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O carrasco do amor « outras historias sobre psicoterapia Irvin D. Yalom “maugio: ‘Maria Adriana Verfssimo Veronese yues Stenzel ola Ment ero crea ECSPA a Ediouro ‘quanto aos dois frascos de colonia eas trés escovas de cabelo, e descartou, comm um _gesto imperioso da mao, minha provecagio por causa da grandelanterns, dos volu- mosos blocas de anotagdes edo imenso maco de fotografia. Nés discutimos a respeito de tudo. O pacote de 50 mocdas de dez centavos, Tits pacotes de balas (de baixas calorias, & claro). Bla riu com a minha pergy credit, Elva, que quanto mais vocé comer dessas balas mais magra vai seo pléstico com cascas velhas de laranja ("Vo precisa disso"), Um mayo de agulhas de trico (“Seis aglhas em busca de um suster, pense’). Um pacote de erm ssa. Metade da brochura de um romance de ‘Stephen King (Elva jogava fora segbes do livro conforme as tardé-las’, ela explicou). Um pequeno grampeador (*Blva, isso ¢ loucura!"), ‘Trés 6culos escuros. E, nos cantinhos mais escondidos, uma misceldnea de moe- das, clipes de papel, grampos, pedacos de lixa ¢ uma substancia suspeita que parecia algodio, Quando a grande bolsa finalmente revelou tudo, Elva e eu ollia thados os contedidos espalhados emt feta a bolsa ‘Nao valea pena jum momento extranedi- nariamente intimo. Como nenhum paciente jamais fzera ants, ela tinha me mostrado tudo. fu havia aceitado tadoe pedido ainda mais, Eua seguiraem cada ado com o fato de que a bolss de uma velha senhora imidade: 0 iso- ude que afasta 0 vesse varia e que no houves amos ternamente um para 0 outro, recanto e fresta, maravi ppudesse servir como um veiculo tanto de isolamento como de lamento absoluto, que & parte integral da existéncia, ea ints terror se nio 0 fato do isolamento ‘Aquela foi umna hora de transformagio. Nosso momento de intimidade ~ cha- smem-no de amor, chame ora, Elva passon. dla posigio de desamparo paras de confianga. Blase encheu de vidaese convencew, mais uma vez, a sua capacidade de sec intima Acho que foia melhor sesso de terapia que condusi le namoro ~ foi redentor. Naqu cartruto 6 “Nao seja gentil” Bu nao sabia como responder. Nunce ante uardiio de snas cartas de de 69 anos de idade encontrariaas cartase sof sepedir para guard-las, nenhum amigo quem ee tivessecoragem decontar sobre ‘seu caso, Sua amante, Soraya? Mortahavia trinta anos, Mortera a dar luz, Naoa ‘um filho dele, Dave se apressou em acrescentar. S6 Deus sabe o que acontecet as cartas que ele escrevera para el — 0 que vocé quer que eu faga com elas? ~ perguntei = Nada. Néo faca absolutamente nada. Apenas as guarde, = Por que guards Dave me olhou inerédulo, Acho que um arrepio de divida passou por ele. Eu seria eu realmente tao burro? Seré que ele cometera um erto ao pensar que eu seria suficientemente sensivel para ajudi-lo? Depois de alguns segundos, ele disse: ~ Eu jamais destruireiessas cartas ‘As palavras foram cortantes, 0s primeiros sinais de tensio no relacionamento que vinhamos construindo havia mais deseis meses. Meu comentirio fora um erro grave, ¢recuei para uma linha de questionamento mais co ~ Dave, conte-me mais sobre as cartas eo que elas significam para voc#. Dave comegou a fala sobre Soraya, eem pauicos minutos tensto desapareces a voto, Ele a conhecera enquanto gerenciava umn amo de sma compankhia americana em Beirute. Ela fora a mulher mais tara. Conquistar foi a palavra que usou. Dave sempre me surpreendia com tais ddeclarages,em parte ingénuas, em parte cinicas. Como cle podia dizer conguistar?

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