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ATOS ADMINISTRATIVOS

Conceito - É todo ato que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,
extinguir e declarar direitos ou impor obrigações. É, portanto, toda manifestação de vontade da
Administração Pública, que, agindo nessa qualidade declare ou imponha obrigações aos
administrados e a si própria. O ato administrativo é aquele que pela prescrição, juízo e
conhecimento produz efeitos jurídicos, expedidos pela Administração Pública. Mas nem todo ato
expedido pelo Estado é administrativo, somente aqueles que estão ligados ao objeto e poderes
da Administração. A lei é um ato do Estado e não é ato administrativo, assim como uma
sentença judicial não é um ato administrativo, é um ato jurisdicional expedido pelo Estado.

Prescrição – no sentido de descrever uma situação hipotética e caso esta situação ocorra há
uma determinada conseqüência jurídica que gera direitos, obrigações ou faculdades. Todas as
normas, leis, atos normativos procuram estabelecer prescrições.

Juízo – estabelece um discernimento de valores, faz um escalonamento dos valores. O ato


administrativo decorre da Constituição Federal ou da lei e estabelece prescrições e juízos porque
escalona valores e às vezes o ato decorre de investigação que comporta um juízo de valores. A
Administração Pública obedece a uma escala de valores e o ato administrativo é a concretização
desses valores através de um juízo que os escalona. Deve-se adequar o fato, valor e a norma –
teoria tridimensional do direito. A norma converte o fato num valor estabelecendo uma regra.

Conhecimento – o ato administrativo atesta a existência de fatos que levam a situações


jurídicas. Assim, quando um alvará de funcionamento é expedido, reconhece e atesta uma
determinada situação de acordo com a lei. O alvará é um ato administrativo que reconhece uma
situação.

Prescrição, juízo e conhecimento querem dizer que os atos administrativos, de acordo com a lei
e com a CF, estabelecem obrigações, direitos e faculdades, ou podem reconhecer direitos ou
outorgar obrigações.

Sindicável pelo judiciário – todo ato administrativo pode ser apreciável pelo judiciário, mas
só no que diz respeito à legalidade à finalidade do ato. Um ato em desacordo com a lei é
anulável pelo judiciário. Em havendo abuso de poder por parte da Administração recorre ao PJ
através do mandado de segurança. O PJ não pode interferir na Administração. Salvo se
provocado quando a Administração se desvia de suas finalidades ou da legalidade. O PJ, em
regra, não julga o mérito, só analisa o fato.
Elementos dos atos administrativos

 Competência – para praticar um ato administrativo, o agente deve estar investido de


competência e ter capacidade para tanto. A competência é elemento vinculado do ato
administrativo, se for praticado por autoridade incompetente o ato será nulo. A
competência é dada por lei ou Constituição. No art. 84 da CF está a competência do
Presidente e no § único ele diz que a competência pode ser delegada para outra pessoa.
Em regra é intransferível e improrrogável, salvo nos casos previstos em lei.
 Finalidade – todo ato administrativo deve ser voltado a um interesse público
determinado em lei. Deve-se sempre verificar se o ato está realmente voltado ao
interesse público ou por trás do ato há um negócio ilícito, pois pode haver favorecimento
pessoal.
 Forma – é maneira pela qual se exterioriza o ato. Há várias formas: portarias,
instruções normativas, resoluções, etc. (atos escritos) há também os atos que são
ordens dadas aos servidores, os atos pictóricos (placas de sinalização), atos
eletromecânicos (semáforos) e os atos mímicos (sinais). Se a forma prevista não for
atendida o ato pode ser nulo.
 Motivo – circunstância de fato ou de direito que acarreta a formação do ato. A falta de
um material é motivação para abrir licitação. É um ato administrativo que vai dar início à
licitação que começa na necessidade de um material (fase interna) e em seguida abre-se
a licitação através de um edital (externa). A motivação do ato pode estar vinculada à lei
ou pode ficar confiada à discricionariedade do administrador. A motivação deve estar
sempre vinculada ao interesse público.
 Conteúdo – todo ato administrativo é uma modalidade de ato jurídico e o conteúdo do
ato visa ou adquirir ou outorgar direitos, estabelecer obrigações, extinguir direitos,
reconhecer ou extinguir obrigações etc. para saber se o conteúdo é válido, tem de haver
os parâmetros do art. 81 do CC.
 Causa – adequação entre a motivação e o conteúdo. Deve haver uma seqüência lógica
entre a motivação, conteúdo e a finalidade do ato. Se a conseqüência não atender à
causa principal do ato, se foi utilizado um meio inadequado em face da motivação, ou
seja, se o conteúdo é inadequado frente à motivação, não há lógica e não atinge a
finalidade específica.

Classificação dos atos administrativos

1) Quanto à natureza da atividade administrativa:


a) Administração ativa – são atos que estabelecem relações jurídicas novas ou criam
relações jurídicas novas. Ex. permissão e concessão. Permissão é um ato pelo qual o
Poder Público outorga a responsabilidade ao particular para a execução de um serviço ou
utilização de um bem. Pode ser revogado. Concessão é igual a permissão, com uma
diferença, ela se materializa através de contrato a longo prazo, não podendo ser
rescindido sem que haja indenização ou desvio de finalidade por parte da concessionária.
Nomeação ato formal pelo qual se escolha uma pessoa para exercer um serviço público.
Exoneração saída do serviço público.
b) Administração consultiva – são atos que informam, esclarecem ou sugerem
providências necessárias a pratica de atos administrativos. Parecer é a fórmula segundo
a qual certos órgãos ou agente consultivo expede opinião técnica sobre matéria
submetida à sua apreciação. A compra de algum produto pode ser feita por forma direta
ou por licitação. Em qualquer situação deve justificativa do ponto de vista legal, deve-se
motivar o ato. O parecer dá embasamento legal à motivação. O parecer não cria
situações novas, mas permite a criação, pois pode a Administração preferir fazer a
licitação ao invés de fazer a contratação direta. Pode ser feita a contratação direta sem
parecer, desde que a motivação esteja embasada na lei que dispense a licitação. Sem
motivação quando exigida o ato é nulo.

2) Quanto à estrutura do ato:


a) Concretos – estão ligados a uma situação específica e determinada. Nomeação
b) Abstratos – são atos que regulamentam situações genéricas. Edital para concurso.

3) Quanto os destinatários do ato:


a) Individuais – são atos que têm destinatários certos, determinados. Homologação de
licitação é de caráter individual, porque especifica qual o sujeito que vai ser contratado.
b) Gerais – não especifica as pessoas, o universo é muito amplo como ocorre com o edital
de licitação que é dirigido a várias pessoas e indeterminadas. São voltados para
situações específicas, mas sem pessoas determinadas.

4) Quanto ao grau de liberdade da Administração:


a) Discricionários – são atos praticados pela Administração Pública com certo grau de
liberdade. Diante de uns parâmetros legais, a Administração tem uma certa liberdade de
escolha, sempre baseada na oportunidade e conveniência. Há uma certa liberdade de
ação.
b) Vinculados – não há margem de liberdade para a Administração agir. Deve praticar os
atos nos estritos termos da lei, sem liberdade de escolha.

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