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fal ua at ui sejan8ied seni ‘aN uodsa1 794 ‘ou0s NOG. Ep ‘pepe of OFS Susy conus ta PHTECI 7 ® owoo ‘BIOURISEXS | OpeSuay is na nog apocaid onl ‘wueumg epr edna =n ‘uraUIOy 0 UNOV NOIsA ANd Yod a2 an AAWOH Od VIONGLSIXd Va Wid O T omayavy ia 12 © FIM DA ENISTENCIA DO HOMEM endamos melhor se 0 aplicarmos a nds. Mesmo fazé-la por nobre que seja mente por essa razio, sem me referir a Deus de alguma forma, faco algo imper Nao € uma coisa md, mas é menos perfeita. Isso seria ass que se tratasse de um anjo ou da propria San- ima Virgem, se prescindissem de Deus. Nao existe maior motivo para fazet uma coisa que fazé-la por Deus. E isso é certo tanto para o que Deus faz como para o que nés fazemos. ‘A primeira razio, pois — a grande razio pela qual Deus fez © universo ¢ nos fez a ns —, foi 2 sua propria gliria: para mostrar © seu. poder € bondade Seu infinito poder mostra-se pelo fato de existirmos. Sua infinita bondade, pelo fato de Ele nos querer fazer participar do seu amor ¢ felicidade. Ese nos parece que Deus € egoista por fazer as coisas para sua propria honra e gliria, é por- que nao podemos deixar de pensar nEle em termos humanos. Pen- samos em Deus como se fosse uma criatura igual a nés, Mas o fato que nao existe nada nem ninguém que mais merega ser objeto do pensamento de Deus ou do seu amor que 0 proprio Deus. No entanto. quando dizemos que Deus fez 0 universo (e nos fer a nds) para sua maior gloria, nao queremos dizer, evidentemente, que Deus necessitasse dela de algum modo. A gliria que dio @ Deus as obras da sua Criagao é a que denominamos “gloria extrin- seca”. B algo fora de Deus, que nio Ihe acrescenta nada. E como no caso do rae a met repleta de belas imagens. ‘a projeta algumas dessas ima- gens sobre a tela, para que a gente as veja e admire, isso nao acres- centa nada ao proprio artista. Nao o torna melhor ou mais notdvel do que era. ‘Assim Deus nos fez primordialmente para 2 sua honra e gloria ie a primeira resposta A pergunta “Para que nos fez Deus?” seja: “para mostrar a sua bondade” Porém, a principal maneira de Deus demonstrar a sua bondade baseia-se no fato de nos haver criado com uma alma espiritual e imortal, capaz de participar da sua propria felicidade. Mesmo nos assuntos humanos, sentimos que a bondade de uma pessoa se manifesta pela generosidade com que com- partilha a sua pessoa € as suas posses com outros. Da mesma ma- neira, a bondade divina se manifesta sobretudo pelo fato de nos fazer participar da sua propria felicidade, de nos fazer participar de Si mesmo, Por essa raziio, ao respondermos do nosso ponto de vista & per- gunta: “Para que nos fez Deus?” dizemos que nos fez. “para parti- POR QUE ESTOU AQUI? 13 ciparmos da sua eterna felicidade no céu". As duas respostas sio como que as duas faces da mesma moeda, 0 anverso € 0 reverso: a ipar da sua felicidade e a nossa par- le Deus, Bem, © que ¢ essa felicidade de que vimos falanao e para a qual Deus nos fez? Como resposta, comecemos com um exemplo: 0 do soldado americano que servia numa base estrangeira. Certo dia, 20 ler o jornal da sua terra, enviado pela mae, viu a fotografia de uma moga. O soldado nao a conhece. Nunca ouviu falar ncla. Porém, a0 fité-la, diz; “Oh, agrada-me esta moga. Gostaria de casar-me com ela”. © enderego da moga estava no pé da foto e 0 soldado decide escrever-the, sem muita esperanga de receber resposta. E, no entanto, fa resposta chega. Comegam uma correspondéncia regular, trocam fotografias ¢ contam mutuamente todas as suas coisas. O soldado enamora-se cada dia mais dessa moga, que nunca enciado e volta pé dois anos cortejou-a & distancia. Seu amor por ela f@-lo melhor sol dado ¢ melhor homem; procurou ser 0 tipo de pessoa que ela queria que fosse. Fez as coisas que ela desejaria que fizesse © evitou as que a desagradariam se chegasse a conhecé-las. Ja é um anseio ardente por ela o que palpita em seu coracdo, ¢ esté voltando para casa Podemos imaginar a felicidade que embeberd cada fibra de seu ser ao descer do trem ¢ tomar, enfim, a moga em seus bragos? “Oh! — exclamaré ao abraci-la —, se este momento pudesse eternizar-se!”. Sua felicidade € a felicidade do amor alcancado, do amor que se encontra em completa posse da pessoa amada. Chamamos a isso fruigdo do amor, © jovem recordaré sempre este instante — instante fem que seu anseio foi premiado com o primeiro encontro real — como um dos momentos mais felizes da sua vida na terra, £ também o melhor exemplo que podemos dar sobre a da nossa felicidade no céu, £ um exemplo penosamente imperfeito, extremamente inadequado, mas _o melhor que pudemos ¢1 Porque a primordial fel a que possuiremos a Deus infinitamente perfeito © seremos possuidos por Ele, numa unio tio absoluta e completa que nem sequer remo- tamente podemos imaginar o éxtase que dela advird, casa, Durante Nao sera um ser humano que possuiremos. por admirivel que seja. Sera o préprio Deus. a quem nos pessoal e consciente; Deus que ¢ Bondade, Verdade ¢ Beleza infi- nitas; Deus que € tudo, € cujo amor infinito pode satisfazer (como nenhum amor na terra) todos os desejos ¢ aspiragdes do coracio M4 © FIM DA EXISTENCIA DO HOMEM humano. Conheceremos entio uma fel diremos dela que “nem otho algum viu. nem ouvido algum ouviu, em © coracdo humano imaginou”, segundo a citagio de Sa0 Paulo (1 Cor, 2,9). E esta felicidade, uma vez alcangada, nunca se poderé perder. idade wo arrebatadora, que Mas isto nio significa que se va prolongar por horas, meses € anos. O tempo é algo préprio do mundo material perecivel. Quan- . deixaremos também o tempo que conhece- Tonga” do deixarmos esta mos. Para nés, a eternidade nao seré “uma temporada mui A sucessio de momentos que experimentaremos no céi de durago que os tedlogos chamam aevum — nfo serdo nometraveis em horas € minutos. Nao haverd sentimento de “espera” nem sensago de monotonia, nem expectativa do amanhi, Para nés, © “agora” sera a tinica coisa que contar Nisto consiste a maravilha do céu: em que nunca acaba. Esta- remos absortos na posse do maior Amor que existe, diante do qual 9 mais ardente dos amores humanos € uma pilida sombra, Eo Joss Extase no sera perturbado pelo pensamento de que um dia fer que acabar, como ocorre com todas as felicidades terrenas. £ claro que ninguém é absolutamente feliz nesta 1. As vezes, muitos pensam que 0 seriam se pudesse alcangar todas as coisas que desejam. Mas quando 0 conseguem — saiide, riqueza ¢ fam: familia carinhosa ¢ amigos leais —, acham ma a. Ainda nao sdo que seu coragio dese is sAo como a agua salga dento, que, em vez de satisfazer a ns Estes sibios descobriram que nao hi fe ‘manente como a que brota de uma fé e frutifero amor de Deus. Mas mesmo estes siibios percebem deste mundo é inadequada, e & precisamente nisso — no fato de nenhum humano jamais ser perfeitamente feliz nesta vida — que encontramos uma das provas da existéncia da felicidade eterna, que nos aguarda apés a morte. Deus, que é infinitamente bom, nao poria nos coracdes humanos. Mas, mes- desta vida pudessemt sa- a certeza de jade seria incompleta humanos. perm: dia a morte nos tirard tudo — e a nossa fel QUE DEVO FAZER? 5 No céu, pelo contrario, nao s6 seremos felizes com a maxima capa- cidade do nosso coragio, mas teremios, além disso, a perfeigio fi da felicidade, por sabermos que nada no-la poder arrebatar. Esti assegurada para sempre. QUE DEVO FAZER? Temo que muitas pessoas encarem 0 céu como um lugar onde encontrario os seres quetidos falecidos, mais do que o lugar onde encontrario a Deus. £ verdade que no céu veremos as pessoas que- ridas, ¢ que a sua presenca nos alegrard. Quando estivermos com Deus, estaremos com todos os que estio com Ele, e nos alegrara saber que nossos entes queridos estio ali, como também Deus se allegra de que estejam. Quereremos também que aqueles que aqui deixamos aleancem o céu, como Deus quer que o alcancem. de fai Paro lamente maior, seré Mas, quando o Papa entra na sala de audiéncias, é para ele, prin- cipalmente, que se dirigem os olhos de todos. De modo semelhante, todos nés nos conheceremos © nos amaremos no céu. Mas nos conheceremos ¢ nos amaremos em Deus. Nunca se ressaltard bastante que a Felicidade do céu consiste essenci in al de Deus — na posse final e com- pleta de Deus, a quem nesta terra desejamos ¢ amamos debilmente e de longe. E se este ha de ser o nosso dest — estarmos eterna- mente unidos a Deus pelo amor —, disso se depreende que temos de comegar a ami-lo aqui nesta vida. Deus nao pode clevar & plenitude o que nem sequer existe. Se nio hd um principio de amor de Deus em nosso coragio, aqui, na terra, nao pode haver a fruigio do amor na eternidade. nos colocou Deus na terra, para que, amando-o, estabelecamos os alicerces necessarios para a nossa felicidade no ¢ Na epigrafe precedente falamos de um soldado que, servindo numa base longingua, vé o retrato de uma moca num jornal e se enamora dela. Comega a escrever-the e, quando regressa a0 lar, acaba por fazé-la sua. evidente que se, para comegar, o jovem. nao se tives nado com a fotografia, ou se apis mas pou- jeresse por cla, pondo fim a corres. ficado nada para ele, ao se regresso, E mesmo que a encontrasse na estacio, a chegada do trem, 16 © TIM DA EXISTENCIA DO HOMEM Para ele © seu rosto teria si Seu coragio nao se sobressaltaria an vé-la De igual modo, se mio comeyamos a amar a Deus nesta nao haverd maneira de nos unirmos a que entra na et simplesmente, ni Ass poderia ver a beleza do mundo como outro qualquer nam homem sem olhos nie n homem sem amor de Deus nip poderd ver a Deus: lade cezo. Nao € que Deus diga ao pecador impe € sendo uma hegativa ao amor a me amas, nada quero contigo. Vai-te para o interno’ que morre sem amor a Deus, ou seja, sem arrepender-se de seu pecado, fez a sua propria escolha. Deus esté ali, mas ele nao 0 pode ver, assim como o sol brilha, mas o cego nao 0 pode ver F evidente que nio poder nar 0 que no conhecemos. Isto leva a outro dever que temos nesta vide: aprender tudo 0 que pudermos sobre Deus, para poder amé-lo, manter vivo © nosso antor © fazé-lo crescer. lado imaginirio: se esse jovem nio tivesse visto a fotografia da moca, é claro que nunca teria chegado a ami lo poderia ter-se enamorado de alguém de quem nem sequer tivesse ouvido falar. E se, mesmo depois de ver a fotografia da moga, nao the tivesse escrito ¢, pela correspondéncia, tivesse conhecido 0 seu atrative, 0 primeiro impulso de interesse transformado em amor ardente, Por isso “estudamos” religidio. médio ¢ superior. Por vros e revistas de dou- los de estudo, semindric Sao parte do que poderiamos chamar a nossa “correspon- déncia” com Deus. Sio parte do nosso esforgo por conhecé-lo me- Thor, para que nosso amor por Ele possa crescer, desenvolver-se conservar-se Ha, evidentemente, uma tinica pedra de toque para provarmos sso amor por alguém: € fazer o que agrada A pessoa amada, © que ela gostaria que fizéssemos. Servindo-nos uma vez mais do exemplo do nosso soldadinko: se, ao mesmo tempo que dissesse amar @ sua namorada © querer casar-se com ela, se dedicasse a gastar 0 seu tempo ¢ dinheiro com prostitutas © em bebedeiras, seria um em busteiro de pri lasse. Seu. amor nao seria QUE DEVO FazieR? a 0 coragiio deva dar pessoas poderio Amar a Deus nao Mas outro mmacgio de graus dife- la, que dependerio dos conhecimentos e da capa- preciar a mtisica de cada um, tudo isto o que o catecismo quer dizer quando per- ue devemos fazer para adquirir a felicidade do céu?”, e “Para adquirir a felicidade do céu, devemos conhe- Essa palayra do meio, “amar”, Mas 0 amor nio se dé sem prévio : € indispensdvel conhecer a Deus para poder amé-lo. E nao € amor verdadeiro aquele q se manifesta em obras, fazendo o que amado quer. Assim, pois, devemos também servir a Deus. impossivel contempli ios dese um poder especial. Este poder especial que Deus da 18 © FIM DA EXISTENGIA DO HOMEM aos bem-aventurados — que nao faz parte da nossa natureza huma- na ea que no temos direito — chama-se lumert gloriae. Se nao fosse por essa luz de gloria, a felicidade mais alta a que poderiamos aspirar seria a felicidade natural do limbo. Seria uma felicidade muito semelhante aquela de que goza o santo nesta vida, quando ‘em unio préxima ¢ extética com Deus, mas sem chegar a vé-lo. ‘A felicidade do céu & uma felicidade sobrenatural. Para alean- ala, Deus nos proporciona os auxil sobrenaturais a que chama- mos gragas, Se Ele nos deixasse somente com as nossas forgas, nio conseguiriamos jamais o tipo de amor que nos faria merecer © céu. E um tipo especial de amor a que chamamos “caridade”, e cuja se- mente Deus implanta em nossa vontade no Batismo, Se cumprirmos a nossa parte, procurando, aceitando e usando as gragas com que Deus nos prové, este amor sobrenatural cresceré em nés ¢ dard fruto. © céu & uma recompensa sobrenatural que alcangamos vivendo a vida sobrenatural, ¢ essa vida sobrenatural € conhecer, amar ¢ servir a Deus sob o impulso de sua graga. £ todo o plano e toda losofia de uma vida autenticamente crista QUEM ME ENSINARA? ‘Aqui, uma cenazinha que bem poderia acontecer: 0 diretor de uma fabrica leva um de seus operdrios para junto de uma nova miquina que acaba de ser instalada. £ enorme ¢ complicada. O tor diz a0 operirio: “Eu o nomeio encarregado desta maquina, Se fizer um bom trabalho com ela, teré uma bonificagao de cinco mil délares no fim do ano. Mas, como é uma maquina de grande valor, se voc a estragar, serd despedido. Aqui esti um folheto que explica o manejo da maquina, E agora, ao trabalho!” “Um momento — diré certamente 0 operdrio —. Se isto signi- fica ter um montio de dinheiro ou ficar sem trabalho, necessito de ‘algo mais que um livrinho. £ muito fécil entender mal um livro. F, além disso, a um livro nao se podem fazer perguntas. Nao melhor chamar um desses que fazem as maquinas? Poderia expli car-me tudo e certificar-se de que entendi bem”. Seria razoavel o pedido do operdrio. Da mesma maneira, quan- do nos dizem que toda a nossa tarefa na terra consiste em “conhecer, amar e servir a Deus”, € que a nossa felicidade eterna depende de como fizermos isso bem feito, poderemos com raz4o pergunt me explicari a maneira de cumprir essa tarefa? Quem me preciso saber? QUEM ME ENSINARA? 19 ipou-se A nossa pergunta ¢ respondeu a cla. E um livro em nossas maos, ¢ depois que nos arran- jassemos 0 methor que pudéssemos na interpretagio. Deus en- viou Alguém da “matriz” para que nos dissesse 0 que precisamos saber para decidir 0 nosso destino, Deus enviou nada menos que ‘seu proprio Filho, na Pessoa de Jesus Cristo. Jesus nfo veio & terra tunicamente para morrer numa cruz ¢ tedimir os nossos pecados. Jesus veio também para ensinar com a palavra e com o exemplo, Veio para nos ensinar as verdades sobre Deus que nos levam a e para nos mostrar o modo de vida que prova o nosso amor. Jesus, na sua presenca fisica e visivel, subiu ao cou na ira _da Ascenso. Mas concebeu 0 modo de permanecer como Mestre até o fim dos tempos. Com seus doze apdstolos como ¢ base, modelou um novo tipo de Corpo. & um Corpo permanece na terra, As cé rotoplasma. Sua Ca- Santo. A Voz deste mente para nos de Cristo, chama- beca € 0 proprio Jesus, ¢ 2 Alma é 0 Es Corpo & a do priptie Cris we nos fala cor ensinar € guiar, A este Corpo, 0 Corpo M mos Igreja. da Tgreja”. sinadas por Jesus Cristo, a Igreja as resu de fe a que chamamos Credo dos Apéstolos. Nele esttio as verdades funda- mentais sobre as quais se baseia uma vida cristi. 0 Credo dos Apéstolos € uma orag ma que ninguém as palavras atuais, Data sabe dos primeiros di pois do Pentecostes ¢ antes de por todo © mundo, formularam com certeza uma espécie de st das verdades essenciais que Cristo thes havia confiado. Com ele, n certos de abranger essay verdades est io de Fé para os possiveis 10 de Cristo pelo regarem suas viagens missi Assim, podemos rein em Deus Pai todo-poderoso sio de f& que os primeitos convert Aquila, P ie, quando entoamos 0 amos a mesma_profis- om tanta alegria selaram com seu sangue, 20 O FIM DA EXISTENCIA DO HOMEM Algumas das verdades do Credo dos Apéstolos, nés mesmos as poderiamos ter encontrado, sob condigies ideais. Tais sio, por cxemplo, a existéncia de Deus, sua onipoténcia, 0 fato de sero Criador do céu e da terra. Qutras. nés as conhecemos s6 porque Deus no-las ensinou, como o fato de Jesus Cristo ser o Filho de Deus, ou de haver tés Pessoas em um sé Deus, Ao conjunto de verdades que Deus nos ensinou (algumas compreensiveis para nds © outras acima do alcance da nossa razio) chamamos “revelagio divina”, ou seja, as verdades reveladas por Deus. (“Revelar” vem de uma palavra ta “retirar 0 véu"). Deus comegou a retirar o véu sobre $i mesmo com as verdades que nosso primeiro pai, Adio, nos deu a conhecer. No decorrer dos séeulos. Deus continuou a retirar 0 véu pouco a pouco. Fez revelagdes sobre Si mesmo — e sobre nds — aos patriarcas, como Noé e Abraio: a Moisés e aos profetas que vieram depois dele, como Jeremias e Dai As verdades reveladas por Deus Cristo chamam-se “revelacao.pré-cristi na para a grande manif side Adio até 0 advento de Foram preparagiio. paula- io da verdade divina que Deus nos faria por seu Filho Jesus Cristo. As verdades dadas a conhecer dire- tamente por Nosso Senhor. por meio de seus Apéstolos sob a in ragio do Espirito Santo, chamam-se “revelagio crista”. Por meio de Jesus Cristo, Deus completou a revelagio de Si mo & humanid Ja nos ido © que precisamos saber para cumpritmos 0 nosso fim e aicangarmos a eterna unio com Ele. onsequentemente, apds a morte do iiltime Apéstolo (Sie Jodo), “novas” verdades que a virtude da fé exija que creiamos, Com © passar dos anos, os homens usardo da inteliggneia que Deus Ihes deu para examinar, lar as verdades reve- ladas por Cristo. O depdsito da verdade crista, como um botdo que ri desdobrando-se ante a meditagio eo exame das grandes Porém, a £& © cone > séeulo I, ide de compreensio, Cristo © de scus porta-vozes. 0s Apéstolos. Quando © sucessor de Pedro, 0 Papa, define solenemente um. nie uma. nova de que tempo dos Apistolos e na dogma — como o da Ass verdade para ser crida: se trata de uma verdade que data d qual, por conseguinte, devemos crer. QUEM ME ENSINARA? a1 Desde o tempo de Cristo. houve muitas ocasides em que Deus fez revelagdes a determinados santos ¢ @ outras pessoas. Estas men- jam-se _revelagdes “privadas". Diferentemente das re- velagées “piiblicas” dadas por Jesus Cristo e seus Apostolos, estas outras s6 exigem 0 assentimento dos que as recebem. Mesmo apa- rigdes to famosas como as de Lourdes ¢ Fatima, ou a do Sagrado Coragio a Santa Margarida Maria, nao sto o que chamamos “ma- téria de fé divina”. Se uma evidéncia clara e certa nos diz que essas aparig6es sio auténticas, seria uma estupidez duvidar delas. Mas, mesmo que as negéssemos, no incorreriamos em heresia. As reve- lagdes privadas nao fazem parte do “deposito da fe". Agora que tratamos do tema da revelagio divina, seria bom indicar 0 livro que nos guardou muitas das revelagdes divinas: a Santa Biblia, Chamamos & Biblia a Palavra de Deus, porque foi o proprio Deus quem inspirou os autores dos diferentes “livsos” que compéem a Biblia. Deus os inspirou a escrever 0 que Ele queria que se escrevesse, ¢ nada mais. Por sua agio direta sobre a mente € a vontade do esctitor (seja este Isains ou Ezequiel, Mateus ot Lucas), Deus Espirito Santo ditou o que queria que se escrevesse. Foi, naturalmente, um ditado interno e silencioso. O escritor redi- giria segundo o seu estilo de expressio préprio. Inclusive sem se dar conta do que o levava a registrar as coisas que escrevia. Inclu- sive sem perceber que estava escrevendo sdb a influéncia da inspi- ragio divina, E, no entanto, o Espirito Santo guiava cada trago da sua pena, E, pois, evidente que a Biblia estd livre de erros nfo porque # Igreja disse, apés um exame minucioso, que nela niio ha erros, mas porque seu autor é © prdprio Deus, ¢ 0 escritor humano um mero instrumento de Deus. A tarefa da Igreja foi dizer-nos quais os escri- tos antigos que sio inspirados, conservéclos ¢ interpreti-los Sabemos, por outro lado, que nem tudo o que Jesus ensinou esti na Biblia que muitas das verdades que constituem o depésito da f€ nos vieram pelo ensinamento oral dos Apistolos ¢ foram transmitidas de geracio em geragio por intermédio dos bispos, su- cessores dos Apéstolos. Eo que chamamos Tradigio da [greja: as verdades transmitidas através dos tempos pela viva Voz de Cristo na sua Igreja. Nesta tinica fonte — a Biblia a Tradicio — encontramos a revelagao divina completa, todas as verdades em que devemos crer. Cariruto I DEUS E AS SUAS PERFEICOES QUEM & DEUS? Certa vez li que um catequista pretendia ter perdido a fé quando uma crianga Ihe perguntou; “Quem fez Deus?”, © percebew sul mente que néo tinha resposta para Ihe dar, Custa-me a crer porque me parece que alguém com suficiente nar numa catequese teria que saber que a resposta é A pri prova da existéncia de Deus esta no fato de que nada sucede a no ser que alguma coisa 0 cause. Os biscoitos nao no ser que os dedos de al; ‘ota do solo gem antes cair ali Os fildsofos enunciam este principio dizendo que “cada efeito deve ter uma causa”. , s@ Fecuamos até as origens da evolugao do universo fisi co (um milho de anos, ou um bilho, ou o que os cientistas. quei ram), chegaremos por fim a um ponto em que precisaremos per- gunta: timo, mas quem o pds em movimento? Alguém teve que por as coisas a andar, ou ndo haveria universo. Do nada, nada vem.” Os bebés vém de scus pais e as flores yém das sementes, mas tem que haver um ponto de partida. Ha de haver alguém nao feito por outro, ha de haver alguém que tenha existido sempy guém que no teve comego. Ha de haver alguém com poder ligéncia sem limites, cuja propria natureza seja Esse alguém existe e esse Alguém é exatamente Aquele a quem chamamos Deus. Deus & aquele que existe por natureza propria. i que podemos dar de Deus er que é perguntador seria (iu sempre e sempre inguém fez Deus. Deus ex QUEM & DEUS? 23, Expressamos © conceito de Deus, como a origem de todo ser, acima e mais além de tudo o que existe, dizendo que Ele é 0 Ser Supremo. Dai resulta que nao pode haver senio um Deus. Falar de dois (ou gio. A prb pria palavra Se howvesse dois deuses igualmente poderosos, um ao lado do outro, nenhum es seria supremo. Nenhum teria o infinito poder que Deus de tureza. O “i poder de um anularia o poder do outro. Cada um seria timitado pelo outro. Como diz Santo Atandsio: “Falar de varios deuses igualmente onipotentes € como falar de varios deuses igualmente H4 um s6 Deus, que & Espirito. Para entendé-lo, _precisamos ibstincias: as espirituais ¢ as fisicas. fisica € a que é feita de partes. 0 ar que respiramos, por exemplo, € composto de nitrogénio e oxi- génio. Estes, por sua vez, de moléculas, e as moléculas, de atomos, de neutrOes ¢ proties e eletrdes, Cada pequeno fragmento do igh, j que suas partes podem separar-se por corrupgio ou destruigio. Pelo contrério, uma substincia spiritual no tem part tem nada que possa quebrar-se, corromper-se, separar-se ou Isto se expressa em filosofia dizendo que uma substancia espiritual é uma substincia simples, Esta € a razio pela qual as substancias espirituais sio tais. Ando ser por um ato direto de Deus, jamais deixatio de exis Conhecemos trés espécies de substincias espirit ro lugar, a do prdprio Deus, que é Espirito Depois, @ dos anjos, e por altimo, a das almas humanas. Nos irés casos h4 uma yéncia que nao depende de nenhuma substincia fisica para atuar. E verdade que, nesta vida, a nossa alma esti unida a um corpo fisico e que depende dele para suas atividades. Mas ndo & uma dependéncia absoluia e’ permanente. Quando se separa do corpo pela morte, a wando. Continua a conhe- cer, a querer ¢ a amar, inch remente do que nesta vida mortal. Se queremos imaginar como é um espirito (tarefa di “imaginar” si fica compor uma imagem, ¢ aqui nao hé imagem que possamos adquirir); se queremos fazer uma idéia do que é um espirito, devemos pensar como seriamos se 0 nosso corpo se evapo- rasse subitamente. Ainda conservariamos todo o conhecimento que possuimos, todos os nossos afetos. Ainda seriamos ev, mas sem corpo. Serfamos, pois, espirito. 24 DEUS E AS SUAS PERFEIGOES lade que nio pode ultrapassar. Todo o criado & finito de algum modo. Tem limites a agua que 0 Oceano Pacific Pode conter.- Tem limites a energia do dtomo de hidrogénio. “Tem iclusive a santidade da Virgem Maria. Mas em Deus catecismo nos diz que Deus & “um Espii (© que significa que nao hd nada de bom, apet que nao se encontre em Deus, em grau absolutament vez 0 expressemos melhor se invertermos a frase e dissermos que nada ha de bom, apetecivel ou valioso no universo que nao seja reflexo (uma faisquinha, poderiamos dizer) dessa mesma qualidade segundo existe incomensuravelmente em Deus. A beleza de uma flor, por exemplo, é um reflexo mintisculo da beleza sem assim como um fugaz raio de lua é um palido reflexo da cegante luz solar. As perfeigdes de Deus sio da mesma substdncia de Deus. Se quiséssemios expressar-nos com perfeita exatidio, nao diriamos que “Deus € bom”, mas sim que “Deus é a bondade”. Deus, falando com propriedade, no & sibio: ¢ a Sabedoria. Nio podemos entreter-nos aqui a expor todas as maravilhosas perfeigies divinas, mas, ao menos, daremos uma vista de olhos em algumas. Ja tratamos de uma das perfeiges de Deus: a sua eter- nidade, Homens e anjos podem ser qualificados de eternos, nunca morrerao, Mas no 6 ja também jamais houve um tempo em que nio existisse. Ele sera — ‘como sempre foi — sem mudanca alguma, Deus ¢ como dissemos, bondade infinita, Nao hé bondade, que é tal, que ver a Deus sera amé-lo com amor E essa bondade se derrama continuamente sobre nds. Alguém poderé perguntar: mite tantos sofrimentos e males no mundo? Por que deixa que haja crimes, doengas ¢ misérias?” Escreveram-se bibliotecas inteiras sobre problema do mal, e nao se poderé pretender que tratemos aqui deste tema como merece. Nao obstante, 0 que podemos é mencionar que o mal, tanto -o como moral, na medida em que afeta os seres humanos, veio ao mundo como consequéncia do pecado do homem. Deus, que deu ao homem o livre arbitrio e pés em marcha QUEM & DEUS? 25 deu, temos que lavrar 0 nosso destino até o seu fin: — até a felicidade eterna, se a escolhermos como meta € se qui mos aceitar e utilizar o auxilio da graga divina —, mas livres até of © mal é idéia do homem, ndo de Deus. E se 0 inocente eo tm que sofrer a maldade dos maus, sua recompensa no final seri maior, Seus sofrimentos e lagrimas nada serio em comparacdo com 0 gozo vindouro. E, no entretanto, Deus guard sempre os que © guardam em seu coragio, A seguir, vem a realidade do infinito conhecimento de Deus. ‘Yodo 0 tempo — passado, presente ¢ futuro —; todas as coisas — fas que so € as que poderiam ser —: todo o conhecimento possivel é © que poderiamos chamar “um nico grande pensamento” da men- te divina, A mente de Deus contém todos os tempos ¢ toda a \¢0, assim como o ventre materno contém toda a crianga. Deus sabe 0 que farei amanha? Sim. E na proxima semana? ‘Também. Entio, nao é 0 mesmo que ter que fazé-lo? Se Deus sabe que na terga-feira irei de visita a casa de tia Beatriz, como posso no fazé-lo? Esta aparente dificuldade, que um momento de reflexio nos re- solvera, nasce de confundirmos Deus conhecedor com Deus causador, Que Deus saiba que i Beatriz no & a causa que me faz ir. Antes a0 contrario, € a minha devisio de ir & casa de minha tia Beatriz que dé pé para que Deus 0 saiba. © fato de o estudando seus mapas, saber que chovera amanhi, causa a chuva. E a0 contririo. “A condigio indispensivel que jaz que amanha vi chover é que proporciona ao meteorologista a base para saber que amanha choverd. Para sermos teologicamente exatos, convém dizer aqui que, fa- lando em termos absolutos, Deus ¢ a causa de tudo o que acontece. Deus € por natureza a Primeira Causa. Isto quer dizer que nada existe nem nada acontece que nao tenha a sua origem no poder . No entanto, nao ha necessidade de er filosdfica da causalidade. Para o nosso propési que a presciéncia divina no me obriga a fazer o que et decido fazer, Outra perfeigio de Deus ¢ que nio hi timites A sua presenga: dizemos dEle que € “onipresente”. Est sempre em toda a parte. E como poderia ser de outro modo, se ndo ha lugares fora de Deus? Ele esta neste escritério em que eserevo, esti no quarto em que voce 26 DEUS E AS SUAS PERFEICOES me 18, Se algum dia uma aeronave chegar @ Marte ou a Vénus, 0 etronauta nao estara s6 a0 alcangar o planeta; Deus estard al Note-se que a presenca sem limites de Deus nada tem a ver com o tamanho. © tamanho € algo que pertence & matéria “Grande” e “pequeno” nio tém sentido se aplicados a um espirio, e menos ainda a Deus, Nio, no & que uma parte de Deus est fun lugar ¢ outta noutro, Todo o Deus esté em toda a parte. Te ndo-se de Deus, espago & palavra tio sem significado como ta- ito. Deus pode fazer Pode fazer um circulo quadrado?”, poderia al- gguém perguntar. Nio, porque um circulo quadrado nao & algo, ¢ ‘ada, € uma contradigio nos seus préprios termos, como dizer luz do dia referindo-se 4 noite. “Deus pode pecat?”, Nio, de novo, porque o pecado é nada, é uma falha na obediéncia devida @ Deus. Enfim, Deus pode fazer tudo menos 0 que é nio ser, nada, Deus & também infinitamente sAbio. Foi Ele quem fez tudo, de tal modo que, evidentemente, sabe qual ¢ a melhor maneira de lusar as coisas que fez, qual ¢ 0 melhor plano para as suas criaturas. ‘Alguém que se queixe: “Por que Deus faz isto?", ou “por gue Deus Jembrar-se de que uma formiga tem do que o homem, em. sua limitada inteligencia, a por em ‘a sabedoria de Deus. ‘Nao € preciso ressaltar a infinita santidade de Deus. A beleza spiritual dAquele em quem tem origem toda a santidade humana eNidente, Sabemos que a propria santidade sem mancha de Santa Maria, ante o esplendor radiante de Deus, seria como a chama de tum fésforo comparada com 0 fulgor do sol. E Deus € todo misericérdia. Deus perdoa tantas vezes quantas os arrependemos. Ha um limite para a minha paciéncia ¢ pars ® Tequele outro, mas ao para a infinta misericérdia de Deus. | Mas Hie e também infinitamente justo, Deus no é uma vovézinha in: Gulgente que fecha os olhos sos nossos pecados. Se nos recusarnies aaa see para ami-lo € que existimos —, embora Ble mos queira ‘sericordia nfo anulard a sua justiga Tide isto e mais € 0 que queremos significar quando dizemos: “Deus & um espirito infinitamente perfeito”. Captruo TL A UNIDADE E A TRINDADE DE DEUS COMO & QUE SAO TRES? Estou certo de que nenhum de nés se daria ao trabalho de ex- plicar um problema de fisica nuclear a uma er nga de cinco anos. E, nao obstante, @ distancia que ha entre a int zéncia de uma crianga de tims avangos da ciéncia € nada em comparagio com a que existe entre am: bsilhante mente humana comRerdadeira natureza de Deus. Ha um limite para o que a mente fees mesmo em condigdes otimas — pode captar e entender. infinito, nenhum intelecto pode aleangar as suas Por ikso, a0 revelar-nos a verdade sobre Si mesmo, Deus tem que se contentar com ‘enunciar-nos simplesmente qual € essa verdade, Br .gomo” dela esta tio Tonge de nossas faculdades nesta vida, que fem 0 proprio Deus trata de no-to ex Gra dessas verdades & que, havendo um s6 Deus, existem nEle tuts pessoas divinas — Pai, Filho Espirito Santo. Ha uma sO 1a ivina, mas trés Pessoas di No plano humano, “nati- so praticamente uma € 2 mesma coisa. Se num quarto hi és pessoas, trés_naturezas humanas estio 14 presentes; seeMtvesse presente uma sO natureza humana, haveria uma s° Pes: se Assim, quando procuramos pensar em Deus como trés Pessoas com uma s6 e a mesma natureza, € como se estivéssemos dando cabegadas contra um muro. Pa cos verdades de {€ como esta da Santissima Trindade, chamamce nistérios de fé°, Cremos nelas porque Deus, no-las cnatifestou, € Ele ¢ infinitamente sébio ¢ veraz. Mas, para sabermos aaeaesgue isso pode ser, temos que esperar que Ele nos, manly toe esac cgmo por inteiro, no céu. Os te6logos podem, & claro, Gavnos alguns peguenos esclarecimentos. Assim, explicam que DADE EA DADE DE DEUS em por base a reac que divina ¢ se vé sobre Si mesmo. Concentramos 0 oll em nos samento das Neves" Mas ha uma diferenca entre 0 nosso coi de Deus sobre Si mesmo. Nosso conhecim« incompleto (os nossos amigos podem dizer-nos coisas sobre nés que nos surpreenderiam, e nem vamos falar no que podem dizer os nos- Mas, ainda que coneeito ‘que temos ac nosso nome, fosse completo, ou seja, uma perfeita reprodugio de 6 do. nosso independente, sem vida propria. O pensa- 0 ¢m minha mente, A razio interior: sem_existé mento deixaria de exi tasse a minha ateni a vida no si tempo em que e diatamente a0 nada se Deus ni Mas com Deus as coisas sio muito diferentes, da natureza divina, Nao h& outra maneita de con quadamente senao dizendo que ¢ 0 Ser que nunca teve pri que sempre foi e sempre sera. A tinica definigto real dar de Deus é dizer que & “Aquele que é". Assim se de Moisés, como recordamos: “Eu sou Aquele que é”. Seo conceito que Deus tem de Si mesmo deve ser um pensa- mento infinitamente completo e perfeito, tem que incluir a existéncia, 4 que a existéncia é propria da natureza de Deus. A imagem que Deus vé de Si mesmo, a Palavra silenciosa com que eternamente se expressa a Si mesmo, deve ter uma existéncia propria este Pensamento vivo em que Deus se expressa perfeitamente a Si mesmo chamamos Deus Filho. Deus Pai é Det Si mesmo; Deus Filho & a expresso do conhecimento que Deus tem de Si. Assim, a segunda Pessoa da Santissima Trindade ¢ chamada Filho, precisamente porque é gerada desde toda a cternidade, en- gendrada na mente divina do Pai. Também a chamamos Verbo de Deus, porque € a “ ivi ‘© pensamento sobre Si mesmo. Depois, Deus Pai (Deus conhecendo-se a Si mesmo) e Deus Filho (0 conhecimento de Deus sobre Si mesmo) contemplam 2 COMO & QUE SAO TRES? 29 Ao verem-se (fal lam nessa natureza tudo que & belo ¢ bom — quer dizer, tudo 0 que produz amor — em to. E assim a vontade divina origina um ato de amor i » para com a bondade e a beleza divinas, Uma vez que 0 amor de Deus por Si mesmo. Resumindo: & Deus conhecet do amor de Deus por Si trés Pessoas divinas em um sé poderia esclarecer-nos a 's Pessoas divinas: P: espeito da rela- . Filho e Espirito otha em um espelho de corpo Vocé de si mesmo, com uma excegio: nao é o espelho. Mas se a imagem saisse dele € se , viva e palpi © voce, entio sim, seria a imagem perfeita. Porém, 1: i mas s6 uma imento € os que 0 amor de si (0 amor de si bom) ¢ natural em igemte, haveria uma corrente de amor ardente € mituo wgem, Agora, dé asas & sua fantasia © pense ima parte tio de vocé mesmo, tio ua propria natureza, que chegasse a ‘ante de vové mesmo. Este amor ‘mas, mesmo assim, nada mais que um wreza. humal lerceira pessoa que itre voc€ € a sua imagem, e os {és unidos, de mios dadas: mana. possa ajudar- existe entre as trés. Pes olhando-se” a Si mesmo em agem de Si, to infinitamer Trindade: Deu © mostrando ja mente perl 30 A UNIDADE E A TRINDADE DE DEUS na imagem viva: Deus Filho; ¢ Deus Pai ¢ Deus Filho amando como amor vivo a natureza divina que ambos possuem cm comum: Deus Espirito Santo. Trés Pessoas divinas, uma natureza divina Se o exemplo que utilizei ndo nos ajuda nada a formar o nosso conceito da Samtissima Trindade, nao temos por que sentir-nos frustra- dos. Estamos perante um mis alm deve semis frustrado por haver ti uma pessoa que sofra de soberba intelectual consumada pretender , a insondivel profundidade da natureza de Deus. es humanas. podemos pensar em Det ile que vem depi como aquele que vem ainda um p (0 igualmente elernos porque possuem a mes- ina; o Verbo de Deus ¢ 0 Amor de Deus sto tho a Natureza de Deus. E Deus Filho ¢ Deus Espi- mais tarde. ma natureza s € mais poderosa 1 perfeigao ini que as tr8s possuem. Nao obstante, atribuimos a cada Pessoa divina certas obras, idades que parecem mais apropriadas & particular relagio daquela Pessoa divina. Por exemplo, atribuimos a Deus WG, j4 que pensamos nEle como o “gerador”, o de todas as coisas, a sede do infinito poder que Deus possui. Do mesmo modo, como Deus Filho é 0 Conhecimento ou a Sabedoria do Pai, atribuimos-lhe as obras de sabedoria; foi Ele que veio & terra para nos dar a conhecer a verdade ¢ transpor 0 abismo Deus ¢ 0 homem, ‘inalmente, sendo o Espi (0, apropria- obras de amor, especis io das almas, que resulta da habitagio do Amor de Deus em nossa alma. Deus Pai € 0 Criador, Deus Fitho é 0 Redentor, Deus Espirito Santo € © Santificador, E, nao obstante, o que Um faz, Todos 0 fazem: onde Um esta, estio os Trés. Este ¢ 0 mistério da na unidade absoluta, ita variedade beleza nos inundard no ¢ Carfruto IV A CRIACAO E OS ANJOS COMO COMEGOU A CRIACAO? As vezes, um costureiro, um pasteleiro ou um perfumista se ga- i Quando isto ocorre, usam a palavra “criagio” num sentido muito amplo. Por nova que seja Juma moda, terd que se bascar num tecido de algum tipo. Por agra- davel que seja uma sobremesa ou um perfume, tem que se basear nalguma espécie de ingrediente. jar. $ que se afanam hoje em dia nos labora vida em tubos de ensaio. Uma vez ¢ outra, apis fra- jos, misturam seus ingredientes quimicos e combinam las. Nao sei se algum dia conseguirio ter éxito ou nko, Mas, ainda que a sua paciéncia seja recompensada, nio se a ° uma nova vida. Tergo trabalha- Quando Deus «1 poder trabi “Faca-se a tu um firmamento no meio das agua (Gen 1, 3-6). ‘A vontade criadora de Deus nfio sé chamou todas as coisas & existéncia, como as mantém nela, Se Deus retirasse sustenticulo vontade a qualquer criatura, esta deixaria de existir naquele 1 saiu. As primeiras obras da criagio divina que conhecemos (Deus no tem por que dizer-nos tudo) so os anjos, Um anjo é um espi- rito, quer dizer, um ser com inteligéncia e vontade, mas sem corpo,

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