Você está na página 1de 127

Instituto Superior Técnico

1º Semestre – 2012/2013
Mestrado Integrado em Engenharia Biológica

Apontamentos

© Mafalda Marques
Análise Química

Índice

ÍNDICE 2

I. INTRODUÇÃO À ANÁLISE QUÍMICA 5

1. QUÍMICA ANALÍTICA – ANÁLISE QUÍMICA 5


2. O PROCESSO ANALÍTICO 6
2.1 SELECÇÃO DO MÉTODO MAIS ADEQUADO 7
2.2 RECOLHA E TRATAMENTO DA AMOSTRA 7
2.3 DOSEAMENTO DA AMOSTRA 7
3. VALIDAÇÃO E GARANTIA DE QUALIDADE 8
3.1 VALIDAÇÃO DO PROCESSO ANALÍTICO 8
3.2 GARANTIA DE QUALIDADE 10
4. TÉCNICAS DE CALIBRAÇÃO 10
5. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS 11
5.1 ALGUNS SINAIS ANALÍTICOS 12

II. MÉTODOS ÓPTICOS (ESPECTROSCÓPICOS) 13

1. INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS ÓPTICOS PARA ANÁLISE QUÍMICA. ESPECTRO


ELECTROMAGNÉTICO 13
2. ESPECTROSCOPIA MOLECULAR NO UV-VIS 14
2.1 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR NO UV-VIS 14
2.2 ESPECTROSCOPIA DE EMISSÃO MOLECULAR NO UV-VIS 21
3. ESPECTROSCOPIA ATÓMICA 28
3.1. ESPECTROSCOPIA ATÓMICA NO UV-VIS 28
3.2. ESPECTROSCOPIA ATÓMICA NOS RAIOS X 49

III. MÉTODOS ELECTROANALÍTICOS 60

1. INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS ELECTROANALÍTICOS 60


1.1. POTENCIAIS DE ELÉCTRODO E DE CÉLULAS 60
1.2. CORRENTES EM CÉLULAS ELECTROQUÍMICAS 63

2
Análise Química

1.3. TIPOS DE MÉTODOS ELECTROANALÍTICOS 66


2. POTENCIOMETRIA 67
2.1. POTENCIOMETRIA COM ELÉCTRODOS DE MEMBRANA SELECTIVOS A IÕES (ISE) 68
2.2. SENSORES MOLECULARES 72
3. MÉTODOS VOLTAMÉTRICOS 73
3.1. CÉLULA VOLTAMÉTRICA 74
3.2. CORRENTE DE DIFUSÃO E A EQUAÇÃO DE COTTRELL 76
3.3. MÉTODOS VOLTAMÉTRICOS COM VARRIMENTO LINEAR 77
3.3. MÉTODOS VOLTAMÉTRICOS COM IMPULSOS 81
3.4. VOLTAMETRIAS DE REDISSOLUÇÃO 88
3.5 MÉTODOS VOLTAMÉTRICOS NA DETERMINAÇÃO DE IÕES METÁLICOS E
COMPARAÇÃO COM AS ESPECTROSCOPIAS ATÓMICAS 91

IV. MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS 92

1. INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS E SUA CLASSIFICAÇÃO 92


2. CROMATOGRAFIA EM COLUNA 95
2.1 PARÂMETROS QUE CARACTERIZAM UMA ELUIÇÃO CROMATOGRÁFICA 96
2.2. ALARGAMENTO DAS BANDAS E EFICIÊNCIA DA COLUNA 97
3. CROMATOGRAFIA GASOSA 100
3.1 ELUENTES, TIPOS DE COLUNAS E DETECTORES 101
3.2 PROGRAMA DE TEMPERATURA 103
3.3. ANÁLISE QUANTITATIVA 104
3.4 ANÁLISE QUALITATIVA 105
3.5 TIPOS DE CROMATOGRAFIA GASOSA 106
3.6 APLICAÇÕES DA CROMATOGRAFIA GASOSA 107
4. CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA (HPLC – HIGH
PERFORMANCE LIQUID CHROMATOGRAPHY) 107
4.1. INSTRUMENTAÇÃO 108
4.2. TIPOS DE CROMATOGRAFIA LÍQUIDA 110
5. REFERÊNCIA A OUTRAS TÉCNICAS SEPARATIVAS 115

V. ESPECTROMETRIA DE MASSA 116

1. FUNDAMENTOS DE ESPECTROMETRIA DE MASSA (MS) 116


2. ESPECTROMETRIA DE MASSA MOLECULAR 117
2.1 COMPONENTES DE UM ESPECTRÓMETRO DE MASSA 117

3
Análise Química

2.2. ANALISADORES DE MASSA 119


2.3. PRINCIPAIS TIPOS DE FONTES 120
2.4. APLICAÇÕES 122
3. ESPECTROMETRIA DE MASSA ATÓMICA 124
3.1. ESPECTROMETRIA DE MASSA ATÓMICA- ICP-MS 125

ANEXOS 127

4
Análise Química

I. Introdução à análise química

19/09/2012

Sumário
Objectivos da Análise Química.
O processo analítico.
Classificação dos métodos.

1. Química Analítica – Análise Química

A Química analítica trata dos métodos para a determinação da


composição química de amostras variadas.
Um método qualitativo fornece informação quanto à
identidade das espécies atómicas e moleculares ou grupos
funcionais presentes numa dada amostra.
Um método quantitativo fornece informação numérica quanto
à quantidade de um ou mais componentes de uma dada amostra.
Presentemente há uma quantidade enorme de métodos que
permitem obter esse tipo de informação de grande importância na
industria química, bioquímica, etc.
É objectivo da Análise Química dar a conhecer as várias
etapas do processo que conduzirá a uma determinação quantitativa,
fornecer os princípios da análise instrumental e as bases dos
métodos mais importantes disponíveis para resolver um dado
problema analítico.

5
Análise Química

2. O Processo Analítico

Analista Cliente
Apresentação do Problema
Definição do
Problema e
estratégia de Selecção do Método
resolução Analitico

Recolha e Armazenamento
de amostras

Obtenção dos
Tratamento de Amostras
Resultados
Analíticos

Medição da Variável na
Amostra

Comparação com Padrões

Refinamento
dos Tratamento Estatistico dos
Resultados
Resultados

Aoresentação dos
Resultados Finais
Cliente

6
Análise Química

2.1 Selecção do Método Mais Adequado

❀ Qualidade de resposta (precisão e exactidão vs custo e tempo


de análise)
❀ Tipo de amostra
❀ Quantidade de amostra disponível
❀ Teor dos componente(s) a analisar e quais os outros
componentes da amostra
❀ Propriedades físicas e químicas da matriz
❀ Outras ( facilidade e conveniência, custo e possibilidade de
uso de equipamento por um utilizador experimentado)

2.2 Recolha e Tratamento da Amostra

❀ Recolha da amostra – Amostragem: procedimentos


adequados para preservar a identidade da amostra
❀ Obtenção de uma amostra representativa
❀ Tratamento da amostra (separações de interferentes,
concentração, diluição, reacções de derivatização, etc.)

2.3 Doseamento da Amostra

❀ Medida da propriedade – leitura do sinal analítico


❀ Determinação da concentração
❀ Cálculo e fiabilidade dos resultados

7
Análise Química

3. Validação e Garantia de Qualidade

3.1 Validação do Processo Analítico

Características de um método:

❀ Função de calibração
❀ Gama de concentrações
❀ Calibração linear vs não linear
❀ Critérios de aceitação
❀ Características analíticas
❀ Sensibilidade
❀ Precisão
❀ Exactidão
❀ Veracidade
❀ Selectividade e/ou especificidade

Todas estas características são quantificáveis e são chamadas


figuras de mérito.

Outras características importantes: Velocidade, facilidade de


operação, custo e disponibilidade de equipamento, custo por
amostra.

Função de Calibração: Gama de concentrações estabelecida


por testes de homogeneidade de variâncias. Linearidade da função
de calibração verificada pelo teste de Mandell. Critério de aceitação
baseado no valor do coeficiente de correlação r.
Características analíticas:
Limite de Detecção (LOD) é o menor valor de concentração que
um método consegue medir.

8
Análise Química

(3 × SD)
LOD =
m
Em que m é o declive e SD é o desvio padrão correspondente a
leitura de n=10 brancos.

Define-se o Limite de Detecção Operacional como:
(3 × Sx / y)
LOD =
m
Em que Sx\y é o desvio padrão da recta dos mínimos quadrados.
O Limite de Quantificação (LOQ) é o menor valor que se deve

aceitar na determinação da concentração das amostras e define-se
como:
LOQ = 3 × LOD

O Limite de Linearidade (LOL) limita a zona linear para as


concentrações mais€elevadas.

Sensibilidade – mede a habilitação para discriminar entre


variações pequenas na concentração da amostra. Relacionada com
o declive m da recta de calibração (RC). Quanto maior o declive
maior a sensibilidade, menor o erro na concentração da amostra.

Selectividade: Possibilidade de um método poder medir o


analito de interesse na amostra sem interferência de outros
componentes na matriz da amostra.

Precisão: Mede a dispersão em relação a uma medida.

Veracidade: Mede o afastamento do valor determinado em


relação ao real.

Exactidão: (Precisão + Veracidade) Grau de concordância


entre o resultado do ensaio e o valor de referência ou aceite como
verdadeiro.

9
Análise Química

3.2 Garantia de Qualidade

Conjunto de procedimentos que permitem verificar o desempenho


de um método

❀ Calibração com recurso a padrões ou materiais de referência


❀ Ensaios em branco: Branco de reagentes e branco de amostra
❀ Soluções e materiais fortificados
❀ Materiais caracterizados de forma independente
❀ Padrões e materiais de referencia certificados
❀ Comparações interlaboratoriais
❀ Comparação com outros métodos
❀ Replicados
❀ Estatística

4. Técnicas de Calibração

Tipos de Calibração:

❀ Método da Recta de Calibração


❀ Método da Adição Padrão
❀ Método do Padrão Interino
❀ Titulação

Factores de Escolha:

❀ Características do método instrumental


❀ Resposta do instrumento
❀ Interferências de matriz
❀ Tipo de amostra

10
Análise Química

5. Classificação dos métodos

Métodos
Análise Clássicos Análise
Qualitativa Quantitativa
(precipitação, (gravimetria,
extracção, volumetria,
destilação) complexometria)

Métodos
Instrumentais

Medição de
propriedades
fisicas
(Conductividade, Maior precisão e
DDP, absorção...) selectividade,
baixo limite de
detecção

Os métodos analíticos são classificados em Métodos Clássicos e


Métodos Instrumentais.

11
Análise Química

5.1 Alguns Sinais Analíticos

Sinal Método Analítico


Emissão de radiação Espectroscopia de Emissão
Absorção de radiação Espectroscopia de Absorção
Dispersão de radiação Turbidimetria, Raman
Potencial Eléctrico Potenciometria
Corrente Eléctrica Voltametria
Resistência Eléctrica Condutimetria
Razão massa/carga Espectroscopia de massa
Massa Análise gravimétrica
Volume Análise volumétrica

12
Análise Química

II. Métodos Ópticos (Espectroscópicos)

21/09/2012

Sumário
Introdução aos métodos ópticos
(espectrométricos).
Espectrometria de absorção
molecular no UV-Vis.
Espécies absorventes.
A lei de Beer e a aditividade das
absorvâncias

1. Introdução aos Métodos Ópticos para Análise


Química. Espectro Electromagnético

Métodos Ópticos baseiam-se na interacção da radiação


electromagnética com a matéria, nomeadamente:

Absorção de Radiação: medição da energia absorvida na


transição para estados excitados
Emissão de Radiação: medição da energia libertada no
regresso de estados excitados
Difracção da Radiação: processo no qual um feixe paralelo de
radiação, deixa de o ser por passar por uma abertura pequena.

Os diferentes tipos de interacção aos vários comprimentos de onda


dão origem as diferentes espectroscopias.

13
Análise Química

2. Espectroscopia Molecular no UV-Vis

2.1 Espectroscopia de Absorção Molecular no UV-Vis

Espécies Absorventes

❀ Compostos Orgânicos: Todos os compostos orgânicos são


capazes de absorver radiação pois todos tem electrões de
valência que podem ser n, σ, ou π. (σσ*: UV vácuo; nσ*:
150-250 nm; ππ*:180-700 nm)
❀ Compostos Inorgânicos: Iões e complexos dos elementos das
1ª e 2ª serie de transição (transições de electrões d); Iões
das séries dos lantânios e actínios (transições de electrões f)
❀ Espécies que apresentam bandas de transferência de carga

Lei de Beer

A=εbc ou A=abc

A – absorvância (adimensional)
b – percurso óptico (cm)
c – concentração
a – absortividade (unidades de concentração-1 . cm-1)
ε – absortividade molar (mol-1. L . cm-1, quando as unidade da
concentração são mol/L ou M-1)

a e ε para além de dependerem da espécie e factores externos


como a temperatura, dependem do comprimento de onda da
radiação; isto é ai ou εi para λi.

A absorvância está relacionada com a transmitância.

14
Análise Química

A=-log T
T= I/I0

para radiação monocromática; I: radiação transmitida, I0 : radiação


incidente.

Análise Quantitativa: Lei de Lambert Beer – se forem


obedecidas as condições de aplicabilidade, a absorvância variará
linearmente com a concentração da espécie absorvente
apresentando uma relação linear com ordenada na origem nula
(dentro dos erros experimentais) e um declive εb, isto é obtém-se
uma curva de calibração.

Aditividade das Absorvâncias – Se em solução existirem duas


espécies a absorver no mesmo comprimento de onda de trabalho, a
absorvância da mistura e a soma das absorvâncias das espécies M e
N. Esta propriedade permite que se possam fazer determinações
simultâneas fazendo medições a tantos λs diferentes quanto para o
número de espécies a determinar.
Para duas espécies a situação ideal corresponde a quando os
máximos de absorção de M e N correspondem aos mínimos de
absorção de N e M.

15
Análise Química

26/09/2012

Sumário
Desvios à Lei de Beer: reais,
instrumentais e químicos
Titulações espectrofotométricas.
Aplicações

Limitações à aplicabilidade da Lei de Beer

❀ Desvio a linearidade dada a variação de ε para concentrações


elevadas ( conc.>0.01M) – Lei Limite
❀ Desvio à linearidade dada a variação de ε com o índice de
refracção da solução n
❀ Desvio à linearidade dada a variação de ε com o comprimento de
onda da radiação (λ) – radiação não monocromática
❀ Desvios devido à dispersão da luz causada pela presença de
partículas na atmosfera
❀ Desvios devidos à radiação dispersa no sistema óptico da
aparelhagem
❀ Fluorescência ou fosforescência da amostra
❀ Desvios devido a equilíbrios químicos das espécies presentes na
amostra.

Desvio a linearidade dada a variação de ε para concentrações


elevadas ( conc.>0.01M) – Único desvio real à lei de Beer. Em
soluções de concentração elevada, a distancia entre as moléculas é
menor, e devido à sua interacção. a distribuição das suas cargas
electrostáticas é alterada, fazendo variar a sua capacidade de
absorção, logo o valor de ε.
16
Análise Química

Desvio à linearidade dada a variação de ε com o


comprimento de onda da radiação (λ) – radiação não
monocromática – Desvio aparente instrumental. Deve escolher-se
o λ para qual a absorvância é máxima, deste modo trabalha-se
também em condições de maior sensibilidade o que conduz a um
menor erro na concentração.

Desvios devidos à radiação dispersa no sistema óptico da


aparelhagem – Desvio aparente instrumental. A radiação dispersa
é devida a diferentes aberturas das fendas ópticas, posicionamento
dos porta amostras, dispersão da radiação à superfície
monocromadora, não linearidade na resposta do detector e
amplificador. A radiação dispersa limita o valor máximo da
absorvância que pode ser medido.
Os desvios instrumentais resultam sempre em desvios negativos à
Lei de Beer

Desvios devido a equilíbrios químicos das espécies presentes


na amostra – Desvio aparente. Desvios de proporcionalidade que
resultam da existência de uma reacção química em solução e que
fazem variar a concentração da espécie absorvente. Casos mais
frequentes: ácido/base, formação de complexos, formação de
dímeros. Podem conduzir a desvios negativos ou positivos.

17
Análise Química

28/09/2012

Sumário
Titulações espectrofotométricas:
tipos e vantagens.
Instrumentação em EAM no UV-Vis.
Aplicações de EAM

Titulações Espectrofotométricas

Numa titulação espectrofotométrica representa-se a absorvância A,


em função do volume de titulante, v.

Condições de Aplicabilidade:

❀ Validade de Lei de Beer


❀ Reacção com cinética rápida
❀ Keq elevado, significa precisão, mas também se a constante for
pequena se o ponto de equivalência e definido a partir dos dados
experimentais afastados de p.e.
Vantagens:
❀ Maior aplicabilidade, só necessita de uma espécie absorvente.
❀ Menores interferências de matriz
❀ Maior precisão.

Instrumentação em EAM no UV-Vis

Selector de
Lâmpada Comprimento Amostra Detector Leitura
de Onda

Arranjo comum para UV- Visível

18
Análise Química

Fontes
Tungsténio – Similar a uma lâmpada normal, tem um alcance
de λ: 350-2200 nm; é útil em visível e infravermelho
próximo.
Deutério – Fonte de luz UV, tem um alcance de λ: 160-380
nm.

Sistema Monocromador (Δλ≈5nm)


Constituído por várias partes:
❀ Fenda de entrada
❀ Sistema colimador (lentes)
❀ Sistema dispersante
❀ Filtros, prismas e redes de difracção
❀ Sistema de focagem (lentes)
❀ Fenda de Saída

Porta amostra
Células; geometria cilíndrica ou rectangulares. Materiais da
célula variam com o comprimento de onda de trabalho: UV –
quartzo; visível – vidro, plástico; IR – cristais de KBr e NaCl.

Detectores
Fototubo – Trabalha via efeito fotoeléctrico, um fotão vai
contra o cátodo que esta coberto com uma superfície
fotoemissiva, obtendo se uma corrente que é proporcional à
intensidade do fotão. Devido a efeitos térmicos, os tubos são
sujeitos a uma pequena “dark current”.
Itipicador – Um electrão é ejectado no dinodo de conversão,
dinodos subsequentes são ~90V mais positivos o que resulta
nos electrões serem acelerados e serem ejectados electrões
adicionais, são obtidas amplificações na ordem dos 106-107.

19
Análise Química

Espectrofotómetros de Feixe Simples

Características:
❀ As leituras tem de ser feitas um λ de cada vez
❀ Amplifica transmitâncias
❀ Com acertes preliminares ( 0% no escuro, 100% no branco)
❀ Zona óptima de T: 15 a 65%
Vantagens:
❀ Mais económico
❀ Menor ruído de fundo
❀ Maior sinal

Espectrofotómetros de Feixe Duplo

Características:
❀ Aparelho automático
❀ Amplifica absorvâncias
❀ Com calibração inicial colocando brancos em ambas as células
Vantagens:
❀ Acerto mais eficaz de A=0 (T=100%)
❀ Varrimento automático de A vs λ

Aplicações em EAM

Análise Qualitativa - Pouco usada, Identificação dos grupos


funcionais (cuidado com a comparação dos espectros que não estão
nas mesmas condições, como temperatura e solventes)

Analise Quantitativa – Muito usada, aplicável a grande numero de


compostos, fácil manuseamento, gama grande de concentrações,
boa exactidão, boa precisão. Muito usada na detecção em
cromatografia liquida.
20
Análise Química

2.2 Espectroscopia de Emissão Molecular no UV-Vis

02/10/2012

Sumário
Classificação dos métodos
luminescentes. Fluorescência
molecular. factores que afectam a
fluorescência (estruturais e
externos). Efeito da concentração na
fluorescência

Processos Luminescentes

Fluoresc
ência

Emissão

Quimilu
Fosfores
minescê
cência
ncia

21
Análise Química

❀ Fluorescência
❀ quinino+hvquinino*quinino+hv’ (λ’>λ)
❀ Fosforescência
❀ fenantreno+hvfenantreno*fenantreno+hv’’ (λ’’>λ)
❀ Quimioluminescência
❀ CH3-S-CH3+F2 Produtos + hv’’’

Na fluorescência e fosforescência a excitação deve-se à absorção de


radiação – Processos fotoluminescentes

Na quimioluminescência a espécie excitada forma-se devido a uma


reacção química.

Processos Fotoluminescentes

Decaimento radiativo (emissão de radiação): fluorescência e


fosforescência

22
Análise Química

Decaimento não radiativo (processos competitivos)


❀ Relaxação vibracional
❀ Conversão interna
❀ Conversão externa
❀ Cruzamento inter-sistemas

Fluorescência Molecular

O perfil da emissão fluorescente não depende de λ de excitação


(EX1, EX2, EX3) mas a sua amplitude depende do ε de excitação,
como se pode verificar na figura seguinte:

Factores que afectam a fluorescência

Decaimento radiativo vs não radiativo – importante o tempo de vida


dos estados excitados com aspectos estruturais e externos. Dá-se
preferencialmente o processo que conduzir a um menor tempo de
vida do estado excitado.

23
Análise Química

n.o de moléculas que fluorescem


rendimento quântico ϕ :
n.o de moléculas que estão excitadas

kf
rendimento quântico ϕ =

∑ ki

em que k são as constantes de velocidade dos vários processos



radiativos e não radiativos.

❀ Internos

 Estruturais como o tipo de ligações (σ,π), rigidez da molécula,


presença de átomos como Cl e Br

❀ Estruturais:
❀ Quanto maior for o grau de instauração, maior
a fluorescência.
❀ Rigidez da molécula
❀ Quanto maior a rigidez, maior a fluorescência.
❀ Presença de átomos como Cl e Br

Intensidade
Composto relativa da
Fluorescência
C6 H 5 F 1.0
C6H5Cl 0.7
C6H5Br 0.5
C6 H 5 I 0.0

24
Análise Química

❀ Externos

 Solvente, temperatura

❀ Solvente
❀ Polaridade
❀ Se maiores as interacções, menor a
fluorescência
❀ Se ΔE for menor π-π*, maior a
fluorescência
❀ Viscosidade
❀ Maior a rigidez, maior a fluorescência
❀ Solventes com Cl (ex. clorofórmio), maior a
fluorescência
❀ Temperatura
❀ Se maior a temperatura, menor a fluorescência
❀ O2 dissolvido
❀ menor fluorescência

Análise Quantitativa

Relação sinal (IF) vs C em que IF é a radiação emitida por


fluorescência

IF=K x radiação absorvida = K x (I0-I)


K constante genérica
IF=K x (I0-I) x (1-T)=K x I0 x (1-10-εbC)
IF=K x I0 x (2.3εbC - (2.3εbC)2/2 + ...)
Desprezável se εbC < 0.05

IF=K x I0 x 2.3 εbC


IF=K’ x C
25
Análise Química

❀ Fonte estável para I0 ser constante


❀ Fonte intensa, I0 elevado, para aumentar a sensibilidade
do método
❀ Concentração em solução baixa ( <10-5M) para
❀ εbC < 0.05
❀ n.º de colisões pequeno
❀ Radiação heterocromática não afecta linearidade IF vs C,
contrariamente ao que se observa com a absorção de
radiação
03/10/2012

Sumário
Instrumentação. Comparação com a
EAM. Aplicações. Breve referência a
outras espectroscopias moleculares.

Instrumentação

Esquema Simplificado de um Espectrofluorímetro

Monocromador
Fonte Porta Amostras
de Excitação

Monocromador
Amplificador Detector
de Emissão

Recorder

26
Análise Química

❀ Fonte: lâmpadas intensas  arco de Xe, Lasers


❀ Monocromador: filtros ou redes de difracção
❀ Detector: fotomultiplicadores
❀ Porta Amostras: vidro ou quartzo

Aplicações:
❀ Hidrocarbonetos Aromáticos: águas, petróleos
❀ Produtos farmacêuticos: adrenalina, penicilina, morfina
❀ Vitaminas: B1, B2, B12
❀ Enzimas, Proteínas
❀ Produtos alimentares: histamina
❀ ATP: Contaminação microbiana em produtos alimentares,
farmacêuticos, cosméticos, solos, etc..
❀ Doseamento de iões inorgânicos: águas residuais, meios
biológicos

Breve referência a outros meios de espectroscopias


moleculares

❀ Espectroscopia IV: mais usada a λ 2.5-15 µm, por


exemplo, para determinação de compostos atmosféricos
❀ Ressonância magnética nuclear (NMR): baseada na
absorção de radiação pelos núcleos dos átomos (λ 0.6 a 10
m), especialmente importante para análise estrutural

27
Análise Química

10/10/2012

Sumário
Espectros atómicos e largura das
riscas. Técnicas de atomização:
atomização na chama. Tipos de
chama. Instrumentação, lâmpada de
cátodo oco.

3. Espectroscopia Atómica

3.1. Espectroscopia Atómica no UV-Vis

Em comum com as espectroscopias moleculares, trata dos


fenómenos de:

❀ Absorção: A=abc (Lei de Beer)


❀ Emissão: I=(Constante)C, de radiação, mas por
átomos livres no estado de vapor atómico.

Em comum com as espectroscopias moleculares tem também a


gama de comprimentos de onda, UV-Vis uma vez que as transições
envolvidas são as dos electrões das camadas externas.

Largura das riscas em espectroscopia atómica: Apesar de a cada


transição estar associada um e um único valor de ΔE, as linhas de
absorção atómica (bem como as de emissão) apresentam uma
distribuição simétrica de λ, i.e., têm uma largura finita (±10-3-10-
2
nm).

28
Análise Química

Principais causas de alargamento:


❀ Alargamento natural (principio de incerteza de
Heisenberg)
❀ Efeito de Doopler: tanto maior quanto maior a
temperatura
❀ Efeito da pressão ou de Lorenz, tanto maior quanto
maior a pressão.

Efeito da temperatura nos espectros atómicos: A temperatura tem


um grande efeito na razão entre o números de átomos excitados e
não excitados no vapor atómico. Lei de distribuição de Boltzman:
Nn/N0=gn/g0 exp(ΔEj/kT)

Em que Nn e N0 número de átomos nos estados excitados e


fundamental, respectivamente; gn e g0 pesos estatísticos dados pelo
n.º de estados que têm energia igual a cada nível quântico; T,
temperatura absoluta em Kelvin; k constante de Boltzman, ΔEj
diferença de energia entre os estados excitados e fundamental (J).

Os métodos baseados na adsorção são menos dependentes de T


pois dependem da população do estado fundamental. Por exemplo,
para o caso do sódio a 2500K 99.98% dos átomos estão no estado
fundamental.

Técnicas de Atomização

Atomização: Obtenção de átomos livres no estado de vapor


atómico. Há varias maneiras de ser feito.

29
Análise Química

Atomizadores Usados:

Temperatura de
Tipo de Atomizador
Atomização (ºC)
Chama 1700-3150
Electrotérmica 1200-3000
Plasma Induzido de
4000-6000
Argon
Direct current argon
400-6000
plasma (DCP)
Microwave induced
2000-3000
argon plasma (MIP)
Arco Eléctrico 4000-5000
Faísca Eléctrica 40,000 (?)

Técnicas de vapor: é simultaneamente uma maneira de produzir o


vapor atómico e de introdução de amostras no percurso óptico

Espectroscopia de Absorção Atómica

Atomização na chama: Amostra introduzida via aspiração de uma


solução para uma chama adequada.

30
Análise Química

Etapas:
❀ Iões em solução
❀ Pulverização em Spray
❀ Chama
❀ Evaporação solvente e formação da solução
saturada
❀ MA (sol) MA (liq) Ma (vapor)
❀ Atomização
❀ MA (vapor)  M(0) + A(0)
❀ Absorção radiação adequada (λ) proveniente
da fonte M (0) que existe no percurso óptico b

Como todos os processos baseados na absorção de radiação será


regida pela Lei de Beer: A=abcvapor; Cvapor é a concentração de
átomos livres no estado de vapor atómico. Se os caudais de
aspiração se mantiverem constantes a absorvância é proporcional à
concentração do elemento em solução. A=KCsolução

Tipos de Chama:

Comburente Combustível Temperatura (ºC)

Ar Gás Natural 1700-3150


Ar Acetileno 2100-2400
Óxido Nitroso Acetileno 2650-2800
O2 Acetileno 3060-3200

O mais usado é o Ar/Acetileno. A gama de temperaturas usada


corresponde a diferentes razões comburente/combustível para o
mesmo par de gases:
❀ Chama Oxidante – comburente/combustível > 1; chama
mais quente

31
Análise Química

❀ Chama Redutora - comburente/combustível < 1; chama


mais fria

Instrumentação

Equipamento de Absorção Atómica

Célula
Fonte Sistema
(Atomização e
Específica Monocromador
Absorção)

Amplificador e
Detector
registador

Fonte: Específica do elemento a determinar; Devido à “estreita”


largura das riscas atómicas é difícil estar-se nas condições de
aplicabilidade da Lei de Beer se se usar uma fonte continua
associada a um sistema monocromador. Daí a necessidade de uma
fonte especial que emita radiação característica do elemento: mais
usal: lâmpada de cátodo oco, cátodo cilíndrico formado pelo
elemento que se quer determinar

Trabalha a pressão e temperatura mais baixas logo a largura das


riscas espectrais e menor do que na chama pois são menores na
lâmpada os efeitos de Lorenz e de Doppler.
Outras fontes: lâmpada de multielementos, lâmpada descarga de
vapor, lâmpada descarga sem eléctrodos.

32
Análise Química

Célula: “Queimador”; percurso óptico b: espessura da chama

Monocromador: Em absorção atómica a única função e isolar a


risca utilizada de qualquer outras riscas do espectro da lâmpada.

33
Análise Química

Modulação do feixe da fonte de emissão (chopper): Eliminar


interferências da chama que suporta a amostra, e que emite um
espectro mais ou menos continuo de radiação.

12/10/2012

Sumário
Interferências em espectroscopia de
absorção atómica na chama: Físicas
da matriz da amostra e o método de
adição de padrão; Químicas
formação de compostos de baixa
volatilidade, equilíbrios de
dissociação e de ionização.
Aplicações

Interferências: Conduzem a medidas erradas de absorvância logo a


valores errados da concentração. Podem ser agrupados em:
❀ Físicas ou de Matriz: conduzem a valores por excesso ou
defeito da absorvância consoante a formação do vapor
atómico seja facilitada ou dificultada
❀ São devidas a diferenças físicas nas matrizes
da amostra e dos padrões. Alteram K pois
afectam:
❀ Velocidade do caudal de aspiração
❀ Velocidade evaporação do solvente
❀ Eliminação: Método de adição padrão
❀ Químicas: conduzem a valores por defeito da absorvância
❀ Devido a formação de um composto que
dificulta a atomização de um dado elemento.
Principais causas:
34
Análise Química

1. Equilíbrios de dissociação
2. Formação de complexos de baixa
volatilidade
3. Equilíbrios de ionização
❀ Eliminação das Interferências Químicas 1 e 2
❀ Alterando a temperatura da chama
❀ Adicionando um elemento que forme um
composto mais estável com o
interferente (agente libertador)
❀ Protegendo o catião em estudo por
quelação (agente protector)
❀ Adicionando o interferente I (presente na
amostra) em excesso quer no padrão,
quer na amostra – implica trabalhar com
maior sensibilidade.
❀ Eliminação das Interferências de Ionização
❀ Alterando a temperatura da chama
❀ Adição de um supressor de ionização T,
ou seja um elemento que se ionizando
mais facilmente reprima a ionização do
elemento que se quer determinar, M. Por
exemplo elementos dos grupos 1,2 e 3.

17/10/2012

Sumário
Interferências espectrais e sua
correcção.
Tratamento de amostras para
absorção atómica
Características da EAA na chama
Aplicações
35
Análise Química

❀ Espectrais ou de Fundo: conduzem a valores por


excesso de absorvância
❀ Quando a espécie interferente dispersa a
radiação (se o interferente for uma partícula
sólida)
❀ Quando a absorção ou emissão de uma espécie
interferente λint se sobrepõe à do elemento de
interesse.
❀ O interferente pode provir de:
❀ Própria Chama: produtos de
combustão podem originar partículas
sólidas que dispersam a radiação;
compostos moleculares presentes na
chama, OH, CO, CH tem espectros de
absorção no UV-Vis. Eliminação: uso
da solução do branco (ponto zero da
calibração)
❀ Matriz da amostra: pode conter
Óxidos refractários de Ti, W, Zr,
partículas de diâmetros elevados,
dispersantes de luz. Eliminação:
impedindo a formação destes óxidos
(o que pode ser difícil pois não basta
aumento de T); Outro átomo com
risca muito próxima da do elemento, o
que é raro devido a largura das riscas
atómicas. Eliminação: utilizando outra
risca do elemento; Moléculas com
bandas de absorção contento λelemento.
Eliminação: outra risca do elemento, T
36
Análise Química

da chama mais elevada, método das


duas riscas, corrector de deutério,
efeito de Zeeman.

Método das Duas Riscas: Recorre-se à leitura de absorvância feita a


um comprimento de onda de uma risca do gás de enchimento
próxima da do λ seleccionado. Admite-se que a interferência do
fundo afecta da mesma forma as duas riscas aos comprimentos de
onda λ e λ’. O decréscimo observado na absorvância do gás quando
da leitura da amostra é usado para corrigir o valor de A da amostra.
Aelemento=AΔλ-AΔλ’

Corrector de Deutério: Radiação da LCO e de uma lâmpada


continua de deutério com igual intensidade, passa alternadamente
pela amostra e lêem-se as absorvâncias A e A’. A absorção devida
ao elemento que praticamente não afecta o valor lindo com a
lâmpada de deutério (A’) pelo que A’=Aint enquanto que
A=Aelemento+Aint. Deste modo A-A’=Aelemento.

19/10/2012

Sumário
Atomização na Câmara de grafite.
Programa de temperaturas e sua
optimização.
Interferências em EAA na câmara de
grafite.
Comparação entre a EAA na chama e
na câmara.
Atomização por técnicas de vapor:
vapor frio de mercúrio e gerador de
hidretos.
37
Análise Química

Atomização Electrotérmica

A atomização ocorre quando a amostra é injectada/colocada num


tubo de um material conveniente que é aquecido electricamente.
Uma vez que o material que provou ser mais conveniente é a
grafite designa-se muitas vezes este tipo de atomização como EAA
na câmara de grafite. Dado o material da câmara a atomização tem
de ocorrer numa atmosfera inerte.

Câmara de Grafite

Dimensões típicas do tubo de grafite: comprimento 1.0 a 2.5 cm;


diâmetro 0.5 cm; volumes típicos injectados 5-10 µL; as amostras
podem ser liquidas, viscosas e mesmo sólidas (massa pesada e
depositada no tubo de grafite)

Característica mais importante: Menor limite de detecção em


relação à atomização na chama ( 103 x mais baixo) porque:
❀ A totalidade da amostra é atomizada num período mais
curto e o tempo de residência dos átomos no percurso
óptico é da ordem de 0.1 a 1.0 s (na chama é 0.001s)
❀ Efeito de diluição menor na câmara (1/50 vs 1/40000 na
chama)

Há varias etapas a considerar desde a introdução da amostra até à


sua atomização:

38
Análise Química

Programa de temperaturas na câmara de grafite

Etapas do programa de temperaturas na câmara de grafite:


❀ Evaporação do solvente – TMáx=Teb.solv.+10 a 20 ºC  100
a 300ºC – Aquecimento em rampa: quando há projecções
❀ Pré-Tratamento – Finalidade de evaporar a matriz da
amostra, TMáx= 500 a 1000 ºC - Aquecimento em rampa:
quando há projecções
❀ Atomização – Depende do elemento, TMáx= 1000 a 3000 ºC

Aquecimento em rampa – quando há interferências, do tipo,


molécula que absorve ao comprimento de onda da radiação
incidente e se vaporiza à T, tal que Tpre-tratamento<T’<Tatomização.

39
Análise Química

❀ Limpeza - Alguns graus acima da temperatura de


atomização de modo a garantir a remoção completa do
padrão/amostra antes do ciclo seguinte

Em todas as etapas à excepção da atomização o gás de


arrastamento passa pela câmara.

Notar que o sinal que se obtém é um sinal transiente: átomos


neutros com tempo limitado no percurso óptico devido ao gás
arrastador.

Optimização do programa de temperaturas na câmara de grafite:

Processo iterativo:
1. Tatom=Tatom do elemento em solução aquosa (tabelada)
2. Ensaios a várias Tpré-tratamento e Tatom.fixa
3. Fixa-se Tpré-tratamento =Ts
4. Ensaios a várias Tatom. e Tpré-tratamento fixa
5. Optimização das temperaturas: recomeçar em 1. usando
Tatom=Ta, até que duas iterações consecutivas conduzam ao
mesmo conjunto de valores (Ts,Ta)=(Tpré-tratamento, Tatom)

Interferências na Câmara de Grafite

❀ Físicas
❀ Eliminam-se com o método de adição padrão
❀ Químicas
❀ Formação de carburetos
❀ Formação de compostos do elemento em
estudo com outras moléculas que existam na
câmara.

40
Análise Química

❀ Eliminam-se aumentando o caudal do gás


arrastador (inconveniente: diminui a
sensibilidade) e no passo de pré tratamento
Em geral são menores do que as verificadas na
atomização na chama

Nota: As interferências de ionização praticamente não


existem devido à maior pressão parcial dos electrões na câmara.

❀ Espectrais (de fundo)


❀ Dispersão da radiação
❀ Absorção molecular
❀ Concentrações de interferentes são mais
elevadas na câmara que na chama pelo que
em regra são maiores interferências de fundo
na câmara
❀ Eliminam-se com corrector de deutério e/ ou
efeito de Zeeman

Comparação atomização na chama vs atomização na câmara de


grafite – os dois métodos podem ser considerados complementares

Limite de Volume de Tempo de Tipo de Preço


Método Precisão Interferências
Detecção amostra Análise Amostra Equipamento

Sól;Liq; Interferê
Câmara ppb microL minutos 5-10% ncias de
Visc Mais
fundo
maiores elevado
na
na
câmara
camara
do que que na
na chama
Chama ppm mL 30 a 60 s Liquida 1-2%
chama

41
Análise Química

Atomização por Técnicas de Vapor

❀ Técnica do vapor a frio de mercúrio (especifica para Hg)

O mercúrio libertado no frasco de reacção devido a um redutor (p.e.


cloreto estanhoso), passa para a célula de absorção. A atomização
ocorre à temperatura ambiente. O limite de detecção conseguido ºe
de cerca de 5×10-10g de Hg.
Ausência de interferências físicas, raras interferências químicas e de
fundo

❀ Técnica do gerador de hidretos

Aplica-se a elementos que formam hidretos covalentes e voláteis


com o hidrogénio: metaloides (grupo 4,5,6 Tabela periódica)

O hidreto formado MHn por acção do redutos (p.ex. boro hidreto de


sódio) é aquecido na célula de quartzo de modo a originar o vapor
atómico do elemento.

Limites de detecção mais baixos. Ausência de interferências físicas,


raras interferências físicas e de fundo
23/10/2012

Sumário
Espectroscopia de emissão atómica
no UV-Vis. Efeito da temperatura nas
populações dos estados fundamental
e excitados. Emissão atómica na
chama. Interferências. Método do
padrão interno

42
Análise Química

Espectroscopia de Emissão atómica no UV-Vis

Trata dos fenómenos de emissão da radiação por átomos livres no


estado de vapor atómico:

❀ Atomização – fenómenos idênticos aos verificados em


absorção atómica
❀ Excitação dos átomos do vapor atómico a custa da energia
da chama ou de um plasma
❀ Desexcitação acompanhada por emissão de radiação

Meios de excitação:
❀ Chama com temperaturas de 2000-3000K
❀ Plasmas com temperaturas 6000-8000K

Espectroscopia de Emissão Atómica na Chama

Método usado na determinação de elementos que se excitam à


temperatura da chama: metais alcalinos e alcalinos-terrosos

Espectrofotómetro de Emissão Atómica

Gases e Atomizador/ Sistema


Amostra Queimados Óptico

Medição
Sistema Sistema
directa ou
Amplificador Detecção
registo

43
Análise Química

Relação directa entre a intensidade da radiação emitida (I) e a


concentração da espécie em solução

A intensidade emitida é proporcional à população do estado


excitado, I =K’NN. Mas de acordo com Nn/N0=gn/g0 exp( ΔEj/kT) é
proporcional à população do estado fundamental N0 se T constante.
Como N0 é proporcional à concentração do elemento em solução,
Csolução, se os caudais de aspiração se mantiverem constantes tem-
se: I=KCsolução

A constante de proporcionalidade K depende de


❀ Caudal de aspiração
❀ Matriz da amostra
❀ Espécie e comprimento de onda seleccionado
❀ Temperatura - muito sensível – uma pequena variação
de temperatura faz variar muito a população do estado
excitado e logo I, flutuação de 1% conduz a variação de
11% na leitura

Para melhorar a precisão deve usar-se o método do padrão interno.

Interferências
❀ Físicas
❀ Idênticas às observadas em absorção atómica.
Eliminam-se com o método de adição padrão.
❀ Químicas
❀ Idênticas às observadas em AA. Eliminam-se
com escolha criteriosa da temperatura da
chama, uso de agentes protectores e tampão de
radiação.

44
Análise Química

❀ Espectrais
❀ Da própria chama
❀ Idênticas as observadas em AA.
Eliminam-se com o branco
❀ Da matriz amostra
❀ Maior probabilidade do que em AA.
Elimina-se usando outra risca ou técnica
extractiva
❀ Auto-Absorção
❀ A radiação emitida é absorvida por outro átomo
do mesmo elemento e a probabilidade deste
acontecimento aumenta com o aumento da
concentração

24/10/2012

Sumário
Atomização no plasma induzido de
argon - ICP . Introdução da amostra
no ICP. Instrumentação.
Interferências no ICP. Comparação
da emissão no ICP com a EAA chama
e EAA na câmara de grafite.
Aplicações.

Fontes de atomização e de excitação mais energéticas

❀ Arco eléctrico (sólidos)


❀ Faísca eléctrica
❀ Plasmas

45
Análise Química

Aspectos Comuns
❀ T mais elevadas
❀ Menores interferências químicas
❀ Maior sensibilidade
❀ Limites de detecção mais baixos
❀ Menores quantidades de amostra

Espectroscopia de Emissão Atómica no Plasma Induzido de Árgon


(ICP – Inductively Coupled Plasma)

Plasma – meio gasoso condutor onde existe uma concentração


elevada de catiões e electrões.

Formação do plasma induzido na tocha ICP - árgon ionizado


à conta de uma faísca. Partículas formadas sujeitas à acção de um
campo electromagnético variável. Dois efeitos: i) o campo
magnético fornece energia às partículas e ii) o campo magnético
obriga-as a descrever trajectórias fechadas. A energia fornecida vai
manter o movimento provocando choques e provocando a ionização
– mantém-se o plasma formado.

46
Análise Química

Esquema equipamento geral:

Introdução da amostra no plasma:


❀ Líquidos: aspiração e nebulização. Atomização
electrotérmica (também adequada a sólidos e
amostras pastosas)
❀ Sólidos: “lases ablation”
❀ Gases: introdução directa

Equipamento três tipos: sequencial, multicanal (simultâneo),


transformada de Fourier

Interferências
❀ Físicas
❀ Idênticas às observadas em absorção atómica.
Eliminam-se com o método de adição padrão.
❀ Químicas
❀ Muito menores que na emissão na chama pela
temperatura ser mais elevada e pela atomização
ocorrer num ambiente inerte.

47
Análise Química

❀ Interferência de ionização também menor pois


os electrões do plasma actuam como supressor
de ionização.

❀ Espectrais
❀ Da matriz amostra
❀ Muito maiores que nos métodos
anteriores, devido as temperaturas mais
elevadas um numero muito maior de
riscas de emissão são observadas. Podem
ser minimizadas usando
espectrofotómetros de alta resolução.
❀ Auto-Absorção
❀ Menor que na EEA na chama devido a maior
uniformidade da temperatura nas várias zonas
do plasma.

Características Importantes
❀ Determinação simultânea de vários elementos
❀ Limites de detecção mais baixos em relação a AA na
chama
❀ Menores interferências químicas
❀ Zona de resposta linear grande (2 a 3 ordens de grandeza)
❀ Temperatura do plasma mais estável que da chama
❀ Determinação de elementos refractários (Ti,V)
❀ Determinação de não metais (Cl, Br)
❀ Equipamento dispendioso
❀ Requer formação técnica especializada

48
Análise Química

Vantagens da Absorção Atómica na Chama


❀ Equipamento mais barato
❀ Requer formação técnica menos especializada
❀ Quase livre de interferências espectrais
❀ Com atomização electrotérmica apresenta limites de
detecção inferiores à emissão no plasma

Comparação das varias espectroscopias atómicas no UV-Vis

Aspecto Comum: todas destroem a amostra

Desenvolvimentos recentes em AA: absorção atómica sem


lâmpadas de cátodo oco mas usando uma fonte continua de alta
resolução e intensidade (lâmpada de xénon de arco curto), um novo
tipo de detector associado a uma rede de difracção de alta
resolução. Torna possível determinações simultâneas a preço
inferior ao do ICP.

26/10/2012

Sumário
Fluorescência de raios X
Instrumentação. Análise Qualitativa
vs Análise Quantitativa. Aplicações.

3.2. Espectroscopia Atómica nos Raios X

Gama de comprimentos de onda mais utilizados  0.1 a 25 Å

49
Análise Química

Radiações altamente energéticas: As transições envolvidas são dos


electrões das camadas internas e como tais são independentes do
estado físico ou químico dos elementos.

Diagrama de níveis de energia que mostra as transições mais


comuns

Os raios X são produzidos pela desaceleração de electrões de alta


energia (espectro continuo) ou por transições electrónicas
envolvendo electrões das orbitas internas (espectro de riscas)

50
Análise Química

A radiação pode ser:


❀ absorvida
❀ emitida (fluorescência)
❀ dispersa
❀ reflectida
❀ difractada

Depende do comprimento de onda, tipo e forma da amostra,


condições experimentais e instrumentais dão origem a diferentes
métodos de analise química, que permitem efectuar identificação de
elementos (analise qualitativa) e o seu doseamento (analise
quantitativa), analise de superfícies e de camadas e determinação
de estruturas.

Fluorescência de Raios X (Emissão)

O processo

A+*+e-
A+hv1
A++hv2

❀ Se o fotão de raios X incidente (hv1) tiver energia


suficiente vai ejectar um electrão de uma camada interna e
formar um ião excitado
❀ Se a lacuna deixada vaga for preenchida por um electrão
de uma camada exterior, haverá uma desexcitação
radiativa, através da emissão de um quanta de energia
(hv2) equivalente à diferença de energias das orbitais
envolvidas

51
Análise Química

❀ hv2<<hv1  λ2>> λ1, como em todos os processos de


fluorescência
❀ como em todos os processos de fluorescência existem
processos competitivos para a desexcitação (processos não
radiativos, emissão de Auger)
❀ O rendimento da fluorescência depende de:
❀ Probabilidade de retirar o electrão da camada
apropriada
❀ Probabilidade de que a lacuna seja preenchida por
um electrão da camada exterior
❀ Probabilidade do fotão que deixa o átomo ser
absorvido no percurso

O uso da fluorescência de raios X como técnica analítica teve


origem nos trabalhos de H.G.J. Moseley que relaciona a energia da
radiação emitida com o número atómico do átomo emissor.

Lei de Moseley: A intensidade das riscas depende do rendimento


de fluorescência e a energia (λ) depende do seu número atómico.

λ= K/(Z-σ)2

onde K e σ são constantes para uma dada linha espectral

Para elementos com n.º atómico menor que 23 (vanádio) há alguns


problemas com a detecção e medida em parte devido a processos
competitivos (p.ex. emissão de Auger). Há no entanto já
equipamentos que possibilitam a determinação de elementos com
menor n.º atómico estando a fronteira no boro.

52
Análise Química

Instrumentação

Os equipamentos usados são análogos aos utilizados para


espectroscopia de UV-Vis. no que diz respeito aos componentes:
fonte, seleccionador de comprimento de onda, porta amostras,
detector, analisador. No entanto eles diferem nos detalhes de
funcionamento.

Fontes
Tubos de Coolidge – requer que se use posteriormente filtros
ou cristais monocromadores para seleccionar a radiação.

Os tubos são constituídos por um cátodo aquecido (filamento de W)


onde são produzidos electrões que são acelerados em direcção ao
ânodo, que se encontra revestido de um elemento característico
(p.ex. Mo, Cu, Co). São assim produzidos espectros característicos
dos elementos dados que as transições entre os níveis electrónicos
são quantificadas.

53
Análise Química

Características do espectro obtido por tubos de coolidge:


❀ espectro contínuo ao qual se sobrepõe um
espectro de riscas devido a desaceleração dos
electrões ao embater no ânodo
❀ O espectro de riscas só se obtém para E>>Emin
❀ Para obter radiação monocromática: usar
filtros e monocromadores

Radioisótopos – A radiação é produzida por elementos


radioactivos cujos processos de decaimento resultam na emissão de
raios X

Os isótopos podem ser naturais ou produzidos artificialmente, um


55
dos mais usados é o Fe que sofre um decaimento por captura α
55 54
Fe  Mn + hv, resultando a emissão característica da risca kα do
Mn.

Apenas se obtêm espectros de riscas. A radiação é monocromática


e característica de cada elemento radioactivo, ainda que de menor
intensidade)

Sincrotão – radiação intensa e altamente polarizada produzida


em aceleradores

Porta Amostras
Existem diferentes tipos de porta amostras:
❀ Sólidas (metais, ligas, solos, sedimentos,
tecidos, etc.)
❀ Líquidas (águas, soros, sangue, óleos,
gasolina, etc.)
❀ Gasosas (evaporados em Mylar, gases de
combustão, amostras atmosféricas, etc.)
54
Análise Química

Como a analise não é destrutiva as vezes não existe porta


amostras, a amostra é colocada directamente junto da fonte.

Monocromadores

Em fluorescência de raios X podem ou não usar-se sistemas


de monocromadores. Os aparelhos utilizados são classificados
quando ao sistema que dispõem:
❀ Aparelhos com sistema não dispersivo – usam
filtros e as fontes são radioisótopos
❀ Aparelhos com sistema dispersivo de energia –
os detectores estão directamente ligados a
analisadores multicanais que fazem a
descriminação directa em energias
❀ Aparelhos com sistema dispersivo de λ – existe
um sistema monocromador de funcionamento
idêntico as redes de difracção usadas em UV-
Vis, mas que para a radiação X é um cristal.

Detectores

Os detectores utilizados para os raios-X não se baseiam, tal


como os de UV-Vis, no fenómeno fotoeléctrico mas sim na
contagem de fotões ou seja cada quanta de energia é absorvido e
contado. A intensidade do feixe é assim dada em termos do n.º de
contagens por unidade de tempo. Os detectores mais usados são:
❀ Detectores de fluxo (câmaras de gás):
❀ Câmaras de ionização
❀ Tubos de Geiger
❀ Contadores proporcionais

55
Análise Química

Dispersivo de energias EDXRF

Este tipo de aparelho tem menor resolução, menor precisão, mas é


mais simples, permite obter maiores IF e usar fontes menos
intensas, permite analises mais rápidas, espectros simultâneos de
todos os elementos. É usualmente utilizado para análise qualitativa.

Dispersivo de comprimentos de onda WDXRF

São os aparelhos utilizados para análise quantitativa dada a sua


maior precisão e sensibilidade, permitindo ir a limites de detecção
mais baixos. Dada a complexidade do equipamento que provoca
maiores perdas de energia têm de ser usadas fontes mais intensas(
tubo de Coolidge)

56
Análise Química

Análise Qualitativa

Muito utilizada em analise qualitativa (e semi-quantitativa) pois é


uma técnica
❀ Potente e rápida
❀ Multielementar (identifica vários elementos
simultaneamente)
❀ Não destrutiva
❀ Resultados de fácil interpretação
❀ Aplicável a vários tipos de amostra

Análise Quantitativa

A analise quantitativa apresenta:


❀ Uma boa sensibilidade
❀ boa precisão
❀ limites de detecção da ordem dos ppm

Envolve 3 passos fundamentais:


❀ Preparação da amostra, que tem de ser homogénea
❀ Excitação da risca de emissão mais sensível do
elemento a dosear e medida da intensidade emitida
❀ Conversão da radiação emitida, I, em concentração,
C
C=KMSI

K,M e S são factores que dependem de vários parâmetros.


K – depende da geometria do aparelho e das condições de
operação
M – depende dos efeitos de matriz (muito importantes)
S – depende da preparação da amostra (homogeneidade)

57
Análise Química

Para correcção dos efeitos de M e S utilizam-se muitas vezes modelos


matemáticos ou correcções calculadas, mas normalmente utilizam-se métodos
comparativos em que os efeitos são minimizados (por diluição) ou compensados
(uso de padrões internos, uso de rectas de calibração em que os padrões são o
mais semelhante possível à amostra).

Técnicas de Calibração:
❀ Padrão Simples
❀ Padrão Interno

Nota: No caso de amostras sólidas e uma vez que os


padrões devem ser o mais semelhantes às amostras possíveis
às amostras, há um trabalho prévio de preparação e
homogeneização das mesmas.

Minimização dos efeitos de matriz:

Diluição da amostra: trivial no caso dos líquidos. No caso de


sólidos passa por uma homogeneização e mistura com um sólido
“transparente” à radiação X. O método mais utilizado é o borato de
lítio.
Método do padrão interno. No caso das amostras sólidas
passa também por uma homogeneização com o padrão interno.

31/10/2012

Sumário
Espectroscopias atómica nos raios X:
fundamentos.
Fluorescência de Raios X.
características.

58
Análise Química

02/11/2012

Sumário
Características (cont.).
Instrumentação. Análise qualitativa e
quantitativa (preparação de
amostras e técnicas de calibração)..
Aplicações

Características e Aplicações

❀ Análise simultânea de elementos


❀ Amostras sólidas, liquidas e gasosas – industria
metalúrgicas e do aço, mineralogia, geologia,
plásticos, biologia, cerâmica, vidro, agricultura
(solos), medicina, poluição atmosférica, jóias,
arqueologia, objectos de arte, moedas e outros
❀ Método não destrutivo
❀ Espectros simples (boa selectividade)
❀ Analise qualitativa e semi-quantitativa rápida
❀ Gama de concentrações do ppm à %
❀ Menos apropriada para elementos com Z baixo
(alguns equipamentos tem como limite z=5, boro)
❀ Equipamento dispendioso
❀ Analise quantitativa requer métodos convenientes
para lidar com os efeitos de matriz

59
Análise Química

07/11/2012

Sumário
Introdução aos métodos
electroanalíticos, Células
electroquímicas. Eléctrodos de
referência e potenciais de junção
liquida. Classificação dos métodos
electroanalíticos. Potenciometria com
eléctrodos de membrana selectivos a
iões (ISEs). Tipos de membrana e
origem dos potenciais nos ISEs.

III. Métodos Electroanalíticos

1. Introdução aos métodos electroanalíticos

1.1. Potenciais de eléctrodo e de células

60
Análise Química

Célula electroquímica: Dois condutores, eléctrodos, cada um imerso


numa solução de electrólito adequada.

Cada eléctrodo pode receber ou dar electrões da solução ocorrendo


reacções redox na interface eléctrodo.
Cátodo: Eléctrodo onde se dá a redução
Ânodo: Eléctrodo onde se dá a oxidação

Potencial da célula: Ecélula=Ecátodo- Eânodo


Célula Galvânica: devido a uma reacção espontânea há produção de
energia eléctrica  Ecélula >0

Célula Electrolítica: formam-se produtos devido ao consumo de


energia eléctrica  Ecélula<0

No equilibro Ecélula=Eeq. I=0


Fora do equilibro Ecélula≠Eeq. I≠0

Cada eléctrodo (mergulhado numa solução de electrólito


conveniente) tem um potencial característico Eº (que é uma medida
da energia dos electrões) determinado em relação a um eléctrodo
padrão – eléctrodo de hidrogénio padrão, cujo potencial é zero por
definição.

Eº é o potencial padrão, sendo o potencial do eléctrodo quando as


actividades em todos os produtos e reagentes são unitárias e
medido em condições de equilíbrio, i.e. corrente nula.

As espécies com valores mais positivos de Eº são as mais


facilmente reduzidas, sendo portanto os agentes oxidantes mais
efectivos.

61
Análise Química

Para actividades não unitárias:

aA+bB⇔yY + zZ
E=Eº + RT/nF [AaBb/YyZz]

A equação anterior é a forma geral da Equação de Nernst que


pode ser aplicada quer a potenciais de eléctrodo quer a potenciais
de células.

Potencial formal Eº: De um modo geral e por conveniência usa-se a


concentração molar em vez de actividades ao aplicar a equação de
Nernst. De modo a compensar as diferenças que existem entre
concentrações e actividades bem como o efeito de equilíbrios em
que participem as espécies de interesse substitui-se Eº pelo
potencial formal Eº, válido para uma dada força iónica, pH, dado
meio em termos de possíveis ligandos e logo a formação de
complexos, etc.

Nos métodos electroanalíticos as medidas são feitas em células


electroquímicas que contêm pelo menos dois eléctrodos:
❀ Eléctrodo de referencia cujo potencial é independente
da composição da solução
❀ Eléctrodo de trabalho cuja resposta depende da
composição da solução

Ecélula (sempre uma diferença de potencial entre os dois eléctrodos)


inclui também os termos referentes ao potencial de junção liquida
Ejl, quando esta existe e da resistência da solução à passagem de
corrente (I≠0) i.e. o termo iR em que R e a resistência da solução,
chama-se sobretensão ohmica.

Ecélula=Etrabalho- Ereferência+Ejl+ir
62
Análise Química

Procura-se nos métodos electroanalíticos manter o potencial de


junção líquida constante e minimizar ir.
Solução: Uso de um electrólito de suporte, electrólito forte usado
em excesso (x100) face ao analito. Exemplo: KCl, HCl, NaNo3,...

Eléctrodos de referencia usados:


❀ Eléctrodo de Prata/Cloreto de Prata
❀ Eléctrodo de Calomelanos
Potencial de Junção Liquida – Cria-se na interface porosa que
separa duas soluções diferentes de electrólito e tem a sua origem
na diferente mobilidade das espécies iónicas.
Na célula electroquímica o potencial de junção líquida forma-se na
ponte salina que separa a solução interna do eléctrodo de referencia
da solução a analisar. O uso de um electrólito de suporte (forte) em
excesso permite manter constante o Ejl.

1.2. Correntes em células Electroquímicas

Passagem de corrente

A corrente i é uma medida da velocidade da reacção electroquímica:


❀ v(mol s-1) =dN/dt
❀ i (ampere)= dQ/dt (coulomb s-1)
❀ Q=nNF (Faraday) – quantidade de electricidade posta
em jogo, dada pela lei de Faraday

η é sobretensão, i.e., a diferença de potencial em relação ao valor


de equilíbrio e pode compreender vários termos:

63
Análise Química

❀ η Concentração – depende se há gradiente de


concentração em solução, i.e. concentrações diferentes
à superfície do eléctrodo e no interior da solução
❀ η Activação – depende da reacção redox num dado
eléctrodo
❀ η Óhmica – depende da resistência da solução à
passagem de corrente

64
Análise Química

Eléctrodos polarizados vs Eléctrodos não polarizados

❀ Eléctrodo Polarizado – a corrente permanece constante


e independente do potencial numa zona alargada de
potenciais: eléctrodo de trabalho
❀ Eléctrodo não Polarizado – mantêm um E constante e
independente da solução mesmo quando da passagem
de corrente na célula electroquímica: eléctrodo de
referencia.

Condução na célula

❀ Em todas as partes metálicas os electrões são os


transportadores de cargas
❀ Na solução a carga é transportada devido ao movimento
de iões
❀ Na interface eléctrodo/solução devido a uma reacção
redox ocorrem os dois processos anteriores.

De modo a minimizar a resistência da solução à passagem de


corrente, i.e., baixar a sobretensão óhmica, deve usar-se um
electrólito forte em excesso face ao analito.

65
Análise Química

1.3. Tipos de métodos electroanalíticos

Métodos
Electroanalíticos

Metodos Interfaciais Bulk Methods

Metodos Estáticos Métodos Dinâmicos Conductometry

Conductometric
Potenciometria (E) Potencial controlado Corrente constante
titrations (vol)

Constant electrode
Potenciometric Coulometric
potencial
titrations (vol) coulometry titrations

Voltammetry Electrogravimentria

Amperometric
titrations

Electrogravimetria

66
Análise Química

2. Potenciometria

Medição do potencial de uma célula electroquímica em condições de


corrente nula I=0, Método Estático

Eléctrodos de Trabalho

Metálicos: ocorre uma reacção redox na interface


Específicos ou de membrana selectiva a iões (ISE Ion Selective
Electrodes): membrana selectiva a certos iões, não ocorre redox.

67
Análise Química

2.1. Potenciometria com eléctrodos de membrana


selectivos a iões (ISE)

Tipos de Membrana:
❀ Cristalinos
❀ Eléctrodos de Cloreto
❀ Não Cristalinos
❀ Eléctrodo de cálcio
❀ Eléctrodo de pH-vidro (amorfo)

Propriedades das membranas:


❀ Solubilidade mínima
❀ Condutividade eléctrica
❀ Selectividade. Três tipos de ligação estão na base da
selectividade: permuta iónica, cristalização e
complexação.

Origem do Potencial no ISE

Potencial que tem a sua origem na separação de cargas que ocorre


na membrana devido à diferente concentração do analito na solução
interna do eléctrodo e na solução externa (amostra). De acordo
com essa diferença, em cada lado da membrana. estarão
diferentemente deslocados os equilíbrios que estão na base do
funcionamento do eléctrodo

Nota: Nos chamados all solid state ion selective electrodes


não há uma solução interna e a origem do potencial que se
estabelece em função da concentração do analito não é
completamente compreendida.

68
Análise Química

09/11/2012

Sumário
Relação entre a potencial e a
concentração. Características gerais
dos ISEs. Erro inerente ao processo
de calibração. O método de adição
de padrão em potenciometria.
Aplicações

Relação entre o potencial e a concentração

ΔE= E= ER2+E2+E1+Eas+ Ejl- ER1 (1)

ER2- ER1: potenciais dos eléctrodos de referencia interno e externo


respectivamente, constantes se a temperatura for constante

Ejl: potencial de junção liquida, constante se a força iónica for


constante

E2 e E1: têm a sua origem na separação de cargas que ocorre nas


duas faces da membrana devido aos equilíbrios que se estabelecem
de cada lado da membrana e estão relacionadas com a actividade
do analito na solução exterior e interior.

ΔEmembrana = E1 + E2 = ±RT/(zF) ln |Az±|ext/|Az±|int

Como |Az±|int é constante, se a temperatura e f.iónica se mantiverem


constantes os termos da equação (1) podem ser englobados numa
constante Q e tem-se
69
Análise Química

ΔE= E= Q ±RT/(|z|F) ln |Az±| ext


Equação formalmente equivalente à equação de Nernst mas não
ocorre redox e Q não é um potencial normal sendo dado por

Q= ER2+Eas+ Ejl- ER1 + RT/(|z|F) ln faz±

Onde f é o factor da actividade do ião ao qual o eléctrodo responde.

Características gerais: (por exemplo para o eléctrodo de fluoretos)


❀ Limite de Detecção : 10-6M
❀ Interferentes: OH- (semelhança de tamanhos), H+, Al,
Fe, Si (complexantes que alteram a concentração do ião
livre F-)

Características comuns a todos os eléctrodos selectivos


❀ Respondem a alterações na concentração dos iões
livres, desde que a força iónica seja constante,
independentemente da sua concentração total, e de
acordo com uma equação do tipo : E= Q ±RT/(|z|F) ln
|Az±|
❀ Limite de detecção é de um modo geral 10-6M (imposto
pela solubilidade das
membranas/contaminações/adsorções)
❀ Funcionam em soluções turvas ou coloridas
❀ A resposta é geralmente rápida (com excepção de
soluções diluídas) pelo que podem ser utilizadas para
monitorizações em fluído
❀ Requerem pequenos volumes de amostra e a medida
não a destrói
❀ O equipamento necessário pode ser portátil

70
Análise Química

❀ Apresentam uma resposta logaritmica da qual resulta


uma zona dinâmica de trabalho bastante alargada (4 a
6 ordens de grandeza)
❀ A resposta logaritmica no entanto conduz a um erro da
ordem de (4 x z)%

Aplicações

Controlo de
Poluição

Controlo de Industria
Qualidade da Cosmetica e
Água Farmacêutica

Controlo de
Produção
Qualidade da
Industrial
Alimentação The ELIT
range of
Ion-
Analizers

Tratamento
Agricultura e
de águas
Pesca residuais

Diagonostico
Medico e Investigação
Controlo de e Educação
Higiene

71
Análise Química

14/11/2012

Sumário
Sensores moleculares
potenciométricos (gases dissolvidos
e biosensores enzimáticos)
Problemas de revisão de EAM, EA e
potenciometria com ISEs

2.2. Sensores Moleculares

Sensores para gases : formado por um eléctrodo de referência e um


eléctrodo de medida que está separado da solução que contém o
gás dissolvido por uma membrana permeável a esse gás.

Biosensores: Eléctrodo convencional revestido por material biológico


por exemplo uma enzima que catalisa uma dada reacção
detectando-se o produto da reacção.

16/11/2012

Sumário
Célula electroquimica, eléctrodos de
trabalho e condições de trabalho.
Mecanismo da difusão e a equação
de Cottrell

72
Análise Química

3. Métodos Voltamétricos

Aplicação de um potencial de excitação variável, E, num eléctrodo


de trabalho de modo a provocar uma reacção de oxidação ou de
redução das espécies que existem em solução, e medição da
corrente resultante, I – grandeza mensurável do método.

Método Dinâmico

A corrente depende não só dos parâmetros representativos do


equilíbrio termodinâmico em solução (tal como em Potenciometria)
mas também de factores cinéticos tais como, da reversibilidade do
processo de eléctrodo, da velocidade de reacções químicas
associadas ao processo electroquímico e do transporte de massa a
espécie do(para) interior da solução ate à (da) superfície do
eléctrodo.

Mecanismos de transporte de massa, i.e, como as moléculas ou


iões podem ser transportados do interior da solução até à superfície
do eléctrodo onde ocorre a reacção redox:
❀ Convecção – movimento de espécies em soluções
agitadas
❀ Migração – movimento de iões sobre a acção de campos
electrostáticos
❀ Difusão – movimento de espécie devido a gradientes de
concentração

Relembrar que a corrente, I é uma medida da velocidade da


reacção redox, v, que por área A é dada por :
v= dN/(A dt)
logo a corrente por unidade de área será:

73
Análise Química

I=nF Av

Há uma velocidade associada a cada um dos processos mostrados


no esquema geral e o valor da corrente será imposto pelo processo
mais lento. É este aspecto que confere aos métodos voltamétricos o
seu carácter dinâmico.

3.1. Célula Voltamétrica

Três eléctrodos : Trabalho, referencia e auxiliar

O potencial aplicado ao eléctrodo de trabalho é medido em relação


ao eléctrodo de referência. A corrente resultante de oxidação-
redução é medida num outro circuito que envolve o eléctrodo de
trabalho e auxiliar (materiais mais utilizados Pt e C).

74
Análise Química

Em ensaios em que se possa dar a redução do O2 (solúvel em


solução) que ocorre na zona de potenciais negativos, é necessário
removê-lo da solução pois actua como um interferente, isto é
possível borbulhando N2.

Eléctrodos de Trabalho

Materiais
❀ Metais Nobres: Au, Pt
❀ Carbono: grafite pirolitica, pasta de carbono, carbono
vítreo
❀ Semi-Condutores: óxidos de estanho, de índio
❀ Mercúrio
❀ Modificados: qualquer dos anteriores com moléculas
orgânicas (biomoléculas  sensores moleculares)
Geometrias
❀ Disco
❀ Filamento
❀ Esfera
❀ ...

Cada eléctrodo funciona numa “janela de potencial”: imposta de um


modo geral pela decomposição do solvente (p.ex. solução aquosa
redução do H+ ou oxidação do OH-)

Eléctrodos de mercúrio (gota – geometria esférica), clássico e


actual (estático) – Dispositivo automático no qual o fluxo de
mercúrio é controlado por uma válvula. Em resposta a um sinal
eléctrico forma-se uma gota em menos de 100ms, de área
constante e que permanece na extremidade do capilar até ser
desalojada por acção de um martelo que também responde a um
impulso eléctrico.
75
Análise Química

Este tipo de eléctrodo actua não só de um modo repetitivo,


equivalente ao eléctrodo gotejante de mercúrio, como um eléctrodo
de gota suspensa (estacionário).

Condições experimentais (gerais) num ensaio voltamétrico


I. Solução não agitada
II. Presença de um electrólito de suporte
III. Eléctrodo de trabalho com mm2 de área A
IV. Volume de solução, V, tal que A/V pequeno

De I e II resulta que não há transporte de massa por convecção e


migração. O mecanismo de transporte de massa é por difusão
devido ao gradiente de concentrações que tem a sua origem na
reacção redox i.e., a concentração à superfície do eléctrodo C0 é
diferente da interior da solução C.

De III e IV resulta que o ensaio se pode considerar não destrutivo,


i.e., a quantidade de analito que se reduz ou oxida é desprezável
face à que existe inicialmente (para correntes da ordem dos 10-9-
10-6 A)

3.2. Corrente de difusão e a equação de Cottrell

Aplicação de um E tal que a corrente seja limitada pelo transporte


de massa devido à difusão: I=nF dN/dt (1)
1. Leis de Fick da difusão
❀ dN/dt = Dδc/δx
❀ δc/δt= D δ2c/δx2
Com D coeficiente de difusão da espécie que se difunde.

76
Análise Química

2. Condições Limite
❀ t =0  cº =c
❀ t>0  cº < c

A resolução da equação (1) atendendo a A. e B. e para uma


geometria plana (difusão para um eléctrodo plano de área A)
conduz à equação de Cottrell para a difusão linear
idifusão=id=nFADC/ (πDt)1/2

i - corrente (A); n – n.º de electrões; F – Faraday (C/mol); A – área


do eléctrodo (cm2); D – coeficiente de difusão (cm2s-1); C –
concentração (mol/cm3); t- tempo ao fim do qual se mede a
corrente (s).
21/11/2012

Sumário
Métodos voltamétrico com impulsos:
diferencial e de onda quadrada.
Características. Aplicações Análise
quantitativa e Análise Qualitativa.
Dependência dos potenciais dos
picos do meio iónico.

3.3. Métodos voltamétricos com varrimento linear

Aplicação de um potencial que varia linearmente com o tempo de


acordo com uma dada velocidade (tipicamente 5-10 mV/s) desde
um valor onde não ocorre redox ate um valor suficientemente
positivo ou negativo para que a difusão seja o passo limitante.

77
Análise Química

Polarografia

Nome particular dado ao método voltamétrico quando e só quando


o eléctrodo de trabalho é um eléctrodo gotejante de mercúrio. De
uso restrito na actualidade mas historicamente muito importante no
desenvolvimento dos métodos voltamétricos com impulsos.
Polarograma: i vs potencial aplicado ao eléctrodo de trabalho

Analise Quantitativa

Baseia-se na medida da corrente de difusão dada pela equação de


Cottrell aplicada ao eléctrodo de Hg

id=ilimite-iresidial=nFAD1/2tgota-1/2C =KC

K constante se forem constantes


❀ Todos os factores que controlam a gota de mercúrio
❀ Temperatura (afecta D)
❀ Meio (viscosidade, força iónica)

Análise Quantitativa

Baseia-se nos valores de E1/2 designados por potencial de meia


onda, i.e., o valor de potencial ao qual id=id/2. Depende do par
redox mas também do meio (força iónica, presença de
complexantes, pH, ...). É necessário ter muito cuidado com o
oxigénio dissolvido.

Alteração do polarograma na ausência de um electólito de suporte :


Alteração em termos de:
❀ Corrente limite - ilimite=id+imigração em que imigração pode-se
adicionar ou subtrair à corrente de difusão dependendo
78
Análise Química

da carga da espécie e da gama de potencial onde ocorre


a reacção redox.
❀ E1/2 que vem mais negativo ou mais positivo, consoante
se tenha uma redução ou oxidação, devido ao termo ir
(resistência ohmica)
Exemplo: Caso de uma redução e de uma oxidação em que há uma
atracção electrostática entre a espécie redox e o eléctrodo, i.e.,
imigração adiciona-se à corrente de difusão.

Influencia do meio nos valores de E1/2


❀ Redução reversível de um ião simples
Mn++ne ⇔M(0)

E=Eº’ + RT/nF ln (Dred/Dox)1/2 + RT/nF(id-i/i)

E=E1/2+RT/nF (id-i/i)

E1/2 simples=Eº’ + RT/nF ln (Dred/Dox)1/2

❀ Redução reversível de um ião proveniente da


dissociação de um complexo MLp com uma
constante de formação β
Mlp⇔Mn++pL +ne ⇔ M(0) (a constante de velocidade da
reacção química é grande)

E=Eº’ + RT/nF ln (Dred/Dox)1/2 - RT/nF ln β – RT/nF


ln [L] p + RT/nF(id-i/i)

E=E1/2+RT/nF (id-i/i)

E1/2 complexo =Eº’ + RT/nF ln (Dred/Dox)1/2 - RT/nF ln β –


RT/nF ln [L] p
79
Análise Química

ΔE1/2 complexo= E1/2 complexo - E1/2 simples = - RT/nF ln β –


RT/nF ln [L] p

Valores de E1/2 tanto mais negativos quanto maior a


estabilidade do complexo ou maior a concentração do
ligando

❀ Redução reversível de substâncias orgânicas

O + mH + ne ⇔ R
se m=n

E1/2 =Eº’ + RT/F ln [H+]


E1/2= Eº’ – 59,15pH (T=25ºC)

|E1/2 |=|E1/2 pH1- E1/2 pH2|=59,15 |ΔpH|

Valores de E1/2 tanto mais negativos quanto maior o pH

Nota: Nas equações anteriores Eº’ é o potencial formal


diferente de Eº devido à força iónica.

Características gerais da polarografia


❀ Aplicações: Aplicável a uma variedade grande de
espécies orgânicas (aldeídos, cetonas, quinonas através
do grupo carbonilo, peróxidos e epóxidos, grupos nitro,
nitroso reduzem em muitos eléctrodos enquanto que
hidroquinonas conduzem a ondas anódicas). A maior
parte dos catiões metálicos reduzem-se no eléctrodo de
mercúrio. Aniões inorgânicos como por exemplo o
bromato, iodato, vanadato, nitrito também se podem
determinar.
80
Análise Química

É capaz de fornecer informação relativa a um dado


estado de oxidação especifico ou a uma dada espécie.
Aplicações com fins não analíticos tais como estudos
não fundamentais de processos redox, estudos
termodinâmicos e cinéticos,...
❀ Limite de Detecção: 10-5M
❀ Determinação Simultânea: Desde que as ondas
polarográficas estejam separadas de 150 a 200 mV
❀ Tempo por Determinação: 2 a 5 min (excluindo o tempo
necessário para desarejar a solução – aprox. 10 min)
❀ Equipamento: acessível e versátil

Nota: Voltametria cíclica, breve referência: Trata-se


sem duvida do método electroanalítico mais usado, mas com
pouco interesse para determinações quantitativas de concentrações
devido ao limite de detecção da ordem dos 10-5M. É uma
ferramenta especialmente importante em estudos fundamentais de
processos electroquímicos em varias condições experimentais
fornecendo informação qualitativa sobre mecanismos de reacções e
quantitativa de parâmetros termodinâmicos como potenciais
formais e cinéticos, nomeadamente, constantes de velocidade de
reacções redox e químicas associadas aos processos de eléctrodo.

3.3. Métodos Voltamétricos com impulsos

Desenvolvidos de modo a permitir um limite de detecção mais baixo


que o da polarografia. O limite de detecção num método
electroanalítico é basicamente imposto pela corrente residual não
nula e que tem como principal origem processos redox de
impurezas.

81
Análise Química

Quando aquela corrente é da ordem de grandeza da corrente de


interesse, a corrente de difusão ou corrente farádica torna-se
impossível de medir (ruído é maior que o sinal). Neste contexto
foram desenvolvidos os métodos com impulsos sendo os mais
importantes:
❀ Voltametria diferencial com impulso (DVP – Differential
Pulse Voltammetry)
❀ Voltametria de onda quadrada (SWV – Square Wave
Voltammetry)

Em qualquer destes métodos aplica-se ao eléctrodo de trabalho


impulsos de potencial e a corrente analítica é a diferença de duas
medidas.

A maior parte da corrente residual é eliminada devido a esta


medida de potencial obtendo-se melhores limites de detecção.

O eléctrodo de trabalho pode ser qualquer um dos referidos


anteriormente.

Voltametria diferencial com impulsos

82
Análise Química

Valores Típicos: ΔEp: amplitude do impulso (25-100mV); tp: período


do impulso (50-100ms); t0: tempo de repetição do impulso (1-2s);
ΔEdegrau: degrau de potencial (2-10mV)

Duas medidas de corrente: i1 imediatamente antes do impulso e i2


durante os últimos instantes do impulso.

Voltagrama: Δi=i2-i1 vs potencial de base

Forma do Voltagrama: Porquê um pico??

Análise Quantitativa:

Corrente do pico (base da expressão é a corrente de Cottrell tendo


em conta as características da técnica)
Δip=ip=(1-σ)/(1+σ) nFAD1/2 C / (tpπ)1/2 =KC
com, σ=exp(ΔE nF/2RT)

K constante se forem constantes


❀ Todos os factores que controlam a gota de mercúrio
❀ Temperatura (afecta D)
❀ Meio (viscosidade, força iónica)
83
Análise Química

Análise Qualitativa:

Potencial do pico: Ep que depende do par redoz mas também do


meio (força iónica, presença de complexantes, pH para a grande
maioria das espécies orgânicas, ...)
Largura do pico a meia altura: W1/2=3,25 RT/nF, que
pode dar informação sobre: i) n.º de electrões trocados; ii)
ausência de electrólito de suporte.

Interferência do Oxigénio dissolvido: É necessário ter em atenção


se a reacção redox ocorre na gama de potenciais em que o O2
dissolvido também se reduz.
O2+ 2H++2e  H2O2 E≅-0.1V vs ESC
H2O2+2H++2e  2H2O E≅-0.9V vs ESC

Influência do meio nos valores de Ep


❀ Presença de Complexantes: Redução reversível de um
ião proviniente da dissociação de um complexo MLp com
o ligando L e com uma constante de formação β:

Mlp⇔Mn++pL +ne ⇔ M(0)

E1/2 complexo =Eº’ + RT/nF ln (Dred/Dox)1/2 - RT/nF ln β –


RT/nF ln [L] p

❀ Variação de pH: Redução reversível de substancias


orgânicas:
O + mH + ne ⇔ R
se m=n

Note-se que o potencial se desloca tanto mais para


valores positivos quanto maior for [H+]
84
Análise Química

E1/2 =Eº’ + RT/F ln [H+]


E1/2= Eº’ – 59,15pH (T=25ºC)

|E1/2 |=|E1/2 pH1- E1/2 pH2|=59,15 |ΔpH|

Ou seja o potencial varia de aproximadamente 60mV


por unidade de variação de pH

Características:
❀ Aplicações: Qualquer composto que se possa oxidar ou
reduzir na janela de potencial do eléctrodo.
❀ Limite de Detecção: 10-8 - 10-7M
❀ Resolução: 50 a 100 mV
❀ Tempo por Determinação: 2 a 5 min (excluindo o tempo
necessário para desarejar a solução – aprox. 10 min)

Voltametria de onda quadrada

Valores Típicos: f: frequência do impulso (10-1000Hz); π: tempo de


repetição do impulso (ms), f=1/τ; Esw: amplitude do impulso (25-
50mV); ΔE degrau de potencial (5-10 mV)

85
Análise Química

Duas medidas de corrente: if corrente directa (forward) e ir corrente


inversa (reverse).

Voltagrama: Δi=i2-i1 vs potencial de base

Análise Quantitativa:

Corrente do pico

Δip=ip=KC

K constante se forem constantes


❀ Todos os factores que controlam a gota de mercúrio
❀ Temperatura (afecta D)
❀ Meio (viscosidade, força iónica)

Análise Qualitativa:

Potencial do pico: Ep que depende do par redoz mas também do


meio (força iónica, presença de complexantes, pH...) pois é uma
função do potencial formal tal como VDP

86
Análise Química

Características:
❀ Aplicações: Qualquer composto que se possa oxidar ou
reduzir na janela de potencial do eléctrodo.
❀ Limite de Detecção: 10-8 - 10-7M
❀ Resolução: 50 a 100 mV
❀ Tempo por Determinação: 100 a 1000 vezes mais
rápida que nos casos anteriores
Velocidade de variação do potencial de base
(mV/s) = f × ΔE
Valores típicos: f=100 Hz com ΔE=5 mV 
500mV/s

23/11/2012

Sumário
Influência do pH e da presença de
complexantes nos potenciais dos pico
das voltametrias diferencial com
impulsos e de onda quadrada.
Amperometria e biosensor
amperométrico.

Aplicações

87
Análise Química

28/11/2012

Sumário
Voltametrias de redissolução anódica
e com adsorção: características e
aplicações.
Introdução aos métodos
cromatográficos. Sua classificação
quanto à configuração e natureza da
fase móvel

3.4. Voltametrias de Redissolução

Técnicas compostas de dois passos:


❀ Pré-concentração do analito no eléctrodo de trabalho a
um potencial fixo
❀ Redissolução do analito aplicando um potencial variável

Desenvolvidos de modo a se obterem linhas de detecção mais


baixos do que com as técnicas com impulsos, tal deve-se ao passo
de pré-concentração comum a todas as técnicas de redissolução.

ASV CSV AdSV


Anodic Stripping Cathodic Stripping Adortive Stripping
Voltammetry Voltammetry Voltammetry

Voltametria de Voltametria de Voltametria de


Redissolução Redissolução Redissolução com
Anódica Catódica Adsorção

88
Análise Química

Voltametria de Redissolução Anódica

Eléctrodo de Trabalho: Mercúrio da forma de gota suspensa ou de


filme depositado num material inerte (Pt, Ir)

❀ Pré-Concentração, Electrolítica: redução da espécie à


forma de metal amalgamado
Mn++neM(Hg)
❀ Redissolução, Electrolítica: oxidação da espécie
amalgamada que volta à solução
M(Hg)Mn++ne

Só aplicável a metais solúveis em Hg

Parâmetros Experimentais a controlar:


❀ Área do Eléctrodo
❀ Potencial de Deposição, Ed
❀ Tempo de Deposição, td
❀ Agitação durante a Deposição
❀ Tempo de Repouso
❀ Condições de Redissolução (modo normal ou impulsos)
❀ Temperatura
❀ Meio (força iónica, pH,...)

Análise Quantitativa: Corrente do pico , Δip=ip=KC, K constante se


forem constantes todos os factores experimentais referidos (há
mais parâmetros a verificar que nas técnicas anteriores, pelo que a
precisão é menor)

Análise Qualitativa: Potencial do pico: Ep que depende do par redox


mas também do meio (força iónica, presença de complexantes,
pH...)
89
Análise Química

Características:
❀ Aplica-se basicamente a espécies solúveis em Hg uma
vez que a pré concentração se dá no mercúrio
CHg>>Csolução
❀ Método não destrutivo pois o eléctrodo de trabalho é
um microelectrodo e a pré concentração não é
exaustiva
❀ Limite de Detecção: depende do tempo de depósito e
como varia o potencial durante o processo de
redissolução. Para valores típicos (3 a 5 min)
conseguem-se limites de 10-9 - 10-11M consoante o
potencial varie linearmente ou por impulsos durante a
redissolução
❀ Método com menor precisão que os métodos
voltamétricos com um só passo pela quantidade de
parâmetros a controlar

Voltametria de Redissolução com Adsorção

❀ Pré-Concentração, Adsorção física na superfície do


eléctrodo:
A(solução)A(adsorvido)

❀ Redissolução, Electrolítica: redução ou oxidação da


espécie adsorvida que volta à solução

A(adsorvido)+neR(solução)
A(adsorvido)  O(solução) + ne

Características: Não está limitada a determinação de espécies


solúveis no mercúrio devido ao passo de pré concentração. Limite
de Detecção : 10-9 - 10-11M
90
Análise Química

3.5 Métodos Voltamétricos na determinação de iões


metálicos e comparação com as espectroscopias
atómicas

❀ Não destrutivos
❀ Adequados a determinações em matrizes salinas (ex.
água do mar), matrizes que causam grandes
interferências nas espectroscopias atómicas UV-Vis.
❀ Determinação simultânea
❀ Equipamento barato e portátil
❀ Possibilidade de determinações in situ
❀ Possibilidade de especiação redox: distingue estados de
oxidação diferentes do mesmo elemento
❀ Limites de detecção comparáveis com ICP-ópticos
(Técnicas de um só passo) e AACâmara de grafite
(Técnicas de Redissoulção)
❀ A determinação das concentrações totais requer a
destruição de matéria orgânica com a qual os elementos
possam formar complexos. Essa destruição pode ser
feita via UV ou usando ácidos minerais
❀ Pode requerer alguma especialização do operador para
interpretação do sinal analítico

Não sai para o exame: Electrólise

91
Análise Química

IV. Métodos Cromatográficos

1. Introdução aos métodos cromatográficos e sua


Classificação

Mistura
Solutos

Fase
Fase Móvel
Estacionária

Por exemplo na Cromatografia Planar (Cromatrografia em


papel, a fase estacionaria é a água no papel, e a fase móvel é o
solvente).
Os solutos a separar são deslocados ao longo da fase
estacionária pelo caudal da fase móvel e a separação resulta da
diferente afinidade dos solutos por cada uma das fases.

O que dá o nome à cromatografia é a Fase Móvel:

❀ Estado da Fase Móvel – Gás, Liquido, Fluido Super


Critico.
❀ Estado da Fase Estacionária – Sólido, Líquido

Normalmente quando se realiza uma cromatografia gás


liquido ou liquido sólido, o liquido está “seguro” por um sólido.
92
Análise Química

Configuração:

❀ Leito aberto (cromatografia em papel ou camada fina)


❀ Coluna (configuração mais vulgar): A fase estacionária
está contida na coluna (pode ser liquido ou sólido). A
fase móvel é colocada na extremidade da coluna e vai
atravessar esta e irá separar-se. A fase com mais
afinidade com a fase móvel vai ser eluído mais
rapidamente, a fase com mais afinidade à fase
estacionária vai demorar mais tempo para ser eluída.

93
Análise Química

Classificação quanto à natureza das fases móvel e


estacionária

Fase
? Fase Móvel Configuração Designação
Estacionária

Sólida: Resina
Cromatografia
de Permuta Coluna
Iónica Iónica (IC)

Exclusão
Sólida: Peneira
Coluna Molecular
Molecular (SEC)

Cromatografia
Sólida: Fase
Coluna Fase Ligada
Ligada (BPC)

Liquída
Liquido-Sólido
Coluna
(LSC)
Sólida:
Adsorvente
Camada Fina
Leito Aberto
(TLC)/ Papel

Camada Fina
Leito Aberto
(TLC)/ Papel
Liquido
Liquido-Liquido
Coluna
(LLC)

?
Sólido: Peneiro Gás Sólido
Coluna
Molecula (GSC)

Sólido: Gás-Sólido
Gás Coluna
Adsorvente (GSC)

Gás Liquido
Líquido
(GLC)

Cromatografia
Sólido Coluna com Fluido
SuperCritico
Fluído Super-
Critico
Cromatografia
Gas Coluna com Fluido
SuperCritico

94
Análise Química

30/11/2012

Sumário
Cromatografia em coluna.
Parâmetros importantes no
cromatograma e parâmetros que
caracterizam a eluição . Eficiência de
uma coluna. Aplicações

2. Cromatografia em Coluna

Uma coluna cromatográfica é basicamente um tubo estreito


empacotado com a fase estacionária, por onde é forçada a passar a
fase móvel que ocupa os espaços abertos. Há que distinguir entre
dois tipos de colunas

Colunas de Enchimento – Tubo de material quimicamente inerte,


com enchimento de partículas sólidas finamente divididas,
ocupando posições fixas na coluna com volume, VS. A fase móvel
ocupa os espaços intersticiais entre as partículas que define VM.
Formas de Enchimento:
❀ Sólido – Partículas esféricas, porosas ou não, ou
polímero irregular (poroso)
❀ Liquido – Filme Liquido adsorvido em torno de partícula
sólida
❀ Fase Ligada – Cadeia Ramificada (CR) com ligação
química à partícula
Vantagens e Inconvenientes:

95
Análise Química

❀ Sólido – Constantes de Distribuição (K) mais elevados


que cromatografia liquida. Vantagem: permite melhor
separação dos picos muito próximos. Inconveniente:
limita a zona de linearidade CS vs CM à gama de baixas
concentrações.
❀ Liquido – Vantagem: Aplicável a uma gama de
concentrações superior à do sólido. Inconveniente: O
líquido absorvido pode ser parcialmente arrastado pelo
eluente.
❀ Fase Ligada – Vantagem: Apresenta as vantagens da
fase estacionária liquida e evita os seus inconvenientes
Colunas capilares ou colunas abertas – tubo capilar revestido
internamente e de um modo uniforme pela fase estacionária.

2.1 Parâmetros que caracterizam uma eluição


Cromatográfica

Análise Qualitativa – Tempo de retenção, Volume de Retenção


Análise Qualitativa – Área do Pico

Grandezas na Cromatografia
tr (s; min) (Tempo de Retenção)
W (Largura da base do triângulo)
tm (tempo de retenção de uma substância não retida,
i.e. tempo de eluição do eluente, dado por (L/u)
W1/2 (Largura a meia altura)
Vr=tr × F (Volume de Retenção)

96
Análise Química

Parâmetros Experimentais
Caudal volumétrico da fase móvel- F - mL/min
Tamanho da Coluna (comprimento) – L – cm
Velocidade Linear da fase estacionária U - cm/min (s)
Volume Fase Estacionária - Vs
Cm e Cs concentrações molares do analito nas fases
móvel e estacionária respectivamente,
Constante de Equilíbrio; Constante de Distribuição –K,

K =
[ A] s

[ A]m

Factor de Retenção – k= K Vs/Vm= (tr-tm)/tm = (Vr-



Vm)/Vm , idealmente 1<k<10
Factor de Selectividade – α=k2/k1= (t2- tm)/(t1-tm) para
dois solutos 1 e 2 em que 2 é o mais retido (α>1)

5/12/2012

Sumário
Alargamento das bandas e eficiência
da coluna. Teoria Cinética.
Introdução à cromatografia gasosa

2.2. Alargamento das bandas e eficiência da coluna

Eficiência em termos de n.º de pratos teóricos: Coluna de


comprimento L formada por um número N discretos “pratos” de
altura H (altura equivalente de um prato teórico):
N= L/H

97
Análise Química

(Eficiência aumenta quando N aumenta, ou H diminui). H depende


da cinética de equilíbrio entre :
fase estacionária ⇔ soluto ⇔ fase móvel

Cálculo de N a partir do cromatograma: N= 16(tr/W)2, um


aumento do tempo de retenção aumenta a largura W do pico, logo
a eficiência depende deste valor experimental (tr/W) aumentando
com este.

Factor de Resolução: O factor de resolução Rs de uma coluna diz o


quão separados estão dois picos fornecendo uma medida
quantitativa da capacidade de uma coluna para separar dois
analitos.
Rs=2(tr2-tr1)/(W1+W2)
Rs=(N)1/2(α-1/α)[k2/(1+k2)]

Boa separação para Rs>1.5

Teoria Cinética

Considera as variáveis que influenciam o tempo de eluição e a


largura da banda. A altura equivalente a um prato teórico será uma
função de vários termos de acordo com a seguinte equação:
H=A + B/u + Csu + CMu

Termo dos múlti-caminhos, A: independente de u, W aumenta


com tempo de retenção e/ou L devido aos diferentes caminhos que
a espécie pode percorrer no interior da coluna
Termo da difusão longitudinal, (B/u): com B=f(DM) Devido à
migração de cada uma das espécies da mistura da zona mais
concentrada para a mais diluída: muito importante para
cromatografia gasosa para velocidades baixas.
98
Análise Química

Termo da Transferência de massa (Cu =Csu + CMu): Quanto


maior for u, menor o tempo para se dar transferência da massa,
menor eficiência. Há a considerar:
a) Csu: transferência de massa da fase estacionária
i. Fase estacionária liquida, Cs=f (df2, 1/Ds...) Filmes
finos (df pequeno) são desejáveis para minimizar a
distância que o soluto tem de percorrer na fase
estacionária para chegar novamente à interface com
a fase móvel
ii. Fase estacionária sólida, Cs=f (td)
b) CMu : transferência de massa da fase móvel
CM= f ( dp2, dc2, 1/ DM ...)
Quanto menor a dimensão das partículas (menor dp)
maior a eficiência porque:
i. aumenta a área de contacto entre a fase
móvel e a estacionária
ii. diminui a possibilidade da fase móvel ficar
retida nos poros da fase estacionária; no
caso de colunas abertas CM será tanto
menor quanto menor for o diâmetro da
coluna, dc.

DM, Ds, Coeficientes de difusão do soluto na fase móvel e


estacionária, dependentes da temperatura e viscosidade. K,
constante de distribuição. df, espessura do filme liquido da fase
estacionária. dp, diâmetro das partículas de enchimento. dc,
diâmetro da coluna. td, tempo médio de deadsorção.

99
Análise Química

3. Cromatografia Gasosa

Na cromatografia gasosa a fase móvel é um gás.

Os diferentes passos na cromatografia gasosa incluem:


❀ Injecção da solução (T câmara de injecção > T coluna)
• Injecção da solução: tipicamente 1-10 µL,
usando uma microseringa
• “Injecção” do soluto utilizando um sistema
de Solid Phase Microextraction SPME: trata-
se de uma técnica de extracção isenta de
solvente que usa fibras que revestem um
cilindro e que têm a capacidade de isolar e
concentrar famílias de compostos consoante
a natureza da fibra e do revestimento.
Depois da extracção a fibra é transferida
para o cromatógrafo à custa de um
dispositivo tipo seringa dando-se a
deadsorção dos compostos na câmara de
injecção.
❀ Vaporização do soluto ( T cam.inj.≈T eb. comp. menos volátil +50
ºC)
❀ Eluição com gás inerte (Ex. He, Ar, N, H2)
❀ Detecção. Detectores usados: condutividade térmica,
ionização de chama, termo-iónico, captura electrónica,
espectrómetro de massa, sendo este ultimo um método
hifenado em que se liga um espectrofotómetro de
massa à saída da coluna cromatográfica.

100
Análise Química

7/12/2012

Sumário
Tipos de cromatografia gasosa. Tipos
de colunas e de fases estacionárias.
Análise qualitativa vs Análise
Quantitativa (método do padrão
interno). Aplicações

3.1 Eluentes, tipos de colunas e detectores

Ao contrario de outros tipos de cromatografia em GC a fase móvel,


i.e. o eluente, gás inerte, não interactua com o soluto, no entanto
tem influencia em H.

Escolha do eluente:

Embora o N2 tenha uma eficiência muito maior, esta situação


óptima só se aplica a uma gama muito estreita de velocidades de
gás. Usando He pode aumentar-se muito a gama óptica de u, sem
perder muita resolução. O H2 deve ser evitado por se tratar de um
gás explosivo.

Condições de trabalho do eluente:


Δp=Pgás entrada - -Pgás saída < 2atm
Para pressões superiores há problemas de fugas.

101
Análise Química

Tipos de colunas:

Enchimento – Um tipo de partículas usadas como enchimento


das colunas são partículas de sílica (diatomites) esféricas, inertes.
Estas partículas são uniformemente molhas pela fase de
enchimento liquida. De modo a aumentar a estabilidade deste
enchimento podem ter-se cadeias ramificadas ligadas quimicamente
às partículas (Cromatografia G- fase ligada). Outro tipo de
partículas são por exemplo os silicatos de alumínio, com tamanho
do poro de acordo com a molécula a separar (40/60 mesh a
100/120 mesh), e os polímeros porosos, o tamanho do poro do
polímero é uniforme e depende da forma de preparação (Muito
usados na separação de espécies polares gasosas tais como H2S,
CO2, Óxidos de azoto, H2O e metanol)

Capilar – Muito flexível, podendo dobrar-se na forma coloidal


(diam. int. = 0.1 – 0.3 mm)
Paredes interiores: revestidas ou não. No primeiro caso, as paredes
estão cobertas por filme fino (30µm) de um material de suporte
para a fase estacionária (support-coated open tubular SCOT). Mas
não revestidas a fase estacionária adere directamente à coluna
(wall coated open tubular WCOT)
O material mais utilizado nas colunas capilares é sílica fundida
baseado na técnica de produção de fibra óptica.

Vantagem da coluna capilar vs empacotamento : Na coluna


capilar o n.º de caminhos que o soluto pode percorrer é muito
diminuto, logo a sua eficiência é maior. Óptima resolução em tempo
curto.

102
Análise Química

Detectores de ionização de chama – Flame Ionization detector FID:


Dos mais usados

Fundamento : A maior parte dos compostos orgânicos quando


queimados numa chama de H2/ar produzem iões que podem
conduzir a corrente eléctrica. Uma chama de H2 contém radicais e
espécies excitadas mas não contém iões que são atraídos para um
par de eléctrodos, aos quais se aplicou uma diferença de potencial
de 200 a 400V, dando origem a uma corrente eléctrica.

Algumas Características: Limite de detecção próximo de 10-13


g/mL; zona de resposta linear grande (cerca de 7 ordens de
grandeza); detector universal para compostos orgânicos; não
responde a compostos inorgânicos, destrói a amostra. Resposta é
maior baseada no número de carbonos (quanto maior, maior o tr).
Compostos com pequena ou nenhuma resposta do FID: Gases
raros, H2O, NOx, NH3, CO, CO2, CSs, O2, N2.

Outros detectores: Condutividade térmica (universal), captura


electrónica (compostos halogenados), espectrómetro de massa
(universal, método hifenado)

3.2 Programa de Temperatura

Especialmente importante na análise de misturas complexas


com grande gama de tempo de retenção. Tempo de retenção
diminui, quando T aumenta.
Tcoluna deve ser o maior possível para a análise ser mais rápida
mas de forma a ter boa resolução.

103
Análise Química

Valor máximo de Tcoluna limitado pela vaporização do líquido


na cromatografia gás-liquido e valor mínimo pela vaporização do
soluto.
Notar que embora nalguns casos Tcol<Tvap do soluto nas
condições de pressão normal, o soluto na fase gasosa na coluna não
passa a líquido porque a diluição do soluto no eluente diminui a pvap
e pt, à sua Tvap.

3.3. Análise Quantitativa

A determinação da concentração da espécie faz-se com base nas


medidas da área do pico, A, proporcional ao número de moles
injectados.

A= const × n.º de moles injectados = K×C×Vinj

Onde K é um parâmetro que depende das condições experimentais


tais como u e o tipo de detector, C é a concentração da espécie
responsável pelo pico da área e Vinj o volume injectado ( da ordem
dos µL)

Em cromatografia gasosa para minimizar o erro de volume


injectado, utiliza-se o método do padrão interino.

Em cromatografia líquida usa-se um sistema de válvulas que


permite uma boa reprodutibilidade dos volumes injectados.

104
Análise Química

Método do Padrão Interno

❀ Adicionar um padrão a todas as soluções a injectar, designado


como padrão interno sempre com a mesma concentração.
❀ Injectar cada uma das soluções anteriores sequencialmente
no aparelho
❀ Por cada injecção obtém-se um cromatograma com 2 picos
correspondentes a:
❀ Espécie X – picos com diferentes áreas A
variáveis pois a concentração de X é
variável de solução para solução.
❀ PI: embora a sua concentração seja
constante em todas as soluções a altura do
pico é flutuante, traduzindo os erros no
volume injectado.
 Embora Ax e API dependam do volume injectado a razão entre
as áreas obtidas vem independente do volume.

AX/AS=KR CX/CS,

Onde KR representa um valor constante igual a Kx/KPICPI

3.4 Análise Qualitativa

Método Separativo: A cromatografia é insuperável na


separação de compostos orgânicos, organometálicos, e moléculas
com interesse biológico.

Método Identificativo: Identificação a partir do tempo de


retenção.

105
Análise Química

Como tr para a mesma coluna, depende de outras condições


experimentais (T, u,...), a sua reprodutibilidade não é muito fiável.
Isto torna difícil fazer as identificações a partir de tr
principalmente em amostras complexas. Embora não seja um
método identificativo por excelência, é um bom meio para se
concluir sobre a ausência de determinados compostos. E preferível
para identificação recorrer a métodos hifenados (conjugação de 2
ou mais métodos com desenho instrumental em cadeia, para se
obter melhor informação) – a cromatografia actua como método
separativo, seguindo-se a análise identificativa por outro método
mais adequado.

3.5 Tipos de Cromatografia Gasosa

Cromatografia Gás-Liquido e Gás-Fase Ligada

A escolha da Fase estacionária é baseada geralmente na afinidade


do liquido ou da fase ligada relativamente à amostra tendo que
haver algum grau de compatibilidade com a fase estacionária.

O liquido da fase estacionaria deve apresentar as seguintes


características:
❀ Volatilidade (Teb<Tcol +100ºC)
❀ Termicamente inerte
❀ Quimicamente inerte
❀ Boa resolução
Exemplos: Polidimetil siloxano (apolar), polietilenoglicol (polar)

Cromatografia Gás- Sólido

Pouco usada devido à saturação do sólido.

106
Análise Química

K gás-sólido >> K gás-liquido

Usada na separação de espécies gasosas de baixo peso molecular,


não separadas por cromatografia GL por terem tr muito baixos
Exemplos: H2S, CS2, CO, CO2, óxidos de N, gases raros.

Fases estacionárias : Peneiros moleculares (silicatos de alumínio),


polímeros porosos

3.6 Aplicações da cromatografia gasosa

❀ Determinação de hidrocarbonetos poliaromaticos


(PAH’s)
❀ Determinação de ácidos gordos no leites

12/12/2012

Sumário
Introdução à cromatografia liquida
de lata eficiência (HPLC).
Instrumentação. HPLC de partição.
Índice de Polaridade. Aplicações

4. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC –


High Performance Liquid Chromatography)

Para se aumentar eficiência, diminui-se a dimensão das


partículas. Por se usarem partículas de pequenas dimensões é
necessário usar pressões elevadas (tecnologias de altas pressões).

107
Análise Química

Só assim a fase móvel consegue atravessar a fase


estacionária muito empacotada.
Para encurtar o tempo de analise usa-se a velocidade mais
elevada da zona onde H é mínimo e praticamente constante. Em
HPLC usam-se colunas com partículas de diâmetros inferiores a 20
µm, o que requer p>100 atm.

4.1. Instrumentação

Diagrama de blocos de um aparelho para HPLC

Sistema de
Bomba e Válvula de Coluna e
Alimentação da
Fase Móvel Programador Injecção Termostáto

Detector

108
Análise Química

Desgasificação do Eluente: o eluente deve ser desgasificado(


por exemplo com He, gás muito insolúvel) para retirar outros gases
dissolvidos como O2 e CO2 pois a presença destes pode estragar a
coluna, provocar alargamento das bandas, interferir com o detector

Bombas: devem gerar pressões elevadas (100 atm) e capazes


de manter caudais reprodutíveis na gama de 0.1 a 10.0 mL/min

Colunas de HPLC: L=10-30 cm; diâmetro interno=2 cm;


diâmetro partículas enchimento=5-10 µm

Válvula de injecção:

Detectores: Não há detectores universalmente aplicáveis.


Uma característica que terá de obedecer e ter um volume interno
mínimo (1 a 25 µL) de modo a reduzir o alargamento das bandas.
Detector “diode array” DAD: Varre uma gama de
comprimentos de onda cada segundo (ou alguns segundos).
Em cada ponto obtém-se um espectro de UV-Vis completo

109
Análise Química

4.2. Tipos de Cromatografia Líquida

Cromatografia de Partição

A fase estacionária é um segundo liquido imiscível com a fase móvel


líquida. A separação baseia-se na diferente solubilidade dos solutos
nas duas faces.

Interacções eluente-soluto
❀ Forças de dispersão de London: devido à polarização
momentânea do soluto que induz uma polarização na
molécula de solvente. São as únicas forças de
atracção em espécies apolares.
❀ Forças dipolares: quando ambos, soluto e solvente
tem dipolos permanentes
❀ Forças dieléctricas: resultam da atracção
electrostática entre soluto ionizado e solvente com
dipolo permanente elevado (p.ex. água, metanol)
❀ Afinidades Químicas: p.ex. por pontes de Hidrogénio

Cromatografia líquido-líquido: fase estacionária suportada num


suporte inerte. Para minimizar perdas satura-se a fase móvel com
fase estacionária.

Cromatografia líquida-fase ligada: actualmente a mais usada,


porque tem maior estabilidade e permite programa de eluentes.
Nesta cromatografia quanto maior a cadeia ramificada maior a
interacção com o soluto, logo tanto maior os tempos de retenção.

Cromatografia de partição: polaridade relativa das fases móvel e


estacionária.

110
Análise Química

Fase normal: Fase estacionária altamente polar; fase móvel


não polar.
Fase reversa: Fase estacionária não polar, fase móvel

Escolha do eluente
❀ Bom solvente para o soluto
❀ Pureza elevada (evita picos fantasmas)
❀ Reactividade baixa com a fase estacionaria
❀ Imiscibilidade com a fase estacionaria
❀ Boa resolução (usar programa de eluição, se
necessário)
❀ Compatibilidade com o detector

Escala de polaridade do eluente: água> ROH > RNH2>


RCONH2>RCHO>RCOR’>RCOOR’>ROR’>hidrocarbonetos

Índice de polaridade, P: medida numérica da polaridade relativa dos


vários solventes; qualquer valor de P pode ser obtido usando
misturas de solventes: PAB=ΦAPA+ ΦBPB , com PA e PB índices de
polaridade de solventes A e B; e ΦA e ΦB fracções de volume dos
solventes A e B

Programa de eluição (eluição com gradiente) - para variar o tR durante


a eluição correspondente a uma injecção usa-se um programa de
eluição baseado na variação da composição do eluente de forma a
alterar a sua polaridade. Quando a composição do eluente não varia a
eluição é isocrática.

Campos de Aplicação: Compostos polares e não iónicos de baixo peso


molecular (<3000).
❀ Farmacêutico: antibióticos, sedativos
❀ Bioquímico: aminoácidos, proteínas, lípidos

111
Análise Química

❀ Industria alimentar: adoçantes, antioxidantes


❀ Poluentes: pesticidas, fenóis, PCB’s
❀ Industria Química: compostos aromáticos

Cromatografia de adsorção ou cromatografia sólido-líquido

A fase estacionaria e um sólido polar, sílica ou alumina. A separação


baseia-se na diferente adsorção dos solutos na fase estacionaria.

Ordem de retenção: olifinas < hidrocarbonetos aromáticos < éteres


< compostos N < esteres, aldeídos e cetonas < álcoois – aminas <
amidas < ácidos carboxilicos

Pouco usada mas particularmente eficaz na separação de isómeros


estruturais.

Cromatografia iónica

A fase estacionária é um sólido de alto peso molecular, natural


como argilas e zeólitos ou resinas sintéticas. A separação baseia-se
na permuta de iões de igual sinal da superfície da fase estacionária.

❀ Resina Catiónica: Grupos ácidos sulfónico (-SO3-H+) (ácido


forte) e carboxílico (ácido fraco): xRSO3-H+ + Mx+ ↔ (RSO3-
)xMx+ + xH+

❀ Resina Aniónica: Grupos aminas terciárias (N(CH3)3OH-) (base


forte) e primárias (base fraca): xRN(CH3)3OH- + Ax- ↔
[xRN(CH3)3+]Ax- + xOH-

112
Análise Química

Quando se usa um detector condutimétrico é fundamental usar um


supressor cuja finalidade é anular a condutividade da fase móvel
que são soluções concentradas de electrólitos.
Um possível supressor é o supressor de membrana: SRS – self
regenerating supressor.

Campos de Aplicação:
❀ Compostos iónicos de baixo peso molecular (<3000) como
catiões e aniões inorgânicos bem como orgânicos
(aminoácidos, nucleótidos)

Cromatografia de Exclusão Molecular

A fase estacionária é um sólido, partículas com diâmetros de cerca


de 10 micrómetros, de sílica ou polímero com uma rede de poros
uniformes onde se difundem moléculas de soluto e solvente. A
separação baseia-se no diferente tamanho das partículas: o tempo
médio de permanência nos poros depende do tamanho das
partículas sendo as moléculas mais pequenas as ultimas a serem
eluídas. Nesta cromatografia o eluente não intervém na separação
sendo só o transportador.

Filtração em gel: enchimento hidrofílico;


Permeação em gel: enchimento hidrofóbico.

Campos de Aplicação:
❀ Compostos com alto peso molecular (103-106): separação
de proteínas de aminoácidos e péptidos, separação de
oligomeros; determinação de massas moleculares e
distribuição de massas molares de polímeros e produtos
naturais.

113
Análise Química

Comparação das cromatografias GC e HPLC e novos


desenvolvimentos em cromatografia líquida (UPLC)

São ambos eficientes: o n.º elevado de N em HPLC devido ao


pequeno tamanho das partículas é compensado em GC com o uso
de colunas capilares

Ambas permitem análise quantitativa devendo-se usar o método do


padrão interno em GC de modo a melhorar a precisão.

GC aplicável a compostos termicamente estáveis e voláteis a T<


200-300ºC. Notar no entanto que se podem usar reacções de
derivatização de modo a converter em produtos voláteis compostos
que inicialmente não se podem analisar por GC.

HPLC aplicável a compostos termicamente instáveis e/ou com


pontos de ebulição elevados.

Em GC os equipamentos são mais económicos e em geral é mais


rápida.

UPLC: Ultra Performance Liquid Chromatography

Este desenvolvimento bem no seguimento da HPLC e do


conhecimento que melhores resultados podem ser obtidos
diminuindo o tamanho das partículas. Com o desenvolvimento das
tecnologias de fabrico de matérias de pequenas dimensões e das
altas pressões UPLC usa partículas com dimensões menores que 2
micrómetros em colunas com L inferiores a 10 cm o que requer
pressões da ordem de 1000 atm. As separações são muito mais
rápidas, o consumo de solventes muito menor e a resolução muito
maior. Alem disso a transferência de um método já desenvolvido
114
Análise Química

para HPLC para UPLC pode ser facilmente realizada. Poucos estudos
foram ainda efectuados para avaliar o tempo de vida das colunas
que são submetidas a condições extremas de pressão e o custo de
manutenção de um equipamento para UPLC.

5. Referência a outras técnicas separativas

Cromatografia com fluido super critico:

Fase móvel é um fluido supercrítico sendo o dióxido de carbono o


mais usado. A maior parte das fases estacionárias usadas em HPLC
podem ser usadas nesta cromatografia
❀ Aplicações: Compostos que não podem ser separados
convenientemente por GC ou HPLC como:
❀ não voláteis ou termicamente instáveis
❀ sem grupos funcionais que permitam a
sua detecção em HPLC
❀ Vantagens: Rápida. Muitos fluídos super-criticos são
baratos, inertes e não tóxicos.

Electroforese:

❀ Base de Separação: Diferente velocidade de migração de


espécies carregadas sob a acção de um campo eléctrico.
❀ Electroforese Capilar: Electroforese feita em tubos
capilares. Requer volumes muito pequenos de amostra
0.1-10nL
❀ Aplicações: Separação de macromoléculas carregadas
como ácidos nucleícos e proteínas. Separação de aniões e
catiões de baixo PM.

115
Análise Química

19/12/2012

Sumário
Introdução à espectrometria de
massa. Componentes básicos de um
espectrómetro molecular
Métodos hifenados: Espectrometria
de massa atómica, ICP-MS.
Características e aplicações.
Introdução à espectrometria de
massa molecular

V. Espectrometria de Massa

1. Fundamentos de espectrometria de massa (MS)

Separação dos componentes de uma amostra previamente


convertidos numa mistura gasosa de iões que se movem
rapidamente sob a acção de um campo electromagnético de acordo
com as suas razões massa, carga (m/z)

Tipos de Amostra: Sólidos, Líquidos e Gases

Obtém-se informação acerca de:


❀ Estrutura de moléculas inorgânicas, orgânicas e biológicas
bem como a composição qualitativa e quantitativa de
misturas complexas (Espectrometria de massa molecular)

116
Análise Química

❀ Identificação dos elementos (podendo distinguir isótopos)


presentes numa amostra e determinação da sua
concentração (Espectrometria de massa atómica)

A espectroscopia de Massa (MS) aparece na maior parte das


aplicações associada a outras técnicas instrumentais, de um modo
geral técnicas separativas como cromatografias, de modo a se
obterem melhores resultados analíticos do que os resultados de
cada um dos métodos isolados – métodos hifenados

❀ Espectroscopia de Massa Molecular


❀ LC- MS, LC-MS-MS
❀ GC- MS, GC-MS-MS
❀ Espectroscopia de Massa Atómica
❀ ICP-MS
❀ HPLC-ICP-MS
❀ EA-ICP-MS

2. Espectrometria de massa molecular

2.1 Componentes de um Espectrómetro de Massa

Inlet Ion Mass


Sample
System Source Analyser

Signal
Detector Redout
Processor

1. Sistema de Entrada: por onde uma pequena quantidade de


amostra (<1 micromole) é introduzida e convertida num gás.
117
Análise Química

2. Fonte de Iões: converte os componentes da amostra em iões


bombardeando-os com electrões, iões, moléculas ou fotões. A
ionização da amostra pode ser conseguida à custa de energia
eléctrica ou térmica. Muitas vezes o sistema de entrada e a
fonte de iões estão combinados num um único elemento.
3. Analisador de Massa: o feixe de iões é acelerado por acção de
campos eléctricos diferentemente consoante a razão m/z.
4. Detector: o feixe de iões é convertido num sinal eléctrico.

Uma vez que a separação depende das diferentes trajectórias


seguidas por feixes de iões através da combinação de campos
eléctricos e magnéticos pelo menos o analisador de massa e o
detector têm de estar a pressões muito baixas (10-4-10-8 torr).

Sistema de Entrada

Tipo Amostra

Gases e Líquidos
Descontínuo
com p.eb. < 500ºC

Líquidos não voláteis


Sonda Directa
e Sólidos

Componentes que
Cromatográficos emergem de colunas
cromatográficas

118
Análise Química

2.2. Analisadores de Massa

A separação de um dado analisador de massas depende da


resolução, gama de massas e limites de detecção que se pretendem
para uma dada aplicação.

Resolução do Espectrómetro de Massa: R

Dá uma medida da habilidade em diferenciar iões com diferentes


razões m/z.
R=m/Δm

Δm  diferença de massa entre dois sinais (picos) adjacentes


m  massa do 1º pico ou média das massas de dois picos.
Se R=4000 é possível diferenciar m/z=400.1 de 400.0

Características dos Analisadores de Massa:

119
Análise Química

2.3. Principais Tipos de Fontes

Fontes de Iões

O espectro de massa e a informação que se pode obter depende


muito do método usado para formar iões. Muitos espectrómetros de
massa estão equipados com mais de um tipo de fonte.

❀ A1) Em fase gasosa: volatilização seguida de


ionização. Aplicável a compostos termicamente
estáveis com p.eb. <500ºC. Geralmente esta
situação corresponde a compostos com PM< 103D
❀ A2) Desadsorção: energia sob forma variável é
aplicada à amostra convertendo-a directamente em
iões gasosos. Aplicável a sólidos e líquidos não
voláteis e/ou termicamente frágeis como acontece
com moléculas biológicas

As fontes de iões podem também ser classificadas em:


❀ B1) Duras: Grande fragmentação dos compostos.
Espectros complexos. Mais adequadas à identificação
de um composto.
❀ B2) Macias: Fragmentação reduzida. Espectros mais
simples. Mais adequados à determinação de pesos
moleculares.

Principais Tipos de Fontes

❀ Impacto Electrónico (IE)


❀ Fase gasosa, dura
❀ Iões formados à custa de colisões com
electrões produzidos num cátodo

120
Análise Química

aquecido e acelerados para um ânodo a


ΔE~70V (PM até 103D)
❀ Ionização Química (CI)
❀ Fase gasosa, macia
❀ Iões formados à custa de colisões com
iões produzidos bombardeando com
moléculas de um gás reagente presente
em excesso (i.e. metano) (PM até 103D)
❀ Desadsorção de Campo (FD)
❀ Desadsorção, macia
❀ Ionização à custa de um potencial
elevado (108 V/cm) que provoca a
formação de iões.
❀ Bombardeamento com Átomos Rápidos (FAB)
❀ Desadsorção, macia
❀ Iões formados bombardeando a amostra
fixa numa matriz com átomos
energéticos de xénon ou árgon

Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization (MALDI): A amostra é


embebida numa matriz sólida ou líquida e a desadsorção/ ionização
dá se à custa de um raio laser dirigido.

Electrospray Ionization (ESI): Ionização à custa de um campo


eléctrico elevado

Qualquer dos métodos de desadsorção permite que sejam


analisadas moléculas de elevado peso molecular (PM >105D)

121
Análise Química

Comparação entre métodos de Ionização:

2.4. Aplicações

Espectros de Massa: Os espectros dependem dos grupos funcionais


presentes, do método de ionização e do tipo de analisador. Uma
molécula com penso molecular de 500 pode ser fragmentada em
100 iões diferentes cada um deles conduzindo a um pico discreto;
toda esta informação tem de ser processada via computador.

Pico do ião molecular: M+ se aparece, corresponde ao pico de maior


passa no espectro: M M+ + 1 e-;

Pico Base: Corresponde ao de maior abundância ao qual se atribui


arbitrariamente o valor de 100 sendo os restantes calculados como
percentagens da altura do pico base.

122
Análise Química

Exemplos de espectros de massa utilizando diferentes fontes de


ionização: A grande fragmentação da molécula que ocorre quando
se usa uma fonte dura (impacto dos electrões) é importante para se
obter informação quanto aos grupos funcionais e estrutura do
composto. Fontes macias são mais adequadas para obter
informação acerca de pesos moleculares.

Informação que se pode obter:


❀ Compostos Puros
❀ Pesos Moleculares
❀ Fórmulas Moleculares
❀ Estrutura de Compostos
❀ Mistura de Compostos: Há que fazer uma separação
prévia e daí a grande importância da ligação da
espectrometria de massa às técnicas separativas em
especial cromatográficas:
❀ LC-MS; LC-MS-MS
❀ GC-MS; GC-MS-MS

Campos de Aplicação que envolve não só a detecção como a


quantificação de uma variedade enorme de compostos:

❀ Analise Ambiental: Pesticidas, produtos


tensioactivos, produtos formados na desinfecção de
águas, éteres difenílicos polibromados, produtos
farmacêuticos, toxinas, etc.
❀ Análises Forenses: Produtos explosivos, drogas de
abuso, fluidos biológicos.
❀ Analises Clínicas: Detecção de metabolitos
associados a doenças
❀ Proteómica: identificação de proteínas

123
Análise Química

Na grande maioria destas aplicações são usados métodos de


ionização de desadsorção tais como MALDI e ESI

21/12/2012

Sumário
Fontes de ionização: sua
classificação.
Fontes de impacto electrónica,
ionização química, ESI e MALDI e
suas características.
Analisadores de massa e sua
resolução.
Métodos hifenados: GC-MS e LC-MS

3. Espectrometria de massa atómica

Uma análise por espectrometria de massa atómica envolve também


os passos:
1. Atomização
2. Conversão de uma fracção substancial dos átomos formados
em 1 num feixe de iões (geralmente iões positivos com uma
carga +)
3. Separação na base razão massa/carga
4. Detecção do n.º de iões de cada tipo

Como a maior parte dos iões formados no passo 2 tem uma única
carga positiva, a razão m/z corresponde simplesmente ao n.º de
massa do ião.

124
Análise Química

Emissão em plasma induzido – Espectrometria de massa –


ICP-MS

Uma tocha de ICP constitui o atomizador/ionizador ideal para


espectroscopia de massa atómica e daí ICP-MS ser o método mais
usado. (Método Hifenado)

A fonte de iões e interface num ICP-MS parte crítica pois o plasma


está a pressão atmosférica e o espectrómetro de massas requer
pressões muito baixas.

3.1. Espectrometria de Massa Atómica - ICP-MS

Tipo de Amostras: sólidas, liquidas, gasosas

Introdução da amostra num ICP-MS:


❀ Gases – Injecção Directa
❀ Superfícies, Sólidos – Laser Ablation – Especial para
sólidos: um laser pulsado incide sobre uma pequena
quantidade de amostra (micrómetros2) que
rapidamente vaporiza
❀ Líquidos, Slurries – Vaporização Electrotérmica
❀ Líquidos – Nebulização

Características:
❀ Massas de 3-300
❀ Distingue Δm/z=1 (distingue isótopos)
❀ Resposta Linear: 6 ordens de grandeza
❀ 90% dos elementos podem ser determinados
❀ Tempo 10s por elemento
❀ Limites de detecção ppt-ppb

125
Análise Química

❀ Calibração usando padrão interno (ln e Rh)

Os espectros de massa obtidos são consideravelmente mais simples


que os correspondentes espectros ópticos. Ocorrem no entanto
interferências quando diferentes espécies iónicas tem a mesma
m/z.

126
Análise Química

Anexos

I. Exercícios
i. Espectroscopia de Absorção Molecular no UV-Vis
ii. Fluorescência Molecular
iii. Espectroscopias Atómicas
iv. Revisão Métodos Ópticos
v. Voltametria
vi. Cromatografia
vii. Potenciometria com ISE

II. Colectânea de Exames Com Resolução


III. Colectânea de Exames Sem Resolução

127

Você também pode gostar