Você está na página 1de 11

See

discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/261562333

Elaboração de multimídias educacionais para


o ensino de química Ligações Iônicas e
Cinética química

Article · March 2007

CITATION READS

1 79

3 authors, including:

Marcelo Leao Bruno Silva Leite


Universidade Federal Rural de Pernambuco Universidade Federal Rural de Pernambuco
19 PUBLICATIONS 149 CITATIONS 41 PUBLICATIONS 29 CITATIONS

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Chemistry Teaching View project

Astrochemistry View project

All content following this page was uploaded by Bruno Silva Leite on 14 April 2014.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


ISSN 1980-5748 Revista Química no Brasil - 2007 | Vol. 1 | nº 1 | 43-52

ELABORAÇÃO DE MULTIMÍDIAS EDUCACIONAIS


PARA O ENSINO DE QUÍMICA
“Ligações iônicas” e “cinética química”
Marcelo Brito Carneiro Leão*

Thiago Araújo da Silveira

Bruno Leite da Silva


Universidade Federal Rural de Pernambuco

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo principal propor um modelo para a elaboração e utlização de multimídias
no ensino de química. Para isto, foi realizada inicalmente uma seleção, avaliacão e classificação de
multimídias educacionais de ciências (química, biologia, física e matemática) existentes em língua
portuguesa e espanhola, nos aspectos das teorias de aprendizagem subjacentes, na sua arquitetura, na
interface e na navegabilidade, visando estabelecer critérios para a elaboração de futuras multimídias. Após o
estabelecimeto destes critérios foram construídas multimídias educacionais de ciências, dentre elas diversas
de química. Apresentamos neste trabalho 2(duas) multimídias de química elaboradas. Os materiais
elaborados serão utilizados posteriormente como ferramentas didáticas para os ensinos médio, de graduação
e de pós-graduação, bem como disponibilizados no portal do Núcleo SEMENTE (Sistema para Elaboração
de Materiais Educacionais com uso de Novas Tecnologias) da Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE), para serem utilizados por alunos e professores interessados.
Palavras-chave. Multimídia; Ensino de Química; Flexibilidade Cognitiva

ABSTRACT

The elaboration of educational multimedias for the Chemistry teaching: “ionic bonds” and
“chemical synetic”. This work proposes a model for the multimedias elaboration and utilization in the
Chemistry teaching. It was first made a selection, avaliation and classification of the educational
multimedias of the sciences existents in the portuguese and spanish languages, about the subjacent
learning theories, its architecture, in the interface and navigability, aimming to establish the criterias to the
future multimedias elaboration. After the criterias establishment it was made the sciences educational
multimedias, many about Chemistry, two of them are presented in this work.
Key-words. Multimedia; chemistry teaching; cognitive flexibility.

* E-mail: mbcleao@terra.com.br
volume I | número I

Diante deste quadro, o desenvolvimento de


. Introdução materiais didáticos multimídicos reverte-se de um
Muito se tem falado sobre o paradigma papel fundamental. A multimídia é uma ferramenta
emer gen te de uma nova so ci e da de do didática que permite a passagem de diversas
conhecimento. Porém, o que se tem visto formas de linguagem (texto, imagens, sons etc.),
efetivamente é a construção de uma sociedade da facilitando uma construção do conhecimento por
informação. Os meios multimídicos, em especial a parte do aprendiz, respeitando-se a individualidade
internet, tem disponibilizado uma quantidade cognitiva de cada indivíduo2. A construção de uma
extraordinária de informação. Entretanto, esta multimídia educacional é uma tarefa que requer a
informação não tem garantido necessariamente um participação de uma equipe multidisciplinar, que
processo de produção do conhecimento2. É leve em consideração aspectos educacionais e de
importante ressaltar que o conhecimento precisa comunicação1. Entretanto, na construção de
sobremaneira de uma construção das pessoas que multimídias educacionais não se tem dado, em
obtêm estas informações, ajudada por interações geral, a devida importância para a análise destes
com outras pessoas que partilham deste mesmo aspectos teóricos fundamentais. Via de regra, a
interesse8. Vale salientar por outro lado, que maior preocupação dos elaboradores concentra-se
estávamos, ou talvez ainda estejamos, acostumados na qualidade do conteúdo exposto4.
a um processamento da informação de maneira Este trabalho teve como objetivo principal
seqüencial e linear, por meio da linguagem escrita propor um modelo para a elaboração e utilização de
e/ou falada. Diferentemente, nos ambientes multimídias no ensino de química. Foram
in te gra dos pe las cha ma das tecno lo gi as de estabelecidos ainda os seguintes objetivos
informação e comunicação (TIC), a construção do específicos: selecionar multimídias educacionais
conhecimento se dá pelo processamento da de ciências em língua portuguesa e espanhola;
informação por meio de várias linguagens de forma avaliar e classificar as multimídias selecionadas,
simultanea, os chamados sistemas multimídicos. com intuito de estabelecer critério orientadores
Nestes novos ambientes, o processamento da para a elaboração de multimídias educacionais de
informação e a possibilidade da construção do ciências; estabelecer critérios pedagógicos e
conhecimento acontecem de forma mais aberta, comunicacionais para a elaboração de multimídias
integrada e multisensorial, tornando-se sem dúvida, educacionais de ciências, e produzir algumas
muito mais atraente e complexa6, 7. multimídias para o ensino de química a partir do
Neste contexto, a utilização das TIC´s na modelo proposto.
educação, está gerando uma expectativa, talvez
exa gera da, de que es tes no vos ambi en tes
garantirão uma excelência na aprendizagem. . Fundamentação teórica
Acre di ta mos, en tre tan to, que a mera
“transfiguração” de uma roupagem antiga, para a A Teoria da Flexibilidade
utilização de recursos tecnológicos de ponta, não Cognitiva (TFC) como suporte
trará grandes mudanças. Para o sucesso desta pedagógico para a construção
incorporação, a utilização das TIC´s na educação
de multimídias
terá que vir acompanhada de uma profunda
discussão e análise das estratégias metodológicas, A TFC foi proposta na década de 1980, por
que possam ajudar na construção de uma Rand Spiro e colaboradores1, 11. É uma teoria
aprendizagem significativa para o aluno9. de representação e instrução, com o objetivo

44
janeiro/julho de 2007

principal de promover o conhecimento não de e. O computador, devido à sua flexibilida-


forma linear e apenas como memorização, mas, de de representações, é adequado à
considerando que o aprendiz deve desenvolver construção de tais ambientes de apren-
a sua capacidade cognitiva, de forma a ser capaz dizagem.
de usar qualquer conhecimento em situações
Cabe ressaltar que a TFC foi desenvolvida
reais diversas, diferentes daquelas em que foi
tendo por base preocupações relativas à aquisição
preparado durante sua formação.
de conhecimentos avançados, em domínios do
Para uma me lhor aná li se da TFC é
conhecimento complexos e pouco estruturados.
importante compreendermos inicialmente o que é
Ao referir-se a domínios “complexos e pouco
fle xi bi li da de cog ni ti va. Por fle xi bi li da de
estruturados” fazemos referência ao que Spiro
cognitiva se quer dizer a capacidade para
reestruturar o conhecimento de alguém, de muitas denomina por ill-structured knowledge domain.
ma ne i ras, em uma res pos ta adap tá vel às Estes domínios do conhecimento caracterizam-se
exigências situacionais11. O desenvolvimento da pela interação simultânea de conceitos complexos,
fle xi bi li da de cog ni ti va re quer múl ti plas bem como a diversidade de padrões de incidência e
representações do conhecimento, que favoreçam interação de conceitos em situações semelhantes.
a transferência desse saber para novas situações. Nessa direção, Spiro esclarece que a aprendizagem
Por esta razão uma ên fase é co lo cada na de conceitos complexos em domínios pouco
apresentação das informações em perspectivas estruturados implica numa mudança em termos
diferentes, e no uso de muitos estudos de casos. dos ob je ti vos de apren di za gem quan do
Podemos resumir como: comparados com aprendizagens, introdutórias ou
a. A complexidade e as variações caso a em domínios altamente estruturados11.
caso representam um grande obstáculo O trabalho com a TFC faz com que um tema
à aquisição de conhecimentos pouco em estudo seja desestruturado, dividido em
estruturados por métodos tradicionais minicasos e trabalhado segundo alguns conceitos
de ensino; e princípios de um alto teor de complexidade em
b. A super simplificação dos métodos tradi- relação ao assunto em foco. Depois deste
cionais de ensino impede o aprendiz de processo são usados temas para fazer com que o
entender a complexidade das situa- aprendiz possa configurar relações com o tema
ções-problema de domínios de conheci- gerador e ser conduzido dentro destes minicasos,
mento pouco estruturados, dificultando a facilitando a compreensão e fazendo com que
sua capacidade de transferir o conheci- sejam alternadas as desconstruções e a abordagem
mento adquirido para novas situações; de conceitos, sob vários pontos de vista. Um
c. A apren dizagem baseada em casos argumento central da TFC é que a revisitação do
analisados de múltiplas perspectivas mesmo material, em tempos diferentes, em
favorece o domínio de conhecimentos contextos rearranjados, com propósitos diferentes
pouco estruturados e a sua aplicação
e a partir de diferentes perspectivas conceituais, é
em novas situações;
essencial para atingir a maestria da complexidade,
d. Para que os estudantes desenvolvam
a com pre en são e a pre pa ra ção para a
esta flexibilidade cognitiva é preciso
transferência. Por esses motivos, os princípios da
que os ambientes de aprendizagem re-
TFC são adequados, e facilmente implementados,
pliquem esta complexidade e permitam
em ambientes interativos como é o caso dos
a abordagem multidimensional a estu-
dos de casos realistas; documentos multimídia11.

45
volume I | número I

Diante do presente contexto, e a partir dos Natureza da multimídia


estudos aqui fundamentados, a TFC pode ser
Utilizamos neste trabalho a caracteriza-
sintetizada a partir das seguintes características:
ção proposta pelo professor da Universitat de
• Permitir a desconstrução de um tema
Barcelona Antonio Bartolomé2:
em vários minicasos.
• Exercitação: programas que visam aten-
• Favorecer a uma complexa análise de
der as necessidades de prática e repetição
cada caso estimulando a flexibilidade
inerentes a certas aprendizagens, não in-
cognitiva do usuário, promovendo a re-
cluindo explicações para o aluno.
construção do tema.
• Tutoriais: seguem o modelo do ensino
• Promover a desestruturação de um de-
programado, em que se pretende que o
terminado conteúdo, forçando o usuário
aluno adquira informações, compreen-
a refletir e tirar suas conclusões sobre o
da conceitos e seja capaz de aplicár-los.
mesmo.
• Estudo de casos: programas que tratam
• Fazer com que durante a desestruturação
de estudar um determinado tema, em que
do tema em minicasos, se possa fazer
cruzamentos e ligações de um minicaso se pode discutir uma série de conceitos.
• Simulações: programas que buscam si-
com outro, para relacionar pontos co-
muns entre estes e o conteúdo gerador da mular a realidade por meio de “mundos
virtuais” criados por diversas linguagens
situação problema.
• Promover a compreensão dos temas de
computacionais.
• Livros multimídia: são, via de regra, digi-
forma complexa e profunda.
talização de livros de papel, onde se inclu-
• Proporcionar ao aprendiz a possibilida-
em recursos de outras mídias como ima-
de de voltar várias vezes ao tema gera-
dor, fazendo com que a cada retorno gem, som etc.
• Jogos: em geral, buscam simular uma de-
este possa repensar e reformular suas
conclusões, fixando melhor a compre- terminada situação, onde o aluno ao sub-
mergir em uma aventura possa necessitar
ensão do assunto.
construir conhecimento para o desenvol-
• Propiciar o aprendizado de forma que
este possa ser aplicado a situações reais, vimento do jogo.
diversas para resolução de problemas.
• Permitir a aplicação de conteúdos mais Arquitetura de uma multimídia
complexos dentro do tema em estudo,
aprofundando assim os níveis de cognição O termo arquitetura, apesar de mais abran-
do usuário para maior fixação do conteúdo gente, também é utilizado como sinônimo de
num âmbito maior de complexidade. estrutura, de organização da informação e de
topologia10. A arquitetura de uma multimídia
reflete a representação do conhecimento que o
Objetivos formativos designer planejou e implementou, e que o usuá-
Classificamos para fins de análise deste tra- rio precisa compreender para utilizar a multimí-
balho, os objetivos formativos em: destrezas dia com segurança. A escolha de um tipo de ar-
simples, conhecimentos básicos, conhecimentos quitetura tem que levar em consideração alguns
complexos e habilidades complexas. Ressaltan- pontos: finalidade do documento, tipo de apren-
do-se que se caminha de um grau de complexida- dizagem pretendida, tarefas a serem realizadas,
de menor para o maior, respectivamente. público-alvo e o assunto a ser abordado4.

46
janeiro/julho de 2007

Existem na literatura algumas classificações interface ajuda em uma compreensão mais rápi-
para os tipos de estrutura de multimídias. Neste da por parte do usuário, dos objetivos da multi-
trabalho utilizamos a proposta de Ana Amélia mídia, desenvolvendo no usuário um modelo
Carvalho4 que define e classifica as estruturas em mental do documento. Como regra geral, a inter-
três ti pos: es tru tu ra li ne ar ou se qüen ci al, face deve ser consistente, simples, intuitiva e
hierárquica e em rede. A estrutura linear é a mais funcional4. Em relação à consistência, a multi-
simples, onde o usuário percorre a multimídia de mídia deve apresentar os seus diversos elemen-
forma linear (para frente e para trás). Esta tos de modo a aparecerem nos mesmos locais du-
estrutura obriga o usuário a percorrer uma rante a navegação, e como as mesmas funções.
seqüência pré-definida pelo elaborador, ficando Os ícones selecionados devem representar ade-
limitado a poucas opções, e com pouco controle quadamente os seus objetivos. Cabe ressaltar,
do processo. A estrutura hierárquica consiste em que o aspecto de uma interface é de extrema im-
uma abordagem do geral para o particular. Uma portância na motivação ou no desinteresse por
forma de apresentação deste tipo de estrutura é o parte do usuário. Davis enumera cinco caracte-
formato de árvore. Este formato apresenta uma rísticas de design para a interface de uma multi-
navegação simples, disponibilizando um maior mídia: comunicar com clareza; manter consis-
leque de opções ao usuário, sem, contudo, criar tência visual, conceitual e mecânica; tirar partido
uma situação de desorientação. O usuário neste dos contrastes; evitar a confusão e a desordem,
tipo de estrutura constrói um modelo mental da proporcionado o equilíbrio; aplicar os princípios
arquitetura da multimídia e das relações entre as do cinema (início para envolver, o meio para
sua conexões (links ou nós). Por fim temos a apresentar o conteúdo, e no final, os utilizadores
estrutura em rede que é, entre as citadas, a de devem partir com vontade de regressar)5.
maior expressão, constituindo a essência de um
hipertexto. Numa estrutura em rede as conexões
(links ou nós) estão todos ligados entre si. O alto Navegabilidade de uma multimídia
número de ligações nesta estrutura revela uma A maior facilidade ou dificuldade na
riqueza de interação da multimídia. Deve-se, navegação por parte do usuário, em relação a uma
contudo ter-se cuidado com este tipo de estrutura mul ti mí dia, pode re pre sen tar uma ma i or
para não provocar uma desorientação no usuário motivação ou uma desistência precoce de seu uso.
pelo excesso de ligações. A preocupação do elaborador com esta questão
Uma outra característica interessante a ser deve ser sempre considerada. Devemos ter em
considerada na arquitetura de uma multimídia é a mente a diversidade de habilidades dos diversos
utilização de metáforas. Bartolomé fundamenta tipos de usuários de multimídias, para evitar
esta característica afirmando que quando se processos de desmotivação ou de desorientação.
utiliza metáforas consegue-se fazer referência ao
tema central da multimídia, bem como tornar
mais simples a utilização da mesma, pois agora,
todos os elementos gráficos que são utilizados
. Metodologia
fazem referência e lembram o tema central2. Nes te tra ba lho fo ram ini ci al men te
selecionadas diversas multimídias educacionais de
ciências em língua portuguesa e espanhola.
Interface de uma multimídia
Inicialmente as multimídias foram organizadas em
A interface estabelece o contato, a comuni- 3(três) classes: Associassionista, Construtivista e
cação, entre a multimídia e o usuário. Uma boa Associassionista/Construtivista. Neste caso foi

47
volume I | número I

considerada a presença majoritária de uma


des tas te o ri as de apren di za gem
subjacentes nas multimídias. Além do que
as multimídias foram também ordenadas
segundo seus objetivos formativos:
destrezas simples, conhecimentos básicos,
conhecimentos complexos e habilidades
complexas. Posteriormente, foram ainda
clas si fi ca das em 6(seis) clas ses:
Exercitação; Tutoriais; Estudos de Casos,
Simulações, Livro Multimídia e Jogos.
Além disto foi analisada a estrutura
(arquitetura) da Hipermídia: Linear,
Hierárquica e Rede; a qualidade da Figura 1. Tela principal do NUDIST (N6).

interface: Ruim, Razoável e Boa, e a


navegabilidade: Agradável e Desagradável. A Per ce be mos que a ma i o ria das
partir desta análise foram propostos alguns critérios multimídias avalidas apresen ta uma maior
que nortearam o desenvolvimento de algumas preocupação em sua elaboração com aspectos
multimídias de ciências. Os dados obtidos foram estéticos. No que tange aos aspectos das teorias
tratados qualitativamente com o apoio do software de aprendizagem subjacentes nas multimídias,
NUDIST (N6). identificamos uma maior utilização de teorias
Nes ta ela bo ra ção, além dos as pec tos associassionistas, mesmo quando se tratavam
pedagógicos e comunicacionais mencionados de conteúdos complexos e pouco estruturados.
anteriormente, utilizamos sobretudo a Teoria da Um outro aspecto importante a ressaltar é a
Flexibilidade Cognitiva (TFC) que julgamos ausência quase total de interatividade.
pertinente para a construção de multimídias. Este quadro motiva e justifica a discussão
para que possamos elaborar multimídias de
modo geral, em especial no nosso caso de quí-
mica, realmente multimídicas, interativas e
. Resultados e conclusões com te o ri as de apren di za gem sub ja cen tes
apropriadas aos diversos tipos de conteúdos
Análise das tratados na química.
multimídias selecionadas
Fo ram ana li sa das nes te tra ba lho 143 Modelo proposto
multimídias. Além das multimídias de ciências A partir desta avaliação, propusemos um
(química, física, biologia e matemática) foram modelo orientador, que serviu de base para a
também ava li das al gu mas mul ti mí di as de construçao das multimídias apresentadas neste
artes, geografia, história etc., visando um trabalho. Podemos resumir este modelo pro-
comparativo com as multimídias de ciências. posto a partir de algumas características que
Deste total, 25 multimídias estudadas foram de orientam e definem a elaboração das multimí-
Química (Figura 1). dias a serem utilizadas no ensino de ciências.

48
janeiro/julho de 2007

Características principais: – Obje ti vos for ma ti vos: des tre zas


1. Definição dos objetivos formativos, da simples e conhecimentos básicos.
natureza do(s) conceito(s) a ser(em) tra- – Conceitos: ligação química, ligação
balhado(s) e do perfil do usuário. iônica e teoria do octeto.
– Perfil do usuário: com pouca expe-
É fundamental que estes aspectos levantados
riência em informática.
no ponto 1, sejam estabelecidos antes do início de
qualquer multimídia. • Escolha de uma estrutura hipermídica
(linear, hierárquica ou rede) compatível
2. Escolha de uma estrutura hipermídica (li-
com os objetivos da característica 1:
near, hierárquica ou rede) compatível
– Estrutura Hierárquica.
com os objetivos da característica 1.
• Construção de uma interface apropriada
A escolha da estrutura de uma hipermídia
para o tipo de usuário.
tem de estar atrelada aos aspectos do ponto 1,
– Interface simples e agradável.
em virtude de para cada objetivo distinto
teremos estruturas mais adequadas. Em síntese, esta multimídia foi construída
tendo como proposta discutir os principais
3. Construção de uma interface apropria-
conceitos da ligação iônica. Inicialmente foi
da para o tipo de usuário.
definido o design para a construção da hipermídia.
Um interface agradável e de fácil utilização A tela inicial apresenta um menu simples e de fácil
possibilitará uma maior interação usuário- navegação. Em todas as telas da multimídia, o
multimídia, fundamental no processo de esino- menu principal permanece visível (Figura 2).
aprendizagem.

4. Realização de testes de usabilidade du-


rante todo o processo de elaboração.

A realização de testes de usabilidade durante


o processo, garantirá a correção e melhoria das
atividades contidas na multimídia antes que ela
encontre-se finalizada.

Multimídias elaboradas
Figura 2. Tela Inicial da multimídia Ligação Iônica.
A partir então, do modelo proposto, foram
construídas diversas multimídias educacionais de
ciências. Algumas delas (voltadas para o ensino Depois foram discutidos os conteúdos sobre
de química) são apresentadas neste trabalho: ligação iônica a serem tratados. Após essa etapa
procurou-se observar, para efeito da estruturação
Ligações iônicas
da multimídia, algumas bases da TFC (casos e
minicasos). A interação com o usuário foi uma
• Definição dos objetivos pedagógicos, ques tão de fun da men tal im por tân cia na
da natureza do(s) conceito(s) a ser(em) elaboração da multimídia. Ela foi elaborada para
trabalhado(s) e do perfil do usuário: permitir ao usuário manipular pelo mouse do

49
volume I | número I

computador e por botões e links, várias opções e A terceira tela inicia com um texto sobre
ani ma ções que o aju dam a vi su a li zar e íon e ligação iônica, apresentando ainda a
experimentar virtualmente como se realizam os formaçao dos íons Na+ e Cl-, bem como a
processos da ligação iônica. formação da estrutura do NaCl (Figura 5).
A primeira tela contém um texto simples,
introdutório e curto sobre a natureza da ligação
química, bem como uma simulação da variação
de energia quando da aproximação de dois
átomos para formar a ligação. Ressalta-se o
ponto de menor energia como o ponto da
distância média de ligação (Figura 3).

Figura 5. Tela “Íons e Ligação Iônica” da multimídia Ligação


Iônica.

Cinética química
• Definição dos objetivos pedagógicos,
da natureza do(s) conceito(s) a ser(em)
Figura 3. Tela “Introdução” da multimídia Ligação Iônica. trabalhado(s) e do perfil do usuário:
– Objetivos formativos: conhecimentos
A se gun da tela apre sen ta um tex to básicos e conhecimentos complexos.
introdutório e curto sobre a regra do octeto, bem – Conceitos: energia de ativação, com-
como uma simulação da formação do octecto plexo ativado, fatores que influenci-
em um átomo de Neônio (Figura 4). am a velocidade da reação, teoria das
colisões.
– Perfil do usuário: com pouca expe-
riência em informática.

• Escolha de uma estrutura hipermídica


(linear, hierárquica ou rede) compatível
com os objetivos da característica 1:
– Estrutura Hierárquica/Rede.

• Construção de uma interface apropriada


para o tipo de usuário.
– Interface simples e agradável.

Figura 4. Tela “Teoria do Octeto” da multimídia Ligação Iônica. Inicialmente foram discutidos os aspectos
pedagógicos norteadores da construção da
hipermídia a partir das características principais da

50
janeiro/julho de 2007

TFC. Foi levado em consideração como seriam


abordados os textos, as figuras, as simulações,
gráficos, filmes e sons a serem utilizados na
multimídias de forma a estimular o aluno a
construir a sua aprendizagem. A interação com o
usuá rio foi uma ques tão de fun da men tal
importância na elaboração da hipermídia. Ela foi
elaborada para permitir ao usuário manipular com
o mouse do computador os botões e links das várias
opções e animações que o ajudam a visualizar e Figura 7. Tela “Fatores que influenciam a velocidade da reação”
experimentar virtualmente como se realizam os da multimídia Cinética Química
processos de Cinética Química.
A Telas não apresentam uma sequência
prio ritária (caracterís tica de uma estrutura
multimídica de rede). Na multimídia Cinética
Química temos 8(oito) telas:
• Tela principal que dá acesso a todos os
conteúdos (Figura 6).
• Introdução.
• Fatores que influenciam a velocidade
da reação (Figura 7).
• Condições para a ocorrência de reações
(Figura 8). Figura 8. Tela “Condições para a ocorrência de reações” da mul-
timídia Cinética Química.
• Complexo ativado.
• Velocidade de reação.
• Energia de ativação. Em todas as telas da hipermídia, o menu
• Curiosidades. principal permanece visível, facilitando ao
usuário acessar outras funções na hipermídia.

. Conclusões
Cabe por fim ressaltar, que a utilização de
multimídias no ensino, no caso da química, não
pode ser vista como um substituto de outros
recursos. Acreditamos que o êxito de uma
multimídia de química deve estar atrelado a dois
pontos fundamentais:
Figura 6. Tela principal da multimídia Cinética Química.

51
volume I | número I

• Adição (simultaneidade) a outros recur- [7] Leão, M. B. C.; A. R. Bar to lo mé.


sos didáticos como livros, quadro-ne- Multiambiente de aprendizagem: a integração
gro, laboratórios, vídeos etc. da sala de aula com os la bo ra tó ri os
experimentais e de multimeios. Revista
• Estratégias planejadas de uso. O suces-
brasileira de tecnologia educacional, v.
so da utilização de uma multimídia de 159/160, p. 75-80, (2003).
química está mais condicionado a for-
[8] Moreira, M. A. Teorias de aprendizagem.
ma de utilização da mesma em sala de
São Paulo: EPU, (1999).
aula, do que a sua própria estrutura.
[ 9 ] Mo re i ra, M. A. ; E. A . Man si ni.
Aprendizagem significante: a teoria de
. Referências David Ausubel. São Paulo: Moraes, (1982).
[10] Parunak, H. Hypermedia Topologies and User
[1] Bartolomé, A. R. Nuevas tecnologías en el
Navigation. New York: ACM Press, (1989).
aula. Barcelona: Graò, (1999).
[11] Spiro, R.; J. Jehng. Cognitive Flexibility,
[2] Bartolomé, A. R. Multimedia para Educar.
random access instruction and hypertext:
Barcelona: EDEBÉ, (2002).
Theory and technology for the nonlinear and
[3] Carvalho, A. A. A. Os hipermedia em multi-dimensional traversal of complex
contexto educativo. Braga: Ed. Universidade subject matter. In: D. Nix e R. Spiro (Ed.). The
do Minho, (1999). “Handy Pro ject”. New Di rec ti ons in
Mul ti me dia Instruc ti on. Hill sda le, NJ:
[4] Carvalho, A. A. A. Princípios para a
Law ren ce Erlba um, 1990. Cog ni ti ve
elaboração de documentos hipermedia.
Flexibility, random access instruction and
Con fe rên cia Inter na ci o nal Chal len ges.
hypertext: Theory and technology for the
Portugal, (2001).
nonlinear and multi-dimensional traversal of
[5] Davis, J.; S. Merritt. The Web Design. complex subject matter, p. 163-205.
Bekerley: Peachpit Press, (1998).
[6] Leão, M. B. C. Mul ti am bi en tes de
aprendizaje en entornos semipresenciales.
Pixel-Bit Médios y Educación, v. 23, (2004).

52

View publication stats

Você também pode gostar