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1 Sacrifícios patriarcais
i. Caim e Abel. Dos filhos de Adão, o primeiro, Caim, era agricultor e
ofereceu a Javé um sacrifício dos produtos da terra; o segundo, Abel, era
pastor e ofereceu em sacrifício os primogênitos do rebanho com a sua
gordura. O Senhor olhou favoravelmente para o sacrifício do segundo e
dignou-Se recebê-lo; mas não olhou, ou olhou menos favoravelmente, para
o sacrifício do primeiro.
iii. Abraão. Quatro séculos mais tarde, Abraão eleva altares a Javé, sem
dúvida para Lhe oferecer sacrifícios. Para selar a antiga aliança com Javé,
recebe ordem de oferecer uma vitela de três anos, uma cabra e um bode de
dois, uma rola e um pombo. Corta as vítimas pelo meio, à exceção das aves,
e coloca as duas metades uma em face da outra. Ao anoitecer o fogo passa
pelo meio; e é de supor que, depois do fogo que representava Javé, Abraão
passasse também entre as duas partes das vítimas (1).
Javé ordena aos amigos de Jó, após a discussão que tiveram com ele, que
ofereçam um sacrifício de sete touros e sete carneiros, para expiar a
loucura dos seus discursos.
2 Sacrifícios mosaicos
Saídos do país do Egito em que assistiram ao culto solene e deslumbrante
dos falsos deuses, e vivendo no meio de povos entregues à idolatria, os
judeus não se podiam limitar a um culto meramente interior. Corriam o
perigo de cair nas práticas supersticiosas dos povos dos arredores, como já
tinha sucedido no sopé do Sinai, onde erigiram um bezerro de ouro a que
ofereceram os sacrifícios.
Por isso queria Deus Lhe fossem oferecidos sacrifícios, que, embora em si
não tivessem nenhum valor intrínseco, conferiam, no entanto, uma certa
santidade legal e exterior – sanctificat ad emundationem carnis – e até
supunham ou provocavam sentimentos interiores, da grandeza da
Majestade divina, da pequenez da criatura, da fealdade do pecado, sem os
quais as prescrições rituais degenerariam em puro formalismo.
1º as espécies de sacrifícios;
2º os seus oferentes;
3º o tempo dos sacrifícios;
4º o seu ritual.
i. Holocausto
1º) O bezerro, que não podia ter mais de um ano, e o touro que não devia
ter mais de três. A vítima devia arder completamente; as pernas e as
entranhas deviam ser lavadas de antemão. As partes da vítima, antes de
serem depostas no altar, deviam ser salgadas. O holocausto devia arder
toda a noite até de manhã. O músculo isquiático, que unia a perna à anca,
não era oferecido a Deus, mas deitado fora com as cinzas, para comemorar
a luta de Jacó com o Anjo que o feriu nesse músculo, o qual imediatamente
perdeu seu vigor.
O delito diferia do pecado em que este era uma ação feita conscientemente,
mas sem testemunhas; e aquele, uma ação praticada inconscientemente,
mas diante de testemunhas. O sacrifício pelo delito diferia do sacrifício
pelo pecado apenas em que a vítima era sempre um carneiro.
v. Sacrifícios especiais
i. Oblações
As substâncias alimentares previstas pelo ritual mosaico para as oblações,
eram: espigas, grão, flor de farinha, pão, bolos, azeite, incenso, vinho. O sal
era indispensável a toda oblação. Elemento preservador de corrupção,
significava a aliança indissolúvel de Deus com o povo.
4) A oblação dos dízimos, não só dos produtos da terra, mas ainda dos
animais, já existia nos costumes do povo judaico e até dos pagãos, antes de
ser prescrita pela lei de Moisés. Os dízimos constituíam um dos meios de
sustentação dos Levitas, que por sua vez deviam dar o dízimo do que
recebiam do Sumo Sacerdote. Em certos casos era a própria família que
oferecia os dízimos que os comia. Enfim, todos os três anos,
independentemente do ano sabático em que se não pagava o dízimo, devia
ser reservado outro dízimo para sustentar o levita, o estrangeiro, o órfão e
a viúva.
ii. Libações
“Para quê tanto sangue derramado nas cerimônias antigas, se não para
representar o Sangue de Jesus? Por que motivo foi assinada e ratificada a
Aliança pelo sangue? Para nos dar a compreender que não há resgate nem
expiação nem salvação senão pelo Sangue do Cordeiro imaculado, imolado
desde a origem do mundo… Agni qui occisus est a constituitione mundi (O
Cordeiro que é imolado desde a constituição do mundo – Ap 13,8). Desde a
origem do mundo a Sua Morte foi figurada por uma multidão de sacrifícios
sanguinolentos. Tertuliano exclama admirado: O Christum in nobis
veterem! (Não tardeis [para vir] a nós, ó Cristo)” (Idem, ibidem, p. 530).
NOTAS
(1) Os caldeus serviam-se deste rito para contrair uma aliança. Os dois
contraentes passavam entre as duas metades da vítima, para significar a
sua perfeita união. Se não excecutassem o contrato, eram ameaçados da
sorte infligida às vítimas. Os árabes serviam-se de ritos semelhantes para
conjurar as calamidades que os ameaçavam. Imolavam uma ovelha,
cortavam-na pelo meio e suspendiam as duas metades a dois postes,
colocados fora da tenda. Em seguida, toda a família passava entre os dois
postes. JANSSEN, Coutumes arabes, na Revue Biblique, 1903, p. 248).
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