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São Carlos/SP
2014
ii
São Carlos/SP
2014
Wesley Henrique de Andrade
iii
________________________________________
Prof. Dr. Itamar Aparecido Lorenzon (Orientador)
________________________________________
Prof. Dr. José da Costa Marques Neto
________________________________________
Prof. Dr. Sheyla M. Baptista Serra
São Carlos/SP
2014
Sumário
iv
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 8
2. OBJETIVOS .......................................................................................................................... 9
3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 10
4. MÉTODO DE TRABALHO ................................................................................................ 11
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 12
5.1 Conceitos sobre o planejamento e gestão de canteiro de obras ......................................12
5.2 Tipos de canteiros de obras ................................................................................................18
5.2.1 Canteiros restritos .......................................................................................................................... 18
5.2.2 Canteiros longos e estreitos ........................................................................................................... 19
5.2.3 Canteiros amplos ........................................................................................................................... 20
5.3 Instalações provisórias nos canteiros de obras .................................................................21
5.3.1 Áreas de vivência........................................................................................................................... 22
5.3.2 Dimensionamento de áreas de vivência ......................................................................................... 22
5.3.3 Instalações sanitárias ..................................................................................................................... 22
5.3.4 Vestiário ........................................................................................................................................ 24
5.3.5 Alojamento .................................................................................................................................... 25
5.3.6 Local para refeições ....................................................................................................................... 27
5.3.7 Cozinha .......................................................................................................................................... 28
5.3.8 Área de lazer .................................................................................................................................. 29
5.3.9 Áreas de apoio ............................................................................................................................... 30
5.3.10 Almoxarifado ............................................................................................................................ 30
5.3.11 Escritório da obra ...................................................................................................................... 32
5.3.12 Guarita do vigia e portaria ........................................................................................................ 33
5.3.13 Áreas de produção, movimentação e armazenamento de materiais .......................................... 33
5.3.14 Áreas de Armazenamento ......................................................................................................... 33
5.3.15 Áreas de produção .................................................................................................................... 39
5.3.16 Áreas de movimentação ............................................................................................................ 44
5.3.17 Tipos de instalações provisórias ............................................................................................... 47
5.3.18 Instalações com chapas de compensado ................................................................................... 48
5.3.19 Instalações com containers ....................................................................................................... 48
5.4 Tipos de layout em canteiros de obras...............................................................................49
5.4.1 Layout por produto ........................................................................................................................ 49
5.4.2 Layout por processo....................................................................................................................... 49
5.4.3 Layout posicional .......................................................................................................................... 50
5.4.4 Critérios para a escolha do tipo de layout ...................................................................................... 50
6. IMPLANTAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS ................................................................ 52
6.1 Serviços preliminares .....................................................................................................................52
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RESUMO
Este trabalho é dedicado ao estudo do planejamento e gestão de canteiros de obras com base
em um estudo teórico em que serão levantadas teorias que, junto às normas regulamentadoras,
irão desenvolver um método de planejamento e gestão de canteiros de obras. Futuramente,
este método será testado em visitas a obras de diversos setores da construção civil para
verificar sua aplicabilidade e tirar conclusões para identificar as dificuldades que ele
apresentará.
ABSTRACT
This work is devoted to the study of the planning and management of construction sites, based
on a theoretical study where theories together to regulatory standards will develop a method
of planning and managing construction sites, which will be tested in future visits to works of
various sectors of the construction, to verify its applicability and conclusions to identify the
difficulties that this method had submitted.
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1. INTRODUÇÃO
O setor da construção civil necessita de ferramentas para desenvolver seus projetos com mais
precisão, visando diminuir os desperdícios relacionados à produção das edificações e
aumentar a produtividade. Tais ferramentas devem ser desenvolvidas tendo em vista a
mudança de mentalidade dos atuais gerentes da construção civil que, muitas vezes, deixam de
lado a racionalização e o controle para cumprir prazos.
Esse setor tem uma contribuição de 11,3% no PIB nacional e também é o setor com o maior
índice de impactos ambientais por produto desenvolvido. O resultado dessa afirmação mostra
que o setor tem um alto índice de aquisição de materiais e um baixo índice de controle,
acarretando em altos desperdícios.
Para a otimização dos processos da construção civil é necessário que o canteiro de obras, ou
seja, a fábrica da construção civil, tenha um planejamento e uma gestão bem desenvolvidos,
conseguindo, com isso, produzir de maneira rápida, dinâmica, racionalizada e sustentável
qualquer que seja o tipo de construção e sua aplicação. É preciso, para a realização de um
canteiro de obras com esses requisitos, enxergá-lo da ótica de uma indústria cujo produto final
será a obra concluída e, para tal, é necessário aplicar os conceitos dos processos de produção
vistos nas bibliografias.
A criação do layout do canteiro de obras deve ser desenvolvida a partir de um estudo
detalhado do sistema construtivo que será aplicado, do tipo de obra e dos principais riscos
relacionados aos serviços. Com esses dados, é possível definir um tipo de canteiro e trabalhar
em cima de suas limitações com a intenção de criar o melhor local para se trabalhar.
O planejamento do canteiro de obras consiste em ter o conhecimento das tarefas e recursos
que serão utilizados em cada tipo de obra e, então, organizá-los de forma a atender a logística
do empreendimento e os processos necessários para seu desenvolvimento. A gestão do
canteiro de obras é feita com a verificação dos processos e serviços executados na obra de
forma a atender ao planejamento e obter o controle necessário.
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2. OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é desenvolver ferramentas e diretrizes para a avaliação e o
planejamento dos canteiros de obras, visando diminuir os desperdícios e aumentar a
produtividade. Os objetivos específicos são:
a) Definir por meio da revisão bibliográfica ferramentas para realizar diagnósticos e estabelecer
diretrizes para analise das condições de trabalho e logística de canteiros de obras.
b) Estudar um canteiro de obras com a finalidade de aplicar as ferramentas desenvolvidas.
c) Analisar os resultados e avaliar como estão sendo desenvolvidos canteiros de obras
atualmente.
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3. JUSTIFICATIVA
O planejamento do canteiro de obras é raramente realizado de maneira formal, ou seja, segundo
diretrizes e padrões consistentes. Este fator retrata claramente o atraso, em termos de planejamento e
gestão, que o setor da construção civil tem em relação ao setor das indústrias de transformação
(SAURIN, 1997).
Embora seja reconhecida a necessidade de se realizar o planejamento do canteiro de obras para se
obter um aumento na eficácia das operações, esse planejamento é, muitas vezes, negligenciado pelos
gerentes do setor da construção civil que, quase sempre, aprendem a realizar tal atividade somente por
meio de tentativa e erro ao longo de muitos anos (TOMMELEIN,1992).
Um estudo criterioso do layout do canteiro de obras deve estar entre as primeiras ações a serem tomas
para que se possa ter uma logística eficaz e um bom aproveitamento de todos os recursos, seja humano
ou dos materiais, que são empregados em obras de qualquer porte e de fundamental importância para a
redução de desperdícios nos canteiros (SAURIN, 1997).
O setor da construção civil é de grande importância econômica: sua participação no PIB nacional é de
11,3%; é um dos setores que mais consomem recursos naturais e também a maior fonte de impactos
ambientais (Araújo, 2009). Assim, fica evidente a falta de planejamento e gestão existentes nos
projetos deste setor. É necessário que haja uma mudança na mentalidade dos gerentes, a fim de
diminuir os impactos causados pelas construções.
Seguindo este conceito, o presente trabalho pretende apresentar diretrizes para melhorar a
compreensão sobre o assunto, para facilitar a implantação de um sistema de planejamento e gestão
com a finalidade de melhorar futuros projetos de canteiro de obras e conscientizar os gerentes.
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4. MÉTODO DE TRABALHO
Revisão Bibliográfica: Nesta parte do estudo foram coletados todos os dados para a
elaboração das diretrizes necessárias para analise das condições de trabalho e logística dos
canteiros de obras.
Estudo de caso: Visitar obras de diversos segmentos com o objetivo de aplicar os conceitos
adquiridos na revisão bibliográfica para que se tenha uma comparação dos resultados.
Análise comparativa: Depois de realizados os estudos teóricos e os estudos de caso, foram
comparados os resultados esperados com o cenário encontrado na construção civil em
diversos segmentos.
Conclusão: Depois de feita a análise comparativa, foram tiradas as conclusões relativas ao
atual estado em que se encontra os canteiros de obra.
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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
b) Criar espaços utilizáveis no nível do terreno o quão cedo possível: esta regra se aplica
mais a obras de edificações e onde o subsolo ocupa quase que a totalidade do terreno,
dificultando a fase inicial da construção e a implantação de um layout permanente.
Com isso, é exigida a conclusão o quanto antes do térreo para que abra espaços
utilizáveis para a implantação de instalações provisórias e estoques de materiais, com
a finalidade de facilitar os acessos de pessoas e veículos, além de proporcionar um
caráter de longo prazo para essas instalações.
Segundo Ferreira (1998), a aplicação dos processos de racionalização construtiva ao projeto e
à construção do edifício – isso inclui construtibilidade e organização entre outros fatores –
aliados às ferramentas de qualidade e gerenciamento de processos e seguindo os onze
princípios propostos por Koskela (1992), têm-se alguns dos pré-requisitos necessários para a
elaboração de um projeto de canteiro de obras eficiente.
O conceito de construtibilidade nasceu no Reino Unido e Estados Unidos nos primeiros anos
da década de 1980. No Reino Unido é conhecido como Buildability e nos Estados Unidos
como Constructability. A construtibilidade pode ser entendida, segundo Oliveira (1995),
como a habilidade ou facilidade deste em ser construído. Inicialmente sinônimo de facilitar a
construção por meio do projeto, atualmente o conceito vem sendo ampliado, significando
também a integração do conhecimento e experiência construtiva durante as fases de
concepção, planejamento, projeto e execução da obra, visando à simplificação das operações
construtivas por meio do pleno conhecimento da tecnologia construtiva a ser adotado no
empreendimento.
A aplicação do conceito da construtibilidade necessita de uma correta percepção e
entendimento dos seus princípios, aplicados nas diferentes fases do ciclo de vida dos projetos
de construção. Os princípios da construtibilidade, segundo Silva (apud CII, 1993), estão
indicados no quadro com seus respectivos significados de forma mais abrangente, podendo
ser aplicados globalmente em empreendimentos de construção.
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Quando se fala em redução das parcelas que não agregam valor, a redução do tempo de ciclo
é uma das ferramentas que mais colaborará para esse quesito – toda produção na construção
civil tem um ciclo, seja pré-moldada ou moldada em loco. Esse princípio pede para analisar os
ciclos e identificar processos que podem ser melhorados e agir sobre eles, com a ideia de
otimizar o ciclo, reduzindo seu tempo.
5. Simplificação pela minimização do número de passos e partes: a simplificação pode
ser entendida como a redução de componentes do produto ou do número de passos
existentes em um fluxo de material.
Esse princípio atuará juntamente com o quarto princípio. Sua aplicação requer um estudo dos
ciclos de serviços da construção e uma busca por simplificação, ou seja, minimizar os passos
para a execução dos serviços, diminuindo as etapas que o compõe, aumentando a
produtividade sem perder a qualidade.
6. Aumento da flexibilidade na execução do produto: de acordo com Koskela (1992),
para se aumentar a flexibilidade, deve-se procurar minimizar o tamanho dos lotes,
aproximando-os da sua demanda; reduzir o tempo de preparação e troca de
ferramentas e equipamentos; desenvolver o processo de forma a possibilitar a
adequação do produto aos requisitos do cliente e utilizar equipes de produção
polivalentes.
O sexto princípio tem como base criar equipes polivalentes, equipes que têm habilidade de
executar diversos serviços diferentes. Mas, para isso, é necessário criar uma logística que
permita que essas equipes trabalhem sem deslocamentos não produtivos e/ou tempo de espera.
Para atender a isso, é necessário que haja um correto posicionamento dos suprimentos e
ferramentas que serão utilizados nos serviços executados e espaço suficiente para estocar os
produtos executados e separá-los por tipo e/ou utilização.
7. Aumento da transparência: visa diminuir a possibilidade de ocorrência de erros na
produção, atribuindo-se maior transparência ao processo de produção.
Esse princípio colabora com todos os demais. Para se implantar melhorias no processo
produtivo é preciso que haja transparência, o gestor deve ter uma visão global de todos os
processos que estão sendo realizados e, a partir disso, aplicar os conhecimentos adquiridos
para melhorar os fluxos. Isso requer um estudo do canteiro visando eliminar barreiras,
tornando as atividades visíveis para que as alterações em seus ciclos possam ser feitas de
maneira precisa.
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Toda empresa, quando trabalha junto a outra, tende a aprender avaliando os métodos
executivos. A prática de benchmarking diz que é preciso aproveitar o máximo possível essa
troca de informações que, futuramente, contribuirão para o desenvolvimento da empresa,
podendo até expandir a empresa para a realização de outros serviços.
A gestão dos fluxos do canteiro de obras, segundo Alves (2000), é entendida como o
planejamento e o controle dos mesmos. Com relação aos materiais, é necessário o
planejamento na aquisição, alocação temporal e espacial e distribuição e alocação dos
materiais no canteiro, bem como o controle da sua utilização em cada processo. Em relação ao
fluxo de mão-de-obra, ele engloba, além da designação de tarefas para cada equipe, a
consideração de melhor sequência de execução para o processo, respeitando os requisitos
técnicos, a continuidade do processo, a capacidade produtiva das equipes, a carga de trabalho
e o fator aprendizado.
O principal objetivo que se alcança com a gestão dos fluxos físicos na construção civil é a
redução ou até a eliminação de perdas durante o mesmo. Para isso, é necessário tornar os
processos observáveis e expor seus problemas e limitações para que possam ser identificados
e solucionados “Princípio da Transparência” (KOSKELA, 1992; ALVES, 2000).
O tipo de canteiro não é algo que pode ser definido, ele varia de acordo com as condições que
são passadas no início da obra: todo o trabalho de planejamento, projeto e gestão do canteiro
de obras deve ser pensado a partir da definição do tipo de canteiro. Cada tipo de canteiro tem
suas vantagens e desvantagens dentro deste contexto, tornando-se essencial a identificação do
mesmo no início da obra.
Os tipos de canteiro, segundo Saurin (apud Illingworth, 1993), são restritos, longos e estreitos
e amplos.
de banheiros volantes a cada 50 metros. Toda a logística desse tipo de obra é feita a partir de
caminhões e retroescavadeiras que transitam pela pista da obra; com isso o canteiro à beira da
estrada não influenciará nessa logística.
5.3.4 Vestiário
Vestiários são necessários para troca de roupa de trabalhadores que não residem no local da
obra. Sua localização deve ser próxima aos alojamentos e/ou à entrada da obra, assegurando
que o percurso vestiário-portão seja realizado sem EPI’s. Os vestiários não devem ter ligação
direta com o local destinado a refeições.
Segundo a NR-18 (2013) os vestiários devem:
a) Ter paredes de alvenaria, madeira ou material equivalente.
b) Ter pisos de concreto, cimentado, madeira ou material equivalente.
c) Ter cobertura que proteja contra as intempéries.
d) Ter área de ventilação correspondente a 1/10 (um décimo) de área do piso.
e) Ter iluminação natural e/ou artificial.
f) Ter armários individuais dotados de fechadura ou dispositivo com cadeado.
g) Ter pé-direito mínimo de 2,50 metros (dois metros e cinquenta centímetros), ou respeitando-
se o que determina o Código de Obras do Município da obra.
h) Ser mantidos em perfeito estado de conservação, higiene e limpeza.
i) Ter bancos em número suficiente para atender aos usuários, com largura mínima de 0,30
metros (trinta centímetros).
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Seu dimensionamento deve respeitar o parâmetro de 1,5 m²/pessoa (um metro e cinquenta
centímetros quadrados por pessoa), proporção que dificilmente será cumprida em canteiros
restritos.
A NR-24 sugere, na execução do vestiário, a utilização de telhas translucidas como cobertura
para melhorar a iluminação interna da instalação.
A seguir está a figura do ambiente ideal para um vestiário seguindo a NR-18 (2013) com a
solução de utilizar armários multiuso.
5.3.5 Alojamento
Local destinado a abrigar funcionários que moram em locais muito distantes da obra e/ou não
tenham condições de comparecer a obra diariamente.
Segundo a NR-18 (2013) os alojamentos dos canteiros de obra devem:
a) Ter paredes de alvenaria, madeira ou material equivalente;
b) Ter piso de concreto, cimentado, madeira ou material equivalente;
c) Ter cobertura que proteja das intempéries;
d) Ter área de ventilação de, no mínimo, 1/10 (um décimo) da área do piso;
e) Ter iluminação natural e/ou artificial;
f) Ter área mínima de 3 m² (três metros quadrados) por módulo cama/armário, incluindo a área
de circulação;
g) Ter pé-direito de 2,50 metros (dois metros e cinquenta centímetros) para cama simples e de 3
metros (três metros) para camas duplas;
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5.3.7 Cozinha
As cozinhas não são muito comum em canteiros de obras de edificações, mas em obras de
rodovias são vistas com mais frequência pela dificuldade que pode existir para acessá-las.
Segundo a NR-18 (2013), quando houver cozinha no canteiro de obras, ela deve:
a) Ter ventilação natural e/ou artificial que permita boa exaustão;
b) Ter pé-direito mínimo de 2,80 metro (dois metros e oitenta centímetros), ou respeitando-se o
Código de Obras do Município da obra;
c) Ter paredes de alvenaria, concreto, madeira ou material equivalente;
d) Ter piso de concreto, cimentado ou de outro material de fácil limpeza;
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5.3.10 Almoxarifado
O almoxarifado é a instalação de apoio à produção mais importante da obra, pois é
responsável por todo o fluxo de materiais e equipamentos que existirá na obra durante toda
sua execução.
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De acordo com Saurin (2006), para realizar seu dimensionamento é preciso considerar o porte
da obra e o seu nível de estoque, tendo assim um parâmetro para determinar o volume de
materiais e equipamentos a serem estocados. Outro fator importante é o tipo de material,
como tubos PVC, em que requerem pelo menos uma das dimensões mínimas de 6 metros.
O volume de material estocado é variável de acordo com o andamento da obra: em obras de
rodovias o almoxarifado tende a caminhar e mudar suas proporções junto com o
desenvolvimento da obra.
O almoxarifado deve ser posicionado próximo de três outros locais para aumentar sua
eficácia: o ponto de descarga de caminhões, o elevador de carga e o escritório. Para o
primeiro, é evidente que seja próximo, pois muitos materiais são descarregados diretamente
no almoxarifado; o elevador de carga deve se situar próximo para aperfeiçoar o fluxo de
materiais, pois muitos deles estarão no almoxarifado; já a proximidade com o escritório é
importante para haver comunicação constante entre o almoxarife e o engenheiro e/ou mestre
de obras (SAURIN, 2006).
Na existência de almoxarife é necessário dividir a instalação em dois ambientes. O primeiro
destinado ao estoque de materiais e ferramentas, separado por prateleiras e armários, ambos
etiquetados, e o segundo uma sala para o almoxarife preferencialmente com janela de
expediente onde ele possa realizar as requisições, entregas e processar os dados.
A imagem a seguir mostra um almoxarifado de dois ambientes com instalação em containers.
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(madeira, plástico ou metal), com inclinação máxima de 45º e fixado nas edificações em todos
os pavimentos e com dispositivos de fechamento. O entulho lançado nos tubos terá como
destino caçambas basculantes ou uma baia que atenda ao volume de entulho gerado. Em obras
de arte especiais como pontes, túneis etc. o entulho gerado é levado ao posto de descarga pro
retroescavadeiras, pois as obras de rodovias e estradas tendem a distanciar-se dos postos de
depósito de entulho com o decorrer do tempo.
A imagem a seguir mostra o sistema de lançamento de entulho por tubos.
iii. Evitar ao máximo abriga-lo em áreas onde não há cobertura; caso haja a
impossibilidade, cobrir com lona (de preferência evitar a cor preta em locais com
clima quente).
iv. As pilhas devem ter no máximo 10 sacos empilhados; em casos de uso contínuo,
onde sua armazenagem não atinge 15 dias úteis, podem ser empilhados até 15
sacos – NBR 12655 (1992).
v. É recomendado colocar em frente ao depósito um cartaz com as instruções para o
correto armazenamento, evitando perder material por armazenagem incorreta.
vi. Em canteiros onde há um grande depósito de sacos de cimento é necessário utilizar
o sistema PEPS (o primeiro que entra é o primeiro que sai) de forma a controlar o
consumo para que seja feito na ordem cronológica de recebimento.
As recomendações para o dimensionamento das áreas destinadas a agregados graúdos e
miúdos, segundo Saurin (apud Borin, 1993), são:
i. Deverão ser construídas baias com contenções no mínimo em três lados com
cerca de 1,20 metros de altura.
ii. As pilhas devem ter, no máximo, altura de 1,5 metros para que se possa reduzir
seu gradiente de umidade.
iii. As baias devem ser cobertas e ventiladas, portanto é recomendado em locais
onde não há cobertura utilizar telhas de zinco ou até mesmo uma lona plástica.
iv. A largura mínima das baias deve ser de 3 metros, pois é a largura da caçamba
do caminhão.
v. As baias devem ser feitas com base, de forma a não ter contato do material
com o solo que poderá contaminá-lo.
vi. É preferencial que haja uma drenagem nas baias para minimizar a variação de
umidade do agregado. Esta drenagem pode ser feita inclinando a base da baia
no sentido contrário à retirada do material.
c) Armazenamento de blocos e tijolos:
O armazenamento de blocos e tijolos deverá seguir as seguintes recomendações:
i. Para garantir a estabilidade das pilhas, o local de depósito deve estar nivelado e
limpo.
ii. Os blocos e tijolos devem ser separados por tipo.
iii. As pilhas de blocos devem ter no máximo 1,40 metros de altura.
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iv. O estoque deverá estar em local coberto ou cobrir com lona plástica a fim de evitar
variações nas dimensões dos materiais.
v. É ideal que os blocos sejam depositados em pallets com a finalidade de serem
transportados por carrinhos porta-pallets, otimizando o sistema e evitando riscos
ergonômicos.
d) Armazenamento de aço e armaduras:
Segundo Saurin (apud Borin, 1993), o tempo de armazenamento de aço depende do nível de
agressividade do ambiente. Em ambientes pouco agressivos, como regiões de baixa umidade
relativa do ar, as barras devem ser cobertas por lonas e distanciar 20 centímetros do solo; em
ambientes medianamente agressivos, ou seja, em regiões com umidade relativa do ar alta ou
média, as barras de aço devem ser cobertas por lonas e estar sobre travessas de madeira a uma
distância de 30 centímetros do solo. Em meios fortemente agressivos, como em regiões
marinhas ou industriais, o aço deve ser armazenado o menor tempo possível, para isso é
necessário receber os lotes menores e com mais frequência; é recomendado que o aço seja
coberto por lona e que tenha suas barras pintadas com cimento de baixa resistência ou cal.
Seja qual for os meios de agressividade, as barras de aço devem:
i. Ser separadas em comprimentos conforme o diâmetro com a respectiva
identificação da bitola.
ii. Ter maior rigor nas medidas de proteção de aços dobrados e/ou cortados devido ao
rompimento de sua película protetora.
iii. Em canteiros muito restritos é recomendado que se estoque as barras em ganchos
fixados nas paredes.
iv. Ter as pontas protegidas por protetores de vergalhão tipo cone ou tipo ponteira em
ambos os sentidos, vertical ou horizontal, de modo a evitar acidentes.
e) Armazenamento de tubos:
O armazenamento de tubos, segundo Saurin (2006), devem seguir as seguintes
recomendações:
i. Os tubos devem, preferencialmente, ser guardados no almoxarifado em armários
onde serão separados por bitola.
ii. É recomendado que cada armário tenha a especificação da bitola fixada com
etiqueta.
iii. Caso não haja possibilidade de armazenar os tubos no almoxarifado, procurar local
livre da ação direta do sol ou cobrir com lona.
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I. Carpintaria
i. As operações em máquinas e equipamentos necessários à realização da atividade de
carpintaria somente podem ser realizadas por trabalhador qualificado nos termos da NR-
18.
ii. A serra circular deve atender às disposições a seguir:
a) Ser dotada de mesa estável, com fechamento de suas faces inferiores, anterior e posterior,
construída em madeira resistente e de primeira qualidade, material metálico ou similar de
resistência equivalente, sem irregularidades, com dimensionamento suficiente para a
execução das tarefas;
b) Ter a carcaça do motor aterrada eletricamente;
c) O disco deve ser mantido afiado e travado, devendo ser substituído quando apresentar
trincas, dentes quebrados ou empenamentos;
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iii. A área de trabalho onde está situada a bancada de armação deve ter cobertura resistente
para proteção dos trabalhadores contra a queda de materiais e intempéries.
iv. As lâmpadas de iluminação da área de trabalho da armação de aço devem estar protegidas
contra impactos provenientes da projeção de partículas ou de vergalhões.
v. É obrigatória a colocação de pranchas de madeira firmemente apoiadas sobre as armações
nas fôrmas para a circulação de operários.
vi. É proibida a existência de pontas verticais de vergalhões de aço desprotegidas.
Durante a descarga de vergalhões de aço, a área deve ser isolada.
A seguir, uma imagem de um posto de armação em plena execução.
ix. A colocação de pilares e vigas deve ser feita de maneira que, ainda suspensos pelo
equipamento de guindar, se executem a prumagem, marcação e fixação das peças.
A imagem a seguir mostra um posto de estruturas metálicas.
Os trajetos onde circulam veículos devem ser em solo estável, com drenagem e, dependendo
do tipo de solo tratado, com uma camada de brita. Os trajetos onde passam os carrinhos de
mão, giricas e carrinhos porta-pallets devem ser construídos com pelos menos um contra piso,
com superfície plana para facilitar o manuseio desses equipamentos (SAURIN, 2006).
b) Elevador de Carga
O elevador de carga em obras de edificações deve ser uma das primeiras prioridades quando
se está definindo o arranjo físico do canteiro de obras, pois sua posição influenciará em toda a
logística da obra. Portanto, segundo Saurin (2006), segue algumas diretrizes para sua
implantação:
i. A posição da torre do guincho deve interferir na menor quantidade de serviços possível; é
sugerível que se loque em frente à paredes cegas.
ii. O guincho deve estar o mais próximo possível do centro geométrico dos pavimentos a fim de
minimizar os deslocamentos realizados pelos carrinhos dentro dos pavimentos.
iii. Na base da torre, onde serão posicionadas as cargas, é necessário que os carrinhos entrem em
um sentido onde facilite sua descarga nos pavimentos superiores, de modo que o operário não
tenha a necessidade de entrar na plataforma do elevador para girar o carrinho.
iv. A torre deve ficar afastada o mínimo possível da faixada da edificação para que não coincida
com elementos arquitetônicos ou estruturais.
v. Sua torre deve ficar o máximo possível afastada das redes elétricas energizadas para evitar
acidentes.
vi. O local da torre deve permitir que o guincheiro seja instalado em local coberto, caso contrário
deve se produzir um abrigo para ele.
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i. Inter travamento das proteções com o sistema elétrico, através de chaves de segurança com
ruptura positiva, que impeça a movimentação da cabine quando a(s) porta(s) de acesso da
cabine não estiver(em) devidamente fechada(s), quando a rampa de acesso à cabine não
estiver devidamente recolhida no elevador do tipo cremalheira e a porta da cancela de
qualquer um dos pavimentos ou do recinto de proteção da base estiver aberta.
ii. Dispositivo eletromecânico de emergência que impeça a queda livre da cabine, monitorado
por interface de segurança, de forma a freá-la quando ultrapassar a velocidade de descida
nominal, interrompendo automática e simultaneamente a corrente elétrica da cabine.
iii. Chave de segurança monitorada por meio de interface de segurança, ou outro sistema com a
mesma categoria de segurança, que impeça que a cabine ultrapasse a última parada superior
ou inferior;
iv. Nos elevadores do tipo cremalheira, de dispositivo mecânico, que impeça que a cabine se
desprenda acidentalmente da torre do elevador.
v. Os elevadores do tipo cremalheira devem ser dotados de amortecedores de impacto de
velocidade nominal na base caso ele ultrapasse os limites de parada final.
vi. A torre do guincho deve ser revestida com arame galvanizado com malha inferior a 30
milímetros ou material com resistência e durabilidade equivalentes. A plataforma do elevador
deve ser fechada com painéis fixos de 2 metros de altura com acesso único.
vii. Deve haver material para amortecimento da plataforma do elevador quando chega ao térreo;
normalmente são utilizados pneus.
viii. Sistema de frenagem automática.
ix. Sistema de segurança eletromecânica instalado a 2 metros abaixo da viga superior da torre do
elevador.
x. Sistema de trava de segurança para mantê-lo parado em altura, além do freio do motor.
xi. Interruptor de corrente para que só se movimente com portas ou painéis fechados.
xii. Sistema que impeça a movimentação do equipamento quando a carga ultrapassar a capacidade
permitida.
xiii. O elevador deve contar com dispositivo de tração na subida e descida, de modo a impedir a
descida da cabina em queda livre (banguela).
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xiv. Os elevadores de materiais devem ser dotados de botão em cada pavimento para acionar
lâmpada ou campainha junto ao guincheiro a fim de garantir comunicação única por meio de
painel de controle de identificação de chamada.
xv. Os elevadores de materiais devem ser providos, nas laterais, de painéis fixos de contenção
com altura em torno de um metro e, nas demais faces, de portas ou painéis removíveis.
xvi. Os elevadores de materiais de tração a cabo devem ser dotados de cobertura fixa, basculável
ou removível.
c) Elevador de Passageiros
O elevador de passageiros, segundo a NR-18 (2013), deve ser instalado em edificações com
oito ou mais pavimentos a partir do térreo ou altura equivalente, ou seja, a partir da execução
da sétima laje e cujo canteiro possua pelo menos 30 trabalhadores. Sua execução deve
permitir que o elevador alcance toda extensão vertical da obra.
Segundo a NR-18 (2013), o elevador de passageiros pode transportar cargas desde que não
seja simultâneo com passageiros e, quando ocorrer o transporte de cargas no elevador, o
comando deve ser externo e deverá haver sinalização por meio de cartazes em seu interior
onde conste, de forma visível, a mensagem de que não é permitida sua utilização simultânea
para levar carga e pessoas.
Sua localização, segundo Saurin (2006), deve ser isolada das áreas de produção e, de
preferência, próxima às áreas de vivência, mas sempre havendo caminho seguro entre todas as
áreas e o elevador de passageiros.
Segue abaixo uma imagem de um canteiro feito apenas com containers, solução muito
adotada em obras onde o tempo é o grande fator determinante para a escolha da tipologia do
canteiro.
Layout por processo ou funcional, na visão de Saurin (apud Illingworth, 1993), é adotado
geralmente quando há grande variedade nos produtos e na sequência de produção,
equipamentos que são de difícil movimentação e exigem suprimentos ou construção especial.
Na construção civil, esse tipo de layout já depende de uma equipe mais complexa, pois afirma
que em um único processo é capaz de sair diferentes produtos com pequenos ajustes. Este
layout também é eficiente para elementos pré-moldados, mas requer um planejamento prévio
de todos os elementos que serão executados no local, tendo espaço para trocar ou acrescentar
formas diferentes e, com isso, executar diferentes tipos de projetos no mesmo pátio de
elementos pré-moldados.
d) Manutenção dos equipamentos: o layout deve facilitar o acesso aos equipamentos que
necessitam de manutenção, seja periódica ou preventiva.
e) Segurança e doenças no trabalho: é indispensável que o arranjo físico considere as
necessidades de segurança, salubridade e higiene dos trabalhadores e também que
facilite a retirada e o transporte dos materiais por meio de execução de vias adequadas.
f) Gerenciamento visual: o layout deve permitir que todos os participantes do processo
produtivo possam realizar controle dos processos de modo simples e rápido e, se
possível, visualmente.
g) As linhas de fluxo de materiais: devem ser analisadas a fim de reduzir ao máximo
possível os cruzamentos.
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7. ESTUDO DE CAMPO
A melhor maneira de aplicar o conteúdo trabalhado na revisão bibliográfica é a partir de um
estudo de campo, onde se avalia canteiros já existentes e posteriormente realiza uma
entrevista com os gestores das obras, com a finalidade de apontar os principais fatores que
levaram a execução do canteiro de obras e suas deficiências. Com isso, é possível ter uma
visão de como anda o atual estado de canteiros de obras na região de São Paulo e as principais
dificuldades de se aplicar a norma NR-18 junto com as teorias de planejamento e gestão vistas
na revisão bibliográficas.
Para se avaliar um canteiro já existente é imprescindível que se tenha um conhecimento
preliminar do tipo de obra que está sendo executada, a atual fase da obra e a duração do
empreendimento.
Apesar das instalações de vivência não atenderem aos requisitos da norma NR-18 (2013),
com atenção especial para o refeitório, as instalações de apoio estão bem dimensionadas,
atendendo o fluxo de materiais que a obra necessita.
A organização da obra é boa, não há materiais espalhados pela obra sem esta sendo utilizado e
as áreas de circulação estão em sua maioria desobstruídas tornando assim o acesso a qualquer
região da obra possível.
A próxima imagem mostrará um dos acessos da obra para ilustrar o nível de organização nas
periferias do edifício.
Esta obra ilustra bem o cenário de uma obra atrasada onde se utiliza de recursos para executar
a obra a todo custo, a fim de entregar o mais rápido possível e se esquece da mão-de-obra. As
instalações de vivência estão muito mais deficientes do que as demais, deixando claro que há
certa preocupação em mostrar a obra limpa mas, ao mesmo tempo, não há a mesma
preocupação em cuidar para que a mão-de-obra tenha condições ideais de realização de seus
serviços.
Esta obra trata-se de uma passagem veicular, uma obra muito utilizada em retornos de
rodovias. Seu método construtivo consiste na criação de uma estrutura moldada em loco,
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similar a uma galeria, e após o término da laje superior é aterrada para que a rodovia possa
passar por cima.
Segue, então, a imagem de uma passagem veicular finalizada.
Ao analisar a imagem é possível dizer que se trata de um canteiro amplo, concebido com a
escavação necessária para a realização da passagem veicular, portando há uma boa
flexibilidade para se planejar o canteiro de obras. A única preocupação nesse caso é em se
manter a logística da obra funcionando corretamente, para isso é preciso checar os acessos da
obra que estão muito bem posicionados, tanto para a passagem de caminhões e carretas que
futuramente irão trazer os materiais para a obra quanto para veículos de funcionários e
visitantes. A empresa só peca no quesito da sinalização para pedestres e veículos; os acessos
estão montados, mas não sinalizados com placas e equipamentos de sinalização.
A empresa optou pela instalação de containers, apenas executando o estoque de cimento e
agregados e o refeitório em painéis de Madeirit. Tendo em vista que a obra é concebida em
média com dois meses, que o número de funcionários presentes está entre 30 e 35 e que se
trata de uma obra viária, onde este canteiro pode ser reaproveitado em outra obra, a opção
pela utilização de containers é mesmo a melhor solução para este caso.
A organização do canteiro, tanto no posto de obra quanto nas instalações, é seu ponto forte. É
possível visualizar no canteiro de obras o estoque de aço organizado com espaço para a
passagem dos caminhões para futuros depósitos e o posto de armação, como mostra a
imagem, fica em uma região muito próxima de onde o aço é descarregado e não atrapalha o
fluxo de materiais. Vale a pena atentar para o fato de que o posto de armação não está coberto
e os funcionários estão lidando com problemas como insalubridade. Para resolver esse
problema é necessário apenas cobrir o local com alguma instalação de madeira ou tendas.
As áreas de vivência vistas nessa obra são: refeitório, vestiário e instalações sanitárias. O
refeitório é feito com chapas de Madeirit, com capacidade para 50 funcionários e é utilizado
como área de lazer, com jogos como dominó e cartas no local. O vestiário tem 48 armários
distribuídos em 2 containers com energia e boa iluminação. A instalação sanitária está
dimensionada de fábrica com o container específico, tendo capacidade para 30 funcionários.
Não há banheiros volantes, mas sua importância é apenas na ausência de instalações sanitárias
próximas à obra; como a instalação sanitária está próxima não há necessidade de banheiros
valentes, apesar de que sua existência possa colaborar para evitar os deslocamentos
improdutivos.
A figura a seguir mostra um croqui do layout do canteiro de obras visitado:
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A visita foi realizada a uma obra do rodoanel, trecho lestes: uma ponte de três vãos e 2 pistas
que passam em cima da Estrada de Sapopemba, em Ribeirão Pires. O método construtivo
adotado foi uma ponte de vigas, com dois vãos de 24,80 metros e um vão de 29,70 metros,
totalizando em 70,3 metros de extensão cada ponte.
A obra está na fase de laje, armação, forma e concretagem, ou seja, a fase em que há equipes
com o maior número de funcionários: a equipe de armação da laje é composta por 20
membros, a equipe de transversina (armação e forma) é composta por 8 membros e as equipes
de forma de laje e laje elástica têm 25 membros.
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A imagem a seguir mostra a equipe de armação no último vão, forma no segundo vão e
concretagem no primeiro vão; todas as etapas acontecendo simultaneamente.
Esta etapa requer um consumo muito alto de aço e madeira, pois o processo é baseado em
uma série de etapas consecutivas, que são: lançamento das vigas, armação das transversinas,
concretagem das transversinas, lançamento de pré-lajes, assoalho da laje elástica, armação da
laje, forma da laje e concretagem da laje. Essas etapas são realizadas de maneira consecutiva e
muitas em paralelo, tornando o reaproveitamento de material uma medida que atrasa o
sistema e, com isso, o consumo de material aumenta, principalmente da madeira para forma.
A consequência dessa medida é o aumento nos estoques de madeira, que já são grandes, e na
utilização de mais equipes trabalhando em paralelo, dificultando o armazenamento, como é
mostrado na imagem anterior: com o aço descarregado de maneira irregular e a madeira
empilhada de qualquer forma, ambos são afetados pela grande pressão que a obra está
submetida.
O canteiro desta obra, como mostra a imagem a seguir, é paralelo à ponte e limitado apenas
no sentido perpendicular ao da ponte. Portanto, esse tipo de canteiro é conhecido como
canteiro unidirecional, ou seja, quando se há uma restrição em apenas uma das direções,
podendo a outra se desenvolver o necessário para atender às necessidades da obra.
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As instalações da área de vivência no canteiro são: vestiário com capacidade para 64 pessoas,
instalações sanitárias dimensionadas para 100 funcionários, refeitório com capacidade para 50
pessoas e com funcionamento em 2 turnos, que são planejados visando atender o fluxo da
obra.
As áreas de apoio são: almoxarifado com 2 containers, um para ferramentas e outro para
equipamentos e máquinas. Somente estoques de aço são dispostos próximos à pista da ponte e
os estoques de madeira junto à carpintaria com serra circular, como mostra a imagem
vindoura.
A organização desse canteiro não é o seu ponto forte: a maior dificuldade encontrada é,
devido ao prazo e ao tipo de obra, o fato do aço destinado às lajes e transversina chegarem em
carretas de 30 toneladas, muitas vezes mais de uma por dia. Isso acaba dificultando e muito a
alocação desse material perto da ponte, pois não há muito espaço para descarregá-la, visto que
o canteiro é restrito em uma direção e, por este motivo, o aço descarregado deve ser utilizado
o mais rápido possível para evitar que a próxima remessa fique muito distante do local de
aplicação.
O aço está acumulado e estocado, como mostra a figura a seguir:
Esse canteiro de obras foi muito bem desenvolvido para garantir a segurança dos funcionários
e também para atender à logística da obra. Foi possível identificar a influência que os prazos
curtos têm na organização da obra em geral; mesmo com um canteiro muito bem
dimensionado há desordem, pois a cobrança dos gerentes não é em cima de organização e
limpeza, mas sim na produção. Isso faz com que os funcionários trabalhem sobre pressão e
prejudica a limpeza e organização.
Figura 33 – Layout Canteiro da obra Estrade de Sapopemba
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se avaliar, pelo estudo realizado neste trabalho, que a compreensão entre as normas e os
conceitos de planejamento e gestão podem se tornar uma ferramenta muito útil para a
elaboração e o controle de recursos do canteiro de obras. Esses conceitos e diretrizes podem
ajudar tanto na elaboração quando na análise e otimização dos processos em canteiros de
obras.
A construção civil é vista como um setor atrasado por outros ramos, por diversos motivos,
dentre eles o canteiro de obras é um dos mais preocupantes. Toda logística da obra é
concebida no canteiro, um canteiro mal dimensionado pode trazer muitos prejuízos ao
empreendimento. As visitas realizadas mostraram que há uma evolução dos canteiros,
principalmente em obras de arte especiais onde a logística de materiais é algo muito
importante. Porém a segurança nos canteiros é algo muito preocupante e foi muito discutida,
chegando a conclusão de que falta uma análise global: não adianta planejar o canteiro apenas
para a logística e deixar a sinalização deficiente ou ao contrário; é preciso chegar a um nível
de compreensão de que a produção e a integridade dos trabalhadores devem seguir juntos, de
modo a não interferirem no desenvolvimento do outro, e somente dessa maneira será possível
projetar canteiros mais eficientes e seguros, colaborando para o crescimento do setor da
construção civil.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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baseada em estudo de caso. 2000. 176f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do
Rio Grande do Sul.
BALLARD, G. The last planner system of production control. 2000.170p. Thesis (Ph.D.) –
University of Birmingham, Faculty of Engineering.
BULHÕES, I. R. Método para medir custos das perdas em canteiros de obras: proposta
baseada em 2 estudos de caso. 2001. 135f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica,
Universidade Federal da Bahia.
MORGAN, D. C. Site Layout and Construction Planning. 1986. 280p. Thesis (Ph.D.) –
University of Nottingham.
SAID, H. M. M. Optimizing site layout and material logistics planning during the
construction of critical infrastructure projects. 2010. 284p. Thesis (Ph.D.) – University of
Illinois.
GRUPO BARAM. Fig. 11 – Sistema de lançamentos de entulho por tubos. Disponível em:
<http://www.baram.com.br/index.php?pag=9&id=3>. 11 abr. 2014.
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<http://www.cimentoitambe.com.br/dicas-sobre-cimento/>. 11 abr. 2014.
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<http://ferreiranunes.com.br/ConstrucaoReforma.html>. 11 abr. 2014.
SITE LAFAETE. Fig. 18– Canteiro feito com containers. Disponível em:
<http://www.lafaetelocacao.com.br/pt/locacao-e-venda-de-modulos-habitacionais/>. 11 abr.
2014.