc.

Em cada uma das cavidades encontradas foi realizado um levantamento dos vestígios
fósseis, diretos ou indiretos, presentes. Foram descritos os sedimentos consolidados, semi-
consolidados e inconsolidados, clásticos, químicos e orgânicos, autóctones e/ou alóctones.
Também foram feitas prospecções nas imediações dos maciços calcários, com certa ênfase
aos sumidouros intermitentes, bordas dos paredões rochosos e corredores de diáclases.

Descrição das cavidades encontradas

Para a inserção dos objetos deste trabalho, fez-se uma caracterização geral das cavidades
encontradas. A relação com o meio (sumidouro, ressurgência, surgência, posição no
paredão ou dolina, etc.), a localização e dados gerais permitirão uma avaliação da dimensão
da questão em análise.

• Ponto Nº. 1: Lapa do Emmosquitado – 436850 – 7749230

Trata-se de uma caverna associada a abrigo na entrada, com diversos espeleotemas tais
como estalagmites, estalactites e colunas. Blocos abatidos no piso. Uma pequena abertura
dá acesso a um conduto paralelo ao paredão com aproximadamente 7 m de comprimento.
O abrigo da entrada possui aproximadamente 12 m de comprimento e altura média de 1,20
m.

Possui apenas sedimentos argilosos inconsolidados, blocos abatidos e seixos, além de


depósitos químicos incipientes, por isto seu potencial paleontológico é baixo.

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• Ponto Nº. 2: 436850 – 7749159

Pequena cavidade que possui marca de água no piso formando um meandro seco. Abrigo
associado à caverna onde se observa um pequeno muro de pedra de construção antrópica.

Foram observados apenas sedimentos argilosos inconsolidados e pulverulentos, blocos


abatidos, não se observam quase nenhum tipo de depósitos químicos. Não possui nenhum
potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 3: Caverna do Cano D’Água – 436940 – 7748950

Caverna localizada em fundo de dolina associada a pequeno paredão. Possui


aproximadamente 120 m de extensão, com desenvolvimento predominante em direção a
sul. A caverna está cadastrada na SBE – Sociedade Brasileira de Espeleologia sob número
MG 54, com projeção horizontal de 203 m, desnível de 6 m, mapeada pelo Grupo Agster de
Espeleologia. Os trabalhos de mapeamentos foram refeitos pela equipe da Spelayon
Consultoria para o presente laudo.

A morfologia é meandrante com dois tipos de seções: elípticas horizontais – altura em torno
de 1,20 m e largura de 2,50 m e triangulares – altura de 3,0 a 4,0 m e largura de 2,0 m. A
caverna possui água em seus condutos com altura de lâmina d’água variando de 0,20 m a
1,20 m de profundidade terminando em sifão, mas não se percebe correnteza ou fluxo.
Nesta porção final aparecem dois condutos superiores entupidos de barro.

O teto e paredes são de rocha calcária, não apresentando espeleotemas. O piso é de


sedimentos com represas de travertino. Os sedimentos possuem granulometria variando de
0,20 mm a 2 mm, arredondados, composição de ferro, magnésio e quartzo.

O nome provém de um cano que segue os condutos da caverna até o sifão, fazendo uma
captação de água que abastece um cocho no local. Foram observados na cavidade peixes
(bagres e piabas), todos pigmentados.

Apresenta apenas sedimentos areno-argilosos inconsolidados e depósitos químicos


insipientes, representados pelos poucos espeleotemas. Portanto, possui baixo potencial
paleontológico.

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• Ponto Nº. 4: 436930 – 7749030

Cavidade de aproximadamente 15 m de comprimento na direção nordeste, com altura média


de 2 m, largura de 1,2 m. Teto e paredes apresentam couves-flor, piso de sedimentos. A
morfologia do conduto é meandrante com seções triangulares.

Os sedimentos são argilosos e inconsolidados e os depósitos químicos resumem-se às


couves-flor. Possuindo, portanto, baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 5: 436865 – 7749183

A cavidade 5 trata-se de um abrigo associado à caverna. Não possui zona afótica. Os


espeleotemas estão localizados na entrada, tais como colunas, escorrimentos, estalactite e
estalagmite. Conduto meandrante com seções elípticas verticais, com altura variando entre
0,5 m a 1 m.

Foram observados sedimentos argilosos, inconsolidados e os depósitos químicos resumem-


se às couves-flor. Possui baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 6: Dolina do Abismo – 436895 – 7749129

Dolina com 4 cavernas associadas, denominadas de A, B, C e D. A caverna A é a maior


delas, localizada no fundo da dolina, com 6 m de extensão que termina em um abismo
inexplorado de aproximadamente 10 m de profundidade. A entrada possui 1,5 m de altura,
1,5 de largura e o conduto possui forma triangular com altura média de 3 m.

No tocante à paleontologia, possui apenas sedimentos argilo – arenosos inconsolidados,


mas devido à sua localização no fundo de dolina, bem como, da existência de um abismo
em seu interior, possui médio potencial paleontológico.

A caverna B localiza-se na base do paredão, possui 6,0 m de extensão, 1,0 m de altura e


4,0 m de largura formando um salão com poça d’água no piso. Foram observados sapos e
grilos nesta caverna que não possui zona afótica. O piso é de sedimento e não foram vistos
espeleotemas.

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No tocante à paleontologia, possui apenas sedimentos argilo – arenosos inconsolidados,
portanto, possui baixo potencial paleontológico.

A caverna C trata-se de um conduto meandrante de 9,0 m de extensão, 1,5 m de altura e


1,0 m de largura até afunilar-se em um buraco de tatu. No meio desta caverna há um
murinho antrópico (armadilha para tatu?).

Quanto à paleontologia, possui apenas sedimentos argilo – arenosos inconsolidados e


depósitos químicos incipientes, portanto, possui baixo potencial paleontológico.

A caverna D localiza-se a meia altura nesta dolina possuindo um conduto meandrante com
seção elíptica e aproximadamente 6,0 m de extensão. Piso descendente com blocos
abatidos até o fechamento.

Quanto à paleontologia, possui apenas sedimentos argilo – arenosos inconsolidados e


depósitos químicos incipientes, portanto, possui baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 7: Caverna do Desnível – 437100 – 7749160

Caverna e abrigo associado. Localizado na base do paredão possui cerca de 30,0 m de


extensão com altura média de 8,0 m e largura e 1,0 m, desenvolvimento predominante para
sul. A caverna é bem ornamentada com morfologia retilínea e seções compostas, de
triangulares a elípticas verticais. O piso possui vários desníveis formando pequenos abismos
facilmente transponíveis por cima. O teto e parede possuem espeleotemas tipo couve-flor,
cortinas e estalactites, e o piso de sedimentos inconsolidados.

Quanto à paleontologia, possui apenas sedimentos argilo – arenosos inconsolidados e


depósitos químicos incipientes, portanto, possui baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 8: 437323 – 7749012

A cavidade 8 trata-se de uma gruta com entrada descendente que desemboca em um


conduto retilíneo, com seções elípticas verticais de 4 m de altura e 1 m de largura, num total
de 15 m de comprimento. Não possui zona afótica. Piso com sedimentos, tetos e paredes
estratificadas (escalonados).

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Os sedimentos descritos são de matriz argilosa de grânulos finos e inconsolidados. Não
existem depósitos químicos. Possui, portanto, baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 9: Abrigo Legal – 437333 – 7748996

Abrigo à meia altura no paredão com entrada de aproximadamente 20,0 m na direção


noroeste-sudeste (orientação na boca) e 6,0 m de profundidade. Não foram observadas
pinturas rupestres.

• Ponto Nº. 10: 437470 – 7748873

Abrigo localizado à meia altura no paredão, no calcário estratificado, possui teto plano e
paredes escalonadas. Foram observadas marcas e indícios de fogueira recente, com teto
apresentando-se escuro devido à fuligem. Espeleotemas são principalmente couves-flor e
estalactites. Não possui zona afótica.

Os sedimentos descritos são de matriz argilosa de grânulos finos e inconsolidados. Não


existem depósitos químicos. Possui, portanto, baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 11: 437600 – 7748700

Trata-se de uma pequena cavidade paralela ao paredão com direção predominante norte-
sul e aproximadamente 7,0 m de comprimento, localizada na base de um paredão com
talude de blocos. Foram encontrados ossos recentes nesta cavidade. Acima desta encontra-
se outra cavidade com aproximadamente 15,0 m de desenvolvimento atravessando o
paredão. Não foi possível passar. A altura média é de 7,0 m e largura de 4,0 m.

Seu piso é recoberto por sedimento argiloso inconsolidado e existem alguns depósitos
químicos, que correspondem aos espeleotemas, escorrimentos em sua maioria. Portanto,
esta cavidade não possui potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 12: 437660 – 7748640

A cavidade 12 é um abrigo associado à caverna com 8 m de desenvolvimento na direção


sul. Podem ser observados apenas sedimentos argilosos/terrígenos inconsolidados, sem
potencial palentológico.

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• Ponto Nº. 13: Boqueirão dos Urubus – 437630 – 7748600

Boqueirão de acesso a várias dolinas, algumas com cavernas e sumidouros não


penetráveis.

Cavidade com 14 m de desenvolvimento horizontal, em forma de abrigo, planta baixa linear,


perfil horizontal e cortes triangulares. Existem apenas escorrimentos coralóides, estalactites
e estalagmites. Seu piso é recoberto por sedimento argiloso inconsolidado e blocos
abatidos. Costuma ser usado como abrigo pelo gado.

Quanto à paleontologia, o piso da cavidade é recoberto por sedimento argiloso


inconsolidado e existem alguns depósitos químicos, que correspondem aos espeleotemas,
escorrimentos em sua maioria. No entanto este material deve conter apenas informações de
cunho paleoambiental ou paleoecológicos. Portanto, possui baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 14: Caverna do Labirinto Desmoronado – 437730 – 7748500

Caverna localizada na base do paredão com várias aberturas para o exterior e


desenvolvimento estimado de 20,0 m. A morfologia é labiríntica reticulada com duas
direções principais, 150º e 200º formando um paredão facilmente reconhecido no restante
da cavidade.

As seções são triangulares e meandrantes com altura variando de 0,50 m a 5,0 m e


presença de diversas clarabóias que dividem a caverna. Presença de um abismo de
aproximadamente 15,0 m de profundidade após um conduto desabado que forma uma
clarabóia retilínea, onde outras cavernas desembocam. Os espeleotemas são
principalmente couves-flor.

No tocante à paleontologia, a cavidade possui depósitos químicos e clásticos, concreções


tipo matriz suportada, que cimenta grãos de calcário, quartzo e canga. Os principais
depósitos químicos são os escorrimentos e concreções, como os coralóides e couve-flor.
Também ocorre sedimento argiloso inconsolidado.

Portanto, devido à sua localização em forma de abismo (armadilha), e da presença de


depósitos clásticos e químicos, esta cavidade possui médio potencial paleontológico.

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• Ponto Nº. 15: 437820 – 7748540

A cavidade 15 localizada próxima à lagoa, trata-se de um abrigo com 8 m de comprimento, 6


m de altura média, e 6 m de largura, afunilando. Podem ser observados diversos
espeleotemas, tais como estalactites e estalagmites, colunas e couves-flor. Não possui zona
afótica.

Os sedimentos observados são apenas sedimentos argilosos inconsolidados. Também


ocorrem depósitos químicos, mas a cavidade possui baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 16: Gruta do Sapateiro – 438050 – 7748400

A caverna 16 foi denominada Gruta do Sapateiro devido à existência de diversos pares de


botas e calçados antigos no seu interior. Possui aproximadamente 15 m de comprimento
formando um “L”, com entrada na direção sul e conduto na direção leste. Os espeleotemas
são estalactites, estalagmites e travertinos. A altura varia entre 1,1 m e 0,5 m, largura de 4
m a 0,5 m. O piso é de blocos abatidos com algumas couves-flor.

Foram observados depósitos químicos em abundância, associados aos espeleotemas, que


no caso desta cavidade são predominantemente calcíticos e são do tipo, escorrimentos de
parede e piso, travertinos, tites e mites, pequenas colunas. Também existem blocos
abatidos e pedriscos. Não foi observado quase nenhum sedimento argiloso. Mesmo assim a
cavidade possui baixo potencial paleontológico.

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Foto 1: Espeleotemas da Gruta do Sapateiro

• Ponto Nº. 17: Abrigo da Caixa D’Água – 438070 – 7748300

Externamente observa-se um cocho numa lagoa seca. Trata-se de um abrigo localizado na


base de paredão calcário com caverna associada. Esta caverna é uma ressurgência onde a
água é utilizada para abastecer o cocho. A caverna não possui zona afótica, com 12,0 m de
comprimento, 1,20 m de altura e 1,10 m de largura, morfologia retilínea com seções
retangulares verticais. Inundada com altura da coluna de água em 20 cm a 50 cm, até
sifonar. O abrigo possui 30 m de comprimento na direção norte-sul e até 6 m de
profundidade. Grandes espeleotemas marcam a entrada, tais como colunas, estalactites e
estalagmites. O controle da caverna e do abrigo é estratigráfico, com blocos tabulares e
lapiezamento horizontal, seguindo o acamamento.

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Foto 2: Abrigo onde a água é utilizada para dessedentação animal

Foto 3: Ressurgência do Abrigo da Caixa D’água

Além dos depósitos químicos representados pelos espeleotemas, ocorre sedimento argiloso
inconsolidado e o abrigo é usado pelo gado, fato que contribui para a desagregação do
sedimento. Contudo, este material não possui um conteúdo fossilífero considerável,
portanto, seu potencial paleontológico é baixo.

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• Ponto Nº. 18: Caverna Prometeu – 438451 – 7748016

Caverna com aproximadamente 30 m de desenvolvimento explorado, direção principal 130º,


com um abismo impedindo a continuação da exploração. Entrada em descendente com 5 m
de altura, 4 m de largura, marcada pela presença de espeleotemas brancos com couve-flor.
As seções são triangulares, com blocos abatidos tabulares. Presença de zona afótica,
guano e morcegos.

No tocante à paleontologia, possui sedimentos clásticos e químicos. Seu piso é recoberto


por sedimento argiloso inconsolidado. Há a presença de brecha que cimenta seixos
angulosos de calcário e quartzo. Possui médio potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 19: 438967 – 7748107

Pequenos abrigos na base de paredão de pequeno porte. Pequena área abrigada, de cerca
de 3 m, com piso formado por solo, sem, no entanto, apresentar vestígios arqueológicos
superficiais. Abrigo sem ponto sem nenhum atributo relevante.

Foto 4: Pequeno abrigo na base de paredão

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Foto 5: Pequeno abrigo na base de paredão

• Ponto Nº. 20: 437188 – 7747892

Gruta com aproximadamente 15 m de comprimento com seções elípticas verticais e


morfologia meandrante. Altura média dos condutos de 2,5 m, salão com aproximadamente
10 m x 5 m. Não foram observados espeleotemas. Podem ser observados apenas
sedimentos argilosos inconsolidados, sem potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 21: Gruta do Índio – 437400 – 7748050

Gruta associada a abrigo com morfologia meandrante, teto plano com estromatólitos e dois
níveis, separados por capa estalagmítica e travertinos. A gruta possui aproximadamente 70
m de extensão, 6 m de largura e 6 m de altura, com várias entradas e morfologia labiríntica
meandrante, com direção predominante 160º.

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Foto 6: Entrada da Gruta do Índio, mostrando as aberturas do nível superior e inferior

Durante o mapeamento observou-se espeleotemas do tipo travertino, cortinas, estalactites,


estalagmites, escorrimentos e coralóides em grande quantidade.

No patamar inferior ocorrem ainda brechas e estromatólitos ou pérolas de caverna. No


superior foram encontrados vestígios de possível fogueira pré-histórica e ossos recentes.

Cacos de cerâmica pré-histórica foram identificados no interior da cavidade.

No tocante á paleontologia, a presença de casca fina, grandes travertinos, brecha tipo matriz
suportada, bastante consolidada. Ou seja, depósitos clásticos e químicos que conferem à
cavidade um médio potencial paleontológico.

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Foto 7: Detalhe da brecha encontrada no interior da cavidade

• Ponto Nº. 22: 437255 – 7748121

No número 22 são cadastrados abrigos, localizados à meia altura no paredão. Este nível
possui diversas entradas acessando pequenas cavernas de 5 m a 10 m.

Ocorrem depósitos químicos resumidos às concreções e escorrimentos calcíticos, mas sem


potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 23: 437422 – 7747870

Caverna com aproximadamente 15 m de comprimento, localizada em fundo de dolina. O


conduto é único, com morfologia meandrante a retilínea, direção leste, com escorrimentos,
couves-flor e cortinas. O piso é de sedimentos.

A cavidade localiza-se no fundo de dolina, possui depósitos químicos e clásticos, bem como,
sedimento argiloso inconsolidado. Portanto, possui baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 24: 437225 – 7747550

São várias pequenas cavidades localizadas no fundo de dolinas próximas que se interligam
formando um sistema de condutos e captação de água. Os condutos possuem morfologia
meandrante e altura variável, somando um total de 45 m de desenvolvimento.

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Apesar da sua localização, no fundo de dolina e da presença de depósitos químicos, não
possuem potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 25: Caverna da Estrada – 437300 – 7747400

Caverna com cerca de 17 m de extensão, morfologia meandrante, dois níveis de condutos,


sem zona afótica, localizada no fundo de dolina associada a paredão. Seções com formas
elípticas horizontais e verticais no nível atual. Piso com sedimentos clásticos que,
juntamente com espeleotemas, obstruem a passagem.

Os espeleotemas são principalmente escorrimentos e estalactites. O nível superior é


formado por um labirinto de condutos ovalares de 50 cm de diâmetro, piso de rocha e
coincide com a parte mais estratificada do paredão, com lapiezamento horizontal,
demonstrando controle estratigráfico.

Possui sedimentos argilosos inconsolidados, depósitos clásticos e químicos, estes últimos


representados pelos espeleotemas, contudo possui baixo potencial paleontológico.

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Foto 8: Entrada da Caverna da Estrada

• Ponto Nº. 26: Caverna do Desmoronamento – 437885 – 7747170

Gruta com aproximadamente 60 m de desenvolvimento, morfologia meandrante, com altura


em torno de 2 m e largura de 1 m. A entrada se faz através de um desmoronamento. O
conduto localizado a oeste deve ter 12 m de extensão e desemboca em duas saídas
atravessando o paredão. O conduto a sul possui três condutos secundários saindo do outro
lado do paredão. O primeiro e o segundo condutos entopem e o terceiro é um teto baixo que
abre após um pequeno rastejo de cerca de 4 m e posteriormente, fecha. Presença de grilos
e aranhas.

Caverna situada no fundo de diáclase com poucos espeleotemas, representados por


coralóides, pequenas estalactites e escorrimentos. Ocorrem sedimentos argilosos
consolidados, de baixa dureza, que foram depositados e posteriormente parcialmente
erodidos. Também existe sedimento argiloso inconsolidado recente. Portanto, possui baixo
potencial paleontológico.

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Foto 9: Interior da Caverna do Desmoronamento

Foto 10: Detalhe de espeleotema desenvolvido ao longo da fratura

• Ponto Nº. 27: 437790 – 7747040

Pequeno abrigo com 1,5 m de altura, 10 m de largura e 7 m de profundidade, afunilando à


medida que se aprofunda. O final está obstruído por sedimentos. Piso de sedimentos com
blocos, paredes de calcário com escorrimentos e couves-flor, e teto plano com meandro.

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Ocorrem sedimentos argilosos inconsolidados e depósitos químicos resumidos às
concreções e escorrimentos calcíticos, mas sem potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 28: Caverna da Mina – 438200 – 7747984

Caverna com aproximadamente 60 m de desenvolvimento, direção principal sudeste,


morfologia dos condutos meandrantes, com seções elípticas verticais. Duas entradas, uma
com altura de 0,50 m e largura de 1,0 m, com desmoronamento, seção elíptica horizontal
que após 5 m desemboca em outra entrada e um salão, com 5 m de altura, 4 m de largura e
10 m de comprimento. Deste salão parte um novo conduto, meandrante, com 1 m de largura
e 4 m de altura e cerca de 8 m de comprimento. Este conduto tem uma saída entre blocos
abatidos, em ascendente, desembocando no meio do paredão. Outros condutos observados
são rastejantes, mas prosseguem saindo em diversos lugares no paredão. Os espeleotemas
são principalmente escorrimentos cobertos por couve-flor, predominando nas direções de
fraturamento.

Ocorrem sedimentos argilosos inconsolidados e consolidados, brecha tipo matriz suportada,


com cimento argiloso bem consolidado que recobre grãos de canga (óxido de ferro), calcário
e quartzo, finos a médios. Também há conchas de moluscos, incrustadas na brecha. Os
depósitos químicos mais importantes são as concreções. Portanto, esta cavidade possui
médio potencial paleontológico.

Foto 11: Entrada da Gruta da Mina


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Foto 12: Conduto no interior da cavidade

• Ponto Nº. 29: Caverna da Ligação – 438150 – 7748107

Caverna com aproximadamente 60 m de desenvolvimento com diversas saídas no paredão.


Morfologia meandrante labiríntica, altura média de 0,50 m, largura de 1,0 m e condutos com
seções elípticas horizontais, cobertos com couve-flor no piso, paredes e teto. Forma um
nível de cavernamento a meia altura no paredão interligando dolinas, inclusive a uvala do
centro da área.

Possui sedimento argiloso inconsolidado, também ocorrem poucos depósitos químicos.


Portanto, possui baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 30: Caverna Perdida – 438100 – 7748175

Caverna com cerca de 18 m de desenvolvimento no meio de blocos. O nível superior é


meandrante possuindo aproximadamente 7 m, constituído por um salão de 5 m x 3 m e
1,20 m de altura, de onde sai um conduto de dimensões mais reduzidas. Nível inferior com

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umidade, retilíneo, seções triangulares, piso de blocos e sedimentos onde a água some.
Presença de brecha com cimento terrígeno e blocos de calcário.

Possui brecha com cimento argiloso, seixos angulosos finos e médios, de calcário e quartzo,
contudo, este material contém apenas informações paleoclimáticas ou paleoambientais.
Portanto, possui médio potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 31: 438182 – 7747637

Caverna com aproximadamente 15 m de extensão. A entrada é em descendente por cima


de blocos abatidos desembocando num salão de 8 m x 5 m com direção 230º do eixo maior
e altura de 1,6 m.

A sudeste deste salão há um conduto estreito com aproximadamente 5 m de comprimento


que interliga este primeiro salão a outro salão com clarabóia. O conduto é bem estreito com
0,3 m de altura e 1 m de largura.

Ocorrem sedimentos argilosos inconsolidados e depósitos químicos resumidos às


concreções e escorrimentos calcíticos, mas sem potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 32: 438470 – 7747481

Caverna onde ocorre um sumidouro, localizada em fundo de dolina com entrada em salão
de 10m x 4m e 3m de altura, eixo maior na direção 120º. Na direção 30º o salão de entrada
acessa uma rede de condutos 300º através de uma pequena passagem no piso.

Esta rede é formada por pelo menos dois condutos de direção 300º captando água de
outras dolinas. Está praticamente entupido devido a sedimentos provenientes dos terrenos
arados. Possui poucos espeleotemas e não apresenta zona afótica.

Possui apenas sedimentos argilosos inconsolidados, serrapilheira e poucos espeleotemas,


portanto não possui potencial paleontológico.

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• Ponto Nº. 33: Caverna Oval – 438866 – 7746989

Nível observado no paredão calcário com diversos cavernamentos constituídos por


condutos elípticos que se intercomunicam no interior formando uma rede labiríntica de
condutos nas direções norte-sul e leste-oeste, com padrão labiríntico reticulado, muitos
destes atravessando o paredão. O desenvolvimento aproximado é de 70 m. As seções
variam de elíptica inclinada, ovalar, elíptica vertical e composta das formas anteriores. A
altura varia de 3 m (salão da interseção) a 0,50 m. Não possui zona afótica. A comunicação
com o salão inferior se faz através de um buraco no piso ou então diretamente pela parte
externa.

Os espeleotemas no piso são principalmente travertinos e couve-flor, nas paredes couve-flor


e, em alguns trechos do teto, pináculos recobertos com couve-flor e estalactites.

Possui sedimentos argilosos consolidados e inconsolidados, brecha tipo matriz suportada


que cimenta seixos de calcário e quartzo. Os principais depósitos químicos são
representados por travertinos, escorrimentos e concreções. Foram identificados pequenos
ossos incorporados ao sedimento no interior da cavidade. Portanto, a mesma possui alto
potencial paleontológico.

• Ponto N. 34: Caverna Alta – 438775 – 7748500

Caverna com aproximadamente 15 m de extensão na direção 330º. Localizada à meia altura


no paredão, junto com as outras, forma um nível de cavernamento, sendo necessária uma
pequena escalada para alcançá-la. A morfologia é retilínea com seções lenticulares
verticais, altura variando de 3 m a 0,50 m e largura entre 3,0 m a 0,50 m. Esta caverna é
muito ornamentada, com travertinos “orelha de pau”, estalactites, escorrimentos e cortinas
métricas.

Possui sedimentos argilosos inconsolidados, depósitos químicos e serrapilheira


provenientes do exterior, mas seu potencial paleontológico é baixo.

• Ponto Nº. 35: Caverna dos Pináculos – 438850 – 7748441

Caverna com aproximadamente 30 m de comprimento, morfologia labiríntica meandrante e


pináculos no teto, localmente o teto é plano. A altura varia de 1,20 m a 0,50 m e a altura de

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3 m a 0,50 m. A caverna possui várias entradas interligadas, sem zona afótica. Os
espeleotemas são principalmente couve-flor e cortina.

Ocorrem apenas sedimentos argilosos inconsolidados e depósitos químicos associados aos


espeleotemas. Portanto, seu potencial paleontológico é baixo.

• Ponto Nº. 36: 438531 – 7748434

Caverna com aproximadamente 8 m de comprimento em ascendente, com espeleotemas.


Grande quantidade de sedimentos entupindo-a, nestes sedimentos observam-se conchas
de caramujos incrustrados.

Possui sedimentos argilosos consolidados, inconsolidados e capa estalagmítica, onde


ocorrem conchas incrustadas, bem como depósitos químicos. Portanto, possui médio
potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 37: Abrigo de Gado e Sumidouro – 438180 – 7748834

Abrigo sob rocha com 25 m de largura, 10 m de altura e 5 m de profundidade, com um


sumidouro localizado a oeste. Este sumidouro trata-se de um pequeno conduto com 1 m de
altura e largura, seção quadrática, piso de sedimentos clásticos e presença de matéria
orgânica. Na porção central e leste há outros dois condutos, porém suas dimensões são
reduzidas.

No seu piso ocorrem sedimentos clásticos e matéria orgânica, contudo seu potencial
paleontológico é baixo.

• Ponto Nº. 38: Caverna Colunável – 437672 – 7749420

Caverna com aproximadamente 30 m de desenvolvimento, direção principal noroeste. A


entrada é marcada por uma grande coluna com couve-flor, formando um abrigo com 4 m de
altura. Do abrigo observa-se o salão de entrada com 8 m de largura, eixo maior na direção
340º. Deste salão na porção sudeste observa-se um buraco no piso que dá acesso a um
conduto de 20 m de comprimento da direção 300º, ornamentado com escorrimentos
brilhantes, cortinas e estalactites. As dimensões do conduto são 1,0 m de largura e 3,0 m de
altura.

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Ocorrem sedimentos argilosos consolidados e inconsolidados, brecha tipo matriz suportada
e depósitos químicos, contudo possui baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 39: 438010 – 7749450

Caverna formando um salão com desenvolvimento paralelo ao paredão, com direção do


eixo maior norte-sul. O acesso se faz em descendente por meio de blocos abatidos, com
três saídas. Dimensões com 20 m de comprimento, 4 m de largura e 1,5 m de altura.

Podem ser observados sedimentos argilosos inconsolidados e depósitos químicos


resumidos às concreções e escorrimentos calcíticos, mas sem potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 40: 438353 – 7749518

Gruta com 12 m de desenvolvimento na direção 60º. Conduto único com 8 m de altura, 2 m


de largura e diversos espeleotemas, tais como escorrimentos, couves-flor e cortinas. A
galeria está obstruída por um escorrimento. Há material cerâmico em sua entrada.

Ocorrem sedimentos argilosos inconsolidados e depósitos químicos resumidos às


concreções e espeleotemas de matriz calcítica, mas sem potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 41: Caverna Confusa – 438300 – 7749777

Caverna com pelo menos 80 m de desenvolvimento, morfologia meandrante labiríntica, com


marca de água no piso indicando ressurgência. A entrada é um abrigo com cerca de 5 m de
altura. Neste abrigo percebem-se dois níveis separados por paleosolo e um conduto a
sudeste que se estreita a poucos metros. Do abrigo passa-se por um estreito de 1 m x 1 m
que desemboca num salão de 10 m x 10 m. Deste salão saem três condutos. A leste fecha
após alguns metros.

A norte, prosseguimento natural do salão, o piso é marcado por área temporária até um
desmoronamento, por onde se segue aproximadamente 30 m (nível superior e inferior) até
ficar estreito e não encontrarmos passagem.

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A oeste observa-se passagens em um meandro com altura variando de 0,5 m a 3 m e
largura entre 0,5 a 2 m com condutos que se interligam, estando parcialmente entupidos por
sedimentos. Este conduto possui extensão aproximada de 25 m.

Os sedimentos químicos foram raramente observados, restringindo-se a coralóides e


escorrimentos em pequenas quantidades e em pontos isolados das paredes das diáclases
ou interior de abrigos. Além, obviamente, da própria rocha carbonática, sendo esta sem
evidências estromatolíticas.

Existem grandes quantidades de sedimentos orgânicos, serrapilheira em sua maioria


constituída por galhos, folhas e sementes, e restos de insetos (cascas, asas, carapaças,
etc.). Foram observadas carapaças de gastrópodas em meio aos sedimentos argilosos,
contudo sem nenhuma evidência de fossilização.

Em meio a tantos sedimentos nenhum vestígio paleontológico foi identificado. Ressalta-se a


necessidade de investigações diretas em subsuperfície para melhor compreensão do
empilhamento estratigráfico dos sedimentos descritos e possível existência, porém pouco
provável, de conteúdo fossilífero (ou mesmo fósseis) entre eles. Ainda assim devido a sua
localização em cota altimétrica elevada e depósitos descritos, possui alto potencial
paleontológico.

Foto 13: Entrada da Caverna Confusa

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• Ponto Nº. 42: 437640 – 7748760

Abrigo associado à caverna, com 8 m de altura, 7 m de largura e 6 m de profundidade, até


um estreito que leva a um salão de 2,5 m de altura, e 3 m x 3 m. Os espeleotemas são
principalmente escorrimentos e estalactites pequenas, na ordem de centímetros. Algumas
brechas no abrigo, blocos tabulares no piso. Há material cerâmico em seu interior.

Podem ser observados sedimentos argilosos inconsolidados e consolidados, brecha de


cimento calcítico, tipo matriz suportada. Os grãos são finos, médios e grossos, e ocorrem
outros depósitos químicos resumidos às concreções e escorrimentos calcíticos, mas sem
potencial paleontológico.

Foto 14: Entrada da Caverna do Ponto 42, vista de dentro para fora

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• Ponto Nº. 43: Abrigos e Caverna Comunicante – 437420 – 7749580

Abrigo com fuligem no teto, cerca de 20 m de comprimento na direção 260º, localizado a 2


m de altura da base do paredão. Possui 1,6 m de altura e 5 m de profundidade, com coluna
de rocha e coluna de espeleotema.

Foto 15: Visada da entrada da Caverna Comunicante

Piso de rocha com travertinos e barro seco no interior. A oeste no abrigo encontra-se um
conduto meandrante com seção elíptica vertical com 1 m de altura e 0,8 m de largura na
base. Este conduto divide-se em dois, sendo o mais a norte contínuo por mais 30 m, quando
se afunila e comunica com outra parte da caverna. O conduto a sul vai na direção da outra
entrada desta mesma caverna. O piso de ambos é de pedregulhos compostos por chert,
quartzo e calcário.

Foram observados espeleotemas do tipo estalactite, estalagmite, cortinas, escorrimentos,


coralóides e grande quantidade de travertino. Os tamanhos variam de centimétricos a
métricos. Os escorrimentos acompanham, preferencialmente, a direção das fraturas.

Possui espesso pacote de sedimento argiloso consolidado e inconsolidado, brecha tipo


matriz suportada, com cimento argiloso, seixos angulosos, finos a grossos de calcário,
quartzo e canga. Tais depósitos ocorrem em pontos elevados da cavidade. Também possui
depósitos químicos constituídos por travertinos, escorrimentos e capa estalagmítica (casca
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fina). Foram notadas incrustações, pequenos ossos e conchas de moluscos. Portanto,
possui alto potencial paleontológico.

O desenvolvimento destes condutos aparentemente é paralelo ao paredão possuindo 100 m


pelo menos, com as duas entradas interligadas por conduto. Foram encontrados osso
fossilizado e caramujos nestes condutos, além de brechas.

Foto 16: Conduto meandrante evidenciando o crescimento dos espeleotemas ao longo do


fraturamento

• Ponto Nº. 44: 437240 – 7749587

Abrigo com 40 m de largura na direção noroeste-sudeste, 8 m de altura e 4 m de


profundidade. Na porção sul há um abismo de pelo menos 8 m que não foi explorado.

Possui apenas sedimentos argilosos inconsolidados, que lhe conferem um baixo potencial
paleontológico.

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Foto 17: Abrigo do Ponto 44

• Ponto Nº. 45: Gruta do Tunelzão – 436990 – 7749763

Caverna com aproximadamente 30 m de comprimento na direção nordeste, atravessando o


paredão. Para alcançar a entrada é necessária uma pequena escalada de 2 m de altura,
num paredão associado a talude. Forma um túnel de 2 m de altura e 4 m de largura. A
morfologia é meandrante com seção elíptica vertical. A oeste da entrada localizada a sul
observa-se um conduto em descendente que fecha com 5 m.

Foram observados espeleotemas do tipo escorrimentos, casca fina, estalactite, colunas,


travertinos e coralóides, em pouca quantidade e de tamanho centimétrico. Ocorrem também
brechas esparsas na cavidade.

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Foto 18: Conduto da Gruta Tunelzão

Foto 19: Camada de brecha em meio ao calcário

Foram notados brecha tipo matriz suportada, com cimento calcítico e seixos finos a grossos.
Também ocorrem depósitos químicos associados à capa estalagmítica, e espeleotemas
como escorrimentos, travertinos e confeitos de tivoli. Há incrustações de conchas de
moluscos. Possui alto potencial palentológico.

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• Ponto Nº. 46: Abrigo do Tamanduá – 437120 – 7750035

Dois pequenos abrigos localizados na base de paredão associado a talude. A noroeste é


somente um abrigo sem zona afótica ou mesmo penumbra. A sudeste é uma caverna com
10 m de comprimento, seções triangulares, morfologia retilínea, onde foi encontrada uma
ossada de tamanduá bandeira no interior (recente, ainda com pele).

• Ponto Nº. 47: Ressurgência e Sumidouro da Cascata – 437166 – 7750050

Uma feição cárstica rara. A ressurgência está à meia altura no paredão, onde sai água de
um conduto de 2 m de altura por 2 m de largura, formando uma cachoeira que cai
diretamente sobre uma dolina de abatimento com paredes abruptas, entrando no sumidouro.
O conduto de onde sai a água não foi explorado devido a dificuldades de acesso (escalada
artificial). O sumidouro localiza-se dentro da dolina. Possui direção nordeste, 30 m de
desenvolvimento, morfologia meandrante, sem seções definidas devido ao excesso de
ornamentação, principalmente escorrimentos. A altura média é de 1 m até um pequeno
salão. A partir daí é necessário passar por uma pequena passagem que acessa parte do
córrego, até um desmoronamento onde não foi encontrada passagem. Foram encontrados
ossos calcificados no salão de entrada.

Possui sedimentos argilosos inconsolidados e poucos depósitos químicos associados aos


espeleotemas, também foram observados ossos calcificados, portanto, possui alto potencial
paleontológico.

• Ponto Nº. 48: Gruta do Sumidouro – 436860 – 7750180

Gruta onde ocorre um sumidouro com cerca de 13 m de comprimento na direção sul, com
uma caverna localizada logo acima topograficamente. Ambas possuem condutos com
morfologia elíptica horizontal, com 4 m de largura variando de 2 m a 0,5 m. Esta caverna
possui aproximadamente 20 m de desenvolvimento e direção sudoeste. Foram observados
vestígios de tamanduá (fezes), teto com fuligem, mas há restos de fogueira recente. Piso de
blocos tabulares e sedimentos.

Possui apenas sedimentos argilosos inconsolidados e poucos espeleotemas. Portanto, não


possui potencial paleontológico.

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• Ponto Nº. 49: 438785 – 7749730

Sumidouro associado à caverna com desenvolvimento aproximado de 10 m, que possui


conduto de morfologia retilínea e seções triangulares de 1 m de largura e 1,2 m de altura.
Não possui zona afótica nem espeleotemas.

Só foram identificados sedimentos argilosos inconsolidados, portanto, não possui potencial


paleontológico.

• Ponto Nº. 50: Caverna Travessia – 438790 – 7749721

Caverna com aproximadamente 150 m de desenvolvimento e morfologia meandrante. As


seções predominantes são elípticas verticais com altura média de 1,9 m e largura de 1,5 m.
Pode ser observada uma marca de córrego temporário no piso do conduto. Forma um
sistema de sumidouros e ressurgências interligados.

Foto 20: Aspecto do conduto com drenagem escavada no centro. Espeleotema métrico à
direita

O conduto meandrante é o principal, possui 110 m de extensão na direção nordeste e liga a


entrada, em descendente, a uma saída labiríntica com clarabóia. Neste conduto podem ser
observadas fraturas subverticais de direção 120º e 30º (par conjugado). No teto observam-
se pináculos com brecha intraformacional, na porção central do conduto principal. Parte do
piso é estalagmítico.
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Foram observados espeleotemas do tipo coralóide, estalactite, colunas, escorrimentos e
travertinos. Grande parte da caverna é coberta por sedimentos inconsolidados.

A saída trata-se de um conduto de dimensões generosas (aproximadamente 7 m de altura x


20 m de largura máxima) que foi interceptado por este conduto meandrante. Desta saída
partem outros condutos que também atravessam o paredão interligando dolinas.

Possui brecha intraclástica e brecha tipo matriz suportada, que cimenta seixos de quartzo e
calcário, além de carapaças de sementes envolvidas pelo cimento. Também foram descritos
piso estalagmítico e outros depósitos químicos como escorrimentos e concreções, além de
conchas incrustadas. Portanto, possui alto potencial paleontológico.

Foto 21: Salão no conduto principal da cavidade

• Ponto Nº. 51: Caverna Continuação – 438764 – 7749815

Esta caverna localiza-se no mesmo vale da saída da cavidade anterior (Caverna Travessia).
Possui aproximadamente 40 m de desenvolvimento interligando várias entradas e formando
um sistema com fraturas na direção 180º e 90º. As seções são triangulares com 6 m de
altura e 3 m de largura.
Foram observados grandes quantidades de sedimento argiloso inconsolidado e consolidado,
brecha tipo matriz suportada e depósitos químicos. Como se trata da continuação da
cavidade anteriormente descrita, também possui alto potencial paleontológico.
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Foto 22: Interior da Caverna Continuação

• Ponto Nº. 52: Caverna do Desfiladeiro – 438764 – 7749815

Caverna localizada a meia altura no paredão, alcançada através de desmoronamento no


desfiladeiro. Possui cerca de 30 m de desenvolvimento atravessando o paredão na direção
leste-oeste. A saída na porção oeste está à meia altura no paredão. Possui morfologia
retilínea, seções triangulares com 10 m de altura e 5 m de largura. Os espeleotemas são
principalmente couves-flor.

Possui apenas sedimentos argilosos inconsolidados, portanto, possui baixo potencial


paleontológico.

• Ponto Nº. 53 – Gruta do Jader – 437941 – 7749517

Caverna com planta baixa linear, 43 m de desenvolvimento linear, perfil inclinado e cortes
lenticulares inclinados. Cavidade situada na base de paredão, para onde é direcionada a
drenagem que desce da encosta, logo acima e originou a cavidade.
Presença de blocos abatidos por toda a sua extensão, casca fina, cortinas, pequenas
estalactites e escorrimentos. Também ocorrem sedimentos argilo-siltosos inconsolidados.

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A sua posição topográfica, e bem como a presença de casca fina e sedimentos silto-
argilosos, lhe confere um médio potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 54 – Abrigo JVS I – 437404 – 7748092

Abrigo com 9 m de desenvolvimento linear, planta baixa linear, perfil horizontal e cortes
triangulares. Possui entrada semicircular, mas não foram observados espeleotemas ou
presença de água. Foram observados blocos abatidos e sedimento arenoso inconsolidado.
Possui baixo potencial paleontológico.

• Ponto Nº. 55 – Caverna JVS II – 437249 – 7748033

Cavidade situada no topo de maciço, com 20 m de desenvolvimento linear. Possui planta


baixa linear, perfil horizontal – inclinado e cortes retangulares. Foram observadas muitas
cortinas, estalactites, colunas métricas, coralóides e estalagmites. Também ocorrem blocos
abatidos, contudo não há zona afótica, pois existem duas entradas. Possui baixo potencial
paleontológico.

• Ponto Nº. 56 – Gruta JVS I – 436839 – 7749179

Gruta situada na base de maciço, com 40 m de desenvolvimento linear. Sua planta baixa é
linear, o perfil é horizontal – inclinado e os cortes são elipsoidais horizontais e inclinados. Os
principais espeleotemas observados foram os estalactites e travertinos. Também ocorrem
muitos blocos abatidos, mas não foi observada a presença de água. Possui baixo potencial
paleontológico.

• Ponto Nº. 57 - Gruta Inexistente - 438229-7748207

Gruta com 16 m de desenvolvimento linear. Possui planta baixa linear, perfil inclinado,
cortes lenticulares e triangulares. Situada à meia encosta, em seu interior foram notados,
travertinos centimétricos e micro-travertinos, colunas, escorrimentos e coralóides. Também
ocorrem colunas residuais ou pilares, blocos abatidos, pedriscos e sedimento areno-
argiloso.
Apesar da ocorrência de depósitos químicos, possui baixo potencial paleontológico.

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Foto 23: Entrada da Gruta Inexistente

2.2.2.2.2. Prospecção bioespeleológica

O meio cavernícola é caracterizado por uma elevada estabilidade ambiental e pela ausência
permanente de luz (Pouson & White, 1969). Cada cavidade subterrânea, embora sujeita a
certas características abióticas comuns, apresenta-se como um ambiente ecologicamente
distinto, podendo abrigar de forma temporária ou permanente uma fauna peculiar.

O domínio subterrâneo é denominado hipógeo em contraposição aos domínios epígeo (meio


externo) e endógeo (solo). A principal característica do ambiente hipógeo que diferencia dos
demais meios biológicos da superfície terrestre é a completa ausência de luz nas zonas
mais profundas, denominada zona afótica. Já a zona eufótica é caracterizada pela
incidência direta de luz próxima à região da entrada, e a zona disfótica é a região que
recebe a luz apenas indiretamente. O zoneamento em relação à luminosidade tem caráter
qualitativo, geralmente baseado em observações visuais.

Com a ausência de luz, no ambiente cavernícola não se encontram produtores primários,


com exceção de poucas bactérias quimioautotróficas. O que faz das comunidades
cavernícolas essencialmente decompositoras e dependentes de fontes alóctones de energia
e carbono, importadas do meio externo. Este alimento penetra no meio cavernícola carreado

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por agentes físicos ou biológicos, de forma contínua ou em “pulsos” e em configurações
espaciais diferentes (Culver, 1982).

A importação de recursos no meio cavernícola é feita por três vias principais: matéria
orgânica particulada carreada diretamente por rios ou veiculadas através de aberturas
verticais nas cavernas; matéria orgânica dissolvida que goteja através de fendas e
espeleotemas; raízes que penetram em grutas próximas à superfície ou através de
cadáveres e fezes de animais que entram e saem das cavernas com certa regularidade
como, por exemplo, as fezes (guano) de morcegos. O tipo de recurso, a região onde é
encontrado, bem como a forma pela qual este penetra no sistema, é um importante
determinante da composição da fauna presente no meio cavernícola (Bahia e Ferreira,
2005).

Além da matéria orgânica, a diversidade de substratos, os cursos de água, os lagos, os


bancos de argila, o solo arenoso e as paredes rochosas são muito importantes, pois definem
diferentes habitats dentro da mesma cavidade. E em função desses habitats e do nível de
adaptação ecológica ao ambiente cavernícola, os animais das cavernas são classificados
em quatro categorias: acidentais, troglóxenos, troglófilos e troglóbios segundo Schiner
(1854) e Racovita (1907) em Lino (2001).

Os acidentais são animais da fauna externa que eventualmente são encontrados no interior
das cavernas, mas que não mantêm relação com este ambiente.

Os troglóxenos (troglos = caverna, xenos = estrangeiro) são os animais encontrados no


interior das cavernas, mas que não são exclusivos desse ambiente. Freqüentam de forma
regular as cavernas em busca de abrigo contra as variações climáticas, predadores ou para
fazer ninhos. Esses animais ocupam um papel importante no aporte energético da cavidade,
pois freqüentemente são importadores de matéria orgânica do meio epígeo. Seus
representantes podem ser os vertebrados (morcegos, aves e anfíbios) ou os invertebrados
(aracnídeos e insetos).

Os animais troglófilos (troglos = caverna, filos = amigo) são os que dependem do meio
cavernícola para desenvolver seu ciclo de vida. Os troglófilos são adaptados
ecologicamente ao meio subterrâneo, mas não apresentam especializações morfológicas e
fisiológicas que o tornem exclusivos do ambiente cavernícola. Os animais mais freqüentes
são as aranhas, opiliões, crustáceos, diplopodas e os insetos.

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Os troglóbios (troglos = caverna, bio = vida) são animais exclusivamente cavernícolas, e
possuem todo o ciclo de vida restrito ao interior das cavernas. Ecologicamente, os troglóbios
mostram grande interação com o meio em seus aspectos abióticos e bióticos e apresentam
especializações morfológicas, fisiológicas e/ou comportamentais para este ambiente
específico. Quanto às características morfológicas são freqüentes a despigmentação, a
atrofia dos olhos, e a hipertrofia de órgãos sensoriais entre outras. A diminuição da atividade
metabólica é a principal característica fisiológica e comportamental. Esta categoria pode
abrigar vertebrados e invertebrados, como crustáceos, insetos, entre outros animais.
Freqüentemente, a distribuição geográfica de espécies troglóbias é confinada a uma dada
região, ou caverna, ou seja, são endêmicas (Lino, 2001).

A importância ecológica dos animais troglóbios e o conhecimento das cavernas que abrigam
tais organismos podem assegurar sua preservação. Esta afirmação toma por base a
resolução CONAMA – Comissão Nacional do Meio Ambiente publicada em 6 de agosto de
1987. Em seu primeiro parágrafo relativo à conservação do patrimônio espeleológico, no
item 7, encontra-se a seguinte colocação: “Que o IBDF inclua os troglóbios na relação de
animais em perigo de extinção e que como tal devem ser preservados” (CONAMA, 1987).

* Extinto em 1989 o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) transformou-se no Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

A área de estudo está inserida na região fisiográfica do Alto São Francisco, fazendo parte do
domínio morfoclimático do Bioma Cerrado, com gradações que vão das gramíneas do
campo limpo à vegetação densa na Floresta Estacional Decidual ou Floresta Seca.

A vegetação arbórea e arbustiva presente nos afloramentos de Calcário é denominada


“Mata Seca” ou “Mata de Calcário” e são características devido a pouca retenção de água
no solo em conseqüência da grande quantidade de fendas presentes nas rochas (Rizzini,
1997).

A área de estudo apresenta-se totalmente modificada pela ação antrópica sendo que a
vegetação nativa foi removida para a produção de madeira ou para dar lugar à exploração
de calcário, pecuária e pequenas plantações. A vegetação está em processo de sucessão
primária com poucas espécies arbóreas próximas ao afloramento rochoso.

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Metodologia

Foram considerados os aspectos ecológicos entre a fauna e o ambiente cavernícola, e a


relevância ecológica da caverna com o ecossistema de entorno.

Para a caracterização bioespeleológica, foram avaliados: sistema trófico da cavidade, com


descrição do tipo do aporte energético (animal ou vegetal) e a classificação qualitativa da
abundância do aporte. Foi verificada a existência ou não de espécies ameaçadas,
endêmicas e/ ou raras. As espécies foram enquadradas nas categorias que relacionam,
qualitativamente, as relações ecológicas e evolutivas com o ambiente cavernícola, segundo
(Schiner, 1854 e Racovitza, 1907 em Lino, 2001).

As informações foram levantadas e analisadas de acordo com o Termo de Referência para


Elaboração de Estudos de Impacto Ambiental para Atividades Minerárias em Áreas
Cársticas no Estado de Minas Gerais.

Para o levantamento da fauna cavernícola foi utilizado o método de observação, onde os


indivíduos foram classificados taxonomicamente ao menor nível possível. Os micro-habitats
passíveis de proporcionar condições favoráveis à biota cavernícola foram vistoriados. Não
houve coleta de material ou espécies.

A Análise de Similaridade das comunidades cavernícolas foi calculado utilizando o Índice de


Sorensen (Wolda, 1981).

Caracterização da fauna cavernícola

• Gruta do Índio

O caminhamento até a entrada da Gruta do Índio é realizado através de uma estrada de


terra com brita. A vegetação do entorno é arbóreo-arbustiva em processo de sucessão
primária, com algumas espécies arbóreas.

A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que a maior parte se
desenvolve na ausência de luz. O aporte de energia dentro da gruta é representado por
matéria orgânica vegetal carreada, bancos de sedimentos com cascas e asas de insetos.

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Foi observada nesta cavidade uma grande abundância e riqueza de espécies troglófilas e
troglóxenas. Na zona eufótica e disfótica podem ser encontrados tanto representantes da
fauna epígea, como borboletas e aranhas, quanto da fauna hipógea como opiliões, aranhas
(Ctenidae) e piolho-de-cobra (Tabela 6).

Dentre os animais considerados cavernícolas foram observados um grande número de


espécimes de opilião (jovens e adultos) distribuídos em toda a cavidade, assim como
aranhas do gênero Enoploctenus sp., adultos e jovens/filhotes, e do gênero Mesabolivar sp.,
mariposas, diplopodas, barbeiros e muitos grilos.

A Gruta do Índio possui Potencial Biológico Muito Relevante para a área, visto que possui
grande riqueza de morfoespécies e principalmente um grande número de indivíduos das
espécies que se estabeleceram nesta cavidade. Não foi encontrada nenhuma espécie que
evidencie potencial troglomorfismo.

Tabela 6: Fauna cavernícola observada na Gruta do Índio


Nome Observado Estágio
Família Espécies Categoria
popular na zona desenvolv.
Disfótica/ Troglóxeno/
Ctenidae Enoploctenus sp. Aranha Adulto/Jovem
Afótica Troglófilo*
Mesabolivar Disfótica/
Pholcidae Aranha Troglófilo Adulto
sp. Afótica
Disfótica/
Gonyleptidae Goniosoma sp. Opilião Troglóxeno Adulto/Jovem
Afótica
Disfótica/
Formicidae Atta sp. Formiga Troglóxeno Adulto
Afótica
Phalangopsidae Endecous sp. Grilo Afótica Troglófilo Adulto
Piolho-
Pseudonannolene
Pseudonannolenidae de- Afótica Troglófilo Adulto
sp.
cobra
Reduviidae Zelurus sp. Barbeiro Afótica Troglófilo Adulto

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• Caverna 24

A vegetação do entorno é arbóreo-arbustiva em processo de sucessão primária, com


algumas espécies arbóreas. Plantas herbáceas invasoras são encontradas próximas à
entrada da cavidade.

A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que a maior parte se
desenvolve na ausência de luz. O aporte de energia dentro da gruta é representado por
matéria orgânica vegetal carreada e raízes de plantas na entrada da cavidade.

Foram observadas nesta cavidade espécies troglófilas e troglóxenas. Na zona eufótica e


disfótica podem ser encontrados tanto representantes da fauna epígea, como borboletas,
escorpiões e aranhas, quanto à fauna hipógea foram encontrados opiliões, aranhas
(Ctenidae) e piolho-de-cobra (Tabela 7).

Dentre os animais considerados cavernícolas foi observado um grande número de


espécimes de opilião (jovens, adultos e ovos) distribuídos em toda a cavidade, assim como
aranhas do gênero Enoploctenus sp., adultos e jovens/filhotes, mariposas e diplopodas.

A Caverna 24 possui Potencial Biológico Pouco Relevante para a área, visto que não possui
grande riqueza e/ou abundância de morfoespécies. Não foi encontrada nenhuma espécie
que evidencie potencial troglomorfismo.

Tabela 7: Fauna cavernícola observada na Caverna 24


Nome Observado Estágio
Família Espécies Categoria
popular na zona desenvolv.
Disfótica/ Troglóxeno/
Ctenidae Enoploctenus sp. Aranha Adulto/Jovem
Afótica Troglófilo*
Disfótica/ Adulto/Jovem/
Gonyleptidae Goniosoma sp. Opilião Troglóxeno
Afótica Ovos
Pseudonannolene Piolho-
Pseudonannolenidae Afótica Troglófilo Adulto
sp. de-cobra
Buthdae Tityus trivittatus Escorpião Afótica Troglófilo Adulto

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Foto 24: Opilião do gênero Gonissoma sp

Foto 25: Carapaça de escorpião encontrada no interior da cavidade

• Caverna do Desmoronamento

O acesso à Gruta é relativamente fácil, através da estrada e com um pequeno caminho


entre espécies herbáceas. A região da entrada apresenta grande aporte de energia vegetal
como folhas, galhos e raízes aéreas de árvores.

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A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que o desenvolvimento
ocorre sob ausência total de luz.

Foram observados aranhas da família Ctenidae, grilos, barbeiros e opiliões. A cavidade não
apresentou grande riqueza ou abundância de espécimes apesar de possuir muito alimento
disponível.

O fluxo de energia é extremamente alto dentro da cavidade devido à matéria orgânica que é
carreada para o meio hipógeo através entrada em desnível acentuado. O aporte é de
material vegetal, serrapilheira úmida, grande quantidade de sedimentos rolados e de restos
de animais.

Tabela 8: Fauna cavernícola observada na Caverna do Desmoronamento


Nome Observado Estágio
Família Espécies Categoria
popular na zona desenvolv.
Disfótica/ Adulto/Jovem/
Gonyleptidae Goniosoma sp. Opilião Troglóxeno
Afótica Ovos
Reduviidae Zelurus sp. Barbeiro Afótica Troglófilo Adulto
Phalangopsidae Endecous sp. Grilo Afótica Troglófilo Adulto
Troglóxeno/
Ctenidae Enoploctenus sp. Aranha Afótica Adulto
Troglófilo

Foto 26: Barbeiro do gênero Zelurus sp


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• Caverna 27

O acesso à Gruta é relativamente fácil, através da estrada. A região da entrada apresenta


grande aporte de energia vegetal como folhas, galhos e raízes aéreas de árvores.

A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que o desenvolvimento


ocorre sob ausência de luz.

O fluxo de energia é extremamente alto dentro da cavidade. Este aporte é de material


vegetal, serrapilheira úmida, grande quantidade de sedimentos rolados e de restos de
animais.

Tabela 9: Fauna cavernícola observada na Caverna 27


Nome Observado Estágio
Família Espécies Categoria
popular na zona desenvolv.
Disfótica e
Noctuidae - Mariposa Troglóxeno Adulto
Afótica
Formicidae Solenopsis sp. Formiga Afótica Troglóxeno Adulto
Troglóxeno/
Ctenidae Enoploctenus sp. Aranha Afótica Adulto
Troglófilo

A Caverna 27 possui Potencial Biológico Pouco Relevante para a área, visto que não possui
grande riqueza e/ou abundância de morfoespécies. Não foi encontrada nenhuma espécie
que evidencie potencial troglomorfismo.

• Caverna da Mina

A vegetação do entorno é arbóreo-arbustiva em processo de sucessão primária, com


algumas espécies arbóreas.

A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que a maior parte se
desenvolve na ausência de luz. O aporte de energia dentro da gruta é representado por
matéria orgânica vegetal carreada, bancos de sedimentos com cascas e asas de insetos e
raízes de plantas próximas ao final da gruta onde a umidade é maior devido à presença de
uma clarabóia.

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Dentre os animais considerados cavernícolas foi observado um grande número de
espécimes de opilião (jovens e adultos) distribuídos em toda a cavidade, assim como
aranhas do gênero Enoploctenus sp., adultos, e do gênero Mesabolivar sp., mariposas e
grilos.

Foram observadas muitas conchas de gastrópodas no interior desta cavidade, algumas em


processo de fossilização.

A Gruta da Mina possui Potencial Biológico Pouco Relevante para a área, visto que não
possui grande riqueza e/ou abundância de morfoespécies. Não foi encontrada nenhuma
espécie que evidencie potencial troglomorfismo.

Tabela 10: Fauna cavernícola observada na Gruta da Mina


Nome Observado Estágio
Família Espécies Categoria
popular na zona desenvolv.
Disfótica/ Troglóxeno/
Ctenidae Enoploctenus sp. Aranha Adulto/Jovem
Afótica Troglófilo*
Disfótica/ Adulto/Jovem/
Gonyleptidae Goniosoma sp. Opilião Troglóxeno
Afótica Ovos
Noctuidae - Mariposa Afótica Troglóxeno Adulto
Phalangopsidae Endecous sp. Grilo Afótica Troglófilo Adulto
* Estudos recentes como de Pellegatti-Franco (2004) classificou a aranha Enoploctenus sp. como troglóxeno e
não mais troglófilo, ou seja, não há uma dependência do ambiente cavernícola para o desenvolvimento da
espécie. Este meio seria atrativo para as fêmeas onde ocorreria à postura de ovos, por se tratar um local
protegido, sendo difícil encontrar machos e jovens desta espécie nas cavidades. Mas em quase todas as
cavidades foram observados muitos indivíduos jovens

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Foto 27: Opiliões do gênero Goniosoma sp

Foto 28: Conchas de gastrópoda em processo de fossilização

• Caverna Confusa

A região da entrada da cavidade apresenta grande aporte de energia vegetal como folhas,
galhos e raízes aéreas de árvores.

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A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que o desenvolvimento
ocorre sob ausência de luz.

Foram observados aranhas da família Ctenidae, grilos e barbeiros. A cavidade não


apresentou grande riqueza ou abundância de espécimes.

O aporte energético é de material vegetal, serrapilheira úmida, grande quantidade de


sedimentos rolados e de restos de animais.

Tabela 11: Fauna cavernícola observada na Caverna Confusa


Nome Observado Estágio
Família Espécies Categoria
popular na zona desenvolv.
Phalangopsidae Endecous sp. Grilo Afótica Troglófilo Adulto
Enoploctenus Troglóxeno/
Ctenidae Aranha Afótica Adulto
sp. Troglófilo
Reduviidae Zelurus sp. Barbeiro Afótica Troglófilo Adulto

A Caverna Confusa possui Potencial Biológico Pouco Relevante para a área, visto que não
possui grande riqueza e/ou abundância de morfoespécies. Não foi encontrada nenhuma
espécie que evidencie potencial troglomorfismo.

Foto 29: Barbeiros do gênero Triatoma em cópula na zona afótica

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• Gruta Comunicante

O caminhamento até a entrada da cavidade é feito através da estrada com um pequeno


trecho de plantas invasoras e árvores esparsadas próximo ao afloramento rochoso.

A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que a maior parte ocorre
na ausência total de luz. Na entrada da gruta foram observados opiliões, mariposas e
formigas.

Na incidência de luz indireta são encontrados muitos opiliões, aranhas, piolho-de-cobra e


barbeiro. A partir do início da zona afótica a abundância de espécimes aumenta e além dos
animais citados anteriormente encontramos formigas, mariposas e grilos. À medida que nos
aproximamos da outra entrada da caverna podemos ver uma raiz de árvore, provavelmente
gameleira (Ficus sp.), surgindo no solo e próximo à rocha.

O potencial biológico da Gruta Comunicante foi classificado como Muito Relevante devido a
grande riqueza e abundância de espécimes. O que é facilitada pela ocorrência de duas
bocas grandes e aporte de energia.

Tabela 12: Fauna cavernícola observada na Gruta Comunicante


Nome Observado Estágio
Família Espécies Categoria
popular na zona desenvolv.
Disfótica e
Noctuidae - Mariposa Troglóxeno Adulto
Afótica
Disfótica/ Troglóxeno/ Adulto/
Ctenidae Enoploctenus sp. Aranha
Afótica Troglófilo Jovem/Ovos
Mesabolivar Disfótica/
Pholcidae Aranha Troglófilo Adulto
sp. Afótica
Disfótica e
Gonyleptidae Goniosoma sp. Opilião Troglóxeno Adulto
Afótica
Phalangopsidae Endecous sp. Grilo Afótica Troglófilo Adulto
Disfótica/
Formicidae Atta sp. Formiga Troglóxeno Adulto
Afótica
Pseudonannolene Piolho-
Pseudonannolenidae Afótica Troglófilo Adulto
sp. de-cobra
Disfótica/
Reduviidae Zelurus sp. Barbeiro Troglófilo Adulto
Afótica

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Foto 30: Aranha da espécie Enoploctenus cyclothorax

Análise de Similaridade

A Análise de Similaridade Bioespeleológica entre as cavidades foi feita utilizando o Índice de


Sorensen (CS = 2c/ a + b) onde o Coeficiente de Similaridade (CS) é igual ao número de
espécies comuns a ambas as faunas (c) e “a” e “b”, são o número de espécies da estação
“A” e da estaca “B”.

O índice varia de zero (sem similaridade) a 1 que indica similaridade total (Krebs, 2001) e
são mostrados na Tabela 13.

A maior similaridade da fauna foi entre a Gruta do Índio e Comunicante e entre a Gruta
Desmoronamento e as Grutas Índio e da Mina.

A menor significância foi entre as Grutas do Índio e 27 que tiveram um representante da


fauna cavernícola em comum.

Em geral, mesmo em cavidades próximas, encontram-se valores de similaridade inferiores a


40%, tendo em vista as particularidades físicas e tróficas inerentes a cada caverna. Os
valores encontrados indicam que as cavernas da área apresentam, em sua maioria, altos

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índices de similaridade. A Tabela 14 lista as espécies encontradas neste estudo e em quais
cavernas elas foram observadas.

As cavidades da área apresentam, de forma geral, ecossistemas com diferentes graus de


complexidade, com abrigos pouco ricos e cavernas com elevada riqueza e diversidade. Um
gênero de importância por consistir em um dos poucos invertebrados troglóxenos
brasileiros, além de ser presente em 71,4% das cavernas inventariadas é Goniosoma sp.
(Opilionida: Gonyleptidae), assim como a família Noctuidae presente em apenas duas
cavidades.

Algumas outras espécies encontradas são troglófilas bem especializadas à vida cavernícola,
como a aranha Enoploctenus sp. que foi encontrada em todas as cavidades inventariadas
neste estudo em grande abundância e em vários estágios de desenvolvimento, Endecous
sp. (Ensifera: Phalangopsidae) observado em 87,5% das cavidades, Pseudonannolene sp.
(Spirostreptida: Pseudonannolenidae) em 71,4% das grutas e Zelururs sp. (Heteroptera:
Reduviidae) em 57,1%. As demais espécies encontradas apresentaram baixa riqueza nas
cavernas analisadas.

Tabela 13: Matriz de similaridade da fauna cavernícola observada nas grutas


Caverna 21 24 26 27 28 41 43
21 x 0,54 0,73 0,2 0,54 0,4 0,94
24 x x 0,5 0,28 0,5 0,28 0,5
26 x x x 0,28 0,75 0,57 0,67
27 x x x x 0,28 0,33 0,18
28 x x x x x 0,57 0,67
41 x x x x x x 0,36
Obs: Gruta do Índio = 21; Caverna do Desmoronamento = 26; Caverna da Mina = 28; Caverna Confusa = 41;
Gruta Comunicante = 43

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Tabela 14: Diversidade total de espécies nas seis gutas que apresentaram alguma
relevância biológica na área em estudo
21 24 26 27 28 41 43 Total de ocorrências
Atta sp. + - - + - - + 3 (42,8%)
Endecous sp. + - + + + + + 6 (85,7%)
Enoploctenus sp. + + + + + + + 7 (100%)
Goniosoma sp. + + + - + - + 5 (71,4%)
Mesabolivar sp. + - - - - - + 2 (28,6%)
Noctuidae - - - - + - + 2 (28,6%)
Solenopsis sp. - - - + - - - 1 (14,3%)
Pseudonannolene sp. + + - + + - + 5 (71,4%)
Titytus sp. - + - - - - - 1 (14,3%)
Triatoma sp. - - - - - + - 1 (14,3%)
Zelurus sp. + - + + - - + 4 (57,1%)

2.2.2.2.3. Prospecção arqueológica

O contexto histórico da colonização da Província Cárstica do Alto São Francisco começa


com a ocupação indígena por grupos da “nação Cataguá”, supostamente contatados por
bandeirantes e viajantes (Barbosa 1978; Senna 1938; Vasconcelos 1904; José 1948).
Segundo esses estudiosos, o domínio de tal nação se estenderia ainda para todo o
sudoeste do estado de Minas Gerais. Tal “nação” estaria ocupando os sertões do sul, centro
e oeste de Minas, nos séculos XVI e XVII (Barbosa 1979; José 1965; Senna 1938;
Vasconcellos 1904). As principais fontes primárias apontadas por tais trabalhos,
propagadores da definição do gentio Cataguá, são os relatos dos primeiros cristãos a
adentrar o interior do atual estado de Minas Gerais, entre os séculos XVI e XVII. A fonte
mais antiga conhecida é a carta do Padre Aspicuelta de Navarro, que fala da entrada
comandada por Espinosa, que partiu de Porto Seguro em meados de 1552, alcançando o
alto vale do Rio São Francisco, próximo à confluência com o Rio das Velhas (Capistrano de
Abreu 1982: 279; Derby 1901: 245; RAPM 1901: 161). Em sua carta, Navarro descreve o
Médio e o Alto Jequitinhonha, chegando até o Alto São Francisco, antes que tais regiões
sofressem o impacto da conquista.

A partir do século XVIII não teremos mais informações sobre os grupos indígenas originais,
pois os nativos que não foram mortos ou capturados fugiram para regiões não conquistadas,
como o triângulo mineiro e o território de Goiás. A década de 60 desse século se inicia com
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a campanha dos primos Bartholomeu Bueno do Prado e Salvador Jorge, que entrou no
sertão de Campo Grande a fim de assolar com toda a “multidão de negros aquilombados
pelo Andaya Bambuhy, Corumbá, Santa Fé, Jacuy, Rio das Abelhas, Rio Grande e Rio
Parnahyba” (Barreto 1992: 44).

Também os relatos da expedição comandada por Inácio Pamplona, em 1769, já não trazem
qualquer menção a indígenas, mas a quilombolas ou criminosos que se refugiavam naquela
região (Biblioteca Nacional 1988). Além do caráter bélico tal expedição tinha o objetivo de
oferecer jurisprudência em conflitos e legislar em agrupamentos já existentes naqueles
sertões, cujos expoentes seriam os povoados de Pium-hí e Santa Ana do Bambuy (Barreto
1992: 18; Souza 1996: 193).

Apesar de as línguas faladas pelos indígenas da região não terem sido registradas, os raros
estudos lingüísticos existentes sugerem uma afiliação ao tronco Macro-gê (Davis 1968,
1966; Urban 1998: 90). Os bandeirantes paulistas, fluentes em línguas pertencentes à
família tupi-guarani (especialmente o nheengatú, tupi paulista ou tupi jesuítico) teriam
utilizado o vocábulo “cataguá” para designar genericamente qualquer grupo não tupi que
habitasse florestas. O termo significa: aquele que vive no mato, sendo uma derivação de
caá (campo, mato ou árvore), tã (duro ou bruto) e guá (vale) (Silveira Bueno 1998: 98).

Esta atitude de desprezar o uso de denominações tribais dos grupos indígenas, salvo no
caso de cativos recém-introduzidos do sertão, era uma prática corriqueira entre os paulistas
dos séculos XVI e XVII (Monteiro 1999: 193). Bom exemplo é a palavra tapuia, que jamais
designou uma tribo específica, mas simplesmente grupos diferenciados e inimigos dos
grupos falantes de línguas do tronco tupi-guarani. Os tapuias eram, na opinião de Navarro,
“uma geração de Indios bestial e feros; porque andam pelos bosques, como manadas de
veados, nus, com os cabellos compridos como mulheres: a sua fala é mui bárbara e elles
mui carniceiros...”(APM 1901: 162).

Sampaio (1900: 90) demonstrou a diversidade de estórias fantasiosas que foram criadas
sobre os habitantes indígenas do sertão, à época das expedições que buscavam a Serra de
Sabarabussú. Os termos Tapuia e Cataguá têm muito em comum (Lowie 1946, Silveira
Bueno 1998); ambos são genéricos, quase pejorativos, e não designam nenhuma tribo
especificamente, mas povos ‘não-Tupi’, bárbaros habitantes do mato.

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As fontes documentais dos séculos XVI e XVII, que mencionam os grupos indígenas
habitantes do alto curso do Rio São Francisco e proximidades, são totalmente omissas em
relação a uma Nação Cataguá. Os primeiros exploradores da região sempre se referiam aos
grupos que não falavam línguas tupi-guarani, e possuíam culturas distintas daquelas
conhecidas pelos colonizadores, como tapuias e nunca Cataguás. Nessas fontes, a palavra
cataguá aparece sempre associada ao Sertão dos Cataguás ou Minas dos Cataguás e
nunca a uma determinada tribo ou etnia, mas simplesmente a vários grupos distintos
denominados genericamente como Cataguás, habitantes de sertões desconhecidos.

Quanto ao contexto arqueológico da região, os primeiros registros de vestígios


arqueológicos foram feitos no século XIX por William Von Eschwege (1833), que visitou a
região a fim de conhecer suas minas de salitre. Em uma caverna, denominada Loca Grande,
provavelmente localizada no atual município de Arcos, ele viu ossadas humanas espalhadas
na superfície do local, atribuindo estes restos a infelizes assassinados ou selvagens
(1979:194). Hoje, com o desenvolvimento das pesquisas na região, sabemos que inúmeros
indígenas utilizaram as cavernas como criptas para realizar rituais funerários. Em várias
grutas foram depositadas ossadas humanas no interior de grandes vasilhas cerâmicas.
Provavelmente, Eschwege viu um sepultamento indígena já perturbado.

As pesquisas arqueológicas sistemáticas só tiveram início no final da década de 60 do


século XX, levantando dados importantes sobre os grupos que povoaram a região em
épocas mais recentes, a cerca de 2.000 anos atrás. A principal iniciativa arqueológica na
região se deu entre 1969 e 1974, com as pesquisas do Instituto de Arqueologia Brasileira
(IAB), sediado no Rio de Janeiro e vinculado ao Programa Nacional de Pesquisas
Arqueológicas (PRONAPA). A equipe, coordenada pelo prof. Ondemar Dias Jr., realizou
prospecções e registro de mais de 30 sítios; alguns foram escavados, como as cavernas:
“Ísaías” (Dias Jr. 1974) e “Buracão dos Bichos” (Dias Jr. & Carvalho 1982), sendo que esta
forneceu datações de 1.840 BP +- 120 e 1.000 BP +- 90 – SI 2.368 e 2.369 (Dias Jr.,
1975/1976:171). Os principais materiais resgatados ao longo destas pesquisas foram:
fragmentos de potes e fusos cerâmicos, machados de pedra polida, refugos de lascamento
de rochas, conchas de moluscos bivalves e carvões.

Dias Jr. (1976/77) propôs que, há dois mil anos atrás, teria ocorrido o aparecimento da
cerâmica no Vale do São Francisco. Esta mudança estaria relacionada à maior
representatividade econômica do cultivo de plantas no cotidiano dos grupos que habitavam
a região (Dias Jr & Carvalho, 1981/82). Os vestígios destes horticultores-ceramistas foram

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encontrados principalmente em abrigos e algumas cavernas. Os fragmentos cerâmicos
compunham vasilhames enegrecidos de pequenas dimensões, fusos cerâmicos e machados
de pedra polida (Figura 6). Dias Jr. classificou-os como pertencentes à tradição Una,
descrevendo sua variante regional para a Província Cárstica do Alto São Francisco,
denominada Fase Piumhí (Figura 6), na qual aparecem vasos com gargalo alongado, banho
de argila nas cores branca e vermelha, alisamento e polimento de superfície (Dias Jr.
1975a).

O segundo componente, marcado pela tradição Aratu/Sapucaí, corresponderia à chegada


de grupos horticultores ceramistas diferenciados. Sua cerâmica se caracterizaria por
vasilhames piriformes e globulares de variados tamanhos, destacando-se grandes potes
para armazenagem de líquidos e grãos, urnas funerárias, pequenas vasilhas geminadas,
rodelas de fuso que atestam a fiação do algodão, cachimbos, além de pratos e tigelas
(Figura 6). Artefatos líticos polidos, como mãos de pilão e machados, reforçariam a hipótese
de uma economia baseada no cultivo do milho e da batata-doce em roças que exigiriam a
derrubada da mata (Prous 1992, Schmitz 1991).

O setor de Arqueologia da UFMG, que pesquisou a região na segunda metade dos anos 70,
encontrou inúmeros sítios pertencentes à Tradição Sapucaí e à Fase Jaraguá. Segundo
Prous (1992a:356), estes sítios ocupam encostas ou topo de montes suaves próximos a
pequenos córregos; o fato de estes grupos não procurarem os grandes cursos d'água para
seus locais de habitação sugere que eles se moviam preferencialmente por via terrestre.
Prous corroborou a visão de Dias Jr. de que haveria duas tradições distintas na Província,
apesar de os materiais coletados nos sítios não terem sido estudados.

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Figura 6: Comparação entre tipos de artefatos vinculados à tradição Sapucaí e Una (Prous
1992, Martin 1994). Atentando-se para as respectivas escalas, percebe-se uma oposição
morfológica e volumétrica entre os conjuntos cerâmicos de cada uma das Tradições.
Destaca-se a foto de um vasilhame encontrado no município de Pium-hí, que passou a
denominar uma variante estilística da Tradição Una

Estes pesquisadores estabeleceram uma relação entre as variações regionais destas


tradições e grupos indígenas citados em textos históricos (Prous 1992), visto que a
identificação de um grupo etnohistórico abre um leque de possibilidades para que se explore
traços de sua trajetória histórica e organização social. Na concepção de Dias Jr., as
cerâmicas da tradição Sapucaí estariam associadas aos Cataguá, uma das mais ‘temíveis
nações indígenas’, que dominava vasto território do centro e sul de Minas e que teria
imposto severa resistência aos bandeirantes paulistas (Dias Jr. & Carvalho 1978).

Prous, por sua vez, trilhou caminho semelhante ao de Dias Jr., ao relacionar manifestações
da tradição Una do Alto/Médio São Francisco aos mesmos grupos indígenas. No seu
entendimento a tradição Una: “manteve-se (...) até a chegada dos europeus, como mostram
um fragmento de metal encontrado em um silo na lapa da Hora (Januária) e os relatórios
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dos primeiros bandeirantes que relatam a expulsão de ‘Cataguás’ [grifo nosso]
cavernícolas, cuja agricultura era baseada no milho (1992:338).”

Como se vê, tanto Prous, quanto Dias Jr. relacionam duas tradições distintas, Una e
Sapucaí a um grupo etno-histórico, especificamente os Cataguá.

Metodologia

O trabalho de campo foi realizado em duas etapas, entre os dias 16 e 30/06/2007 e de 10 a


12/08/2007. Durante a primeira etapa, a prospecção arqueológica fora realizada juntamente
com a prospecção espeleológica e, na segunda etapa, foram detalhados os sítios
arqueológicos encontrados na área requisitada.

O trabalho desenvolvido para este Laudo Arqueológico contou com 03 etapas descritas a
seguir:

1) Levantamento bibliográfico: através de pesquisa bibliográfica em biblioteca e internet,


procurou-se obter informações arqueológicas e históricas sobre a região;

2) Prospecção arqueológica: realizada conjuntamente com a prospecção espeleológica,


nesta etapa procurou-se identificar as cavidades que guardavam algum tipo de vestígio
arqueológico, assim como, paleo-climáticos;

3) Descrição dos sítios arqueológicos: após a prospecção e identificados os sítios


arqueológicos, realizou-se uma descrição sobre cada um e sobre os vestígios encontrados,
assim como, definiu-se as medidas a serem tomadas posteriormente.

Descrição dos sítios

Dentro da área de pesquisa em questão, foram encontradas 05 cavidades naturais com


vestígios arqueológicos, no caso, fragmentos de cerâmica, espalhados na superfície,
geralmente na zona fótica destas cavidades. A seguir, então, uma breve descrição destas
cavidades, que já possuem um número de cadastro registrado anteriormente pela equipe de
consultoria da empresa Enal – Engenheiros Associados.

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• Gruta do Tunelzão

Localizada nas coordenadas UTM 436990 L e 7749763 N, esta cavidade tem no máximo 40
m de desenvolvimento com uma altura média de 2,5 m e largura média de 4,0 m. Localiza-
se na meia-vertente do maciço, tem sua entrada principal com abertura para SE e sua saída
para N-NW.

Foto 31: Maciço da Gruta Tunelzão

Os 14 fragmentos de cerâmica encontrados estão do lado da saída desta cavidade, sob um


espeleotema quebrado, que devido à clareza das fraturas da cerâmica, a queda do
espeleotema pode ter causado a quebra do pequeno pote ou vasilhame.

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Foto 32: Fragmentos cerâmicos encontrados no interior da cavidade

A superfície de todos os fragmentos é lisa, apesar da camada de poeira, parece haver um


engobo avermelhado, que futuramente deverá ser confirmado, quando da coleta sistemática
deste material e posterior análise. As espessuras dos fragmentos variam entre 04 a 10 mm,
com têmpero argilo-arenoso, comprimento variando entre 6 e 12 cm, largura entre 3,5 e 7,5
cm. Um desses fragmentos tem um furinho muito característico.

A saída desta caverna é em relevo de colúvio, também em meia-vertente, pouco íngreme,


com vegetação arbórea, sedimentos e blocos e placas de calcário, em direção a uma
pequena drenagem no sopé do maciço. Se esses fragmentos de cerâmica foram colocados
pelo seu produtor, talvez tenha sido por essa entrada, apesar dela ser pequena, baixa
(tendo que entrar agachado) e formada por duas entradas, mas de fácil acesso não havendo
necessidade de iluminação artificial, por exemplo, por tochas.

• Gruta Comunicante

Esta também é uma pequena caverna (± 30 m de desenvolvimento), localizada a 2 m de


altura do sopé do maciço, com condutos aproximados de 1,6 m de altura e com largura
média de 1,00 m. Localizada nas coordenadas 437420 L e 7749580 N.

Nesta cavidade foi encontrado apenas um fragmento de cerâmica com alça, decorada em
arco, de cor avermelhada e, com as seguintes medidas: espessura da borda de 9 a 12 mm;
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comprimento de 8,9 cm e largura de 7,5 cm. Este fragmento foi encontrado colocado
próximo à parede de um dos pequenos condutos desta caverna, local este sem
comunicação externa através de chaminés no teto ou qualquer outra possibilidade natural.

Com isto, aventa-se a possibilidade de ter sido encontrado em outro local, até mesmo fora
da caverna e depositado aí propositalmente, já que não foi encontrado nenhum outro
fragmento no interior desta cavidade e, nem mesmo na parte externa mais próxima da sua
entrada. Mas, mesmo assim, podemos considerar como um sítio arqueológico.

Foto 33: Detalhe de fragmento cerâmico encontrado na gruta

• Abrigo 42 – 437640 e 7748760

Este abrigo situa-se no mesmo maciço das outras duas cavernas acima descritas. Tem
apenas 15 m de desenvolvimento, com um salão na sua entrada, com blocos de calcário
próximos à linha de chuva do abrigo, com uma área sedimentar do seu lado SE, propícia a
uma ocupação pré-histórica. A abertura de sua boca está para NW e sua orientação para
85º - 265º.

Apesar de ser um abrigo sob rocha típico para a ocupação e com uma área razoável para
futuras escavações arqueológicas, os fragmentos de cerâmica parecem que foram
colocados neste espaço. Em geral, são fragmentos do corpo do vasilhame, com tempero
bem acentuado, com possível engobo externo, sendo que um dos fragmentos tem engobo
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externo e interno. As espessuras variam entre 12 e 16 mm, os comprimentos variam entre 6
e 9,5 cm e as larguras variam entre 7,5 a 5 cm. Em dois fragmentos foi observada uma
camada de calcita e fungo depositados em sua superfície.

Foto 34: Fragmento de cerâmica espesso encontrado no interior do Abrigo 42

• Caverna Confusa

Localizada nas coordenadas UTM 438300 L e 7749777 N, esta caverna tem


aproximadamente 100 m de desenvolvimento, com um salão de entrada formando um
abrigo, com uma área de depósito sedimentar, propícia a uma ocupação pré-histórica. Há na
sua frente uma linha de imensos blocos calcários que formam uma proteção natural. A área
de depósito sedimentar apresenta dois níveis de entupimento, um no nível do próprio solo
atual e, outro, um preenchimento brechóide na parede, entre um bloco que se soltou do teto
e o próprio teto. Esta caverna tem sua abertura para SW e a orientação é na direção 145º -
325º.

Os fragmentos de cerâmicas estão encostados nas paredes na superfície do solo atual,


como se tivessem sido transportadas para este local junto com a sedimentação. A outra
área com fragmentos de cerâmica fica atrás de uma saliência da rocha, também junto ao
nível de sedimento atual.

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A princípio, numa análise muito preliminar e superficial, parecem existir dois tipos de
cerâmica, que podem ser agrupados em dois conjuntos:

01) Conjunto A: são 05 fragmentos de cerâmica, de espessura fina, provavelmente do


corpo do vasilhame, com as seguintes medidas: espessuras médias que variam de 5
a 7 mm, comprimentos médios que variam entre 2,3 a 3,2 cm e, larguras médias que
variam entre 2,2 a 2,8 cm;

Foto 35: Fragmentos cerâmicos do conjunto A

02) Conjunto B: são 49 fragmentos, entre eles existem 03 bordas com decoração externa,
do tipo incisiva, com linha de friso logo abaixo a incisão e, no fragmento maior há ainda uma
alcinha sobre a linha incisiva. Este fragmento maior tem as seguintes medidas: espessura
da borda > 9 mm, espessura da lateral > 12 mm, comprimento > 13,4 cm e largura > 6,4 cm.
O restante dos fragmentos têm as seguintes medidas: espessuras que variam entre 5 a 9
mm, comprimentos que variam entre 5,5 a 12,5 cm e larguras que variam entre 4 a 8 cm.

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Foto 36: Borda cerâmica do conjunto B

• Gruta do Índio

Esta caverna também tem aproximadamente 100 m de desenvolvimento, com duas


entradas e dois níveis. Está localizada nas coordenadas UTM 437400 L e 7748050 N. Os
fragmentos de cerâmica se espalham pelos dois níveis, havendo uma maior quantidade no
nível superior, inclusive manchas cinzas que podem ser fogueiras. Muito desse material
arqueológico se encontra nas bacias de travertinos, muito recorrente nesse nível superior.

Começamos a descrição pela segunda entrada desta caverna, que se caracteriza por um
salão com predominância da zona fótica, com bacias de travertinos nas paredes,
aproximadamente a 1,00 – 1,20 m de altura do chão e, por sua vez, no chão, existem blocos
de calcário com sedimentos preenchendo os vazios entre eles, típico de uma boa área para
ocupação pré-histórica.

A abertura desta entrada está para NE, outra característica importante, já que, geralmente,
os abrigos sob rochas ou cavernas com salões de entrada como este, voltados para NE, E e
SE, apresentam vestígios arqueológicos dos grupos pré-históricos. A orientação segue a
direção 280º-100º.

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Neste salão de entrada foi encontrado apenas um fragmento de cerâmica, com borda de 5
mm de espessura, sendo sua lateral de 8 a 7 mm, comprimento de 9,9 cm e largura de 10,2
cm.

Já no nível superior, no salão dos travertinos, além dos fragmentos de cerâmica,


encontramos um instrumento em osso próximo a algumas cerâmicas e, às manchas de
cinzas, em torno de 07, com cerâmicas espalhadas ao redor e entre elas e, o sedimento do
interior destas manchas, além da cor acinzentada, é um sedimento fino e solto, diferente do
sedimento restante da caverna. No geral, os fragmentos de cerâmica estão espalhados por
toda área do salão dos travertinos. As suas espessuras variam entre 6 e 14 mm, há bordas,
algumas com lábios externos, e fragmentos do corpo do vasilhame, sendo que aqueles mais
grossos podem ser de potes grandes, até mesmo urnas funerárias. Alguns fragmentos
apresentam pinturas externas, porém sem decorações, ou seja, a superfície externa é lisa.

Foto 37: Detalhe de instrumento de osso encontrado em travertino no interior da Gruta do


Índio

Neste salão dos travertinos existem duas saídas abruptas, janelas, que dão uma excelente
visão do exterior, ao mesmo tempo, que é um excelente abrigo para as intempéries e para a
realização de atividades esporádicas tão comuns na pré-história. Pela quantidade de
fragmentos de cerâmica encontrada, pode se dizer que esta caverna teve um papel
importante para os grupos ceramistas que ocuparam a região. Nesta área da caverna não
encontramos nenhum material lítico (pedra lascada ou pedra polida).
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Outro aspecto importante quanto à sua localização, é que à frente desta caverna, existe um
boqueirão que, num passado mais longínquo pode ter sido uma fonte de água e de vegetais,
assim como, de caça, já que os animais também eram atraídos para o local em busca de
alimentos.

Já no nível inferior, ou seja, na entrada principal da caverna, que também tem


predominância de zona fótica, formando um salão com área propícia a uma ocupação pré-
histórica. A abertura da entrada principal desta caverna está para N-NE e, sua orientação
segue as mesmas direções da entrada secundária.

Neste salão existem fragmentos de cerâmica seguindo as características do nível superior,


porém com menor quantidade de fragmentos e sem a presença das manchas acinzentadas.
Entre os fragmentos, temos fragmentos com bordas e fragmentos do corpo do vasilhame.
Porém, neste nível inferior, próximo aos fragmentos de um possível pequeno pote
incrustado na parede com depósito de calcita por cima, encontramos um pequeno
machadinho polido, misturado ao sedimento.

Foto 38: Detalhe de machadinho encontrado no interior da cavidade

Esta caverna tem uma importante fonte de água, aproximadamente a uns 500 m de
distância, conhecida como a Caverna Cano D’água que, possivelmente foi um grande
atrativo para os grupos pré-históricos que ocuparam a região.

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• Caminho do Índio

Este sítio foi encontrado no caminho para a Gruta do Índio, na Fazenda Corumbá. Trata-se
de um sítio de superfície ou sítio a céu aberto com dimensões entre 80 m x 45 m, com
vestígios arqueológicos encontrados na superfície do solo atual e, compondo-se
basicamente de material lítico, isto é, instrumentos de pedra lascada, em diferentes
matérias-primas, como por exemplo, calcedônia, sílex preto, quartzo, siltito/argilito.

A localização deste sítio de superfície encontra-se em situação de relevo característica, ou


seja, em colinas, na sua área superior, com declividades laterais, que seguem para os
maciços calcários. Há bastante afloramento rochoso nessas colinas, com predominância de
seixos de quartzo. Este sítio também está próximo da Caverna Cano D’água,
aproximadamente 200 m.

Também foi encontrado material cerâmico na Caverna 40, porém, acreditamos que seja
histórico, pois, há pequenos riscos que evidenciam sua manufatura através de tornos.

Foto 39: Área do sítio de superfície Caminho do Índio

Discussão

A Lei nº. 3.924, de 26/07/1961 rege os monumentos arqueológicos que de alguma forma
são testemunhos de culturas passadas, que são considerados patrimônios da União e
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devem ser mantidos sob a guarda e proteção do Poder Público. Somente a partir dos anos
80 que se procurou dar ênfase e executar a preocupação existente na Lei. Pois, até então,
não havia rigorosidade na sua execução perante as licenças ambientais e licenças prévias
para direito de lavra minerária. Dessa forma, a partir da Lei 6.938 de 31/08/1981, a
obrigatoriedade da avaliação ambiental fica instituída assim como a Política Nacional sobre
Meio Ambiente. Além da criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com
o objetivo de estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades impactantes,
determinando estudos das conseqüências ambientais e as alternativas preservacionistas. A
partir da Resolução nº. 001 do CONAMA, de 23/02/1986, a presença do arqueólogo nos
trabalhos de avaliação ambiental passa a ser exigida.

Esta resolução estabeleceu que os sítios arqueológicos devam passar por avaliação e
posterior indicação de medidas mitigadoras e/ou compensatórias dos impactos negativos
sobre o patrimônio arqueológico. A Constituição de 1988 reforçou esta tendência e
estabeleceu a definição de patrimônio cultural, inserindo aí tanto sítios arqueológicos
históricos como os pré-históricos.

Por sua vez, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN –, a partir de
sua portaria SPHAN nº. 7 de 1988, estabeleceu os procedimentos necessários à
comunicação prévia, às permissões e às autorizações para pesquisas e escavações em
sítios arqueológicos e, que qualquer intervenção de natureza arqueológica deve ser
precedida de autorização do IPHAN (Lei nº. 3.924, de 26/07/1961, artigos 8 e 9). E, em
2002, com a Portaria IPHAN nº. 230, definiram-se os procedimentos e resultados esperados
nas etapas do licenciamento ambiental, compatibilizando as fases de obtenção de licenças
ambientais em urgência com os estudos preventivos de arqueologia. Esta Portaria delibera
também que na fase de obtenção de Licença Prévia, com apresentação de EIA/RIMA,
dever-se-á proceder à contextualização arqueológica e etnohistórica da área de influência
do empreendimento, por meio de levantamento de dados secundários e arqueológicos de
campo. O resultado, geralmente, é um Diagnóstico Arqueológico contendo a caracterização
e a avaliação da situação atual do patrimônio arqueológico regional. Dependendo do caso, a
partir do diagnóstico e avaliação de impactos deverão ser elaborados os Programas de
Prospecção (para a obtenção de Licença de Instalação – LI) e de resgate (para a obtenção
da Licença de Operação – LO) compatíveis com o cronograma da obra e com as fases de
licenciamento ambiental do empreendimento.

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De uma maneira geral, após os anos 90 procurou-se olhar com cuidado para o patrimônio
cultural e natural, na tentativa de resgatar a história e a cultura dos povos que já viveram e
vivem em solo brasileiro. Os três segmentos – espeleologia, arqueologia e paleontologia –
se entrecruzam, já que, as cavernas em rochas calcárias costumam preservar os vestígios
ósseos, sejam eles, humanos ou animais. As cavidades serviram de abrigo para as
ocupações pré-históricas, onde atividades esporádicas foram realizadas e até mesmo
ritualísticas, como enterramentos e a realização de pinturas rupestres, que representam o
universo simbólico da pré-história.

2.2.2.2.4. Valoração das cavidades

Os critérios definidos pelo IBAMA, segundo a proposta de lei de proteção do patrimônio


espeleológico, adaptados às realidades locais, estão apresentados nas Tabelas 15 e 16,
modificadas de Brandt (2000).

Na Tabela 15 são apresentados os parâmetros para valoração e os critérios de pontuação


para as cavidades encontradas. Os valores a serem atribuídos a cada um dos itens variam
de zero (0,0) a um (1,0). A valoração mínima de zero (0,0) significa que o critério analisado
não tem nenhum valor ou interesse ou não foi observado. A valoração máxima de um (1,0)
significa que o critério analisado tem significativa importância ou tem muito interesse
espeleológico, dentro do contexto local. Os valores intermediários fracionários são atribuídos
subjetivamente, por comparação, quando a valoração atribuída cai entre os valores
máximos e mínimos, de acordo com o bom senso e experiência dos espeleólogos
executores deste trabalho.

A Tabela 16 fornece a valoração total e os níveis de relevância atribuídos a cada cavidade


ou local analisado. A valoração total refere-se à soma dos valores atribuídos a cada critério
analisado. Os níveis de relevância considerados são: Irrelevante (I) para valoração total
variando de 0,0 a 1,0; Pouco Relevante (PR) para a valoração total variando de 1,0 a 1,99;
Relevante (R) para valoração total variando de 2,0 a 3,99; e, Muito Relevante (MR) para as
valorações totais que atingirem o valor 4,0 ou valores acima de 4,0.

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Tabela 15: Parâmetros para valoração e critérios de pontuação para as cavidades
encontradas. Modificado de Brandt (2000)
Critérios de pontuação para as cavidades encontradas
Dimensões: projeção horizontal, desenvolvimento linear horizontal (DL) e desnível;
Dpdd (1,0 para DL > 50 m e 0,0 para DL < 05 m (cavernas); 1,0 para desníveis acima de
10 m)
Geomorfologia: particularidades morfogenéticas (ex. Volumes e formas dos
Gpm
condutos e salões, estruturas espeleogenéticas, etc.)
Geologia: particularidades litoestruturais (ex. Estruturas controladoras dos
Geo
desenvolvimentos das cavidades, presença de estromatólitos, etc.)
Eptm Espeleotemas (1,0 para formações raras em grande quantidade)
H2O Presença de água (1,0 para perene; 0,5 para intermitente)
SAP Presença de Sítio Arqueológico e/ou Paleontológico
ICR Importância Cultural e/ou Religiosa / Turismo / Outras utilizações populares
CBC Estado de Conservação / Beleza Cênica

Tabela 16: Valoração e níveis de relevância a serem aplicados a cada cavidade. Modificado
de Brandt (2000)
Valoração e níveis de relevância
Classificação Valoração Legenda
Irrelevante 0,0 a 1,0 I
Pouco Relevante 1,0 a 1,99 PR
Relevante 2,0 a 3,99 R
Muito Relevante 4,0 acima MR

Para as cavidades, cavernas, abismos e abrigos, encontrados na área, estabeleceu-se a


classificação do nível de relevância segundo a metodologia modificada de Brandt (2000).

Para facilitar a descrição e avaliação espeleológica da área, apresenta-se na Tabela 17 um


resumo das principais características dos abrigos encontrados.

Os abrigos foram considerados como não significativos, mas são contemplados por
legislação específica (Portaria IBAMA nº. 887, de 15.10.1990 e o Decreto Federal nº.
99.556, de 01.10.1990).

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Tabela 17: Caracterização resumida das principais cavidades encontradas
Pon
Nome Tipo Proj. horiz. (m) Espeleot. Àgua Pal. / Arqu.
to
Lapa do
P01 Cv 8,5 Em, Et e Co - n.o
Emmosquitado
P02 Caverna 02 Cv 5 - - n.o
Caverna do Cano Co, Es, Et, Tr e
P03 Cv 203 P n.o
D’Água Cr
P04 Caverna 04 Cv 15 Cr - n.o
P05 Abrigo 05 Abr 7 Cl, Es, Et e Em - n.o
P06 Dolina do Abismo Cv 10 Cr - n.o
Caverna do
P07 Cv 30 Cr, Tr e Es - n.o
Desnível
P08 Caverna 08 Cv 15 - - n.o
P09 Abrigo Legal Abr 6 - - n.o
P10 Abrigo 10 Abr 10 Cvf e Et - n.o
P11 Caverna 11 Cv 7 Cr e Et - n.o
P12 Abrigo 12 Abr 8 - - n.o
Boqueirão dos
P13 Abr 14 Cr, Et e Em - n.o
Urubus
Caverna do
P14 Labirinto Cv 20 Cvf - n.o
Desmoronado
P15 Abrigo 15 Abr 8 Et, Em, Cl e Cvf - n.o
Gruta do
P16 Cv 15 Et, Em, Cvf e Tr - n.o
Sapateiro
Abrigo da Caixa
P17 Abr 12 - P n.o
D’água
Caverna Et, Em, Cvf e
P18 Cv 30 - n.o
Prometeu Es
P19 Abrigo 19 Abr 3 - -
P20 Caverna 20 Cv 15 - - n.o
Co, Es, Et, Tr e
P21 Gruta do Índio Cv 100 - SA – PP
Cr
P22 Abrigos 22 Abr 5 - - n.o

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P23 Caverna 23 Cv 15 Co, Es, Et e Em - n.o
P24 Caverna 24 Cv 45 Co, Es, Et e Em - n.o
Caverna da
P25 Cv 17 Es e Et - n.o
Estrada
Caverna do Co, Es, Et, Tr e
P26 Cv 60 - n.o
Desmoronamento Cr
P27 Abrigo 27 Abr 7 Es e Cr - n.o
Co, Es, Et, Tr e
P28 Caverna da Mina Cv 60 - n.o
Cr
Caverna da
P29 Cv 60 Cr, Es, Et e Em - n.o
Ligação
P30 Caverna Perdida Cv 18 Cr, Es, Et e Em SP n.o
P31 Caverna 31 Cv 15 Cr - n.o
P32 Caverna 32 Cv 10 Cr e Es SI n.o
Es, Et, Em, Tr e
P33 Caverna Oval Cv 70 - n.o
Cr
P34 Caverna Alta Cv 15 Es, Et, Tr e Cr - n.o
Caverna dos
P35 Cv 30 Cr e Co - n.o
Pináculos
P36 Caverna 36 Cv 8 Cr e Co - n.o
Abrigo de Gado e
P37 Abr 5 Cr e Co SI n.o
Sumidouro
Caverna
P38 Cv 30 Es, Co e Et - n.o
Colunável
P39 Caverna 39 Cv 20 Es - n.o
P40 Caverna 40 Cv 12 Es, Cr e Co - n.o
Cf, Tr, Et, Em,
P41 Caverna Confusa Cv 100 - SA
Es, Cr e Co
Abr/
P42 Caverna 42 6 Es, Et, Cl e Cr - SA
Cv
Caverna Co, Es, Et, Tr e
P43 Cv 70 - SA - PP
Comunicante Cr
P44 Abrigo 44 Abr 4 Cr - n.o
Gruta do Cf, Es, Tr, Et e
P45 Cv 65 - SA - PP
Tunelzão Cl

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Gruta do
P46 Cv 10 Es - n.o
Tamanduá
Ressurgência e
Cv/ SP
P47 Sumidouro da 30 - n.o
S/R RP
Cascata
Gruta do Cv/
P48 20 - SI n.o
Sumidouro S
P49 Caverna 49 Cv 10 - - n.o
Caverna Cr, Es, Et, Tr e
P50 Cv 150 - PP
Travessia Cl
Caverna
P51 Cv 40 Es, Co e Et - PP
Continuação
Caverna do
P52 Cv 30 Cr, Es e Co - n.o
Desfiladeiro
P53 Gruta do Jader Cv 43 Co, Et e Es - n.o
P54 Abrigo JVS I Abr 9 - - n.o
Co, Et, Em, Cl e
P55 Caverna JVS II Cv 20 - n.o
Cr
P56 Gruta JVS I Cv 40 Et e Trv - n.o
P57 Gruta Inexistente Cv 28 Trv, Cl, Es, e Cr - n.o
Siglas utilizadas: Tipo: Cv = caverna; Abr = abrigo. Litofácies: CDCL = calcário dolomítico cristalino laminado;
Espeleotemas (em itálico aqueles considerados raros em contexto local): Es = escorrimento; Cr = coralóide; CF
= casca fina; Et = estalactite; Em = estalagmite; Pr = pérola de caverna; Co = cortina; Tr = travertino; Lu =
escorrimento em forma de lustre; Cl = coluna; Mtr = micro-travertino; Cvf = Couve-flor. Água: Gj = gotejamento,
P = Perene; SI = Sumidouro Intermitente, SP = Sumidouro Perene; RP = Ressurgência Perene;
Paleontologia/Arqueologia: P = Potencial para ambos, PP = potencial paleontológico, SA = potencial para sítio
arqueológico; n.o = não observado

A partir, então, das características espeleológicas detectadas e descritas na área estudada


fez-se a avaliação e a classificação das cavidades, cujo resumo está apresentado na Tabela
18.

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Tabela 18 Valoração das cavidades encontradas na área. Modificado de Brandt (2000)
Valoração por critérios Total de Nível de
Nome
Dpdd Gpm Geo Eptm H2O SAP ICR CBC pontos relev.
Lapa do
0,1 0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,6 I
Emmosquitado
Caverna 02 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 0,1 0,6 I
Caverna do Cano
1,0 0,5 0,3 0,7 1,0 0,0 0,3 0,5 4,3 MR
D’Água
Caverna 04 0,1 0,1 0,1 0,2 0,0 0,0 0,0 0,1 0,6 I
Abrigo 05 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,5 I
Dolina do Abismo 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 0,3 0,8 I
Caverna do
0,6 0,2 0,1 0,2 0,0 0,0 0,2 0,2 1,5 PR
Desnível
Caverna 08 0,2 0,1 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,7 I
Abrigo Legal 0,5 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,3 0,2 1,2 PR
Abrigo 10 0,1 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,3 I
Caverna 11 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 0,1 0,6 I
Abrigo 12 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,4 I
Boqueirão dos
0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,2 0,1 0,7 I
Urubus
Caverna do
Labirinto 0,2 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,2 0,1 0,8 I
Desmoronado
Abrigo 15 0,1 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,1 0,4 I
Gruta do
0,3 0,4 0,3 0,5 0,0 0,0 0,0 0,3 1,8 PR
Sapateiro
Abrigo da Caixa
0,2 0,1 0,1 0,0 1,0 0,0 0,3 0,3 2,0 R
D’Água
Caverna Prometeu 0,5 0,1 0,3 0,3 0,0 0,0 0,1 0,3 1,6 PR
Abrigo 19 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,2 I
Caverna 20 0,2 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,2 0,5 I
Gruta do Índio 1,0 0,4 0,5 0.6 0,0 1,0 0,6 0,6 4,7 MR
Abrigo 22 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,3 I
Caverna 23 0,1 0,1 0,1 0,2 0,0 0,0 0,1 0,2 0,8 I
Caverna 24 0,6 0,2 0,1 0,2 0,0 0,0 0,2 0,2 1,5 PR
Caverna da
0,2 0,1 0,3 0,2 0,0 0,0 0,1 0,1 1,0 I
Estrada
Caverna do
1,0 0,6 0,4 0,6 0,0 0,0 0,2 0,5 3,3 R
Desmoronamento
Abrigo 27 0,2 0,1 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,5 I
Caverna da Mina 1,0 0,3 0,1 0,5 0,0 0,0 0,2 0,4 2,5 R
Caverna da
0,9 0,1 0,1 0,3 0,0 0,0 0,1 0,1 1,6 PR
Ligação

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Caverna Perdida 0,2 0,3 0,3 0,2 1,0 0,0 0,0 0,1 2,1 R
Caverna 31 0,3 0,2 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,2 0,9 I
Caverna 32 0,2 0,3 0,1 0,1 0,5 0,0 0,0 0,1 1,3 PR
Caverna Oval 1,0 0,3 0,2 0,4 0,0 0,0 0,2 0,3 2,4 R
Caverna Alta 0,3 0,1 0,1 0,3 0,0 0,0 0,1 0,1 1,0 I
Caverna dos
0,6 0,1 0,3 0,2 0,0 0,0 0,1 0,1 1,4 PR
Pináculos
Caverna 36 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 0,1 0,6 I
Abrigo de Gado e
0,1 0,1 0,1 0,1 0,5 0,0 0,3 0,1 1,3 PR
Sumidouro
Caverna
0,6 0,1 0,1 0,2 0,0 0,0 0,6 0,1 1,7 PR
Colunável
Caverna 39 0,3 0,2 0,1 0,2 0,0 0,0 0,0 0,2 1,0 I
Caverna 40 0,2 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,6 I
Caverna Confusa 1,0 0,4 0,5 0,5 0,0 1,0 0,4 0,4 4,2 MR
Abrigo 42 0,2 0,1 0,1 0,2 0,0 1,0 0,3 0,1 2,0 PR
Caverna
1,0 0,4 0,4 0,4 0,0 1,0 0,5 0,4 4,1 MR
Comunicante
Abrigo 44 0,7 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 0,1 1,2 PR
Gruta do Tunelzão 1,0 0,1 0,4 0,6 0,0 1,0 0,2 0,3 3,6 R
Abrigo do
0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 0,1 0,6 I
Tamanduá
Ressurgência e
Sumidouro da 0,6 0,6 0,1 0,0 1,0 0,0 0,1 0,2 2,6 R
Cascata
Gruta do
0,3 0,1 0,1 0,0 0,5 0,0 0,1 0,1 1,2 PR
Sumidouro
Caverna 49 0,1 0,1 0,3 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,7 I
Caverna Travessia 1,0 0,5 0,5 0,4 0,0 0,0 0,3 0,5 3,2 R
Caverna
0,8 0,2 0,2 0,2 0,0 0,0 0,2 0,2 1,8 PR
Continuação
Caverna do
0,6 0,2 0,1 0,2 0,0 0,0 0,1 0,2 1,4 PR
Desfiladeiro
Gruta do Jader 0,5 0,3 0,1 0,2 0,0 0,0 0,0 0,2 1,3 PR
Abrigo JVS I 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 I
Caverna JVS II 0,3 0,2 0,2 0,4 0,0 0,0 0,0 0,2 1,3 PR
Gruta JVS I 0,2 0,1 0,1 0,2 0,0 0,0 0,0 0,1 0,7 I
Gruta Inexistente 0,3 0,3 0,2 0,3 0,0 0,0 0,0 0,2 1,3 PR
Siglas utilizadas: Dpdd = Dimensões: projeção horizontal, desenvolvimento linear horizontal (DL) e desnível;
Gpm = Geomorfologia: particularidades morfogenéticas; Geo = Geologia: particularidades litoestruturais; Eptm =
Espeleotemas; H2O = Presença de água; SAP = Presença de Sítio Arqueológico e/ou Paleontológico; BIO =
Biodiversidade: Fauna hipógea, Entorno; ICR = Importância Cultural e/ou Religiosa / Turismo / Outras utilizações
populares; CBC = Estado de Conservação / Beleza Cênica; PR = Pouco Relevante; I = Irrelevante; MR = Muito
Relevante; R = Relevante

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2.2.2.3. Produtos cartográficos

No Capítulo 13 são apresentados os seguintes produtos cartográficos: Mapa Geológico e


Localização das Cavidades na escala 1:5.000; Mapa Geomorfológico destacando a
Província Cárstica do Alto São Francisco; Mapa de Zoneamento Espeleológico na escala
1:5.000, delimitando as áreas restrição ambiental e Mapas das Projeções Horizontais das
Cavidades.

2.2.3. Conclusões e recomendações

O presente laudo espeleologico, paleontológico, boespeleológico e arqueológico refere-se, à


poligonal DNPM 830.547/1995, que possui 729,26 ha, assim como a seu entorno.

Foi realizado um levantamento que contemplou o reconhecimento dos pontos que já haviam
sido identificados anteriormente, bem como a prospecção de novos pontos, durante os
meses de junho, julho, agosto e setembro de 2007. Algumas cavidades já eram conhecidas,
outras foram identificadas durante o novo caminhamento. O campo visou o mapeamento
topográfico e descrição das feições cársticas da área. As informações coletadas foram
analisadas para caracterização geológica e geomorfológica, assim como da fauna e de
aspectos paleontológicos e arqueológicos.

Foram encontrados na área em questão 65 cavidades naturais, sendo 46 cavernas e 19


abrigos. Também foram identificados 06 sumidouros, 04 ressurgências e 06 sítios
arqueológicos que, deverão ser objeto de medidas mitigadoras/compensatórias, executadas
no decorrer do desenvolvimento do empreendimento, buscando salvaguardar o patrimônio
espeleológico e arqueológico brasileiro. Estas medidas são:

1) Criar uma sala de exposições ou, apoiar financeiramente a criação de um Museu


Histórico de Pains, juntamente com a Prefeitura Municipal e outras mineradoras da região,
para que os objetos e vestígios arqueológicos existentes na região, permaneçam no local e,
não sejam mais encaminhados para museus e/ou laboratórios de arqueologia fora dos
municípios de origem.

Com esta medida, se tem por finalidade levar ao conhecimento da população local o rico
patrimônio arqueológico, seja ele pré-histórico ou histórico, que existe no município, assim
como, criar condições de uma educação ambiental e patrimonial junto às escolas municipais
e estaduais;
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2) Pelo menos, uma vez a cada 06 meses, vistoriar estes sítios arqueológicos, já que seus
vestígios estão na superfície, podendo ser alvo de vandalismo e/ou depredações do
patrimônio arqueológico ou então, após a criação do Museu ou Sala de Exposições, realizar
o resgate de salvamento desses sítios em questão; ou então,

3) Realizar o resgate dos vestígios arqueológicos dos respectivos sítios aqui encontrados,
no máximo até 02 (dois) anos antes do início da ação minerária dos maciços liberados pela
licença em questão, desde que, este material seja salvaguardado no município em
condições ideais de acondicionamento, identificação e exposição para o público em geral.
Este resgate deverá ser realizado por profissional especializado, ou seja, pelo arqueólogo;

4) Respeitar a área de preservação definida por este relatório no Mapa de Zoneamento


Ambiental, não exercendo atividades de extração mineral em áreas consideradas de grande
relevância espeleológica.

Fica estabelecido que, enquanto não houver um local adequado e com profissional
especializado para gerenciar tais vestígios, no caso, um Museu, cabe à Mineradora em
questão, se responsabilizar pela medida nº. 02, através da atuação do profissional da área,
isto é, através de uma vistoria técnica arqueológica. Assim como, fica também estabelecido
o comprometimento da Mineradora em incentivar a criação do Museu Histórico de Pains,
que segundo informações locais, já existe um projeto para o tal museu nas mãos da
prefeitura local.

As medidas mitigadoras / compensatórias aqui recomendadas só vêm de encontro com a


importância da espeleologia e arqueologia local para a Província Cárstica do Alto São
Francisco, assim como, para a Arqueologia Mineira e Brasileira. A região da Província é
riquíssima em patrimônio espeleológico e em vestígios arqueológicos e, muitos destes sítios
não estão ainda cadastrados na SBE e no IPHAN, respectivamente, se tornando então, um
grande problema para a salvaguarda do patrimônio em questão.

Como sabemos, atualmente, não podemos querer salvar e/ou proteger todos os espaços
naturais que tenham um patrimônio, seja ele, espeleológico ou arqueológico. Mas, podemos
amenizar o impacto do desenvolvimento econômico e social de uma determinada região,
com medidas simples como as descritas acima, que procuram resguardar a nossa história
tanto para a comunidade atual como para as futuras gerações.

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2.2.4. Hidrografia

Pains está localizada na bacia do Rio São Francisco, e na sub-bacia do Rio São Domingos.
Está, ainda, no vale do Rio São Miguel. Os cursos d’água superficiais que cortam o
município são o Rio São Miguel e o Córrego Mandengo. O índice de qualidade de água
(IQA), que indica o grau de contaminação por tóxicos dos rios, possui, nos dois casos
citados, a faixa de amostragem de 50<IQA<70, que indica qualidade média. Os dois cursos
d’água em análise encontram-se em mal estado de preservação, conforme informações
fornecidas pelo IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas). Este diagnóstico considera
no mínimo três fatores que contribuem para este fator: a população ribeirinha, que lança
seus resíduos no rio, a população rural, que emprega defensivos agrícolas para melhorar a
produtividade (e afeta o lençol freático) e a atividade das empresas de mineração
circunvizinhas, contribuem em conjunto para tamanha interferência na qualidade da água.
Estes fatores, somados à qualidade típica da água calcária, que normalmente traz
malefícios para a saúde da população que usufrui dela, causando “pedra nos rins”, dentre
outros problemas, remonta à necessidade de se pensar em medidas que mitiguem estes
impactos.

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Figura 7: Rede hidrográfica

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2.2.5. Hidrogeologia

Este tópico foi tratado no item 2.2.2.1 – Exocarte / Aspectos hidrogeológicos.

2.2.6. Qualidade do ar

A qualidade do ar nos limites da área de influência indireta não vem sendo monitorada tendo
em vista o uso atual do solo, voltado para as atividades agropecuárias. A emissão de
poeiras é aparentemente pouco significativa e a qualidade do ar respirável (higiene
industrial) deverá ser amostrada pelo método de pequenos volumes dentro do âmbito do
Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR e do Laudo Técnico das Condições de
Trabalho – LTCAT com o advento da operação do empreendimento.

A principal fonte emissora de particulados na área de influência indireta do empreendimento


estará relacionada ao fluxo de veículos e máquinas, em especial o transporte do minério até
Limeira. Secundariamente podem-se citar as operações de decapeamento, perfuração e
desmonte da rocha por explosivos.

O núcleo populacional mais próximo do polígono é representado pela comunidade de


Capoeirão, localizada a 2 km do empreendimento.

2.2.7. Ruído

A pressão sonora fora dos limites do empreendimento não será significativa. O ruído do
ponto de vista da segurança do trabalho será monitorado pelos métodos de medição
instantânea e dosimetria de ruídos dentro do âmbito do Programa de Gerenciamento de
Riscos – PGR e do Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho – LTCAT.

As emissões ocorrerão nas operações de lavra com destaque para a perfuração e o


desmonte por explosivos.

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2.3. Meio biótico

2.3.1. Caracterização da flora

2.3.1.1. Objetivos

O presente estudo teve como objetivos específicos:

• Definir as fitofisionomias presentes na área de influência, entorno e diretamente


afetada da Mineração João Vaz Sobrinho;
• Estabelecer a composição florística das fisionomias vegetais existentes na AII, AE e
ADA;
• Realizar o mapeamento das classes de uso do solo e cobertura vegetal da AII, AE e
ADA;
• Identificar e avaliar os impactos sobre a flora decorrentes da implantação da
Mineração João Vaz Sobrinho;
• Propor medidas mitigadoras e/ou compensatórias aos impactos previstos com a
implantação do empreendimento.

2.3.1.2. Metodologia

Para o desenvolvimento deste estudo foram observadas as seguintes etapas:

• Análise da imagem de satélite da área (disponibilizada pelo software Google Earth,


acessada em dezembro de 2008);
• Análise da prospecção do projeto de engenharia;
• Levantamento de dados secundários acerca da flora e vegetação dos municípios de
Pains e Arcos;
• Levantamento das unidades de conservação oficiais existentes nestes municípios;
• Realização de campanha de campo no período de 26/11/2008 a 29/11/2008.

Na avaliação de campo foram obtidos dados acerca das fitofisionomias existentes, estado
de conservação, composição florística e distribuição das formações vegetais.

Definição das áreas de estudo para o tema flora e vegetação:

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Área Diretamente Afetada (ADA): Foi definida como ADA as áreas previstas para lavra e
instalação do empreendimento conforme limites disponibilizados pelo empreendedor.

Área do Entorno (AE): Foi definida como AE todo o terreno inserido nos limites do terreno
de propriedade do empreendedor.

Área de Influência Indireta (AII): Foi definida como AII toda a área correspondente ao
decreto DNPM, que extrapola a área de entorno.

As delimitações das áreas de estudo estão apresentadas na Figura 8.

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Figura 8: Localização das áreas para os estudos de flora, Mineração João Vaz Sobrinho
(Pains, MG)

Foi realizado levantamento florístico nas fitofisionomias presentes na AII, AE e ADA


envolvendo seus diversos estratos (arbóreo, arbustivo, herbáceo, escandente e epifítico),
dando-se ênfase para a ADA e AE.

As áreas de amostragem foram georeferenciadas, sendo suas coordenadas obtidas em


UTM com auxílio de GPS. A localização dos pontos de amostragem é apresentada na
Figura 9. A relação das áreas de amostragem é apresentada na Tabela 19.

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Figura 9: Localização das áreas para os estudos de flora, Mineração João Vaz Sobrinho
(Pains, MG)

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Tabela 19: Áreas de amostragem de flora, com localização, coordenadas geográficas e
ambientes componentes, Mineração João Vaz Sobrinho (Pains, MG)
Área de Coordenadas geográficas
Localização Ambientes componentes
amostragem (UTM 23K, Datum SAD 69)
1 ADA 438020 / 7747564 Pastagem com Regeneração
2 AE 438094 / 7747750 Floresta Estacional Decidual
3 AE 438046 / 7748043 Floresta Estacional Decidual
4 AII 438454 / 7747352 Floresta Estacional Decidual
5 AII 438757 / 7746937 Floresta Estacional Decidual
6 AII 438875 / 7747433 Floresta Estacional Decidual
7 AII 438931 / 7747512 Floresta Estacional Decidual
8 AII 438921 / 7747046 Floresta Estacional Decidual
9 ADA 438093 / 7747436 Floresta Estacional Decidual
10 AII 436995 / 7749770 Floresta Estacional Decidual
11 AII 437530 / 7749668 Floresta Estacional Decidual
12 AII 437710 / 7749535 Floresta Estacional Decidual
13 AII 437685 / 7749315 Campo de Várzea
14 AII 437921 / 7749213 Floresta Estacional Decidual
15 AII 438322 / 7748640 Floresta Estacional Decidual
16 AII 438339 / 7748222 Floresta Estacional Decidual
17 AII 437994 / 7748428 Floresta Estacional Decidual
18 AII 437732 / 7748622 Floresta Estacional Decidual
19 AII 437513 / 7748866 Floresta Estacional Decidual
20 AII 437009 / 7749263 Floresta Estacional Decidual
21 ADA 437941 / 7747628 Floresta Estacional Decidual
22 ADA 438059 / 7747609 Floresta Estacional Decidual
23 ADA 438037 / 7747380 Floresta Estacional Decidual

A identificação taxonômica das espécies foi feita diretamente em campo. Aquelas não
identificadas em campo foram fotografadas para identificação posterior através de
comparação com exsicatas depositadas no acervo do Herbário BHCB da UFMG e através
de bibliografia específica.

As espécies registradas foram relacionadas em listagem única onde são apresentadas


informações básicas como nome popular, hábito, habitat e compartimento de ocorrência
(ADA, AE e AII).
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A relação de espécies vegetais foi confrontada com a Lista das Espécies Ameaçadas de
Extinção da Flora Brasileira (Instrução Normativa nº. 06 de 23 de setembro de 2008), Lista
das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (Deliberação COPAM nº.
85, 30 de outubro de 1997) e também com a Lista vermelha da flora e fauna ameaçadas de
extinção de Minas Gerais (Fundaçâo Biodiversitas, 2007), com o objetivo de identificar a
ocorrência de espécies ameaçadas ou presumivelmente ameaçadas de extinção.

Foi consultado o SIAM (Sistema Integrado de Informações Ambientais) e a Resolução


SEMAD nº. 759 de 18 de junho de 2008 para levantar as unidades de conservação
existentes em um raio de 10 km do empreendimento.

Para o mapeamento da cobertura vegetal e definição das classes de uso do solo da AII, AE
e ADA foi utilizada imagem de satélite disponibilizada pelo software Google Earth,
(acessado em dezembro de 2008). Os padrões, bem como os limites, foram checados
diretamente em campo.

2.3.1.3. Diagnóstico ambiental da área de influencia indireta

2.3.1.3.1. Ecossistemas terrestres

Flora e vegetação

Enquadramento fitogeográfico

Em termos fitogeográficos, de acordo com o sistema proposto por Fernandes e Bezerra


(1990) a região onde está localizado o empreendimento encontra-se inserido na Província
do Cerrado em região de contato com a Província Atlântica.

Segundo o Mapa de Biomas do IBGE (2004), a área em estudo encontra-se inserida no


Bioma Cerrado, com fitofisionomia definida como Floresta estacional decidual, conforme
pode ser visualizado na Figura 10.

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Figura 10: Enquadramento fitogeográfico segundo o Mapa de Biomas do IBGE (2004)

Caracterização geral

Atualmente, a cobertura vegetal nativa da área de influência indireta do empreendimento


está representada predominantemente pela floresta estacional decidual. Também está
presente o campo de várzea ao longo de drenagem existente na área.

Com exceção dos locais que apresentam afloramentos de rocha, a maior parte das áreas
com cobertura vegetal nativa foi substituída por pastagens. Também se observa uma
pequena área com plantações florestais (eucalipto).

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Com a ocupação humana e a substituição da vegetação nativa principalmente por
pastagens e áreas de plantio de eucalipto, os campos de várzea e as floresta estacionais
deciduais foram bastante afetadas.

Atualmente, os remanescentes vegetais na região sofrem impactos decorrentes da ação


antrópica, seja pela retirada de madeira, pela expansão agropecuária ou pela mineração. A
explotação do calcário na região é bastante comum e se encontra em expansão, tornando-
se uma ameaça para a cobertura vegetal nativa.

Os remanescentes florestais apresentam-se bons de conexão, porém, observam-se áreas


com vegetação nativa com a conexão comprometida ou até mesmo ilhadas, estando
separadas por pastagens. A vegetação remanescente ocorre principalmente em locais com
afloramento de rocha, na forma de capões isolados, de tamanhos variados e em diferentes
estágios de conservação.

A fitofisionomia dominante na área de influência é floresta estacional decidual. Estas


formações estão associadas geralmente a solos de origem calcária, às vezes com
afloramentos rochosos típicos (Ribeiro & Walter, 1998). Via de regra, as florestas decíduas
são caracterizadas por uma comunidade pobre em espécies arbóreas e dominadas por
poucas espécies indicadoras (Ratter, 1992).

A cobertura vegetal nesta fitofisionomia apresenta um mosaico fitofisionômico composto por


áreas florestadas e também formações abertas, influenciadas principalmente pelo grau de
desnudação da rocha (Foto 40).

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Foto 40: Floresta estacional decidual (mata seca) sobre afloramento de rocha

As florestas estacionais decíduas sobre afloramentos são muito comuns na região e ainda
encontram-se bem preservadas, devido à dificuldade de extração de madeira e
impossibilidade de implantação de pastagem. Porém, os fragmentos de floresta decídua
sobre solos são raros e, quando presente, encontram-se secundarizados e circundados por
pastagem.

As florestas deciduais presentes na área de influência são constituídas por dois tipos de
vegetação, sendo uma que cresce sobre as rochas calcárias e outra que cresce na base ao
redor dos afloramentos, como pode ser visualizado na Foto 41.

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Foto 41: Formações florestais em afloramento de rocha. Notar vegetação diferenciada entre
os encraves e borda dos afloramentos em relação à vegetação sobre os mesmos

A vegetação sobre os afloramentos de calcário encontra-se bastante conservada,


diferentemente da vegetação que cresce na base e ao redor dos afloramentos, que se
encontram, em sua maioria, secundarizadas em função do pisoteio do gado.

Estas formações florestais secundárias presentes na base e ao redor dos afloramentos são
denominadas de capoeiras e capoeirinhas. Essas formações são diferenciadas de acordo
com o porte e diâmetro de seus componentes arbóreos e através da sua composição
florística.

A capoeirinha caracteriza-se pelo processo inicial de regeneração, com estrato arbustivo


bem desenvolvido e árvores de pequeno porte variando entre 3 e 6 metros de altura. Em
relação a sua composição florística, observa-se a predominância de espécies “pioneiras”
que crescem sob forte exposição ao sol, propiciando a colonização posterior por espécies
secundárias e clímax.

Já o estágio de capoeira, define-se por ser uma formação florestal secundária que sucede à
capoeirinha. Caracteriza-se por apresentar desenvolvimento médio de seus elementos
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arbóreos com altura variando entre 6 e 12 metros, podendo ocorrer árvores emergentes com
aproximadamente 15 metros. A riqueza de espécies é maior em relação à capoeirinha,
ocorrendo ainda o predomínio de espécies pioneiras juntamente com espécies secundárias.

Os campos de várzea ocorrem ao longo da drenagem existente na área, apresentando


espécies herbáceas associadas a solos encharcados e sujeitos a inundação periódica.
Associadas às áreas de várzea, foram registradas pequenas lagoas temporárias, que
apresentavam lâmina d’água pouco expressiva no período da campanha de campo.

Estes campos de várzea encontram-se circundados por pastagem, estando bastante


impactados pelo pisoteio e pastoreio do gado (Foto 42), que se agrava durante o período de
seca.

Foto 42: Campo de várzea existente na área de influência indireta, circundado por pastagem

Fitofisionomias ocorrentes

Na área de influência indireta foram observadas as seguintes fitofisionomias: floresta


estacional decidual e campo de várzea. Estas fisionomias são caracterizadas a seguir:

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- Floresta estacional decidual

A floresta estacional decidual (mata seca) é caracterizada por duas estações climáticas bem
demarcadas, uma chuvosa seguida de longo período biologicamente seco. Ocorre na forma
de disjunções florestais, apresentando, no estrato dominante, macro ou mesofanerófitas
predominantemente caducifólias, com mais de 50% dos indivíduos despidos de folhagem no
período desfavorável (Veloso et al., 1991).

As matas secas geralmente ocorrem sobre solos de origem calcária, às vezes com
afloramentos rochosos típicos, restringindo ou facilitando a presença de determinadas
espécies. Esta característica determina a flora peculiar das florestas estacionais deciduais,
considerada de relevante importância, em termos botânicos, por apresentar florística própria
(Melo, 2007). De acordo com este autor, a cobertura vegetal é composta por um mosaico
fitofisionômico apresentando áreas florestadas e uma fitofisionomia saxícola (formação
aberta do carste), que se distribuem na paisagem conforme delicada combinação de fatores
locais, entre os quais se destaca o grau de desnudação da rocha.

A vegetação pode ocupar os três compartimentos do carste, apresentando raízes dentro de


cavernas, raízes e órgãos de resistência enterrados no solo (quando existentes) e
interstícios da rocha, e plantas rupícolas sobre os topos desnudos e paredes dos
afloramentos (Foto 43).

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Foto 43: Presença das raízes de gameleira ( Ficus sp.) sobre o afloramento rocha

Na paisagem de um afloramento, é notável a presença de espécies de trepadeira que


crescem nas bordas das matas e sobre os maciços aflorados, sendo responsáveis por uma
boa parte do verdor destes ambientes nas estações de chuva (Foto 44).

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Foto 44: Formações florestais em afloramento de rocha. Notar a expressiva quantidade de
trepadeiras na borda da formação vegetal

Segundo vários autores, as florestas estacionais deciduais apresentam baixa similaridade


devido às especificidades de suas feições topográficas, apresentando várias espécies
endêmicas. Assim, as florestas deciduais são bastante singulares apresentando
características distintas, mesmo em áreas mais próximas.

Por apresentar grande representatividade das pastagens na área de influência e levando em


consideração o potencial de fragmentação da vegetação nativa por áreas de pasto, a

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cobertura vegetal encontra-se com médio grau de fragmentação. A presença de manchas
vegetais contínuas ainda existentes na AII se deve principalmente pela dominância das
florestas estacionais deciduais na área de influência indireta, sendo em sua maioria sobre
afloramento de rocha.

Na área de influência indireta, essa fisionomia é dominante, aparecendo na forma de


manchas de vegetação com certo grau de ligação ocupando os afloramentos de rocha e
também áreas adjacentes a estes afloramentos (Foto 45).

Foto 45: Formações florestais em afloramento de rocha circundando área de pastagem.


Notar conexão entre a vegetação

A estrutura da vegetação na AII se diversifica bastante, principalmente pelo grau de


desnudação das rochas.

Em locais com a presença de solo, mesmo que raso, predominam formações florestais,
destacando o estrato arbóreo. Dentre as espécies arbóreas observadas para essa
fisionomia citam-se: Myracrodruon urundeuva (aroeira), Astronium fraxinifolium (gonçalo),
Anadenanthera colubrina (angico), Enterolobium contortisiliquum (orelha de macaco),
Allophyllus sericeus, Lonchocarpus muehlbergianus (carrapateiro), Aloysia virgata (lixeira),
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Randia armata (bosta de pato), Trichilia clausseni, Cariniana estrellensis (jequitibá)
Aspidosperma subincanum (peroba), Phytolacca dioica, Machaerium scleroxylum (pau
ferro), Machaerium nyctitans (jacarandá bico de pato), Machaerium stipitatum (jacarandá),
Myroxylon peruiferum (bálsamo).

Nos locais com maior desnudação das rochas, predominam espécies rupícolas, herbáceas
em sua maioria. Destacam-se as espécies Talinum patens, Wilbrandia hibiscoides,
Cyrtopodium glutiniferum (orquídea), Hylocereus setaceus (cacto), Cereus jamacaru (cacto),
Aechmea bromeliaefolia (bromélia), Urera baccifera.

- Campo de várzea

O campo de várzea é uma fisionomia predominantemente herbácea associada à drenagem


existente na porção central da AII. Associadas ao campo de várzea foram observadas
pequenas lagoas, provavelmente temporárias.

É caracterizado pela ocorrência de solos hidromórficos onde se desenvolve uma


comunidade de plantas adaptadas ao encharcamento. Geralmente os campos de várzea
são pobres em espécies devido à própria restrição imposta pelo habitat, principalmente pelo
excesso de água no solo.

Na flora dos campos de várzea, destacam-se as gramíneas. Os arbustos e subarbustos


podem ocorrer, porém com menos freqüência.

Foram registradas várias espécies ruderais, comuns em áreas impactadas, como Brachiaria
decumbens (braquiária) Vernonia sp. (assa peixe), Asclepias curassavica e Sida vumbifolia.

Usos antrópicos

- Pastagem

As áreas de pastagem ocupam grande parte da área de influência indireta da Mineração


João Vaz Sobrinho. Estas áreas estão associadas às propriedades rurais para a criação de
gado. As pastagens são, em sua maioria, formadas por braquiária (Brachiaria decumbens).

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As áreas de pastagem foram implantadas nos locais com presença de solo, sendo
delimitadas pelos afloramentos de rocha (Foto 46).

Foto 46: Presença de áreas de pastagem limitadas pelas formações florestais existentes na
base do afloramento de rocha. Notar presença de erosão laminar e pequenos sulcos na
área de pastagem

Dentre as espécies observadas nos pastos sujos temos o assa-peixe (Vernonia polyanthes),
Myracrodruon urundeuva (aroeira), Celtis brasiliensis (grão de galo), Aloysia virgata (lixeira)
Lantana camara (camará), Solanum aculeatissimum (joá), Maclura tinctoria (moreira) e
Trichilia hirta.

- Reflorestamento

As áreas de reflorestamento existentes na área de influência indireta da Mineração João


Vaz Sobrinho estão representadas por pequenos plantios onde são utilizadas espécies de
eucalipto (Eucalyptus sp.).

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Levantamento florístico e status de conservação das espécies vegetais

Melo (2008), em seu estudo sobre flora vascular relacionada aos afloramentos de rocha
carbonática no interior do Brasil, registrou a ocorrência de 400 espécies vegetais
distribuídas em 270 gêneros pertencentes a 78 famílias botânicas associadas aos
afloramentos calcários presentes nos municípios de Pains, Arcos e Iguatama.

Estas espécies encontram-se relacionadas no Anexo 02 do Capítulo 11 (Anexos),


juntamente com aquelas registradas durante o levantamento de campo.

Na avaliação de campo, foram registradas 94 espécies vegetais pertencentes a 72 gêneros


e 34 famílias botânicas para a área de influência da Mineração João Vaz Sobrinho.

Das espécies registradas por Melo (2008), 12 constam na Lista vermelha da flora e fauna
ameaçadas de extinção de Minas Gerais (Fundaçâo Biodiversitas, 2007) e 5 constam na
Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (Deliberação COPAM
nº. 85, 30 de outubro de 1997). As espécies Myracrodruon urundeuva (aroeira) e Sinningia
warmingii aparecem nas duas listas citadas.

Não foi registrada espécie ameaçada de extinção segundo a Lista de Espécies Ameaçadas
e Presumivelmente Ameaçadas de Extinção (Instrução Normativa nº. 06 de 23 de setembro
de 2008).

A Tabela 20 apresenta as espécies ameaçadas de extinção segundo a Lista vermelha da


flora e fauna ameaçadas de extinção de Minas Gerais (Fundaçâo Biodiversitas, 2007), Lista
das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (Deliberação COPAM nº.
85, 30 de outubro de 1997) e Lista de Espécies Ameaçadas e Presumivelmente Ameaçadas
de Extinção (Instrução Normativa nº. 06 de 23 de setembro de 2008).

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Tabela 20: Relação das espécies vegetais ameaçadas de extinção citadas por Melo (2008)
para os municípios de Pains, Arcos e Iguatama

MMA Fundação Biodiversitas


Família / Espécie COPAM (1997)
(2008) (2007)
Aspleniaceae
Asplenium pumilum - Em perigo -
Amaryllidaceae
Hippeastrum reticulatum - Vulnerável -
Anacardiaceae
Myracrodruon urundeuva - Vulnerável Vulnerável
Araceae
-
Asterostigma lombardii Em perigo -
Asteraceae
Gardnerina angustata - Em perigo -
Stifftia racemosa - - Provavelmente extinta
Dioscoreaceae
Dioscorea cf. asperula - - Em perigo
Fabaceae
Camptosema bellum - Vulnerável -
Gesneriaceae
Sinningia warmingii - Vulnerável Em perigo
Moraceae
Dorstenia cayapia - - Vulnerável
Orchidaceae
Cattleya walkeriana - Em perigo -
Cattleya bicolor - Vulnerável -
Solanaceae
Lycianthes repens - Criticamente em perigo -
Solandra grandiflora - Criticamente em perigo -
Urticaceae
Hemistylus brasiliensis - Vulnerável -

Das espécies ameaçadas citadas no estudo, apenas Myracrodruon urundeuva (aroeira) e


Hippeastrum reticulatum foram registrados em campo para a área de influência indireta.

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Myracrodruon urundeuva (aroeira) é bastante freqüente na área de influência indireta,
apresentando uma elevada importância na floresta decidual (Foto 47).

Foto 47: Floresta decidual com dominância da aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva)

A espécie Hippeastrum reticulatam foi registrada em vários pontos de amostragens,


ocorrendo nos afloramentos de rocha em locais com maior umidade.

Unidades de conservação

De acordo com o SIAM (Sistema Integrado de Informações Ambientais) e com a Resolução


SEMAD nº. 759 de 18 de junho de 2008, que apresenta a relação de todas as unidades de
conservação cadastradas no estado de Minas Gerais, o município de Pains não apresenta
unidade de conservação.

Considerando o raio de 10 km do empreendimento, foram identificadas duas unidades de


conservação, ambas localizadas no município de Arcos, conforme Figura 11. O
empreendimento encontra-se à uma distância aproximada de 6,0 km da Estação Ecológica
de Corumbá e 3,5 km da RPPN Lafarge.

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A Estação Ecológica de Corumbá, de proteção integral, está situada no município de Arcos
e possui área de 3,45 km². Foi criada pelo Decreto nº. 6.580 de 23/09/1974 e pelo Decreto
37.826 de 14/03/1996.

A RPPN Lafarge, de uso sustentável, também localizada no município de Arcos, possui


área de 0,86 km², criada pela Portaria nº. 143 IEF de 26/12/2001 e Averbada em
17/05/2002.

Figura 11: Unidades de conservação próximas da Mineração João Vaz Sobrinho

Áreas prioritárias para a conservação

De acordo com o Atlas de Biodiversidade de Minas Gerais (Fundaçâo Biodiversitas, 2005),


existem três áreas prioritárias para a conservação no município de Pains (Tabela 21). A
localização das áreas prioritárias para conservação pode ser visualizada na Figura 12.

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Tabela 21: Áreas prioritárias para a conservação registradas para o município de Pains /
MG, apresentando a categoria, ação recomendada e também a localização em relação ao
empreendimento
Ação Localização em relação ao
Nome Categoria
recomendada empreendimento
Investigação
Alto São Francisco Muito Alta Distante 23,7 km
científica
Caverna do Peixe Alta Criação de UC Distante 2,7 km
Carste Pains / Arcos Extrema Criação de UC Engloba a área de intervenção
Obs: UC = Unidade de Conservação

Figura 12: Localização e distância aproximada das áreas prioritárias para conservação em
relação à área de intervenção

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Das três áreas prioritárias para a conservação presentes no município de Pains, apenas a
área Carste Arcos / Pains engloba a Mineração João Vaz Sobrinho. A área Caverna do
Peixe encontra-se próxima da área de intervenção, distando aproximadamente 2,7 km. Já a
área Alto São Francisco encontra-se distante do empreendimento, aproximadamente 23,7
km.

Segundo a Fundação Biodiversitas (2005), a ação recomendada para as áreas Caverna do


Peixe e Carste Arcos / Pains é a criação de unidade de conservação, em função da
singularidade da formação vegetal existente na região e também devido às fortes pressões
antrópicas causadas principalmente pela pecuária e mineração.

Distribuição espacial da cobertura vegetal nativa e classes de uso do solo

A AII apresenta aproximadamente 668,04 hectares, estando presentes formações florestais


nativas (floresta estacional decidual, campos de várzea), pastagens, reflorestamento
(eucalipto) e áreas mineradas.

A distribuição espacial da cobertura vegetal e demais classes de uso do solo pode ser
visualizada na Figura 13.

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Figura 13: Distribuição espacial da cobertura vegetal nativa e classes de uso do solo

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A Tabela 22 apresenta os valores aproximados das diversas classes de uso do solo e
cobertura vegetal nativa registradas para a AII da Mineração João Vaz Sobrinho.

Tabela 22: Classes de uso do solo e cobertura vegetal nativa na área de influência indireta
da Mineração João Vaz Sobrinho, em novembro de 2008
Classe de uso e cobertura vegetal Área (ha) Percentual (%)
Floresta estacional decidual 387,25 56,29
Campo de várzea 15,75 2,29
Pastagem 282,74 41,09
Reflorestamento 2,02 0,29
Área minerada 0,28 0,04
Total 688,04 100,00

A cobertura vegetal nativa da AII é expressiva, predominando a floresta estacional decidual


associada aos afloramentos rochosos correspondendo a 56,29% da área total.

As áreas de pastagens recobrem grande parte da área de influência indireta, representando


41,09 %.

O campo de várzea ocupa uma pequena área, correspondendo a 2,29%. O reflorestamento


(eucalipto) e a mineração são pouco representativos, ocupando 0,29 % e 0,04% da área
total respectivamente.

2.3.1.4. Diagnóstico ambiental das áreas de entorno e diretamente afetada

2.3.1.4.1. Ecossistemas terrestres

Flora e vegetação

• Área de entorno

Caracterização geral e fitofisionomias ocorrentes

A cobertura vegetal nativa da AE está representada exclusivamente por florestas deciduais


que aparecem associadas aos afloramentos calcários, estando circundadas por áreas de
pastagem.
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Os remanescentes de floresta decidual encontram-se em bom estado de conservação,
apresentando um elevado grau de conectividade, apresentando continuidade na área de
influência indireta que, por sua vez, se interliga a outras áreas nativas remanescentes.

Conforme mencionado anteriormente, a cobertura vegetal nativa da área de entorno


encontra-se descaracterizada nas bordas, principalmente pelo contato com as pastagens.

A existência da cobertura vegetal nativa expressiva na área se deve principalmente ao


impedimento ao uso agropecuário das áreas de afloramentos.

Embora ocupem extensão expressiva, os remanescentes de floresta decidual já sofreram


impactos em sua estrutura relacionados principalmente à exploração seletiva de madeira,
sobretudo da aroeira.

A exploração de calcário, atividade econômica de destaque na região, não é significativa na


área de entorno, notando-se apenas pequenas áreas onde esta atividade já ocorreu,
estando, atualmente, desativadas e em processo de recuperação. Foram observadas nestes
locais mudas de Ceiba speciosa (Paineira) plantadas nestes afloramentos (Foto 48).

Foto 48: Área de explotação do calcário desativada, com a cobertura vegetal impactada
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Entre as espécies registradas na floresta decidual da área de entorno, citam-se:
Myracrodruon urundeuva (aroeira do sertão), Jacaratia spinosa (mamãozinho da mata),
Trichilia clausseni, Allophyllus racemosus, Anadenanthera colubrina (angico), Randia
armata, Urera baccifera, Manihot cf. grahamii, Phytolacca dióica (cebolão), Pseudobombax
sp. (embiruçu), Machaerium scleroxylon (pau ferro), Cyrtopodium glutiniferum (orquidea),
Maytenus aquifolium, Maclura tinctoria (moreira) e Anthurium minarum.

Levantamento florístico e status de conservação das espécies vegetais

Para a área de entorno da Mineração João Vaz Sobrinho, foram registradas 36 espécies
vegetais pertencentes a 31 gêneros e 23 famílias botânicas, conforme relação apresentada
no Anexo 02 do Capítulo 11 (Anexos).

Na área de entorno da Mineração João Vaz Sobrinho foram registradas duas espécies na
categoria vulnerável (Hippeastrum reticulatum e Myracrodruon urundeuva) de acordo com a
Lista vermelha da flora e fauna ameaçadas de extinção de Minas Gerais (Fundaçâo
Biodiversitas, 2007). A aroeira também é citada como ameaçada pela Lista das Espécies
Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (Deliberação COPAM nº. 85, 30 de
outubro de 1997). Não foi registrada espécie ameaçada de extinção de acordo com a Lista
de Espécies Ameaçadas e Presumivelmente Ameaçadas de Extinção (Instrução Normativa
nº. 06 de 23 de setembro de 2008).

Conforme já descrito anteriormente, estas duas espécies também ocorrem na área de


influência indireta.

Unidades de conservação

A AE não está inserida em unidades de conservação de acordo com o SIAM (Sistema


Integrado de Informações Ambientais) e com a Resolução SEMAD nº. 759 de 18 de junho
de 2008, como pode ser visualizado da Figura 11.

Áreas prioritárias para a conservação

De acordo com o Atlas de Biodiversidade de Minas Gerais (Fundaçâo Biodiversitas, 2005), a


área do entorno encontra-se inserida na área prioritária para a conservação denominada
Carste Arcos / Pains, como pode ser observado na Figura 12.

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Distribuição espacial da cobertura vegetal nativa e classes de uso do solo

A AE é coberta por pastagens e floresta estacional decidual (mata seca) que representam
44,14% e 53,75%, respectivamente. Além destes usos, ocorrem pequenas áreas mineradas,
atualmente desativadas, que representam 2,10 %.

A Tabela 23, apresentada a seguir mostra as classes de uso do solo e cobertura vegetal
nativa da área de entorno da Mineração João Vaz Sobrinho.

Tabela 23: Classes de uso do solo e cobertura vegetal nativa na área de entorno da
Mineração João Vaz Sobrinho
Classe de uso e cobertura vegetal Área (ha) Percentual (%)
Floresta estacional decidual 21,71 53,75
Pastagem 17,83 44,14
Área minerada 0,85 2,10
Total 40,39 100,00

A Figura 14 apresenta a distribuição das classes de uso e ocupação do solo e vegetação


nativa ocorrentes na AE.

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Figura 14: Distribuição das classes de uso e ocupação do solo e vegetação nativa na área
de entorno da Mineração João Vaz Sobrinho

• Área diretamente afetada

Caracterização geral e fitofisionomias ocorrentes

A área diretamente afetada compreende as áreas das instalações auxiliares do


empreendimento e área de lavra.

A cobertura vegetal nativa da área diretamente afetada está representada pela mata seca
(Floresta estacional decidual) com variações estruturais definidas, principalmente, pelo grau
de desnudação da rocha (Foto 49).

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Foto 49: Cobertura vegetal nativa da ADA onde estão previstas as instalações de apoio do
empreendimento

A cobertura vegetal nativa da ADA encontra-se mais descaracterizada, principalmente por


apresentar registros de ocupação antrópica no passado, registrando-se vestígios de
edificação.

Algumas áreas de pastagens se encontram em processo inicial de regeneração,


apresentando indivíduos jovens das plantas predominantes na região, como Aloysia virgata
(lixeira) Celtis brasiliensis (esva de lagarto), Myracrodruon urundeuva (aroeira do sertão),
Phitolacca dióica (cebolão), Cedrela odorata (cedro), Cordia trichotoma (louro), Astronium
fraxinifolium (gonçalo).

As florestas deciduais ocorrem tanto na área das instalações auxiliares como na área de
lavra. O remanescente existente no local onde será instalado o empreendimento, de
aproximadamente 1,5 hectares, encontra-se em melhor estágio de conservação, porém,
parte deste apresenta formação monodominante de Myracrodruon urundeuva (aroeira do
sertão), o que pode estar relacionado a impactos ocorridos no passado.

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Foram observadas na área prevista para instalações auxiliares várias espécies rupícolas
como Aechmea bromelifolia (Foto 50), Hippeastrum reticulatum e Cyrtopodium glutiniferum e
também algumas epífitas: Tillandsia sp., Hylocereus setaceus.

Foto 50: Detalhe da presença da espécie Aechmea bromeliaefolia (bromélia), crescendo


sobre rocha em locais de acúmulo de matéria orgânica

O fragmento florestal existente na área prevista para lavra possui estado de conservação
inferior em relação ao da área destinada às instalações auxiliares, apresentando cobertura
vegetal mais rala e poucos indivíduos arbóreos (Foto 51). A vegetação existente aparece
apenas sobre os afloramentos de rocha, sendo mais expressiva nos locais com de maior
declividade e nos encraves florestais existentes junto à base dos afloramentos.

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Foto 51: Cobertura vegetal secundarizada na área prevista para lavra

Na Tabela 24 é apresentada a cobertura vegetal presente nos compartimentos da área


diretamente afetada.

Tabela 24: Compartimentos da área diretamente afetada da Mineração João Vaz Sobrinho e
respectiva cobertura vegetal
Compartimento Cobertura vegetal
Área das instalações de apoio Floresta estacional decidual, pastagem
Área de lavra Floresta estacional decidual, pastagem

Levantamento florístico e status de conservação das espécies vegetais

Na área diretamente afetada da Mineração João Vaz Sobrinho foram identificadas 66


espécies vegetais distribuídas em 56 gêneros e 32 famílias botânicas. A relação das
espécies vegetais registradas para ADA é apresentada no Anexo 02 do Capítulo 11
(Anexos).

Assim como na área de influência indireta e área do entorno, a área diretamente afetada da
Mineração João Vaz Sobrinho apresenta as duas espécies na categoria vulnerável
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(Hippeastrum reticulatum e Myracrodruon urundeuva) de acordo com a Lista vermelha da
flora e fauna ameaçadas de extinção de Minas Gerais (Fundaçâo Biodiversitas, 2007),
lembrando que a aroeira também é citada como ameaçada pela Lista das Espécies
Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (Deliberação COPAM nº. 85, 30 de
outubro de 1997).

Unidades de conservação

De acordo com o SIAM (Sistema Integrado de Informações Ambientais), a ADA não está
inserida em unidades de conservação, sendo que as mais próximas encontra-se à uma
distância aproximada de 6,0 km (Estação Ecológica de Corumbá) e 3,5 km (RPPN Lafarge)
(Figura 11).

Áreas prioritárias para a conservação

De acordo com o Atlas de Biodiversidade de Minas Gerais (Fundaçâo Biodiversitas, 2005), a


área diretamente afetada do empreendimento encontra-se inserida em uma área prioritária
para a conservação denominada Carste Arcos / Pains, como pode ser observado na Figura
12.

Próximo à ADA do empreendimento (aproximadamente 2,7 km) está presente uma área
prioritária denominada Caverna do Peixe, de categoria Alta, sendo a ação recomendada a
criação de unidades de conservação. Estes dados podem ser visualizados na Figura 12 e na
Tabela 21.

Distribuição espacial da cobertura vegetal nativa e classes de uso do solo

Os remanescentes florestais existentes na ADA se encontram mais secundarizados,


apresentando maior contato com pastagens devido à maior extensão das bordas.

Os remanescentes existentes se encontram em diferentes estágios de conservação, sendo


que as áreas mais periféricas dos remanescentes encontram-se mais secundarizadas em
relação às áreas mais centrais.

A Figura 15 apresenta a distribuição das classes de uso e ocupação do solo e cobertura


vegetal nativa na ADA.

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Figura 15: Distribuição das classes de uso e ocupação do solo e cobertura vegetal na ADA

As formações nativas correspondem por aproximadamente 39,0 % do total da ADA, estando


o restante da cobertura vegetal representado por pastagem (61,0%).

A seguir, são apresentadas na Tabela 25 as classes de uso do solo e cobertura vegetal


nativa da área diretamente afetada da Mineração João Vaz Sobrinho.

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Tabela 25: Classes de uso do solo e cobertura vegetal nativa na ADA da Mineração João
Vaz Sobrinho, em novembro de 2008
Classe de uso e cobertura vegetal Área (ha) Percentual (%)
Floresta estacional decidual 4,21 38,96
Pastagem 6,60 61,04
Total 10,81 100,00

2.3.1.5. Prognóstico

2.3.1.5.1. Sem o empreendimento

As áreas de influência indireta, de entorno e diretamente afetada do empreendimento


apresentam uma cobertura vegetal nativa caracterizada pelo predomínio da floresta
estacional decidual associada aos afloramentos calcários. De modo geral, encontra-se em
bom estado de conservação e com elevado grau de conectividade, estando interligados a
outros remanescentes existentes fora da AII.

Os remanescentes de mata seca apresentam uma flora peculiar, considerada de relevante


importância em termos botânicos, por apresentar flora própria.

O campo de várzea, associado à linha de drenagem existente na AII, apresenta-se bastante


descaracterizado, sendo alvo constante do pisoteio e pastoreio do gado.

As pastagens ocupam grande extensão tanto na AII quanto na AE e ADA, tendo sido
implantadas em áreas de topografia aplainada existente entre os afloramentos de calcário.

De modo geral, a tendência da área é a de permanecer com a mesma condição ambiental


atualmente existente, estando sujeito aos impactos referentes ao pisoteio do gado e retirada
eventual de lenha e de algumas árvores para utilização como madeira (mourões de cerca,
pequenas construções rurais).

Ressalta-se que existe a tendência de um aumento da pressão minerária sobre a área em


estudo, não se descartando a possibilidade de ocorrerem explorações ilegais de pequeno
porte.

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2.3.1.5.2. Com o empreendimento

Embora a área de supressão de floresta decidual represente apenas uma pequena parcela
do total existente na propriedade, a implantação do empreendimento implicará em
mudanças significativas na condição ambiental da área no que diz respeito à ecologia de
paisagem, prevendo-se, além da perda de vegetação nativa, a descontinuidade do
remanescente de floresta decidual.

Em função da supressão de remanescentes de floresta decidual e de vegetação rupícola,


poderá ocorrer a perda de indivíduos de espécies ameaçadas de extinção como
Myracrodruon urundeuva (aroeira) e Hippeastrum reticulatum, registradas na área
diretamente afetada.

Deve-se salientar, ainda, que a exploração desta área contribuirá para elevar o efeito
cumulativo da atividade minerária sobre os afloramentos calcários da região definida como
área prioritária para a conservação da biodiversidade.

2.3.2. Caracterização da fauna

A paisagem cárstica encontra-se ameaçada por várias atividades antrópicas como, o


desmatamento de áreas para a agricultura, impacto tanto ambiental quanto visual causado
pela mineração devido à exploração sem critérios técnicos e a caça de animais silvestres.

Conservar a fauna silvestre, incluindo os organismos e os processos ecológicos dos quais


participam, frente à crescente demanda pelo uso insustentável dos recursos naturais e dos
ambientes que os abrigam, é um dos desafios mais difíceis e mais urgentes da atualidade.

Segundo Almeida & Almeida (1998), a fauna silvestre é composta pelos mamíferos
(mastofauna), pelas aves (avifauna), peixes (ictiofauna) e pelos répteis e anfíbios
(herpetofauna), sendo os dois primeiros grupos bio-indicadores mais eficientes nos
monitoramentos.

Os fragmentos florestais, as Áreas de Preservação Permanente e as Reservas Legais,


foram os locais escolhidos para a observação e levantamento da fauna. Entrevistas com
moradores da região e trabalhadores de empresas situadas ao entorno da AID auxiliaram no
levantamento. Ao longo da AID e AII foram realizados registros fotográficos de carcaças nas

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estradas (importantes para o levantamento das espécies). Caminhadas aleatórias foram
realizadas como o intuito de encontrar vestígios como fezes, pegadas, restos alimentares e
de forrageamento, tocas, áreas dormitórios e descanso, galerias de passagem, dentre
outros sinais utilizados na investigação da fauna local.

Na região de influência existe o Núcleo Museológico da Estação Ecológica Corumbá, houve


a tentativa de visitá-lo, contudo devido a fatores particulares, o mesmo encontra-se fechado
para a visitação. A Foto 61 da documentação fotográfica registra a visita ao referido local.

Os esforços de amostragens foram direcionados aos mamíferos de médio e grande porte,


avifauna, herpetofauna. A ictiofauna teve seus estudos baseados em entrevistas, haja vista
que não existem lagos ou córregos na AID. Há apenas açudes que se apresentam com
grande quantidade de macrófitas aquáticas e que na época de seca diminui muito o nível da
água formando apenas pequenos poços.

As áreas dos cerrados, devido às suas extensões territoriais e diversidade da flora, onde se
observa a consorciação de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas, abrigam uma fauna
rica em diversidade e densidade, conforme pode ser verificado nas Tabelas 26 e 27.

Tabela 26: Apresenta as estimativas da riqueza de espécies do Cerrado


Cerrado % Brasil Brasil Mundo
Mamíferos 212 40.5 524 4.600
Aves 837 49.2 1.700 9.700
Répteis 180 38.5 468 6.500
Anfíbios 150 29.0 517 4.200
Peixes 1.200 40.0 3.000 24.800
Fonte: Shepherd 2000, Silva 1995, Brandão et al. 1999, Colli et al. 2002, Mittermeier et al. 1997

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Tabela 27: Número de espécies de vertebrados e plantas que ocorrem no Cerrado,
porcentagem de endemismos do bioma e proporção da riqueza de espécies do bioma em
relação à riqueza de espécies no Brasil
o
N em relação de % endemismos do % espécies ao
espécies cerrado Brasil
Mamíferos 199 9,5 37
Aves 837 3,4 49
Répteis 180 17 50
Anfíbios 150 28 20
Peixes 1.200 ? 40
Fontes: Fonseca et al. (1996); Fundação Pró-Natureza et al. (1999); Aguiar (2000); Colli et al. (2002);
Marinho-Filho et al. (2002); Oliveira & Marquis (2002); Aguiar et al. (2004)

2.3.2.1. Mastofauna

A baixa densidade local de muitas espécies de mamíferos e o tamanho de suas áreas de


vida, aliados ao hábito noturno, dificultam a realização de estudos de determinação da
composição, estrutura e dinâmica dessas populações.

O emprego de indicadores indiretos da presença de mamíferos é mais barato, rápido e de


mais fácil observação no campo, comparados com os métodos diretos (observação e
captura). Os índices indiretos são baseados na contagem de rastros (Van Dyke et al., 1986;
Wilson et al., 1996; Scoss & De Marco, 2000a), vocalizações ou outros sons, visitas a
estações de cheiro (Roughton & Sweeny, 1982; Conner et al., 1983; Thompson et al., 1989),
ossadas e fezes (Eisenberg et al., 1970).

O levantamento da mastofauna não voadora foi realizado concomitantemente com os outros


grupos onde foi verificada, a presença de animais em ocos de paus e árvores, presenças de
vestígios, como: restos mortais, carcaças, pegadas, fezes, tocas de moradia e forrageio,
arranhões em troncos de árvores, áreas de forrageio e outros vestígios que possam indicar
a presença de mamíferos. Entre as espécies foram relatados os tatus (Dasypus
novemcinctus, Dasypus septcintus), Quati (Nasua nasua), Irara (Eira barbara), o Macaco
prego (Cebus nigritus), além dessas espécies tambem foram identificadas outras, que
constan na Tabela 28. Foram identificadas 23 espécies pertencentes a 12 familias,
Didelphidae, Myrmecophagidae, Callitrichidae, Cebidae, Muridae, Canidae, Mustelidae,
Felidae, Procyonidae, Erithrozonthidae, Dasypodidae e hydrochaeridae.

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Observa-se também, que nesta caracterização foram detectadas 5 espécies ameaçadas de
extinção, conforme a Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção,
editada através da Portaria n°. 1.522 de 19/12/1989 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Pertencentes às famílias Canidae, Felidae,
Myrmecophagidae. Borges & Tomás; 2004 foi utilizado para a identificação das espécies
através dos vestígios.

Tabela 28: Principais espécies da mastofauna, encontradas na região do empreendimento


Nome científico Nome popular Status MG Status IBAMA
ORDEM DIDELPHIMORPHA
FAMÍLIA DIDELPHIDAE
1 Didelphis aurita Gambá
2 Gracilinanus microtarsus Catita
3 Marmosops incanus Cuíca
4 Didelphis albiventris Gambá
5 Didelphis marsupialis Gambá-de-orelha-preta
ORDEM EDENTATA
FAMÍLIA MYRMECOPHAGIDAE
6 Tamandua tetradactyla Tamanduá-de-colete P
7 Myrmecophaga tridactyla Tamanduá bandeira V
FAMILIA CANIDAE
8 Chrysocyon brachyurus Lobo guará V
9 Cerdocyon thous Lobinho
10 Dusycion vetulus Raposinha
FAMÍLIA DASYPODIDAE
11 Dasypus novemcinctus Tatu-galinha
12 Dasypus septcinctus Tatu
ORDEM PRIMATES
FAMÍLIA CALLITRICHIDAE
13 Callithrix penicilata Mico estrela
FAMÍLIA CEBIDAE
14 Cebus nigritus Macaco-prego
ORDEM CARNIVORA
FAMÍLIA PROCYONIDAE

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15 Nasua nasua Quati
16 Procyon cancrivorus Mão-pelada
FAMÍLIA MUSTELIDAE
17 Eira bárbara Irara
18 Galictis vittata Furão
FAMÍLIA FELIDAE
19 Puma concolor Onça Parda V
20 Leopardus pardalis Jaguatirica C A
ORDEM RODENTIA
FAMÍLIA MURIDAE
21 Akodon cursor Rato-do-chão
FAMÍLIA ERETHIZONTIDAE
22 Coendou prehensilis Ouriço-cacheiro

FAMÍLIA HYDROCHAERIDAE
23 Hydrochaeris hydrochaeris Capivara
Categorias: Vulnerável (V), Em perigo (P), Criticamente em perigo (C) Ameaçada (A)
MACHADO, A B. et al (ed): “Livro Vermelho das espécies ameaçadas de extinção da fauna
de Minas Gerais – Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, 1998”

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Foto 52: Macaco prego (Cebus nigritus) fotografado na AID

2.3.2.2. Avifauna

As aves possuem na sua maioria características que são bem peculiares como a plumagem
colorida, formas e tamanhos diferentes, e por possuírem hábitos diurnos, são fáceis de
serem observadas com o uso do binóculo e até mesmo com a vista desarmada, os
indivíduos deste grupo possuem vocalizações que auxiliam na sua identificação. Para a
observação deste grupo componente da fauna da região do empreendimento, foram
efetuadas análises das espécies existentes na região com instrumentos auxiliares como
binóculo e máquina fotográfica digital. Posteriormente as observações foram referendadas
pela consulta à literatura especializada quando foram identificados os indivíduos avistados.

O método utilizado foi de (Almieda & Almeida; 1998) realizado através de observações em
trilhas ao acaso, com o registro em pontos fixos distribuídos no local do estudo. A maior
parte da pesquisa se deu através de caminhadas aleatórias e pontos fixos, com o uso de
binóculo e vista desarmada, no intuito de observar a presença dos indivíduos solitários,
casais, bandos mistos ou apenas de uma espécie. A análise de vocalizações, de vestígios
como penas, carcaças encontradas nas estradas de acesso, e em outros locais, e cascas de
ovos, auxiliam para o enriquecimento do monitoramento. Câmeras digitais foram utilizadas
para fotografar espécies, estas foram identificadas através da literatura específica.
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Dentre as espécies mais freqüentes estão: Marreca cabocla (Dendrocygna autumnalis), Pica
pau do campo (Colaptes campestris), Tucanuçu (Ramphastus toco), João bobo (Nystalus
chacuru), Anu preto (Crotophaga ani), Balança rabo de bico torto (Glaucis Hirsuta),
Corujinha do mato (Otus choliba), Rolinha carijó (Columbina squammata), Saracura três
potes (Aramides cajanea), Garça branca grande (Casmerodius albus), Cabeça seca
(Mycteria americana), João de barro (Furnarius rufus), Canário da terra (Sicalis flaveola),
Gavião caracará (Polyborus plancus). As principais famílias identificadas foram Accipitridae,
Ardeidae, Anatidae, Bucconidae, Cathartidae, Cuculidae, Caprimulgidae, Cracidae,
Columbidae, Cariamidae, Ciconiidae, Dendrocygnidae, Fringillidae, Falconidae, Furnariidae,
Cathartidae, Picidae, Psittacidae, Ramphastidae, Rallidae, Strigidae, Thanophilidae,
Trochilidae, Tyrannidae, Tinamide, Thamnophilidae, Pipridae, Hirundinidae, Troglodytidae,
Turdidae, Mimidae, Vireonidae, Icteridae, Parulidae, Coerebidae, Thraupidae. Para
identificação das espécies foi consultado Frisch & Frisch; 2005.

Levantamentos detalhados da avifauna exigem tempo e recursos, além de conhecimentos


técnicos e científicos especializados. Entretanto, mesmo não se dispondo de estudos
aprofundados, os parâmetros acima citados são válidos quando a finalidade da análise é o
simples monitoramento.

Estudos recentes (Machado 2000) indicam que pode ocorrer uma perda de até 25% das
espécies de aves associadas com a mata de galeria apenas se houver a destruição dos
ambientes naturais vizinhos à mata, mesmo que ela permaneça intocada. Outras pesquisas
mostram que a redução excessiva das áreas nativas provoca a extinção de espécies de
aves, que desaparecem dos fragmentos de pequena dimensão (Hass 2002).

Contudo, encontramos ao longo da AII e da AID, florestas implantadas (Eucaplyptus sp) que
afetam diretamente a avifauna. Segundo Almeida (1983), a diversidade de aves é
linearmente relacionada com a diversidade da vegetação. Almeida (1979), em seus estudos,
conclui que nas florestas implantadas, nas quais a vegetação natural praticamente
desaparece, compromete a diversidade biológica; e que a tentativa de reposição das
reservas naturais com reflorestamentos com espécies nativas, além de muito mais oneroso
do que a manutenção de reservas naturais, pouco contribui para a estabilidade biológica dos
reflorestamentos.

Algumas espécies são mais exigentes (Dromococcyx spp., Trichothraupis melanops,


Formicarius spp.) e outras, ao contrário destas estão presentes em qualquer fragmento

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pequeno e freqüentemente são as mais abundantes (Tolmomyias sulphurescens,
Basileuterus culicivorus, Thamnophilus caerulescens, Basileuterus leucoblepharus,
Pyriglena leucoptera). Indivíduos desta espécie são extremamente dependentes do sub-
bosque e sensíveis a qualquer alteração do ambiente. O simples fato de o observador
caminhar na mata já é suficiente para alertar algumas espécies que se manifestam com
gritos de alarme e chegam até a se aproximar do intruso, sendo assim facilmente
observadas. Outras aves têm pequena capacidade de dispersão e colonização de novos
locais (Willis, 1974). Almeida (1981) e Aleixo e Vielliard (1995), tal como Willis, notaram a
ausência e empobrecimento destas espécies em ambientes fragmentados.

Tabela 29: Representa a avifauna encontrada nas áreas de estudo

Nome científico Nome popular Status MG Status IBAMA

TINAMIFORMES
TINAMIDAE
1 Crypturellus noctivagus Zabelê C A
2 Crypturellus parvirostris Inhambu-chororó
3 Rhynchotus rufescens Perdiz
CICONIIFORMES
ARDEIDAE/CICONIIDAE*
4 Casmerodius albus Garça-branca-grande
5 Butorides striatus Socozinho
6 Isobrychus exilis Socó mirim
7 Mycteria americana Cabeça seca*
ANSERIFORMES
ANATIDAE
8 Amazonetta brasiliensis Pé-vermelho
9 Cairina moschata Pato do mato
FALCONIFORMES
CATHARTIDAE
Urubu-de-cabeça-
10 Cathartes burrovianus
amarela
11 Coragyps atratus Urubu-comum
ACCIPITRIDAE
12 Elanus leucurus Gavião-peneira

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13 Buteo magnirostris Gavião-carijó
14 Buteogallus meridionalis Gavião caboclo
15 Rostrhamus sociabilis Gavião caramujeiro
FALCONIDAE
16 Herpetotheres cachinnans Acauã
17 Milvago chimachima Carrapateiro
18 Polyborus plancus Caracará
19 Falco sparverius Quiriquiri
GRUIFORMES
RALLIDAE
20 Aramides cajanea Três-potes
21 Gallinula chloropus Frango-d'água-comum
CARIAMIDAE
22 Cariama cristata Seriema
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
23 Columba cayennensis Pomba-galega
24 Columbina talpacoti Rolinha
25 Scardafella squammata Fogo-apagou
26 Leptotila verreauxi Juriti
27 Zenaida auriculata Pomba do bando
28 Patagioenas picazuru Pombão
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE
29 Ara maracanã Maracanã
30 Aratinga solstitialis Jandaia
31 Aratinga áurea Cabeça de côco
32 Forpus xanthopterygius Tuim
CUCULIFORMES
CUCULIDAE
33 Crotophaga ani Anu-preto
34 Guira guira Anu-branco
STRIGIFORMES

171

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STRIGIDAE
35 Otus choliba Corujinha-do-mato
36 Glaucidium brasilianum Caburé
37 Speotyto cunicularia Buraqueira
CAPRIMULGIFORMES
CAPRIMULGIDAE
38 Nyctidromus albicollis Curiango
TROCHILIDAE
Balança-rabo-de-bico-
39 Glaucis hirsuta
torto
40 Phaethornis pretrei Beija flor de rabo branco
41 Phaethornis ruber Besourinho-da-mata
42 Eupetomena macroura Tesourão
Besourinho-de-bico-
43 Chlorostilbon aureoventris
vermelho
44 Thalurania furcata Beija-flor-tesoura-verde
Beija-flor-de-banda-
45 Amazilia versicolor
branca
CUCULIFORMES
NEOMORPHIDAE
46 Tapera naevia Saci
PICIFORMES
BUCCONIDAE
47 Nystalus chacuru João-bobo
48 Malacoptila striata João-barbudo
49 Monasa morpheus Bico de brasa
RAMPHASTIDAE
50 Ramphastus vitellinus Tucano-de-bico-preto
51 Ramphastus toco Tucanuçu
PICIDAE
52 Picumnus cirratus Pica-pau-anão-barrado
53 Colaptes campestris Pica-pau-do-campo
54 Colaptes melanochlorus Pica-pau-verde-barrado
55 Dryocopus lineatus Pica-pau-de-banda-
172

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branca
56 Campephilus robustus Pica-pau-rei P A
PASSERIFORMES
DENDROCOLAPTIDAE
57 Sittasomus griseicapillus Arapaçu-verde
58 Lepidocolaptes angustirostris Arapaçu do cerrado
FURNARIIDAE
59 Furnarius rufus João-de-barro
60 Synallaxis ruficapilla Pichororé
61 Synallaxis albescens Ui-pí
62 Phacellodomus rufifrons João-graveto
63 Xenops rutilans Bico-virado-carijó
THAMNOPHILIDAE
64 Thamnophilu punctatus Choca-bate-cabo
65 Thamnophilus caerulescens Choca-da-mata
Chororozinho-de-asa-
66 Herpsilochmus rufimarginatus
vermelha
67 Pyriglena leucoptera Papa-taóca do sul
PIPRIDAE
68 Manacus manacus Rendeira
69 Neopelma pallescens Fruxu
TYRANNIDAE
70 Tyrannus savana Tesoura
71 Capornis cucullatus Sabiá Pimenta
72 Fluvicola nengeta Lavadeira-mascarada
73 Pyrocephalus rubinus Principe
74 Vanellus chilensis Quero quero
75 Pyrocephalus rubinus Verão
76 Sirystes sibilator Gritador
77 Tyrannus melancholicus Suiriri
78 Megarhynchus pitangua Bem-te-vi-do-bico-chato
79 Pitangus sulphuratus Bem-te-vi
80 Myiarchus tyrannulus Maria-cavaleira-de-rabo-

173

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enferrujado
81 latrhotriccus euleri Enferrujado
82 Cnemotriccus fuscatus Guaracavuçu
83 Myiophobus fasciatus Filipe
84 Tolmomyias sulphurescens Bico-chato-orelha-preta
HIRUNDINIDAE
Andorinha-pequena-de-
85 Notiochelidon cyanoleuca
casa
TROGLODYTIDAE
86 Troglodytes aedon Corruíra
MIMIDAE
87 Mimus saturninus Sabiá-do-campo
TURDIDAE
88 Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira
89 Turdus leucomelas Sabiá-barranco
90 Turdus amaurochalinus Sabia pardo
VIREONIDAE
91 Vireo chivi Juruviara
92 Hylophilus poicilotis Verdinho-coroado
ICTERIDAE
93 Cacicus haemorrhous Guaxe
94 Gnorimopsar chopi Pássaro-preto
95 Agelaius ruficapillus Garibaldi
PARULIDAE
96 Geothlyps aequinoctialis Pia-cobra
Basileuterus culicivorus
97 Pula-pula
auricapillus
98 Basileuterus hypoleucus Pichito
COEREBIDAE
99 Coereba flaveola Cambacica
Figuinha-de-rabo-
100 Conirostrum speciosum
castanho
THRAUPIDAE
101 Tangara cayana Sanhaço-cara-suja
174

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102 Thraupis sayaca Sanhaçu-cinzento
103 Thraupis palmarum Sanhaçu-do-coqueiro
104 Tachyphonus coronatus Sanhaçu de mamoeiro
FRINGILLIDAE
105 Saltator similis Trinca-ferro-verdadeiro
Trichotrhupis melanops Tié-de-topete
106 Volatinia jacarina Tiziu
Sporophila lineola Bigodinho
Cyanocompsa brissonii Azulão
Canário-da-terra-
107 Sicalis flaveola
verdadeiro V
108 Sporophila nigricollis Baiano
Tico-tico-do-mato-de-
109 Arremon taciturnus
bico-preto
110 Zonotrichia capensis Tico-tico
Categorias: Vulnerável (V), Em perigo (P), Criticamente em perigo (C) Ameaçada (A)
MACHADO, A B. et al (ed): “Livro Vermelho das espécies ameaçadas de extinção da fauna
de Minas Gerais”

Foto 53: Siriema (Cariama cristata) ave muito comum no cerrado brasileiro
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Os grupos da avifauna se dividem em:

- Aves insetívoras, habitantes da vegetação herbácea e arbustiva, onde se alimentam e


reproduzem, como o chopim-do-brejo, dentre outros;

- Aves onívoras, que forrageiam nas áreas brejosas, porém nidificam em matas ciliares,
como a saracura-três-potes e garça-real;

- Espécies onívoras, associadas às áreas encharcadas - como garças, socozinhos e


saracuras - e habitantes de locais rasos - como galinholas e marrecas;

- Aves piscívoras, como o martim-pescador-grande os quais forrageiam em locais mais


profundos de coleções de água (como açudes existentes na região);

- Além de aves insetívoras, que forrageiam no espaço aéreo, como várias espécies de
andorinhas (andorinha-serrador, andorinha-doméstica grande e outras).

2.3.2.3. Herpetofauna

Em geral os estudos da herpetofauna que visam inventariar a comunidade utilizam-se de


diversos métodos de captura conjugados, devido a grande diversidades de formas,
tamanho, hábitos e horários de atividade das espécies de répteis e anfíbios.

O método de procura visual é bastante generalista amplamente utilizado, sendo


complementado por procuras auditivas, no caso de anfíbios. Para captura de espécies
terrestres, fossoriais e semi-fossoriais de pequeno e médio porte são utilizadas armadilhas
de queda na grande maioria dos inventários de herpetofauna em todos os ecossistemas,
com bastante sucesso (Cecchin e Martins, 2000).

Neste trabalho não foram utilizados métodos de captura, a metodologia utilizada buscou
apenas inventariar a área de estudo através de buscas diretas aos exemplares, no período
noturno e diurno, a observação dos microambientes favoráveis à ocorrência de espécimes,
como: troncos caídos, ocos de árvores, proximidade de cursos d’água, sob folhas caídas no
solo e transectos pelas estradas e vias de acesso às diversas áreas, carcaças atropeladas
nas estradas, através de relatos dos moradores mediante entrevistas com os mesmos e

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busca na literatura específica. Os grupos e famílias encontrados estão indicados na Tabela
30.

Vários autores (Cunha & Nascimento, 1978; Sazima, 1989) relataram que o encontro com
serpentes é fortuito, pois elas se movimentam continuamente pelos ambientes, dificilmente
apresentam uma área de uso definida, não possuem populações elevadas ou concentradas,
muitas apresentam comportamento críptico, escondem-se bem de perseguidores e intrusos
e são rápidas na fuga. Assim, para complementar os dados deste estudo, todas as
informações adicionais foram levadas em consideração.

A cascavel (Crotalus durissus) foi relatada em todas as entrevistas realizadas na área de


estudo, porém não foi registrado nenhum exemplar, estes habitam ambientes abertos,
secos, pedregosos e pastos.

Os anfíbios são bons indicadores biológicos por serem particularmente sensíveis a algumas
alterações ambientais, devido à sua pele permeável, ciclo de vida bifásico e outras
características de sua história de vida. Possivelmente devido a esta sensibilidade,
populações de anfíbios têm entrado em declínio em diversos locais do mundo a partir da
década de 1980 (Bertolucci, 1991).

Foto 54: Lagarto (Tropidurus itambere) abundante na região


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A partir da segunda metade da década de 1980, aparecem na literatura registros de declínio
em populações de anfíbios em várias partes do mundo. O estado atual do conhecimento
taxonômico, ecológico e de conservação de grande parte das espécies de répteis da Mata
Atlântica é insuficiente. A principal ameaça à conservação de anfíbios no Brasil é a
destruição de seus habitats. O desmatamento, o avanço da fronteira agrícola, a mineração,
o fogo e os projetos de desenvolvimento (p. ex., barragens, estradas, indústrias e
empreendimentos imobiliários) são as principais causas dessa destruição. Todos os biomas
brasileiros estão sendo, de alguma forma, severamente afetados, especialmente a Mata
Atlântica, onde os remanescentes florestais fragmentados representam 8% da cobertura
original que restou (Fundação SOS Mata Atlântica, 2002).

Os resultados da GAA (Avaliação Global de Anfíbios) demonstram que, como grupo, os


anfíbios estão muito mais ameaçados que as aves ou os mamíferos (Stuart et al., 2004).

A maioria das espécies observadas durante o estudo são típicas de ambientes abertos,
sendo espécies generalistas com alto poder de adaptação a ambientes antrópicos. Os
anuros identificados são comuns, possuindo ampla distribuição geográfica no estado de
Minas Gerais e na região Sudeste do Brasil, ocorrendo em outras formações vegetais.
Outras espécies são mais especialistas, dependem totalmente do seu habitat, pois possuem
um nicho ecológico muito restrito. Durante o monitoramento foram registradas algumas
espécies de indivíduos, as do grupo dos anfíbios, foram registradas 9 espécies, sendo 2 de
pererecas, 5 de rãs e 5 de sapos, já nos grupos dos répteis foram registrados 10 espécies
de serpentes, 5 de lagartos, 2 de anfisbenas e 1 de quelônio.

Tabela 30: Répteis encontrados na região

Nome científico Nome popular Status MG Status IBAMA

FAMÍLIA GEKKONIDAE
1 Hemidactylus mabouia Lagartixa-de-parede
VIPERIDAE
2 Crotalus durissus Cascavel
FAMÍLIA SCINCIDAE
3 Mabuya spp
FAMÍLIA TEIIDAE
4 Ameiva ameiva Calango-verde
5 Tupinambis merianae Teiú

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6 Tropidurus itambere Lagarto
FAMÍLIA AMPHISBAENIDAE
Cobra-de-duas-
7 Leposternon sp
cabeças
Cobra-de-duas-
8 Amphisbaena alba
cabeças
BOIDAE
9 Boa constrictor Jibóia
FAMÍLIA COLUBRIDAE
10 Chironius bicarinatus Cobra-cipó
11 Philodryas olfersii Cobra verde
12 Oxyrhopus petola Falsa-coral
13 Sibynomorphus mikanii Dormideira
14 Spilotes pullatus Caninana
FAMÍLIA ELAPIDAE
15 Micrurus corallinus Coral
16 Bothrops jararaca Jararaca
17 Bothrops jararacussu Jararacuçu
FAMÍLIA CHELIDAE
18 Phrynops sp. Cágado
Categorias: Vulnerável (V), Em perigo (P), Criticamente em perigo (C) Ameaçada (A)
MACHADO, A B. et al (ed): “Livro Vermelho das espécies ameaçadas de extinção da fauna
Fundação Biodiversitas de Minas Gerais”, Belo Horizonte, 1998

Tabela 31: Anfíbios encontrados na região


Nome científico Nome popular
FAMÍLIA BUFONIDAE
1 Bufo granulosus Sapo
2 Bufo ictericus Sapo cururu
FAMÍLIA HYLIDAE
3 Hyla spp Perereca
4 Scinax sp. Perereca
FAMÍLIA LEPTODACTYLIDAE
5 Eleutherodactylus sp. Rã
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6 Leptodactylus ocellatus Rã-manteiga
7 Leptodactylus fuscus Rã-assobiadora
8 Leptodactylus labyrinthycus Rã-pimenta
FAMÍLIA MICROHYLIDAE
9 Elachistocleis ovalis Rã-grilo

2.3.2.4. Ictiofauna

No local do empreendimento não existem locais de alagamento significativos, a região


pertence a bacia do Rio Grande e do Rio São Francisco, o levantamento foi baseado em
entrevistas com moradores regionais, consulta da literatura especifica. As espécies
existentes na região estão descritos na Tabela 32, entre eles os mais comuns são traíra,
mandi, lambari, piau e outros.

Tabela 32: Peixes encontrados na região


Nome científico Nome popular
ORDEM CHARACIFORMES
FAMÍLIA CHARACIDAE
1 Astyanax bimaculatus Lambari
2 Astyanax scabripinnis Lambari
3 Astyanax fasciatus Lambari
4 Deuterodon sp Lambari
FAMÍLIA ERYTHRINIDAE
5 Hoplias malabaricus Traíra
FAMÍLIA ANOSTOMIDAE
6 Leporinus friderici Piau de três pintas
7 Schizodon nasutus Timboré
ORDEM SILURIFORMES
FAMÍLIA PIMELODIDAE
8 Rhamdia quelen Bagre, mandi
9 Pimelodus Maculatus Mandi amarelo
FAMÍLIA LORICARIIDAE
10 Hypostomus sp Cascudo
ORDEM PERCIFORMES

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FAMÍLIA CICHILIDAE
11 Geophargus brasiliensis Cará
ORDEM CYPRINODONTIFORMES
FAMÍLIA POECILIIDAE
12 Poecilia reticulata Barrigudinho

2.3.2.5. Documentação fotográfica

Foto 55 Foto 56

Foto 57 Foto 58

Foto 59 Foto 60
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Foto 55: Fezes de capivara; Foto 56: Pegada de furão; Foto 57: Pomba (Columbidae); Foto
58: Gavião caracará; Foto 59: Jararaca; Foto 60: Tatu (Dasypus septcinctus).

Foto 61 Foto 62

Foto 63 Foto 64

Foto 65 Foto 66

Foto 61: Visita ao museu de Corumbá; Foto 62: Quati atropelado na estrada de acesso; Foto
63: Fezes de cachorro do mato; Foto 64: Buraco de tatu na AID; Foto 65: Pegada de
capivara; Foto 66: Tamanduá morto na estrada de acesso.

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Foto 67 Foto 68

Foto 69 Foto 70

Foto 71 Foto 72

Foto 67: Pegada de tamanduá bandeira; Foto 68: Pato do mato; Foto 69: Grupo de cabeça
seca; Foto 70: Carcaça de tatu peba; Foto 71: Carcaça de tamanduá bandeira; Foto 72:
Ouriço morto na estrada de acesso.

2.3.3. Caracterização bioespeleológica

A caracterização bioespeleológica foi tratada no item 2.2.2.2.2.


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2.4. Meio sócio-econômico

a. Dinâmica populacional

Conforme dados do IBGE, a população total de Pains em 2007 totalizava 8.191 habitantes,
distribuídos em uma área de 419,2 km2, resultando numa densidade demográfica de 19,54
hab/km2, sendo uma das menores densidades demográficas da micro-região, estando bem
abaixo da densidade demográfica média nacional, que é de 50,15 hab/km2, e de Minas
Gerais, que é de 30,51 hab/km2. O município de Pains, nas últimas 4 décadas,
experimentou evasão populacional especialmente nas faixas etárias entre 20 e 29 anos,
provavelmente pela dificuldade de introdução no mercado de trabalho local e em instituições
de ensino superior. Tal comportamento reflete nas taxas de fecundidade de Pains, já que
em 1991 a quantidade de filhos por mulher era de 2,8, e em 2000 caiu para 2,3, informação
confirmada na base da pirâmide do município. A soma destes dois fatores principais
totalizou déficit de 20,18% no seu contingente populacional entre a década de 70 e 2000,
tendo sua maior perda, em termos percentuais, entre as décadas de 70 e 80, conforme pode
ser visualizado na Tabela 33.

Existe uma relação direta da perda de população em idade de trabalho ao enorme


crescimento da cidade vizinha – Arcos – que experimentou um assustador crescimento
populacional no mesmo período estudado (99,24%), crescimento este atrelado à atração de
indústrias mineradoras, crescimento do setor terciário (comércio e prestação de serviços) e
crescimento natural, em detrimento da estagnação de Pains. Este fato pôde ser comprovado
através de algumas entrevistas realizadas em Pains.

Entretanto, Pains voltou a crescer em 2007 (7,78%) devido, especialmente, ao incremento


do comércio e da prestação de serviços. Especialmente no ano de 2008, observa-se na
porção central um aumento significativo de lojas dos mais diversos ramos de atuação – em
especial o comércio ligado à tecnologia e comunicações -, o que justifica em parte este
grande percentual de aumento populacional. A Prefeitura de Pains também aumentou seu
quadro de servidores.

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Tabela 33: Crescimento da população de Pains
Ano População (hab) Crescimento populacional (%)
1970 9.560 -
1980 8.122 (-) 15,04
1991 8.065 (-) 0,70
2000 7.784 (-) 3,48
2004 7.661 (-) 1,58
2005 7.631 (-) 0,39
2006 7.600 (-) 0,41
2007 8.191 7,78
Dados: DATASUS, 2008

Do total dos habitantes do município em 2000, 72,19% estavam fixados na zona urbana,
enquanto que 27,81% estavam na zona rural. O processo de inversão populacional
começou a ocorrer em meados da década de 70, ou seja, na mesma época em que o
mesmo fenômeno estava sendo observado no restante do país. Este fator indica que,
mesmo com a diminuição considerável da população rural, conforme observado no Gráfico
1, este processo ocorre de forma lenta e gradativa, pois o percentual de pessoas no meio
rural ainda se encontra bastante elevado. Na pirâmide etária do município, assim como na
Tabela 33, percebe-se claramente que nem todos os que abandonam o meio rural do
município se deslocam para as áreas urbanas deste, tornando desproporcional o
crescimento do meio urbano em relação às perdas de contingente do meio rural, e parte dos
que já vivem nas áreas urbanas não permanecem lá devido a falta de oportunidades de
trabalho, provavelmente se deslocando para Arcos, Formiga ou Piumhí, que dispõem de
melhores condições de trabalho.

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Gráfico 1

Evolução da População Rural e Urbana de


Pains (MG), 1970-2000

7000
6000

5000
4000
3000
2000

1000
0
1970 1980 1991 2000

Urbana Rural
Fonte: SIDRA (2008) - Sistema IBGE de Recuperação Automática

Pirâmide etária de Pains

Homens Mulheres

70 e+

60 a69

50 a59

40 a49

30 a39

20 a29

15 a19

10 a14

5a9

0a4

0 200 400 600 800 1000


1000 800 600 400 200 0

2000 1991

Conforme já mencionado anteriormente, percebe-se nesta pirâmide a diminuição das taxas


de natalidade (na base) e mortalidade (no ápice da pirâmide). Houve uma diminuição
considerável na população de Pains entre 1991 e 2005, especialmente nas faixas etárias
abaixo dos 29 anos, o que resultará num rápido processo de envelhecimento da população,
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considerando o baixo índice de natalidade em 2000, e o aumento da população a partir da
faixa que compreende os 30 anos. É necessário, portanto, já se pensar em alternativas que
visem criar condições aos idosos para que não fiquem desamparados em nenhum aspecto,
pois, de acordo com a evolução populacional observada, Pains tem envelhecido com
rapidez.

É importante ressaltar que a diminuição da população infantil pode ter relação direta com o
planejamento familiar, pois a valorização da mulher no mercado de trabalho e o uso de
métodos contraceptivos – fatores estes que passaram a ser observados pela população em
geral principalmente a partir da década de 70 – não têm relação direta com o índice de
mortalidade infantil, e, ainda, esta mortalidade não é confirmada pelas estatísticas de
morbidade locais. A queda nas taxas de natalidade e fertilidade tem relação com a
urbanização, uma vez que as necessidades e os costumes da população também mudam.
No meio urbano, um grande número de filhos se torna uma ameaça para a estabilidade
financeira da família e prejudica os seus planos profissionais, principalmente da mulher, que
trabalha e também ajuda no sustento familiar.

A população masculina e feminina está equilibrada, com uma ligeira vantagem masculina,
provavelmente devido a dois aspectos básicos: o primeiro deles está relacionado ao
considerável percentual de pessoas no campo, o que dá a entender que existe a
necessidade de mão-de-obra braçal para a realização das atividades agropecuárias. O
segundo aspecto está relacionado ao meio urbano, pois a principal atividade da região
(mineração) exige mão-de-obra que disponha de maior força física. A exceção corre por
conta da população idosa (a partir dos 60 anos), que possui maior número de mulheres. Em
outras palavras, a expectativa de vida feminina é maior do que a masculina. Em termos
gerais, a qualidade de vida da população como um todo melhorou, fato comprovado pelo
aumento da expectativa de vida, retratado pelo aumento da população idosa.

Entre as décadas de 80 e 90, houve uma estagnação no crescimento populacional de Pains,


contrariando a tendência de queda vinda da década de 70. Porém, a partir da década de 90,
as taxas voltam a cair. A população jovem, com idade entre 20 e 29 anos, sofreu uma
diminuição significativa, fato que poderia ser considerado comum, mas, como se trata de um
processo de perda de contingente populacional histórico, com maior incidência nesta faixa
etária, é plausível concluir – ao considerar que esta faixa é a que tem maior potencial para o
mercado de trabalho – que os postos de trabalho em Pains têm diminuído. Os avanços
tecnológicos e a carência de postos de trabalho pertencente ao setor terciário (que é o setor

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que mais emprega nacionalmente) são os principais motivos que contribuem para a evasão
populacional dentro dessa faixa etária. Em termos gerais, percebe-se que a regressão
populacional do município se dá pela estagnação econômica. Esta estagnação está somada
ao êxodo rural, que ocorre – em qualquer lugar do país – devido a um único motivo: a busca
por melhores oportunidades e condições de sobrevivência. Portanto, todos esses fatores
proporcionam esta fuga de pessoas, pois as perspectivas de evolução econômica no local
são baixas, ao contrário de algumas cidades vizinhas.

Este “boom” populacional, observado em 2007, deve ser analisado com mais calma, pois
será necessário um período maior de análise para verificação da manutenção desta
tendência. Caso as taxas de crescimento populacional continuem aumentando, ou se
sofrerem leves decréscimos, provavelmente Pains estará escrevendo uma nova dinâmica
populacional.

b. Dinâmica produtiva

O município de Pains está localizado em uma macro-região importante de Minas Gerais do


ponto de vista econômico e turístico, que é a micro-região de Formiga. Esta é conhecida
mundialmente por responder por boa parte da produção brasileira de calcário.

 Finanças e setores de atividade econômica

Em Pains os três setores econômicos têm participação semelhante na composição da


arrecadação municipal, com o setor industrial tendo ligeiro destaque. Com relação a
arrecadação de impostos em Pains, em todo o período estudado o município experimentou
crescimento; especificamente, a arrecadação de ICMS cresceu gradativamente no período
estudado, destacando-se o período entre 2003 e 2004, em que o aumento foi de 61%. O
crescimento modesto da arrecadação de outros tipos de impostos entre 2000 e 2003, foi
interrompido por um brusco aumento de 46%, entre 2003 e 2004, conforme Tabela 34.
Analisando os somatórios, percebe-se que a arrecadação como um todo aumentou 130%
em quatro anos, o que é uma média excelente.

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Tabela 34: Evolução da arrecadação municipal (em R$) – Pains/MG
Anos ICMS Outros Total
2000 2.312.451 467.884 2.780.335
2001 2.516.334 448.489 2.964.823
2002 3.120.036 522.694 3.642.730
2003 3.435.577 582.263 4.017.840
2004 5.530.610 851.855 6.382.465
Fonte: Aslemg, 2008

A importância do setor industrial no município de Pains pode ser percebida através da


distribuição da População Economicamente Ativa (PEA) por setores da atividade
econômica. O setor primário, que corresponde à agricultura, pecuária, extração vegetal,
silvicultura e pesca, possuía, em 2000, 26% da população com 14 anos ou mais, média
considerada alta, mesmo com a histórica e gradativa diminuição da população rural. O setor
secundário - industrial - que inclui indústria de transformação, mineração e construção,
possuía 34% da PEA. O setor terciário, que corresponde ao comércio de mercadorias,
transporte, comunicações, armazenagem e outros serviços (incluindo prestação de serviços,
atividades sociais, administração pública e outras atividades) foi o que passou a ocupar a
maior parte da população economicamente ativa do município – 40%, que corresponde a
maior parte da população em idade de trabalho. O fato de o setor industrial não ter o maior
percentual não quer dizer que seja menos importante, pois o setor terciário está dividido,
nesta estatística, em comércio e serviços, com um pequeno percentual da PEA reservado
ao setor comercial (12%), e 28% reservado ao setor de serviços.

Como se observou, Pains se destaca no setor industrial, principalmente no ramo minerário,


devido à riqueza calcária da região. Dessa forma o município apresenta riqueza por possuir
reservas minerais de argila, calcário e dolomita.

O Gráfico 2 mostra a evolução do PIB municipal por setores de atividades. Apesar de o PIB
ter aumentado mais que a média dos anos anteriores, em todos os setores no ano de 2002,
percebe-se estabilidade geral de crescimento. O setor agropecuário de Pains permaneceu
com arrecadação estável. Este fator é bastante positivo para o setor, pois, mesmo com a
diminuição do contingente populacional rural, foi possível manter os índices de produção,
provavelmente pela introdução de novas técnicas agrícolas, que, aliadas à tecnologia,
proporcionam o aumento da produtividade. Com relação ao setor de serviços, houve uma
lenta evolução, mas considerada importante, pois indica uma tendência de crescimento do
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setor, fato que, caso seja realmente concretizado, e receba maior incentivo por parte da
Prefeitura, pode trazer progresso para a cidade. Apenas o setor industrial mostra um
crescimento um pouco maior que a média dos demais, e este crescimento não está
diretamente relacionado com o aumento do número de empresas deste setor, mas do
aumento da produtividade destas empresas, que tem relação direta com o crescimento da
demanda nacional e mundial pela cal e seus derivados.

Gráfico 2

EVOLUÇÃO DO PIB POR SETORES DE ATIVIDADES -


PAINS

40000

30000
AGROPECUÁRIO
20000
INDUSTRIAL
10000 SERVIÇOS

0
1999 2000 2001 2002
ANO

As principais empresas de Pains, segundo o Cadastro de Empresas do IBGE – CEMPRE,


são:

• Extração de minerais não-metálicos: Solo Fértil Indústria e Comércio Ltda., Gecal


Indústria e Comércio de Produtos Minerais Ltda., Mineração Ducal Indústria e
Comércio Ltda., Mineração Saldanha Ltda., Empresa de Mineração Oliveira, Leal
Castro Ltda., Fort-Cal Indústria Comércio e Transportes Ltda.;
• Confecção de artigos do vestuário e acessórios: Robson Rodarte Lopes - EPP,
H.Roper Confecções Ltda. – EPP;
• Fabricação de produtos de minerais não-metálicos: Calcinação Pains Ltda., Cal
Ferreira Ltda., Brisolo Calcáreo Agrícola Ltda., Calcinação Serra do Corumbá,
Calcinação Morro Grande Ltda.;
• Fabricação de móveis e indústrias diversas: Zaap Confecções Ltda. – ME.

O setor agropecuário do município de Pains possui pequena participação no PIB municipal,


como pode ser observado no Gráfico 2. Entretanto, existe uma quantidade considerável de
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propriedades - especialmente de pequeno porte, que estão divididas entre particulares
(maioria), arrendadas, em parceria, e, em menor escala, estão as propriedades ocupadas,
geralmente produzindo para subsistência (agricultores familiares). As médias e grandes
propriedades se distribuem no cultivo de milho, arroz em casca sequeiro e café, que são as
atividades mais importantes do município (vide Tabela 35). Com relação à atividade
agropecuária, a criação de bovinos, galináceos e suínos estão entre as mais importantes do
município, fato que também pode ser visualizado na Tabela 36.

Tabela 35: Distribuição das propriedades rurais


Estabelecimentos conforme
Classificação Nº. de estabelecimentos
área total (ha) em Pains
De menos de 1 a menos de 10 93
Pequeno Porte
10 a Menos de 100 267
100 a Menos de 200 71
Médio Porte
200 a Menos de 500 26
Maior que 500 Grande Porte 2
Total geral 459
Fonte: Censo Agropecuário IBGE 1996

Tabela 36: Produtividade agropecuária de Pains – 2002/2003


Agricultura Área colhida (ha) Produção (t)
Feijão (3 safras) 100 106
Soja 60 96
Milho 3.500 14.000
Pecuária Cabeças de animais
Galináceos 41.941
Bovinos 28.371
Suínos 3.124
Fonte: Censo Agropecuário IBGE 1996

c. Uso e ocupação do solo

A região em análise é ocupada, em sua totalidade, por áreas rurais. Isto faz com que o
impacto urbano seja bastante reduzido, enquanto que as áreas que tendem a ter um grau de
preservação maior, por terem mais áreas naturais, sofrem mais.

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O núcleo urbano mais próximo, que é Capoeirão que está a 2 km do empreendimento. Nas
campanhas de campo realizadas, não foi constatada, dentro do polígono do
empreendimento, nenhuma atividade de agricultura ou pecuária, apesar da presença de
cercas. No entorno, porém, foi constatado que existem diversas propriedades de pequeno
porte, e outras – em menor quantidade - de médio porte, cujas atividades se resumem,
genericamente, a pecuária leiteira, a pecuária de corte e cultivos de milho e café.

As propriedades contidas no polígono em análise têm suas terras aproveitadas, quando


aproveitadas, para atividades predominantemente de subsistência, com baixo volume de
comercialização de excedentes agrícolas. As atividades se restringem, no momento da
realização deste estudo, a atividades pecuárias (especialmente leiteiras) e policulturas, com
uma pequena quantidade de grandes propriedades, que não se localizam dentro da área de
influência do empreendimento, mas empregam pessoas das duas localidades estudadas.

d. Emprego e relações de trabalho

Conforme mencionado no item anterior, na região em referência predominam pequenas


propriedades agrícolas, cuja mão-de-obra é, na maioria dos casos, familiar. Estas
propriedades sofrem, durante um período do ano (que varia conforme o tipo de produto que
está passando pela colheita), com a perda de parte de sua mão-de-obra (alguns
trabalhadores mais jovens) para trabalho nas grandes propriedades que se localizam nas
proximidades, e que contratam estes trabalhadores, temporariamente. Outro grupo de
trabalhadores, que já não são tão jovens como os primeiros, se dividem entre explorar a
própria terra e arrendamento. Os que exploram a própria terra, geralmente não
comercializam os excedentes, exatamente pela quantidade mínima produzida, já que os
recursos tecnológicos, para aumento de produtividade, são escassos ou inexistentes. O
segundo grupo (arrendatários) alugam as terras para criar gado, visando a produção de leite
para venda, que neste caso pode ser vendido para queijeiros, ou para a empresa de
laticínios Embaré (sediada em Lagoa da Prata – município que dista cerca de 60 km do
empreendimento). O custo médio do litro de leite, nesta parte dos municípios, é de R$ 0,50
(quando se vende para o queijeiro) e de R$ 0,60 (quando se vende para a Embaré).

Sobre possíveis conflitos no uso do solo na AII, não foi constatado nenhum, exceto a luta
clássica entre capital e mão-de-obra, e a respectiva apropriação da mais-valia por parte dos
queijeiros e da Embaré. Tal situação faz com que os trabalhadores não tenham lucros reais,
conforme relatos dos mesmos.

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e. Educação

A taxa de alfabetização em Pains é de 75,29% da população total (residentes com 10 anos


ou mais), o que corresponde a 5.871 habitantes. Está bem abaixo da média mineira, que é
de 89,10%. O município possui 3 estabelecimentos de ensino pré-escolar, com 239
matrículas (sob responsabilidade do município), 8 estabelecimentos de ensino fundamental
e 1 de ensino médio (com o total de 1.703 matrículas – sob responsabilidade do estado),
não possuindo nenhuma escola particular e nenhuma universidade ou faculdade. Os
universitários que permaneceram em Pains (graduação e pós-graduação) estudam em
municípios localizados nas proximidades, como Lagoa da Prata (onde está localizada a UCB
– Universidade Castelo Branco), Formiga, Arcos, Iguatama e Divinópolis. Possui também
uma APAE (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais). Existe uma escola técnica em
construção, porém, segundo informações obtidas na Prefeitura, ainda não foram definidos
os cursos a serem ministrados.

A taxa de analfabetismo, com a faixa etária a partir dos 15 anos, é uma das maiores da
micro-região, com 10,9%, fator que indica a necessidade de se investir, a médio e longo
prazo, na educação da população local. Conforme estudos realizados pelo Banco Mundial, a
educação é o principal detonador do desenvolvimento sócio-econômico regional.

A educação pública em municípios interioranos é vista, genericamente, de forma positiva.


Devido ao fato de o departamento de educação ser constituído por servidores que se
submeteram a concursos públicos, entende-se que a qualidade técnica e intelectual muitas
vezes supera o que se observa em escolas da rede particular. E como em municípios do
interior de pequeno porte geralmente não existem escolas particulares, as escolas públicas,
tanto estaduais quanto municipais, apesar de serem as únicas opções, costumam prestar
bons serviços educacionais.

Em Pains, ainda não existem escolas da rede particular de ensino. Para aqueles que
desejarem estudar em escolas particulares, é necessário se dirigir para Arcos ou outro
município de maior porte, nas proximidades. Em Arcos, existe uma escola particular de
ensino regular, e duas de ensino técnico, sendo destinadas para atender ao público que
deseja se especializar em administração, segurança do trabalho, contabilidade e meio
ambiente. Tais demandas são criadas pelas inúmeras indústrias mineradoras do entorno.

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Quando alguns habitantes foram questionados sobre a qualidade da educação pública nos
dois municípios, em ambos foi obtido o mesmo tipo de resposta. Ou seja, ninguém tem nada
do que reclamar. Pelo contrário, as escolas têm preparados estes alunos para aprovação
nas universidades dos municípios vizinhos, inclusive a PUC/MINAS-Arcos, que é a mais
concorrida. O único problema identificado por alguns entrevistados é que os servidores,
devido à estabilidade adquirida, e depois de determinado tempo ocupando aquele cargo, se
acomodam e deixam de inovar em suas práticas pedagógicas.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde (2007), Pains dispõe de apenas 1


hospital, mantido pelo SUS, com 22 leitos hospitalares, 4 unidades ambulatoriais, 2 postos
de saúde, 1 centro de saúde, e nenhum ambulatório de unidade hospitalar geral. No ano
2000 ocorreram 437 internações, o que resulta em uma média de 36,42 internações por
mês. São registrados em média 50 óbitos por ano, dos quais 14, em 2002, sendo
registradas apenas na especialidade clínica médica. Existem investimentos direcionados
para controle de zoonoses, especialmente esquistossomose e dengue. As equipes do PSF
atendem na zona rural.

As especialidades médicas disponíveis em Pains são: anestesia, fisioterapia, oftalmologia,


pediatria, ginecologia e clínica geral. Dispõe ainda de 3 enfermeiros e 15 auxiliares. Há
ainda 2 ambulâncias, sendo ambas simples. A unidade em referência é mantida pelo SUS,
se encontrando no nível de gestão semiplena.

O maior motivo de internações em Pains, em 2007, conforme informações do Datasus, foi


em decorrência de problemas do aparelho respiratório (17,2%), enquanto que outros
problemas, como os decorrentes do aparelho circulatório e geniturinário, tiveram o
percentual de 11,6%. No ano de 2005, conforme dados obtidos na Secretaria de Saúde do
município, as ocorrências de maior quantidade de entradas foram as relacionadas a
problemas respiratórios e do aparelho digestivo. Ou seja, o histórico de internações no
município tem pequena variabilidade.

É importante lembrar que os problemas de saúde que merecem maiores cuidados,


registrados na cidade, são encaminhados para outras localidades que dispõem de melhor
infra-estrutura de atendimento; no caso de Pains, as cidades que recebem estes pacientes
são Piumhí, Formiga, Divinópolis e Belo Horizonte. O número de médicos por habitante, e
de odontólogos por habitante, não chega a 1/1000, conforme informações do Datasus

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(2007), da Organização Mundial da Saúde (OMS), e do PNUD (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento – 2000).

Vale frisar, ainda, que a quantidade de leitos hospitalares ou de profissionais de saúde em


relação ao número de habitantes também não são índices suficientes para avaliação de um
sistema de saúde. Por exemplo, uma pequena cidade que não dispõe de leitos talvez faça
parte de um consórcio de municípios. No caso, é mais economicamente viável transportar
os pacientes a um hospital de referência numa cidade vizinha e repassar a esta cidade uma
parcela dos impostos do que construir um hospital próprio. Seu índice de leitos/habitantes,
de médicos/habitantes e odontólogos/habitantes é zero, e nem por isso a população está
mal assistida. Outro exemplo vem de países industrializados, como o Canadá. Lá, o número
de leitos por habitante tem sido reduzido drasticamente nos últimos anos, como resultado da
estratégia de investir em tecnologia e no aumento da capacidade resolutiva do sistema de
saúde. Exames que antecedem uma cirurgia, por exemplo, são feitos a nível ambulatorial. A
idéia é deixar o paciente o menor tempo possível internado.

O número de óbitos por tipo de morbidade em Pains, no mesmo ano, pode ser visualizado
na tabela abaixo:

Tabela 37: Nº. de óbitos x morbidade


Morbidade Óbitos
Doenças infecciosas e parasitárias 1
Lesões, envenenamentos e causas externas 1
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais 3
Aparelho circulatório 5
Aparelho respiratório 4
Aparelho digestivo 3
Originadas no período perinatal 1
Total 18

g. Qualidade de vida

A população de Pains experimentou melhoras na saúde e na expectativa de vida, entre


1991 e 2000. As taxas de mortalidade de crianças com até 1 ano de idade caíram de 27,9%
em 1991, para 16,4% em 2000. A esperança de vida ao nascer aumentou
consideravelmente, de 68,6 anos em 1991, para 74,4 anos em 2000. A renda per capita, em

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reais (R$), aumentou 32,57%, passando de R$ 172,50 (em 1991) para R$ 232,00 (valores
de acordo com o salário mínimo vigente em maio de 2000). Inclusive a desigualdade social
diminuiu, apesar de ainda ser elevada; os 20% mais ricos, em 1991, se apropriavam de
61,9% da renda total gerada, porém este percentual caiu para 54,8% em 2000. Todas estas
melhoras nos indicadores contribuíram para uma melhora no IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) municipal, que subiu de 0,702 (em 1991) para 0,783 (em 2000).
Conforme atesta o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Pains
está com um médio grau de desenvolvimento, ocupando a 101ª posição no ranking mineiro.

 Sistema de abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo

O serviço de abastecimento de água é realizado pela concessionária COPASA –


Companhia de Saneamento de Minas Gerais. O município está passando por um processo
lento, mas gradativo de desenvolvimento, possuindo um sistema de abastecimento de água
ainda inadequado, tendo em vista o crescente aumento da população urbana. Entretanto,
Pains ainda possui um baixo percentual de domicílios abastecidos por rede geral.

Tabela 38: Forma de abastecimento de água (em %) no município de Pains


Ano
Forma de abastecimento de água em Pains (%)
1991 2000
Rede geral 76,5 85,6
Poço ou nascente 21,7 14,3
Outra forma 1,8 0,1
Fonte: Datasus (2006)

Com relação ao tipo de instalação sanitária, percebe-se no quadro seguinte uma evolução
nos dois municípios, porém muito lenta, considerando o período em análise. Os indicadores
apresentados ainda não são satisfatórios. O reflexo das ações no sentido de adequar
melhor as instalações sanitárias à população tiveram resultado positivo no período
estudado, fato comprovado pelas estatísticas de morbidade e internação do município. Vale
destacar os percentuais de Pains – dentre os moradores que admitiram – com relação ao
escoamento de dejetos para rios ou lagos, que por menor que seja, agrava os malefícios à
saúde geral da população.

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Tabela 39: Evolução dos tipos de instalações sanitárias/Pains (%)
Ano
Instalação sanitária em Pains (%)
1991 2000
Rede geral de esgoto ou pluvial 45,9 69,9
Fossa séptica 0,9 2,1
Fossa rudimentar 37,8 22,4
Vala 1,9 0,8
Rio ou lago - 1,6
Outro escoadouro 5,7 0,1
Não sabe o tipo de escoadouro 0,1 -
Não tem instalação sanitária 7,7 3,0
Fonte: Datasus (2006)

Em Pains, a coleta de lixo é efetuada uma vez por semana. Observando a evolução do
destino do lixo no município, é possível perceber que, semelhantemente ao tipo de
instalação sanitária, não houve evolução significativa no período estudado, sendo,
provavelmente, a diminuição da população de Pains, o maior motivo do não-investimento
em infra-estrutura básica com o fim de melhorar as condições gerais de vida da população
que está fixada. Mas boa parte dos domicílios ainda não faz parte do itinerário dos
caminhões de lixo da cidade.

Gráficos 3: Evolução do destino do lixo em Pains,1991

Destino de Lixo em Pains- 1991

21,6
Coletado por serviço de
limpeza
Queimado (na propriedade)
45,3
1,4 Enterrado (na propriedade)

Jogado em terreno baldio ou


7,9 logradouro
Jogado em rio ou lago
0,4
Outro destino

23,4

Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA (2000)

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Gráficos 4: Evolução do destino do lixo em Pains, 2000

Destino de Lixo em Pains - 2000

3,4 0,5
0,5 Coletado por serviço de limpeza
0,1

Queimado (na propriedade)

27,1 Enterrado (na propriedade)

Jogado em terreno baldio ou


logradouro
68,5
Jogado em rio ou lago

Outro destino

Fonte: Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA (2000)

 Sistema de energia elétrica

O serviço de energia elétrica é fornecido pela concessionária CEMIG – Companhia


Energética de Minas Gerais. Em relação ao consumo de energia, a classe industrial de
Pains responde por grande parte do consumo, conforme pode se ver no Gráfico 6. Observa-
se também que, no período estudado, o consumo da classe industrial aumentou
gradativamente, mesmo com o número de consumidores permanecendo praticamente o
mesmo, o que pode indicar dois elementos, sendo um, conseqüência do outro: a
modernização dos processos produtivos e aquisição de computadores (pessoais e
comerciais), que contribuem para a diminuição de ofertas de trabalho. Nas demais classes
houve diminuição do consumo de energia, apesar de todas apresentarem aumento de
consumidores. A principal justificativa para esta diminuição está relacionada à venda de
produtos mais modernos e que consomem menos energia (produtos com selo
Procel/Eletrobrás), que conforme políticas estabelecidas pela Eletrobrás no sentido de evitar
novos racionamentos de energia, tem sido mais econômicos.

Outro aspecto interessante a se observar no Gráfico 5 é que, paradoxalmente, mesmo com


a população diminuindo no período estudado, o número de consumidores aumentou em
todos os estratos, o que significa que um percentual maior da população está tendo acesso
a este tipo de serviço. Considerando a informação fornecida pelo Censo Demográfico do
IBGE em 2000, que informa existirem 2.277 domicílios permanentes em Pains (somados os
meios rural e urbano), e o número de consumidores residenciais e rurais, que é 2.561 (em
2001), subentende-se que Pains não tenha maiores problemas com fornecimento de
energia.
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Gráfico 5

EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE CONSUMIDORES DE ENERGIA EM


PAINS/MG

OUTROS

RURAL
2003
RESIDENCIAL 2001
1999
COMERCIAL

INDUSTRIAL

0 500 1000 1500 2000 2500

Consumidores

Gráfico 6

CONSUMO DE ENERGIA EM PAINS/MG

OUTROS

RURAL
2003
RESIDENCIAL 2001
1999
COMERCIAL

INDUSTRIAL

0,00 25,00 50,00 75,00

Consumo (Kwh - %)

h. Organização sócio-política

Em Pains há grande diversidade de organizações e associações que não são ligadas ao


governo, pois nos últimos anos alguns elementos da população têm buscado ampliar sua
participação política. Destes, destacam-se o EPA (Espeleogrupo Pains), a AMPAR
(Associação dos Mineradores de Pains), a COMPRESSAMIG (Comissão de Preservação do
Rio São Miguel), que agora é denominada Flor de Angá, e o GESCOM (Gestão dos
Conflitos Relacionados à Mineração), que se propõe a ser um articulador dos diversos
interesses.
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Uma recente iniciativa da prefeitura de Pains, que já está produzindo vários resultados
positivos, é a criação de uma secretaria de Meio Ambiente. Esta secretaria está buscando
reunir condições para proporcionar amplo diálogo entre os vários interesses que envolvem a
atividade mineradora no município, dentre outras atividades. Um importante departamento
que está sendo útil na viabilização deste diálogo é a CODEMA (Coordenadoria de Meio
Ambiente), que procura reunir todos os interessados às 2ªs sextas-feiras de cada mês.

O secretário de Meio Ambiente do município demonstrou, em entrevista, amplo


conhecimento dos problemas de Pains, especialmente sobre os que se referem às
atividades mineradoras. Este ponto é positivo na medida em que há alocação de mão-de-
obra especializada para comandar uma secretaria estratégica, que é tão importante para o
município. O mesmo secretário informou, ainda, que a população tem reclamado das
atividades mineradoras e de suas conseqüências para o espaço habitado de Pains, no
entanto, não participa ativamente das discussões, exceto o Rotary Club, ONGs, e outras
organizações desta natureza. Com este quadro torna-se difícil estabelecer relação de forças
entre os mineradores, a Prefeitura e a população.

Não foi possível localizar nenhum membro do grupo EPA em Pains. Portanto, foi necessário
contato via correio eletrônico e outros artifícios da rede mundial de computadores para
localizar alguns deles. E conforme informações obtidas junto a membros e junto à diretoria,
o grupo existe há aproximadamente 15 anos, e se denomina como uma organização de
defesa ambiental. São organizados de forma a proporcionar aos membros e demais
interessados, contato direto com a região cárstica de Pains e entorno, com o intuito de gerar
uma conscientização por parte da população. Defendem, ainda, a exploração sustentável do
calcário. Procuram combater a ilegalidade, e eventuais abusos de qualquer natureza por
parte dos mineradores.

Quando questionados sobre o fato de não participarem ativamente das discussões


proporcionadas pelo CODEMA (informação dada pelo secretário de Meio Ambiente), devido
a desentendimentos de ordem política, informaram que receberam a notícia com
estranheza, em primeiro lugar por serem apartidários, e em segundo lugar, porque
participam destas reuniões ativamente, contrariando assim a informação do secretário.

Outra importante organização é a AMPAR (Associação dos Mineradores de Pains, Arcos e


Região), que representa os interesses dos mineradores, especialmente os conveniados.
Dentre os objetivos da organização, destaca-se a cooperação com o DNPM (Departamento

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Nacional de Produção Mineral), informações, consultoria jurídica, reuniões, cursos, criação
de central de negócios em parceria com o SEBRAE, e efetuar compras em conjunto.
Anseiam também negociar melhores taxas de energia elétrica.

Esta organização sobrevive da participação financeira dos mineradores conveniados.


Defendem como não poderia deixar de ser, a exploração das riquezas da região, porém
preservando o que for possível e passível de se preservar. Existe um projeto para instalação
de filtros nestas empresas, para reduzir ao máximo os impactos decorrentes da atividade.

Sobre os mineradores ilegais, informaram que não têm informações precisas, mas precisam
conversar sobre a necessidade de se fundar associações e cooperativas, para ajudar a inibir
ou legalizar estas atividades. Apesar de ter sido fundada em meados de 2002, o
administrador da organização considera as atividades ainda embrionárias, tendo muito que
se conversar, sobre diversos assuntos. Inclusive, pensa-se em um plano de saúde que
possa abranger a todos os funcionários de todas as empresas conveniadas, cujo custo seja
ainda mais acessível que os planos já oferecidos pelas empresas.

Portanto, percebe-se que o conflito existe, mas ainda não atingiu dimensões maiores,
devido à passividade da população.

i. Percepção da população

Conforme entrevistas realizadas com moradores de Pains (também em Corumbá), houve


certa expectativa (positiva) quando, inicialmente, foram informados sobre uma nova
atividade minerária que se iniciaria. Esta expectativa se deve não apenas à possibilidade de
abertura de novos postos de trabalho, mas também pelos salários que geralmente são
pagos, que estão um pouco acima da média geral do município. Porém, a demanda por
abertura de postos de trabalho existente em Pains, é para abertura de vagas que requerem
um grau de intelectualidade maior, ou seja, mão-de-obra mais qualificada. A partir disso,
alguns entrevistados demonstraram certo desânimo, pois sabem que as áreas
administrativas das empresas mineradoras geralmente se instalam e absorvem mão-de-obra
de Arcos, que, por ter a melhor infra-estrutura urbana, especialmente no que se refere ao
preenchimento das vagas que exigem melhor qualificação de mão-de-obra.

Uma vez frustrada a expectativa de trabalho, os moradores de Pains apontaram os


problemas de tráfego intenso de caminhões, de alta emissão de poeira, e da pequena

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quantidade de melhorias estruturais percebidas no município, que parece não desfrutar do
lucro obtido pelas empresas mineradoras.

2.4.1. Patrimônio cultural

Conforme informado adiante, apesar de se falar muito em pontos turísticos em Pains,


nenhum habitante entrevistado, ou servidor da Prefeitura, soube informar onde esses pontos
se localizam. Daí a impossibilidade em se elaborar um mapa cartográfico sobre o tema.

2.4.2. Patrimônio natural

Conforme pesquisa realizada junto aos membros da comunidade e na Prefeitura de Pains, e


também outras prefeituras nas proximidades, na bacia sedimentar da região é possível
encontrar muitos indícios de antigas aldeias indígenas, além de grutas, cachoeiras e
mirantes. No entanto, nem a população, nem as Prefeituras, dispõem de informações
precisas para dar a um turista ou a qualquer interessado que porventura venha a desejar
conhecer estes locais, como chegar, e qual é o contexto histórico dos pontos, tampouco
existe infra-estrutura mínima adequada para a recepção de turistas.

A presença de grutas e locas que serviram como moradias, e o encontro de registros


fósseis, dos quais o mais famoso foi o Mastodonte, descoberto por pescadores na Fazenda
do Onça, localizada na divisa de Pains com Córrego Fundo em meados de 1998, teve ampla
repercussão na mídia. Ossos diversos e dentes têm sido achados dentro de cavernas e
áreas afins por várias pessoas e, no caso do Mastodonte, sua idade oscila entre 12.000 e
15.000 anos. Geologicamente isso não representa muito em termos cronológicos, mas é de
extrema importância para o estudo da extinta fauna local. Pesquisadores afirmam também
que fósseis como o Mastodonte são encontrados com certa freqüência em todo o país, o
que ajuda na compreensão das condições bioclimáticas do nosso passado recente, mas
acaba por desvalorizar um pouco esta descoberta, que é valorizada entre os habitantes de
Pains. Encontra-se com freqüência conchas fossilizadas em margas e calcários terrosos,
além de fragmentos de ossos também parcial ou totalmente mineralizados.

Em Pains, existe um projeto, chamado Mais Museu. Já está em construção, e deve iniciar as
atividades em meados de 2009. Todo o material catalogado ficará novamente à disposição
do município, já que atualmente estão distribuídos entre universidades e centros de

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pesquisa de todo o país. Trata-se da catalogação de mais de 250 sítios arqueológicos, além
de fósseis e outras riquezas desta natureza.

Dentre todas estas “raridades”, em Pains viveu um urubu domesticado, chamado Casemiro,
que morreu há cerca de 7 anos, além do Boi Fagundes e Xuxa Preta, personagens que já
fazem parte da cultura local.

Mesmo com todas essas informações interessantes e importantes, Pains não possui
vocação turística. Como se trata de uma região com predominância de formações cársticas,
é oferecido a quem passa pela região paisagens muito bonitas, além da formação de grutas
e cavernas, com ocorrência de estalactites e estalagmites. Estas formações rochosas
também favorecem a prática de alguns esportes radicais, como por exemplo, rapel e bungee
jumping.

Com relação às igrejas, a diversidade de opções é imensa, destacando-se em Pains a Igreja


Nossa Senhora do Carmo e Igreja do Rosário, católicas, além de outras denominações,
como a Congregação Cristã do Brasil, Igreja Universal do Reino de Deus, Deus é Amor,
Igreja Presbiteriana, Igreja do Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo, Assembléia de
Deus e Igreja Batista (todas Protestantes), tendo ainda um Salão do Reino das
Testemunhas de Jeová e um templo espírita.

Foto 73: Igreja do Rosário, em Pains

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Com relação ao esporte, a movimentação das pessoas é bem mais intensa. A cidade de
Pains possui um clube, que é a Associação Pains Tênis Clube. Existe também um time de
futebol profissional, que é o Pains Esporte Clube, além da Associação dos Atletas Amadores
(que é bi campeão municipal e campeão do Sul de Minas). No dia do Trabalhador (1° de
maio), acontece o Torneio do Trabalhador, que reúne atletas de várias modalidades, tais
como Futebol de Salão, Voleibol (feminino e masculino), futebol de campo dos veteranos e
sub-20. Anualmente, também são realizadas as Olimpíadas, que acontecem na Praça de
Esportes da cidade, que possui uma diretoria independente, desvinculada da Prefeitura. Há
uma parceria entre os dois órgãos para treinamento de crianças em Futebol de Salão.

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3. ANÁLISE INTEGRADA

O empreendimento foi avaliado em termos físicos, bióticos e sócio-econômicos.

Em relação ao meio físico foi desenvolvido um intenso trabalho de prospecção


espeleológica que permitiu a descoberta de 65 cavidades naturais constituídas de
cavernas, abrigos, sumidouros, ressurgências e sítios arqueológicos, merecendo destaque
pelos seus atributos, as seguintes cavidades:

• Caverna do Cano D’Água (nº. 3);


• Abrigo da Caixa D’Água (nº. 17);
• Gruta do Índio (nº. 21);
• Caverna do Desmoronamento (nº. 26);
• Caverna da Mina (nº. 28);
• Caverna Perdida (nº. 30);
• Caverna Oval (nº. 33);
• Caverna Confusa (nº. 41);
• Caverna Comunicante (nº. 43);
• Gruta do Tunelzão (nº. 45);
• Ressurgência e Sumidouro da Cascata (nº. 47);
• Caverna Travessia (nº. 50).

Em função da relevância ambiental das cavidades foram delimitadas áreas de restrição para
o desenvolvimento de quaisquer atividades que coloquem em risco o patrimônio
espeleológico local.

Estabelecido o zoneamento ambiental o critério para a locação da frente de extração e das


instalações de apoio do empreendimento consistiu na escolha de um terreno que
proporcionasse o mínimo de interferência possível com o ecossistema terrestre. Optou-se
então pela compra da fazenda Mato do Alto que foi alvo no passado de lavra clandestina
pelo antigo proprietário.

Nessa propriedade adquirida pela Mineração João Vaz Sobrinho a área impactada será de
apenas 10,81 ha, sendo 3,72 ha previstos para a implantação das instalações de apoio e
7,09 ha para a implantação da frente de lavra. Deste total, apenas 4,21 ha (38,95%)

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representa área de vegetação nativa (1,63 e 2,58 ha, respectivamente). O restante (61,05%)
é ocupado por pastagens.

A área impactada representa apenas 1,48% da área total do polígono que possui 729,26 ha.

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4. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

4.1. Metodologia de avaliação de impactos

A metodologia utilizada na avaliação dos impactos ambientais prognosticados nas fases de


instalação, operação e desativação da mina da fazenda Amargoso foi desenvolvida pela
ENAL – Engenheiros Associados Ltda. e tem sido aplicada com sucesso no estudo de
empreendimentos da mesma natureza, inseridos na Província Cárstica de Arcos, Pains e
Doresópolis. Inclusive a própria Mineração João Vaz Sobrinho conta com uma mina em
atividade nessa região, localizada nas áreas relativas aos processos DNPM 001.656/44 e
DNPM 816.518/73, conhecida como Cazanga, que opera em condições ambientais
satisfatórias, e por isso mesmo, servirá de paradigma para a futura mina.

Essa metodologia é essencialmente qualitativa, pois não atribui notas ou pesos para a sua
valoração, tal como ocorre em boa parte das técnicas utilizadas, todavia, isso não quer dizer
que os impactos não foram quantificados.

Na descrição dos impactos foi incluída sua caracterização, hierarquização em termos de


significância, efeitos derivados (impactos indiretos) e medidas de mitigação, compensação
ou potencialização (no caso de impactos positivos) recomendadas para cada situação
particular.

A significância (ou importância relativa) dos impactos foi estimada tendo em vista sua
magnitude, tempo para ocorrência, reversibilidade e grau de importância do fator ambiental
afetado. Assim, os impactos puderam ser classificados como significativos, moderados,
pouco significativos ou desprezíveis. Além disso, os impactos foram tipificados quanto ao
seu sentido, isto é, se positivos ou negativos.

Os critérios que foram utilizados nessa classificação estão expressos nas Tabelas 40 e 41,
cujas definições baseiam-se nos conceitos usados por Tommasi (1994) e pelo Manual de
Avaliação de Impactos Ambientais (MAIA) da SUREHMA, organizado por Juchem (1995).

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Tabela 40: Classificação dos impactos
Magnitude dos impactos
Impacto restrito ao âmbito da micro-bacia em que se vai implantar o
L Local
empreendimento ou à área de influência direta.
Impacto tem interferência ou alcance na sub-bacia ou no município
R Regional
em que se vai implantar o empreendimento.
Impacto tem abrangência significativa e atinge proporções em nível
E Estratégico
de estado ou de país.
Tempo para ocorrência (temporalidade) dos impactos
C Curto prazo Impacto ocorre em tempo igual ou inferior a 1 ano.
M Médio prazo Impacto ocorre no intervalo de 1 a 10 anos.
L’ Longo prazo Impacto ocorre no intervalo de 10 a 50 anos.
Reversibilidade dos impactos
i Irreversível Impacto se mantém mesmo se cessada a ação.
r Reversível Fator ambiental se recompõe, cessada a ação.
Importância do fator ambiental
I Importante Diagnóstico demonstrou que o fator ambiental é relevante.
N Não importante Diagnóstico demonstrou irrelevância do fator em análise.
Sentido do impacto
+ Positivo Impacto benéfico ao meio.
_ Negativo Impacto adverso ao meio.

Tabela 41: Significância dos impactos


Significativos Moderados Pouco significativos Desprezíveis
R–C–i–I R–C–i–N R–C–r–N R–M–r–N
R–C–r–I R–M–i–N R – L’ – i – N R – L’ – r – N
R–M–i–I R–M–r–I R – L’ – r – I L–C–r–N
R – L’ – i – I L–C–r–I L–C–i–N L–M–r–N
L–C–i–I L–M–r–I L–M–i–N L – L’ – r – N
L–M–i–I L – L’ – i – I L – L’ – r – I L – L’ – i – N

Mesmo considerando-se as relações de causa e efeito entre os impactos dos meios físico,
biótico e sócio-econômico, optou-se aqui pela análise de forma separada, o que não invalida
as interações e correlações entre os mesmos.

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4.2. Avaliação dos impactos ambientais e medidas de mitigação

4.2.1. Passivo ambiental

A área de influência direta (AID) do empreendimento, mais especificamente uma porção da


área do entorno (AE), foi alvo no passado de lavra clandestina executada pela Tangará
Mineração e Transporte Ltda. pertencente a José da Costa Guimarães, nesta ocasião
também superficiário do terreno. Portanto, não se pode negar que existe um passivo
ambiental caracterizado pelas áreas degradadas pela extração ilícita de calcário.

Todavia, essa interferência antrópica teve os seus efeitos reduzidos, uma vez que a
Mineração João Vaz Sobrinho recuperou o terreno, promovendo o seu rearranjo topográfico
(recuperação física) e posteriormente a revegetação. Recentemente a empresa adquiriu
toda a propriedade.

4.2.2. Impactos sobre o meio físico

4.2.2.1. Alteração da morfologia dos terrenos e degradação da paisagem

A morfologia natural dos terrenos será modificada em diversas fases. Inicialmente com o
desenvolvimento da mina, através da abertura de estradas de acesso à frente de lavra,
retirada da vegetação e da camada superficial do solo, construção de praças de trabalho
para a movimentação desses materiais e pátios para a sua estocagem. Posteriormente
através da abertura de bancadas para a implantação da cava e da realização das obras de
infra-estrutura operacional e de apoio como pátio para a estocagem de minério, pátio para
deposição de rejeitos/estéreis, pátio para manobras de veículos e máquinas pesadas e para
o carregamento da produção e estabelecimento das áreas de servidão que abrigarão o
prédio do refeitório, cozinha e banheiros, o galpão da oficina mecânica, os paióis de
explosivos e acessórios, o tanque de abastecimento e demais edificações.

A degradação será mais acentuada na cava, cuja configuração será responsável não só
pela alteração topográfica, mas também pela mudança estética da paisagem, o que
representa um impacto visual considerável, ainda que não existam habitações próximas e
que os observadores se resumam aos funcionários da Mineração João Vaz Sobrinho.

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Esses impactos negativos (adversos) estarão restritos à cava projetada e demais áreas de
intervenção, portanto, a sua ocorrência é de magnitude local. Ocorrerão no curto prazo,
com maior intensidade na fase de operação da mina, porém na medida de avanço da lavra
em extensão e profundidade. Embora pontuais, a impossibilidade de resgatar as formas
originais do relevo na fase de desativação do empreendimento, tornam esses impactos
irreversíveis e que atuam sobre um fator ambiental importante, classificado-os como
significativos (L – C – i – I).

A mitigação dos impactos sobre a topografia e a paisagem se dará através do rearranjo ou


recuperação física do conjunto das áreas impactadas, levando-se em consideração a
tipologia e as feições naturais do relevo, procurando-se dar contornos aplainados, utilizando-
se materiais estocados para tal e equipamentos usuais de terraplenagem, como
carregadeiras, tratores dotados de lâminas e escarificadores. Se necessário poderá ser
utilizado material de empréstimo, encontrado com facilidade, tendo em vista a extensão
territorial da área.

Superfícies como pátios e acessos desativados deverão ser alvo de subsolagem para
romper as camadas compactadas. Após as operações de escarificação deverá ser
incorporado o solo de decapeamento para posterior revegetação com espécies rasteiras
(gramíneas e leguminosas) e espécies arbustivas e arbóreas.

No caso do maciço rochoso, diante da morfologia final da cava será impossível a


recuperação das formas originais, mas com o encerramento das atividades terá início o
processo de abrandamento dos taludes e suavização dos perfis gerados. Sobre estas
superfícies será depositada uma camada constituída de finos e brita e em seguida lançado
material de decapeamento contendo solo e rochas, para formar um substrato capaz de
receber e sustentar a vegetação a ser implantada. Sobre esse material deverão ser
plantadas semente de gramíneas e leguminosas. Os taludes verticalizados ficarão sujeitos a
revegetação por sucessão natural.

O PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas é apresentado no Anexo 03 do


Capítulo 11 (Anexos).

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4.2.2.2. Alteração da estrutura e fertilidade dos solos

Desde a implantação da mina da fazenda Amargoso até a exaustão da jazida, quando


ocorrerá o seu descomissionamento, todas as atividades executadas de alguma forma
envolverão as operações de remoção, revolvimento e compactação do solo. Durante a
abertura de acessos, construção de pátios e implantação de obras de infra-estrutura e apoio
esses efeitos serão menores, intensificando-se no desenvolvimento da cava nas etapas de
desmate e decapeamento. A movimentação de máquinas e veículos também contribuirá
para essa ação.

Estes fatores acarretarão mudanças no padrão estrutural do solo, desencadeando


processos erosivos e comprometendo a sua fertilidade. Daí a necessidade de estocagem de
todo o volume disponível para utilização futura na recomposição das frentes exauridas.

O impacto em questão é negativo (adverso) e local (restrito às áreas de intervenção), mais


intenso na fase de operação, porém restrito aos limites do pit da cava. Atua sobre um fator
ambiental importante, no curto prazo, porém pode ser classificado como moderado, já
que é reversível, tão logo cessada a ação. Assim tem-se a seguinte composição: (L – C – r
– I).

A empresa deverá armazenar o solo proveniente da limpeza da cava em pátio


especialmente projetado para este fim, disposto por razões econômicas, o mais próximo
possível da frente de extração. Na fase de desativação do empreendimento o solo
compactado deverá ser alvo de tratamento específico, para o resgate da sua estrutura física.

4.2.2.3. Interferência no uso do solo

As atividades desenvolvidas nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento


limitam-se à agricultura, à pecuária e à extração mineral. Como a maioria das propriedades
rurais que envolvem o polígono é pequena, a produção agropecuária é pouco expressiva,
geralmente de subsistência, cabendo aos recursos minerais desempenhar o papel mais
significativo. Além do mais existe a limitação imposta pelas condições topográficas do
relevo.

Na propriedade de Jorge Antônio da Costa a atividade econômica é a agricultura familiar e a


criação de gado leiteiro. Nos terrenos do espólio de Pedro Alves Teixeira e Ana Alves

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Teixeira destaca-se a produção de leite. Já na fazenda de Ronaldo Garcia predomina a
criação de gado de corte. Na propriedade da Mineração João Vaz Sobrinho não há nenhum
tipo de atividade, assim como nos terrenos da ICAL e a CSN.

O potencial minerário da área é atestado pela morfologia natural dos terrenos, onde os
corpos calcários se destacam, quase sempre recobertos por vegetação de mata seca. Pode-
se afirmar que sob o ponto de vista do pequeno produtor esses locais não possuem utilidade
e o bem mineral só é passível de aproveitamento econômico pelas mineradoras.
Percorrendo-se a área de influência indireta constata-se a importância do setor mineral para
o desenvolvimento socioeconômico da região.

No caso específico local não haverá modificação exacerbada no uso da terra. A mineração
vem a se somar às atividades desenvolvidas nas áreas e pouco interfere com as demais.
Tendo em vista as restrições pedológicas e topográficas e pelo fato da atividade de extração
atuar como um dos pilares da economia do município de Pains, conclui-se que sob o
aspecto econômico essa interferência é benéfica.

A modificação no uso da terra a partir da implantação da mina da fazenda Amargoso é um


impacto local (restrito à área de influência direta) e que ocorre no médio prazo e possui
caráter reversível, cessada a ação. A interferência significativa (importante) quanto ao fator
ambiental afetado corrobora para a sua classificação como moderado (L – M – r – I). É um
impacto positivo, visto que se trata da atividade econômica mais produtiva para a área.

4.2.2.4. Alteração da qualidade das águas

Na área em estudo não há drenagem superficial permanente (perene). Como característica


de relevos cársticos predomina o caráter subterrâneo da drenagem responsável pela
formação de lagoas temporárias quando ocorre a saturação.

A morfologia e a característica subterrânea da drenagem, comprovada pelas estruturas


físicas identificadas tais como dolinas, sumidouros, condutos e demais feições relacionadas
na campanha de prospecção mostram que o nível de base local corresponde a cotas
inferiores a 700 m. Logo, os efeitos do aporte de sedimentos decorrentes da supressão da
vegetação, movimentação de terra, desenvolvimento da mina e operação da frente de lavra
serão refletidos nas águas subsuperficiais da bacia desta drenagem e na sua planície de
inundação, podendo se agravar no período chuvoso, em especial nos caso de intensa

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precipitação nas áreas de intervenção, com o aumento do carreamento ou arraste de
partículas sólidas, desencadeando processos erosivos capazes de intervir nas zonas de
recarga dos aqüíferos subterrâneos. Também os efluentes oleosos gerados nos serviços de
manutenção e lavagem de máquinas e veículos e os efluentes sanitários poderão alterar a
qualidade destas águas. Os processos de extração, entretanto, não produzirão efluentes
líquidos industriais. O risco de contaminação é grande devido às conexões hidráulicas e
pouca profundidade dos aqüíferos.

O impacto em questão é classificado como negativo (adverso), de alcance regional, pela


possibilidade de extrapolar a área de influência direta, podendo inclusive atingir outras sub-
bacias e interferir no seu fluxo subterrâneo e no ecossistema cárstico. A sua ocorrência é no
curto prazo, tão logo iniciada a ação, embora seja reversível com o seu término. Por se
tratar de um atributo muito importante o um impacto é considerado bastante significativo
(R – C – r – I).

Para a mitigação desse impacto a empresa implantará sistemas de drenagem e decantação


das águas pluviais eficientes na frente de lavra do empreendimento (contemplando os pátios
de estocagem e praças de trabalho), sistemas de tratamento do esgoto sanitário e sistema
de separação de efluentes oleosos, que serão devidamente monitorados. As feições
cársticas relevantes relacionadas ao fluxo subterrâneo como a Caverna do Cano D’Água,
Abrigo da Caixa D’Água, Caverna Perdida e Ressurgência e Sumidouro da Cascata deverão
ser protegidas.

4.2.2.5. Riscos às zonas de recarga subterrânea

O sistema de escoamento das águas superficiais para o meio subterrâneo nas áreas
cársticas é feito por meio de sumidouros, ressurgências e dolinas. As dolinas geralmente
ocorrem na base dos maciços e paredões calcários como resultado da dissolução ou
abatimento subterrâneo das rochas calcárias sendo responsáveis pela recarga hidráulica
dos aqüíferos subterrâneos. Nesses locais normalmente aflora o lençol freático originando
as lagoas temporárias, cujo ciclo obedece ao regime hidrológico, com níveis piezométricos
elevados na época do período chuvoso, decaindo com a estação seca.

Esses pontos de recarga são zonas vulneráveis, susceptíveis ao assoreamento pelo aporte
de sedimentos inconsolidados produzidos nas frentes de lavra e transportados pela águas
superficiais. Assim, as intervenções antrópicas como retirada da vegetação, movimentação

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de terra e disposição de material estéril e solo podem influir negativamente no sistema de
circulação das águas superficiais ou subterrâneas.

Estas alterações representam um impacto negativo (adverso), que atuam de forma


irreversível sobre um fator ambiental muito importante, no curto prazo. Embora de
ocorrência local, pode ter influência de magnitude regional, por interferir no sistema hídrico
de outras sub-bacias. Trata-se de um impacto significativo (R – C – i – I).

A mitigação deste impacto está relacionada à proteção física das estruturas cársticas
responsáveis pelo escoamento das águas superficiais, implantação de sistemas de
drenagem e contenção dos sólidos carreados, eliminação das fontes desencadeadoras de
processos erosivos e tratamento de efluentes passíveis de gerar contaminação no aqüífero.

4.2.2.6. Riscos ao patrimônio natural

Os fatores ambientais mais significativos no estudo de áreas localizadas em regiões


cársticas estão relacionados ao patrimônio espeleológico. Esses atributos podem restringir
ou até mesmo inviabilizar a implantação do empreendimento, daí a necessidade de uma
valoração criteriosa das estruturas encontradas.

No levantamento de campo realizado na área do projeto foram identificadas diversas feições


cársticas, algumas das quais recomendadas como de preservação permanente pelo seu
valor espeleológico, bioespeleológico, paleontológico, arqueológico ou devido à
possibilidade de conexão com o aqüífero, conforme atestam os laudos elaborados por
profissionais especializados. Diante disso teve-se que conjugar as variáveis econômicas
com as ambientais na escolha da futura frente de lavra.

Nesse sentido a Mineração João Vaz Sobrinho optou pela instalação do empreendimento
em um local com menor densidade de restrições ambientais e para isso adquiriu o terreno
de propriedade de José da Costa Guimarães, local que sofreu interferência antrópica, pois
foi alvo de lavra clandestina no passado.

A ausência de alternativa locacional colocaria em risco de destruição em curto prazo e em


caráter irreversível estruturas cársticas importantes, com reflexos que extrapolam a área
de intervenção e até mesmo a área de influência direta, como no caso dos aqüíferos,

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portanto, de abrangência regional. Pelo exposto conclui-se tratar de um impacto
significativo caracterizado como R – C – i – I.

Com o intuito de reduzir as possibilidades de danos ao patrimônio espeleológico a


Mineração João Vaz Sobrinho optou pela locação da frente de lavra em zona de baixo
potencial espeleológico, em detrimento do aumento de custos de produção. Criou-se
também uma zona de exclusão que envolve as feições cársticas relevantes como, abrigos,
afloramentos de lençol freático, cavernas, dolinas e sumidouros.

Na fase de operação o surgimento de novas cavidades deverá ser comunicado a Feam e as


atividades de extração deverão ser suspensas.

4.2.2.7. Alteração da qualidade do ar

A geração de poeiras é inerente ao tipo de atividade e ocorrerá em todo o processo


produtivo, devido ao tráfego de veículos e máquinas nas vias de circulação internas, às
operações de perfuração e desmonte da rocha por explosivos (responsável ainda pela
emissão de gases provenientes da detonação), à movimentação de equipamentos de carga
e transporte do minério da frente de produção até a unidade de beneficiamento localizada
em Limeira, para citar os mais críticos.

A qualidade do ar será alterada também pela emissão de gases pelas máquinas e veículos
automotores movidos a diesel. Esses fatores impactam a paisagem, produzem sujeira e
podem afetar a saúde dos trabalhadores, ocasionando irritações principalmente nas vias
respiratórias, além de causar desconforto.

Este impacto negativo de ocorrência local (restrito ao âmbito da área de intervenção) e de


curto prazo (embora acompanhe o empreendimento em toda a sua vida útil, desde a
implantação até a completa desativação), possui caráter irreversível se considerarmos que
pode causar danos à saúde humana. Tendo em vista que os funcionários expostos à ação
dos particulados usam os equipamentos de proteção individual recomendados e levando-se
em conta as medidas previstas para minimizar a sua ação, pode-se caracterizar este
impacto como reversível. O fator ambiental pode ser considerado não importante visto que
a área apresenta reduzida densidade populacional, o que permite classificá-lo como
desprezível (L – C – r – N).

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Para minimizar os efeitos da ação das poeiras e gases nas áreas de intervenção serão
adotadas as seguintes medidas: aspersão de água nas vias internas de circulação por
caminhão pipa, perfuração a úmido com uso de injeção de ar e água, acompanhamento
sistemático do plano de fogo, adoção de rompedor hidráulico e manutenção dos motores
bem regulados.

4.2.2.8. Poluição sonora

A geração de ruídos estará relacionada ao uso de equipamentos pneumáticos (compressor,


perfuratriz e rompedor hidráulico), ao desmonte da rocha por explosivos (responsável pela
sobrepressão e pelas vibrações) e ao funcionamento de máquinas e veículos robustos e de
grande porte (carregadeiras e caminhões).

Os efeitos das detonações e dos ruídos são prejudiciais à fauna, podendo interferir no
acasalamento, na reprodução e no comportamento das espécies presentes, inclusive com o
risco de afugentá-las ou expulsá-las de seu habitat natural. Em relação ao ser humano,
excetuando o ruído oriundo do desmonte, os demais estão relacionados ao conforto laboral
no ambiente de trabalho e serão neutralizados com o uso de EPI.

Esse impacto negativo ocorre no curto prazo (imediato), possui magnitude local e é
reversível. O fator ambiental é irrelevante se considerado o porte do empreendimento e a
reduzida densidade populacional, o que o caracteriza como desprezível (L – C – r – N).

Como controle propõe-se a monitorização periódica dos níveis de ruídos e do desmonte


com o uso de sismógrafo. Os funcionários deverão usar os EPI.

4.2.2.9. Geração de resíduos sólidos e lixo doméstico

Como qualquer outra atividade da mesma natureza, o empreendimento irá gerar em sua
operação normal, alguns resíduos sólidos, tais como restos de embalagens, sucata
metálica, pneus velhos, restos de óleos, lixo doméstico e material estéril.

O impacto causado pela geração desses materiais terá magnitude local, pois será restrito
ao ambiente da cava e unidades de apoio, ocorrerá desde a sua implantação, portanto, no
curto prazo e é reversível tão logo cessada a ação. O fator ambiental pode ser

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considerado não importante, visto os pequenos volumes produzidos, o que caracteriza o
impacto como desprezível (L – C – r – N).

A gestão dos resíduos se dará através da implantação de coleta seletiva e estocagem em


recipientes e pátios adequados. Por serem recicláveis serão posteriormente
comercializados. Já o lixo doméstico deverá ser encaminhado a aterro sanitário licenciado
(sugere-se um convênio com o município de Arcos, visto que uma parte do polígono
encontra-se nesse município) e o estéril destinado ao bota-fora a ser construído na área de
servidão.

4.2.3. Impactos sobre o meio biótico

4.2.3.1. Redução de áreas com cobertura vegetal nativa

A implantação do empreendimento implicará na redução de aproximadamente 4,21 ha de


mata seca sobre afloramento de rocha.

Nesta fase, o impacto sobre a flora estará representado pela supressão da cobertura vegetal
nativa existente nas áreas onde estão previstas as instalações auxiliares e a frente de lavra.

O trecho previsto para a implantação do empreendimento (instalações de apoio) tem uma


área total de aproximadamente 3,72 ha, sendo que aproximadamente 2,09 ha estão
representados por áreas de pastagem. As áreas de vegetação nativa representam
aproximadamente 1,63 ha, sendo estas encontradas em diferentes estágios de
conservação.

O trecho previsto para a implantação da lavra tem uma área total de aproximadamente 7,09
ha, sendo que aproximadamente 4,51 ha estão representados por áreas de pastagem. As
áreas de vegetação nativa representam aproximadamente 2,58 ha.

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Foto 74: Cobertura vegetal localizada na área prevista para a instalação do empreendimento

É importante citar que as áreas de pastagens da ADA previstas para a instalação do


empreendimento e lavra apresentam alguns indivíduos arbóreos isolados e/ou agrupados
que provavelmente terão que ser suprimidos.

Considerando que o empreendimento está situado em uma área prioritária para a


conservação (Fundação Biodiversitas, 2007), e que as formações naturais existentes na
região vêm sofrendo com a explotação minerária, a redução da cobertura vegetal constitui
um impacto negativo, de caráter local, visto que será restrito à área de intervenção, porém
de curto prazo, e irreversível, portanto, permanente, uma vez que na desativação da mina
será impossível o resgate total das características originais da área. O atributo ambiental é
de alta importância, sendo considerado um impacto significativo (L – C – i – I).

As medidas recomendadas são:

- Apoio à implantação e/ou manutenção de unidade de conservação de proteção integral,


conforme define a Lei Federal nº. 9.985 de 18 de julho de 2000;
- Reflorestamento com essências nativas locais junto aos afloramentos existentes na área
da propriedade;
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- Implantação das instalações restrita às áreas de pastagem, reduzindo assim a perda de
vegetação nativa.

4.2.3.2. Desconexão de áreas remanescentes

A redução de aproximadamente 4,21 ha de mata seca sobre afloramento de rocha causará


mudanças na composição da paisagem local, prevendo-se alterações no grau de conexão
das áreas remanescentes de floresta decidual.

A desconexão destas áreas constitui um impacto negativo, local, de curto prazo,


reversível, sobre um atributo importante (relevante), sendo considerado moderado (L – C
– r – I).

Este impacto pode ser mitigado com a implantação de um corredor ecológico através do
plantio de espécies nativas em áreas de pastagens localizadas na propriedade.

A Figura 16 apresenta áreas potenciais para implantação de corredor ecológico e


compensação florestal com o objetivo de mitigar a desconexão de áreas remanescentes.

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Figura 16: Área potencial para plantio para formação de corredor ecológico e compensação
florestal

4.2.3.3. Perda das populações

Com a remoção de aproximadamente 4,21 ha de cobertura vegetal remanescente, ocorrerá


uma perda de populações, e, conseqüentemente redução do material genético local.

Levando em consideração que a ADA está inserida em uma área prioritária para a
conservação da biodiversidade (Fundação Biodiversitas, 2007), que foram registradas duas
espécies ameaçadas de extinção, e também que florestas estacionais deciduais são
bastante singulares, apresentando baixa similaridade florística e várias espécies endêmicas,
a perda de populações constitui um impacto negativo, local, de curto prazo, irreversível,
(permanente), de grande importância, sendo considerado significativo (L – C – i – I).

Este impacto pode ser mitigado com o resgate de espécies epífitas e rupícolas
(bromeliáceas, orchidáceas e alguns gêneros de aráceas) existentes nas áreas previstas
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para supressão da vegetação. Também deverão ser coletadas sementes de espécies
arbóreas de interesse para compensação florestal e formação de corredor, em especial a
aroeira (Myracrodruon urundeuva), espécie considerada ameaçada de extinção.

4.2.3.4. Aumento do material particulado proveniente da extração do calcário

Durante a fase de operação do empreendimento ocorrerá um aumento da quantidade de


material particulado proveniente da extração de calcário, podendo causar impactos sobre a
cobertura vegetal nativa do entorno da lavra em função de deposição deste material
particulado sobre as plantas, comprometendo atividades fisiológicas vitais como a
fotossíntese.

Este impacto se mostra mais visível durante a época seca, quando a dispersão do material é
maior e a precipitação é baixa. Durante o período chuvoso, o material depositado sobre as
estruturas vegetais é lavado, não se acumulando de forma a prejudicar as plantas.

O aumento do material particulado proveniente da extração de calcário constitui um impacto


negativo, local, de curto prazo, reversível, de baixa importância, sendo considerado
desprezível (L – C – r – N).

Este impacto pode ser minimizado com o uso de umidificadores nos locais de geração de
material particulado e aspersão de água nas vias de circulação.

4.2.3.5. Pressão sobre a fauna

Os principais impactos sobre a fauna identificados na área de influência direta e seu entorno
foram a derrubada da floresta para abertura de áreas de pastagem, a caça, a silvicultura e a
mineração. Estes impactos estão relacionados às várias formas de uso da terra para pastos,
a plantação de eucaliptos e a extração do calcário, afetando a biodiversidade com diferentes
tipos de impacto e gravidades.

A retirada da floresta diminui a quantidade de frutos silvestres produzidos, muitas espécies


de aves e mamíferos utilizam-se destes para a manutenção de suas populações. Outros
fatores de pressão também podem atuar sobre a fauna. Pastagens e culturas de Eucalyptus
spp., que periodicamente sofrem corte raso, transformando a paisagem em uma fisionomia
aberta, podem causar fortes efeitos de borda.

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Ainda conforme descrito por Herrera & Jordano (1981), animais que se alimentam de frutos
percorrem diariamente distâncias variáveis à procura desses recursos. A dependência que
esta espécie tem por frutos exerce um importante efeito sobre a procura de alimentos por
parte desses animais e sobre a estabilidade de suas populações (Janzen, 1983).

A caça pode causar a extinção local de algumas espécies, afetando principalmente animais
de grande porte, como: capivara, tatus e tamanduá bandeira, também de aves que são
consumidas por moradores regionais, principalmente das famílias Anatidae (patos e
marrecas), Columbidae (pombos), Tinamidae (inhambus e codornas), Cracidae (jacus).
Indivíduos da herpetofauna (répteis e anfíbios) geralmente são caçados devido ao seu grau
de repugnância e periculosidade oferecido aos moradores da região.

As formações vegetais são os primeiros alvos a serem afetados pelas atividades de


mineração, especialmente no preparo para a implantação da lavra e das estruturas de
apoio. Como a fauna é extremamente dependente da qualidade dessas formações,
alterações significativas nesses ambientes interferem nas condições de sobrevivência das
espécies animais a elas adaptadas.

Na fazenda Amargoso as intervenções antrópicas corroborarão para que a fauna primitiva


seja confinada em áreas naturais remanescentes. Essas ilhas interligadas por formações em
processo de regeneração funcionam como fonte de alimentação, abrigo, refúgio e locais
para reprodução.

Nas condições de operação da mina os maiores impactos à fauna silvestre ficarão restritos à
área das cava e das instalações de apoio e estarão relacionados à alteração da qualidade
da água, geração de ruído, vibrações, emissão de particulados e gases gerados pelo
desmonte do calcário por explosivos e pelo trânsito de funcionários, máquinas e veículos
nas áreas de intervenção. Há também o risco de atropelamentos, queimadas e caça
predatória. Trata-se, então, de um impacto adverso (negativo) de magnitude local, que
ocorrerá no curo prazo, mas reversível tão logo cessada a ação. Por estar relacionado a
um atributo ambiental importante é considerado como moderado (L – C – r – I).

As sugestões para mitigar possíveis impactos à fauna são:

• As áreas de espera de caminhões e as estradas de acesso ao local de retirada de


calcário deverão ser umidificadas para evitar a suspensão continua de partículas;

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• A velocidade dos veículos deverá ser a mais lenta possível evitando o atropelamento
de animais silvestres;
• Placas de advertência poderão ser colocadas ao longo da estrada alertando os
motoristas quanto à presença de indivíduos da fauna;
• Em locais de onde a estrada cortar fragmento de mata nativa, se possível construir
passagens hidráulicas por onde os animais possam passar de um fragmento ao
outro;
• Nos locais onde houver primatas, cabos de passagem poderão ser instalados no
dossel, facilitando a passagem dos indivíduos de um fragmento ao outro;
• Quando a área a ser minerada estiver no meio de um fragmento separando ao meio,
corredores ecológicos poderão ser construídos no local facilitando o deslocamento
das espécies.

4.2.4. Impactos sobre o meio sócio-econômico

4.2.4.1. Impactos sobre a segurança e saúde dos funcionários

O tipo de atividade do empreendimento (extração de calcário a céu aberto) enquadra-se no


grau de risco 4, com código de atividade 14.29-0 – extração de outros minerais não-
metálicos (grupo C-1 – Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE).

De um modo geral, salvo ruídos e poeiras a frente de extração apresentará um ambiente


laboral saudável. As poeiras provenientes da operação da perfuratriz não são insalubres à
luz da legislação atual (poeira de rocha calcária). Mesmo assim torna desconfortável o
ambiente de trabalho.

Para as detecções e amostragens dos agentes insalubres e perigosos serão realizadas


inspeções e medições em todos os setores da mina utilizando-se as técnicas determinadas
pela legislação em vigor e após, elaborado o Programa de Gerenciamento de Riscos –
PGR.

Os agentes insalubres mais significativos serão os ruídos provenientes das operações de


extração, carregamento e transporte do calcário, agente neutralizável por abafador de
ruídos. Nas atividades de manutenção mecânica e de lavagem de máquinas e veículos
estarão presentes óleos, graxas e solventes de origem mineral (hidrocarbonetos
aromáticos). Logo, recomenda-se a utilização de luvas de raspa e/ou impermeáveis para a
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realização de trabalhos mais grosseiros e um creme protetor para as mãos – grupo 2 (óleo-
resistentes, protegendo a pele contra óleos, graxas, tintas e outras substâncias irritantes não
aquosas) para tarefas mais sofisticadas e que exigem maior precisão.

Por afetar diretamente a saúde dos trabalhadores e expô-los a situações de risco, estes
impactos atuam sobre um fator importante. A magnitude local (restrita ao ambiente
laboral), a ocorrência no curto prazo e o caráter reversível permite classificar o impacto
como moderado (L – C – r – I).

O empreendimento estará isento da constituição dos Serviços Especializados em


Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (médicos, engenheiros de segurança,
técnicos de segurança do trabalho, etc.), A mina deverá possuir a CIPAMIN – Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração, composta por 1 representante do
empregador, 1 representante dos empregados e 1 suplente para cada.

4.2.4.2. Criação de postos de trabalho

A abertura da mina da fazenda Amargoso será responsável pela ampliação da produção e


aumento do número de funcionários da Mineração João Vaz Sobrinho (expectativa de
criação de 26 postos de trabalho), com reflexos na economia de Pains e também do
município de Arcos, com o incremento na geração de divisas e na demanda por bens e
serviços.

Essa medida é de grande relevância também para o distrito de Corumbá que necessita de
impactos dessa natureza para alavancar a sua economia e obter melhoria dos indicativos
sociais e da sua infra-estrutura. Além disso, deverá ocorrer um aumento da arrecadação
tributária, especialmente o ICMS.

Esse será, portanto, um impacto positivo, sobre um fator sócio-econômico importante, de


ocorrência no curto prazo, porém reversível. A magnitude regional possibilita a sua
classificação como significativo (R – C – r – I).

4.2.4.3. Tráfego de máquinas e veículos

A partir da instalação do empreendimento haverá um aumento no fluxo de máquinas e


veículos nas estradas vicinais, com reflexos na emissão de particulados e aumento da

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pressão sonora, sobretudo na comunidade de Corumbá, com perda da qualidade do ar e
conforto dos moradores, além de risco de atropelamentos. O impacto negativo é de
magnitude local, de curto prazo, e reversível na etapa de desativação do
empreendimento. Como o atributo ambiental de grande relevância (importante), é
classificado como moderado (L – C – r – I).

A mitigação poderá ser feita através da molhagem das vias de acesso e da adoção de
sinalização de segurança de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro.

4.2.5. Síntese da qualidade ambiental

O polígono referente ao processo DNPM 830.547/1995 engloba nove terrenos, pertencentes


a sete superficiários, mas num primeiro momento a extração será concentrada na
propriedade adquirida pela Mineração João Vaz Sobrinho exclusivamente para esse fim,
tendo em vista o seu baixo potencial, espeleológico, se comparado com as demais.

De uma maneira geral essas áreas compõem um cenário onde se destacam maciços
calcários em expressões de ilhas de reconhecida beleza paisagística. As estruturas
cársticas tais como cavernas, dolinas e sumidouros estão disseminados em grande parte do
relevo, a maioria inclusive recomendada como área de preservação permanente pelo seu
valor espeleológico, bioespeleológico, arqueológico, paleontológico e pela possível conexão
com o aqüífero subterrâneo. Outro componente ambiental relevante refere-se à vegetação
de mata seca, cujos resquícios recobrem as formações calcárias (a sua ausência só é
notada nos locais onde ocorreu lapiezamento), uma vez que ela foi extinta no restante das
áreas devido às modificações antrópicas exacerbadas, em especial o cultivo de milho e a
pecuária extensiva.

Embora faça parte de um ecossistema delicado, sujeito a impactos de diversas naturezas, é


notório que esse local representa a melhor alternativa locacional para a implantação do novo
empreendimento e diante da riqueza dos recursos naturais evidenciados é necessário que
as atividades minerárias interfiram o mínimo possível na qualidade ambiental local.

A ocorrência de impactos ambientais adversos em empreendimentos desse tipo é inevitável


e na mina da fazenda Amargoso não poderia ser diferente. A grande maioria deles
apresenta magnitude local e atuam sobre fatores ambientais extremamente relevantes. Os
aspectos de maior importância estão relacionados justamente àqueles que apresentam

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alcance regional, ou seja, extrapolam os limites da sub-bacia e àqueles que podem afetar
diretamente a saúde humana, ou que possuem caráter irreversível. Nesse sentido destaca-
se a alteração da morfologia dos terrenos e degradação da paisagem, possibilidade de
alteração da qualidade das águas e das zonas de recarga, dado o caráter subterrâneo da
drenagem, a destruição do patrimônio cárstico, a redução da cobertura vegetal nativa e
perda de populações, inclusive de espécies ameaçadas. Todos os riscos envolvidos,
entretanto, quaisquer que sejam a sua natureza, podem ser eliminados ou reduzidos através
da implantação das medidas e sistemas de controle propostos, que deverão ser alvo de
monitoramento constante.

As operações de retirada, revolvimento e compactação do solo assim como a desconexão


de áreas remanescentes, pressão sobre a fauna e o aumento do tráfego de veículos atuam
sobre um fator de grande relevância e estarão presentes em todas as fases da vida da mina
– implantação, operação e descomissionamento. Seus efeitos só não serão mais intensos,
dada à reversibilidade da ação e à ocorrência local.

Os demais impactos tais como geração de poeira, ruído, resíduos sólidos e lixo serão
mitigados nas ações rotineiras do empreendimento.

A alteração no uso do solo é benéfica por se tratar de uma atividade mais produtiva e que
gera emprego, renda e movimenta a economia dos municípios localizados na sua área de
influência.

Baseado na experiência adquirida pela empresa ao longo de anos de funcionamento, nas


premissas estabelecidas pelo estudo ambiental que privilegiam a proteção das zonas onde
há qualquer tipo de restrição ambiental, com o estabelecimento da lavra apenas em local
livre dessas restrições e na adoção das medidas propostas para minimizar, reduzir ou
eliminar os danos prognosticados, conclui-se pela viabilidade do empreendimento, pois esta
é a aptidão natural deste espaço físico.

A síntese dos impactos pode ser vista na Tabela 42.

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Tabela 42: Síntese dos impactos ambientais
Impactos sobre meio físico Classificação
Alteração da morfologia dos terrenos e degradação da
- L C i I Significativo
paisagem
Alteração da estrutura e fertilidade dos solos - L C r I Moderado
Interferência no uso do solo + L M r I Moderado
Alteração da qualidade das águas - R C r I Significativo
Riscos às zonas de recarga subterrânea - R C i I Significativo
Riscos ao patrimônio natural - R C i I Significativo
Alteração da qualidade do ar - L C r N Desprezível
Poluição sonora - L C r N Desprezível
Geração de resíduos sólidos e lixo doméstico - L C r N Desprezível
Impactos sobre meio biótico Classificação
Redução de áreas com cobertura vegetal nativa - L C i I Significativo
Desconexão de áreas remanescentes - L C r I Moderado
Perda de populações - L C i I Significativo
Aumento do material particulado proveniente da extração
- L C r N Desprezível
do calcário
Pressão sobre a fauna - L C r I Moderado
Impactos sobre o meio sócio-econômico Classificação
Impactos sobre a segurança e saúde dos funcionários - L C r I Moderado
Criação de postos de trabalho + R C r I Significativo
Tráfego de máquinas e veículos - L C r I Moderado

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5. PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS MITIGADORAS

Para mitigar os impactos ambientais verificados e/ou prognosticados na mina da fazenda


Amargoso serão adotadas medidas de minimização, reabilitação ou compensação de
acordo com a sua forma de atuação.

As medidas de minimização atuam sobre a origem do impacto, eliminando-o ou reduzindo-o.


Apresentam resultados mais imediatos e, por isso, são mais importantes em relação às
demais. As medidas de reabilitação são corretivas e atuam sobre os impactos que não
podem ser eliminados ou minimizados. As medidas de compensação visam compensar os
impactos que também não podem ser minimizados ou eliminados ou para os quais ainda
não exista reabilitação.

5.1. Medidas de minimização

5.1.1. Construção de depósito de solo orgânico

A camada superficial do solo orgânico retirada para a implantação das instalações auxiliares
e de apoio, o material proveniente da abertura e desenvolvimento da mina e os volumes
resultantes do avanço da lavra deverão ser estocados em um depósito especialmente
projetado para esse fim. Pátio terraplenado, compactado, cercado, sinalizado e drenando
para uma calota de contenção de sólidos carreados.

5.1.2. Construção de depósito de estéril

O material estéril proveniente do decapeamento da mina será estocado em um depósito


com aproximadamente 4.000 m2, construído em área terraplenada, compactada e drenada
para uma calota de contenção.

5.1.3. Implantação de sistema de separação de efluentes oleosos

Para a proteção das zonas de recarga do aqüífero subterrâneo e para evitar a contaminação
das águas superficiais a jusante do empreendimento será implantado um sistema separador
de água, óleo e lamas (caixa SAO) abrangendo as áreas do galpão de manutenção de
máquinas, pátio de máquinas, tanque de óleo diesel e área de abastecimento, pátio de
sucatas e lavador de máquinas e veículos. Este sistema deverá ser adquirido pré-fabricado

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em polietileno ou fibra de vidro e instalado próximo ao galpão de apoio de forma que a água
pluvial escoe por gravidade até este local.

Esta caixa deverá ser precedida de uma caixa de acumulação de lamas de forma que o
excesso de sólidos carreados não comprometa a eficiência da separação da água do óleo.

Caixa com volume mínimo de 10 metros cúbicos com fundo em rampa de forma a permitir a
limpeza através de carregadeira. O sistema de condução das águas pluviais poderá ser por
tubulação enterrada conjugada a canaletas de drenagem com seção mínima de 0,25 m2.

5.1.4. Implantação de sistema de tratamento de esgoto sanitário

As instalações do empreendimento deverão ser dotadas de um sistema único de fossa


séptica, filtro anaeróbio e sumidouro que atenda toda a área construída, posicionados de
forma que os efluentes escoem por gravidade. Projeto de acordo com as prescrições das
normas ABNT/NBR 7.229/1993 (Projeto, construção e operação de sistema de tanques
sépticos) e 13.969/1997 (Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e
disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação) e com as
recomendações da literatura especializada.

Os sistemas adotados deverão ser pré-fabricados em polietileno ou fibra de vidro e


dimensionados para cinqüenta usuários por 24 horas. Sistema superdimensionado em 50%
permitindo futuras expansões.

Conforme a NBR 13.969/97 será identificado através de placa afixada em lugar facilmente
visível ou por outro meio distinto, contendo data, nome do fabricante, tipo e número de série;
conformidade com a norma acima referida; e volume útil e número de contribuintes
admissível.

5.1.5. Aspersão de água nas vias de circulação por caminhão pipa

Na época da seca a Mineração João Vaz Sobrinho desenvolverá um programa de


umectação das vias internas de circulação de maior tráfego de veículos, carregadeiras e
caminhões e das vias externas de acesso ao empreendimento, visando a contenção da
poeira gerada nas operações de carregamento e transporte do calcário até as instalações

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de britagem em Limeira. A aspersão será executada por caminhão pipa. A empresa deverá
implementar um programa para a sistematização dessa operação.

5.1.6 Perfuração a úmido com uso de injeção de ar e água

A geração de poeiras nas operações de perfuração deverá ser reduzida através da


utilização de perfuratriz pneumática dotada de sistema de umectação.

5.1.7. Adoção de rompedor hidráulico

O desmonte secundário deverá ser realizado através de um martelo rompedor hidráulico ou


pneumático montado em carregadeira.

5.1.8. Implantação de coleta seletiva e estocagem adequada

Os lixos produzidos pelo empreendimento deverão ser coletados de forma seletiva e


classificados como papéis, vidros, plásticos, metais e demais lixos (matéria orgânica). Os
coletores desses resíduos deverão ser posicionados próximos aos locais produtores de
cada classe.

Os tambores poderão ser de 50 ou 200 litros, de acordo com o volume produzido e deverão
estar sempre tampados e possuir abertura lateral. O lixo reciclável será estocado, formando
lotes para posterior comercialização. O lixo não reciclável deverá ser conduzido
semanalmente ao aterro sanitário de Arcos (aterro licenciado) pela própria empresa. Visto
que as atividades de lavra serão desenvolvidas em Pains, a Mineração João Vaz Sobrinho
deverá elaborar convênio com o município de Arcos para a disposição desses resíduos.

As sucatas deverão ser dispostas em pátio terraplenado, compactado, impermeabilizado,


sinalizado e drenando para calota de contenção de sólidos carreados.

5.1.9. Implantação da sinalização de segurança

A sinalização de segurança do empreendimento será implantada de acordo com a


legislação atual em termos de segurança do trabalho e higiene industrial, abrangendo a
frente de lavra e a infra-estrutura de apoio da empresa.

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Terá como base as normas de segurança do trabalho, normas ABNT e Código de Trânsito
Brasileiro, com destaque para as Normas Regulamentadoras nº. 21, trabalho a céu aberto, e
nº. 26, sinalização de segurança. Normas aprovadas pela Portaria nº. 3.214 de 08/06/78 do
Ministério do Trabalho.

A sinalização vertical e horizontal a ser implantada divide-se em três tipos: indicativa e de


direção, que contempla a sinalização de trânsito interno, placas indicando direção, tambores
de pistas e limitação de cristas de bancos; restritiva, que contempla a sinalização
restringindo atos e alertando perigo; e, de identificação de locais, constituída por placas que
indicam as edificações, equipamentos e instalações internas da empresa.

A sinalização deverá contemplar também a presença de indivíduos da fauna no trajeto até


Limeira expressando o risco de atropelamento dos animais silvestres e a limitação da
velocidade nos locais de risco como a comunidade de Corumbá.

5.1.10. Adoção de medidas de higiene ocupacional e segurança do trabalho

Para se adequar à legislação o empreendimento deverá seguir as diretrizes da Lei 6.514 do


capítulo V da CLT, as Normas Regulamentadoras – NR e as Normas Reguladoras de
Mineração – NRM que estabelecem parâmetros para o Programa de Gerenciamento de
Riscos – PGR. Da mesma deverá dimensionar a CIPAMIN – Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes na Mineração.

Os diplomas legais básicos tomados como referência são: Portaria nº. 3.214 de 08/06/78 –
Normas Regulamentadoras (NR 01 a 29) acrescidas das Portarias nº. 03 de 07/02/88, nº. 03
de 20/02/92 e nº. 3.435 de 19/06/90, NBR-5413 e os Decretos: nº. 93.412 de 14/10/86 e nº.
97.458 de 15/01/89, respectivamente versando sobre periculosidade para os empregados
do setor de energia elétrica e concessão dos adicionais de periculosidade e insalubridade.

As normas seguidas são NHT 02 A/E 1985, NHT 09 R/E, NHT 01 C/E 1985, NHT 10 I/E e
NHT 06 R/E 1985 da Fundacentro, quando aplicáveis.

Quando as leis e normas nacionais forem insuficientes, serão aplicadas as normas


internacionais (ACGIH, NIOSH, ISO e outras) permitidas pela legislação brasileira.

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A NR-22 e as Normas Reguladoras de Mineração – NRM estabelecem a obrigatoriedade
da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições do
setor mineral do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR. Esta norma tem por
objetivo disciplinar os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de
trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade
mineira com a busca permanente da segurança e saúde dos trabalhadores.

5.1.11. Resgate de espécies epífitas e rupícolas

Para minimizar os efeitos da supressão de vegetação nativa a empresa deverá promover o


resgate de espécies epífitas e rupícolas (bromeliáceas, orchidáceas e alguns gêneros de
aráceas) e a coleta de sementes de espécies arbóreas de interesse para compensação
florestal e formação de corredor ecológico, em especial a aroeira, espécie considerada
ameaçada de extinção.

5.1.12. Preservação das feições cársticas relevantes

Nas campanhas de prospecção espeleológica, hidrogeológica, arqueológica e


bioespeleológica foram identificadas algumas cavidades cujo valor científico e ambiental
determinaram a criação de uma zona de preservação. Estas estruturas deverão ser
protegidas do assoreamento e dos efeitos das detonações. Outras feições cársticas como
sumidouros e dolinas, relacionadas ao fluxo subterrâneo deverão ser protegidas da ação da
erosão e do entulhamento.

Os pontos mencionados estão plotados no Mapa de Zoneamento Ambiental, escala 1:5.000,


apresentada no anexo do Capítulo 13 (Produtos Cartográficos), na forma convencionada
pelo relatório de espeleologia.

O local escolhido para a lavra está fora da zona de proteção, contudo, a ocorrência de
algum tipo de feição relevante deverá ser comunicada a Feam e os trabalhos de extração
deverão ser suspensos.

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5.2. Medidas de reabilitação

5.2.1. Implantação do plano de recuperação de áreas degradadas

As áreas de intervenção geradas pela movimentação de terra e extração da rocha serão


recuperadas através do rearranjo topográfico e revegetação, buscando resgatar quando
possível, as suas características originais. A recuperação deverá ser executada
preferencialmente concomitante à realização da obra ou serviço.

Antes do plantio será feito o retaludamento das áreas deficientes com solo, em curvas de
nível, para estabilizar a superfície. A revegetação será realizada em duas etapas, uma
aplicando hidrossemeadura em todas as áreas e outra revegetando as áreas de circulação,
acessos e pilhas com espécies arbóreas. Nas áreas onde o solo apresenta-se exposto com
a estrutura física e química deficiente ocorrerá o plantio de forrageiras para proteger toda a
bacia de contribuição e preparar o solo para o plantio de espécies.

As etapas dessa recuperação se resumirão em: abrandamento topográfico, empréstimo (se


for o caso) e preparo do solo, correção de acidez e fertilidade, revegetação e finalmente,
monitoramento dos trabalhos.

O Plano de Reabilitação Ambiental de autoria do Engenheiro Agrônomo Fernando Antônio


Sasdelli Gonçalves, detalhado no Anexo 03 do Capítulo 11 (Anexos).

5.2.2. Implantação de sistema de drenagem e decantação de águas pluviais

Para a proteção das estruturas de recarga como dolinas, sumidouros e demais feições
relacionadas à drenagem subterrânea será implantado um sistema de drenagem
envolvendo a frente de lavra e o complexo de apoio, de forma a direcionar o fluxo pluvial
para sistemas / dispositivos capazes reter o material carreado e decantar a água.

A melhor alternativa de projeto será discutida no Plano de Controle Ambiental, na fase de


instalação do empreendimento.

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5.2.3. Implantação de corredor ecológico

Implantação de um corredor ecológico através do plantio de espécies nativas em área de


pastagem (área do entorno) da propriedade da Mineração João Vaz Sobrinho para suprir a
desconexão de áreas remanescentes.

5.3. Medidas de compensação

5.3.1. Manutenção de unidade conservação

Com a exaustão da cava haverá a recuperação física do terreno e a revegetação. Em


alguns locais, contudo, as feições naturais jamais poderão ser resgatadas. Para compensar
esse dano irreversível a empresa deverá dar apoio à implantação e/ou manutenção de
unidade de conservação de proteção integral, conforme define a Lei Federal nº. 9.985 de 18
de julho de 2000, priorizando investimentos em unidades preexistentes e em seu entorno
também. É importante citar que a área a ser investida e/ou criada deverá ser localizada na
mesma bacia hidrográfica, preferencialmente no município onde está localizado o
empreendimento e não poderá ser menor que a área utilizada pelo empreendedor conforme
a Lei Florestal do Estado de Minas Gerais nº. 14.309 de 19 de junho de 2002.

Poderá ainda formar um consórcio entre empreendimentos da mesma região com objetivo
de concentração de recursos para apoio e/ou criação destas unidades de conservação.

5.3.2. Apoiar a criação de um Museu Histórico em Pains

Tendo em vista a riqueza arqueológica local apoiar financeiramente a Prefeitura Municipal


de Pains, em consórcio com outras empresas mineradoras, para a criação de um Museu
Histórico de Pains, para que os objetos e vestígios arqueológicos existentes ou que venham
a ser resgatados permaneçam na região.

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6. PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DOS IMPACTOS
AMBIENTAIS

As medidas de reabilitação e minimização serão acompanhadas através de um programa


sistemático de monitoramento ambiental, com objetivo de avaliar a eficiência dos sistemas
propostos e de garantir o sucesso das medidas implantadas.

Para a determinação da eficiência e das condições de operação do sistema de tratamento


de esgotos sanitários e da caixa separadora de águas, óleos e lamas os efluentes serão
amostrados e analisados antes e após o tratamento para se verificar a eficiência dos
sistemas (Tabelas 43 e 44).

Tabela 43: Monitoramento dos efluentes sanitários


Sistema Parâmetros Freqüência
pH
DBO5
Semestral *
Esgotos sanitários DQO
Sólidos em suspensão
Sólidos sedimentáveis
* Freqüência anual assim que constatada a eficiência do sistema

Tabela 44: Monitoramento dos efluentes oleosos


Sistema Parâmetros Freqüência
pH,
Óleos e graxas
Caixa separadora Sólidos em suspensão Semestral *
Sólidos sedimentáveis
Fenóis e ABS
* Freqüência anual assim que constatada a eficiência do sistema

O córrego Santo Antônio localizado a jusante do empreendimento deverá ser amostrado em


pelo menos 1 ponto trimestralmente, após a concessão da Licença Prévia (LP) e
semestralmente após a instalação do empreendimento para verificação a interferência das
atividades da empresa nesta sub-bacia.

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Tabela 45: Monitoramento da qualidade da água superficial
Locais de amostragem Parâmetros Freqüência
pH,
DBO
DQO
Sólidos em suspensão
A jusante do
Sólidos sedimentáveis
empreendimento Semestral *
Óleos e graxas
Cor
Turbidez
Coliformes totais
Coliformes fecais
* Freqüência anual assim que constatada a eficiência do sistema

As vibrações produzidas pelas detonações e os ruídos também deverão ser monitorados


com freqüência mínima semestral.

As áreas revegetadas e/ou passíveis de erosão serão monitoradas através de fotografias


tomadas de pontos fixos e ângulo determinado. A freqüência deste monitoramento será
semestral com duração de 3 anos para as áreas revegetadas e tempo indeterminado para
as áreas com controle de erosão.

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7. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Conforme mencionado no decorrer desse estudo a área a ser impactada (10,81 ha)
representa apenas 1,48% da área total da concessão de lavra. A compensação prevista é
refere-se a apoio à implantação e manutenção de unidade de conservação conforme
relatado no item 5.3.1.

Embora classificada como medida de minimização a criação de um corredor ecológico em


área de pastagem compensa a descaracterização resultante da supressão da vegetação
nativa (4,21 ha).

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8. PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD de autoria do engenheiro


agrônomo Fernando Antônio Sasdelli Gonçalves é apresentado no Capítulo 11 (Anexos).

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9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A escolha do local para a implantação da frente de lavra e da servidão da mina foi baseada
no diagnóstico dos meios físico e biótico, com a preocupação de preservar as cavidades
descobertas na prospecção, resguardando as feições cársticas, seja pela sua importância
espeleológica (riqueza dos espeleotemas e desenvolvimento linear), hidrogeológica,
arqueológica, paleontológica, bioespelelógica ou cultural e com o intuito de causar o mínimo
de interferência possível com o ecossistema terrestre. Para isso foi necessária a aquisição
da fazenda Mato do Alto (40,39 ha) e a relocação da sua reserva legal, com gastos
expressivos.

As medidas sugeridas para mitigar os impactos prognosticados e o programa de


monitoramento proposto corroboram para a viabilidade ambiental do empreendimento.
Contudo, para minimizar os impactos inerentes à atividade recomenda-se ainda:

• Proteção física das feições cársticas relacionadas ao fluxo subterrâneo: Caverna do


Cano D’Água, Abrigo da Caixa D’Água, Caverna Perdida, Ressurgência e Sumidouro
da Cascata;
• Implantação das instalações restrita às áreas de pastagem, reduzindo assim a perda
de vegetação nativa e conservando os remanescentes presentes;
• Reflorestamento com essências nativas locais junto aos afloramentos existentes na
área da propriedade;
• Recuperação, concomitante à exploração das áreas de exploração mineral;
• Não utilização de gramíneas exóticas para fins de recuperação de áreas
degradadas;
• Cercar os remanescentes vegetais inseridos na área do entorno com o objetivo de
impedir o acesso de gado.

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extinctions worldwide. Science 306: 1783-1786.

TAVARES, F. A. P, Plano de aproveitamento econômico para o processo DNPM 830.547/95


– Mineração João Vaz Sobrinho Ltda. Pains-MG, 2001.

TEIXEIRA, W., et Al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos. 2000. 2a
Reimpressão, 2003.

TEIXEIRA, P. S. D, DIAS, M.S. “Levantamento espeleológico da região cárstica de Arcos,


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THOMPSON, I. D. et al. Use of track transects to measure the relative occurence of some
boreal mammals in uncut forest and regeneration stands. Cannadian Journal of Zoology,
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VAN DYKE, F. G.; BROCKE, R. H.; SHAW, H. G. Use of road track counts as indices of
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VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A.L.R. e LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação


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WALTER, H. V. Cinqüenta Anos de Excursões e Explorações em Minas Gerais. Belo


Horizonte, Editora Vigília, 1976.

WERNECK, M. S. mudança na florística e estrutura de uma floresta decídua durante um


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11. ANEXOS

Anexo 01: Fluxograma da produção

Anexo 02: Listagem geral das espécies vegetais citadas para os municípios de Pains, Arcos
e Iguatama e registradas para a área da Mineração João Vaz Sobrinho

Anexo 03: PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

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12. ANOTAÇÕES DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA

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13. PRODUTOS CARTOGRÁFICOS

• Planta de Detalhe Planialtimétrica / Superficiários, escala 1:10.000


• Planta de Detalhe Planimétrica das Propriedades, escala 1:10.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Corumbá – Espólio de Pedro Alves Teixeira,
escala 1:10.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Posse Grande – Ana Alves Teixeira de
Oliveira, escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Posse Grande – Companhia Siderúrgica
Nacional, escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da gleba de terras da Ical – Indústria de Calcinação
Ltda., escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da gleba de terras da Ical – Indústria de Calcinação
Ltda., escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da gleba de terras de Ronaldo Garcia, escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Mato do Alto – Mineração João Vaz
Sobrinho, escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Ambrósio – Ana Alves Teixeira de Oliveira,
escala 1:5.000
• Levantamento Planimétrico da Fazenda Dona Rita – Jorge Antônio da Costa, escala
1:10.000
• Planta de Detalhe Base/ Planialtimetria, escala 1:5.000
• Mapa da área de influência direta do empreendimento, escala 1:50.000
• Mapa Geológico e Localização das Cavidades, escala 1:5.000
• Mapa Geomorfológico da Província Cárstica do Alto São Francisco
• Mapa de Zoneamento Ambiental, escala 1:5.000
• Mapas das Projeções Horizontais das Cavidades

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Anexo 02 – Listagem geral das espécies vegetais citadas para os municípios de Pains,
Arcos e Iguatama e registradas para a área da Mineração João Vaz Sobrinho
Referência *
Família / espécie Nome Popular Hábito Localização Arcos –
Pains
Iguatama
Aspleniaceae
Antigramma balansae Erva x x
Asplenium abscissum Erva x x
Asplenium auritum Erva x
Asplenium cristatum Erva x
Asplenium dimidiatum Erva x x
Asplenium formosum Erva x x
Asplenium laetum Erva x
Asplenium otites Erva x
Asplenium pumilum Erva x
Dennstaedtiaceae
Dennstaedtia globufifera Erva x
Hypolepis aquilinaris Erva x
Polypodiaceae
Microgramma lindbergii Erva x x
Pecluma filicola Erva x x
Pleopeltis angusta Erva x x
Polypodium squalidum Erva x x
Pteridaceae
Adiantopsis chlorophylla Erva x x
Adiantopsis perfaciculata Erva x x
Adiantopsis regularis Erva x
Adiantum curvatum Erva x
Adiantum deflectens Erva x x
Adiantum diogoanum Erva x
Adiantum lorentzii Erva x x
Adiantum platyphyllum Erva x
Adiantum pulverulentum Erva x x
Adiantum raddianum Erva x
Adiantum rhizophytum Erva x x
Adiantum subcordatum Erva x
Doryopteris concolor Erva x x
Heminiotis tomentosa Erva x x

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Pteris denticulata Erva x x
Pteris plumula Erva x
Schizaeaceae
Anemia candidoi Erva x
Anemia cf. hirsuta Erva x
Anemia phyllitidis Erva x x
Ligodium venustum Trepadeira x x
Selaginellaceae Erva
Selaginella sulcata Erva x
Tectariaceae
Ctenitis faciculata Erva x
Ctenitis submarginalis Erva x
Lastreopsis effusa Erva x
Tectaria effusa Erva x
Tectaria incisa Erva x
Thelypteridaceae
Macrothelypteris torresiana Erva x
Thelypteris concinna Erva x
Thelypteris dentata Erva x x
Thelypteris lugubris Erva x
Thelypteris patens Erva x
Vittariaceae
Polytaenium Lineatum Erva x
Woodsiaceae
Diplazium cristatum Erva x
Acanthaceae
Chamaeranthemum beyrichii Arbusto x
Chamaeranthemum gaudichaudi Arbusto x
Geissomeria cincinnata Arbusto x
Geissomeria schottiana Arbusto x x
Justicia allocata Arbusto x x
Justicia cf. brasiliana Arbusto x
Justicia cf. lythroides Arbusto x x
Ruellia cf. brevifolia Arbusto x x
Ruellia cf. discifolia Arbusto x
Alstroemeriaceae
Bomarea edulis Trepadeira x
Amaranthaceae

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Alternanthera brasiliana Erva x x
Chamissoa acuminata Arbusto x x
Chamissoa altissima Arbusto x
Pfaffia glomerata Erva x
Amaryllidaceae
Hippeastrum reticulatum Erva ADA, AI x x
Anacardiaceae
Astronium fraxinifolium Gonçalo Árvore ADA, AE, AI - x
Myracrodruon urundeuva Aroeira do sertão Árvore ADA, AE, AI - x
Annonaceae
Porcelia macrocarpa Árvore x x
Apocynaceae
Asclepias curassavica Oficial de sala Erva AI x
Aspidosperma cylindrocarpon Peroba Árvore AI x x
Aspidosperma parvifolium Guatambu Árvore ADA x
Aspidosperma polyneuron Peroba Árvore AE, AI
Aspidosperma cf. ramiflorum Árvore AI
Aspidosperma subincanum Guatambu Árvore AE, AI
Oxypetalum banksii Trepadeira x
Oxypetalum erianthum Trepadeira x
Prestonia cf. coalita Trepadeira x x
Prestonia cf. riedelii Trepadeira x
Tassadia subulata Erva x
Araceae
Anthurium minarum Antúrio Erva ADA, AI x
Anthurium pentaphyllum Antúrio Erva x x
Anthurium solitarium Antúrio Erva x x
Asterostigma lombardii Erva x
Philodendron bipinnatifidum Imbé Erva ADA, AI x
Philodendron brasiliense Imbé Erva ADA, AI x x
Araliaceae
Aralia warmingiana Mandiocão Árvore AI
Aristolochiaceae
Aristoochia cf. papillaris Papo de peru Trepadeira x
Asteraceae
Acmella brachyglossa Erva x
Ageratum conyzoides Erva x
Bidens riparia Erva x

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Blainvillea cf. rhomboides Erva x x
Chaptalia nutans Erva x
Chromolaena maximilianii Erva x
Cosmos caudatus Erva x
Dasyphyllum regnelli Arbusto AI x
Elephantoppus mollis Erva x x
Elvira biflora Erva x
Emilia sonchifolia Erva x
Gardneria angustata Erva x x
Pentacalia desiderabilis Arbusto x
Stifftia racemosa Árvore x
Vernonanthura ferruginea Arbusto x
Vernonia sp. Arbusto AI
Vernonia helophila Erva x
Vernonia remotiflora Erva x
Begoniaceae
Begonia fischeri Begônia Erva ADA, AE, AI x
Begonia reniformis Begônia Erva ADA, AE, AI x x
Bignoniaceae
Arrabidaea triplinervia Trepadeira x
Clytostoma cf. binatum Trepadeira x
Cybistax antisyphilitica Ipê verde Árvore AI
Fridericia speciosa Trepadeira x
Macfadyena ungui-cati Trepadeira x
Pyrostegia venusta Cipó de São João Trepadeira x
Tabebuia heptaphylla Ipê roxo Árvore ADA, AI
Tabebuia cf. impetiginosa Ipê roxo Árvore x
Tabebuia ochracea Ipê amarelo do cerrado Árvore ADA, AI
Tabebuia serratifolia Ipê amarelo da mata Árvore AI x x
Boraginaceae
Cordia sp. Árvore ADA
Cordia tetrandra Árvore x
Cordia trichotoma Louro Árvore ADA x x
Cordia urticifolia Arbusto x x
Heliotropium cf. angiospermim Erva x
Heliotropium cf. filiforme Erva x
Heliotropium indicum Erva x
Tournefortia paniculata Arbusto x x

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Brassicaceae
Cleome hassleriana Arbusto x
Cleome viridiflora Arbusto x
Bromeliaceae
Acanthostachys strobilacea Bromélia Erva x
Aechmea bromeliaefolia Bromélia Erva ADA, AI x x
Aechmea distichantha Bromélia Erva x
Bilbergia amoena Bromélia Erva x
Bilbergia distachya Bromélia Erva x x
Bromelia sp. Bromélia Erva AI
Pseudoananas sagenarium Bromélia Erva x
Tillandsia sp. Erva AI
Tillandsia loliaceae Erva x
Tillandsia pohliana Erva x
Tillandsia polystachia Erva x x
Tillandsia streptocarpa Erva x
Tillandsia tenuifolia Erva x
Cactaceae
Brasiliopuntia brasiliensis Arbusto x
Cereus jamacaru Mandacarú Arbusto ADA, AE,AI x
Epiphyllum phyllanthus Saborosa Erva ADA x x
Hylocereus setaceus Cacto Erva ADA, AE, AI x
Pereskia aculeata Trepadeira x x
Cannabaceae
Celtis brasiliensis Grão de galo Árvore ADA, AE, AI x
Celtis iguanea Grão de galo Árvore x
Trema micrantha Candiúba Árvore x x
Cannaceae
Canna coccinea Erva x
Caparidaceae
Jacaratia spinosa Mamãozinho do mato Árvore AE
Caricaceae
Vasconcellea quercifolia Arbusto x
Celastraceae
Hippocratea volubilis Arbusto x
Maytenus cf. aquifolium Árvore ADA, AE, AI
Maytenus robusta Árvore ADA, AI x x
Chloranthaceae

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Hedyosmum brasiliensis Arvoreta AE
Combretaceae
Combretum laxum Arbusto x
Terminalia glabrescens Capitão Árvore x
Commelinaceae
Commelina diffusa Erva x x
Dichorisandra hexandra Erva x x
Gibasis geniculata Erva x
Tradescantia zanonia Erva x
Tripograndra elata Erva x x
Convolvulaceae
Ipomoea tubata Erva x x
Cucurbitaceae
Sicyos warmingii Trepadeira x x
Wilbrandia hibiscoides Trepadeira ADA, AE,AI x
Dioscoreaceae
Dioscorea cf. asperula Trepadeira x x
Dioscorea cf. piperifolia Trepadeira x
Erythroxylaceae
Erythroxyllum strobilaceaum Arbusto x x
Euphorbiaceae
Acalypha cf. diversifolia Arbusto x
Acalypha cf. gracilis Arbusto x x
Acalypha communis Arbusto ADA, AI x x
Actinostemon klotzschii Arvore x
Chamaesyce hirta Erva x
Cnidoscolus cf. urens Arbusto x x
Cnidoscolus lombardii Arbusto x
Croton sp. Árvore ADA, AE, AI
Croton celtidformis Árvore x
Croton macrobothrys Árvore x
Croton urucurana Adrago Árvore AI x
Croton warmingii Arbusto x x
Dalechampia stipulacea Trepadeira x x
Euphorbia comosa Arbusto x
Euphorbia heterophylla Arbusto AI x x
Euphorbia sciadophila Erva x
Julocroton triquetes Arbusto x x

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Manihot grahamii Mandioqueira Arbusto ADA, AI x x
Pachystroma longifolium Árvore x
Ricinus communis Mamona Arbusto AI
Romanoa tamnoides Trepadeira x x
Sebastiania brasiliensis Árvore ADA, AI x x
Tragia volubilis Trepadeira x
Fabaceae
Acacia farnesiana Arbusto x
Acacia polyphylla Arbusto AI x x
Acacia tenuifolia Árvore x
Albizia niopoides Árvore x
Albizia cf. polycephylla Árvore ADA, AI
Anadenanthera colubrina Angico Árvore ADA, AE, AI x x
Andira vermifuga Angelim Árvore x
Bauhinia sp. Unha de vaca Árvore AI
Bauhinia forficata Unha de vaca Árvore ADA, AE, AI
Bauhinia longifolia Unha de vaca Árvore x X
Calliandra foliolosa Esponjinha Arbusto x x
Camptosema bellum Trepadeira x
Centrolobium microchaete Araribá Árvore x x
Centrolobium tomentosum Araribá Árvore ADA, AI x x
Centrosema hastatum Trepadeira x
Chloroleucon tortum Angico rajado Árvore x
Crotalaria cf. incana Arbusto x
Enterolobium contortisiliquum Orelha de macaco Árvore ADA, AI x
Erythrina cristagalli Mulungu Árvore x
Erytrhina verna Mulungu Árvore x
Holocalyx balansae Alecrim de campinas Árvore ADA, AI x
Hymenaea courbaril Jatobá Árvore x
Inga marginata Ingá Árvore x
Inga vera Ingá Árvore x
Lonchocarpus cf. muehlbergianus Carrapateira Árvore AI x x
Lonchocarpus cultratus Carrapateira Árvore x x
Lonchocarpus sericeus Árvore ADA, AE, AI x
Machaerium acutifolium Jacarandá Árvore ADA, AE
Machaerium nyctitans Jacarandá bico de pato Árvore ADA, AE,AI
Machaerium scleroxylon Pau ferro Árvore ADA, AE, AI
Machaerium sp. Jacarandá Árvore ADA, AI

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Machaerium stipitatum Jacarandá Árvore ADA, AE,AI
Myroxylon peruiferum Bálsamo Árvore ADA, AI x
Platycyamus regnelli Folha de bolo Árvore ADA, AE
Platypodium elegans Canzileiro Árvore x x
Senna multijuga Aleluia Árvore x x
Zollernia glabra Orelha de onça Árvore x x
Gesneriaceae
Sinningia aggregata Erva x
Sinningia warmingii Erva x
Iridaceae
Neomarica cf. imbricata Erva x
Lamiaceae
Aegiphilla cf. viteliniflora Papagaio Árvore x x
Hyptis mutabilis Arbusto x x
Ocimum cf. selloi Erva x
Lauraceae
Aniba intermedia Canela Árvore x
Nectandra cf. menbranacea Canela Árvore ADA, AI x
Nectandra cf. oppositifolia Canela Árvore x x
Nectandra megapotamica Canela Árvore x
Nectandra nitidula Canela Árvore x x
Ocotea corymbosa Canela Árvore AI x
Lecythidaceae
Cariniana cf. estrellensis Jequitibá Árvore AI
Loasaceae
Aosoa rostrata Arbusto x
Loganiaceae
Strycnos cf. gardneri Arbusto x
Malpighiaceae
Dicella bracteosa Trepadeira x x
Tetrapterys chamaecerasifolia Trepadeira x
Malvaceae
Abutilon aristulosum Arbusto x
Abutilon fluviatile Arbusto x
Bastardia bivalvis Arbusto x
Bastardiopsis densiflora Árvore ADA, AI x
Byttneria catalpaefolia Trepadeira x
Ceiba pubiflora Paineira Árvore AE, AI x x

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Corchorus hirtus Arbusto x
Gaya gracilipes Arbusto x
Guazuma ulmifolia Mutamba Árvore AI x
Helycteres ovata Saca rolha Arbusto ADA, AI x
Luehea divaricata Açoita cavalo Árvore AI x x
Luehea paniculata Açoita cavalo Árvore x
Malvastrum americanum Arbusto x
Melochia argentina Arbusto x x
Pseudobombax sp. Embiruçu Arbusto ADA, AI
Quararibea floribunda Árvore x
Sida urens Arbusto x x
Sida sp. Erva AI
Triunfetta cf. abutiloides Arbusto x
Triunfetta cf. semitriloba Arbusto x x
Wissadula cf. macrantha Arbusto x
Wissadula hernandioides Arbusto x x
Marantaceae Arbusto
Calathea longifolia Erva x
Melastomataceae
Clidemia hirta Arbusto x x
Meliaceae
Cedrela fissilis Cedro Árvore x
Cedrela odorata Cedro Árvore ADA, AE, AI x
Guarea guidonea Piorra Árvore AI x
Guarea kunthiana Piorra Árvore x x
Guarea macrophylla Piorra Árvore x x
Trichilia sp. Árvore AI
Trichilia catigua Árvore AI x x
Trichilia cf. casaretti Árvore x
Trichilia clausseni Árvore ADA, AE, AI x x
Trichilia elegans Árvore AI x x
Trichilia hirta Árvore AE, AI x x
Trichilia pallens Árvore AI
Menispermiaceae
Cissampelos cf. ovalifolia Trepadeira ADA, AE, AI
Moraceae
Dorstenia cayapia Carapiá Erva x x
Dorstenia vitifolia Erva x

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Ficus cf. obtusifolia Figueira Árvore ADA, AE, AI x x
Ficus citrifolia Árvore x x
Maclura tinctoria Moreira Árvore ADA, AE, AI x
Myrsinaceae
Ardisia guyanensis Árvore x
Myrsine umbellata Capororoca Árvore x
Myrtaceae
Campomanesia cf. guaviroba Gabiroba Árvore x
Eugenia sp.1 Árvore ADA, AE, AI
Eugenia sp.2 Árvore AI
Eugenia aculata Arbusto x
Eugenia ligustrina Árvore x
Eugenia florida Pitanga do mato Árvore x
Eugenia lagoensis Arbusto x
Eugenia repanda Árvore x
Myrcia sp.1 Árvore AI
Myrcia sp.2 Árvore ADA, AI
Myrtaceae Árvore AE
Nyctaginaceae
Bougainvillea spectabilis Bougaivillea Árvore x
Guapira opposita Árvore x
Mirabilis jalapa Trepadeira x
Pisonia aculeata Trepadeira x
Orchidaceae
Acinathera aphthosa Orquídea Erva AI x
Catasetum fimbriatum Orquídea Erva x
Cattleya bicolor Orquídea Erva x
Cattleya walkeriana Orquídea Erva x
Chaetocephala lonchophylla Orquídea Erva x
Cranichis candida Orquídea Erva x
Cyclopogon longibracteatus Orquídea Erva x x
Cyrtopodium glutiniferum Orquídea Erva ADA, AI x x
Epidendrum anceps Orquídea Erva x x
Epidendrum paniculatum Orquídea Erva x x
Galeandra hysterantha Orquídea Erva x
Ionopsis utricularioides Orquídea Erva x
Isochilus linearis Orquídea Erva x
Leptotes bicolor Orquídea Erva x

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Mesadenella cuspidata Orquídea Erva x
Miltonia flavescens Orquídea Erva x
Notylia cf. hemitricha Orquídea Erva x x
Oeceoclades maculata Orquídea Erva ADA, AI x
Oncidium cebolleta Orquídea Erva x
Oncidium pumilum Orquídea Erva x
Polystachya estrelensis Orquídea Erva x
Pteroglossa roseoalba Orquídea Erva x
Sarcoglottis fasciculata Orquídea Erva x
Sophronitis cernua Orquídea Erva x
Oxalidaceae
Oxalis cf. rhombeo-ovata x
Papaveraceae
Argemone mexicana Arbusto x
Passifloriaceae
Passiflora cf. galbana Maracujá do mato Trepadeira x
Passiflora cf. suberosa Maracujá do mato Trepadeira x
Passiflora foetida Maracujá do mato Trepadeira x
Phyllanthaceae
Phyllanthus acuminatus Árvore ADA, AI x x
Phytolaccaceae
Petiveria alliacea Erva x x
Phytolacaa dioica Cebolão Árvore ADA, AE, AI x x
Phytolacca thyrsiflora Arbusto x
Picramnaceae
Picramnia ramiflora Árvore x x
Piperaceae
Otonia cf. leptostachya Arbusto x
Peperomia blanda Erva x x
Peperomia campinasana Erva x
Peperomia circinnata Erva x
Peperomia gardneriana Erva x x
Peperomia rotundiflora Erva x
Peperomia rubricaulis Erva x x
Peperomia trineura Erva x
Piper aduncum Árvore AI
Piper amalago Arbusto ADA, AI x x
Piper cf. claussenianum Arbusto x x

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Piper umbellatum Arbusto x x
Plumbaginaceae
Plumbago scandens Trepadeira x
Poaceae
Acroceras zizanioides Erva x
Axonopus cf. fissifolius Erva x
Echinochloa colona Erva x
Echinochloa crus-galli Erva x
Eleusine indica Erva x
Eriochloa punctata Erva x
Ichnanthus cf. nemoralis Erva x
Ichnanthus cf. procurrens Erva x
Lasiacis sorghoidea Erva x x
Olyra ciliatifolia Erva x x
Olyra latifolia Erva x x
Oplismenus hirtellus Erva x x
Panicum millegrana Erva x
Panicum pilosum Erva x
Panicum trichanthum Erva x
Pennisetum pedicellatum Erva x
Pereilema beyrichianum Erva x
Pharus lappulaceus Erva x
Setaria poiretiana Erva x
Setaria vulpiseta Erva x x
Urochloa maxima Erva x
Portulacaceae
Talinum patens Erva ADA, AE, AI x x
Rhamnaceae
Gouania polygama Trepadeira x x
Reissekia cf. cordifolia Trepadeira x x
Rhamnidium elaeocarpum Bosta de cabrito Árvore AI
Rubiaceae
Chomelia pohliana Veludo Arbusto x x
Coffea arabica Cafeeiro Arbusto x
Cordiera sessilis Árvore x x
Coutarea hexandra Árvore x
Galianthe hispidula Arbusto x
Hamelia patens Arbusto x x

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Psychotria carthagenensis Arbusto x
Psychotria cf. remota Arbusto x
Psychotria minutiflora Arbusto x
Psychotria subtriflora Arbusto x
Randia armata Arbusto ADA, AE, AI x x
Richardia scabra Erva x
Rudgea recurva Arbusto x x
Rutaceae
Conchocarpus cf. pentandrus Arbusto x x
Galipea jasminiflora Árvore x
Metrodorea nigra Árvore x
Pilocarpus cf. pauciflorus Arbusto x x
Pilocarpus cf. spicatus Árvore AI
Zanthoxylum monogynum Mamica de porca Árvore x x
Zanthoxylum rhoifolium Mamica de porca Árvore AI
Salicaceae
Casearia gossyiosperma Espeto Árvore x
Casearia lasiophylla Espeto Árvore x
Casearia sylvestris Espeto Árvore x
Prockia crucis Árvore ADA, AI x x
Santalaceae
Phoradendron piperoides Erva de passarinho Erva x
Sapindaceae
Allophylus racemosus Árvore ADA, AE, AI x x
Dilodendron bipinnatum Maria pobre Árvore ADA, AI
Cupania vernalis Camboatá Árvore x
Matayba guianensis Camboatá Árvore x
Sapotaceae
Chrysophyllum gonocarpum Árvore ADA, AI
Chrysophyllum marginatum Árvore x x
Chrysophyllum viride Árvore x
Pouteria grandiflora Bacuparí Árvore x
Scrophulariaceae
Buddleia cf. brasiliensis Erva x
Stemodia verticillata Erva x
Solanaceae
Capsicum baccatum Arbusto x x
Cestrum strigillatum Arbusto x x

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Dyssochroma viridiflorum Arbusto x
Lycianthes repens Erva x
Physalis angulata Arbusto x
Solandra grandiflora Trepadeira x x
Solanum alternatopinnatum Trepadeira x
Solanum americanum Arbusto x
Solanum oocapum Arbusto x x
Solanum paniculatum Arbusto x x
Solanum tabacifolium Arbusto x
Tropaeolaceae
Tropaeolum cf. warmingianum Trepadeira x
Urticaceae
Cecropia glaziovii Embaúba Árvore x
Cecropia pachystachya Embaúba Árvore x
Hemistylus brasiliensis Arbusto x x
Pilea microphylla Erva x x
Urera baccifera Arbusto ADA, AE, AI x x
Urera cf. aurantiaca Arbusto x
Urera cf. nitida Arbusto x
Verbenaceae
Aloysia virgata Lixeira Árvore ADA, AE, AI x
Lantana camara Camará Arbusto x x
Lantana cf. fucata Arbusto x x
Lantana trifolia Arbusto x
Petrea volubilis Arbusto x x
Violaceae
Hybanthus bigibbosus Arbusto x x
Vitaceae
Cissus erosa Trepadeira x
Cissus serroniana Trepadeira x
Cissus simsiana Trepadeira x
Cissus sulcicaulis Trepadeira x
Cissus tinctoria Trepadeira x
Cissus verticillata Trepadeira x x
* MELO, P.H.A. Flora Vascular Relacionada aos Afloramentos de Rocha Carbonática no Interior do Brasil.
Dissertação de mestrado apresentada à Universidade federal de Lavras. Lavras, Minas Gerais, 2008.

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Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas

Mineração João Vaz Sobrinho


Fazenda Mato do Alto

Pains-MG

Dezembro/08
Índice

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

1 Introdução _________________________________________________________ 1
2 Aspectos Legais ____________________________________________________ 2
3 Caracterização da Região ____________________________________________ 3
3.1. Identificação do Município __________________________________________ 3
3.2. Caracterização Biofísica do Município _________________________________ 3
3.2.1. Clima _________________________________________________________ 3
3.2.2. Relevo ________________________________________________________ 4
3.2.3. Geomorfologia __________________________________________________ 4
3.2.4. Vegetação _____________________________________________________ 6
3.2.5. Hidrografia _____________________________________________________ 7
4 Caracterização do Empreendimento ____________________________________ 8
4.1. Identificação do Proprietário _________________________________________ 8
4.2. Caracterização da Propriedade ______________________________________ 8
4.3. Identificação do Empreedimento _____________________________________ 8
5. Objetivo Geral _____________________________________________________ 9
5.1. Objetivo Específico ________________________________________________ 9
6. Caracterização da Área Degradada ____________________________________ 9
7. Recuperação da área Degradada. ____________________________________ 10
7.1. Estocagem e Deposito de Solo Organico e Rejeitos. ____________________ 10
7.2. Recomposição do relevo __________________________________________ 10
7.2.1. Abrandamento Topográfico _______________________________________ 11
7.2.2. Preparo do Solo para a Revegetação _______________________________ 12
7.3. Revegetação____________________________________________________ 13
7.3.1. Escolha das espécies ___________________________________________ 14
7.3.2. Plantio _______________________________________________________ 18
7.4. Revegetação do Talude ___________________________________________ 20
7.5. Monitoramento __________________________________________________ 21
7.6. Relatórios de Vistoria _____________________________________________ 22
7.7. Origem das Sementes e Mudas _____________________________________ 22
8 Cronograma de execução Física ______________________________________ 22
9. Destinação final do lixo _____________________________________________ 23
10. Conclusão ______________________________________________________ 23
11. Bibliografia ______________________________________________________ 23
PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA

1. Introdução

O impacto ambiental é qualquer alteração causada por qualquer forma de matéria


ou energia resultante das atividades antrópicas que, diretamente ou indiretamente
interferem na vegetação e, por conseqüência, a fauna é destruída, removida ou
expulsa e a camada do solo fértil é perdida, removida ou coberta, afetando a vazão
e qualidade ambiental dos corpos superficiais e/ou subterrâneos d’água. Quando
isso ocorre, reflete-se na alteração das características físicas, químicas e biológicas
da área, afetando seu potencial sócio-econômico.

Qualquer tipo de mineração causa impactos ambientais consideráveis ao meio onde


é praticada. No entanto, não são impactos maiores do que os das demais atividades
básicas (como agricultura). Na mineração o impacto é muito denso e pouco extenso,
isto é, a mineração altera intensamente a área minerada e as áreas vizinhas, onde
são feitos os barramento de contenção de rejeitos. As áreas alteradas, entretanto,
não têm extensão geográfica muito grande, ou seja, são áreas geograficamente
restritas. Desta forma pode-se dizer que a mineração, em particular a céu aberto,
como atividade de apropriação de recursos naturais pelo homem, tem um visual
mais impactante que a atividade em si mesma (ALMEIDA, 1999).

A alteração da paisagem natural (impacto visual negativo) é um dos impactos


relevantes causados ao ambiente nas operações de lavra a céu aberto e está
relacionada principalmente com a compactação do solo e o aumento de processos
erosivos e descartes de dejetos estéreis.

Para a recuperação da área degradada serão implantadas medidas, que darão


condições para que o ambiente consiga se estabilizar, como eliminação e/ou
minimização das causas de degradação; estabilização da área; reposição ou criação
do substrato e revegetação. A recuperação desta área junto aos tratamentos que
buscam recuperar a forma original do ecossistema, isto é, sua estrutura original,
dinâmica e interações biológicas (LOTT et. al., 2004).

1
2. Aspectos Legais

Lei 6938/81 - Lei de Política Nacional de Meio Ambiente - O poluidor é obrigado a


indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados
por sua atividade - recuperação de sítios degradados - criou o CONAMA e o
SISNAMA (Regulamentada pelo decreto nº. 88.351 de 01 Junho de 1983).

Instrumentos que permitem a defesa do meio ambiente na esfera jurisdicional - ação


civil pública (Lei 7.347/85).

Resolução CONAMA nº. 001/86 - Estabelece critérios básicos e diretrizes gerais


para o Estudo de Impacto ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
Para determinados tipos de empreendimentos exige-se a realização prévia do EIA e
RIMA, onde são realizados diagnósticos e planejadas ações de minimização de
impactos e mitigação de prováveis danos ambientais.

Decreto lei 97.632/89 - regulamentou a lei 6938/81 obrigando a recuperação da


área degradada, por mineração, como parte do Relatório de Impacto Ambiental.

Decreto nº. 750 de 1993 - Dispõe sobre o corte, a exploração, e a supressão de


vegetação primária e nos estágios avançado e médio de regeneração de mata
atlântica e dá outras providências (Resolução CONAMA 06/94).

Lei Federal 9.605 de fevereiro de 1998 – É a nova lei dos crimes ambientais,
dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Através do art. 23, II, obriga o
infrator a recompor o ambiente degradado. É a chamada lei dos crimes ambientais,
que permite abertura de uma ação e processo penal contra crimes ambientais.

2
3. Caracterização da Região

3.1. Identificação do Município

O município de Pains está localizado na região do centro oeste de Minas Gerais na


bacia do Rio São Francisco, tem como municípios confrontantes Arcos, Córrego
Fundo, Formiga, Pimenta e Iguatama.

Figura 01: Localização do Município

3.2. Caracterização Biofísica do Município

3.2.1. Clima

A temperatura média do ar é da ordem de 22°C, e a umidade relativa varia de 60 a


70% nos meses mais secos, chegando a 90% nos meses mais úmidos. A

3
pluviometria média está em torno de 1.600 mm. O período seco estende-se por 6
meses, de maio a outubro, com menos de 7% das chuvas anuais, no período seco
ocorre deficiência de precipitações, caracterizando um regime pluviométrico
tipicamente tropical, uma grande concentração de chuvas no verão e seca no
inverno.

3.2.2. Relevo

A geologia é marcada por rochas proterozóicas, mormente calcários do Grupo


Bambuí, que são aproveitados para a exploração mineral. A região de Pains pode-
se dizer que é monótona, existindo predominância de rochas calcárias e os solos
deles derivados. O relevo é aquele típico de áreas cársticas, com pontas de rocha
aparente, dolinas e poliés, e drenagem predominantemente subterrânea.

O solo presente na região dos afloramentos é classificado como Neossolo Litólico e


apresenta-se pouco profundo, com horizonte B incipiente, com forte afloramento de
rocha calcária. Estes solos poucos desenvolvidos são encontrados normalmente em
recentes superfícies geomórficas. O horizonte A deste solo recobre diretamente a
rocha, ou os materiais vindos da rocha em decomposição.

3.2.3. Geomorfologia

A área pertence à depressão do Alto São Francisco. Esta unidade localiza-se entre
as unidades Planalto Campo das Vertentes a leste, Patamares do Canastra a oeste
e serras da Canastra a sul e sudoeste. A geomorfologia desta unidade apresenta os
modelados de dissecação, acumulação fluvial, aplanamento e dissolução
(RADAMBRASIL, 1983).

4
Dissolução do carste

O modelado de dissolução refere-se estritamente às feições ocorrentes, ligadas aos


materiais constituintes daquele relevo, as rochas pelito-carbonáticas do Grupo
Bambuí, portanto, trata-se no caso da dissolução de rochas carbonáticas.
A ação da dissolução gera no carste três domínios morfogenéticos interligados,
interdependentes e indissociáveis, assim denominados - exocarste, epicarste e
endocarste (Bögli, 1980; Ford & Willians, op cit). Do ponto de vista da morfologia da
paisagem o carste pode ser exumado ou encoberto; exumado quando suas feições
características e sua natureza rochosa são bem expostas espacialmente, encoberto
quando a natureza rochosa é pouco aflorante e as feições características são pouco
expressivas e mascaradas ou encobertas por coberturas pré-existentes. Tais
características são comumente encontradas na região de Arcos e Córrego Fundo.

Os exocarstes são representados por (Valadão, R,C,2002).

Dolinas

Dolinas são feições morfogenéticas do exocarste particulares por distinguir bastante


bem a morfologia cárstica de dissolução e, por conseguinte, seu modelado.
Jennings (1985), classificou-as nas tipologias: dolina de dissolução, dolina de
abatimento, dolina de abatimento devido a carste subjacente e dolinas aluviais ou
de subsidência. Podem atingir centenas de metros de largura por dezenas de
profundidade. São formadas por dissolução localizada da rocha em ponto
susceptíveis, formando as depressões fechadas e geralmente arredondadas – caso
da dolina de dissolução; dolinas de abatimento são geradas também nestes pontos
susceptíveis, pelo colapso de tetos de cavernas resultando na superfície depressão
abrupta. As dolinas aluviais ou de subsidência ocorrem, também nas zonas de
fraqueza, nos pontos susceptíveis, contudo, caracterizam-se devido a espessas
coberturas sobrejacente a rocha, resultando no relevo uma subsidência sempre
suave no perfil topo-fundo.

5
3.2.4. Vegetação

A região possui formações vegetacionais de cerrado e floresta estacional


semidecidual. O cerrado ocorre em manchas remanescentes, em regeneração ou
geralmente nas áreas de transição entre as ocorrências da floresta semidecídua.
Nos arredores dos afloramentos prevalece a Floresta Estacional Semidecidual.
Sobre os afloramentos calcários desenvolve-se Floresta Estacional Decidual e
semidecidual. A cobertura vegetal nessa formação varia de 75 a 90% o que
proporciona a ocorrência de um sub-bosque heterogênio e denso, composto de
ervas, arbustos e espécies arbóreas em regeneração. No sub-bosque é comum
encontrar arbustos perfilhados ou mesmo formas jovens de espécies arbóreas. Já
no extrato herbáceo freqüentemente são encontradas espécies das famílias
Araceae, Orquidáceae, Bromeliaceae, e Solanaceae. Entre as espécies arbóreas
destacam-se, as famílias Anancardeaceae, Apocynaceae, Leguminosae, Myrtaceae
e Sterculiaceae.

Nas áreas dos maciços calcários o estrato arbóreo, em geral descontínuo, pode
atingir uma altura de 16,0 m, sem a formação de dossel, e onde a floresta
apresenta maior adensamento pode-se observar também clareiras. Os indivíduos
que sobressaem (emergentes) onde existe dossel podem atingir até 20,0 m de
altura. As árvores possuem copas amplas, especialmente na época das chuvas, e
sobressaem acima do dossel, quando este existe. Nesse estrato ocorrem
Anadenanthera colubrina (angico), Myracrodruon urundeuva (aroeira), Phytolaca
dioica (cebolão), Nectandra megapotamica (canela), Jacaratia dodecaphylla, Celtis
iguanaea (esporão), Cedrella odorata (cedro), Centrolobium sp. (macuco),
Enterolobium contortisiliquum (tamboril), Byttneria gracilipes, Nectandra lanceolata
(canela), Bauhinia forficata (unha-de-vaca), Casearia decandra (espeto),
Aspidosperma populifolium (pereira), Prockia crucis, AllophyIlus sp. e Tabebuia sp.
(ipê). O estrato arbustivo, que pode atingir até 8,0 m de altura, é descontínuo e
possui reduzido número de indivíduos com distribuição aleatória. As principais
espécies ocorrentes nesse estrato são Piptadenia gonoacantha (pau-jacaré),
Chomelia pohliana, Trichilia clausseni, Tournefortia paniculata, Esembeckia
grandiflora (carrapateira), Guazuma ulmifolia (mutambo), Cupania vernalis
(camboatá), lodinium atropurpureum, Solanum rivulare, Helicteres ovata

6
(sacarrolha), Machaerium villosum, Maytenus communis, Alchornea sp., Senna sp.,
Mimosa sp., Campomanesia sp. e Eugenia sp. (pitangueira). Com relação aos
estratos arbóreo e arbustivo, essa floresta difere das demais florestas secas sobre
calcário do estado, por apresentar maior espaçamento entre os indivíduos, o que
favorece a penetração de luminosidade no seu interior. No estrato herbáceo, com
altura máxima de 1,5 m, os indivíduos são espaçados, ocorrendo ‘touceiras’ de
gramíneas. Nesse estrato observam-se Hybanthus communis, BuddIeja brasiliensis,
Solanum rivulare (joá), Talinum patens (jura-tacho), Heliotropium indicum, Lantana
lilacina, Opuntia sp., Pereskia sp., Acrocomia sp., Syagrus sp., Hippeastrum sp.,
Ossaea sp., Oxalis sp., Piper sp., Panicum sp., ,Anthurium sp., Tripogandra sp.,
Anemia sp., Ruellia sp. (gambá) e Justicia sp. As lianas identificadas foram
Forsteronia thyrsoidea, Aristolochia arcuata (jarrinha-preta), Dalechampia stipulacea
(urtiga), Dioscorea mollis, Passiflora mucronata (maracujá), Cardiospermum
grandiflorum (balãozinho), Anabaenella tamnoides, Oxypetalum lagoense, Cissus
sulcicaulis, Adenocalymna cymbalum, Urvillea ulmacea, Cayaponia sp.,
Cissampelos sp., Clytostoma sp., Serjania sp., Macfadyena unguis-cati, Mikania sp.,
lpomoea sp. e Mandevilla sp. As raras epífitas ocorrentes pertencem aos gêneros
Bromelia, Tillandsia, Selenicereus e Pleurothallis.(Pedralli, G . 1997).

Nas fendas das rochas, muito comum neste tipo de formação, acumula-se húmus e
como são úmidas e sombrias criam nichos ideais para o desenvolvimento de
vegetação mais exuberante, Nas partes mais expostas ao sol, a vegetação é mais
escassa, encontrando-se apenas algumas espécies de bulbosas, suculentas e
xerófilas.

No fundo dos vales formados entre as colinas percebe-se a mesma vegetação de


ocorrência nas áreas mais altas, mas com um caráter mais expressivo.

3.2.5. Hidrografia

A região faz parte Faz parte da Bacia do rio São Francisco e é classificada como
Alto São Francisco. Destaca-se como afluente da margem direita do Rio São
Francisco, o rio Arcos e o rio Preto.

7
4. Caracterização do Empreendimento

4.1. Identificação do Proprietário

O proprietário da Fazenda Mato do Alto, é a Mineração João Vaz Sobrinho, com


sua sede na Fazenda Cazanga localizada na Zona Rural do município de Arcos-
MG.

4.2. Caracterização da Propriedade

A propriedade está onde se desenvolverá mineração da rocha calcária está situada


no município de Pains, sendo que a sede possui a seguinte coordenada UTM E-
437.969 e N 7747535.

• Área total da propriedade rural: 40,39,09 ha.


• Á área destinada a Reserva Legal: 8,10 ha.
• Área a ser explorada inicialmente pela mineração: 10,00 ha.

4.3. Identificação do Empreendimento

O empreendedor é a Mineração João Vaz Sobrinho, com sua sede na Fazenda


Cazanga localizada na Zona Rural do município de Arcos-MG. CNPJ
20651683/0001-54 e inscrição estadual 042418267-0004

Direito Mineral

Processo: DNPM 830.547/95


Substância: Calcário
Área: 729,26 ha
Município/Distrito: Pains-MG

8
5. Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo recuperar a área que sofrerá grande
interferência antrópica descaracterizando toda sua paisagem. Através da aplicação
de práticas conservacionista cria-se uma estabilidade no local, de acordo com um
plano preestabelecido para o uso do solo, fazendo com que se consiga uma nova
harmonia e a vegetação se restabeleça.

5.1. Objetivo Específico

O presente trabalho tem como objetivo específico normatizar ações através do


Plano de Recuperação de Áreas Degradadas para que este processo comece junto
com o de exploração mineral dentro da propriedade rural e do decreto mineral.

6. Caracterização da Área Degradada

A mineração ocorrerá inicialmente em uma área com grande interferência antrópica,


uma área de pastagem, contendo pequenos fragmentos de mata seca em processo
de regeneração natural. Área esta pertencente à propriedade rural Mata do Alto e ao
Polígono do Direito Mineral DNPM 830.547/95.

O local apresenta áreas interligadas de remanescentes florestais sobre afloramentos


rochoso, características de mata seca.

A supressão da vegetação de mata seca no local da lavra é inevitável, embora a


área a ser lavrada apresente uma pequena extensão e conseqüentemente a
quantidade de vegetação a ser retirada seja proporcional.

A supressão da vegetação neste empreendimento será feita ao longo do tempo de


acordo com a necessidade, o que reduz o impacto direto sobre a flora e fauna,
permitindo migrações para locais próximos e formação de corredores de vegetação.

9
7. Recuperação da Área Degradada

Este processo de recuperação tem início na abertura da cava, ao longo de sua


exploração e no término da mineração. Começando do decapeamento da matéria
orgânica, deposição dos rejeitos em locais próximos as cavas e o processo de
recomposição do solo para a revegetação da área minerada.

7.1. Estocagem e Deposição de Solo Orgânico e Rejeitos

Na área de mineração é necessário que se faça o decapeamento, que consiste na


técnica de retirada de matéria orgânica para extração do material comercial. A
matéria orgânica é retirada da camada superficial do solo, os primeiros 30
centímetros. Composta de restos de vegetação (alguns animais também) como
sementes, folhas, ramos, caules, cascas de frutos em diferentes estádios de
decomposição.

Também são encontrados outros materiais de rejeitos nesse processo de


mineração, como matacões de tamanhos variados não aproveitados, que devem ser
depositados em um local apropriado para tal fim, de preferência na própria área
próxima a cava da mina em pátios criados para estas finalidades.

O pátio deve ser construído dentro da área de mineração próximo às cavas, em um


local mais elevado para evitar o acumulo de água, bem drenado, limpo e de fácil
acesso. Com a finalidade de armazenar a matéria orgânica e os rejeitos. Para que
não haja mistura destes materiais devem ser armazenados em pátios individuais e
identificados de acordo com sua qualificação. Para que posteriormente ao término
da extração estes materiais voltem a recompor a área minerada.

7.2. Recomposição do Solo

A recomposição do solo é o processo que visa uma estabilidade do sistema para


que este seja capaz de receber e sustentar a vegetação que será implantada.

10
7.2.1. Abrandamento Topográfico

A recomposição do relevo quando possível deve se iniciar assim que aparecerem as


áreas sem interesse mineral, nestas não será realizada mais nenhuma atividade de
extração. O que se busca com a recomposição do relevo é tornar a área
ambientalmente agradável, na percepção do ser humano, e esteticamente
harmoniosa, através inicialmente do abrandamento topográfico, estabilização das
encostas e o preenchimento das cavas com material de rejeito e estéril.

As obras de abrandamento topográfico amenizam os declives acentuados, tornando


a área mais favorável à recepção das mudas e sementes.
A recomposição topográfica tem como objetivo devolver uma composição
harmoniosa eliminando toda infra-estrutura desfigurante da paisagem e criar
condições de restabelecimento da vegetação original. A estabilização das encostas,
a formação de taludes com até 45º, o preenchimento das cavas com o material de
rejeito e matéria orgânica em conjunto com um sistema de drenagem são ações que
poderão proporcionar um relevo mais estável.

A área explorada apresenta uma topografia levemente inclinada, com paredes


formando ângulos de 90º e locais aplainados devido a ação de mineração. Os
trabalhos a serem realizados seguirão as características locais com o objetivo de
manter a mesma paisagem.

Desta forma as ações a serem tomadas serão:


• Enchimento das banquetas com material de rejeito nas camadas inferiores,
terra e matéria orgânica nas camadas superiores;
• Nas áreas com declive acentuado, nas paredes das cavas, com o objetivo de
evitar que a água das chuvas ganhe velocidade e causem processos
erosivos, serão construídos uma seqüência de taludes e platôs nivelados do
alto até a base;
• Na parte superior dos taludes serão feitos drenos em gradiente com
declividade de 1-2%, partindo do centro da área para as laterais, levando a
água coletada para as matas estabilizadas;

11
• Formação de talude com ângulo de 45º nas áreas de cavas para com
posterior recobrimento de matéria orgânica para plantio.

7.2.2. Preparo do Solo para a Revegetação

Esta operação deve ser realizada para dar ao solo minerado e remoldado,
condições mínimas para germinação e desenvolvimento das plantas e deve ser
realizada após a recomposição topográfica.

O solo deve ser preparado para a revegetação e conter e dar condições para que a
vegetação possa se desenvolver de maneira satisfatória. Na medida do possível,
deve-se buscar o solo removido das áreas de mineração para os pátios para serem
colocados nas áreas já mineradas que serão recuperadas. No caso de não haver
material armazenado nos pátios, principalmente devido ao fato que os rejeitos e as
matérias orgânicas não expressem grandes volumes, devem ser buscadas
alternativas para a preparação do solo. Deve-se sempre ter em mente, entretanto,
que o solo venha da própria área minerada.
No preparo do solo para a revegetação deverá ser feito um recobrimento da área
com rejeitos e matéria orgânica. Depois de depositada esta camada de solo será
colocada outra camada de material mais rico (esterco bovino retirado de currais),
Será usado uma proporção de 2 kg /m², para que as plantas tenham um melhor
acesso aos nutrientes. Essas camadas de reposição, matéria orgânica, rejeitos,
terras da própria área e adubo orgânico (esterco), juntas devem ter uma espessura
de 40 centímetros para a revegetação.
Os solos desta região apresentam um teor baixo do elemento fósforo < que 1 ppm.
Para acelerar o processo de formação será usado um adubo fosfatado com
liberação gradativa do elemento, Fostato de Araxá, na quantidade de 500 Kg/ha ou
seja 500 gramas/m².

O Calcário a ser usado será o Dolomítico na proporção de 3,0 ton/ha ou seja


300gr/m².

A incorporação dos fertilizantes e corretivos poderá ser feita ao mesmo tempo em


que se executa o preparo do solo.

12
Para o preparo do solo será feita uma gradagem na área plana atingindo uma
profundidade de 15 cm e incorporando os insumos.

Na área do talude serão feitos manualmente, com enxadas, sulcos em nível


espaçados de 0,40 em 0,40 cm onde serão depositados os fertilizantes, corretivos e
matéria orgânica. Os sulcos deverão ter uma dimensão de 10 por 10 cm. A
proporção do fertilizante Fosfatado será de 140gramas/10metros lineares de sulco,
de calcário será aplicado 1.200 gramas por 10 metros lineares de sulco e finalmente
para o esterco de curral curtido será aplicado,16 kg/10 metros lineares de sulco.

7.3. Revegetação

A revegetação será realizada com o objetivo de recuperar o meio ambiente, e


melhorar as características visuais, ambientais e de absorção de água, prejudicadas
durante o processo de mineração. Com este processo, consegue-se evitar grande
parte da erosão, evitar a poluição das águas e promover o retorno da vida
selvagem. É por causa disto que se utilizam espécies nativas, que tornarão o
ambiente o mais próximo possível do original, criando assim um refúgio para a flora
e fauna.
A vegetação que será instalada nas áreas terá sua distribuição orientada pelas
condições topográficas locais, pois os taludes devem receber gramíneas
leguminosas e pequenos arbustos, que tenham rápido crescimento e possam conter
satisfatoriamente a erosão do solo. Nas áreas planas, prefere-se a revegetação com
espécies arbustivas e arbóreas, bem como leguminosas, que contribuirão para a
fixação de nitrogênio no solo.

A revegetação é o principal item da recuperação de uma área degradada, é através


do revestimento vegetativo que se diminuem os impactos provocados sobre os
recursos naturais. A prática correta é a implantação de essências florestais nativas e
plantas nascidas de sementeiras.

No caso específico da área em questão será feito um enriquecimento com espécies


pioneiras e secundárias iniciais na área de pastagem, pois estas espécies têm um

13
crescimento rápido, o que leva a um sombreamento rápido e a uma diminuição da
competição com as gramíneas.

A capacidade de recuperação das condições naturais de uma vegetação depende


da existência de matas remanescentes e da quantidade de propágulos (sementes e
órgãos vegetativos). Quando existe esta condição aliada a um plantio de espécies
nativas a recuperação torna-se acelerada.

O processo de sucessão na regeneração de uma área se inicia quando esta é


colonizada por determinadas espécies chamadas de pioneiras. À medida que o
ambiente é alterado por estas primeiras espécies, elas vão sendo substituídas por
outras, chamadas de secundárias. Após estas, vêm as clímax que constituem o
ambiente maduro. Em alguns casos esta sucessão de espécies se dá em etapas
distintas, em outras podem ocorrer ao mesmo tempo, aproveitando-se da
diversidade de ambientes oferecidos.

7.3.1. Escolha das Espécies

As espécies a serem plantadas neste local devem ser aquelas que ocorrem
naturalmente nas condições de clima, solo e umidade semelhantes às da área a ser
reflorestada.

Neste trabalho de revegetação alguns procedimentos gerais serão seguidos:

1) Uso de espécies nativas de ocorrência regional e algumas frutíferas;

2) Utilização de várias espécies, para promover a diversidade e a conservação dos


recursos genéticos; e,

3) Preferencialmente, usar mudas se possível vindas de sementes colhidas de


florestas naturais de outras regiões do Alto São Francisco para minimizar os efeitos
de consangüinidade.

14
Grupo Ecofisiológicos de Espécies

O conceito de sucessão ecológica fornece um valioso fundamento para desenvolver


um bom programa de recuperação. O processo sucessional é a força motora que
leva o ecossistema que foi estabelecido durante a recuperação em direção a uma
condição produtiva e auto-sustentável (REDENTE et al. 1993).

Uma das primeiras classificações utilizadas para reunião de espécies em grupos


ecofisiológicos foi realizada por BUDOWSKI (1965). Segundo este autor, as
espécies foram classificadas, segundo o estágio sucessional, como: pioneiras,
secundárias iniciais, secundárias tardias e clímax. Outros autores também
trabalharam o conceito de grupos ecofisiológicos de espécies (VAN DERPIJL, 1972;
BAZZAZ & PIQKETT, 1980; DENSLOW, 1987; SWAINE & WHITMORE, 1988;
MARINEZ- RAMOS et Alii, 1989; GANDOLFI, 1991; GONÇALVES et Alii, 1992).
Segundo critérios estabelecidos as espécies seriam divididas em quatro grupos:

Espécies Pioneiras

• Desenvolvem-se em clareiras, bordas ou locais abertos;


• Pequeno número de espécies;
• Grande densidade de plantas por hectares;
• Pequeno ciclo de vida (10-20 anos);
• Dispersão de sementes por agentes generalistas;
• Viabilidade das sementes (longa);
• Grande produção de sementes;
• Sementes em geral pequenas;
• Altas taxas de crescimento vegetativo;
• Sistemas radiculares de absorção mais desenvolvidos;
• Alta plasticidade fenotípica;
• Ampla amplitude ecológica (dispersão geográfica);
• Raramente formam associação micorrízica.

15
Secundárias Iniciais

• Desenvolvem-se em locais semi-abertos;


• Aceitam somente o sombreamento parcial;
• Convivem com as pioneiras (em menor densidade nas fases iniciais da
sucessão florestal);
• Grupo mais representativo nos estágios médios de sucessão.

Secundárias Tardias

• Desenvolvem-se exclusivamente em sub-bosque, em áreas


permanentemente sombreadas;
• Suas mudas vão compor o banco de plântulas da floresta;
• Iniciam sua presença em estágios médios de sucessão;
• São geralmente árvores de grande porte;
• Suas sementes são dispersas por gravidade e por alguns grupos de animais.

Espécies Clímax

• Regeneram-se e se desenvolvem em plena sombra;


• Suas sementes possuem geralmente pequena viabilidade e raramente
apresentam algum tipo de dormência;
• Sementes dispersas por gravidade, mamíferos e roedores;
• Apresentam baixa densidade por área;
• Existe um grande número de espécies deste grupo em florestas primárias e
nos estágios avançados de sucessão;
• Em pequenos fragmentos florestais isolados são geralmente espécies raras;
• Ciclo de vida longo;
• Não necessitam de clareiras para sua regeneração;
• Definem a estrutura final da floresta;
• Crescimento vegetativo lento, alta densidade da madeira;
• Presença de sistema radicular atrofiado, com poucas raízes de absorção;

16
Depois de uma análise e de acordo com o levantamento florístico local foram
escolhidas as seguintes espécies para recomposição vegetal:

Espécies Nativas

Quadro 1: Espécies nativas


Categoria Suporta
Nome popular Nome científico
sucessional encharcamento
Ipê Tabebuia sp. Secundária Inicial

Angá Inga sp. Secundária inicial x


Paineira Chorisia sp. Secundária inicial

Cedro Cedrela fissilis Secundária tardia

Óleo de Copaíba Copaifera langsdorffii Secundária

Jenipapo Genipa americana Secundária inicial x


Aroeira Astronium sp. Pioneira

Tamboril Enterolobium sp. Pioneira

Canela Nectandra sp. Secundária Tardia

Angico Anadenanthera sp. Secundária Inicial

Sangra D´água Cróton urucurana Pioneira

Monjolo Piptadenia sp. Pioneira

Jequitibá Caraniana sp. Secundária inicial

Goiabeira Psidium sp. Pioneira

Categoria Sucessional

Espécies Pioneira e Secundária inicial: Espécies de crescimento rápido, muito


exigentes em luminosidade para seu desenvolvimento.

Espécies Secundária: Espécies que necessitam de sombreamento quando em fase


inicial de crescimento, sendo que na fase adulta necessitam de grande
luminosidade.

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Espécies Clímax: Espécies que necessitam de sombreamento em todas as fases da
sua existência.

7.3.2. Plantio

Espaçamento de plantio

O espaçamento entre as mudas que serão plantadas será de 4,0 metros entre as
linhas e de 4,0 metros na linha de plantio.

3,0 m 3,0 m

3,0m

O Esquema de Plantio

Neste caso serão usados grupos de pioneiras e não pioneiras alternados na linha de
plantio (tipo quincôncio). Na linha seguinte, altera-se a ordem em relação à linha
anterior. Dentro de cada um dos grupos podem-se distribuir as espécies ao acaso
ou sistematicamente, da mesma forma que no modelo anterior.
A grande vantagem desse modelo é a distribuição mais uniforme dos dois grupos na
área, promovendo um sombreamento mais regular. No entanto, exige um cuidado
maior na implantação dentro da linha e nas entre as linhas. É sempre importante
que as espécies Secundárias Tardias e Clímax fiquem sempre circundadas por
espécies pioneiras ou secundárias iniciais.

Na mistura das espécies para serem levadas ao campo serão utilizadas 80% de
pioneiras e o restante de secundárias em geral. Durante o plantio no campo deve-se
sempre colocar as espécies secundárias próximas de 4 exemplares de espécies
pioneiras.

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Desenho Esquemático

P SI P SI P SI P SI P SI
SI P ST P C P ST P SI P
P SI P SI P SI P SI P SI

P = Espécie Pioneira
SI = Espécies Secundária Inicial
ST= Secundária Tardia
C = Clímax

Dimensão das Covas

As covas de plantio deverão ser marcadas de acordo com o método e o


espaçamento a serem usados. O plantio será feito em covas de 0,4 m de
profundidade x 0,6 m de largura x 0,6 m de comprimento.

Amarrar a muda ao tutor

Dim ensão da cova

Abertura e Preparo da Cova

Na abertura da cova deverá ser separado o solo superficial, os primeiros 30 cm a


este será misturado o fertilizante químico, 250 gramas do adubo fosfatado e 2,5
quilos de esterco de gado curtido, esta adubação será feita com o intuito de acelerar
o processo de pegamento da muda. Após preparada a cova a muda será plantada

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sem a embalagem plástica, que deverá ser recolhida e levada a um depósito de lixo
na zona urbana.

Tutor

O tutor para as mudas poderá ser uma estaca de bambu com uma altura de 1,5
metros. As mudas depois de plantadas serão amarradas a este tutor. Esta ação visa
o não tombamento das mudas.

Cobertura Morta

Após o plantio será distribuído sobre o solo, ao redor num raio de 50 cm das mudas
implantadas uma camada de cobertura morta, com o objetivo de diminuir o impacto
da chuva, amenizar o aparecimento de plantas invasoras e garantir a umidade em
períodos secos. A cobertura morta a ser usada será o próprio capim retirado do local
da cova.

Controle de Formigas

Antes e após o plantio será feito um controle de formigas em toda a área de


abrangência e no entorno da área que se encontra em processo de recuperação e
para tal serão usadas isca formicida em períodos mais secos e formicida em pó
diretamente nos olheiros, nos períodos chuva.

Cercamento da Área

Não haverá necessidade de cercamento da área.

7.4. Revegetação do Talude

Para os taludes além das espécies arbóreas deverão ser usadas gramíneas e
leguminosas com a finalidade de recobrir rapidamente o solo exposto. Será usada a
seguinte mistura de gramíneas e leguminosas para semeadura:

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Gramíneas
Nome popular Nome científico
Capim Meloso Melinis minutiflora
Capim Jaraguá Hiparrenia rufa

Leguminosas
Nome popular Nome científico
Soja perene Glicine javanica
Mucuna Preta Stilozobium aterrimum
Feijão Guandu Lajanus cajan

A proporção a ser usada desta mistura de sementes é de 60% de gramíneas e 40%


de leguminosas sendo pelo menos 50 kg/há da mistura.

7.5. Monitoramento

Para que a operação de recuperação da área tenha êxito é importante que se faça
um acompanhamento do estado das mudas instaladas e do seu desenvolvimento,
pois nem todas as mudas pegam ou se desenvolvem, havendo necessidade muitas
vezes de substitui-las.

Após o plantio a área exige um tratamento para assegurar a manutenção e o êxito


da revegetação. As seguintes medidas devem ser implantadas:

• Controlar a invasão de ervas (capina em volta da muda);


• Irrigar se necessário;
• Controlar formigas com defensivos específicos;
• Substituição de mudas se necessário;
• Fazer aceiro em toda a extensão da cerca de divisa, largura de 3 metros.

As mudas deverão ser capinadas nos meses de Janeiro e Março e pelo menos
durante os 5 anos após a sua implantação.

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7.6. Relatórios de Vistoria

Serão realizados relatórios de visita e avaliação. Os relatórios deverão conter no


mínimo, taxa de mortalidade, número de mudas pegas em relação ao total o
estágio de desenvolvimento das mesmas, espécies mais freqüentes e diagnosticar o
aparecimento de novas espécies de forma espontânea (regeneração natural).
Também deverá conter a verificação da realização das práticas de manutenção da
área.

Os relatórios terão periodicidade de 6 meses no primeiro ano e anual a partir deste e


deverão ser entregues ao IEF.

Os relatórios serão elaborados por profissional habilitado.

7.7. Origem das Sementes e Mudas

As mudas poderão ser encontradas nos Viveiros do instituto Estadual de Florestas


de Minas Gerais. Viveiro de Corumbá em Arcos e Viveiro de Divinópolis. As mudas
poderão também ser encontradas em viveiros particulares da região.

As mudas deverão ser encomendadas com antecedência, por causa da grande


demanda e pouca oferta de mudas de nativas nos viveiros regionais.

8. Cronograma de Execução Física

Existe uma dependência do período chuvoso para que se tenha êxito na


recuperação de uma área degradada. Na região este período se estende de
Outubro a Março e é nesta época que devem ser plantadas as mudas.

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Quadro 2: Cronograma de Ações
Época da realização
Atividades / meses Jul Set Out Nov Jan Mar
Marcação e limpeza da cova x
Abertura e preparo da cova x
Aquisição das mudas x
Plantio x
Capina das mudas x x x
Controle de formiga x x x x
Replantio x
Adubação de cobertura x x

9. Destinação final do lixo

O lixo não orgânico gerado e os saquinhos de acondicionamento das mudas serão


recolhidos após o plantio, colocados em sacos maiores e levados ao depósito de
lixo da cidade de Pains ou da cidade mais próxima.

10. Conclusão

Seguindo todos os passos descritos acima será garantida a rápida e permanente


restauração do meio ambiente local. A fase inicial após o plantio deve ser a mais
monitorada, repondo as essências nativas se necessário e levando mais
serrapilheira.

Deve-se sempre lembrar que a manutenção da área plantada fica dependente de


interferências humanas, como replantio, controle de formigas e controle de fogo,
durante um período de pelo menos 4 anos após o plantio.

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Fernando Antonio Sasdelli Gonçalves


Engº Agrônomo CREA 54.019/D
Tel. contato (37) 3261.2723 / (37) 8804.3025

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