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Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.


ISSN 1981-9919 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
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RELAÇÃO DA SÍNDROME DE DOWN COM A OBESIDADE


1,2, 1,3, 4
Aclesia Lima Chaves Cíntia Kátia Campos Antonio Coppi Navarro

RESUMO ABSTRACT

Objetivo. A alta prevalência de Obesidade em Relation of the syndrome of Down with the
pacientes com Síndrome de Down tem sido obesity
descrita em vários paises. O presente estudo
tem como principal objetivo fazer uma revisão Objective. The high prevalence of obesity in
da literatura científica sobre Síndrome de patients with Down syndrome has been
Down e obesidade. Revisão da Literatura. A described in several countries. This study has
obesidade pode ser definida de forma objetiva as its main objective to review the scientific
como a situação orgânica de excesso de literature on Down syndrome and obesity.
tecido adiposo. Os pacientes com Síndrome Review for Literature. Obesity can be defined
de Down têm uma regra geral, tendência para so as objectively as organic situation of excess
o excesso de peso nos Estados Unidos da fat. Patients with Down syndrome have a rule,
América, por exemplo, onde dados a respeito the tendency to excess weight in the United
deste problema estão disponíveis, por volta States, for example, where data concerning
dos nove anos de idade, uma boa parte das this problem are available, at around nine
crianças com Síndrome de Down esta acima years of age, a large part of children Down
do percentual 95 para o peso. Nos adultos Syndrome this percentage above 95 in weight.
com Síndrome de Down, a obesidade costuma In adults with Down syndrome, obesity tends to
ser um problema importante. Estudos mostram be a major problem. Studies show that 96% of
que 96% das mulheres e 71% dos homens women and 71% of men have weight above
apresentam peso acima do desejável. Os the desejável. Os thyroid disorders has been
distúrbios da tireóide têm sido associados à associated with Down syndrome (DS), 28 to
Síndrome de Down (SD) em 28 a 64% dos 64% of adults affected. The changes in thyroid
adultos acometidos. As alterações da tireóide bearers of the Down syndrome were reported
nos portadores da Síndrome de Down foram by many authors. The clinical manifestations
relatadas por muitos autores. As can vary from hyperthyroidism to
manifestações clinicas podem variar do hypothyroidism, the latter being the most
hipertireoidismo ao hipotireoidismo, sendo este frequent. Conclusion. It should be noted, but
ultimo o mais freqüente. Conclusão. Deve-se that and the possible conversion of obesity in
ressaltar porem, que e possível à conversão carriers of the syndrome down. The control can
de obesidade em portadores da Síndrome de be difficult in cases of hypotonia, hypoactivity
down. O controle pode ser difícil nos casos de that may have reduced calorie expenditure.
hipotonia, hipoatividade que pode ter reduzido Recalling that the approach of obesity must be
gasto calórico. Lembrando que a abordagem made in education of the patient and the
da obesidade deve ser feita por educação do family, restriction diet, exercise and possibly
paciente e da família, restrição dietética, drugs.
exercícios físicos e, eventualmente
medicamentos.
Key words: Down's Syndrome, Obesity, and
Palavras-chave: Síndrome de Down, Chronic radiation enteritis treatment.
Obesidade, Dietoterapia e Tratamento.

1- Programa de Pós-Graduação Lato Sensu Endereço para correspondência:


em Obesidade e Emagrecimento da aclesianutricao@yahoo.com.br
Universidade Gama Filho - UGF cintiacampos@yahoo.com.br
2- Bacharel em Nutrição pela Universidade ac-navarro@uol.com.br
Três Corações – UNICOR – MG
3- Bacharel em Nutrição pelo Centro 4- Programa de Pos- Graduação Strito Sensu
Universitário de Formiga – UNIFOR - MG em Engenharia Biomédica da UMC

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.2, n. 11, p.412-422, Set/Out. 2008. ISSN 1981-9919.
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INTRODUÇÃO cientifica sobre a Síndrome de Down e


obesidade. Pretende-se verificar por que
Descrita primeiramente em 1866 pelo crianças portadoras da Síndrome estão
medico inglês John Langdon Down, a predispostas a se tornarem crianças obesas.
Síndrome de Down ou trissomia do 21 e a
anormalidade cromossômica mais freqüente Síndrome de Down
em seres humanos, com uma incidência de
cerca de 1 em 700 nascimentos (Diament, Nas últimas décadas alguns estudos
1998). procuravam envolver levantamentos na
No Brasil nascem cerca de 8 mil bebes tentativa de fornecer subsídios que possam
portadores dessa síndrome por ano, sendo servir de referência na análise de variáveis
esta alteração genética mais comum na faixa relacionadas ao peso corporal, em indivíduos
etária pediátrica (Carakushansky, 2001). portadores da Síndrome de Down.
A obesidade e uma patologia cuja A Síndrome de Down é um defeito
prevalência, em alguns paises, já esta sendo congênito resultante da trissomia do
considerada um problema de saúde publica. cromossomo 21, que pode ocorrer tanto antes
Dados brasileiros mostram que houve um quanto após a formação da célula inicial. Esta
aumento na freqüência da obesidade entre trissomia possui três variações, a) Disjunção
crianças de dois a dez anos nos últimos anos simples, b) Mosaicismo e Translocação, não
(Taddei, citado por Schwartzman e vitolo, diferindo quanto aos sinais clínicos e sendo
2004). identificada somente com teste de cariótipo
Os pacientes com Síndrome de Down (Colley e Graham,1991).
têm como regra geral tendência para o Conhecida também como trissomia do
excesso de peso. Nos Estados Unidos, por cromossomo humano 21 (CH21), a Síndrome
exemplo, onde dados a respeito deste de Down pode variar quanto à intensidade e
problema estão disponíveis, por volta de 9 manifestação de fenótipos característicos à
anos de idade, uma boa parte das crianças síndrome, podendo inclusive, não haver
com síndrome de Down esta acima do manifestação do mesmo, ou seja, o indivíduo
percentual 95 para peso (Luke e ser portador de trissomia parcial e não
colaboradores citado por Schwartzman, 2003). manifestar suas principais características
Observa-se ultimamente, a físicas (Stratford, 1997).
preocupação em informar, mudar atitudes e O cromossomo humano 21 é o mais
criar oportunidades para estimular estudado dentre os 23 pares de cromossomos
comportamentos saudáveis no cotidiano de humanos, conforme revisão publicada pela
pessoas com Síndrome de Down, por meio de revista Genomics em 1998, correspondendo a
atividades que promovam o controle do 30% de seus artigos, publicados entre os anos
estresse, alimentação adequada, boa higiene, de 1987 e 1997. Além da expressão da
independência nas tarefas diárias síndrome de Down, devido a sua triplicação,
espiritualidade e atividades físicas regulares este cromossomo expressa vários genes
(Rimmer, citado por Marques e Nahas,1999). importantes, tais como: holocarboxilase
Acreditamos que o atendimento a ser sintase (gene que codifica enzimas
oferecido a estes pacientes deva ser responsáveis pelo catabolismo da biotina e
preventivo sempre que possível, no sentido de incorporação de várias carboxilases
evitarem-se varias situações sabidamente envolvendo a síntese de ácidos graxos,
mais freqüentes nos pacientes com Síndrome gliconeogênese e catabolismo de
de Down e passiveis de tratamento, quando aminoácidos); regulação do canal de potássio;
precocemente identificadas. Oferecer na superóxido dismutase; regulação autoimune;
medida do possível, um acompanhamento que homocisteinúria, dentre outros (Antonarakis,
lhes garanta a manutenção de uma condição 1998).
de vida mais saudável possível e que previna Antonarakis em revisão em 1998, diz
a ocorrência de complicações habituais e, que a Síndrome de Down pode ser
eventualmente, severas (Schwartzman, diagnosticada logo após o nascimento devido
2003). à manifestação de seus principais fenótipos,
Este trabalho tem como principal como: hipotonia muscular generalizada,
objetivo fazer uma revisão da literatura occipital achatado, pescoço curto e grosso,

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prega única na palma das mãos, pré-natal, mas que o excesso de peso se
comprometimento no comprimento e retardo origine após o nascimento.
mental. Os familiares nem sempre sabem que Estudos têm procurado elucidar os
a criança é portadora da síndrome de Down, mecanismos envolvidos na fisiopatologia de
ou ainda, o que realmente é a Síndrome de doenças associadas a essa síndrome, assim
Down, já que, popularmente esta ainda é como os fatores contribuintes para o
denominada de mongolismo. comprometimento do crescimento e
Estudos citogenéticos de gametas desenvolvimento. Nesse sentido, têm sido
humanos ajudam a entender a razão do demonstradas alterações na função e
número elevado de gestações que não metabolismo dos hormônios da glândula
chegam a bom termo, pois mostram que cerca tireóide, caracterizando o hipotireoidismo
de 10% dos espermatozóides e 25% dos subclínico (Kanavin e colaboradores, 2000).
oocitos maduros tem alguma anormalidade As alterações da tireóide em pacientes
cromossômica (Martin e colaboradores, 1987; adultas portadores da Síndrome de Down
Pellestor, 1991). ocorrem em 28 a 64% dos casos (Zori, 1994).
Conforme dados censitários do ano Causado por uma queda na produção
2000, cerca de 2,9 milhões de brasileiros são dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4
deficientes mentais, não importando a (tiroxina) pela tireóide, o hipotireoidismo pode
magnitude. Porém não foi realizado maior provocar fadiga, aumento de peso, intolerância
detalhamento quanto os tipos de deficiências. ao frio, ressecamento da pele, queda dos
Sabe-se que a Síndrome de Down é uma das cabelos, aumento das taxas de colesterol e do
principais causas de deficiência mental. fluxo menstrual, além de infertilidade e
Quando algumas células possuem depressão. Estes sintomas, nem sempre estão
Trissomia e outras não, ou seja, quando todos os presentes, o que torna necessário
acontece uma distribuição irregular do pesquisar disfunção tiroidiana diante de
cromossomo 21 na segunda ou na terceira qualquer um deles (Jacob e colaboradores,
divisão celular, algumas células da criança 1994).
serão normais e outras trissômicas. Isso se Segundo Torrado e colaboradores,
denomina Trissomia 21/Mosaico normal, ou (1994) alguns estudos sugerem que haja uma
Mosaicismo. Estas crianças apresentam redução nas concentrações de Hormônios de
características parciais da Síndrome de Down crescimento (HC). Em anos recentes o
(Mustacchi,1997). hormônio do crescimento tem sido utilizado
para aumentar a velocidade de crescimento
Alteração clinica em crianças, inclusive portadoras da Síndrome
de Down, com baixa estatura e sem
Ao nascimento, bebes com Síndrome deficiência laboratorial de hormônio do
de Down demonstraram discreto retardo no crescimento.
crescimento, com peso, comprimento As crianças com Síndrome de Down
encefálico habitualmente entre o 10° e o 15° mostram aumentos no ganho de altura e
percentis, calculados com relação aos dados perímetro cefálico após um ano de tratamento.
de crianças sem alterações cromossômicas. Em 16 crianças tratadas desde os seis a nove
Gráficos de percentis para peso, altura, meses de idade, por um período de dois anos,
perímetro cefálico e relação peso/ altura foram a media de altura deslocou-se do percentil 50
obtidos utilizando-se os dados referentes a obtidos no inicio do tratamento, para o
688 bebes com síndrome de Down nascido percentil 95 (corrigido para Síndrome de
consecutivamente e comparados aos dados Down) (Anneren e colaboradores, 1993).
de 6890 crianças-controle (Clementi e Além do atraso no desenvolvimento,
colaboradores, citado por Schwartzman, outros problemas de saúde podem ocorrer no
2003). portador da síndrome de Down: cardiopatia
Os resultados obtidos mostram que as congênita (40%); hipotonia (100%); problemas
crianças com Síndrome de Down tem de audição (50 a 70%); de visão (15 a 50%);
percentis mais baixos no que se refere aos alterações na coluna cervical (1 a 10%);
dados para altura e peso, porém não no que distúrbios da tireóide (15%); problemas
se refere a relação peso/ altura, sugerindo que neurológicos (5 a 10%); obesidade e
esta diminuição no crescimento tenha origem

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envelhecimento precoce (Moreira Lima e vêm a contribuir para um melhor desempenho


colaboradores, 2000). da criança em todas as suas atividades.
Vários trabalhos têm demonstrado Alem de haver uma incidência maior
alterações na distribuição tecidual de zinco em de cardiopatias congênitas na Síndrome de
indivíduos que apresentam Síndrome de Down, há também a predominância de
Down, o que exerceria papel de extrema defeitos mais severos quando comparados
relevância em grande parte das manifestações com os tipos de defeitos que ocorrem na
clínicas dessa síndrome (Raynério e população geral.enquanto que defeitos septo
colaboradores, 2006). ventricular predominam nos dois grupos, na
Segundo (Dias e colaboradores, 2005) Síndrome de Down costuma se apresentar de
na síndrome de Down, são freqüentes valores forma mais severa do que na população não
de TSH discretamente elevados e instáveis, Down (Wilson e colaboradores, 1993).
sendo suas etiologias variáveis. A presença de Alterações oculares são bastante
ATPO mostrou-se importante no seguimento freqüentes na Síndrome de Down e podem
dessas crianças pelo risco potencial de representar desde pequenas anomalias ate
evolução para doença tireoidiana manifesta. problemas sérios que merecem o diagnostico
Os pacientes com Síndrome de Down mais precoce com a instituição imediata dos
têm como regra geral, tendência para o tratamentos adequados (Schwartzman, 2003)
excesso de peso. Nos Estados Unidos da É comum a criança com Síndrome de
América, por exemplo, onde dados a respeito Down apresentar problemas visuais. Cerca de
deste problema estão disponíveis, por volta 50% delas têm dificuldade na visão para
dos nove anos de idade, uma boa parte das longe, e 20% na visão para perto. Os
crianças com Síndrome de Down esta acima problemas mais comuns são a miopia,
do percentual 95 para peso (Cronk e hipermetropia, astigmatismo, estrabismo,
colaboradores, citado por Schwartzman, ambliopia, nistagmo ou catarata. Algumas
2003). crianças têm apresentado também obstrução
Luke e colaboradores (1994) dos canais lacrimais (McCoy, 1992).
demonstraram que a taxa metabólica em Portanto e recomendável que toda
repouso nas crianças com síndrome de Down criança com Síndrome de Down passem por
e menor, a despeito de um nível de atividade um exame oftalmológico de rotina dentro do
física similar. Estes dados levariam a supor primeiro ano de vida (Hammond e Millis,
que apenas a instalação de hábitos 1996). Minha conduta tem sido a de fazer um
alimentares saudáveis poderia não ser primeiro exame logo após o nascimento.
suficiente para evitar-se a obesidade em Segundo dados relatados por (Brooks
alguns indivíduos com Síndrome de Down. e colaboradores 1972), entre 100 indivíduos
A estreita relação entre distúrbios com Síndrome de Down com idades variando
tireoidianos e Síndrome de Down e um fato de 12 meses a 59 anos, apenas 23%
bastante documentado na literatura cientifica. apresentavam audição normal do ouvido
O presente estudo mostrou uma prevalência médio, comparados a 75% do grupo utilizado
significativa (39%) de disfunção tireoidiana em como controle. Nos pacientes acima de 21
pacientes com Síndrome de Down, o que e anos, 55% dos indivíduos do grupo Down
semelhante aos dados de outros estudos que apresentavam perdas neuro-sensoriais contra
consideram a elevação de TSH como uma apenas 10% do grupo controle. Por estes
disfunção da tireóide (Dias e colaboradores, dados, Brooks e colaboradores concluíram
2005). que perdas auditivas neuro-sensoriais em
Segundo Mustacchi (1997), as indivíduos com Síndrome de Down podem se
cardiopatias congênitas estão presentes em desenvolver mais tarde e que o risco de
aproximadamente 50% dos casos. É muito desenvolvimento desta perda e maior na
importante que ela seja detectada com Síndrome de Down do que em indivíduos com
urgência, para que a criança possa ser outras causas de deficiência mental.
encaminhada para a cirurgia cardíaca em Entre 2% -5% dos bebês com
tempo hábil. É comum a resistência dos pais Síndrome de Down apresentam atresia
nesse aspecto, porém, os resultados obtidos duodenal e, por outro lado, 20% a 30% de
após a cirurgia na maioria são positivos e só todas as crianças com atresia duodenal tem

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trissomia 21 (Fonkalsrud e colaboradores, A obesidade infanto-juvenil ocorre por


1969). vários motivos, principalmente a predisposição
genética e o sedentarismo, onde a grande
Obesidade maioria dos casos, o excesso de comida leva
a criança à obesidade. Se não forem tomadas
Segundo a Organização Mundial de providências desde a idade infantil, com
Saúde (OMS), a obesidade é considerada a certeza a criança com sobrepeso se tornará
doença do século XXI, dado pelo seu aumento um adulto obeso (Oliveira e colaboradores,
considerado na população e em todas as 2003).
idéias nas últimas décadas. Atualmente existe Muitas são as prováveis causas do
uma grande preocupação com crianças sobrepeso da criança. O aumento no consumo
obesas devidas o risco de adquirir doenças de alimentos ricos em gorduras, com alto valor
cardiovasculares como a aterosclerose. Essa calórico, diminuição da pratica de exercícios
doença altera as artérias dificultando a físicos, relação familiar instável, tempo de
passagem sangüínea na cavidade vascular televisão diária, aumento da violência,
(Garidad, e colaboradores. 2001). avanços tecnológicos da sociedade moderna.
Assim observa-se que o aumento no número
Classificação da obesidade de acordo com de crianças obesas esta bastante relacionada
suas causas a mudanças no estilo de vida e aos hábitos
alimentares. São fatores que devem ser
A obesidade pode ser classificada de considerados na determinação do crescimento
acordo com suas causas (Fontana, 2006): - da obesidade infantil (Taddei, 1995).
Obesidade por Distúrbio Nutricional: Dietas Varias complicações podem ocorrer na
ricas em gordura e Dietas de lancherias; - saúde de uma criança com sobrepeso. A
Obesidade por inatividade Física: obesidade infantil pode acarretar e elevação
Sedentarismo; incapacidade obrigatória e dos triglicerídeos e do colesterol, alterações
idade avançada; - Obesidade Secundária a ortopédicas, problemas respiratórios, diabetes
alterações Endócrinas: Hipotireoidismo; mellitus, hipertensão arterial, entre outros
Ovários policísticos e Déficit de hormônio de distúrbios. A maioria das complicações da
crescimento; - Obesidade Secundária: obesidade iniciadas na infância e na
Sedentarismo; vários tipos de drogas e cirurgia adolescência acaba se manifestando na fase
hipotalâmica. - Obesidade de Causa Genética: adulta, levando ao aumento da
Autossômica recessiva; ligada ao cromossomo morbimortalidade e a diminuição da esperança
x; Cromossômicas (Prader-Willi). de vida (Escrivão e Lopes, 1995).
O excesso de peso infantil deve ser
Fatores de risco tratado com muito cuidado e atenção, pois
requer a participação de toda a família. Para
Se conseguirmos identificar quais as (Kirk e colaboradores, 2005), o tratamento da
crianças que correm um maior risco de se obesidade em crianças e bem mais
tornarem obesas, teríamos êxito em modificar complicado que a dos adultos, pois envolve
os fatores de risco e certamente oferecendo toda a família.
uma melhor perspectiva de vida.
Segundo Dr. Natanil, percebemos que Relação da Síndrome de Down e Obesidade
as causas genéticas não podem ser.
Modificadas, mas as ambientais Pitteti, (1994) diz que a prevalência da
podem. Vamos recordar quais são os fatores obesidade em pessoas com deficiência mental
de risco para a obesidade infantil e detalhar é ligeiramente maior que a população em
medidas práticas e possíveis de serem geral.
alcançadas com o intuito de manter nossas Em outro estudo (Pitteti, 1993)
crianças livres desse transtorno (Engel, 2002). comenta que estas pessoas vivem sob
São vários os fatores identificados como restrições e limitações que devem ser
fatores de risco como: Hipertensão arterial, superadas. Devido às diferenças em
colesterol, diabetes, depressão, doenças determinadas áreas, muitos deficientes
pulmonares e renais, doenças mentais, ainda não subestimados,
cardiovasculares, outros. principalmente em relação aos esportes, e por

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falta de estímulos culturais e ambientais, que diminuição da adequação do índice P-E, e a


todas as crianças deveriam receber, tornam-se melhor proposta de intervenção, pois a
pessoas inativas e sedentárias, e passam a manutenção do peso vai garantir o mesmo
ser vistas dessa forma pela sociedade". gasto calórico do metabolismo basal, alem de
O reconhecimento da associação não colocar em risco a massa magra das
entre obesidade e criança com Síndrome de crianças (Garrow, 1990). De acordo com
Down ganhou maiores proporções com os recomendações já publicadas para crianças
estudos de Chumlea e Cronk (1983) e Cronk e obesas sem Síndrome de Down, pequenas
colaboradores, (1985). Esses autores mudanças no comportamento alimentar são
avaliaram dados de 262 crianças, com idade mais eficientes do que a imposição de dietas
aproximada de dois a 18 anos, de instituições mais rigorosas (Vitolo e Valverde, 1995). As
em Melbourne, Wisconsin e de famílias de orientações gerais implicam em:
Boston, demonstrando que as crianças com (A) estabelecer horários para a ingestão
Síndrome de Down apresentavam maiores de alimentos, de modo que a criança se
valores de IMC do que as crianças do grupo- alimente cinco a seis vezes por dia, mantendo
controle, cujos dados foram obtidos em Ohio. intervalo de duas a três horas entre a ingestão
(Posteriormente, Cronk e colaboradores citado de refeição ou lanche;
por Schwartzman e Vitolo, 2003) (B) Criar o habito de utilizar pequena
demonstraram que crianças com Síndrome de quantidade dos alimentos gordurosos;
Down ganham peso com maior velocidade do (C) Garantir, em todas as refeições, a
que aquela observada para a estatura, presença de alimentos fontes de carboidratos;
resultando em sobrepeso por volta de 36 (D) evitar que a criança coma na frente da TV.
meses. As orientações devem ser
As causas da obesidade em pessoas individualizadas, pois as dietas tradicionais
com Síndrome de Down ainda não foram para o tratamento da obesidade (hipocaloricas
totalmente esclarecidas e, semelhante ao que e ricas em fibra) apresentam inconveniências
e observado na população geral, ela e para crianças de modo geral, pois são
multifatorial. Estudos em crianças com incompatíveis com o crescimento adequado.
Síndrome de Down encontraram como fatores Na Síndrome de Down os inconvenientes são
determinantes da obesidade, hábitos ainda maiores, pois acabam agravando os
alimentares inadequados, ingestão calórica déficits existentes (menor velocidade de
excessiva, menor taxa de metabolismo basal, crescimento e metabolismo lento).
menor atividade física, hipotonia e De acordo com Prasher, citado por
hipotireoidismo (Chad e colaboradores, 1990; Vitolo, (2003) os indivíduos com Síndrome de
Pueschel, 1990; Sharav e Bowman, 1992; Down apresentam um comprometimento
Colombo e colaboradores, 1992; Rogers e importante de estatura em relação a indivíduos
Coleman, 1992 citado por Schwartzman e sem a Síndrome, de mesma idade. A estatura
Vitolo, 2003). e a velocidade de crescimento nestes
Em um estudo sobre a Qualidade de indivíduos são reduzidos, na maioria das
vida de pessoas portadoras de Síndrome de idades, desde o nascimento até a
Down, com mais de 40 anos, no Estado de adolescência; este comprometimento estende-
Santa Catarina Marques e colaboradores se ate a idade adulta.
(2003) encontraram O IMC médio para as Portanto, a velocidade do crescimento
2
mulheres foi de 31,3 kg/m , e para os homens parece estar mais comprometida durante a
2
de 26,8 kg/m , com 40% sendo obesos infância e a adolescência. O estirão do
(IMC>30). Contudo, em se tratando do IMC, crescimento em crianças com Síndrome de
existe um risco maior para sobrepeso/ Down e menos intenso, e estima-se que ele
obesidade nas mulheres que moram na zona seja 0,5 cm a 1,5cm menor que o de crianças
urbana e essa obesidade acaba se tornando sem Síndrome de Down (Arnell e
mais uma barreira para a prática de atividades colaboradores, 1996).
físicas. Um outro fator que parece
Os cuidados iniciais são os mesmos comprometer a altura e o peso destas crianças
recomendados para as crianças em geral que e a presença de insuficiência cardíaca (IC),
apresentam excesso de peso. A manutenção muito comum nesta população. Insuficiência
do peso e aumento da estatura, resultando na Cardíaca moderada ou severa parece exercer

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efeito na estatura e no peso, desde a infância amassado no céu da boca e engolido em


e durante todo o período de crescimento. seguida;
Entretanto, quando as crianças com - Dificuldade para comer carne;
Síndrome de Down são comparadas com as - Recusa a alimentos de grupos específicos,
sem Síndrome de Down, o ganho de peso e como leite e vegetais;
mais rápido do que o crescimento, - Cospem a comida;
freqüentemente resultando em sobrepeso já - Retenção do alimento na boca por longos
aos 36 meses de idade. períodos;
- Demora a comer;
Hábitos e Praticas Alimentar - Dificuldade para utilizar utensílios.

Em relação à alimentação e nutrição Em relação às praticas alimentares, foram


destes portadores de necessidades especiais, destacados os seguintes aspectos;
são encontrados poucos estudos na literatura. - Muitas crianças ainda são alimentadas por
Segundo citado por (Aurélio e colaboradores, seus pais, apesar de já possuir capacidade
2002) sabe-se que de 39% a 56% das para se alimentar sozinhas;
crianças com problemas crônicos do - Algumas continuam usando a mamadeira,
desenvolvimento, dentre eles a paralisia quando já poderiam receber quantidade
cerebral, a Síndrome de Down e outros, suficiente de leite na xícara;
apresentam ou irão desenvolver um distúrbio - Pela falta de estímulo dos pais, muitas
da deglutição. As conseqüências desse crianças não são tão independentes quanto
distúrbio acabam por acarretar novos poderiam ser limitando sua capacidade em se
problemas de saúde que, por sua vez, pioram alimentar sozinhas.
ainda mais as condições globais desses Nem sempre e fácil reconhecer,
indivíduos e sua capacidade de adaptar-se mesmo na criança sem deficiência, quando ela
socialmente (Aurelio e colaboradores, 2003). esta pronta para progredir na alimentação. Os
Muitas crianças com Síndrome de pais da criança com Síndrome de Down já
Down apresentam distúrbios com relação aos esperam, desde o seu nascimento, um retardo
hábitos e praticas alimentares, devido às no desenvolvimento. Com isso, eles tornam-se
alterações anatômico-estruturais e hipotonias vulneráveis a infantilizar seus filhos. Esta
freqüentemente presentes. Vários deles inabilidade dos pais em reconhecer quando
podem ser observados, ocasionalmente, em seus filhos estão aptos para se tornar mais
crianças normais, só que, em geral, são independente na alimentação contribui
temporários. Em crianças com retardo mental, fortemente para todos estes problemas
e difícil reconhecer quando ela esta pronta encontrados nas crianças com Síndrome de
para uma progressão na pratica alimentar, e a Down.
resposta emocional dos pais frente a uma
criança deficiente também interfere na Dietoterapia
alimentação (A seguir estão relacionados
alguns dos problemas mais freqüentemente O objetivo básico da orientação
encontrados nestas crianças, de acordo com dietética para crianças e adolescentes com
(Calvert e colaboradores citado por Síndrome de Down não diferem daqueles
Schwartzman e Vitolo, 2003). preconizados para a população geral. Isto e,
Quanto aos hábitos alimentares, foram garantir a ingestão adequada de calorias e
observados os seguintes comprometimentos: - nutrientes para evitar que quadros de
Recusa a ingerir qualquer alimento que não deficiências ou excessos possam prejudicar o
seja peneirado, apesar de já estarem crescimento e desenvolvimento normal e, no
preparadas, do ponto de vista do caso dessas crianças, evitar maior
desenvolvimento, para progredir para comprometimento nesses aspectos.
alimentos mais sólidos. Este problema foi As evidencias de menor velocidade
encontrado, principalmente, em crianças entre decrescimento e menor estatura, além do
25 e 36 meses de idade; metabolismo mais lento, observadas nas
- Dificuldade para mastigar. Elas sugam o crianças com Síndrome de Down determinam
alimento até o estágio em que podem ser menor necessidade energética nesse grupo,
quando comparada com a do grupo de

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crianças da mesma idade sem Síndrome de 3) manutenção de habito na vida adulta.


Down (Gong e Heald, 1994). Crianças e adolescentes que se
O controle pode ser difícil, quando a mantêm fisicamente ativos apresentam uma
presença de hiperfagia de causa central (como probabilidade menor de se tornarem
a Sindrome de Prader-Will) e nos casos de sedentários.
hipotonia, hipoatividade (como a Síndrome de O exercício físico também contribui
Down), que pode ter reduzido gasto calórico. A para o afastamento da criança da televisão, já
deficiência mental pode interferir no controle que esta e a principal causadora do
da dieta (Almeida e colaboradores, 2004). sedentarismo infantil. Uma criança que assisti
Na maioria das vezes, a doença de regularmente à televisão, não só esta em uma
base não pode ser curada. A abordagem da postura sedentária, com também sobre
obesidade deve ser feita por educação do influencia das propagandas, que promovem
paciente e da família, restrição dietética, uma maior ingestão de alimentos ricos em
exercícios físicos e, eventualmente, gorduras e açucares e de baixo valor
medicamentos que, em geral, tem pouca nutricional (Silvia e Malina, 2003).
efetividade (Almeida e colaboradores, 2004). Em relação à alimentação e nutrição
destes portadores de necessidades especiais,
Atividade Física são encontrados poucos estudos na literatura.
Segundo citado por (Aurélio e colaboradores,
É fato que uma alimentação 2002) sabe-se que de 39% a 56% das
desequilibrada e a falta de exercícios físicos crianças com problemas crônicos do
são elementos que causam o sobrepeso desenvolvimento, dentre eles a paralisia
infantil. Quanto mais cedo existir a mudança cerebral, a Síndrome de Down e outros,
nutricional e uma alteração no estilo de vida apresentam ou irão desenvolver um distúrbio
sedentário, mais fácil será mudar os hábitos da deglutição. As conseqüências desse
da criança, contribuindo para uma vida distúrbio acabam por acarretar novos
saudável futuramente. Para que isto aconteça problemas de saúde que, por sua vez, pioram
e indispensável a participação ativa da família, ainda mais as condições globais desses
já que a criança reproduz as praticas de seus indivíduos e sua capacidade de adaptar-se
familiares. Segundo Viuniski, (2000) a família socialmente (Aurélio e colaboradores, 2003).
age sobre o peso corporal das crianças tanto
pela hereditariedade como pelos hábitos e Considerações finais
fatores socioculturais.
A atividade física e outro fator que Mesmo com o relato de um numero
combate e previne a obesidade infantil. expressivo de doenças associadas a
Partindo desta premissa Alves, (2003) nos Síndrome de Down, não há interferência
leva a acreditar que ser fisicamente ativo negativa na realização das atividades físicas.
desde a infância apresenta muitos benefícios, Contudo em se tratando do IMC, existe um
não só na área física, mas também nas risco maior para sobrepeso e obesidade, e
esferas sócio e emocional, e pode levar a um essa obesidade acaba se tornando mais uma
melhor controle das doenças crônicas da vida barreira para a pratica de atividades físicas.
adulta. Além disso, a atividade física melhora o Foi possível observa também que as
desenvolvimento motor da criança, ajuda no famílias não percebem a importância da
seu crescimento e estimula a participação Atividade Física, tanto pra si, como para os
futura em programas de atividade física. portadores de Síndrome de Down, não
Segundo Alves, (2003) existem três vislumbram a possibilidade de uma vida mais
grandes vantagens da atividade física em sadia e com mais qualidade.
crianças. O exercício e extremamente
1) as crianças são mais saudáveis. Tem importante na redução do peso corporal, pois
menos excesso de peso, apresentam um ele proporciona uma diminuição da gordura
melhor desempenho cardiovascular, número corporal. Portanto as crianças com Síndrome
menor de crises de asma, além de de Down devem ser estimuladas a praticar
apresentarem uma maior densidade óssea; exercícios físicos para favorecer o
2) esses efeitos são transferidos para idade desenvolvimento da massa magra e auxiliar no
adulta; gasto calórico. Se a criança já apresenta

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excesso de peso, os cuidados para a 2- Alves, J.G.B. Atividade física em crianças:


prescrição de atividade física devem prever as promovendo a saúde do adulto. Revista
limitações cardio-respiratorias e a sobrecarga Brasileira Saúde Materno Infantil, Recife.
nas articulações dos membros inferiores; Vol.3. num.1. 2003 p.(5-6).
portanto, atividades como natação e
caminhadas seriam as mais indicadas. Outras 3- Arnell, H.; e colaboradores. Growth and
formas de movimentação corporal podem ser pubertal development in Down Syndrome. Acta
estimuladas, como brincadeiras em parques, Paediatr, 85:1102-6, 1996.
jardins, etc.
O tratamento na maioria das vezes, a 4- Aurélio, S.R.; e colaboradores. Análise
doença de base não pode ser curada. A comparativa dos padrões de deglutição de
abordagem da obesidade deve ser feita por crianças com paralisia cerebral e crianças
educação do paciente e da família, restrição normais. Rev. Bras. Otorrinolaringol, São
dietética, exercícios físicos e, eventualmente, Paulo, vol.68, n.2, p.167-173. março./abril.
medicamentos que, em geral, tem pouca 2002.
efetividade. Isso levara não apenas ao melhor
tratamento da obesidade em si, mas também 5- Brooks, D.N.; Wooley, A.; Kanjilal, D.;
das morbidades associadas que, Hearing loss and middle ear disorders in
freqüentemente, são responsáveis pelo patients with Down’s syndrome (Mongolism). J
agravamento do quadro e aumento no risco de Ment Def Res, 16:21, 1972.
morte do paciente obeso.
Podemos afirmar também que a 6- Calvert, S.D.; Vivian, V.M.; Calvert, G.P.;
prevenção da obesidade deva ser iniciada Dietary adequacy, feeding practices, and
desde a infância, onde nutricionistas devem eating behavior of childrem with Down’s
estar atentos para identificar a intervir syndrome. J Am Dietetic Assoc, 60:152-6,
precocemente nos fatores de risco, para que 1976.
sejam adotados programas preventivos de
saúde, que incluem hábitos alimentares 7- Carakushansky, G. Síndrome de Down. In:
adequados e estilo de vida saudável. Carakushansky G. Doenças Genéticas em
Pediatria. Rio de Janeiro: Quanabara Koogan;
Conclusão 2001

Os portadores da Síndrome de Down 8- Colombo, M.L.; e colaboradores. La


têm uma tendência à obesidade percebe, funzionalita tiroidea in bambini affetti da
então, a necessidade de um controle síndrome di Down. Min Ped, 44(12): 11-6,
alimentar, pois a obesidade acarreta uma série 1992.
de problemas para a saúde como: Hipertensão
arterial, colesterol, diabetes, depressão, 9- Chad, K.; Jobling, A.; Frail, H. Metabolic
osteartrite, doenças pulmonares e renais, rate: a factor in developing obesith in children
doenças cardiovasculares, outros. Na infância with Down syndrome. Am J Mental Retard, 95:
o manejo pode ser ainda mais difícil do que na 228-35, 1990.
idade adulta, pois esta relacionada a
mudanças de hábitos e disponibilidade dos 10- Chumlea, W.C.; Cronk, C.E. Overweight
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Recebido para publicação em 27/09/2008


Aceito em 30/10/2008

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