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Modelos matematicos de calculo do golpe de arjete com separacdo da coluna liquida MILTON GONGALVES SANCHEZ (1) SS 1, INTRODUGAO E OBJETIVO ‘Ao estudar 0 fendmeno do golpe dé arlete numa instalac3o hidr ulica, veri- fica-se com freqdéncia que seqBes ou ‘trechos das tubulagtes ficam sujeitos a pressbes bastante baixas, da ordem da pressdo de vapor do liquido & tem- pperatura em que este escoa. Estas bai- xas presses provocam a vaporizago ‘do Iiquido, com formagéo local ‘de bolsas de vapor, invalidando, nas se- ‘q8es onde isto corre, uma hipotere fundamental para a aplicabilidede das equagdes do golpe de ariete que & a da ‘continuidade do meio liquide através ‘do qual as ondas de pressSo se propa- gm. ‘As pequenas bolhas de vapor que formam crescem por subseqiiente va- porizagfo do liquide ¢ por difusso de ‘gases dissolvidos. Nos casos. usuais, © gradiente de velocidade na seqdo e inelinago do tubo provocam 0 coales- ‘cimento das bolhas de vapor em bol- ‘es junto & geratriz superior do tubo, ‘9s quais podem atingir dimensBes com: pardveis 3s da seco de escoamento pbleno. Nessas condicdes, diz-se que hé “separagdo da colune”, mesmo que indo ocorra a separacdbo fisica do Iiqui- ‘do em duas partes com vapor entre elas, (1) Assessor de Ptanejamento da Superintan- ‘dincia de Planajamento de Agua « E190- to para'a Regigo I~ Diretoria de Planeia- mento, SABESP. Mertre om Engenharia pele Escola ‘tteniea da Universidade de Si0 Paulo. 120 — REVISTA DAE © objetivo deste trabalho & mostrar dois modelos matemsticos para andli- se do golpe de ariete numa instala¢3o fem que pode ocorrer separacéo coluna. primeiro modelo 6 0 m empregado e supe que as bolsas de ‘vapor se concentrem nas seqdes esco- Ihidas para célculo e que a formacio de cavidades somente se inicia quando 2 pressfio local atinge a pressfo de va- por, no ocorrendo despreendimento ‘de gases dissolvidos, usualmente ape- nas ar, por queda da_pressSo abaixo da presso de saturagdo dos mesmos ‘no Hiquido. O segundo modelo, mais complexo que o anterior, & entretan- ‘to dos mais simples dentre os que le- ‘vam em conta 0 efeito do despreendi- mento do ar dissolvido durante o gol- ppe de arlete; a liberag3o do ar disso Vido 6 um processo que afeta a celeri- dade ou seja, altera a velocidade de ropagacSo das ondas de presstio mo- icando os valores extremos de pressSo e influi no volume das cavi- ‘dades de vapor formadas, A instalaggo hidréulica & qual es- ‘es dois modelos mateméticos foram aplicados ¢ uma adutora de recalque dde pouco mais de 4000 m de extenséo, parte do Sistema de Abastecimento de Agua de um municfpio do interior do Estado de S80 Paulo, em fase de rojeto por ocasiéo deste estudo. © presente trabalho esth estrutura- do em tal forma que para cada modelo matemético s80 apresentados sua des- ‘erigfo, equacionamento e seqiéncia de céloulos que orientam a formulacSo do programa FORTRAN para compu- tador. Finalmente vém as aplicagdes uméricas com comentérios e 28 con- clusdes. 2, MODELO PARA CALCULO DO GOLPE DE ARETE COM SEPARACAO DE COLUNA SEM LIBERAGAO DE AR Este modelo é 0 mais simples para representar_o fenémeno da separaclo da coluna tiquida durante o golpe de ariete. Admite-se que a celeridade per- ‘manece constante em todos of trechos da tubulaco onde 0 liquido ¢ conti- uo, Esta hipétese 6 razodvel desde que a quantidade de ar ou outros ge- ‘se¢ dissolvidos no liquido seje peque- 1na, @ corresponde a admitir que nfo hi’ despreendimento dos gases dissolvi- dos por motive de diminuicfo local da pressfo durante o fendmeno tran- siente. ‘Quando @ pressfo numa seco, cal- culada pelas equagBes do método das caracterfsticas, resuttar igual ou inferior & pressio de vapor do liqui- do a temperatura em que o mesmo ‘esti escoando, impiese que essa pressio astuma o valor da pressfo de formende-se_na_seqfo_ uma ‘uma parte bem ficar sujeita & prossio de vapor. FSS eee ee ee eee Se TCE TST CSCC EC ESC SSCS ESS 2.1, EQUAQOES BASICAS DO GOLPE DE ARETE ‘A Figura 2.1 mostra um trecho da tubulagdo, entre as seges i- 1 @ i +1, esendo H= 9+ ¥ a carga piezométrica numa seo, a5 equaptes bisicas do golpe de ariete se escrevem, para as hipdteses usuais: pRB Bh 6 Luulso vie Brno $¥-0 Ga) ao ‘onde a= es 2 coleridade ou velocidade de prope- acho das ondas de prestlo, Indicando + Pat por P, a carga de pressfo na escala absolute, ¢ fazendo as sim- pide una cocoa ot dexigualdedes \/ 3Y- Yc BY VE«K oe i ‘equagées (2.1) © (2.2) podem ser re- resentadas sob a forma BE gbegmoro Go F-o 2.2, SOLUCAO DAS EQUA’ sAsicas [1], (2), 13 0 sistema de duas equagies diferen- ciais de derivades parciais de 12 ordem do tipo hiperblico, constitu/do pelas equacdes (2.4) ¢ (2.5), pode ser trans- formado num sistema de quatro equa- Gbes diferenciais ordinérias, (2.6) a (2.9), solivel pelo Método das Caracte- rsticas: ¥ (25) “Ht: Simeyno-o 60 s > eee See B shmteyeere 99 A solugdo deste sistema de equa- es € feita por via numérica e, tra- balhando com a vazio Q= V.A, as equages, sob forma de diferencas, fi- cam: BB+ BO- ae gEaQialonny,-x 206d BR-BG-@)- prfaralanlona-4 00) comB= —*— gA © esquema da Figura 2.2, que & um diagrama relacionando as varia veis independentes xe t, permite acompanhar como $2 processa a so- lugdo, O conduto € dividido em N trechor igusis, cada qual de compri- mento A x. As condigées, P e Q, so conhecidas em todes as segdes, det aN + 1,no instante t dese jase conhecer Pe Q nas mesmas sepdes no instante t + At Até talque Ax/ At=a Da Figura 22, Pa, Pg, Qae Qg $80 conhecidos @ Pp © Op sfo calculados a partir das equacdes (2.10) 2 (2.11) Ronena wba Qlalee oy -00) BRB, bar lalie ayy e8s, 19 04, por simpliciade: {8° 73% G13 Estas duas Ultimas equagdes permi ‘tem determinar Pe Q em todos os ‘n6s, ou sepes, intermediérios do con- duto. Para levar em consideraclo a even- ‘tual vaporizago do liquide por queda local da carga de presso 20 valor Pap, faz-so 0 soguinte equacionamento (v. Figura 2.3): Das equacbes (2.14) e (2.15). BGs ae) Se Pp < Pyap entio impiese Pp = Pyap_e calculamn-se separada- mente a vaz5es a montante Qe; ¢ 2 jusante Q; da secdo i, através das equ 960s (2.14) @ (2.15) respectivamente, © volume da cavidede de vepor VCAV; no instante t+ At & ‘alculado a partir do volume no ins- tante anterior mais 2 varisglo decor- rente das médias das vazBes Qg; € Q; nos instantes te t+ At ouse a: Wee Que Age Jat Quando VCAV, caiculado por (2.17), resultar negative ou nulo, en- FIG. 2.1. —Esquema para equacionamento do golpe do ariete, FIG. 2.2-- Curvas carectaristcas, no plano x, t- REVISTA DAE —121 ‘Ho 0 processo retoma o eflculo nor: mal e faz-se VCAV = 0. 2.3, TRATAMENTO DAS SEGOES. EXTREMAS © procedimento do item 2.2 n5o se aplica as segdes extremas 1 € N+ 1 poisna segdo 1 néo se dispie da relaglo (2.14) ena segio N + 1, a relagdo (2.15). No caso estudado existe uma bom ba com vélvula de retencdo no extre- ‘mo de montante da tubulago e um re- servatorio a jusante, Na seco 1, de montante, dispde-se de equacdo (2.15) e de outra equagio resultante da aplicago da equacdo da energia entre 0 reservatorio de mon- tanteea seco 1 (v. Figura 2.4): Heeee Hoe ate e468) onde Hej) Oke t © Hey € a attura manométrica da bom- ba. A equagdo (2.18) valida desde ‘que Q} seja positivo, devido & presen «a da valvula de retencio. A altura manométrica foi admitida como uma funda da vazio Q; ¢ da rotagio N do tipo {41, {s. bar en? — Gta) © conjugado no eixo da bomba também foi admitido ser uma fungi de O1 e Ndo tipo MedQieUQNeen’ (20) © momento de inércia das massas girantes do conjunto bomba-motor influi na variaggo AA N da rotagio do seguinte modo: awe ag at ez) Um processo iterative resolve o sistema de equagées (2.15) e (2.18) 2 (2.21). O programa de eélculo veri case Qy & maior ou menor que zero. Se Q} for negative o programa impte Q na vélvula de retencSo igual a zero, oustia Q] =O e Py =Cy. © programa verifica ainda se Py & inferior & presssfo de vapor: se isto covorrer impde Py = Pyapy Na seco extrema de _jusante vale a equacSo (2.14) e impiese Py + 1 = hy valor conhecido. A va- 280 na seqdo N+ 1, pela equacdo (2.14), vale ot 2.4, TRANSFERENCIA DAS PRESSOES E VAZOES ‘Ao final dos céleulos das pressBes © vaztes om todas as secdes i, i = 1 aN + 1,n0 ine tame t + Zt, 0 computador trans- fere esses valores para os enderegos cortespondentes as presses vazdes no instante inicial de célculo, ou sej faz transferéncias do tipo: Pe “oe 5 @.22) Fhe OM $50.08 valores recém calculados © Pilly © (Hg 880 08 mesmos valores, agora 8 utilizar como conhecidos na préxi- rma série de célculos. 2.5. DIAGRAMA DE BLOCOS 0 fluxograma dos célculos que este modelo executa esté mostrado na Figura 25. 3. MODELO PARA CALCULO DO GOLPE DE ARIETE COM ‘SEPARAGAO DE COLUNA COM LIBERAGAO DE AR Este modelo leva em conta as alteragBes da coleridade que ocorrem FIG. 2.4.—Condigio de contorno de montante, 122 — REVISTA DAE durante o fendmeno do golpe dearte- te, devido a0 despreendimento do ar dissolvido por rebaixamento da pres- 0 local a valores inferiores a0 da pressBo de saturago do ar no Ifquide. 3.1, A LIBERAGAO DE AR OURANTE 0 GOLPE DE ARIETE ‘A. maioria dos Iquidos transports: dos por tubulagses contim gases dis- solvides @, em particular, a égua es coando através de adutoras em regime de excoamento forgado ¢ turbulento carreia ar sob forma de bolhas ou em solugo, embora em proporeso voli: miétrica pequena. Seré considerado que © liquide escoando, a égua, contén inicialmente ar dissolvido em quantida- de tal que, quando a pressfo local cair abaixo da pressdo de seturaelo, have- 18 despreendimento de um pouco des- se 988. O proceso seré considerado isottrmico, hipotexe corrente nos ests os de golpe de arate. Partindo de lei de Henry da solubili- dade @ edmitindo que o ar liberado s@ comporte come 9s perfeitode- monstra-se ques quantidade dese ‘ar liberado & proporcional a diferen- (ygp ~ B), entve a pressio de saturapso © 2 presslo local. Esa rala- fo, entretanto, nada indica quanto & velocidade com que essa soperaro de ar se efetua. A vazEo em massa de ar liberado, por unidade de volu- me de liquido, depende de virios fatores, dentre os qusis se destacam © nivel local de turbuléncia, a fracdo volumétrica do ar live © 0 tamenho das bolhas despreendidas. Admitese ‘que 0s escoomentes usuais de égua fem adutoras ocorram com alto nivel de turbuléncia, que a fracfo volumétri- 2 do ar liberado ¢ baixa (o modelo matemético refietiré essa condiglo impondo uma limitacdo a massa de livre por unidade de volume dégue) €¢ que as bolhas formadas sf0 pequenas ¢ relativamente uniformes, nfo influin- do sensivelmente na velocidade de libe- ago do ar. No modelo matemético admitese que a velocidede de liberotto do ar teja suficientemente alta ¢ constante durante 0 golpe de erlete para se afr- mar que a vazlo em massa do git, por tunidade de volume do Iiquido, th, & proporcional a diterenca Psat ~ P, Ot seja (6) sae cear (py -P) ay para p< Peay, com CKAR uma ‘constante, ‘Quando 2 pressSo local sumentar, apés ter ocorrido uma liberapso dé ar, ¢, simultaneamente, 3 quantidsde ee o [ehcene oe mnesalo ru) FIG. 25, ~ Diagrama de blocos — Modelo sim Libera de Ar. de ar dissolvido no liquide for infe- rior & méxima soldvel aquela pressio, aver uma tendéncia do ar ser reabsorvido pela Sgua; entretanto, o fendmeno de redissolucfo do ar se di com velocidade muito baixa, em ‘comparagio com as velocidades de variaglo das demais grandezas, e por esse motivo © modelo considera que ‘uma certa massa de ar, uma vez libera- a, nfo toré mais reabsorvide poo It quido. O modelo reavalia entdo a pres- so Pg entitamente necestra para manter em solugdo + quantidade de ar remanescente no Iiqudo @ utl- 22, num instante qualquer, a seguinte express3o andloga a (3.1) para cal- cular eh: eenan (ply-p) 2) = 3.2. VARIAGAO DA CELERIDADE DEVIDO A LIBERAGAO DE AR A massa de ar liberada por diminui- glo de presso durante o fendmeno do golpe de ariete & pouco significative fem termos absolutor mas afeta sensi velmente a celeridade. A pe ra céleulo da celeridade a! ¢ {17 REVISTA DAE ~ 123 a3) VERSE Nesta equagfo P é a massa especifi- ca da mistura liquido mais gés; porém, (08 valores tfpicos de ar livre em agua situamse om goral absixo de 1%, de ‘modo que se pode entender P como ‘8 massa especifica de Sgua, Também, na equagSo (3.3), >t ne scare (33). K/Rbs >> fk Ere Comparando com a equagfo (2.3), ¢ Somat at eee 2 4 fre grande influéncia de pressfo lo- 2 Pabe - 3.3. SOLUGAO DAS EQUACOES DO GOLPE DE ARIETE Fazendo &*G “Pe +e lembran- do que f,,- Py», os equapées (2.6) 8 (29) se reescrevem shite merc a) an Hoa fate moo a9 a Ae 69) Considerando que a celeridade efetiva agoravale gy. a Vine 1 @ obtengo de P ¢ no ponto P (Figura 3.1) depende do conhecimento dessas variéveis nos Pontos R ¢ S. A pressSo P varia ao lon- 190 dos segmentos A Ce C Be-essa ve- riag&o € suposta linear com x. FIG. 1. — Rede de carsctoristieas, nado © intarvalo de tempo ¢ com ia. ‘tarpolaeo #0 longo dex. 124 — REVISTA DAE ‘A equagfo (3.7) sob forma de diferen- ‘cas finitas escreve-se sto tenes at (Far ae ou ast «420 3, ate Bae, Uma medida do grau de interpolagso éarelecio (10) an A integrago da equagdo (3,6) entre (8 extremos R e P fornece: 34°00) barley Aiintogral ty vale oe) 3 \GFG Vest an hs Nota-se uma analogia entre as equa- ‘gBes (2.10) ¢ (3.12). Das equages C~ sultam 11.8) € (3.99) , re- wate Sets, eu) cs #,-rerah gfialon phe 0 619 com + te (PG 6 MEE) re S As vazles Op @ Qs so obtidas por interpolagto linear entre Q, , Qo ¢ 5. © programa usa um processo itera: tivo para obter Pp @ Op em cada ins- ‘ante, Inicialmente calcule-se a massa de gis livre mg e portanto conhece-se Gq, Usamse valores estimados di Ps e Pp para as primeiras estimatives do grau de interpolardo zeta, nos tre- chos AC e BC. Calculamse Op e Qs por interpolaglo linear e a seguir resolvem-se simultaneamente as equa- 8es (3.12) © (3.16) em Pp @ Op, Recalculamse os zetas ¢ as equactes (2.12) 6 (3.15) 06 2 somergincia com precisto desejada. [1] © trata. mento da eventual vaporizago do Mquido, por resultar Pp inferior & ressfo de vapor, & feito conforme exposto em 22. As condigtes de contorno 80 tratadas do mesmo mo- do como no primeiro modelo. A fim de evitar zetas muitos bai X08, ou seja, para minimizar as inter- polagbes, 0 programa estabelece uma limitagio & maxima massa de ar que ode ser liberado por unidade de vo- lume. 3.4, DIAGRAMA DE BLOCOS © flaxograma dos céloulos que es: te modelo executa est mostrado na Figura 3.2. 4 OUTROS MODELOS Existem outras formulagtes pera analisar 0 golpe de arlete com forme: fo de cavidades e considerando ViberagSo do ar dissolvido. Estes mo- delos [61171 (8119) 18 de aplicago mals complexa e diferem do aqui ‘exposto no equacionamento de velo- cidade de liberagfo do ar e de sepa- rag80 da coluna de Nfquido. Por exem- pos os modelos de Driets [6] ¢ de Tule lis, JP, Streeter V.L, e Wylie, E. 8. 171 , consideram que a velocidade de iberaclo de ar decal exponencial- mente com 0 tempo numa sibita que- da de pressfo [81 . © modelo de Marsden, N.J.@Fox, J.A. [8] considera ‘que 2 cavidade forma uma regifo de ‘escoamento bifésico onde se api ‘cam as equacdes do movimento varia- do em canals. Estes autores concluem ‘que a liberarfo do ar dissolvido, as sociado 20 tratamento de reunifo das olunas Iiquidas como 0 encontro atadual, ¢ nfo abrupto, de dois escoa- ‘mentos em canal, resulta em sobre- pressBes menos intensas que 2s obti- das pelos modelos expostos neste ‘trabalho. Consideramos entretanto que (© modelo exposto no item 3 reflete razcavelmente bem a realidede do fenémeno transiente, a0 mens nos instantes. anteriores @ ocorréncia dos picos de pressfo subsequentes 20 pri- meiro, de acorde com as conclusties das referéncias (73. [10], 5. EXEMPLO DE APLICACAO 5.1. 0 CASO ESTUDADO © programa preparado para estuder © golpe de ariete com @ sem liberac#o de ar, foi splicado @ uma instalacdo de bombeamento com as seguintes caracterfsticas: Estagdo elevatorie: 2 conjuntes _motor-bombs de 250 HP cade, 1750 rpm, recalcando 110 Ws cada’umm, em regime. Existe uma vaivula de retencSo logo a jusante das bombes ¢ a suogdo 6 curta, Adutora de recalque: ‘comprimento = 4020 m diimetro = 0,36 m material = ferro fundido classe ahs Pt) FIG. 2.2. — Diagrama de Blocos — Modelo com Liberaro de Ar. K-9.com juntas elésticas ‘A adutora descarrega livremente um reservatério mantido 4 nivel constante, © golpe de ariete 6 considerado roduzide por interrup¢fo no forne- cimento de energia elétrica 208 moto- res de acionamento das bombas. Devido 20 perfil da adutora de Caso 1— Modelo som liberaglo de ar, recalque, com pontos elevados relati- ‘vamente préximos 4 cata de bombes, bhé formarSo de bolsées de vapor lo- @ que a onda de depressio inicial atinge essas seqdes. Os casos estudados foram of sequin- tes: ssem_ ventosas na linha. Cor- responde & verificago ini- cial da gravidade do probie- ma de separacfo de coluna naa tinha, REVISTA DAE — 125 Caso 2— Modelo sem liberaglo de ar, ‘com ventosas nas segdes re- comendadas. E © caso de verificagdo da ‘solugdo proposta para o pro- blema de separagio de colu- na, Casos 3 a 5 — Modelo com tiberago de ar, sem ventoses. A dife- renga entre os tres casos & © coeficiente que quantifi ca velocidade de liberacao do ar dissolvido. Estes casos foram confrontados com 0 Cato 1. Caso 6 — Modelo com liberagSo de ar, ‘com ventosas. Serve apenas. ‘como comparacdo em rela 80 a0 caso 2. Em todos 0s processamentos a linha {oi dividida por 80 secdes, 05 célculos foram executados a intervalos. de ‘aproximadamente 0,05 s, limitados 20, maximo de 90 s, ¢ 0s resultados foram impressos a intervalos de 6 At. 5.2. RESULTADOS OBTIDOS Comparando inicialmente os tés casos, n9* 3, 4 @ 5, entre si, os quais diferem pelo valor da constante CKAR (equaco 3.1), CKAR = 5 x x 108 , 107, 108 , respectivamen- te, chegamos & conclusfo de que a velocidade de liberago de ar ¢, em to- dos eles, suficientemente alta de molde a ilo causar diferencas sensivels nos resultados. No sfo muito afetados nem os valores extremos de pressdo, nem of perfis de evaluglo das pres. sBes com 0 tempo. Por este motivo escothemos apenas 0 caso n° 4 como representative dos processamentos do ‘modelo com liberacdo de ar e sem ven- ‘tosas na link 0 caso n® 6 nfo apresentou sonst. veis diferencas em relagdo a0 n° 2, co- mo era de se esperar, uma vez que xdmissEo de ar pelas ventosas repre senta um efeito aliviador de pressBes muito maior do que 0 provocado por liberagéo de ar dissolvido, Os gréficos anexos sdo representa vos dos resultados obtides: 0 Gréfico n? 1 mostra o perfil da linha e as cotas méximas das linhas piezométricas, em todas as secSes, pa- ra 08 casos n95 1, 2 @ 4. Evidentemen- te 0 cas0 n® 1 ‘apresenta picos mi intensos do que os demais. 0 caso n° 2 corresponde & solugdo adotada 10 projeto, notando-se uma uniformi- zaglo das cargas por trechos da linha, 0 caso n® 4 segue qualitativamente © caso n® 1, mas nota-se, uma atenua- fo das variagdes pronunciadas dos va- lores de carga maxima, ou seja, a dis 126 ~ REVISTA DAE tribuigdo dot méximos 6 mais suave no caso com liberacdo de ar; esta suaviza- ¢80 levou a valores de carga no caso ‘n® 4 geralmente menores do que no caso n® 1, exceto no trecho entre as sees 4 © 8, onde ocorre o contrério devido & variacfo brusca das carges méximas no caso n® 1. O Gréfico n° 2 representa a distri- igo das presses efetivas méximas ‘@ minimas ao longo da linha, para os casos nO 1, 2 € 4. O comportamen- to das presses mé segue eviden- ‘temente 0 do gréfico n° 1. Quanto as presses minimas notese a sensivel diferenga, em varias segSes, entre os valores do caso n° 4 e do caso n® 1; a liberago de ar elevou a pressio mini- ‘ma, nessas segBes, em cerca de 3 m'em relagdo 20s valores do caso n? 1. 0 Gréfico n? 3 mostra a evolugfo da pressfo efetiva na sero 1, logo a jusante da valvula de retengio, para os casos nO¥ 1 e 4. Enquanto a massa de ar liberado em outras segdes no atin- ge valores que reduzem apreciavelmen- te 2 coleridade, as duas curvas segue cconcidenterente. A partir de 450 intervalos de tempo At . quando co- mega a haver sens(veis defasagens tem- orais na variagio do volume da cavi- dade na sego 16, comegam também ‘a surgir diferencas no andamento das curvas dos casos n° 1 @ 4. Os picos de pressio resultam do encontro, nu- rma seco, de duas ondas que avancam em sentides opostos, ou da sobreleva- 0, devida 20 desaparecimento de uma cavidede, © que se propaga ru- mo a seco 1. Devemos considerar que 0s picos constatados apts 1200 intervalos At no sdo mais represen- tativos do fendmenc porque podem resultar, na verdade, da ocorréncia de encontro de colunas Ifquidss, pre- visto no modelo, mas devide apenas 2 particular divisSo do conduto no nimero de segdes fixado arbitraria- mente. 0s Gréficos nO! 4 @ § mosram respectivamente 2 variagio da prev: ‘sdo efetiva e o volume da cavidade na seco 16, em fung3o do tempo, nos casos n¥ 1 € 4. A secdo 16 foi ‘escolhida por ser aquela onde prim ro se atinge a pressfo de vapor na linha e onde se tormam grandes cavi- dades de vapor. Nota-se que hi, no caso n° 4, uma diminuicSo da dura Glo dos periodos em que se formam cavidades bem como de seus volumes, com redugdo das pressdes subseqiien- ‘tes ao colapso dessas cavidades, em relagSo 20 cas0 n° 1, conforme consta- tado no Gritico n° 2 ede acordo com resultados obtidos por Kranenburg!®) ‘A anéliso comparative des pres- Bes e volumes de cavidade, nos casos 198 1/6 4, revelou que: — 85 pressbes méximas do caso n° 1 so maiores que as do nO 4, em ‘grande numero de secties, chegando 1 haver diferengas de 30 m de colu- na d'gua. = a8 presses minimas do caso n° 1 so, na maioria da seghes,inferiores as do caso n.4, — 06 volumes das cavidades formadas slo sistematicamente maiores no caso n° 1. No se constatou variagllo senfvel na evolugo da rotago dos conjuntos motor-bomba de um caso para outro, Este resultado era de s0 esperar pois estes conjuntos t8m inércia relative: mente elevada e estfo conectados ‘numa linha bastante longa. Or con- juntos motor-bomba continuam bom- bbeando équa até cerca de 7 s, ocesifio ‘em que a vélvula de retencdo se fecha, 6 CONCLUSOES Os modelos de célculo do goipe de ariete que considera a liberagSo de ar dissolvido n’Sgua nos perfodos de beixa pressfo local, tanto 0 aqui exposto como os demais citados na literatura, revelam que 2s pressGes méximase mfnimas no atinge valores extremos tf0 elevados, em valor absoluto, como os obtidor pelos modelos que ignoram a sepa- ago do ar dissolvido. Os resultados dos modelos com liberacdo de ar dis- solvido so bastante realfsticos, espe- clalmente se 0 conduto apresentar separago de coluna em trechos elevados bem delimitados. Desta forma, os célculos usuais ‘com modelos sem liberacdo de ar dis- solvido, utilizados para fins de di- mensionamento estrutural de adutoras, segundo p. ex. P-NB-591/76, esto na realidade a favor da seguranga. NoTAGAO — celeridade; cte. D = diametro, © — espessura da parede do tubo. E — mbdulo de elasticidade. f= cosficiente de perda de carge distribuida, 9 — acelerago da gravidade. h = cota. HH — carga piezométrica. i — Indice de seezo. 1 = momento de inércia; integral. aah AGAMA AEOAOEAAAAALAAAAA HD 4 BE GA DB BA OB DB @ 4 4 OO & @ | a. kK — médulo de clasticidade volu. Q — vazfo. X — coordenada; varidvel_ indepen- étrica, 1 = coeficiente. dente, im — vazBo em massa, R — cte. do gis (ar. z — cote. mg — massa de gés. t= tempo. ¥ — peso especitico. M? — momento. T — temperatura sbsoluta, ¥ ~ grau de interpolaggo. IN. — rotaglo; (ndice de sero. V__— velocidade média na secéo. 2 — Angulo. p= pressfo. VCAV — volume da cavidade. P= massa especifica. P= carge de pressfo. Vol. = volume. GRAFICO NEt TITER EAGER ER EER GRAFICO NE 2 REVISTA DAE — 127 GRAFICO NO 3 GRAFICO NES 128 ~ REVISTA DAE GRAFICO NES BIBLIOGRAFIA [1] = Streeter, v. 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