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CURSO DE PEDAGOGIA
Capivari, SP
2009
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CENECISTA DE CAPIVARI
CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE
ISECC/CNEC
CURSO DE PEDAGOGIA
CAPIVARI, SP
2009
ALMEIDA, Crislaine Regina. BRUNN, Elis Juliana Pavioto. O desenvolvimento da prática
de leitura como hábito diário e significativo ao aluno . Projeto de Pesquisa de Monografia de
Conclusão de Curso. Curso de Pedagogia. Instituto Superior de Educação Cenecista de
Capivari – ISECC. 43, 2009.
RESUMO
Este estudo aponta para a necessidade de considerar a leitura, mais precisamente a aquisição
da leitura, como um processo comunicativo desde os seus princípios, nos anos iniciais da
escolaridade, sendo assim, tratamos do processo de planejar as atividades de forma a
realmente integrarem as estratégias pedagógicas com as expectativas cognitivas e sociais dos
educandos. Analisamos algumas considerações sobre o papel da escola, como a biblioteca e a
prática de leitura na sala de aula, e o papel dos educandos, suas práticas de leitura e seu plano
pedagógico para o desenvolvimento deste hábito nos alunos. Além disso, mencionamos que a
leitura e o desenvolvimento de seu hábito diário pelos educandos, parte não somente da
decodificação do texto, mas sim de uma interação entre os conhecimentos prévios do leitor,
isto é, sua vida social e as competências e conhecimentos que possuem, com a busca de
sentidos num texto a partir de uma leitura.
Apresentação.............................................................................................................................08
Introdução.................................................................................................................................10
2.4 O letramento e sua relação com o hábito da leitura dentro e fora da escola.......................41
Considerações Finais.................................................................................................................43
Referências bibliográficas.........................................................................................................45
EPÍGRAFE
“Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena
os livros me deram casa e comida.
Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo;
em pé, fazia parede; deitada fazia degrau de escada;
inclinado, encostava num outro e fazia telhado.
e quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá
dentro pra brincar de morar em livro.
De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto
olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois,
decifrando palavras.
Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.
Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto
mais íntima a gente ficava, menos eu ia me lembrando
de consertar o telhado ou de construir novas casas...”
NUNES, Lygia Bojunga. Livro: um encontro com Lygia Bojunga Nunes. Rio de Janeiro: Agir,
1988.
DEDICATÓRIA A Nosso Senhor Deus Pai Misericordioso...
A nossa família:
Nosso porto seguro nas idas e vindas, pela paciência e
dedicação.
Às amigas, a quem queremos bem,
Para nós joias raras, uma certeza, porque as cativamos e
nos deixamos cativar.
CRISLAINE e ELIS
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, muito obrigada a nosso Bom Deus pelas graças concebidas durante
a nossa formaçao.
Obrigada também família querida que depositou em cada uma de nós confiança e
dedicação.
Obrigada as nossas amigas de classe, pois se vencemos foi porque estiveram ao nosso
lado como guerreiras em busca desse sonho em comum.
Muito obrigada ao nosso orientador e a nossa avaliadora que nos guiaram até esta
conquista.
Agradecemos também a gestão escolar: Teresa do Carmo Bedende, Clever Lobo e Ana
Maria Reginato.
Por este motivo, analisamos também, o quanto um plano pedagógico apropriado pode
assegurar uma prática de leitura eficiente e proficiente aos educandos, no espaço escolar, e
também de que forma os procedimentos didáticos no ambiente escolar devem ser coerentes
considerando os conhecimentos prévios dos alunos e proporcionando a eles conhecimentos
linguísticos e estratégicos que os motivem e os auxiliem na leitura, para que haja uma
determinada interação com o texto e a leitura seja significativa.
Acreditamos que a leitura, quando trabalhada pelos educadores de maneira que haja
interação com o educando, tornar-se-á uma prática diária às crianças, jovens e adultos, mesmo
para os alunos que não possuem um repertório linguístico e semântico tão amplo,
principalmente aos alunos das séries iniciais, pois se considerarmos que estes já conseguem
escolher os livros que querem ler, já são capazes de entender e compreender a manipulação
dos livros, proporcionarão gradualmente um contato positivo dos alunos com a leitura,
poderão desenvolver o gosto pelos livros e o hábito de ler.
Segundo Oliveira (2005):
Através da história, trazidas pela enciclopédia (CIVITA, 1973) soube-se que os árabes
foram os responsáveis pela instalação da primeira fábrica de papel na cidade de Játiva,
Espanha, em 1150 após a invasão da Península Ibérica, revelando assim como os registros
estão ligados ao aspecto político de uma sociedade, e ainda, descobriu-se que no final da
Idade Média, a importância do papel cresceu com a expansão do comércio europeu e tornou-
se produto essencial para a administração pública e para a divulgação literária, por este
motivo por muitas vezes o livro ou seus leitores sofreram censura, perseguição.
No século XV, os livros eram confeccionados à mão, por monges em conventos, logo
os temas eram ligados a religião, isto quer dizer que, não eram muitas pessoas que poderiam
possuir estes livros e que levava-se um bom tempo para a finalização do trabalho de copiar.
Segundo Silva (2000), devemos considerar que apesar de os livros estarem em difícil
acesso várias pessoas intelectuais, cultas e curiosas queriam ler, queriam possuir o
conhecimento gerado através da leitura, pois nesta época o livro foi consagrado como meio de
ascensão social.
De acordo com a enciclopédia de Civita (1973), neste cenário que surge o inventor da
arte de imprimir, Johannes Gutenberg que inventou o processo de impressão com caracteres
móveis a tipografia. Nascido, em 1397, na cidade de Mogúncia, Alemanha, trabalhava na
Casa da Moeda onde aprendeu a arte de trabalhos em metal. Em 1428, Gutenberg partiu para
Estrasburgo, onde fez as primeiras tentativas de impressão.
Uma das causas da falta de hábito é que a leitura tem que disputar espaço com outras
formas de entretenimento. As grandes editoras do Brasil surgiram junto com o rádio
e a televisão que, de alguma forma, são meios de lazer baratos e de fácil acesso... A
distribuição e a divulgação de livros no Brasil são precárias. Não há verba para se
fazer divulgação de livros pela televisão, que é uma mídia cara. E os jornais tratam
como assunto de final de semana. Um exemplo disso é que na França a venda de
jornais aumenta no dia em que são publicadas resenhas. No Brasil as resenhas são
publicadas nos dias em que se vendem mais jornais. (MARTINS FILHO, 2002, p.
02)1.
Ainda de acordo com Martins Filho (2002), a utilização do livro de forma democrática
e popular é um desafio a ser enfrentado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), fundada em
1946, uma de suas iniciativas foi criada com a missão de desenvolver a leitura no país e
A CBL, uma entidade sem fins lucrativos que reúne editores, livreiros e
distribuidores, realizou em 2000 uma pesquisa em todo o País para avaliar a indústria
do livro nacional. Segundo a pesquisa, há no país cerca de 26 milhões de leitores, e
12 milhões de compradores são das classes B e C. Sendo que 60% têm mais de 30
anos, e 53% são moradores da Região Sudeste. Da população alfabetizada com mais
de 14 anos, 30% leu pelo menos um livro nos últimos três meses. Ainda de acordo
com os dados apurados, o grau de escolaridade mantém influência decisiva para a
leitura. O grupo de pessoas que mais compra livros no país possui nível médio de
escolaridade. (MARTINS FILHO, 2002, p. 06)2...
Podemos com isso afirmar que a leitura na escola, tem apenas o caráter secundário ao
da escrita, apesar de andarem lado a lado, a escrita toma todo o tempo, enquanto a leitura é
deixada sempre em segundo plano, ela, muitas vezes, no decorrer do ano letivo, é vista como
uma atividade extra na aula. A leitura precisa ser compreendida como parte da vida, não só
como uma atividade pedagógica, sendo assim, pode adquirir mais espaço durante as aulas e
também fora do espaço escolar.
A leitura, portanto, é o caminho para o leitor ampliar seus horizontes, transformar os
conhecimentos que já possui e adquirir outros conceitos para sua vida social, essa expectativa
deve ficar bem explicitada e entendida pelos educadores, que já possuem em sua
individualidade de leitor e querem desenvolver em seus educandos a prática da leitura. Vale
ressaltar as considerações de Silva (2000) sobre esse assunto:
Portanto, a leitura pode ser concebida dentro do ensino e da escola de maneira natural
sem precisar de métodos e formas para seu desenvolvimento, acreditamos que basta
professores e alunos sentirem o quanto a leitura pode contribuir para a melhora da condição
social e cultural do sujeito, para adquirir mais espaço dentro do currículo escolar.
Vale ressaltar aqui que a instituição escolar, por muitas vezes, precisa demonstrar aos
alunos os aspectos positivos da leitura, que são tão importantes para sua formação social, uma
vez que, na sua vida familiar a leitura pode ainda ser algo estranho e negligenciado, pois a
escola não tem como saber a realidade de vida de cada aluno.
Isto quer dizer que, cabe ao professor proporcionar diferentes formas de se ler o
mundo e também o acesso a diversidade de materiais escritos, ele é o referencial, o motivador,
é nele que os alunos podem encontrar exemplos, por isso a escola é uma instituição que tem a
capacidade de preservar e ampliar a prática de leitura, de formar leitores, assim como afirma
Silva (2000):
Para grande parte dos alunos a escola é o ponto de partida, é o início da convivência
com livros, com a leitura em si. Desta forma, a escola deve abordar a leitura de modo em que
o aluno se interesse por livros, para que isso leve o aluno a saber, a aprender com a leitura, a
adquirir o prazer em ler e, consequentemente, a alterar a sua vida social.
Desta maneira, o professor quando faz uma atividade de leitura em sua sala de aula, não deve
selecionar o livro para o aluno, pois os mesmos devem analisar para descobrirem qual livro
mais interessa, uma vez que cada aluno pode se interessar por gêneros diferentes, sendo
assim, se a escolha partir do adulto pode limitar o prazer do aluno em praticar a leitura.
Assim como afirma Freire (1995, p.45) “nada ou quase nada se faz no sentido de
despertar e manter acesa, viva, curiosa, a reflexão conscientemente crítica, indispensável à
leitura criadora, quer dizer, a leitura capaz de desdobrar-se na re-escrita do texto lido”, pois
muitas vezes, o aluno é despertado a ler pela capa ou pelo título do livro.
Em sua afirmação, Freire (1995) quer evidenciar que o que vale na leitura, muitas
vezes é a vivência do aluno, ou seja, sua escolha de leitura, sua leitura e sua compreensão da
leitura não baseiam-se em escolhas feitas pelos docentes, mas sim pela sua leitura com relação
à sua experiência de vida, a sua relação social, como um indivíduo no mundo.
Desta maneira, vale ressaltar que o papel da escola, portanto, é mostrar os caminhos
que levam ao livro e não ao significado que os alunos vão encontrar na leitura, ou ainda, o
significado que o livro tem, faz-se importante o educador saber que a interpretação da leitura
e seu significado partirá do aluno, com relação a sua experiência de mundo.
3ORLANDI, Eni. Discurso e leitura. São Paulo, Cortez/Editora da Unicamp, 1998, p.37 - 38.
contato com o livro desde pequeno, é fundamental para tornar um aluno interessado pela
leitura o contato direto com ela, diariamente.
Destaca-se, neste momento, também o fato de o aluno não ter acesso à biblioteca
escolar ser o começo para não gostar da leitura, os professores não deixarem os alunos a
vontade para terem acesso aos livros pode tornar-se uma forma de bloqueio no aluno para seu
hábito de leitura, para o seu desenvolvimento como um leitor assíduo e a leitura como algo
prazeroso.
Para uma efetiva prática escolar deve-se ter em sala de aula o estímulo visual em
primeiro lugar: levar aos alunos livros que prendam a atenção deles, deve-se deixar as
crianças terem livre acesso aos livros desde pequenos, terem livros expostos em sala de aula e
visitas agendadas para conecerem a biblioteca escolar. É de fundamental importância,
também, que o professor realize esta atividade com prazer, entusiasmo e responsabilidade na
construção de leitores.
O professor leitor é o exemplo fundamental para o aluno, ele serve de estímulo, por
este motivo, este deve também refletir sobre sua prática diária de trabalho e promover roda da
leitura, ter o canto da leitura em sala de aula, usar todas as possibilidades possíveis para que o
aluno sinta-se interessado pela leitura, uma criança estimulada poderá certamente ser um
futuro leitor.
O que talvez a autora está tentando dizer é que apenas direcionar caminhos ou
promovê-los não são tão significativos quanto o valor pessoal que o educador pode
demonstrar no trato com a leitura e sua prática em sala de aula e fora dela ou ainda com seus
alunos.
Por vezes, os professores se relacionam bem com os livros e com a leitura, há alguns
que afirmam que não gostam de ler, outros que não veem a leitura como lazer; outros que as
poucas leituras que fazem são quase que, exclusivamente, para a preparação das aulas.
Quando uma criança não encontra utilidade na leitura, o professor deve fornecer-lhe
outros exemplos. Quando uma criança não se interessa pela leitura, é o professor
quem deve criar situações mais envolventes. O próprio interesse e envolvimento do
professor com a leitura servem como modelo indispensável: ninguém ensina bem
uma criança a ler bem se não se interessa pela leitura. (KLEIMAN , 2002, p.34 ).
Além disso, as pesquisas nessa área definem o ato de ler, como um processo mental de
vários níveis de compreensão que muito contribui para o desenvolvimento do avanço
cognitivo dos indivíduos. De acordo com Oliveira (2001, p.10): “O processo de transformar
símbolos gráficos em conceitos intelectuais exige grande atividade do cérebro, durante o
armazenamento da leitura num número infinito de células cerebrais.”
Sendo assim, o processamento cognitivo da leitura, segundo Kleiman (2002), pode ser
entendido pela percepção do material linguístico através dos olhos, passando por mecanismos
mentais de agrupamento e lançado em seguida para a memória semântica.
Por outro lado, se a leitura for desenvolvida e usada somente como um instrumento de
avaliação, de decodificação de um código, na prática escolar, certamente fará com que ela não
flua naturalmente entre os alunos e seja até mesmo um fardo que dificilmente proporcionará
ao aluno um gosto pelo ato de ler.
Desse modo, é possível entender que a construção do conhecimento dos alunos sobre
leitura se faz através da mediação, do estímulo e deve fazer parte do seu cotidiano, enquanto o
educador reflete sobre o desenvolvimento do hábito de ler, para que a leitura se torne
significativa e inerente ao aluno, assim como reforça Orlandi (2000, p. 45): “A leitura está
inerente à vida do aluno, bem como pode ser usada como uma prática pedagógica para a
construção do conhecimento.”
Por este motivo, os educadores, de modo geral, devem reavaliar os projetos que
desenvolvem sobre a leitura ou sobre a maneira mais eficaz para conscientizar, incentivar e
desenvolver a prática da leitura dentro e fora da sala de aula.
Usando as descrições e a reflexão trabalhada por esses diversos autores entende-se que
a noção de leitura compreende atribuição de sentidos variados, pois faz-se necessário entender
que a verdadeira leitura deve passar por níveis de compreensão, constatação, reflexão e
transformação que vão além do que está escrito, por este motivo qualquer intensão de
desenvolver ou praticar a leitura dentro ou fora do ambiente escolar deve levar em
consideração que existem deferentes situação de leitura e maneiras de apreendermos os
sentidos nela existentes.
CAPÍTULO II A LEITURA EM SLA DE AULA
Segundo Freire (2003), o papel do educador não se limita a criar condições de leitura
ou propiciar acesso aos livros. O educador deve, antes de tudo, dialogar com o leitor sobre sua
leitura, não perder de vista o sentido, ou possíveis sentidos que o leitor dá a leitura, assim a
leitura é um processo de elaboração interna daquilo que é externo e importante para o
indivíduo.
A partir destas visões da leitura, o educador poderá planejar e propor atividades que
possibilitam a criação de um espaço para motivar o ato de ler. Sendo assim, existir-se-á
reflexão sobre a prática no desenvolvimento do futuro leitor, isto é, a leitura em sala de aula
será um instrumento importante e usado de maneira consciente para a ação educativa e
oferecerá situações favoráveis para que os alunos gostem de ler.
Desta maneira, a leitura em sala de aula, deve ser instrumento para despertar no leitor
o interesse pela palavra escrita, pelas mais variadas realidades do homem, deve ser entendida,
tanto pelos educadores quanto pelos educandos, como um instrumento privilegiado através do
qual desenvolve-se a imaginação e o raciocínio crítico, como um meio de contato com outros
mundos, um meio de ampliar horizontes, de desenvolver a compreensão do mundo e a
comunicação entre as pessoas, uma vez que possibilita a aquisição de diferentes
conhecimentos, conceitos e ainda pode despertar diversas emoções.
Não é somente ensinar e incentivar a leitura, é mais que isso, é mostrar ao educando
que ele pode sim, através da leitura ver o mundo por um outro olhar, mostrar ainda que tudo
se transforma quando interpretamos o mundo a nossa volta através da leitura, com isso
teremos no futuro: adultos leitores e mais que isso, adultos críticos sobre o mundo em que
vice.
Entende-se como Plano de ensino, neste trabalho o estabelecimento de uma rota a ser
percorrida pelos membros da escola, a fim de orientar o trabalho pedagógico na formação
escolar e social dos alunos durante o ano letivo, e segundo Libâneo (1994):
Portanto, se a leitura e sua prática escolar forem tratadas com organização e objetivos
previamente elaborados, a prática social da leitura ganhará uma perspectiva significativa e
real para o leitor e sua prática de leitura.
Destaca-se, também, a importância de selecionar e disponibilizar aos alunos diferentes
tipos de textos e, ainda, explorar pedagogicamente o suporte em que são veiculados, para que
esses elementos levem o aluno a ser um leitor e, acima de tudo, leve-o a estabelecer
significado à leitura, ao mesmo tempo que, desenvolva-se o hábito diário de ler, assim como
menciona Silva (2000).
Como exemplo pode-se ter um plano como o apresentado pelas alunas: Crislaine
Regina de Almeida e Elis Juliana Pavioto Brunn, elaborado durante a graduação em
Pedagogia, 1º Semestre de 2009, para tornar a leitura uma atividade pedagógica dinâmica e
significativa ao aluno, em que objetivos, conteúdos e estratégias se articulem para atingir
êxito no trabalho com a leitura, no espaço escolar, para que desta maneira, o cotidiano do
indivíduo seja invadido pelo mundo da leitura.
Objetivos
Contato com materiais escritos. Estimular a atenção e participação nos momentos de
leitura, realizar a hora do conto e dramatização de narrativas.
Conteúdo
Clássicos infantis, músicas de diferentes gêneros e apresentação de narrativas através de
fantoches, manusear livros, jornais e revistas.
Estratégia
Trabalhar histórias infantis, utilizar rádio para trabalhar as músicas, o professor pode se
caracterizar para contar histórias.
Bibliografia sugerida4:
4 Fonte: RESENDE, Vânia Maria, Literatura infantil e juvenil: vivências de leitura e expressão criadora,
Editora Saraiva, 1997.
Percebe-se que para esta sala preparou-se no plano um contato agradável e positivo da
criança com o mundo da escrita, proporcionando a inserção do aluno no ambiente letrado e,
ao mesmo tempo, lúdico e atraente.
Objetivos
Desenvolver a percepção visual, noção de espaço e tempo da narrativa, aprender a ter
capacidade de recontar uma história, através de seus elementos principais como início, o
clímax e o final, bem como seus personagens principais.
Conteúdo
Poesia, clássicos infantis, cantigas de roda e músicas.
Estratégia
Trabalhar com cantigas na lousa de maneira expositiva, utilização de livros para recontagem
de histórias e teatro improvisados.
Bibliografia sugerida5:
•Que horta!, texto de Tatiana Belinky e ilustrações de Eva Furnari (Edições Paulinas)
•O parque, texto de Maria Ângela Resende e ilustrações de Claudio Martins (Formato
Editorial)
•O parque, texto de Maria Ângela Resende e ilustrações de Claudio Martins (Formato
Editorial)
•Tem de tudo nesta rua..., de Marcelo Xavier (Formato Editorial)
•Bichos, bicho!, texto de Ciça e ilustrações de Ziraldo (Editora FTD)
5 Fonte: RESENDE, Vânia Maria, Literatura infantil e juvenil: vivências de leitura e expressão criadora,
Editora Saraiva, 1997.
1° Ano (6 anos de idade)
Objetivos
Deixar os alunos escolherem os livros que querem “ler”.
Conteúdo
Literatura infantil
Estratégia
Fazer periodicamente visitas a biblioteca com os alunos para que eles escolham o livro que
querem apreciar e ler.
Bibliografia sugerida6:
Objetivos
Resgatar leitura, músicas, brincadeiras, textos que se sabe de memória, por meio do
manuseio de livros, revistas e outros suportes de textos. Resgatar a vivência de diversas
situações nas quais a leitura se faz necessária no mundo externo e interno à escola, ou seja,
6 Fonte: RESENDE, Vânia Maria, Literatura infantil e juvenil: vivências de leitura e expressão criadora,
Editora Saraiva, 1997.
possibilitar o contato com materiais de circulação na vida social.
Conteúdo
Materias impressos como livros, revistas , histórias em quadrinhos, jornais, folhetos
informativos.
Estratégia
Valorizar a leitura como fonte de prazer e entretenimento para que o aluno aproxime os
diversos materiais sociais de leitura e com suas brincadeiras diárias através de conversas,
socialização e reflexão com os demais alunos da sala de aula.
Bibliografia sugerida7:
•Coleção “Conte Outra Vez”, de Mário Vale (Formato de Editorial)
•Coleção “Conte Esta História”, de Maria José Boaventura (Editora Vigília)
•Coleção “Bons Tempos”, de Rogério Borges (Editora Kuarup)
•Série “Vaca Amarela”, de Canini (Editora Mercado Aberto)
•Coleção “Peixe Vivo”, de Eva Furnari (Editora Àtica)
•Coleção “As Meninas”, de Eva Furnari (Formato Editorial)
•Coleção “Mágica e Ping-Pong”, de Eva Furnari (Editora FTD)
Através deste plano as crianças da 1ª Série / 2° Ano, que já tem sete anos de idade,
iniciam o manuseio e a reflexão sobre os diversos materiais escritos produzidos pela
sociedade. Entendem como funcionam diversos materiais no cotidiano, ao mesmo tempo que,
se envolvem no mundo da leitura.
Objetivos
Ampliar gradativamente as possibilidades de comunicação e expressão dos alunos, despetar
interesse por conhecer vários gêneros orais e escritos, criar diversas situações de
intercâmbio social nas quais possam contar suas vivências, ouvir as de outras pessoas,
7 Fonte: RESENDE, Vânia Maria, Literatura infantil e juvenil: vivências de leitura e expressão criadora,
Editora Saraiva, 1997.
elaborar e responder perguntas.
Conteúdo
Contos, poemas, notícias de jornal, informativos, parlendas, trava-línguas, trabalhados em
sala de aula oralmente para todos os demais alunos ouvirem o trabalho de leitura do outro.
Estratégia
Executar práticas de leitura coletiva em que o aluno pode ler para a classe e em seguida
todos poderão discutir e interpretar as diferentes leituras de acordo com a sua vivência de
mundo.
Bibliografia sugerida8:
•A arca de Noé, poemas musicados de Vinícius de Moraes (Livraria José Olympio Editora)
•Casa de brinquedos, composições musicais de Toquinho e outros
•Coleção “Taba”, que traz obras da literatura infantil brasileira adaptadas, incluindo
folclore, músicas e, a final, sugestões de dramatização para cada história (Abril Cultural)
•Coleção “Era Uma Vez Grimm”, que contém contos tradicionais bem traduzidos (Editora
Kuarup)
•Coleção “Era uma vez Perrault”, que contém contos tradicionais bem traduzidos (Editora
Kuarup)
•Coleção “Era uma vez Andersen”, que traz livros com contos tradicionais bem traduzidos
(Editora Kuarup)
Com este trabalho durante a 2ª série / 3º ano, em que as crianças tem oito anos de
idade, desenvolve-se a oratória, criticidade e, também, reforça o respeito mútuo em ouvir e
respeitar o outro.
Objetivos
Uso da linguagem oral para conversar, brincar, comunicar e expressar leituras,
necessidades, opiniões, ideias, preferências e sentimentos, e relatar as vivências nas diversas
8 Fonte: RESENDE, Vânia Maria, Literatura infantil e juvenil: vivências de leitura e expressão criadora,
Editora Saraiva, 1997.
situações de interação sobre o que lê e o mundo em que vive.
Conteúdo
Relato pessoal, biografia e auto-biografia.
Estratégia
Propor rodas de conversa para que os alunos relatem experiências de sua vida envolvendo
assuntos sobre a sua vivência, memória e imaginação.
Bibliografia sugerida9:
Através dos objetivos propostos para esta série, nota-se que o conteúdo faz sentido,
está articulado. Por vezes, os educadores sentem-se inseguros na preparação de objetivos para
trabalhar com seus alunos, ou ainda, negligenciam a articulação dos objetivos que propõem
com o conteúdo ou estratégia utilizados. Desta maneira, a nossa preocupação é ressaltar o
valor pedagógico de um trabalho planejado e bem articulado.
Objetivos
Fatos em sequência temporal e casual com reconto de histórias conhecidas com aproximação
às características da história original no que se refere à descrição dos personagens, cenários
e objetos, com ou sem ajuda do professor. Formação de leitores críticos.
Conteúdo
9 Fonte: RESENDE, Vânia Maria, Literatura infantil e juvenil: vivências de leitura e expressão criadora,
Editora Saraiva, 1997.
Narrativa sobre diferentes temas, policial, mistério, humor, fantasia e extraordinário. Textos
veiculados em jornais e revistas do cotidiano.
Estratégia
Depois de ler um livro, um conto ou uma história, o aluno terá oportunidade em sala de aula
de ser narrador e recontar através da memória e da sintetização do que leu para expor com
êxito aos colegas de classe, levando em consideração a sequência temporal e casual da
história. Disponibilizar jornais e revistas aos alunos para leitura individual e coletiva e para
discussão crítica da leitura no espaço escolar.
Bibliografia sugerida:
Ressalta-se neste período escolar a formação do cidadão, como o ser reflexivo e atento
a sua realidade, ao mesmo tempo que, não abandona-se o prazer em ler, nem tão pouco a
liberdade de expôr o que entendeu, o que sente. Nota-se, mais uma vez que, o conteúdo
ajusta-se aos objetivos, bem como às estratégias, de modo que o trabalho seja significativo e
interessante
Observa-se no plano de leitura apresentado que cabe aos educadores grande parte da
responsabilidade da formação social e cultural das crianças e assim consequentemente formar
leitores proficientes, resolvida facilmente se houver um ensino de leitura vinculado a um
projeto pedagógico associado a práticas que estimulem a compreensão do mundo, a
criatividade, a autonomia, a curiosidade, a formulação de hipóteses de sentido, a busca de
informação e construção do senso critico, como afirma Freire (1995), um ambiente de ensino
e aprendizagem possibilita às crianças a descoberta, a criatividade, a invenção e a autonomia,
pois permite o intercâmbio de informações que torna o aprendizado muito mais rápido e
dinâmico.
Por esta razão, acreditamos que um trabalho docente fundamentado e preparados,
através de objetivos e metas prévios e claramente estabelecidos geram uma aprendizagem
significativa aos alunos e educadores, na formação do aluno leitor.
A biblioteca escolar deve ser na escola um lugar de prazer, em que o aluno se torne um
leitor, sem cobranças ou avaliações de leitura. Ela deve servir como um espaço de busca pela
satisfação de leitura, local de informações, de literatura e conhecimento. Deve ser uma das
várias maneiras de despertar no indivíduo o hábito da leitura, um lugar de estímulos para a
imaginação e para a formação do sujeito como um ser crítico.
Além disso, pode e deve ser também um local para diferentes buscas, segundo Porto
(2001), como um laboratório, onde os educandos encontram teorias para soluções de
problemas de âmbito pessoal e social, o resultado dessa investigação, portanto, deve funcionar
como um meio de estimular a criação de novas teorias para solucionar os mesmos problemas
ou outros que se apresentem em seu cotidiano como um ser social.
Em suas obras, Freire (2003), tem destacado a importância do exemplo para que
crianças e jovens se interessem pela leitura e desenvolvam o hábito de ler. Portanto, a escola
que possui uma biblioteca escolar, efetivamente voltada para democratizar o acesso à leitura e
ainda o prazer do leitor ser livre para escolher a leitura que quer apreciar, certamente formará
leitores.
Vale ressaltar que a biblioteca escolar estar preparada fisicamente para atender os
alunos da escola não basta para termos leitores, faz-se necessário também que ele se
desenvolva pelo exemplo em outros espaços tanto escolares quanto não-escolares, sendo
assim educadores e familiares devem agir juntos no estímulo à leitura para as crianças em
formação. Para tanto, existe um fator primordial: a biblioteca escolar deve atender não
somente as crianças e jovens com literatura infantil ou infanto-juvenil, mas também adultos
com variado acervo, convidando os adultos da comunidade a frequentá-la.
Sendo assim, aponta-se ainda o fator lúdico que deve possuir a biblioteca escolar, uma
vez que quanto mais atrativa ela for, maior será o interesse das crianças no período em que se
formam leitores e maior será a vontade de frequentá-la nos momentos de ócio ou de busca por
conhecimento, este local deve ser entendido pelos que organizam e pelos que frequentam
como um espaço de cultura e convívio harmônico, assim como argumenta Porto (2001):
(...)a biblioteca é formada pelo convívio diário das crianças e dos adolescentes,
descobrindo livros, obras de referência, periódicos e participando das atividades de
animação cultural. Nesse encontro diário desenvolve-se o trajeto afetivo, lúdico,
cognitivo e existencial do leitor e do ser em formação(...). (PORTO, 2001, p. 22)
Portanto, a biblioteca escolar deve ser reconhecida como espaço formador de leitores
que precisa de livros e materiais impressos diversificados, um espaço físico organizado e
pessoas acolhedoras para atender às crianças.
De acordo com Oliveira (2001), ao longo do tempo a relação leitor e escritor foi se
alterando e, muito embora na Antiguidade Grega e Romana a prática de leitura oral e
silenciosa coexistissem, foi a partir da Idade Média que a leitura silenciosa foi conquistada
pelos ocidentais. Tal conquista causou uma mudança que transformou a função mesma da
palavra escrita, cuja a tarefa era preservar a memória de uma cultura em outro modelo que,
segundo Chartier (2000), tornou o livro tanto um objeto quanto um instrumento de trabalho
intelectual.
As formas e maneiras hábeis tanto de escrever quanto a de ler foram sendo aprendidas
e modificadas através de práticas pedagógicas e sociais e pelo fato de contarmos atualmente
com uma sociedade com um maior números de escritores e leitores de texto. Desta maneira,
se o ato de ler proporciona gradativamente ao leitor proficiência, quanto maior a quantidade
da leitura maior a qualidade o leitor adquiri, pois apreende novos conhecimentos, compreende
novos sentidos e transforma sua vida, uma vez que, alimenta novas hipóteses para entender
não só o texto, mas o mundo em que está inserido.
Entende-se, assim, que a formação de uma leitura crítica baseia-se não somente no
grau de escolaridade dos alunos, mas sim nos elementos que estes tiveram contato ao longo de
sua formação como leitor. Isto implica na atuação dos docentes em suas ações pedagógicas
desde os anos iniciais de escolaridade, do contato com o conhecimento e diversas leitura que
o aluno adquiri na escola e fora dela.
Desta maneira, o docente deve preocupar-se com a formação de leitor que proporciona
a seus alunos levando em consideração a relação leitor e texto, e esclarecendo o
distanciamento muitas vezes da relação escritor e leitor ou escritor e texto, e não buscar neles
leitores de letras impressas apenas, meros decodificadores de sinais gráficos, mas leitores que
percebam que o que importa são as relações que estabelece-se com os textos, em função de
conhecimentos prévios e experiências sociais e, também, em função das transformações que
os textos projetam nos indivíduos. Assim como afirma Bakhtin (apud LARROSA, 2000):
...O texto nos permite falar e escrever livremente, como nossas próprias palavras,
porque o fazemos vir até nós, porque o mesclamos com nossas próprias palavras,
porque encarnamos em nossa própria vida; podemos ser nós mesmos, isto é, formar
nossas próprias palavras, porque não há um texto único; o infinito do texto está na
multiplicidade e na pluralidade de suas traduções, de suas encarnações dialógicas.
(BAKHTIN, apud LARROSA, 2000, p.124)
Assim, conhecer o escritor, ou seus propósitos, ou o que seu texto quer dizer, não se
faz tão importante quanto a relação do leitor com o que compreendeu ou começou a pensar, a
entender, a partir da leitura,que se apresenta rica de possibilidades e significações, para o
indivíduo.
Conhecer o modo como a língua escrita está sendo utilizada em seus aspectos e
funções sociais recebe a denominação de letramento, uma vez que, envolve não somente
codificar ou decodificar uma mensagem, mas sim porque exerce diferentes funções e
finalidades comunicativas.
Para tanto, no âmbito de desenvolver o hábito da leitura nos educandos os usos e
funções da escrita devem ser trabalhados para ampliarem gradativamente a discussão e a
posição crítica do aluno com relação ao meio social em que está inserido.
Desta maneira, o letramento pode ser utilizado como ferramenta no desenvolvimento
das habilidades de leitura e escrita, pois uma vez inserido na cultura do mundo letrado o aluno
já possui conhecimentos prévios que podem ser utilizados na construção de novos
conhecimentos pela mediação do professor no ambiente escolar:
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 2ªed. São Paulo: Olho
d’água,1995.
__________. A Importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 45ªed. São
Paulo: Cortez, 2003.
_________, Ângela B. Ação e mudança na sala de aula: uma pesquisa sobre letramento e
interação In: ROJO, Roxane. Alfabetização e letramento. Campinas: Mercado das letras,
1998.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. (Coleção Magistério, 2° grau
série formação do professor).
OLIVEIRA, Maria Isabel de. Seminário leituras em sala de aula: reflexões de uma
professora. 13º cole – Com todas as letras para todos os nomes. Campinas/SP, 2001. Org. 13º
COLE- Congresso de Leitura do Brasil. Com todas as letras para todos os nomes. Unicamp:
Campinas, 2001.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e Leitura. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2000.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. A produção da leitura na escola: Pesquisas e Propostas. 2ªed.
São Paulo: Ática, 2000.
______, Ezequiel Theodoro da. O professor e o combate á alienação. 3ªed. São Paulo: Cortez/
Autores associados, 2000.