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ee Roe )ce ie i aesnco.o:¥. Gy (Oo ae oe Ae A Se 2 P = See a Mileto era a mais importante cidade da Jénia. Bergo dos epos homéricos, tornara-se famosa pela atividade comercial de seus navegadores, que percorriam quase téda a bacia do Mediter- rdneo, Nela encontramos os mais antigos fildsofos pré-socrdticos, Tales, Anaximandro e Anaximenes. Sébre a vida de Tales, pouco se sabe. Um feito notével — « previsio feita pelo filésofo do eclipse total do sol de 28 de maio de 585 a.C. — permitiu estabelecer, como datas provdveis, o ano de 624 a.C. para o seu nascimento e 547 a.C. para @ sua morte, Parece ter tido ascendéncia fenicia, e, em data incerta, empreendeu uma viagem ao Egito. Participou ativamente da vida politica e militar de sua cidade. De suas idéias quase nada é conhecido, e é pouco provével que tenha escrito um livro. Avistételes chama-o de fundador da Liles alia 2 ” sibs silt ‘ ¢ is rim. i é ds Atribui-se a Tales a afirmagio de que “todas as coisas esto cheias de deuses", 0 que talvex possa ser associado a idéia de que o ima tem vida, porque move o ferro. Além disto, elaborou uma teoria para explicar as inundagées do Nilo, ¢ atribui-se a Tales @ solugio de diversos problemas geométricos. Doxocraria (+) 1 — Tales afirmaya que a terra flutua sObre a Agua. Mo- ver-se-ia como um navio; ¢ quando se diz que ela treme, em (@) N&o se conhece nenhum fragmento de Tales, 22 verdade flutuaria em conseqiiéncia do movimento da Agua. (Sé- neca, Nat. Quaest. III, 14). 2 — Outros julgavam que a terra repousa sdbre a Agua. Esta é a mais antiga doutrina por nés conhecida ¢ teria sido defendida por Tales de Mileto. (Arist, De Coclo B 13, 294a 28). 3-—A maior parte dos fildsofos antigos concebia_sdmente princfpios materiais como origem de tédas as coisas (...)- Tales, o criador de semelhante filosofia, diz que a 4gua é o principio de tédas as coisas (por esta razio afirmava também que a terra repousa sObre a 4gua). (Arist., Metaph., I, 3). 4 — Entre os que afirmam um tinico principio mdvel — por Aristételes chamados prdpriamente de fisicos —, uns consi- deram-no LIMITADO, assim, ‘Tales de Mileto, filho de Examias ¢ Hipo — que parece ter sido ateu. Dizem que a dgua é 0 principio. As aparéncias sensiveis os conduziram a esta conclu- sio; porque aquilo que € quente necessita de umidade para viver, eo que & morto seca, e todos os germes so timidos, ¢ todo ali- mento é cheio de suco; ora, é natural que cada coisa se nutra daquilo de que provém; a dgua é 0 principio da natureza timida, que mantém tédas as coisas; e assim concluiram que a Agua é 0 principio de tudo ¢ declararam que a terta repousa sdbre a 4gua. (Simplicius, Phys. 23, 21). 5 — Tales e sua escola: o cosmos é um. (Aet., II, 1, 2). 6 — Parece que também Tales se conta entre aquéles que, segundo se diz, supuseram a alma como algo mével, assim como sustentava também que a pedra magnética possui uma alma por- que move o ferro. (Arist, De Anima, I, 2). 7 —E alguns sustentam que a alma est4 misturada com o universo; talvez por isto chegou Tales A opinido de que tédas as coisas esto cheias de deuses, (Arist, De Anima I, 5). § — Tales: a inteligéncia do cosmos é o deus; porque o uni- verso é animado e cheio de deuses; o timido elementar est4 pe- netrado do poder divina, que o poe em movimento. (Act. I, Dy 11). 9 — Tales de Mileto, o primeiro a indagar éstes problemas, disse que a Agua é a origem das coisas e que deus é aquela in- religgncia que tudo faz da Agua. (Cicero, De Deorum Nat, 1, 410, 25). HERACLITO DE ESO As datas do nascimento ¢ da morte de Heraclito sto desco- nhecidas. Sabe-se, porém, que atingiu o acme de sua existéncia na época da 69.2 Olimpiada, entre 504 € 500 a.C. Isto é suftciente para situdlo uma geragio apds Xendfanes, no gual se opds, ¢ uma geragéo antes de Parménides, 0 seu principal opositor. De sua vida, pouco se conhece; supée-se que tenha pertencido a aris- tocracia de Efeso e que seus antepassados foram os fundadores da cidade. Mas parece que Heraclito abdicou dos seus direitos de participar do govérno da cidade. Chamavam-no de orgulhoso, pots desprezava seus concidadios e levava uma vida a parte. Cognominado de “obscura”, relata-se que teria depositado o seu livro no templo de Artemis, mas esta e as muitas lendas que se contam sébre a sua vida, nao tém fundamento histértco. Aspectos fundamentats da doutrina: 1. A afirmacéo da unidade fundamental de tédas as coisas: frags. 10, 50, 89, 103. 2, Dédas as coisas estio em movimento: frags. 12, 49a, 88. 3. O movimento se processa através de contririos: frags. 8, 10, 23, 48, 51, 52, 53, 54, 62, 65, 67, 76, 80, 88, 126. 4. O fogo é gerador do processo césmico: frags. 30, 31, 60, 90. 5. O Logos é compreendido como inteligéncia divina que governa o real: frags. 1, 2, 16, 30, 32, 41, 64, 67, 93, 94, 102, 108, U2, dE, THE, HS. 6. A sabedoria humana ligase a0 Logos: frags. 19, 23, 34, 35, 45, 72, 101, 108, 112, 113, 115, 116. we ui 7. O conhecimento sensivel é enganador e deve ser superado pela razdo: frags. 7,9, 78, 01a, 107, 123. Fracmenros 1 — Este Logos, os homens, antes ou depois de o haverem ouvido, jamais 0 compreendem. Ainda que tudo aconteca con- forme €ste Logos, parecem nfo ter experiencia experimentando-se em tais palavras e obras, como eu as expomho, distinguindo e ex- plicando a natureza de cada coisa. Os outros homens ignoram © que fazem em estado de vigflia, assim como esquecem o que fazem durante 0 sono. 2 — Por isso, 0 comum deve ser seguido. Mas, a despeito de o Logos ser comum a todos, 0 vulgo vive como se cada um tivesse um entendimento particular. 3 (O Sol tem) a largura de um pé humano. 4 — Se a felicidade consistisse nos prazeres do corpo, deve- riamos proclamar felizes os bois, quando encontram ervilhas para comer. 5 — Em vao procuram purificar-se, manchando-se com névo sangue de vitimas, como se, sujos com lama, quisessem lavar-se com lama. E louco seria considerado se alguém o descobrisse agindo assim. Dirigem também suas oragdes a estétuas, como se fésse possivel conversar com edificios, ignorando o que sio os deuses € os herdis. 6 — (O Sol €) névo todos os dias. 7 — Se tédas as coisas se tornassem fumaca, conhecer-se-iam com as narinas. 8 — Tudo se faz por contraste; da Iuta dos contr4rios nasce a mais bela harmonia, 9 — Os asnos prefeririam a palha ao ouro. 10 — Correlagdes: completo e incompleto, concorde e discorde, harmonia ¢ desarmonia, e de todas as coisas, um, e de um, tédas as coisas. 11 — Tudo o que rasteia é custodiado pelos golpes (divinos). 12 — io: <1 n novas Aguas, uimido, 36 13 — (Os porcos) alegram-se na lama (mais do que na dgua limpa). 14 — (A quem profetiza Heraclito?) Aos noctivagos, aos ma- gos, As bacantes, As ménades e aos mistas. (A éstes ameaga com © castigo apés a morte, a éstes profetiza o fogo). Pois o que os homens chamam mistérios (...). 15 — Nio fdssem para Dionisio as pompas organizadas, com cantos félicos, seriam os atos mais vergonhosos; o mesmo é, con- tudo, Hades ¢ Dionisio, pelo qual deliram e festejam as Lenéas. 16 — Quem se poder4 esconder da (luz) que nunca se deita? 17 — Muitos nao entendem estas coisas, mesmo as encon- trando em seu caminho, e nao as entendem quando ensinados; mas pensam saber. 18 — Se nfo tiveres esperanca, nao encontrards o inesperado, pois nfo € encontradicgo e é inacessfvel. 19 — Homens que nfo sabem nem escutar nem falar. 20 — (Heraclito parece considerar o nascimento uma infe- licidade ao dizer:) Desde que nasceram querem viver e sofrer sua sorte mortal — ou antes descansar —, e deixam filhos para haver outras sortes mortais. 21 — Morto é tudo 0 que nés vemos acordados; sonho, tudo © que vemos dormindo. 22 — Os que procuram ouro, cavam em muita terra e pouco encontram. 23 — Nao houvesse isto (a injustica) ignorariam o préprio nome de justica. 24 — Deuses e homens honram os caidos em combate. 25 — Quanto maior fér a morte, maiores os destinos. 26 — O homem, na noite, acende a si mesmo uma luz, quan- do a lua dos seus olhos se apaga. Vivo, toca na morte, quando adormecido; acordado, toca os que dormem. 27 — © que aguarda os homens apds a morte, nao é nem © que esperam nem o que imaginam. 28 — Apenas probabilidade é 0 que o mais estimado co- nhece e guarda. Mas a Justica saberd ocupar-se dos que tra- mam mentiras ¢ de seus testemunhos, fF 29 — Uma coisa preferem os melhores a tudo: a gloria eterna as coisas pereciveis; mas a massa empanturra-se como o gado. 30 — Rste mundo, igual para todos, nenhum dos deuses € anenhum dos homens o féz; sempre foi, é seré um fogo eter- namente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida. 31 — As transformagées do fogo: primeiro o mar; e a me- tade do mar é terra, a outra metade um yento quente. A terra dilui-se em mar, ¢ esta recebe a sua medida segundo a mesma lei, tal como era antes de se tornar terra. 32 — O Uno, © tinico sibio, recusa ¢ aceita ser chamado pelo nome de Zeus. 33 — Lei é também obedecer & vontade de um s6. 34 — Também quando ouvem nio compreendem, sia como mudos. Justificam o provérbio: presentes, esto ausentes. 35 — De muitas coisas devem homens amantes da sabe- doria estar avisados. 36 — Para as almas, morrer é transformar-se em Agua; pata a agua, morrer ¢ transformar-se em terra. Da terra, contudo, forma-se a 4gua, e da 4gua a alma. 37 — Porcos banham-se na lama, pdssaros no pé e na cinza. 38 — (Tales, segundo alguns), foi o primeiro a pesquisar os asttos... (Também Heraclito e Demédcrito séo disto teste- munhas). 39 — Em Priene viveu Bias, filho de Teutanes, cuja fama é maior que a dos outros, 40 — A polimatia nfo instrui a inteligéncia. Nao fésse assim, teria instrufdo Hesfodo e Pit4goras, Xendfanes e Hecateu. 41 — $6 uma coisa é sabia: conhecer 0 pensamento que governa tudo através de tudo. 42 — Homero deveria ser expulso dos jogos piiblicos € ser castigado. Também Arqufloco. 43 — Melhor apagar a desmedida que um incéndio. 44 — O povo deve Iutar por sua lei como pelas muralhas. 45 — Mesmo percorrendo todos os caminhos, jamais encon- trar4s os limites da alma, tao profundo é 0 seu Logos. 38 46 — (Chamava a) presungiio, doenga sagrada, (e a vista, enganadora). 47 — Nao devemos julgar apressadamente as grandes coisas. 48 — O arco tem por nome a vida, e por obra, a sua morte. 49 — Um vale aos meus olhos dez mil, se é o melhor. 492 — Descemos ¢ nao descemos nos mesmos rios; somos e nao somos, 50 — (Heraclito afirma a unidade de tédas as coisas: do se- parado e do no separado, do gerado e do nao gerado, do mortal e do imortal, da palavra (logos) e do eterno, do pai e do filho, de Deus e da justica). E sdbio que os que ouviram, nfo a mim, mas as minhas palavras (logos), reconhegam que tédas as coisas sio um. 51 — Eles ndo compreendem como, separando-se, podem har- monizar-se: harmonia de f6rcas contrarias, como o arco e a lira. 52 — O tempo é uma crianga que brinca, movendo as pedras do jdgo para 14 e para c4; govérno de crianga. 53 — A guerra é 0 pai de tédas as coisas e de tédas o rei; de uns féz deuses, de outros, homens; de uns, escravos, de outros, homens livres. 54 — A harmonia invisivel é mais forte que a visivel. 55 — Prefiro tudo aquilo que se pode ver, ouvir e entender. 56 — Os homens se enganam no conhecimento das coisas vi- siveis, como Homero, o mais sdbio dos helenos. Pois também Aquele enganavam os jovens, quando catavam piolhos ¢ diziam: tudo 0 que vimos e pegamos, nés abandonamos; tudo o que nao vimos nem pegamos, levamos conosco. 57 — A maioria tem por mestre Hesfodo. Estado convictos ser 0 que mais sabe — éle, que nem sabia distinguir o dia da noite. Pois ¢ uma ea mesma coisa. 58 — (Bem e mal so uma ¢ a mesma coisa), Os médicos cortam, queimam, (torturam de todos os modos os doentes, cxi- gem) um saldrio, ainda que nada meregam, fazendo(lhes) um bem semelhante (A doenga). 59 — O caminho da espiral sem fim € reto e curvo, é um € 0 mesmo. 39 60 — O caminho para baixo e 0 caminho para cima é um © 0 mesmo. 61 — O mar: a agua mais pura € a mais abomindvel: aos pei- xes, potdvel e sauddyel; aos homens, impotdvel ¢ prejudicial. 62 — Imortais, mortais; mortais, imortais. A vida déstes é a morte daqueles e a vida daqueles a morte déstes. 63 — Diante déle (Deus), levantam-se, ¢ despertam vigias dos yivos e dos mortos. 64 — O relampago goyerna o universo. 65 — (Fogo:) caréncia_e abundancia. 66 — Pois tudo _o fogo, aproximando-se, julgar4 (e_con- denard), 67 — Deus é dia e noite, inverno e verfo, guerra e paz, abun- dancia e"fome. Mas toma formas variadas, assim como o fogo, quando misturado com esséncias, toma o nome segundo o per- fume de cada uma delas. 67a — Assim como a aranha, instalada no centro de sua teia, sente quando uma mésca rompe algum fio (da teia) e por isso acorre rdpidamente, quase aflita pelo rompimento do fio, assim a alma do homem, ferida alguma parte do corpo, apres- sadamente acode, quase indignada pela lesio do corpo, ao qual est4 ligada firme e harmoniosamente. 70 — (Dizia que as opinides dos homens sio) jogos de criangas. 71 — (Devemos lembrar-nos também do homem) que es- quece para onde leva o caminho. 72 — Sdbre o Logos, com o qual esto em constante relacdo (e que governa tédas as coisas), estio em desacdrdo, € as coisas que encontram todos os dias lhes parecem estranhas. 73 — Nio se deve agir nem falar como os que dormem. 75 — Os adormecidos, (chama Heraclito, creio eu,) operd- tios e colaboradores nos acontecimentos do cosmos. —O f i aco at vive a morte do fogo; a 4gua vive a morte do ar ea terra da dgua. 77 — Tornar-se Gimidas, para as almas, é prazer ou morte. (O prazer consiste no inicio da vida. E em outro lugar diz:) 40 Nés vivemos a morte delas (das almas) ¢ elas vivem a nossa morte. 78 — O espfrito do homem nao tem conhecimentos, mas o divino tem. 79 —O homem € infantil frente A divindade, assim como a crianga frente ao homem. 80 — Bi necessdrio saber que a guerra é 0 comum; e a justiga, discérdia; e que tudo acontece segundo discérdia e necessidade. 81 — Pitdgoras ancestral dos charlataes. 82 — O mais belo simio é feio comparado ao homem. §3 — O mais sdbio dos homens, comparado a Deus, parecer- -se-4 a um simio, em sabedoria, beleza ec todo o resto. 84a — Movendo-se, descansa (0 fogo etéreo do corpo hu- mano). 84b — E cansativo servir ¢ obedecer aos mesmos (senhores). 85 — Lutar contra os desejos € dificil, Pois o que exige, compra da alma. 86 — (Grande parte do divino) subtrai-se ao conhecimento, por falta de confianga. 87 — Um homem tolo assusta-se a cada palavra. 88 — Em nés, manifesta-se sempre uma e a mesma coisa: vida e morte, vigilia e sono, juventude e velhice. Pois a mudanca de um dé o outro é reciprocamente. 89 — Para aquéles que esto em estado de vigilia, hé um mundo tinico e comum. 90 — © fogo se transforma em thdas as coisas ¢ tédas_as coisas_se_transformam em fogo, assim como se trocam as merca- dorias por oure ¢ 0 ouro por mercadorias, — Ni rar duas vézes no mesmo rio, Dis- persa-se ¢ revine-se; avanca e se retira. 92 — A Sibila, que, com béca delirante, pronuncia palavras Asperas, sécas e sem artificios, (fazendo-as ressoar durante mil anos). Pois o Deus a inspira. 93 — O senhor, cujo ordculo estA em Delfos, nao fala nem esconde: éle indica. 94 — O Sol nfo ultrapassard os seus limites; se isto acon- tecer, as Erineas, auxiliares da Justiga, saber&o descobri-lo. 41 95 — Melhor é dissimular sua ignorfncia. (Isto é diffcil no desenfreio ¢ ao beber). 96 — Os cadaveres deveriam ser lancados fora como estrume. 97 — Os c&es ladram aqueles que nado conhecem. 98 — As almas aspiram o aroma no Hades. 99 — Nao houvesse o Sol, seria noite, a despeito das demais estrélas, 100 — (...) © tempo préprio, que traz tédas as coisas. 101 — Eu me procurei a mim préprio. 101la — Os olhos séo testemunhos mais agudos que os ou- vidos. 102 — Para Deus tudo € belo ¢ bom ¢ justo; os homens, contudo, julgam umas coisas injustas e outras justas. 103 — Na circunferéncia, o princfpio e o fim se confundem. 104 — Qual é © seu espirito ou o seu entendimento? Acre- ditam nos cantores de rua e seu mestre € a massa, pois isto nao sabem: “A maioria é ma e poucos sao os bons.” 106 — (Heraclito censura Hesfodo por considerar uns dias bons e outros maus). Por ignorar que a natureza de cada dia é uma e a mesma. 107 — Maus testemunhos para os homens sao os olhos ¢ os ouvidos, quando suas almas sao bérbaras. 108 — De quantos ouvi as palavras, nenhum chegou a com- preender que a sabedoria é distinta de tddas as coisas. 110 — Ni&o seria melhor para os homens, se lhes acontecesse tudo 0 que desejam. 111 — A doenca torna a satide agraddvel; o mal, o bem; a fome, a saciedade; a fadiga, o repouso. 112 — O bem pensar é a mais alta virtude; e¢ a sabedoria consiste em dizer a verdade e em agir conforme a natureza, ou- vindo a sua voz. 113 — O pensamento é comum a todos. 114 — Os que falam com inteligéncia devem apoiar-se sobre 6 comum a todas, como uma cidade sdbre as suas leis, e mesmo muito mais, Pois tédas as leis humanas nutrem-se de uma tnica lei divina. Esta domina, tanto quanto quer; basta a todos (e a tudo) e ainda os ultrapassa. #2 115 — A alma pertence o Logos, que se aumenta a si préprio. 116 — A todos os homens é permitido o conhecimento de si mMesmos € 0 pensamento correto. M17 — O homem ébrio titubeia e se deixa conduzir por uma crianga, sem saber para onde vai; pois timida esté a sua alma. 118 — Brilho séco: alma mais sdbia e melhor. 119 — O cardter é 0 deménio de cada homem. 120 — Términos da aurora e da noite: a Ursa ¢, ao lado oposto 4 Ursa, o Guardiaio do Zeus, resplandecente. 121 — Os efésios deveriam todos enforcar-se, ¢ suas criangas deveriam abandonar a cidade, pois expulsaram a Hermodoro, ° mais valoroso dentre éles, dizendo: ‘ fhinsuem dentre nés deve ser 0 mais valoroso; senfio, (que viva) em outro lugar e com outros.” 123 — A natureza ama esconder-se. 124 — A mais bela harmonia césmica ¢ semelhante a um monte de coisas atiradas. 125 — Mesmo uma bebida se decompée, se nao f6r agitada. 125a — Que vossa riqueza, efésios, jamais se esgote, para que se manifeste a yossa maldade. 126 — O frio torna-se quente, o quente frio, o timido séco € 0 séco timido. Doxocraria 1 — A sua obra tem por objeto, de uma maneira geral, a natureza: divide-se em trés ee que tratam do Universo, do Estado e da Religiao. (Diog. Laert. IX, 5). 2— Eis as suas teorias, “Tudo foi feito pelo foge ¢ tudo se dissipa_no fogo. Tudo est4 submetido ao destino, Eo movi- mento determina téda_a harmonia do mundo. Tudo est4 cheio de espiritos ¢ de demdnios, Falou de tédas_as coisas que contém o mun exatamenti vé. Ele disse ainda: “Mesmo percorrendo todos os caminhos, ja- i cade Tmites dalam, de on Sy seu Logos.” A crenga é para éle uma doenga sagrada e a visio uma mentira. Por vézes, em seu livro, exprime- se de maneira tao clara e lumi- nosa, que mesmo o espirito mais obscuro pode compreendé-lo facilmente ¢ seguir o argumento de seu espirito. A concisio e a riqueza de sua palavra so inimitdveis. 8B Eis como expée suas teorias em cada parte de seu livro. O fogo é um elemento e tudo se faz pelas transformacbes do fogo: quer por rarefacko, quer por condensacio. Contudo, nada explica rassim diz gu lo se faz pela_oposico dos contrérios, e que o todo flui como um rio. O Universo. segundo éle, é limitado, ¢ hd s6_um cosmos, nascido_do fogo ¢ que voliar4 ao fogo apds certos periodos, eternamente, Eo des: tino_que_assim_quer. ama-s e imento;_e 01 a Ardi i ima_e¢ baixo forma Iiquido, fazendo-se_ Agua; a Agua, condensando-se, se_transforma esi ento para baixo. r outro Jado, em sentido inverso, a terra se funde ¢ se torna 4gua, ¢ dela se forma todo o resto, pois relaciona _quase tudo & evaporac3o do mar. E assim se faz o movimento para cima. Hii, portanta evapara- Ges vindas da terra e do mar, das quais umas sido claras e puras e outras obscuras. O fogo tira a sua substancia das primeiras, a igus das segundas. Quanto ao que circunda (0 ar), le nfo ex- fica a sua natureza. Diz, contudo, haver alvéolos na _abdbada cOncava virados para nos. Nestes alvéolos reanem-se_as_ema- nagoes claras, formando assim as luzes que s&o as estrélas. A luz do Sol € a mais brilhante ea mais quente. Com efeito, os outros astros estao_mais distantes da Terra, € isto torna o seu_brilho menos vivo ¢ menos quente; a Lua, enfim, est4 demasiado pré- xima_& Terra para poder encontrar-se_em_um lugar puro. Ao contrario do Sol, situado em lugar brilhante e puro, em uma distancia 4 _nossa_medida, Por isto, é mais quente ¢ tem mais brilho. Os eclipses do Sol e da Lua se produzem quando os alyéolos_estao_voltados para_cima. As fases mensais_da_ Lua S40 consequencia de um pequeno movimento de seu alvéolo sobre si préprio. O dia, a noite, os meses, as estacoes, os anos, as chuvas, os ventos, etc, sao produto dos diferentes tipos de eva- Doracao. Assim, uma evaporacao brilhante, acesa no circulo do ol, faz o dia, a evaporac&o contraria, a noite. O calor nascido da luz produz_o verao, ¢ a umidade, nascida_das trevas ¢ acumu- Jada, o inverno. Hieraclito d4_as causas de todos os outros fend- menos por razoes semelhantes. Nao explica, contudo, a natureza 4 s og. Lael 11). 3 — O Sol é um fogo inteligente, vindo do mar. (Aet. Il, 20, 16). 4 — E Heraclito censura o poeta por ter dito: “Cesse a dis- cérdia entre os deuses e entre os homens!” Pois nao poderia haver harmonia na miisica se néo houvesse sons graves e agudos, assim como nao poderia haver animais sem o macho e a fémea, os quais sio contrérios. (Arist. Eudem. Eth. VII, 1, 1235a 25). 5 — Heraclito liga, conforme os estéicos, a nossa razio com a razio divina, que rege e modera as coisas déste mundo: devido 4 sua unido insepardvel chega a conhecer as decisbes da razdo uni- versal e enquanto dormem as almas, anuncia-lhes, com a ajuda dos sentidos, o futuro. Disto surgem as imagens de lugares des- conhecidos, e figuras de homens, tanto vivos como mortos. Fala também do emprégo das adivinhagées ¢ diz dignos homens terem sido admoestados pelas forgas divinas, (Calcid. c. 251). 6 — Conta-se ter dito Heraclito a estranhos que o queriam visitar ¢ espantaram-se ao vé-lo aquecer-se junto ao fogo: podeis entrar, aqui também moram deuses. (Arist. De part. anim. I, 5, 645a 17). lito diz qiténcia_ do movimento dos contrarios, Tudo obedece_ao_destino e éle é idéntico 4 necessidade, (Act. I, 7, 22). 8 — Heraclito diz, que a alma do mundo é a exalagdo de sua umidade; a alma dos séres vivos vem da exalagio exterior e de sua prépria, sendo homogénea (a alma do mundo). (Aet. Iv, 3, 12). 9 — (Heraclito diz ser a alma imortal), pois apds sua sepa- ragio do corpo volta 4 alma universal, ao homogéneo. (Act. IV, 7, By. 10 — Heraclito explica a alma como uma centelha da subs- tancia estelar. (Macrob. S. Scip. 14, 19). 11 — Admitindo que o homem é dotado de duas possibilida- des para o conhecimento da verdade, a percepcao sensivel ¢ a ra- zo, afirmava Heraclito, assim como os fisicos anteriormente cita- dos, como duyidosos os conhecimentos adquiridos pela percepgao sensivel: considerava a razio, por outro lado, como critério da ver- dade Refuta a percepgio sensivel ao dizer: “Més testemunhas 45 PARMENIDES DE _ELEIA Pouco se sabe sdbre a vida de Parménides. Alguns autores colocam o acme de sua existéncia no ano 500 a.C.; outros, em 475.4.C. Natural de Eléia, no sul da Itdlia, parece ter pertencido a uma familia rica e de alta posigo social. Supde-se que em Eidia tenha conhecido Xendfanes. Segundo a tradigdo, seus pri- meiros contatos filoséficos foram com a escola pitagdrica, espe- cialmente com Ameinias. O poema de Parménides nos oferece — ao lado dos fragmen- tos de Heraclito — a doutrina mais profunda de todo o pensa- mento pré-socrdtico. Mas é também a de mais dificil interpreta- gio. O poema divide-se em trés partes: o prologo, 0 caminho da verdade e a caminko da opintio. No prélogo (frag. 1), 0 fildsofo é conduzido a presenga da deuse, que the promete a revelagéo da verdade. A deusa, por- tanto, € quem fala. No fim do prdlogo, 0 poema distingue “o coragio inabaldvel da verdade bem redonda’, das “opinides dos mortais”, 0 que permite distinguir as duas partes subseqitentes da doutrina. ns y came erdade estende-se do frag. 2 até fim do frag. 8. Jé no frag. 2, o fildsofo_distingue dois caminhos de investigagio, 0 ser ¢ 0 do nito-ser, sendo que o primeiro ¢ o caminho da certeza, pots condux a _verdade, eo segundo permanece imperscrutavel para _o_homem. Trata-se, pois, de pensar o ser, E 0 niicleo da doutrina parmenidica esta na sua afirmacio de que pensar e ser ¢ o mesmo (frag. 3). No pment P éle_ a medida Pen, A terceira parte do poema come¢a no peniltimo pardgrafo do frag. 8 (“Com isto ponho fim ao discurso digno de fé que te 53 dirijo”...), e ocupa-se do caminho da opinito. Aqui, Parméni- des desenvolve a sua cosmologia. Desde a antiguidade discute-se 9 modo como estas duas partes do poema possam ser conciliadas, FRAGMENTOS 1 — Os cavalos que me conduzem levaram-me tao longe quanto meu coragio poderia desejar, pois as deusas guiaram-me, através de tédas as cidades, pelo caminho famoso que conduz o homem que sabe. Por éste caminho fui levado; pois por éle me conduziam os prudentes cavalos que puxavam meu carro, e as mégas indicavam o caminho. O cixo, incandescendo-se na maga — pois em ambos os lados cra moVido pelas rodas girantes —, emitia sons estridentes de flauta, quando as filhas do sol, abandonando as moradas da noite, corriam A luz, rejeitando com as maos os yéus que lhes cobriam as cabegas, LA esto as portas que abrem sébre os caminhos da noite e do dia, entre a vérga, ao alto, e em baixo, uma soleira de pedra, As portas mesmas, as etéreas, sfio de grandes batentes; a Justia, deusa dos muitos rigores, detém as chaves de duplo uso. A cla falavam com doces palavras as mdgas, persuadindo-a habilmente a abrirlhes os ferrolhos trancados. As portas abriram larga- mente, girando em sentido oposto os seus batentes guarnecidos de bronze, ajustados em cavilhas ¢ chavétas; ¢ através das portas, sdbre o grande caminho, as mdcas guiavam o carro € os cavalos, A deusa acolheu-me afavel, tomou-me a direita em sua mio-e dirigiu-me a palavra nestes térmos: Oh! jovem, a ti, acompanhado por aurigas imortais, a ti, conduzido por @stes cavalos A nossa morada, cu satido. Nao foi um mau destino que te colocou sobre éste caminho (longe das sendas mortais), mas a justica ¢ o di- reito. Pois deves saber tudo, tanto o coracio inabaldvel da ver- dade bem redonda, como as opinides dos mortais, em que nao ha certeza, Contudo, também isto aprenderés: como a diver- sidade das aparéncias deve revelar uma presenca que merece ser recebida, penetrando tudo totalmente. 2—E agora you falar; € tu, escuta_as minhas palavras ¢ guarda-as bem, pois vou dizer-te dos Gnicos caminhos de investiga- 54 g4o_concebiveis. O primeiro (diz) que (o ser) é ¢ que o nao- -ser_nio-é; éste é o caminho da convicc4o, pois conduz 4 verdade. O_segundo, que nao ¢ é ¢ que o nao-ser é necessdrio; esta via, digo-te, € imperscrutavel: pois nfio podes conhecer aquilo que nao é — isto é impossivel —, nem express4lo_em_palavra. 4 — Contempla como, pelo espirito, o ausente, com certeza, se torna presente; pois éle nfo separard o ser de sua conexao ao ser, nem para desmembrar-se em uma dispersio universal e total segundo a sua ordem, nem para reunir-se. 5 — Pouco me importa por onde eu comece, pois para 14 sempre voltarei_ novamente. 6 — Necessdrio é dizer_e pensar que sé o ser é; pois o ser é¢ 0 nada, ao contrario, nada é: afirmacio que bem deves con- siderar, _Desta_via_de_investigacio, cu_te_afasto; mas também daquela_outra, na qual vagueiam os mortais que nada_sabem. cabecas duplas. Pois ¢ a auséncia de meios que move, em _scu peito, o seu espirito errante, Deixam-se Jevar, surdos ¢ cegos mente: S assa_indeci al c Jose é considerado o mesmo ¢ nfo o mesmo, e para a_qual em tudo 7 — Jamais se conseguird provar que o nio-ser_¢; afasta, deixe: stay p i eriéncia Abi governar pelo dlho sem visio. pelo ouvido ensurdecedor ou pela te_revelou_mi avr: = e F . ees GRY; - bém imperecivel; possui, com efeito, uma estrutura_inteira, ina- balével_e sem meta; jamais foi nem ser4, pois é no instante pre- ‘sente, todo inteiro, uno, continuo. Que geracao se The poderia encontrar? Como, donde cresceria? Nao te permitirei dizer nem pensar a seu crescer do njo-ser Pois nfo é possivel dizer nem Fo-scr é i al_necessidade i is is tarde? Assim is, é A bsolutamente ou_ndo ser. E jamais a forca wicca r4 que do no-ser_possa_surgir outra_coisa. Por isto, a deusa da Justica no admite, por um afrouxamento de 35 Sue pasca ou que pereca, mas mantém-no_firme, bre & onto recai sdbre a _seguinte afirmativa: ou Q_primeiro caminho, impensdvel_¢ inomindvel (nao é 0 caminho da verdade); 0 outro, ao contrario, ¢ presenca e verdade, Como poderia_perecer_o que €? Como poderia ser gerado? ‘O1s_se crado, nio & ¢ também nao & se devera existir aleum dia, Assim, o gerar se _apaga ¢ 0 perecimento sc Também nao é divisivel, pois & completamente id€ntico. E nao pederia ser acrescido, o que impediria a sua coesio, nem diminufdo; muito mais, é pleno de ser; por isto, é todo continuo, porque o ser é contigno ao ser, Por outro lado, imével nos limites de seus poderosos liames, € sem comégo e sem fim; pois geragio ¢ destruigio foram afas- tadas para longe, repudiadas pela verdadeira conviccio. Perma- necendo idéntico e em um mesmo. estado, descansa em si préprio, sempre imutavelmente fixo e no mesmo lugar; pois a poderosa necessidade 0 mantém nos liames de seus limites, que o cercam por todos os lados, porque o ser deve ter um limite; com efcito, nada he falta; fdsse sem limite, faltar-lhe-ia tudo. © mesmo € pensar e o pensamento de que o ser é, pois jamais encontrards o pensamento sem o ser, no qual é expressado. Nada € ¢ nada poderd ser fora do ser, pois Moira o encadeou de tal mado que seja completo e imével. Em conseqiiéncia, ser4 (ape- nas) nome tudo o que os mortais designaram, persuadidos de que fdsse verdade: geracdo e morte, sere nao-ser, mudanga de lugar ¢ modificacio do brilho das céres Porque dotado de um iiltimo limite, é completo em todos 98 lados, compardvel & massa de uma esfera bem redonda, equili- brada desde seu centro em tdas as diregSes; nao poderia ser maior ou menor aqui ou ali, Pois nada poderia impedi-lo de ser homo- géneo, nem aquilo que é nao é tal que possa ter aqui mais ser do que 14, porque é completamente integro; igual a si mesmo em tédas as suas partes, encontra-se de maneira idéntica em seus limites. Com isto ponho fim ao discurso digno de fé que te dirijo ¢ 4s minhas reflexdes sdbre a verdade; e a partir déste ponto aprende a conhecer as opinides dos mortais, escutando a ordem enganadora de minhas palavras. 56 Eles convieram em nomear duas formas, uma das quais nao deveria s@-lo — neste ponto enganaram-se; separaram, opondo-as, as formas, atribuindo-lhes sinais que as divorciam umas das ou- tras: de um lado, 0 fogo etéreo da chama, suave e muito leve, idéntico a si mesmo em tédas as partes, mas nao idéntico ao outro; e de outro lado, esta outra que tomaram em si mesma, a noite obscura, pesada e espéssa estrutura. Participo-te téda esta ordem aparente do mundo, a fim de que nfo te deixes vencer pelo pen- samento de nenhum mortal. 9 — Apés terem sido tédas (as coisas) denominadas luz e noite, € aquilo que estd de acérdo com a sua fora ter sido atri- buido como nome a tédas as coisas, tudo, concomitantemente, esta pleno de luz e de noite invisivel, uma e outra em igualdade; pois nada existe que nao participe de um ou de outro. 10 — Conhecerds a esséncia do éter e tédas as constelagées no éter, € a acdo consumidora dogs puros ¢ Impidos raios do sol, e donde provém; e aprenderds a circulagdo e a esséncia da lua arre- dondada; conhecerds também o céu circundante, donde surgiu e como a necessidade que o dirige o constrange a manter os limites dos astros. 1 = (...) como a Terra eo Sol ea Lua eo éter universal ea celeste via-léctea ¢ o Olimpo mais extremo e também como a cAlida férga das estrélas comecaram a existir. 12 — Os (antis) miais estreitos esto cheios de fogo sem mis- tura; os (seguintes) esto cheios da noite, mas entre ambos estd projetada a parte de fogo; no centro déstes (anéis) estd a divin- dade que tudo governa; pois em tudo ela é 0 principio do cruel mascimento ¢ da unido, enviando o feminino a unir-se com o masculino, como, ao contrario, o masculino com o feminino. 13 — Em primeiro lugar criou (a divindade do nascimento ou do amor), entre todos os deuses, a Eros (...). 14 — (A Lua:) Brilhante durante a noite, luz estranha er- rante em térno a Terra. 15 — (A Lua:) Sempre olhando para os raios do Sol. 15a — (A Terra:) Enraizada na dgua. 16 — Assim como cada um detém uma mistura prépria ao movimento prédigo de seus membros, assim o espirito se apre- senta no homem. Pois é em cada um e em todos os homens 57 aquilo que pensa, as propriedades internas dos membros: ¢ « pensamento predomina. 17 — A direita 0s mogos, A esquerda as mécas. 18 — Quando mulher e homem misturam as sementes do amor, a f6rca, quando em equilibrio, forma nas veias, de sangues diferentes, corpos bem constitufdos. Mas se, ao misturarem-se as sementes, as fOrgas permanecem em luta e nfo produzem uma unigo no corpo que resulte da mistura, afligirto funestamente a vida nascente por duplicidade de sexo. 19 — Assim, segundo a opinitio, estas coisas vieram A luz e agora so e, no curso do tempo, crescerfio e depois morrerio. A cada uma os homens atribuiram um nome que lhes é préprio, ™ Doxocraria 1 — Contra Parménides, os mesmos métodos podem ser em- pregados nos raciocinios que se lhe poem, s¢ hé os que lhe sio particulares; e a refutacdo se formula assim: por um lado, as pre- missas sfo falsas, por outro, a conclusio nao é vélida. As pre- missas sao falsas porque tomam o ser em sentido absoluto, quando as suas acepgGes sto miiltiplas; a conclusio nao é valida, porque se se tomam como dados tinicos as coisas brancas, o ser sendo significado pelo branco, as coisas brancas nao serio menos mul- uplicidade e nfo unidade. Pois nem pela continuidade nem pela defini¢éo serd o branco uno. £ preciso distinguir, em seus conceitos, o branco € seu sujeito, sem que isto nos obrigue a colocar, fora do objeto branco, algo de separado, porque nao é como coisas separadas, mas pelo conceito, que o branco ¢ o eu Sujeito sio diferentes. O que nao foi compreendido por Parmé- nides. (Arist. Phys. I, 3, 186a). a 4 ees is Bey : z doi. i go ¢ ra. rimeiro elemento criador, segundo é matéria. Os homens nasceram da terra. Trazem em _sio calor eo frio, que entram na composicio de todas as coisas. espirito ¢ a alma sio para le uma Ginica ea mesma coisa... Hi dois tipos de filosofia, uma se refere A verdade ¢ a_outra A opinio. (Diog. TX). 58

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