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Introdução

Já foi dito que, durante o século 20, o homem conquistou o "poder do átomo". Criamos
bombas atômicas e geramos eletricidade por meio da energia nuclear. Nós, até mesmo,
dividimos o átomo em pedaços menores chamados de partículas subatômicas.
Mas o que é um átomo exatamente? Do que ele é feito? Qual é sua aparência? A busca
da estrutura do átomo uniu muitas áreas da química e da física naquela que talvez tenha
sido uma das maiores contribuições da ciência moderna.

Termos importantes
• átomo - o menor
pedaço de um
elemento que
mantém suas
propriedades
químicas
• composto -
substância que pode
ser quebrada em
elementos por meio
de reações químicas
• elétron - partícula
que orbita ao redor do
núcleo de um átomo
e possui carga
negativa (massa =
9,10 x 10-28 gramas)
O modelo mais simples de um átomo • elemento -
substância que não
Neste artigo, vamos acompanhar essa fascinante história
pode ser quebrada
sobre como descobertas em vários campos da ciência
por reações químicas
resultaram em nossa visão moderna do átomo. Vamos
ver as conseqüências de conhecer a estrutura do átomo • íon - átomo
e como essa estrutura levará a novas tecnologias. carregado
eletricamente (ou
O que é um átomo? O legado dos tempos seja, com excesso de
antigos através do século XIX carga positiva ou
negativa)
A visão moderna de átomo veio de muitos campos da • molécula - menor
química e da física. A idéia de átomo veio da pedaço de um
filosofia/ciência da Grécia antiga e dos resultados da composto que
química dos séculos 18 e 19: mantém suas
• conceito do átomo propriedades
• medidas de massa atômica químicas (feito de
• relações periódicas ou repetitivas entre os dois ou mais átomos)
elementos • nêutron - partícula
sem carga existente
O conceito de átomo no núcleo de um
Da Grécia antiga até hoje, sempre imaginamos do que é
átomo (massa =
composta a matéria. Para compreender o problema, aqui
1,675 x 10-24 gramas)
vai uma simples demonstração extraída da obra "The
• núcleo - parte
Extraordinary Chemistry of Ordinary Things, 3rd Edition"
central densa de um
(A química incomum das coisas comuns, 3ª edição), de
átomo (feito de
Carl H. Snyder:
prótons e nêutrons)
• próton - partícula
existente no núcleo
de um átomo com
carga positiva (massa
= 1,673 x 10-24
gramas)
1. pegue um monte de clipes de papel (todos do mesmo tamanho e cor;
2. divida o monte em dois montes iguais;
3. divida cada um dos montes menores em dois montes iguais;
4. repita o passo anterior até você chegar a um monte com apenas um clipe. Esse
clipe ainda funciona como um clipe de papel (ou seja, prende papéis soltos);
5. agora, pegue uma tesoura e corte esse clipe de papel pela metade. A metade do
clipe de papel pode fazer o mesmo trabalho que um único clipe de papel inteiro faria?
Se você fizesse o mesmo com qualquer elemento químico, chegaria a uma parte
indivisível que tem as mesmas propriedades do elemento, assim como o clipe de papel.
Essa parte indivisível é o que chamamos de átomo.
A idéia do átomo foi estabelecida pela primeira vez por Demócrito em 530 a.C. Em 1808,
um professor e cientista inglês chamado John Dalton propôs a teoria atômica moderna. A
teoria atômica moderna afirma simplesmente o seguinte:
• todos os elementos são compostos de átomos - os montes de clipes de
papel;
• todos os átomos de um elemento são iguais - todos os clipes de papel no
monte têm o mesmo tamanho e a mesma cor;
• os átomos de elementos diferentes são diferentes (tamanho,
propriedades) - como clipes de tamanhos e cores diferentes;
• os átomos de diferentes elementos podem se juntar e formar compostos -
é possível unir diferentes clipes de diferentes tamanhos e cores para formar
novas estruturas;
• nas reações químicas, os átomos não são criados, destruídos ou alterados -
não surgem novos clipes de papel, e eles também não desaparecem nem são
modificados de um tamanho/cor para outro;
• em qualquer composto, os números e tipos de átomos continuam os
mesmos - o número total e os tipos de clipes que você tinha no começo são os
mesmos que você vai ter no final;
A teoria atômica de Dalton formou a base da química naquela época. Dalton imaginou os
átomos como pequenas esferas com ganchos. Por meio desses ganchos, um átomo
poderia se combinar com outro em proporções definidas. Mas alguns elementos poderiam
se combinar para criar compostos diferentes (por exemplo, hidrogênio + oxigênio criam
água ou peróxido de hidrogênio). Por isso, Dalton não conseguia definir a quantidade de
cada átomo nas moléculas de cada substância específica. A água tinha um oxigênio com
um hidrogênio ou um oxigênio com dois hidrogênios? Esse problema foi resolvido quando
os químicos descobriram como pesar os átomos.

As propriedades dos elementos mostravam um padrão repetitivo


No momento em que as massas atômicas foram descobertas, um químico russo chamado
Dimitri Mendeleev estava escrevendo um livro e começou a organizar os elementos
baseando-se em suas propriedades. Ele escrevia os elementos e suas massas atômicas
recém-descobertas em cartões. Mendeleev organizou os elementos em ordem de massa
atômica crescente e percebeu que aqueles com propriedades semelhantes apareciam em
intervalos regulares ou períodos. A tabela de Mendeleev tinha dois problemas:
• havia alguns espaços em branco em sua "tabela periódica";
• quando agrupados por propriedades, a maioria dos elementos tinha massas
atômicas crescentes, mas alguns estavam fora de ordem;
Para explicar as lacunas, Mendeleev afirmou que eles se deviam a elementos ainda não
descobertos. Na verdade, sua tabela previu com sucesso a existência do gálio e do
germânio, descobertos mais tarde. No entanto, Mendeleev nunca conseguiu explicar o
motivo pelo qual alguns dos elementos estavam fora de ordem ou por que os elementos
mostravam esse comportamento periódico. A ciência teria que esperar até que se
conhecesse a estrutura do átomo.
Na próxima seção, vamos ver como descobrimos o interior do átomo.
Quanto pesam os átomos?
A capacidade de pesar átomos surgiu a partir de uma observação de um químico italiano
chamado Amadeo Avogadro. Ele estava trabalhando com gases (nitrogênio, hidrogênio,
oxigênio, cloro) e percebeu que, quando a temperatura e a pressão eram as mesmas,
esses gases se combinavam em proporções de volume definidas. Por exemplo:
• um litro de nitrogênio combinado com três litros de hidrogênio para formar
amônia (NH3);
• um litro de hidrogênio combinado com um litro de cloro para formar cloreto de
hidrogênio (HCl);
Avogadro disse que, sob a mesma temperatura e pressão, volumes iguais de gases
tinham o mesmo número de moléculas. Então, ao pesar os volumes dos gases, ele
poderia determinar as proporções das massas atômicas. Por exemplo: um litro de oxigênio
pesava 16 vezes mais do que um litro de hidrogênio; assim, um átomo de oxigênio devia
ter 16 vezes a massa de um átomo de hidrogênio. Trabalhos desse tipo resultaram
em uma escala de massa relativa dos elementos, na qual todos os elementos eram
mostrados em relação ao carbono (escolhido como o padrão carbono-12). Após a criação
da escala de massas relativas, experimentos posteriores puderam relacionar a massa em
gramas de uma substância com o número de átomos, sendo então encontrada uma
unidade de massa atômica; 1 uma (ou u) ou Dalton é igual a 1,66 x 10-24 gramas.
Nesse momento, os químicos conheceram as massas atômicas dos elementos e suas
propriedades químicas, o que deu origem a um fenômeno fantástico.

A estrutura do átomo: a ciência do início do século XX


Para conhecer a estrutura do átomo, precisamos saber o seguinte:
• quais são as partes do átomo;
• como é a organização dessas partes;
Ao final do século XIX, pensava-se que o átomo não era nada mais do que uma minúscula
esfera indivisível (de acordo com a visão de Dalton). Contudo, uma série de novas
descobertas nos campos da química, eletricidade e magnetismo, radioatividade e
mecânica quântica, no final do século XIX e início do século XX, mudou tudo isso. Aqui
estão as contribuições que esses campos trouxeram:
• as partes do átomo:
 química e eletromagnetismo ---> elétron (primeira partícula
subatômica)
 radioatividade ---> núcleo
 próton
 nêutron
• como é a organização do átomo - a mecânica quântica conseguiu juntar
todas as peças:
• espectros atômicos ---> Modelo de Bohr sobre o átomo
• dualidade partícula-onda ---> Modelo quântico do átomo

Química e eletromagnetismo: descobrindo o elétron


No final do século XIX, químicos e físicos estavam estudando a relação entre a
eletricidade e a matéria. Eles colocavam correntes elétricas de alta voltagem através de
tubos de vidro cheios de gases de baixa pressão (mercúrio, neônio, xenônio), em algo bem
parecido com as luzes néon. A corrente elétrica era transportada de um eletrodo (catodo),
através do gás e para o outro eletrodo (anodo) na forma de um feixe chamado de raios
catódicos. Em 1897, o físico britânico J. J. Thomson conduziu uma série de
experimentos e obteve os seguintes resultados:
• ele descobriu que, se o tubo fosse colocado dentro de um campo elétrico ou
magnético, os raios catódicos podiam ser desviados ou movidos (é assim
que o tubo de raios catódicos (TRC) de sua TV funciona);
• ao aplicar somente um campo elétrico, somente um campo magnético ou uma
combinação de ambos, Thomson conseguiu medir a razão da carga elétrica
pela massa dos raios catódicos;
• ele descobriu que a mesma razão da carga pela massa de raios catódicos
era vista independentemente de qual material se encontrava no tubo ou do
material de que era feito o catodo;
Thomson chegou às seguintes conclusões:
• os raios catódicos eram feitos de partículas minúsculas e com carga
negativa, que ele chamou de elétrons;
• os elétrons deviam se originar do interior dos átomos do gás ou do eletrodo
de metal;
• já que a razão da carga pela massa era a mesma para qualquer substância, os
elétrons eram uma parte básica de todos os átomos;
• como a razão da carga pela massa do elétron era muito alta, o elétron deveria
ser muito pequeno;
Posteriormente, um físico americano chamado Robert Milikan mediu a carga elétrica de
um elétron. Com esses dois números (carga e razão da carga pela massa), os físicos
calcularam a massa do elétron como 9,10 x 10-28 gramas. Para compararmos, uma moeda
de um centavo americano possui uma massa de 2,5 gramas, o que faz que 2,7 x 1027
elétrons pesem tanto quanto um centavo.
Duas outras conclusões se originaram da descoberta do elétron:
• como o elétron tem carga negativa e os átomos são eletricamente neutros,
deve haver uma carga positiva em algum lugar do átomo;
• como os elétrons são muito menores do que os átomos, deve haver outras
partículas com maior massa no átomo;
A partir desses resultados, Thomson propôs um modelo do átomo que era semelhante a
uma melancia. A parte vermelha era a carga positiva, ao passo que as sementes eram os
elétrons.

Radioatividade: descobrindo o núcleo, o próton e o nêutron


Mais ou menos na mesma época em que Thomson fazia experimentos com os raios
catódicos, físicos como Henri Becquerel, Marie Curie, Pierre Curie e Ernest Rutherford
estavam estudando a radioatividade. A radioatividade se caracterizava por três tipos de
raios emitidos (veja Como funciona a radiação nuclear para mais detalhes):
• partículas alfa - com carga positiva e grande massa. Ernest Rutherford
demonstrou que essas partículas eram o núcleo de um átomo de hélio;
• partículas beta - com carga negativa e leves (posteriormente, descobriu-se
que eram os elétrons);
• raios gama - com carga neutra e sem massa (ou seja, energia);
O experimento com radioatividade que mais contribuiu para nosso conhecimento a
respeito da estrutura do átomo foi realizado por Rutherford e seus colegas. Rutherford
bombardeou uma fina folha de ouro com um feixe de partículas alfa e olhou os feixes em
uma tela fluorescente, percebendo o seguinte:
• a maior parte das partículas passava direto pela folha e atingia a tela;
• uma pequena parte (0,1%) era desviada ou dispersada para a frente (em
ângulos diferentes) da folha, ao passo que outras eram dispersadas para trás da
folha;
Rutherford concluiu que os átomos de ouro eram, em sua maior parte, espaço vazio, o
que permitia que a maioria das partículas alfa passasse por eles. No entanto, uma
pequena região do átomo devia ser densa o bastante para desviar ou dispersar a
partícula alfa. Ele chamou essa região densa de núcleo. Era o núcleo que continha a
maior parte da massa do átomo. Mais tarde, quando Rutherford bombardeou nitrogênio
com partículas alfa, uma partícula com carga positiva e mais leve do que a partícula alfa foi
emitida. Ele chamou essas partículas de prótons e percebeu que elas eram uma partícula
fundamental do núcleo. Os prótons têm uma massa de 1,673 x 10-24 gramas, cerca de
1.835 vezes mais do que um elétron.
No entanto, os prótons não poderiam ser a única partícula no núcleo, porque o número de
prótons em qualquer elemento (determinado pela carga elétrica) era menor que o peso do
núcleo. Então, devia existir uma terceira partícula com carga neutra. Foi James
Chadwick, físico britânico e colega de trabalho de Rutherford, quem descobriu a terceira
partícula subatômica: o nêutron. Ele bombardeou uma folha de berílio com partículas alfa
e percebeu que dela saía uma radiação neutra. Essa radiação neutra conseguia, por sua
vez, tirar os prótons dos núcleos de outras substâncias. Chadwick concluiu que essa
radiação era um fluxo de partículas com carga neutra e mais ou menos a mesma massa
do próton. O nêutron tem massa de 1,675 x 10-24 gramas.
Agora que as partes do átomo já eram conhecidas, como
elas se organizavam para criar um átomo? O
experimento de Rutherford com a folha de ouro indicou
que o núcleo estava no centro do átomo e que o átomo
consistia, em sua maior parte, de espaço vazio. Então,
ele previu o átomo como o núcleo de carga positiva no
centro, com elétrons de carga negativa circulando ao
redor dele, assim como um planeta e suas luas. Embora
ele não tivesse evidências de que os elétrons
circulassem em torno do núcleo, seu modelo Visão de Rutherford acerca do
parecia razoável, mas apresentava um problema. átomo
Conforme os elétrons se movessem em círculos, eles
acabariam perdendo energia e emitindo luz. A perda de energia diminuiria a velocidade
dos elétrons. Assim como com qualquer satélite, esses elétrons com velocidade
decrescente acabariam caindo no núcleo. Na verdade, calculou-se que um átomo de
Rutherford duraria apenas bilionésimos de segundos antes de deixar de existir. Faltava
alguma coisa.

Mecânica quântica: juntando todas as peças


Ao mesmo tempo que descobertas eram feitas com a radioatividade, físicos e químicos
estavam estudando como a luz interagia com a matéria. Esses estudos deram origem ao
campo da mecânica quântica e ajudaram a resolver o problema da estrutura do átomo.

A mecânica quântica joga luz sobre o átomo: o modelo de Bohr


Físicos e químicos estudavam a natureza da luz transmitida quando correntes elétricas
passavam através de tubos com elementos gasosos (hidrogênio, hélio, neônio) e quando
elementos eram aquecidos (por exemplo, sódio, potássio, cálcio etc.) no fogo. Eles
passavam a luz dessas fontes por um espectrômetro (um
dispositivo que continha uma fenda estreita e um prisma de vidro). Mecânica quântica
Ramo da física que estuda o
movimento de partículas de
acordo com suas propriedades
ondulatórias nos níveis atômico e
subatômico.

Foto cedida NASA


Luz branca passando por um prisma.

Foto cedida NASA


Espectro contínuo de luz branca.

Agora, quando passamos a luz solar por um prisma, o que vemos é um espectro contínuo
de cores, como um arco-íris. No entanto, quando a luz dessas várias fontes passava pelo
prisma, os cientistas encontravam um fundo negro, com linhas discretas.

Foto cedida NASA


Espectro de hidrogênio

Foto cedida NASA


Espectro de hélio

Cada elemento possuía um espectro único e o comprimento de onda de cada linha dentro
de um espectro tinha uma energia específica (consulte Como funciona a luz para mais
detalhes sobre a relação entre o comprimento de onda e a energia).
Em 1913, um físico dinamarquês chamado Niels Bohr juntou as descobertas de
Rutherford com os espectros observados e, em um momento de grande intuição, criou um
novo modelo de átomo. Ele sugeriu que os elétrons orbitando ao redor do núcleo somente
poderiam existir em certos níveis de energia (ou seja, distâncias) a partir do núcleo, em
vez dos níveis contínuos que se esperariam com base no modelo de Rutherford. Quando
os átomos nos tubos de gás absorviam a energia da corrente elétrica, os elétrons ficavam
excitados e pulavam dos níveis de baixa energia (próximos ao núcleo) para os de alta
energia (mais distantes do núcleo). Os elétrons excitados acabariam voltando a seus
níveis originais e emitiriam energia na forma de luz. Como havia diferenças específicas
entre os níveis de energia, apenas comprimentos de onda específicos de luz eram vistos
no espectro (linhas).

Os modelos de Bohr de vários átomos


A principal vantagem do modelo de Bohr era o fato de que ele funcionava. E explicava
várias coisas:
• espectros atômicos - já citados
• comportamento periódico dos elementos - elementos com propriedades
semelhantes tinham espectros atômicos parecidos:
 Cada órbita, do mesmo tamanho e energia (camada), conseguiria
segurar um número determinado de elétrons.
 primeira camada = dois elétrons
 segunda camada = oito elétrons
 terceira camada e acima = oito elétrons
• ao preencher uma camada, os elétrons eram encontrados em níveis
mais altos.
• as propriedades químicas baseavam-se no número de elétrons na
camada mais distante do núcleo.
 elementos com camadas exteriores cheias não reagem
com outros elementos.
 outros elementos pegariam ou dariam elétrons para ter a
camada mais externa cheia.
Com a invenção dos lasers em meados do século XX, descobriu-se que o modelo de Bohr
também seria útil para explicar seu comportamento.
O modelo de Bohr predominou até o surgimento de novas descobertas na mecânica
quântica.

Elétrons podem se comportar como ondas: o modelo quântico do átomo


Embora o modelo de Bohr explicasse adequadamente como os espectros atômicos
funcionavam, havia alguns problemas que ainda incomodavam os físicos e químicos:
• por que os elétrons ficariam confinados apenas em níveis específicos de
energia?
• por que os elétrons não emitiam luz o tempo todo?
 Já que os elétrons mudavam de direção em suas órbitas circulares
(ou seja, aceleravam), eles deveriam emitir luz.
• o modelo de Bohr conseguia explicar muito bem os espectros de átomos com
um elétron na camada mais externa, mas não era muito bom para os que tinham
mais de um elétron nessa camada.
• por que somente dois elétrons ficariam na primeira camada e oito elétrons em
cada camada após essa? Por que dois e oito especificamente?
Obviamente, o modelo de Bohr ainda não contava a história toda.
Em 1924, um físico francês chamado Louis de Broglie sugeriu que, assim como a luz, os
elétrons podiam agir como partículas e ondas. A hipótese de Broglie logo foi confirmada
por experimentos que mostraram que os feixes de elétrons podiam ser difratados
ou curvados com sua passagem através de uma fenda, da mesma maneira que a luz.
Assim, as ondas produzidas por um elétron confinado em sua órbita ao redor do núcleo
definem uma onda estacionária (em inglês), com comprimento de onda, energia e
freqüência específicas (os níveis de energia de Bohr), da mesma maneira que a corda de
uma guitarra emite onda estacionária quando é puxada.
Outra questão rapidamente seguiu a idéia de De Broglie. Se um elétron viajava como uma
onda, seria possível localizar a posição exata de um elétron dentro dessa onda? Um físico
alemão, Werner Heisenberg, respondeu que não, com o que chamou de princípio da
incerteza:
• para ver um elétron em sua órbita, é preciso iluminá-lo com um comprimento de
onda menor do que o comprimento de onda do elétron em si;
• esse pequeno comprimento de onda de luz possui energia alta;
• o elétron irá absorver essa energia;
• a energia absorvida irá mudar a posição do elétron;
E nós nunca conseguiremos saber o momento e a posição de um elétron no átomo. Por
isso, Heisenberg disse que não devemos imaginar os elétrons como se estivessem se
movendo em órbitas bem definidas ao redor do núcleo.
Com a hipótese de Broglie e o princípio da incerteza de Heisenberg em mente, em 1926,
um físico austríaco chamado Erwin Schrodinger criou uma série de equações ou
funções de onda para os elétrons. De acordo com Schrodinger, os elétrons confinados
em suas órbitas definiriam ondas estacionárias e se poderia descrever somente a
probabilidade de onde um elétron estaria. As distribuições dessas probabilidades
correspondiam às regiões de espaço formadas ao redor do núcleo que formam as regiões
chamadas de orbitais. Os orbitais poderiam ser descritos como nuvens de densidade de
elétrons. A área mais densa da nuvem é onde você tem a maior probabilidade de
encontrar o elétron, e a área menos densa é onde você tem a menor probabilidade de
encontrar o elétron.
A função de onda de cada elétron pode ser descrita como um conjunto de três números
quânticos:
• número principal (n) - descreve o nível de energia;
• número azimutal (l) - a rapidez com que o elétron se move em sua órbita
(momento angular), assim como a rapidez com que um CD gira (rpm). Isso se
relaciona ao formato do orbital;
• número magnético (m) - sua orientação no espaço;
Foi sugerido posteriormente que dois elétrons não poderiam estar no mesmo estado,
sendo criado um quarto número quântico. Esse número se relacionava à direção em que o
elétron gira enquanto se move em sua órbita (sentido horário ou anti-horário). Apenas dois
elétrons poderiam compartilhar o mesmo orbital: um no sentido horário e outro girando no
sentido anti-horário.
Os orbitais tinham formatos e números máximos diferentes em cada um dos níveis:
• s (sharp) - esférico (máx. = 1)
• p (principal) - formato de halteres (máx. = 3)
• d (diffuse) - formato de quatro lóbulos (máx. = 5)
• f (fundamental) - formato com seis lóbulos (máx. = 7)
Os nomes dos orbitais vieram de nomes das características espectrais atômicas antes de
a mecânica quântica ter sido formalmente inventada. Cada orbital consegue conter
somente dois elétrons. Além disso, os orbitais têm uma ordem específica de
preenchimento, que geralmente é:
•s
•p
•d
•f
No entanto, há superposições (qualquer livro didático de química tem os detalhes).
O modelo resultante do átomo é chamado de modelo quântico do átomo.
Modelo quântico de um átomo de sódio.

O sódio tem 11 elétrons distribuídos nos seguintes níveis de energia:


1. um orbital s - dois elétrons
2. um orbital s - dois elétrons e três orbitais p (dois elétrons cada)
3. um orbital s - um elétron
Atualmente, o modelo quântico é a visão mais realística da estrutura geral do átomo. Ele
explica muito do que conhecemos sobre a química e a física. Veja alguns exemplos:

A moderna tabela periódica dos elementos (os elementos são


organizados baseando-se em seu número atômico, em vez de na
massa)
• Química:
 a tabela periódica - o padrão da tabela e sua organização refletem a
organização dos elétrons no átomo.
 Os elementos possuem diferentes números atômicos - o
número de prótons ou elétrons aumenta com a tabela, já que
os elétrons vão preenchendo as camadas.
 Os elementos possuem massas atômicas diferentes - o
número da soma de prótons e nêutrons vai aumentando de
acordo com a tabela.
 Linhas - os elementos de cada linha têm o mesmo
número de níveis de energia (camadas).
 Colunas - os elementos têm o mesmo número de elétrons
na camada ou nível de energia mais externo (de um a oito).
• Reações químicas - a troca de elétrons entre os diferentes átomos
(dando, pegando ou compartilhando). A troca envolve elétrons no nível
mais externo de energia em tentativas de preencher essa camada mais
externa (ou seja, buscam atingir a forma mais estável do átomo).
• Física
• Radioatividade - mudanças no núcleo (decaimento) têm como
consequência a emissão de partículas radioativas.
• Reatores nucleares - dividindo o núcleo (fissão).
• Bombas nucleares - dividindo o núcleo (fissão) ou formando um
núcleo (fusão).
• Espectros atômicos - causados por elétrons excitados que mudam
de níveis de energia (absorção ou emissão de energia na forma de
fótons de luz).

É possível ver os átomos?


Os átomos são tão pequenos que não podemos vê-los a olho nu. Para dar uma noção de
alguns tamanhos, aqui estão diâmetros aproximados de vários átomos e partículas:
• átomo = 1 x 10-10 metros
• núcleo = de 1 x 10-15 a 1 x 10 -14 metros
• nêutron ou próton = 1 x 10-15 metros
• elétron - não se sabe com exatidão, mas acredita-se que seja algo da ordem de
1 x 10-18 metros
É impossível ver um átomo com um microscópio de luz. No entanto, em 1981, foi criado
um tipo de microscópio chamado de microscópio eletrônico de tunelamento (STM). O
STM consiste no seguinte:
• uma ponta muito pequena e afiada que conduz eletricidade (sonda);
• um dispositivo de varredura rápida piezoelétrica no qual é encaixada a ponta;
• componentes eletrônicos que fornecem corrente elétrica à ponta, controlam o
dispositivo de varredura e aceitam os sinais do sensor de movimento;
• um computador para controlar o sistema e fazer a análise dos dados (coletar,
processar e exibir dados);
O STM funciona assim:
• uma corrente é fornecida à ponta (sonda) enquanto o dispositivo de varredura
(scanner) move a ponta rapidamente pela superfície de uma amostra condutora;
• quando a ponta encontra um átomo, o fluxo de elétrons entre o átomo e a ponta
muda;
• o computador registra a mudança na corrente com a posição x,y do átomo;
• o scanner continua a posicionar a ponta sobre cada ponto x,y da superfície de
amostra, registrando uma corrente para cada ponto;
• o computador coleta os dados e desenha um mapa da corrente sobre a
superfície que corresponde a um mapa das posições atômicas;
O processo é muito parecido com uma velha vitrola, em que a agulha é a ponta e as
ranhuras no disco de vinil são os átomos. A ponta do STM se move sobre o contorno
atômico da superfície, usando corrente de tunelamento como um detector sensível da
posição atômica.
Foto cedida National Institute of Standards and Technology (NIST)
Imagem de STM (7 nm x 7 nm) de uma cadeia em ziguezague
simples de átomos de césio (vermelho) sobre uma superfície
de arsenieto de gálio (azul)
.
O STM e as novas variações desse microscópio nos permitem ver átomos. Além disso, o
STM pode ser usado para manipular átomos, como mostramos aqui:

Foto cedida NIST


Foto de: Laboratórios de pesquisa da IBM em Almaden
Átomos podem ser posicionados em uma superfície usando
um ponta de STM, o que permite criar um padrão
personalizado sobre a superfície

Os átomos podem ser movidos e moldados para formar vários dispositivos, como motores
moleculares (consulte Como funcionará a nanotecnologia para obter mais detalhes).
Resumindo: a ciência no século XX revelou a estrutura do átomo. Os cientistas agora
conduzem experimentos para revelar detalhes sobre a estrutura do núcleo e as forças que
o mantém unido.

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