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Introdução aos procedimentos básicos para a

utilização de testes psicológicos, cuidados no


momento de avaliação e implicações éticas e sociais.

Curso: Psicologia
Disciplina: Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico I
Profª Liliana Scatena
Avaliação psicológica

Definição

Processo amplo que envolve a integração de informações


provenientes de diversas fontes, dentre elas:

 testes
 entrevistas
 observações
 análise de documentos

CFP, 2010
Avaliação psicológica

Definição

 Ela é dinâmica e constitui-se em fonte de informações de


caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos, com a
finalidade de subsidiar os trabalhos nos diferentes campos de
atuação do psicólogo.

 Ação muito diferente da testagem psicológica, cuja principal


fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes
tipos.

CFP, 2010
Principais cuidados para utilizar
um teste psicológico

 Verificar se não existem dificuldades específicas da pessoa para


realizar o teste, sejam elas físicas ou psicológicas.

 Utilizar o teste dentro dos padrões referidos por seu manual, o


que inclui os procedimentos de aplicação, utilização de material
padronizado e procedimentos de interpretação.

CFP, 2010
Principais cuidados para utilizar
um teste psicológico

 Cuidar da adequação do ambiente, do espaço físico, do


vestuário dos aplicadores e de outros estímulos que possam
interferir na aplicação.

CFP, 2010
Principais cuidados para utilizar
um teste psicológico

Seguir corretamente o manual do teste

O teste deverá ser utilizado somente conforme as orientações do


manual de aplicação comercializado pela editora responsável e
com avaliação favorável do CFP, de forma a garantir a
cientificidade e qualidade técnica do processo de avaliação.

CFP, 2010
Testes psicológicos só podem ser
aplicados por psicólogos

§ 1º - Constitui função privativa do Psicólogo a utilização de


métodos e técnicas psicológicas com os seguintes objetivos:

a) diagnóstico psicológico;
b) orientação e seleção profissional;
c) orientação psicopedagógica;
d) solução de problemas de ajustamento
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Exceção Pesquisas Acadêmicas

 Testes psicológicos podem ser utilizados por profissionais


de outras áreas, em pesquisas acadêmicas.

 Sugere-se que o teste seja empregado,


preferencialmente, com orientação de um psicólogo, uma
vez que este é o profissional com formação adequada para
a aplicação de testes.

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CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO

 Se for um estudante de Psicologia, a aplicação deverá ser


supervisionada por psicólogo.

CFP, 2010
Condições do aplicador do teste

 Deve planejar a aplicação do instrumento, levando em


consideração o tempo necessário bem como o horário mais
adequado.

 Deve treinar previamente a leitura das instruções para


poder se expressar de forma espontânea durante as
instruções.

CFP, 2010
Os documentos devem ser arquivados e conservados sob sigilo

 Proteção da integridade dos testes


 Não comercialização e divulgação
 Não ensinar sua aplicação àqueles que não são psicólogos.
 Disponibilização das informações da avaliação psicológica apenas
àqueles com o direito de conhecê-las;

CFP, 2010
 Deve estar de acordo com a descrição apresentada no manual e em
condições adequadas de conservação e utilização.

 É importante que os testes estejam arquivados em local apropriado,


ao qual não possam ter acesso outras pessoas.

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Propósitos mais comuns para o uso dos testes:

 classificação diagnóstica,

 descrição,

 predição,

 planejamento de intervenções,

 acompanhamento.
• Psicologia Clínica • Psicologia das Organizações

• Psicologia da Saúde e/ou • Psicologia do Esporte

Hospitalar • Psicologia Social/Comunitária

• Psicologia Escolar e Educacional • Psicologia do Trânsito

• Neuropsicologia • Orientação e ou aconselhamento

• Psicologia Forense vocacional e/ou profissional

• Psicologia do Trabalho

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 Cabe ao profissional investigar quais são os procedimentos, os meios e as
técnicas mais adequados para o contexto de seu trabalho.

 O CFP defende a autonomia profissional dos psicólogos quanto à escolha


dos testes, em consonância com a Resolução CFP nº 002/2003

 Art. 11 – As condições de uso dos instrumentos devem ser consideradas


apenas para os contextos e propósitos para os quais os estudos empíricos
indicaram resultados favoráveis.

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1) Adaptar um teste para pessoas com deficiência não se resume em alterar
um aspecto indistintamente sem avaliar as consequências na avaliação
psicológica como um todo e nos resultados e procedimentos do próprio
teste;
2) O uso de certos tipos de adaptações pode modificar o construto que
está sendo medido.
Ex: medidas de compreensão escrita e oral;

CFP, 2013
3) É condição indispensável, considerando a heterogeneidade da
população com deficiência, o conhecimento profundo sobre o público
ao qual o teste é destinado, o tipo de deficiência, e como o público
irá manusear os materiais do instrumento.

CFP, 2013
4) A equipe de desenvolvimento ou adaptação deve consultar
indivíduos com as deficiências alvo para avaliar o impacto das
adaptações realizadas em relação a aspectos de:

• Usabilidade
• Acessibilidade
• Clareza das tarefas

CFP, 2013
Quando possível, a consulta a especialistas na área do
construto ou a psicólogos que apresentam a deficiência
para o qual o teste está sendo adaptado é recomendável.

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Considerar
 O objetivo do exame;
 Características demográficas do sujeito (idade, sexo, idioma);
 Condições específicas como comprometimentos sensoriais, motores,
lateralidade do sujeito, uso de óculos ou aparelho auditivo, dificuldades na
discriminação de cores, etc.;
 Fatores situacionais que podem ter reflexos nos correlatos
comportamentais, como internação, uso de medicamento.

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• desenvolvimento,
1. Amplos conhecimentos dos • inteligência,
fundamentos básicos da Psicologia, • memória,
dentre os quais podemos destacar: • atenção,
• emoção

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2. Domínio do campo da Psicopatologia, para poder identificar
problemas graves de saúde mental ao realizar diagnósticos;

3. Conhecimentos de Psicometria, mais especificamente sobre as


questões de validade, precisão e normas dos testes, e ser capaz de
escolher e trabalhar de acordo com os propósitos e contextos de
cada teste;

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4. Domínio dos procedimentos para aplicação, levantamento e
interpretação do(s) instrumento(s) e técnicas utilizados na avaliação
psicológica,
5. Condição de planejar a avaliação com maestria, adequando-a ao
objetivo, público-alvo e contexto;

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6. Elaborar documentos psicológicos decorrentes da avaliação
psicológica;
7. Saber comunicar os resultados advindos da avaliação, por meio de
entrevista devolutiva.

CFP, 2010
O SATEPSI é o sistema de avaliação de testes psicológicos criado e
alimentado pelo CFP para divulgar informações sobre os testes
psicológicos à comunidade e aos psicólogos.

Site: http://satepsi.cfp.org.br/
Neste sítio, é possível saber quais testes estão favoráveis ou desfavoráveis
para o uso profissional.

É possível a realização de cadastro, vinculada a apresentação do registro


profissional no CRP, para obtenção de informações adicionais sobre os
testes, por exemplo, a área de aplicação.

Site: http://satepsi.cfp.org.br/
O que é Ética ?

Conjunto de valores morais que sustentam os


códigos que regem a conduta humana na sociedade,
com o objetivo de garantir o equilíbrio das relações
sociais.

CFP, 2005
Ética

• Os valores e princípios éticos são históricos, culturais e sistematizados por leis


que disciplinam o exercício profissional.

• Portanto, a cada momento histórico corresponde um conjunto de leis sobre o


exercício profissional ético.

CFP, 2005
O código de Ética
• Estrutura e sistematiza as exigências éticas;

• Podendo-se a partir de então orientar, fiscalizar e disciplinar.

• Estabelece parâmetros para regular as condutas profissionais e proteger o


direito do outro.

• Norteia o comportamento profissional.

• É determinado histórico-culturalmente

refere-se aos atos praticados na profissão em consonância


com determinado momento histórico.
CFP, 2005
O código de Ética colaborou para:
• Luta antimanicomial

• Combate ao preconceito

• Despatologização do fracasso escolar e da homossexualidade

• Ampliação da atuação do psicólogo inserindo-se nos serviços públicos

• Compromisso com os Direitos Humanos

CFP, 2005
Linha do Tempo
1830
Médicos criaram 1949 1949
hospícios, ligados à Fundação da Assoc. Fundação da Soc. Bras.
Sociedade de Medicina Bras. de Psicotécnica de Psicanálise
e Cirurgia do RJ.

1902
Hospital Nacional dos 1945 1957
Alienados, no RJ, era Inauguração da Soc. Inserção do psicólogo
uma casa de detenção Psicologia de São Paulo HC Fac. de Medicina USP
de loucos

1930 A partir desta época, 1959


Criação do Serviço de desenvolvimento
acelerado da Psicologia Inauguração do Instituto
Psico, Aplicada da Sec.
do Trabalho, empresas de Orientação
De Ed. e Saúde Pública
ferroviárias Vocacional
de SP.
http://www.crpsp.org.br/linha/navegar.aspx
Linha do Tempo
Os testes surgiram como um
desenvolvimento científico da
1962
psicologia e tiveram a função de dar
O Conselho Federal de Educação um caráter científico à profissão,
publicou a Lei 4.119 de 27 de alçando-lhe ao status de ciência de
agosto acordo com ideal positivista.

Com a normatização da profissão


foram proibidas atitudes como:
Regulamenta a profissão de influências por valores pessoais de
Psicólogo, fixa o currículo mínimo cunho religioso, de preconceitos,
do curso distinções sociais e físicas

http://www.crpsp.org.br/linha/navegar.aspx
Princípios éticos a observar na
atuação do psicólogo
• Competência

• Integridade

• Responsabilidade científica e profissional

• Respeito pela dignidade e direito das pessoas

• Preocupação com o bem-estar do outro

• Responsabilidade social

CFP, 2005
Competência

• Alto padrão de excelência no seu trabalho

• Reconhecer:
• Os limites da sua competência
• Limitações da sua especialidade

• Oferecer apenas os serviços para os quais se sente habilitado (Art. 1º, b).

• Atualização dos conhecimentos: pós-graduação, participação em eventos


científicos.

CFP, 2005
Integridade

• Comportamento e atitudes éticas, ancoradas em valores como:


• Honestidade;
• Justiça;
• Respeito.
• O profissional precisa estar consciente do seu sistema de valores e no modo
como este pode intervir na sua prática.

• “Art. 2º - Ao psicólogo é vedado:


b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas,
religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do
exercício de suas funções profissionais.”
CFP, 2005
Responsabilidade científica e profissional

• Reconhecimento da importância da atuação profissional

• Reconhecimento das necessidades da clientela: utilizar técnicas adequadas à


necessidade do cliente

• Colaboração com outros profissionais e instituições, exigindo o compromisso


ético por parte deles também

• Ética pessoal e também dos outros profissionais envolvidos na avaliação


psicológica.

CFP, 2005
Respeito à dignidade das pessoas

• Reconhecimento ao direito de:


• Privacidade;
• Confidencialidade;
• Autodeterminação;
• Autonomia.
• Recusa a continuar serviços
• Atenção às diferenças individuais – idade, sexo, raça, orientação sexual, nível
sócio-econômico, etc. que possam afetar o serviço a ser prestado.

CFP, 2005
Preocupação com o Bem-Estar

• Resolução de conflitos: busca pela minimização dos riscos para o usuário.


• Atenção às relações de poder estabelecidas
• “VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que
atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais,
posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais
princípios deste Código.” (CFP, 2005, p. 07 – Princípios Fundamentais)

• Não se envolver em situações que configurem engano ou exploração da


pessoa atendida

CFP, 2005
Responsabilidade social

• Divulgação dos conhecimentos psicológicos para reduzir


sofrimento e contribuir para a melhoria da humanidade.

• Publicação de dados coletados em pesquisa

• Ir além da prática isolada do profissional

• Envolve a responsabilidade na formação de políticas públicas e


leis que possam beneficiar a sociedade

CFP, 2005
Implicações Sociais de testagem e
avaliação psicológica

Conhecimento e utilização Falta de conhecimento, utilizar


adequada, responsável, seguindo as testes classificados como
diretrizes na regulamentação da desfavoráveis, não saber comunicar
As
profissão e o Código de Ética os resultados advindos da avaliação
Ajudar pessoas no esclarecimento do Produzir exclusão se não for feita
seu diagnóstico uma avaliação e feedback adequados
dos resultados da avaliação
As informações podem abrir As informações produzirão impacto
oportunidades emocional indesejado
A avaliação psicológica pode
promover o desejo do auto- Promover efeitos iatrogênicos
conhecimento
Favorecer a auto-imagem Promover estigmatização
Referências
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Cartilha Avaliação Psicológica
– Brasília: CFP, 1ª edição, 2013.

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Avaliação Psicológica:


Diretrizes na Regulamentação da Profissão. Brasília: CFP, 2010.

O SATEPSI, Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos. Disponível em:


http://satepsi.cfp.org.br/. Acesso em: 30/01/15.

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética Profissional


do Psicólogo. Brasília: CFP, 2005.

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