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http://www.psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevista.asp?entrID=38
Esse é um tema interessante. Eu poderia dizer, para ficar num único aspecto,
que Winnicott (psicanalista) percebeu uma coisa que outros psicanalistas não
viram, e que é a espontaneidade e tudo aquilo que gira em torno dela ou de
sua ausência. Que diferença há, por exemplo, entre um aluno que aprende
bem porque é submisso e outro que aprende bem porque é espontâneo? Eu
diria que a diferença está em que o aluno espontâneo talvez não tire notas
tão boas quanto o submisso, mas terá muito mais curiosidade, terá muito mais
ideias próprias, fará muito mais ligações entre as várias coisas aprendidas, e
assim por diante. Consequência: ele usará bem melhor os conhecimentos
adquiridos quando estiver fora da escola.
Na minha opinião, essa diferença não era muito apreciada, até pouco tempo
atrás. E então as escolas começaram a se preocupar com a espontaneidade e
a não-submissão, mas acho que houve muita confusão nessa área, e muita
gente meteu os pés pelas mãos tentando entortar para o lado de lá o que
antes estava torto para o lado de cá. Winnicott discute tudo isso, mas a partir
das próprias bases iniciais do desenvolvimento emocional da criança, e esse
conhecimento a meu ver é fundamental para quem quer ter realmente uma
boa noção de como funcionam crianças normais. (E também, obviamente, as
que precisam de ajuda para chegar à normalidade ou ao menos perto dela.) E
falo aqui de crianças porque elas são o “público alvo” disso que chamamos
educação, não porque o que ele disse só é importante em termos de crianças.
Davy, por que a psicanálise para quem lida com educação? Não é um
tratamento, voltado para as doenças, pouco tendo a ver com o que se passa
entre professores e alunos?