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Lr Eon Gt Ld 2o pr et ena pu cay vate yor ext do alo, 1 Rago 2008 Relmpressto sas 1 Baio 008 Baie 2008 # Balto aoe Bake Editores Igo Bend tnt ron Cina Auitente Baer) see Cncue de ie Froueto Graton ios het aragto Hates & Capa wea Were tre Reyifo Grin ‘ao Keer Des Turnacionaie do Catalogegio ne Poblleasso (CTE) (Camara Bresttira de Lives, $0. Brash ‘Simcneed Aledo 955 ‘ena de pcg separ: 0 mage de doen ! Aico Sineret: ~ Ste Paes Che do Puedes 2004 Bicgrasia ; ISBN HS-7595-346. 3. Doemes = Pucotepe, 2 Digrstise 3, Heapens — ‘spot pcolégcor as Medison = Adminsseo Pacene hospi sador~Pacologi &. Seapeater Tile 24s90 coe. 36211019 beget) co seni Indices pera sotdiegs scien. Utopia: Paesloge Seats 2 Fokeleis beep | 3621318 Improtso no Bras) Pred m Bred everts leds os dics de peblcapto im tnguaprngeea 8 no Anita, 1019 ~ J. Meslen —TaibaSP~ Baa GG Camepal Ivara, Ecttore © Grin Lica a Fuad (OEP "8260-200 = Tl; (1) 4624-6097 ~ wroneadoplestope come alice, ANE CAL ante CS Lilia ¢ Simonetti meus pois © diagnéstico Olhos para ver além do biolégico Diagnostica éo instents de ver, seguide pelo terapo de enten- der que leva 20 momento de intervie, nfo necessariamente nessa dem, mas necessariament interligados. A principal rac pals quel 0s diagnSsticos slo feitos 6 cles fcllitarem: trtamento, de moda que diante de um disgnéstico ber feito a melhor estratégia terapés- tices evisencie, mturalmente, na mente do peicélogo bern treina- jo. As ouiras rates slo a pesquisa cientiicee a camimicagSo entre 05 profissionss Em:mecicine, cagnéetico € conheciment da doenga por meio d= seus sintomas,enqtanto ng psicolog'a hompitalaro camnSetco & 2-connecimento da situagio existencial e subjetiva da pessoa adoectada im, na psiealogia Topi da deececeedes ane ats Sipresso em tenmns d= nomes de doeneas, mas sim por uma descr Se eae cs me eee a income Pree a eee rn ae en ee ae ae Peary rere Mo ‘Manual de Peleclogia osphalar te, Ea cio a sso tado, 0 que deve se tebathado? O dizgassico 6 raneim de crganizar todo esse mtirial, o modo de cotstruir um mepa pra depois enulisé-lo e decidir o meltor caminao a seguz. Bcaco sue seme € posefvel seguir sem o meps, mas isso ¢ bem mais complica- 0,0 gsieslogo “nto dtigea vdadd ecient mas dirigeotetamento” Cacen, 1966, ¢ com wim mapa fea bem mi fei direcionar as int=x- ‘venges terapeusias. O disgnésticn € a modo que 0 psictlogo dissbe ‘para imho organiza o seu pensamnto diagaéstico 6 wae hipétese de trebalho, nfo uma verdade abpsoluta, Hipétese ¢ ume teoria sobre alguma coisa que 20s zermi:e intervir sobre tal coisa, ¢ s¢ a inforveneHo guiada por essa hipstese sgerar a mudanga esperada, eotéo la é ume 6tima hip6tese,c3s0 trisio, nic 0 & (Nobrege, 1996). Iso aads tem que ver com alguura verdad essencial da cois, als a verdade nfo interesse, ou me- thor: como nio é possfvelalcangarmos a verdace abscluia sobre as coisas, ela io deve ser o objetive primério. Nio & preciso descobri: qual “a verdade” de ume doenga para que possamcs peciente s enfrent-I. Bes it a verdede do pa ~Sssa.daenea, isso sim 6 essencial. O psizdloga traballia com o senti- ~do.des coisas, nfo com a verdade das coises. A medicina também trabathz com esea Flosofia pragmtica pois sfo inimeras as docn- ‘sas de que no consegue descobrir a causa, mas consegue cur. Se wens hipétese no se mostre i, ela pode ser mouificada: jas ver dades twadera« se transformar em rétulos definitivos. ‘Toco wrabalbo pode ser feito de dvas manciras diferentes: itu tivamente oa de maneira metSdice. A inzuigo se df quando fazemos ‘ama ccisa sem saber claramente come fizemos tal coisa. Beseia-se a talento, numa disposiglo natural. 4 o método se refere a une seqiBncie de asbes que conseguimos expiear recionalmente. Paz ‘wabethar em psicalogie hospitalaré preciso um minimo de tiecto, de intuigéo, de jito, roa isso no besta:bé que se buscar o ertend 1mantozeciocal do processo de adoecimento eo plancjemeno cc eg2es erapduticas, Aliés, éexatarseate isso 0 cue ciferer- Slogo hospitalar de outros profissionsis que também cu be Priore Parte: Dageéstiso a dam pscologicamen:s de pstocsadosntadas como religisos e vor lunucios, it, pore vostade de ajudar crinao reins paceats, disposigio para seaur-se calmamante a seu lao e ocvilo, bet, isso € algo que todos esses proissiocals tim de ir, sicdlogoe 2 Yolustérios meso psieSlogo pode eceve teruraconhecimento mais Camtodoldgic dos processes psigutos etrcvidos no adoecet Os voluntros eos religiosos ata a partido emer eda 6, aisso slo inseperveis. 14 08 aselogosataum a pacit do aco eco saber sso ihe €especticn, Na vercae, se for pera “dr um forge” ax cocselis,estinuar a f& melhor & chara: leur denne Sch ‘lustig do que um psicélogo Essa pesscas em gee) possuem auals expenéncia de Vide e mais. Seo picsloge quer ter tm ugar no hospital prevsa crescent go Senator um metodo raional ce sabalbo Sem amor nic hi como tebubaxgeTicclogiehospalae”) tas <6 com artor temém nfo & possvel. O.ator © 4 ao sie coo as cua as cess © diagndstico em psicologiehoezitaar nada te. que ver com © psicodiagnsstico, velho conhecido dos asioélogos, que é ums. pro- cedirmento eseturado por meio ds testes peicolégicos que visam detemicar a posi do sujito em dete=inas exealas do intligea- sia ou em outs fuopdopsiquca. so d:agnSstico em psicelogie bos. altar nfo se vale de testes. Sea snsmumento 6 9 loo elisieo do gsleSlogy © ademas no se extabeloce uma seal quentaciva para comparagtss.atcalmente,o psicodiagnéstin nfs tem alist ems psicologia hospitalar. Nacfada de 1960, o dsgn6stco coms categoria siemsica fot bestaate questionado na comuzidads dos psisogos. Esato ape- tes como rétalo iasrucento de dssrminagio doe paciates, on espesiel ne dea de. sade mental, O uss perverso de tiagnéntisos psigaaticos por regimes polices totalitros, como o da antiga ‘Unido Sovistica, a ambigtidade dos diagnésticos da psiquietri clés- ‘sica, com suas incomtdveis e confusas classificagdes nosclégicas, {és do cost populerde transformer diagnstco ery ingemt'o, como, por exemplo “sua histrica,jsifisevem sara efeeas. Manual de Pslcclogia Hospitler Entretan:o, nos wimos anos houve uma retomada na impor- ‘tinciz do diagn6stico, motivada pela medicina baszada em e { Paz a comaricagio enxe os pessuisadoes, pla temaiva da sigue ‘tia om criar um sistema clastificatério operacional de alte coniabilidade (CID-10 E DSM IV) e pela insisténcia da psicandlise Tecm:ara er situa 0 diagndssco exitural omo peso fundamen- tal da clinica, eriandoo conce‘o de dregi de cura (Leite, 2000) & na teteira dessa evalorizagiocfncae centfica ds diagmbio que (a psicologiahosptalar quo se insert A soparago entre diagnéeten e terapéuticaé meramente d:dé- tica, porque na pritice proprio sto de colher Cados de um paciente visando 8 formulagio de wm diagnésteo jamais dixa de ser tam bbém ura interven cor. efeitos terapéuczs. O diggnéstico jg € ‘ua tstemeno, emore. Vejamce dois exereplos, un na medina e costo n& psicologa hosptalar méico, quenco se debruga sobre o paciete,posicionando o estetoseépia sobre o seu peito em busca de informagdes sobre o fun- cionarento do exrag, este passando ao paciene a sensagdo de 4 euicado, tatado mesmo, ¢ iso faz com gus esse timo se sinta relor. EA mesmo cuem Veja neste pesto a recriagosimb6- ¢a Cem cardio umbilical ligando mééico e paciente, com tudo de auttivo que isso possa et j= Quando um asia eoevisia um pe lo A doenga, co mesmo tempo jf esi oferseends ao paciente ume excula aciente elaborar ua Joenga por meio de faa. ©-cuE pe si 6 prada efeitos tecapfuscns, Nic a0 que .o-gue por si s6 produs efeitos terapfutcos, Nao existe ura ato que ‘seis exclusivamen'e diag éstico, erode ensoatro comzorta post lidaces terapéonticas O Manual propbe um diagndstico «partir de quaxo eixos: rece‘onal 0 modo como a pessoa reage & doetsa; médico ~ a sue condigis médica; iruacional ~ andlise das diversas freas da vida do peciette; e transferencia! ~ andlise de sues relaghes. Esses eixos seams eequematiados no quacio abi, Sfo mancis dit \ Peimetra Paste: Diagnéstica ” rents ¢ complementas jordar 0 adzeciment)}e poseuem a ‘vantagem de identificar 28 situagbes-alvo para a abordagem tera péutica, além de orgenizar, na mente do rial lf ‘0 fornecido pelo paciente DIAGNOSTICO: Eixo I —Reacional. praee? = ohar—eew Eno I —Mélies co cacg8 mt aecen Eizo I — Situaional. vid = recxewb t. Eno IV — Transferencia. wali oe ‘Quadiro 2: Diagnéstico Mateaxis Eixo I — Diagnéstico Reacional ' #1b.-<" Adoeser 6 como entar em érbits. A doanea é um evento que se {nstala de forms to central na vida da pessoa, que taco © mais perde importincia 03 entfo passa a girar em torco dela, nama. espécie de Grbita que apreserta quatro posigées principais: gegaséo, revolt, deptesszo e enfrentmecto (figura 3, abeixo} Habimalmente, a pessoa entra na érbica da doenga pela ne- gacH0, depois se revolta, algum tempo depois entia em depre: 8H @, por iitims, no sem algum esforzo e trabalho pessoal, sleanga a possibiidede de enfrentamento real. Essa ordem nfo € xa, ¢ qualquer combinagdo é pass(vel de ser encontrada na peftica, de modo que depois de entrar na drbita 2 pessoa pode moudar de posigio, vindo a ocupar qualquer uma delas. Hé sinda « possibilidade de o paciente se fixar em uma posisfo interme- distie enire as quatro fandamentais, e nesse caso a0 fazer 0 iagnéstico marcaros algum ponto, na dzbite, entre as duss po- sigdes principas. (Outro aspecto interessante esté em perveber que posigia pode vaciar de um dia para 0 out, e por iso no ecnvém zesitar como 3 ‘Manual de Paeolog'a Hospieaar definitiva a posigfo ideatificads, que é mativel, Ali, “écsite” sig nifiea "movimento em tomo de". Negapte Enfremameat> Revlte Depressto Figarn 3: Orbits ex: torno de doenge Bssus posigSes nko sto esgecificas pera a doenga ecoestinuecs- se, isto sim, ras maneiras que os hamanos dispbe paca enfrentar ‘rises, reeeber noticias ming, lidar com madangas, encarar a moxte ¢, também, reegir a doengas, Segundo Lacan, acontecimestos como cesses, cue desonganizam a vida Co sujeito, deveriam mesmo ser cha- tmatios de “exconto com 0 teal", como qte nfo tem norte e potan- ‘o causa angtstia, com o que positions, somo um susio, a questto: 0 gue 6 isto? Qdoretio, 2000) dliagn6stico reecional besci-se no trabalho da psiguatra cor. ‘e-americana Blisabeth Kubler-Roos (1989), ue se dedicon ao estulo de pacientes terminss, investigando o mode como ees liavem com 4 proximideds ca morte, © resultado ds suas pesquisas com mais de dduas centenas cle pacientes encontrase eiaado em seu livo Sobre a ‘mone e o morrer, publicado em fis éa dfeada de 1960, Elacegume da Sseguinte forme os estgios pelos cunis os pacientes passavam: “Todt mossos pacientes reagiram quase do mesmo modo com celagio 2s ‘nds notiias (0 que ¢ tipico no 96 em casos de doenga fatal, xmas erece ser uma rap huni a presses fries einesperade), ito €, ox: bogus ¢ desreaga. Muitos de nossos pacieotesfizeram uso da negazto, pe potia durar de alguns segundos até muitos meses. Essa nege- fo aunee ¢ una negapto total. Depois dela predominava arava c 8 revolt, manifestedas dos modos mais divers, como uma ivsja Primeca Parte: Diagnéstico 2 dos que padiara viver ¢ agi. Quando os ciscunscaates conseguism saporar essa caiva seta assumila pessoalmeate, ajadavam 0 pasiente ‘alcangar o estigio temporério da baxgarha, seguido rela depressio, {que era o trempolim para a aceitagfo final.” Posigio negagao Geculmente a primeira reaglo de ume pessoe diane da éoenga 6 de choqus, seguido de descrenza, matifestada em fases So spo “uo & possive., “isso nfo esté acontesenlo comigo”, “deve ser engeno". Na mzioia das vezes © cosso encoatro com & docaga é ‘tis perecido com uz. tropero inesperado,e cue nos desconcert, o que com uma encevista mareaia com artecedénciae para equal podemce tos prepara com vagur. Esse “tropega” 30 el faz com ue nos defrontemos com uma realidade eciele abscrda, absula 20 sentido da impossiilidade de repesertge£o tsquica da pépria _Biore, Segundo BERD o inconseiene nko 6 capex de epmesenat ‘Psicuicemente a mone paris: "..a morte é sempxe a morte de um ‘ro, Cexta ver um pacient,rerands ce expicat porque nko que- ria se submeter a ume cirugia, disse o seguints: “O meu medo € scorder morto de anestesia”. Morr, mes azorda. cosa ds vivo, No inconstiento nfo existe a mone de si mesmo. Pera muitas pessoas, a tnica possibilidede imedieta diante da — dgenga é a negagds. Quando alk 10.0 esté fa- zeodo ensads, propositadmente, ¢ maito mecos para irs ter # equipe médica ox 08 familiares. O pacieatso fez penque neque. [eisetante € 0 que el pode fazer. Tevez logo adien posse assur ontca posi diane da doenge, mas poc ora. anegacis ¢ a arma que le tem, Com iso queremos dizer cus negapto devs ser respeita: #4. ent. confrontada a qualquer custo nsm a qualouer kor. ‘A negagZo pode essumir rmizas formas, e ume delas consiste em nxergac doenzeno “oot” interessante nota que a projegto nfo cxclosividade dos pacientes, hevenso mesmo quem defenda aidéia de que os profssionas de sade excolhem essa profiss 80 como forma | 40 ‘Manca! de Peicolopla Hospitalar de projeo. Seta algo mis oo mecos assim: quem sabe se enfren- ‘ano a deeaga ro cure posse evitar enconté-laem maim mesmo. Na posigéo de negagto @ psssbe zode agir como se a doenga sirplesiente nfo exists, o2 ent mitimiza sua pravdade eadia as providencias © cuidedos neossscios, Eo famose “erpamar com a barige’, deixendo pera aman a const com: 0 médieo, rea ‘ago de determizado exare, 0 inicio de um tatament, et © penssmenco na nezasio 6 0 do tipo onipotente: “sei 0 que (ston fazendo", “sempre dev cero, © porisso no € agora ee Vai dar rad, no Zim mo dé exo". O pensemeno oniporene earteter- za.se pelo econecimento das capacidadese pela negagio das inca- acids, geramence repesndo um pad infmiilem que a pessoa \= ue esl acim des desgragas da vida — equi, no cas, das oenzes, Afgumas pessoas pensar que nfo precisam se protage, \gue nance seco contagiacas mesmo, ‘As sclupies tentades na negagdo tom um cué de magica, A (' pessoa espera que algo divino, que ela nem sabe 0 que é, acontega e resolva 0 zroslema, como, por exemplo, curar um cdncer sem fazex ou entlo que uma nova desesberta cientifica ‘raga a care pera a sua doenga, ov simplesmente que ofato de ela fo pecsar ra dosage passa fazer com que esta desaparega, Apesar de todas as ificaldades orsinedas pela doenga, azea- io megagio, pode apresestar como emagio predomi- rane urna cetaalegria que para um observador geralmene parsce felsa — se & one existe tal coisa, Trata-se da alegra ¢ entusiastto gue nfo contagiam quer esté préxima e, so contritio, podem até despertar uma reagdo de initec0. Por tis dessa alegria & muisa co tow snoontrammcsum nde da doensa.e da mute (Kents, 1977. H interessante nota que se passa no dia-a-dia de uma pessoa gue tana dcona, Goulet aso iada cangeiid Tritaglo £ o resultado de uma raiva reprimida que se espalka difusamente, sem alvo especifics. Analogemente, a angdstia 6 cm redo ser. o3je0, Quando temos medo tertos redo de algtmcai- sa, mas quando estamos angusiados nfo sebemas dizer © que n08 UE Primeira Parte: Diagnéstiea a angusta. Na negagdo, o medo da doenga enconta-se seprimide,€ 0 que surge é uma angistia vaga, indedinida e flatuante. af Nocato de alguma doenga com muite waibilidade, como coen- | P| gesde pele ou docngas deZormantes, a ani possibiidade de nera- ¥°| xo € 0 isolamento socal, e nesse caso a 7e5s0n passa # ter dois UY (fostemae: dongs e ume ear solo, ° ‘Algans ‘camo mecenismo de nega Em pacientes graves, sob efeito de matos rerétios, pode ser Siti distingur ease sono de fuga do sore provoszdo pela sedagzo \——tmedicamentosa ‘A negagio nfo dsixa deter um cart componente de timosia, de inssténca em marter inlerado 0 estado de coisas. Nelaa res. 1 soa nfo consegte relaxar, pois do coctririo 0 siais ca do=nca se evidenciem, por iss hf muita tensto acurulada na nepe6%0. Muitos pacientes nfo negam a doenge para si, mas podem es- conder sua exisusia das pessoas mais queridas © noma ieniaiva de promad-as. “Ela nfo val agdentar saber que estou com ince". Ours vezes a negagio da doezea & for vergonh, como 90 caso das doengas sezcalmente transmisives 09 outs doers so- inlmenteestigmatizades. Essos cass, em que « pessoa econhece sua doenga, mas nfo conta para o: outros, nfo sio uma regaglo ‘eriadeira, mas podem roubar do paclence a chance de conversat sobre cus doeaga, o que gera soda e angst ‘Anegagio também pode ocomrer da part des familiares e mé- ios em rlagio a0 pacente. So as sncagSes em gue se questions se é melhor contar ou nfo contar para o paciente sobre seu diagnés- tico ov prognéstco, Traarsmos dessa queso mis sdiame, na se- gunda parte do limo, mas poderosadianter que a questo se eceon- tea mal colceada é qee o verdadero problema ester como conta {nfo em conter ou no Santa “Rigomas palavras em medicina torars-se tfo cerregadas de | significacos negatives que sfo elas mesmas alvo de negacio, © tio a dosngs. Certa ver um paciente diziagara se filho, que era tnésico: “se for aqusla doenga, eu nfo quero saber". Butna dupia a ‘Manial de PslcoloplaEaspitler epee, ca docaga eda paar. este cso, “aqula dag, tmvocince: que, purn aa pty Suma pase tein as fu aout, Exist cut, fae knoe Se eapee ae dopa ost rbelna mate son plans ee See isiogs somal BH oso eet € derete de cesochscment, Se um pine aco sds conn ca gv de ses etal, dodanie Uinguajar excessivamente técnico usado pele. equipe médica, isso niio {uer cizer que ele esteje na posigo nogasac. Simplesmente nfo < ase wiles exo Cona es tm mates tnd conten eae ‘ace comico fleinets etn pasate sogtaninns ses he apestrde ods es enenosonuiaistntaitoatinn ens ‘famniliar replicou: “Obito? Mas isso € grave doutor?” Nesses casos, ornate pode ences ponpeatn da mpin dee memcatrny tai de tm mecminno laguegtma oe supose te cons do problema de laguagem mins soesaie oom aiteace nei aie A vegasfio mio tem que ver com intelig@ncis, cultura, nivel inde! oval, pols peso We nlee ce cheat ian econticospedem vita segs osnee O stewed ie tea_A ngaclo ako sd or fla do lnferagis eas Ge conden precldsin, ua sos que nis eo ae 2009 itso. sin como cause IS a f aclonliagis-porcicagie tune aa terabnene usa por pessous faformada iligeace pace ta owagaustao a informs pars rgurne ements dere ee ‘A etcn stl com ofc na wcnlogiem deinexa # das relagSes humanas, arbérnnlo dein de ser um vigs de negeg0 of | de angti eovlvde ne dong Ans profeuonas dc eee vf | manteaprea wot acicine olGetencioe face } | a,c caluntineue wlonedes, dot tapi te teat Be | stistitace qu trom adherens Primeta Parte: Dlagnéstico e UMA HISTORIA DE NEGACAO Havia na india, hé muios eteulos, ur homem rato rico €] bordose. Quando nascen seu prmogérito, ele decidiu gue aque | rianga, 0 desjade ¢ to amade, no ria de conhece er | or nem e tristeza em cua vide. Com ese int, randou construir micoptte toe rharerneteemeeorna| Isolavem do mundo H fora e de todas as cua misric, tis como & fome, a pobreze, a doenca, a veihi @ marte. Tedos os emprega- | os do pacto era jovens,bontos e saudéves. Bassi o merino| foi criado, poupado de todas az agriras do mud, e exé mesmo as palavras que designavarn tis desgracas era prvibidas no pli. 0 mento parecia feliz em seu parate terreno Mingidrs sabe exlicar a rads, mas 2o conpletar 19 anos 0 "pas comepon a sentir uma ingsergas terion areca que fl | ve algo —raaso qué? Ele tink mio 0 que dessjeva. De repent ih corre a fatten curisidede de covieetr 0 gus havia para além ceymrs Qund ct eplicis tperod elas ruas do mundo, cou chocado, O que era agile rudo que via que nen sabia o name, mas nada e der? Broa dcenca,avelhic, a pobreea ea morte. Veio-ihe wc grande irlteeamicturade dre volts contra a vide, que permit a eiséncla de cosas to jeias, Passade fase da wisteza e da revolts, conteicon ao pai que res unciri a oda sua rigueeaeprtiria pare o mundo em buses do wma solupdo para o sofrimento kuraano, mas uma solupao que nfo, fosse a de se escorder em seu lindo paldcio. B ass fc. Essa 8 cutee Ni drip Sra, rior do como Buda, Nasa af o budivmo.. Essa bela kistéria sobre « origem: de Buda ilusira a posigdo. regagio, mas também aponte a passagem pelo processo de revol- ‘ts, depressio ¢ enfrentamento. Mostra que a negegio jamais ¢ toxal 9 permanente. Hé sempre uma breche pela cual se vislumbra o “ ‘Manual de Pseolopla Hospltalar real insepor: 1, ¢ embora possa dorar de alguns segundos até anos, ba sempre e possibilidade de via reviravolta. Foi o que se dew com Sidarta. POSICKO NEGAGAO Tipa de soingfo Emopfo predominate Emopfo evitada Pensamento Onipoténcia Compatarento ‘Adiat ~ procrastinago tad de dniro Iitada © angustiads sajeita Ins Mecanismo Prego Forma de patsvidase Nie hi o prebleme Esperange Bagerada ecsonagem Side Fras Nie 6 possivel Na fim tudo dé cert Bobagem, comigo iso ‘mince seontecs Euselo queestoufimend ‘io, isso nko pode ester coatscendo (Quacro 3: Priteipais carecterstices da posigfo negasto -Posigio revolca Aqui a pessoa “cai na real", enxerea a doenga e enche-se de uma revolta que pode ser diigide pare qualquer Lada: conta « daea- (4, contra 0 médico cue a comunica, conta a squipe de enferma- gem, contra si mesmo, contra a femia, contra o mundo ov, contra Primeiza Part: Diagnéetice “ (Gum aparecee por pers, Virtwalmente, cualquer ur po Léa rava que ceracteriza¢ revota ‘Se na negego a frase carecteritica era do tipo “aso nfo ea tee comigo”, na revolts © que se exclama "sim, é comigo, enzo justo” Arevoltagorlieate se inieia como frstagSo,e¢ fil cbservar «que uma pessoa ustrada primeiraments se inita para depois se dezt- rt, Pareze quase uma seqléncia natura: Frstsgdo-initeto-depres- slo, A doenge 6 ur evento eom alto poder ds frstrgio, Em primeira legr, fasta 0 principio do prazer, pelo qual funciona nosso incon seiente, 20 introdazir a dor © 0 desprazer. Frustra também nossa ‘onipottncia infantil. na geal a vide aconteee segento nosso deseo [esse sentido, a doenca & mais uma fore de eastraeto a gue o ser Ihomnano ¢ subtisido em. sua jorrada, Também co sentido préico a “Toenge € muito drustrame, Fie frustra nossa liberdade e nossa rtina Quando uma pessoa adoece, ela pede «liberdade, ilo pode ais fuzero que ener, em Ge fazer algo ern relego & doen, como, por exemplo, gasta: seu tempo procurando tratemento, 03 entio reudar habit de vida, 05 habitos. Conforme a gravade da doenga, sla usta também 0 “ROH Tuiro, € no 6 por meio da morte, que poe fica qualquer ‘ura, mas também pele limitagBes em vide que a doéeea sears ‘Estamos falando dos sonhos arofssionsis e passonis que urns doen- «8 pode compronezer, Beja por incapacidade fsica oo por consurie © tempo € o dinkeiro que estavam destinados 2 exisas mais interes- ‘antes, Outro aspecto particularmente intent é a per - sna, povoeada por aleuras doencas. A pessoa jé nfo guia soe vida, Ing muitas pessoas dizendo 0 que ela deve fezz, isso cuando no passa a depender conerstamente de outras pessoas para coises bici- 38 como ander, comer; fazer sua higiene pessoa, etc, A nose cultura valoriza muito o tabalko, eas doengas cosai- mam limiter ¢ produsividade da pessoa, tempocSra oa permanents- mente, Além disso, o trabalho também exerce sva funglo de fuga dos problemas pessoais, de moda que qzando a dcenea limita 0 sa- ec alvo Manual de Psicologia Hospialar balho, pode estar jogando a pessoa de sara com problemas que ele gostaria de evita: Isso pode levartanco' negaglo quan 2 revolta, Contrastando com a passividade-associada & posisEo regagio, & sevolsa caractria-se por ums intersa mividade. Enzesatt, ao do ‘ems nos incr com ess alividede pois nm ode atvidade 6 prod- iva pode ser mere egitasgo. Qual 6 diferenga? Agitagio 6 ativicade fora de foes, no diresionada ao problema, nada resolve, € para Ges “Ganga energética sem objetivo a set alcancado, Essa é uraa noel vali- ‘sa em psiclogin:sividade nfo & igual « prodividace Essa icfia fo: sistematizada pela psicéloge norte-americanc eT a ee { "ae qese wn psson poe er uv. Apa € aren tagdc”, que ocome quando & pessoa age para agradaco outro, © 10 para resolver © problems; a seganda & 0 “nada fazer", em que aio existe aividade; a tercera € a “agiapdo”, que se define s0:20 ago no focalizada no problema, ¢ a quart forma 6 a"violénsic”, aque se care:erize por autoagressividede¢ beteroegressvicade, que no resolvem o oroblem. Fazendo urna corelagHo entre as quit ‘oemas ce pessvidade a as quatro formas de teagi 8 doenga, tems ‘© segnints: ¢ evidenie a passividace nas posigSes de nagaclio e de- ‘ressoe,embors possa parecer paradoxal, arevolta, com toca sie gitesio, podendo chegar As reas ca violencia, também ¢ ure pas- sividade enquanto no levar ao eafrentamerto da dcenga, esta sim « osiglo mais produtive de todas, entendendo-se como produtiva @ \ possiilidade de atravesser 0 provesso de adcecimente Iu:ands cot. \ tra a dosnge, e nfo contrat fruszesto ou conira a angus, © que mais cos interessa mals nese moment, pela suc eszeita Ligagdo com a revolia, 6 & agitagSo, Vejamos alguns exemslos: urn pesson que diane da doenge se comporta de mania nervosa, gtanco, chorano, qcbrands cosas ¢agredindo essons épastva exbarees- ‘3ja ito tiv. Por outo ldo, se mesmo comporainento em im "momento aguso, como no oxso de noticia da more de um exte qutico, “lo 6 comporsamemt passivo, porque pve efstvamente ajuda, como forma d> cas, aenfentr 2 engi dagueleinsarte. Pimeira Parte: Diagnsstico a Cato exempio: um cinmgito que ducante um cicurgia depara- se com uma imprevista artéria rompide a jorrar muito sangue, nada ‘ganhs enteegando-se i agitaglo, esbravejando contra a mS sort, jo- ‘gando instrurentos cirirgicos na mesa, agrecinco verbalmente mem- bros da equipe ou fazendo manobcas cinirgicas epressadas © ne:vo- ‘sas. Em ua: tnomeato como esse ele 56 tem uma coisa a fazer: man- ter 2 calma a fim de conseguic picgar a artéria e estanca: 0 sangrameato, Qualguer outra coise seria passividace, Cabe entio nfo confundir nervosismo e agitagdo com efciéncia, Nos momen tos mizis ditfceis 6 a focalizagio da ago que tem mais chances de resalver o problema, ¢ ndo um elevado grau de atividade, O termo “peciente dificil”, to comam nas enfermacias dos hos- pitas, nfo se sefere a um paciente cuja doznga exija muito da equipe médica quanto A :éonica, ese se denomine, ca verdade, ur caso gra- ve, mas designa o paciente que tem problems de zelacionamento, seja porque esté sempre de cara fechada, co querencio conversar com ninguéim, seja porque é muito cftico ou saredstco cor ce que cuidem de sua sede, como médicos, enfermeicas oa farniliaes, O paciente didi € o protétipo da pessoa na posiclo de revolts, embora alguns pacientes un posigio depressfo também possam receber esse rétu. ‘sees pacientes acebim sendo evicados pela equipe de ume forma ‘conscieate: “ah, desse da eu nfo cuids"; ou insonseiente, 2ormeic de ‘Pequenos escuscimentos dos-horirios de medicazZo, cxidados muito _apressados,siléncio temeroso, ete. Na doenga, como-ca vide, raivosos deiperam meco afastarento. Tratar esses peciectes por esse cami- tho do isolamento s6 faz pioear a sizsgic. Quando eles poder ser ‘escutados em sua revelta # mau bumor, quando odem ter seus seati- mentos reoondecidos, seus medos vestilacos numa conversa desar- ‘mada, geralmerte melhoram muito em seus relecionamen:os. core cue & mesmo muito mais dffcll lidar com pacientes na revolta do que na negagio em razic de seu coportamento quere- lant, ruidsso, disruptivo até. A esses motives deve-se somar 0 feto dde que nuncaé ficil, pare a equipe, perceber que eqvela agressividade ‘que the eatd sendo dirigide nada tem de pessoal, © psicélogo, “a Manual de Psicologia Hospital eset “ado em seas conhesimentos sobre transferéneia © acting out deve, sdesiment, ester preparedo tanto pera lidar com: umn paciente asin, bem como pars o=entare dar soporte b equip. “Estou apren- dendo a faxsr carativs em porco-espinino” disso-me ceria ver uma ecfermeira, explicardo porque ‘achave. que determinado pacieate precisava de stendimento psical6aice. © pensamento ne revolta gica em tomo do tema da justiga, ot melhor, dé injustige de a doenga scomater alguém que aunca fea ma: « ninguém. Maites v2zes ouvimos comectécis Co tipo “Filena, que & uma reste, um erfpale, esd tio ber, 2 essa pessoa tho Sobre pes- Sando 20: todo esse softimento”, O escsitor J J. Simmel pergim‘a, 30 titulo de wm de seas livos, “por que-esisas mins acontecem a pessoas boas?” Pare além éa angie e revolta desses questonamentas excon- crate um modelo morel de doenga, pelo qual a doenga é enterdida como urn castigo divino por determinados pecaés, ou wm castigo da vida em razho de hfbitos pouco sandavsis Laplante, 1952). 0 problema é 0 seguinis: a doenga carrega em sex Amago 0 prinefrio da incertza; pessoas boas e més adoecem, pessoas desleixadas e supereiadosas adoecem, nfo hé ura garantie contre a éoengs, 2 ausncia de garantie ger engistia. Como nc se trata de um julga- rento, 0 trabalho do psic6logo hospitalar constitu-se em ouvir e3- ses queixas sem reprimi-Ias, mas também sem estabelecer versdie- to do tipo “s vica eo € just”, os quais, embers verdadaeos, :& estio por dema's desgestados. Cabe escutar muito mais no lugar de testemonta do gue Ce iz. Se ne negegio as solugbes tentadas so mégicas, na revolia clas sto do spo impulsivo, muito mais uma agio pera descareger tenséo accmulasa co que tenativas é¢ solucioner qualquer fro- Dlema, B na quelidade de vdlvula de escape, de diminuigio da en- ste que es devem ser Sustentadas e apoiadas 3e priosiogo hospialay, na medida do possivel, Ndo so solugBes vee- ddadeiras, mas gjudacn a manter a angéstia em ura nivel suportével, ce maitas vezes nfo hS mestoo neds de efeivo que o paciente passa, Primera Parte: Diagnéstico we fazer nequele instante, mas como fazer nada & case icsuportével para os seres bumanos, caber solugées que distraiam a stengio, AS solugdes do tipo impalsivo se enquadram no tipe de rassivid de denominado “agitacéo", que comentarnos acima. Nesse senti- do, cabe dizer que muitas vezes a ago € fora de foco porque niio existe mesmo um foco, nfo hd um problema a ser resolvido, € n2s- se caso 0 que fezer? A raiva € positiva, é um sinal de Iusa pe'a vida, uma tencative de aficmagdo subjesiva. © problema da caiva, aa zevolte, 6 9 seu cexagero e sta constincia, que a denuncizm como tentetiva de ev tar algurna ovira coisa. De modo geral as emoges huranas acon- tezem em uma curva do tipo pico, isto &, comegam er baixa in:en- sidade e vio crescendo até atingir um pico miximo, depcis do qué inisiam um declfnio, Quando qualquer emogd muda sua curva do ‘ipo pico para o Spo plat8, que 6 a intensidade do pico mantida, ‘como podemos visualizar na figura absixo, devemas ficar atentoe pera seu cariter de disfarce de alguma oatra emo3éo. Pico ~ Plato igura 4: Curva des emogées — E nanral ume pessoa sentir raiva diante da doenga, mas se ela pase o tempo todo sentindo raiva, se essa raiva se toma uma condi- fo quese permaente, & hora de nos perguatarmos: por qué? Com muita fregiéncia uma raive desse tipo esté a servigo de evitar a an- siistia © a tisteas, De modo similar, se atristsaa se coma zermanen- te, como veremos na depressia, gevalmente envolve uma dificalda- de em lider cor a raiva. Nesse camps emocional, o trabalho do psi- blogo hospitala # facilter e expresstio das emogéee evitacas, mes 30 ‘Manual de Pslslogia osptalar de nods edianta acuser 0 pecients de estar zepimindo essa ou aqus- a emogio, No € pela vi da deatncia que o paciente chega A emo- «fo que evita. psicélogo pode apenas acompanhar 0 caminto que vai Ga caiva tristeza, oa vice-versa, mas nfo pode indizi-lo. O me Ihor é ficar atento ao discurso do'paciente e, quando ele eviderciar « ‘emogfo evitada, chamar a sue atcngdo para ele, Se ele extiver pron- to, vai “engatar” © mucar de posigzo, Caso contritio, nlo. Cae es. Petar © acompentax, Conselhos do tipo “solte-s”, expresse suas eropdes podem sé ajudaz, mas um siléncio genutno po: parte do psicdlogo é um convite maito mais poderoso, tem quase & forga de um véex0, que ‘puxs, sem forsaz, aqulo que esté reprimido, Esse & o segredo ca psicandlite: fazer siléaco, um silencio pea se preenchido pela fala ds pasients, e alo pela do psicdlogo. Outza coiss: depois que a erao- ‘o fol expressa, nfo € preciso concluir nada, jé est feito 0 mals Jmporante: ele flou, aio cabe tirar reakumm liglo de moral disso, tipo, ".est4 vendo, agora tode vez que sentir alguma ccisa, dia”, (Outro exemslo; diante de um pacienteraivoso que go files, ttubeia, feagasga e compa a der sinais de choro, melnor do que Ine dizer ‘vamos chore”, € fazer um sldacio expectante, pacient, sem aasic~ dade. £ da oxdem: do perfume o‘rabala0 do psicSlogo hospi:ala: ‘ue ser sui, nse fgaz, no pode ser mut ou intens, se ‘ko estaga, & ume ere a ser culivada esse argécio de “stencimer- tp psicolégico” ‘Uma pessce que permeneoe tempo demas na posi revoke scabs por desenvolver um paca de estresse, O estresse um aste- o de prontidfo pare a lute. Nele, todo o organismo, a meate e © orgo, coloca-se emi aleria, os misculos se enrijecem, a respiraeio fice mais rfpide, o coregdo dispar, grande quantidade de adrenaline € despejeda ca corente sanglina, os clos se abrem mais sara or ‘cebero meio ambiente, ec. O estesse & positive quenco existe mes- mo um desifio a ser eaftentado, jé que ele aumenta o desempecho Go organicmo no provesso de luta ou fuga. Entetaito, cuando ¢ ‘mantiso cronicameate, tanto o corpo como a mente comecam. a der a Primedea Part: Dlagnéstica a sintis de exaustéo, com queda ds rendimento global e cimimsigéo, as mesmo, das defesasimenoligicas do coepo (Sebastim, 1598). Na posigio de revolts a pessoa rxist, luta,e 0 6 velioso, mas € preciso caminbar em direpto a am enfren:amecto tras realist, provocada pela doenge egerimentepercebe sen estas de sad com sen o.mais grave do que zealmente 6, Ours vezes ess isptéacie se estendelevando «ume descrenga nos poderesteaptusecs da ee. Gieioa e de pscslogia, # comm nas primeitasentevsis es cuamos 6 paciene dizer coisas como “de que edna fcar a felando de minha doenga com voc’, isso n&o vai mudar nada”. E inveresante nota como esa é ama das primiras coises a mua 0 gud pstguico éaquelepeconte em stensimerto iclbzico, Ele comese a descotre que a palevra pode, sic, maar as exisas, crab as pps pv, eno 2alara dos cuts, em forma So conselvo ou orienlagi. a sua paluvtaplena. caregada com 2 3 ‘Maanal de Psicologia Hospitalar sua verdade pessoal que, quando expressads e sustenteds pelo ps blogs hospitales, ouvintetreinado para isso, desencadeia um m:3- terioso processo de mudange, se nfo da doenga, da forma come ela & vivencinds, E nesse instante que surge & nova frase do peciet lc para 9 psicélogo: “voe® pode vir novamense amani parn eoat- ‘nusrmos conversando?” Seas solupées tentads pelo paciente sto mégicas na negeeio e jmpuisivas ca revolte, aqui clas sfo co tipo narcisice, Nere'sismo Signifia o reeclhimento da libido investids nos objetos pera inves:- ‘mento no proprio ego. A coenga provoca mesmo esse rearessio, que € na verdade una tentative de cura, tentative de reconstncigte da prépria forme dc ego, Note-se como 2a depresslo a palavra “cu” é insistence: “eu no consigo”, “ex nfo tenho tas jeito”, “a vida con- tic igual, e3 que no encontso mais prazer em nad". Quando Pessoe puder, vai volter sus atengfo novamecte para as coisas do mando © da doenga, af estaré se iniciando 0 processo de enfreatamerto: é a volta éo péadulo, A tisteza 6 emogio emblematica da posigiio depressic. natural sentir tristeza diamte da doenca, consideranco-se cue a tristeza & a emoglo da perda e cue a doenga se faz acomponhar de muitas perdas, algunas concretas, outra imagicdries, mas sempre perdas de objetos pulsinonsis. Nao Zeer trs:e curante 0 Processo de adoecimesto ¢ um estado a ser alcangado apés al- guts tabalko de elaborecto psiquica, € um ponto de enegada, ¢ ‘aurea ura ponto de partida, Entretanto, cuando a trisseza se cris- liza, monopolizando todo o cenécio emocionel da vida da pes- 504, isso pode significar qu> existe uma exclusto das cutres nog6es, ¢ geraimente o problema 6 com araive, A amente entristecida pode ter vlnerdvel, sau: garam, carecter(stice da condigdo humana, permanentementeenjita 2 ups ddacaga qualquer, mas 6 livre para posicionar-se ciaate dela, Pacaft- seando 0 dito existencialista de que “no impoca 0 que sexs peis fiaerum de voit, 0 que importa € o cue voct vai fazer com 0 tue sexs pes fizeram de voct", podemos formula: o mais importante ‘nfo & 0 que a doenga fez de woe, mas 0 que vee? vai faze" com 6 que a doenge fez de voct. afrettamento, a pessoe buscs solugées do tipo realist, aso que sec realista? © que 6 o real? Nao sabemnos exctamnen. te o que é arealidade, mas seja ld o que ela for tem, no acimo, ois lados: um que podemos modificare ottro gue nZo pocerios ‘motificer, 0 primeiro correspondendo a nossa potéccia real ¢ 0 segurdo # nossa impotéaeia real. Diante de qualcuer situayio, or pior que ela seja, hd sempre algo que possazmos fazer. Diane de um dingn6stico de doenga grave a pessoa pode procurarviri- os especialistas em busea do melkor tratamento, ¢ nisso ela € Potente. Por outro lado, 05 limites existem, © mesmo meli0r "Eatamento pode ndo curar a pessoa, um pont lime de med 1a, do conhecimento humsso, em telasio 20 qual a pessoa cada pode fezer, Nisso cla ¢ impotente, Realisto para nbs significa a somt da pottncia mais » impoténcia, Quando # pessoa no erga sus pottncie, achend> que nada pode fazer, temos « de- reseio com sua impoténcia total Se, ao contro, a pessoa ao se da coxta de sua limites schardo que sede tudo, t2m9s 0 on:po- stncle ceractesfatica da negaslo. O quacro abaixo esguematiza essa ii, ; i Primel Parte: Diagnéstice ® Onipoténcia = Poténcia cor: impotéacia regede. Realismo = Poténcia + Inpoténeia Impoténeta = Imposéacia cor poténcia negada (Quando 7: Diageema do relismo Na posisto euffentameaco a pessoe, mestco estendo coente, 6 poteate porgce asda est sendo negado. Quano nio nego nade em rin! mesiio, nem a exist@ncin de mintas fraquezes, quando posso Ser eu mesrao com mens defeitos © qualidaces, quando posso egira parts de meus sentimentos é, enfim, quazds sou tas forte, mais seguro ¢ polente. Quazdo uma pessoa cs tem nada a esconder de si mesmo, ou dos outros, sente-e live e Zorte. Essa saver seja uma cexplicase pare o dio religioso de que a vardade vos ibertrd. Essa ‘erdade, So conhecida na psicoteapia, om: gerl tacbém vale ca Psicologia hosptelar ese chama enfreatameto © pensamento aa posigdo ectrentamen:o se carzcteriza pele sua amplitude, bastante inclusive e nfo nega specs positives ov reguives da realicade © da doensa. Tel cestaeio da doeaga no & promtura tem passive, ¢nisso se ciferercia da aceitagdo existente 1a posiglo depresszo. ‘Our camteisica do pensamento 2a oso enfrentarsento que‘ paciente nto ext mais em busca de sentido, de uma explico- s#o para e mi sorte. Quatdo a doenga eclode, a pessoa geralente insiste om se zerguntar “mas por que 2u?’, "0 cue fo: que eu fiz?" No eafrentameno isso ao ¢ mais tio impoctacte, A pescoa pica Ge pergumtr, nfo porque jé tena encontrads a resposta, mas por que descobriu que tose trata de saber se « doenea faz 03 mio sen- {ido sia de saber 0 que fazer com a deeaga, £ como se ee tivesse conseguido esvazier « doenge de tozos os sous sentidos imeginési- os, ficando epenes com 0 s2u cago, ums ncleo duco do real cue nfo demande sentido, « si: pode posisionamerio. os ‘Manel ée Pecologla Hospitalar Ute caso muito particalar de enfrem:amento & 0 do paciente terminal, que tendo passedo por todos os estigios enteriores, alzanze sum estado em que contempla ses fie préxirio com uma especie de ‘yanqtilidade. Nao se deve idealizar esse morcesto como um estado de sabedoria ¢ Zelicidade: ele se caracteriza mesmo por uma descetexia dos objetos emorosos, uma diminuiso do interesse pelo undo excerior. Também nfo é um estado depressive, & medida que see € uma desisiecia antecipad. A depress $ um antes da Wa, @ sceitaxzo, um elém- com uma biografia dn:eae condigées de vica bem especificas Isso exige que o psieblogo nfo se fixe em une suposta lisa de com Portamentos tipicos da posiglc enfrentamen:o, mas que estee aber- ‘0, como pessoa, ambém com sua intuigfo, pare seat cue naquele comportamento diferente do paciente bi uma mdanza em ande- men‘9, oma semente de enfrentamento, O enfrentamento é na ver- dee um processo, eo chaamos de posigKo, #56 por urna ques:30 de vniformidede temeinal6gica O dis-a-dia de ursa pessoa pode ser bas:ante influenciado pele posiglo que ela essums em relago a sus dcenga, Na negagfo clase ‘ora initediga ¢ angustiada, na revolta fica esressade esolitiia, na Aepressio no v2 graga em nada e faz as coisas por fazer, € no enfrentamento a pessoa aprende a desfrutar 2 pazer das peguemas 25, tudo que faz parece carregado de mute intensidade, aléry do que ela vivencia certe serenidade, que & primeira vista poce paredoxel diante de sua sondigfo de enferma. Ozore que, quicd> lure pesto se pe ex: cottato com sua axépria verdade, ela Se toma forte ecelma, pode baveristeza, mas nfo hi depress, poce haver ‘eco, mas sem ansiedade, & uma posiglo busante rca do ponto de visiapsical6zico, Quanto go aspects comportamental, odemoe rest mio éa so- sointe maneire: na negaglo 2 pessoa é uma procrastinedova, acia © qe sem de sor feito; na zevlla, ela faz mutas coisas, mas quese tudo & sem foco, uma agitaglo; na depressia nada fz, parlisars: ‘én enfrensarento a pessoa faz qu tem de faze. Mas 0 que ela tem de fazer? Nio 6 possvelsabé-lo entecipedamette a pessoa far © a posterior’ verfia o acero, ou ndo, de sus etos, Estamos agai ‘em pleno dominio ds prinetp'o da incereza, Nao exists a coise cer ta: existe « coisn que dé exto (Nabcege, 1996), Eu gostaia ansto de afimar que quano um pacients passa pelo sea ententamento, a mudanga sed nfo apenas em sua manei- 1e.de der com a doerga, mas também em seu imazo como pessoa. Isso seria confrmara ida ifocomur em nostos die, de que cuando toma pessoa passa por uma doenga grave e fica, par exemplo, at

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