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Tratamento do material musical

Existem três mecanismos básicos de trabalho sobre o material musical:

Repetição

Variação

Contraste

O tratamento mais simples e fundamental sobre um material temático é a sua


repetição. Este é um dos processos mais importantes estruturalmente, pois só se pode
compreender algo se se pode lembrá-lo. O mecanismo da repetição assegura que
elementos estruturais fundamentais sejam memorizados pelo ouvinte e permite
estabelecerem-se relações entre as seções de uma obra musical.

Devem ser tomados os devidos cuidados quanto à repetição, pois ela pode tornar a obra
monótona ou excessivamente previsível.

A variação é uma espécie de repetição, mas com o material original alterado de


alguma maneira. Numa variação, a maioria das características do material original são
mantidas enquanto que algum elemento é deliberadamente alterado. A variação não
pode ser descabida, pois deve ser suficientemente claro que se trata do mesmo material.

É possível obter-se uma certa medida do grau de variação de um elemento


musical. Enquanto que variações mais simples como uma transposição podem ser
consideradas como repetições, variações mais drásticas como certas variações rítmicas
podem facilmente oferecer contraste.

Uma seqüência de variações sobre um dado material conduzindo a um dado


objetivo composicional chama-se desenvolvimento.

O contraste apresenta uma idéia nova e diferente. Quanto maior for esta
diferença, maior a importância e o impacto do evento. Com contraste pode-se criar
tensão, surpresa e curiosidade, servindo à criação de movimento na obra, prendendo o
ouvinte e tornando-a mais interessante.
Na tabela seguinte temos alguns exemplos simples de variações sobre o pequeno motivo
ilustrado a seguir...

Transposição

Alteração melódica

Alteração de direção
melódica

Adição de elementos

Exclusão de elementos

Alteração rítmica

Aumentação

Diminuição

Mudança de acento
rítmico
Na tabela seguinte temos alguns exemplos simples de contrastes...

Ritmo

Registro

Tessitura

Articulação

Dinâmica

Construção de Melodias

Algumas idéias podem ser úteis na construção da linha melódica, embora não existam
regras universais.

A linha melódica é constituída dos elementos seguintes:

Trechos de escalas, ascendentes e descendentes.

Acordes arpejados

Ornamentos

Saltos e cesuras

Seguramente os componentes mais importantes das linhas melódicas são as escalas e os


acordes arpejados. Ornamentos são notas auxiliares que não são essenciais à linha
melódica, como repetições de notas e notas inseridas entre repetições. Os saltos são
muito importantes na construção de linhas melódicas, podendo funcionar, eles mesmos,
como cesuras; o salto mais importante é a inversão, onde a nota de destino de uma
escala ou de um acorde arpejado aparece em uma oitava diferente.

Uma cesura é uma interrupção temporária do raciocínio melódico, geralmente


funcionando como uma separação entre regiões melódicas contíguas. Qualquer
elemento contrastante pode funcionar como uma cesura, como uma nota de duração ou
articulação diferente, mas as formas mais comuns de cesuras são as pausas, respirações,
fermatas, etc.

As diretrizes seguintes devem ser lembradas ao escreverem-se períodos melódicos:

Equilíbrio de extensão melódica. Boas melodias devem manter-se sobre uma linha
aproximadamente horizontal, evitando afastar-se muito desta linha sem retornar a ela.

Bom
Ruim

Equilíbrio temático. Não se deve incluir um número excessivo de células motívicas


diferentes em um período musical, o que acaba por dificultar a compreensão da frase.

Simetria. Devem-se construir os períodos de maneira a estabelecerem-se formas


binárias ou ternárias em seções facilmente caracterizáveis, de tamanhos equivalentes,
como no exemplo esquematizado a seguir.

A frase que corresponde à primeira metade do período chama-se antecedente; a segunda


ganha o nome de conseqüente.

Suficiência harmônica. Um período deve, sempre que possível, apresentar de forma


clara a sua tonalidade, completando-se harmonicamente ou garantindo a continuidade
harmônica para a frase seguinte. Isso é garantido fazendo-se uso das cadências ou
semicadências no interior das frases que constituem o período musical.

Restrições intervalares. Certos saltos de determinados intervalos, quando ocorrem no


interior de linhas melódicas, tendem a produzir resultados sonoros desagradáveis.
Devem ser evitados particularmente os saltos de intervalos aumentados e diminutos
(quartas ou segundas aumentadas, por exemplo). Saltos compostos formando intervalos
dissonantes também devem ser tratados com critério; a sucessão de uma terça maior e
uma segunda maior, por exemplo, formam o intervalo composto de quarta aumentada.

Usualmente também se evitam as sétimas formadas nos extremos de intervalos


compostos.

Cromatismo. O uso de notas cromáticas é um recurso muito interessante para a


composição de melodias. O acidente introduzido não precisa necessariamente
corresponder a uma intenção harmônica específica, mas, neste caso, a nota alterada deve
ser tratada com maior cuidado. Normalmente a nota alterada cromaticamente funciona
como um ornamento, devendo ser tratada como um elemento de figuração melódica.
Não é aconselhável que a nota alterada corresponda a algum dos graus sobre cuja
função harmônica a passagem esteja associada; sétimas e nonas podem ser tratadas com
maior flexibilidade.

1. Elementos Fraseológicos:

• Motivo: A menor unidade reconhecível de uma determinada obra musical. O


motivo é incompleto em si mesmo, sendo utilizado como ponto de partida para
construção de unidades mais extensas. O motivo também é chamado de célula
ou inciso. Ex.:

• Semi-frase: (ou membro de frase): A concatenação de diferentes incisos. Ex.:

• Frase: A unidade básica da sintaxe musical - uma idéia musical completa que
finaliza com uma cadência. A frase resulta da conexão de duas ou mais semi-
frases. A frase pode ser:

• Conclusiva - quando termina com uma cadência conclusiva.

• Suspensiva - quando termina com uma cadência suspensiva.


As cadências conclusivas são aquelas que terminam no acorde de tônica; as
cadências suspensivas terminam em outros acordes. Para fazer com que os motivos se
desdobrem formando frases utilizam-se as Técnicas de variação, como veremos a
seguir:

Técnicas de Variação Melódica


Motivo original:

• Transposição:

• Seqüência:

• Inversão:

• Retrógrado:

• Retrógrado Invertido:
• Mudança de Ordem das Notas:

• Omissão de Nota:

• Acréscimo de Nota:

• Expansão Intervalar:

• Contração Intervalar:

• Interpolação:
Variação Rítmica
Motivo original:

• Aumento dos Valores Rítmicos:

• Diminuição dos Valores Rítmicos:

• Retrógrado Rítmico:

• Desdobramento:

• Adição ou supressão de Anacruse:


• Mudança de Terminação (desinência):

• Mudança de Metro:

• Deslocamento:

Fraseologia
Período: A combinação de duas ou mais frases complementares. A segunda frase é
ouvida como resposta à primeira.

• Frase antecedente – A primeira frase de um período.


• Frase conseqüente – A frase que serve de resposta.
Reconhecimento dos Elementos -Fraseológicos:

Para que se tenha uma compreensão mais precisa da fraseologia, é necessário que
consigamos perceber claramente as articulações entre os diversos elementos
fraseológicos: saber separar os motivos, as semifrases, as frases, os períodos: Estas
subdivisões na melodia podem ser realizadas mediante:

• Uso de pausa
• Nota longa
• Uso de fermata
• Mudança de direção do movimento melódico
• Salto melódico (geralmente na direção oposta a que a música vinha se
movimentando)
• Repetição de nota
• Repetição de padrão melódico ou rítmico
• Mudança de padrão melódico ou rítmico
• Divisão pelo peso do compasso
• Exceção - Quando a nota que cai no tempo forte é estranha ao acorde
(suspensão, apojatura, etc.) e por isso deve resolver em uma nota do acorde:

Notas Ornamentais
Notas ornamentais são notas estranhas ao acorde que podem possuir tanto uma função
melódica, como simplesmente ornamental.

• Nota de Passagem (np):

• Bordadura (b):
• Suspensão (retardo) (s):

• Apojatura (ap):

• Antecipação (an):

• Escapada (e): Não resolve por grau conjunto. (Salta).

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