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1 DESCRIÇÃO DO CRITÉRIO
O critério População é apurado pela Fundação João Pinheiro 2 – FJP –, com base
nos dados fornecidos pelo IBGE, e sua forma de apuração não foi alterada pela Lei
nº 18.030, de 2009, comparativamente à lei que a antecedeu, ou seja, a Lei nº
13.803, de 20003, a chamada Lei Robin Hood (art. 1º, III). Entretanto, à luz da citada
lei anterior, seu percentual era 0,01p.p. maior, ou seja, era de 2,71%.
Esse critério contribui para diminuir a tendência à concentração representada pelo cri-
tério VAF. O VAF representa o movimento econômico do município, ou seja, o potencial
de cada município para gerar receitas públicas. Os municípios com maior atividade eco-
nômica, portanto, são aqueles que têm maior potencial para gerar maior arrecadação do
ICMS (receita de tributo, isto é, receita pública derivada). Nesse sentido, os municí-pios
com VAF mais alto terão aptidão para receber maior percentual de transferência
1 MINAS GERAIS. Lei nº 18.030, de 12 de janeiro de 2009. Dispõe sobre a distribuição da parcela da receita do
produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios.
2 FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Centro de Estudos de Políticas Públicas. Distribuição de ICMS aos municípios
do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2013. (Banco de Dados.)
3 MINAS GERAIS. Lei nº 13.803, de 27 de dezembro de 2000. Dispõe sobre a distribuição da parcela da receita
do produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios.
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de ICMS, pela regra do art. 158, parágrafo único, I, da Constituição Federal 4,
positivada aqui em Minas na Constituição do Estado 5, em seu art. 150, §1º, I, bem
como por meio da Lei nº 18.030, de 2009, em seu art. 1º, I. Ocorre que outro viés do
VAF é que os municípios que têm tal valor mais elevado não necessariamente são
aqueles que têm maior população. Vejamos alguns exemplos:
Tabela 1 – VAF per capita em três municípios escolhidos – Minas Gerais, 2012
Município
Jeceaba
Alfredo Vasconcelos
Mário Campos
Fonte: MINAS GERAIS. Assembleia Legislativa. Diretoria de Processo Legislativo. Gerência-Geral de Consultoria Temática.
Fontes primárias:
(1) IBGE.
(2)FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Centro de Estudos de Políticas Públicas. Distribuição de ICMS aos municípios do
Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2013. (Banco de Dados.)
Convém, ainda, a título ilustrativo, fazer um contraponto com uma das espécies de
transferências constitucionais, prevista no art. 159, I, “b”, da Constituição Federal.
Re-ferida transferência constitucional é de extrema importância para os municípios e
é feita pela União, relativamente a um percentual da arrecadação de impostos
federais (Imposto de Renda – IR – e Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI)
destinado ao Fundo de Participação dos Municípios – FPM.
4 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Belo Horizonte: Assembleia
Legislativa de Minas Gerais, 2012.
5 MINAS GERAIS. Constituição (1989). Constituição do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: Assembleia
Legislativa do Estado de Minas Gerais, 2012.
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A distribuição de recursos ao citado FPM leva em consideração a população dos municí- F
pios, situando-a em faixas a cada uma das quais é atribuído um coeficiente. Ainda sobre o P
M, no que se refere às capitais, além da população, a renda per capita também é
Por outro lado, se analisarmos o ICMS Solidário, em especial à luz do critério População,
este permite um incremento na distribuição do imposto, no sentido oposto à distorção
citada, pois se está tratando da relação percentual entre a população residente no mu-
nicípio e a população total do Estado. Nesse sentido, um município mais populoso, ao
menos em tese, demandará mais recursos para suprir custos de, por exemplo, serviços
públicos. Assim, se receber uma destinação de ICMS conforme essa demanda (refletida
pelo critério População), estaremos diante de um mecanismo de melhor distribuição dos
recursos do tributo. E o fato de um município que já recebe pelo critério População vir a
receber também pelo critério População dos 50 Municípios mais Populosos, ao menos em
tese, só reforça esse argumento. Tais critérios, somados, equivalem a 4,70%.
Cabe ressaltar que essa distorção é maior nos municípios menos populosos do Estado.
Dessa feita, o FPM traz distorção para o município que fica no limite superior da faixa. O
critério população da lei do ICMS solidário diminui isso, especialmente se combinada com
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a adoção desse critério para municípios que têm população elevada, mas baixa
ativi-dade econômica, como aqueles que têm característica de cidade-dormitório,
como o Município de Ribeirão das Neves. No entanto, tal critério não é isento de
críticas, pois pode haver um município com população elevada, mas também
atividade econômica elevada, como o Município de Betim, o que não refletiria um
caráter tão expressivo de diminuição da concentração que o VAF representa,
conforme explicitado no relatório do critério População dos 50 mais populosos.
Assim, o critério População objetiva reduzir a concentração dos recursos. De toda for-ma,
a redução é louvável, especialmente considerando-se, conforme doutrina citada, que a
norma constitucional que determinou a repartição da receita tributária do ICMS, no que se
refere à parcela sobre a qual o estado tem autonomia na determinação dos critérios de
distribuição do referido imposto aos municípios (art. 158, parágrafo único, II, da
Constituição Federal), buscou evitar a guerra fiscal entre esses.
6 CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. 15. ed. rev. amp. até a Emenda Constitucional 67/2011, e de acordo com a
Lei Complementar 87/1996, com suas ulteriores modificações. São Paulo: Malheiros Editores, 2011. p. 678.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Belo
CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. 15. ed. rev. amp. até a Emenda
Constitucional 67/2011, e de acordo com a Lei Complementar 87/1996, com
suas ulteriores modificações. São Paulo: Malheiros Editores, 2011. p. 678.
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