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2017

R$ 20,00

Exclusivo: quem adota WEG: internacionalização Forças regionais:


as melhores práticas de e diversificação colocam quem se destaca e garante
governança corporativa a empresa de maquinário o desenvolvimento de
e ganha com isso à frente do mercado Norte a Sul do País
Job: 47511-118 -- Empresa: Publicis -- Arquivo: 47511-118-AFR-Bradesco-Inst-MaioresMelhores-An-Anuario-41x275_pag001.pdf
YQ 0002-17 CAMPANHA ANUNCIO REVISTA 41x27.5cm - CANYONS.pdf 1 06/09/17 09:43

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10
APRESENTAÇÃO
Diretor Presidente: Francisco Mesquita Neto
Diretor de Jornalismo: João Fábio Caminoto
Diretor Executivo Comercial: Flavio Pestana
Diretor Financeiro: Marcos Bueno
Diretora Jurídica: Mariana Uemura Sampaio
Diretor de Tecnologia: Nelson Garzeri

Diretor Geral: Daniel Parke


Editora-Chefe: Teresa Navarro
Editora Executiva: Cristina Canas

PREPARADOS PARA
A RETOMADA Diretor de Projetos Especiais

ECONÔMICA
e Jornalista Responsável:
Ernesto Bernardes MTB 53.977-SP
Gerente de Produto: Gil Kothen; Gerente
de Conteúdo: Bianca Krebs; Diretor de Arte: João
Guitton; Gerente Comercial: Gabriela Gaspari;
Coordenadora Comercial: Patricia Angela Silva;

N
Analista Comercial: Isabella Paiva; Gerente de
ão há dúvidas de que o cenário tração (FIA), o ranking foi desenvolvido a Planejamento: Andrea Radovan; Coordenadora
atual exige do empresariado partir de uma metodologia exclusiva que de Planejamento: Carolina Botelho; Analista de
brasileiro, além de cautela e analisa as empresas em quatro dimensões Planejamento: Julia Santos; Gerente de Eventos:
Fernanda Wares; Coordenadora de Eventos:
atenção redobrada nos permanentes mo- financeiras – receita, lucratividade, porte e Márcia Diniz; Analista de Eventos: Marcelo
vimentos político-econômicos do País, consistência histórica dos resultados –, o Molina; Coordenadora de Operações
estratégias claras para aproveitar as opor- que permite definir com confiança aquelas e Atendimento: Larissa Ventriglia.

tunidades ainda existentes e as que vão que melhor impactam seus setores.
DIRETORIA COMERCIAL
se abrir no momento de retomada. Mui- A partir de uma base de informações de Diretor de Publicidade: José Pereira Guabiraba
tas empresas, apesar do declínio de seus cerca de 5.000 empresas que fazem parte Diretor de Marketing Publicitário: Marcelo Moraes
mercados, já aprenderam essa lição nos do banco de dados da Austin Rating, foi Diretor de Publicidade Digital: Paulo Arruda

últimos anos e colhem os frutos de suas feita a análise dos resultados financeiros
DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA
definições estratégicas com bons resulta- disponíveis nos últimos quatro anos. Essas
dos, seja investindo no mercado interno, companhias foram, então, classificadas de
seja no mercado externo. Também houve acordo com os critérios estabelecidos e as
quem optasse por políticas extremas de mais bem posicionadas no Quadrante de
otimização de custos. Outras ainda apos- Impacto (QI) FIA/Estadão, também desen- Diretor-Presidente: Erivelto Rodrigues
Economista Chefe: Alex Agostini
taram na inovação e na melhoria do rela- volvido com exclusividade para esse estu- Gerente de Base de Dados: Alexandre Campos
cionamento com o cliente. Em comum, do, compõem os destaques dos 22 setores Analista de Dados: Eliane Alves e Renato Almeida
essas companhias que vêm se destacan- analisados nesta edição.
do no Brasil acreditam que a crise é pas- O resultado do estudo vem acompa- METODOLOGIA QI. EQUIPE RESPONSÁVEL

sageira e aguardam, com certo otimismo, nhado ainda de um mergulho em um


a tão cobiçada retomada da economia, dos mais relevantes temas da atualida-
que promete chegar em 2018. de no mundo empresarial: as práticas de
Coordenador Geral: Prof. Sergio Assis
Mapear a ousadia e quem soube de- governança corporativa nas corporações Coordenador Logístico: Ricardo Luiz Camargo;
senvolver planos efetivos para vencer o brasileiras. Também realizada em parceria Responsável frente Econômico-financeira:
oponente impiedoso da instabilidade eco- com a FIA, a metodologia teve por obje- Ricardo Celoto; Responsável frente Governança
Corporativa: Prof. Armando Matiolli;
nômica e política é a proposta do estudo tivo avaliar a aplicação da disciplina de Comunicação: Francesco Querini
Estadão Empresas Mais, que já está em governança pelas organizações segundo
sua terceira edição. O ranking aponta as as melhores práticas de mercado, tendo COLABORADORES
Gerente de Projeto: Gisele Lupiani;
corporações que mais impactam positi- como bases o Código Brasileiro de Go- Apoio à Pesquisa de Governança Corporativa:
vamente os segmentos em que atuam de vernança Corporativa e o Código de Me- Lilia Mendel e Janaina Gonçalves dos Santos;
Texto, Edição e Redação: Camila Caringe, Cristina
maneira coerente e consistente, avaliando lhores Práticas de Governança Corporati- Zaccaria, Dante Grecco, Fabio Barros, Fernanda
dados desde 2013. Realizado em parce- va do Instituto Brasileiro de Governança Angelo, Fernanda Colavitti, Gabriel Grossi,
Lia Vasconcelos, Sônia Penteado; Revisão:
ria com a Fundação Instituto de Adminis- Corporativa (IBGC). Regina Caetano; Arte: Andrea Chang, Cristiane
Pino e Leandro D’Faustino; Ilustrações: André
Maciel; Evento: Dulce Lofiego e Tatiana Jorge
Endereço: Av. Eng. Caetano Álvares, 55,
4º andar, São Paulo-SP – CEP 02598-900
E-mail comercial: gabriela.gaspari@estadao.com
ESPÍRITO SANTO:
TRABALHO, INVESTIMENTO
E CONFIANÇA.

Um Estado que cresce com planejamento e responsabilidade.


Com contas equilibradas e garantia de serviços essenciais nas
áreas de saúde, educação e segurança, além de projetos inovadores
com foco na juventude. Um Estado que investe em infraestrutura e em
parcerias entre os setores público e privado, favorecendo a atração
de investimentos. Tudo isso com controle das contas, gestão intensiva
de projetos e transparência. No Espírito Santo construímos um
presente com responsabilidade e um futuro de oportunidades
para todos.

GOVERNO DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO
Secretaria de Economia e Planejamento
12
ÍNDICE
O CONTEÚDO
DESTA
PUBLICAÇÃO ESTÁ
DISPONÍVEL EM
www.estadaoempresasmais.com.br

176
RANKING QI
Empresas Mais
Edição 3 - Outubro 2017

CENÁRIO
14 METODOLOGIA

184
Conheça quais foram os critérios usados
na definição da metodologia Quadrante-
Impacto, desenvolvida com exclusividade
pelo Estadão e pela FIA

RANKING 1.500
18 MACROECONOMIA
Analistas avaliam o cenário econômico
para os próximos meses no Brasil

24 A GRANDE CAMPEÃ
A WEG Equipamentos, líder do ranking
Estadão Empresas Mais, aposta na
inovação e no desenvolvimento de novos
equipamentos para atender cada vez melhor

142 DESTAQUES REGIONAIS


As companhias que se destacam e
impulsionam as regiões Norte, Nordeste,

244
Centro-Oeste e Sul

156 GOVERNANÇA
Como foram analisadas as empresas com
maior nível de governança corporativa a

SERVIÇOS
partir dos conceitos Teoria da Avaliação

250 OPINIÃO
Líderes de várias empresas nacionais contam
os segredos para vencer na crise FINANCEIROS
ÍNDICE 13

SETORES 30
Agricultura e Pecuária 32
Alimentos e Bebidas 38
Atacado e Distribuição 42
Bancos 46
Educação 52
Eletrodomésticos, Eletrônicos e Informática 58
Farmacêutica 62
Indústria da Construção Civil 68
Máquinas e Equipamentos 72
Metalurgia e Siderurgia 78
Mineração, Cimento e Petróleo 82
Papel e Celulose 86
Química e Petroquímica 92
Saúde 96
Seguros, Previdência e Capitalização 102
Serviços 106
Telecom 112
Têxtil e Vestuário 116
Transporte e Logística 120
Utilidades e Serviços Públicos 124
Varejo 130
Veículos e Autopeças 134
14
METODOLOGIA

ANÁLISE COM
OBJETIVIDADE
Saiba como é a metodologia Quadrante de Impacto-Estadão
(QI-Estadão), desenvolvida com exclusividade pela FIA e que pelo
terceiro ano consecutivo identifica as empresas brasileiras de
maior impacto em seus setores de atuação

D
Porte: indica a dimensão

$
efinir as empresas mais importan- agência classificadora de riscos. Misturan-
tes não é exatamente uma tarefa do as especialidades de cada um desses da empresa no seu respectivo
simples. Para chegar a um ranking parceiros, foi possível estabelecer não ape- setor, derivada de tratamento
claro e objetivo, é necessário reunir bases nas o ranking das 1.500 maiores empresas matemático aplicado às suas
de informações históricas, consolidar da- do Brasil, mas também aquelas que mais receitas e ativos;
dos, ponderar os critérios mais relevantes impactam seus setores, as chamadas com-
e, então, encontrar aquelas que não ape- panhias de alto impacto. Desempenho: aponta
nas são as maiores, mas também trazem Assim, as instituições que se destacam o desempenho econômico da
melhor desempenho e consistência de re- no ranking QI são as maiores e as de mais empresa no seu respectivo
sultados nos últimos quatro anos. Para for- alto desempenho econômico em 2016. A setor, derivado de tratamento
mular essa receita, O Estado de S. Paulo métrica de avaliação para cada empresa matemático aplicado ao
contou com a valiosa parceria da Funda- é o Coeficiente de Impacto Econômico retorno sobre os ativos e à
ção Instituto de Administração (FIA), da (CIE), que é a ponderação de duas métri- taxa anual de crescimento
Agência Broadcast e da Austin Rating, cas com escala de 0 a 100: das receitas.
METODOLOGIA 15

QUADRANTE DE BASE DE DADOS


ALTO IMPACTO Foram utilizadas duas fontes de dados de
empresas abertas e fechadas que atuam
O gráfico abaixo ilustra a distribuição das no mercado brasileiro, divididas em 22 seg-
cerca de 100 empresas mais impactantes mentos econômicos:

1
analisadas em termos de porte e desem-
penho. A maior área destacada no canto
superior direito do gráfico seleciona as Base de dados da Austin Rating;
corporações com coeficiente de impacto
maior ou igual a 80.

2
100 Informações de balanço
90 fornecidas diretamente
80 pelas empresas.
70
60 É importante reforçar que, para efeito do
50 ranking estabelecido pelo QI-Estadão, só
40 foram consideradas companhias que pos-
DESEMPENHO

30 suíam todos os dados necessários dos úl-


20 timos quatro anos – com informações de
10 desempenho dos anos de 2013 a 2016.
Assim, é possível avaliar a consistência dos
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 resultados no decorrer do tempo.
PORTE
A categorização das empresas por seto-
res foi efetuada de acordo com a Classifica-
ção Nacional das Atividades Econômicas
QI ESTADÃO CI>=90 CI>=80 (CNAE) do IBGE, sendo associadas a cada
um dos grupos. Esse critério, entre outros
As empresas avaliadas podem ter va- pontos importantes, agrupa empresas que
riações sensíveis em seu desempenho atuam dentro de perfis de tributação se-
de um período para outro, o que se re- melhantes. Para melhor enquadramento,
flete em variações nos indicadores para foram efetuados filtros na base de dados
as quatro dimensões referidas. Por este das empresas, procurando congregar da
motivo, para os indicadores referentes maneira mais coerente possível. Foram
a ativo, receitas, retorno sobre ativos e também desconsideradas companhias
crescimento já expressos em centis, a com faturamento anual inferior a R$ 100
metodologia prevê o cálculo da média milhões, aquelas que não tinham informa-
ponderada dos valores obtidos para os ções completas nos anos de 2013, 2014,
últimos três anos, incorporando des- 2015 e 2016. Também foram descartadas
ta forma a consideração histórica sobre instituições com receitas ou ativos negati-
cada um deles, provendo consistência vos ou cujo EBITDA negativo seja em ter-
temporal aos mesmos. mos absolutos maior do que o ativo.
18
MACROECONOMIA

Foto: Alan Teixeira


EXPECTATIVAS: No evento de premiação Estadão Empresas Mais, Henrique Meirelles mostrou-se otimista quanto ao crescimento da economia para os próximos meses

Economia dá sinais de reação


Após dois anos seguidos de recessão, tendência de queda é revertida.
As perspectivas são de que o Brasil volte a crescer a partir de 2018

D
urante o evento de premiação Es- 3,6% no ano passado, então, um aumento
tadão Empresas Mais, ocorrido de 3,2% é bem substancial”, afirmou o mi-
em meados de setembro, o minis- “O Brasil teve nistro da Fazenda.
tro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou O otimismo de Meirelles ainda não en-
ao empresariado presente ao encontro que
dois anos seguidos contra eco em todo o mercado brasileiro,
o Brasil deve crescer 2,7% no quarto trimes- de recessão. mas existe um sentimento geral de que os
tre deste ano em relação a igual período de índices de desempenho da economia bra-
2016 e que este dado é mais uma prova de
A última vez que sileira parecem ter parado de cair. O Ins-
que a recuperação da economia é nítida. isso ocorreu foi em tituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Meirelles acrescentou que, comparado ao (IBGE) divulgou recentemente a Pesquisa
terceiro trimestre do ano, o crescimento
1931 e 1932.” Industrial Mensal (PIM) relativa ao mês de
Alex Agostini,
deve ser de 3,2%. “Isso significa que estare- junho deste ano. Utilizando o exemplo da
economista-chefe da Austin Ratings
mos entrando em 2018 com um ritmo de indústria, a produção nacional apresentou
alta do PIB de 3,2%. Tivemos uma queda de variação nula (0%) em relação ao mês de
MACROECONOMIA 19

maio deste ano. Isso depois de dois meses momento em que aumentava o endivida-
de crescimento, período em que acumulou mento das famílias, reduzia-se o crédito e
ganho de 2,5%. Se comparado com o mês o preço das commodities agrícolas caía por
de junho de 2016, o desempenho deste ano conta da desaceleração do mercado chi-
mostra expansão de 0,5%, o que representa nês. “Tudo isso também impactou a ges-
o segundo resultado positivo consecutivo, tão de caixa das empresas e o resultado
muito embora o aumento ano a ano apre- do Produto Interno Bruto (PIB) deixou isso
sentado em maio tenha sido de 4,1%. evidente”, completa Agostini.
Com isso, o índice acumulado nos seis
primeiros meses do ano registra incremen- RECUPERAÇÃO FUTURA
to de 0,5% no setor industrial. Olhando-se Passado o furacão, 2017 tem sido o ano da
o desempenho nos últimos 12 meses, o retomada do fôlego. Meirelles faz questão
que se vê é um recuo de 1,9%, o que não de afirmar. “Saímos da recessão mais lon-
é ruim, já que mantém a tendência de re- ga de nossa história e estamos no início
dução do ritmo de queda. Nos 12 meses de um novo ciclo de crescimento susten-
encerrados em junho de 2016, a queda ha- tado”, diz o ministro da Fazenda. Para ele, o
via sido de 9,7%. O setor industrial é uma governo também tem de continuar a fazer
amostra do que vem ocorrendo com todos a parte dele. Entre as decisões que devem
os setores econômicos e as origens des- alavancar o mercado estão uma redução
sa busca pela recuperação estão nos três do papel do Estado na economia, as re-
anos passados. Alex Agostini, economista formas microeconômicas que devem criar
chefe da Austin Ratings, afirma que uma ambiente mais favorável aos negócios e
radiografia dos indicadores econômicos as reformas estruturais que vão aumentar
nacionais nos últimos anos mostra onde
o País errou a mão. “Tivemos dois anos se-
a produtividade. “O novo ciclo será carac-
terizado por longa duração e baixa volati-
INFLAÇÃO
guidos de recessão e a última vez que isso lidade”, afirma Henrique Meirelles. BRASILEIRA
aconteceu foi em 1931 e 1932”, afirma. Ele Em tom menos entusiasmado, Nelson 2006 — 3,14%
ressalta ainda que, levando-se em conta o Marconi, professor da Escola de Econo- 2007 — 4,46%
ano de 2014, cujo crescimento foi próximo mia de São Paulo da Fundação Getulio 2008 — 5,90%
de zero, tem-se praticamente três anos de Vargas (FGV-EESP), não chega a discor- 2009 — 4,31%
paralisação ou queda. “Não há histórico se- dar do ministro da Fazenda. “A economia 2010 — 5,91%
melhante em nossa história”, compara. brasileira hoje está estável no fundo do 2011 — 6,50%
Assim como não houve ano que tives- poço”, compara Marconi. O que o merca- 2012 — 5,84%
se sido mais complicado para a economia do vem sentindo é que a economia parou 2013 — 5,91%
do que 2016, Agostini soma fatores como de apresentar queda. De acordo com o 2014 — 6,41%
o cenário extremamente hostil para as professor, todos os indicadores de níveis 2015 — 10,67%
empresas, por conta da competitividade de atividade vêm mostrando o mesmo 2016 — 6,29%
trazida pela globalização e da turbulência comportamento, exceção feita apenas ao Fonte: Banco Central

causada pelo processo de impeachment. agronegócio e à indústria automobilísti-


“Tudo isso transferiu aos investidores um ca, por causa das exportações.
ambiente negativo para os negócios. Além “Mas, se olharmos os dados de empre- A INVOLUÇÃO DO
dos prejuízos, o que se viu foi uma caute-
la trazida pela redução dos investimentos”,
go, a evolução está ocorrendo fora das
regiões metropolitanas, onde há queda,
PIB BRASILEIRO
diz, citando a Petrobras como exemplo de e também na indústria de alimentos”, PIB Real PIB Nominal
ANO (US$ trilhões) (R$ trilhões)
vítima da soma de todos esses fatores: as pontua Marconi. O professor diz que não
ações da empresa despencaram de quase deixa de ser uma recuperação, ainda que 2014 2,45 5,77
R$ 40 para R$ 5 nos últimos três anos. lastreada pela exportação de produtos 2015 1,80 6,00
Todas estas razões levaram ao agrava- agrícolas e de automóveis. Para Agostini,
mento da crise. Em 2016, o Brasil chegou a da Austin Ratings, o que o mercado está 2016 1,79 6,26
14 milhões de desempregados no mesmo assistindo hoje no Brasil é uma recompo- Fonte: Banco Mundial
20 MACROECONOMIA

sição dos fatores que foram perdidos ao rio, necessário, mas insuficiente. RISCO GOVERNO
longo dos últimos três anos. “Nossa taxa Agostini concorda, lembrando que o Marconi, da FGV, atribui ao governo o pro-
de investimentos caiu 25,9% nesse perío- cenário político é hoje o maior obstáculo tagonismo de boa parte das ações que
do, o que significa que alguns setores po- para a elaboração de panoramas. Ele diz podem tirar o País da crise ou aprofun-
dem ter se tornado obsoletos pela queda que todas as previsões de retomada do dá-la. Ele cita como exemplo a criação de
da demanda”, compara, lembrando que crescimento são feitas levando em conta a um teto de gastos públicos, mas que não
o consumo familiar, que representa dois redução do impacto político sobre o am- foi acompanhada pelo desenvolvimento
terços do PIB, caiu 6% no mesmo período. biente econômico. Mais do que isso, que o de qualquer instrumento de controle. Re-
Marconi faz coro e cita o próprio PIB, que ambiente político ainda gera uma série de sultado: os gastos continuam evoluindo,
nestes três anos caiu 9%. preocupações no setor produtivo, e não apesar do teto. “Se despesas sobem de um
Mas de onde virá a recuperação? Para seria por causa de uma eventual saída do lado, e há um teto, de outro deve haver re-
Agostini, ela começa a ser puxada pelo atual presidente da República. tração, o que justifica as medidas que es-
agronegócio, que com a safra recorde de “O presidente é o que importa me- tão sendo estudadas agora”, diz.
2017 cresceu 15,2% somente no primeiro nos. O mercado está mais preocupado E aí estaria o risco maior. Marconi acredi-
trimestre deste ano, contra um recuo de com a preservação da equipe econômi- ta que as medidas do governo federal têm
1,1% da indústria e de 1,7% dos serviços. ca do que com o presidente. Todos eles partido, em sua maioria, do pressuposto
O número ainda está longe do nível de in- estão muito alinhados com a estabilida- errado. Ele lembra a crença demonstrada
cremento considerado ideal pelos especia- de fiscal do País, que traz impacto sobre pelos representantes do governo de que o
listas – algo em torno de 3%. Para chegar a expectativas futuras. Por isso, a grande ajuste fiscal trará a retomada da confiança,
este percentual, o processo de recuperação preocupação é a manutenção da equi- e que esta seria suficiente para a criação de
deve continuar em 2018, quando o PIB de- pe”, afirma. Além deste, há fatores ex- um cenário de crescimento. Para o profes-
verá avançar cerca de 2%, atingindo os so- ternos de risco, como a possibilidade de sor, ao defender esta tese, o governo adota
nhados 3% em 2019. Para Marconi, da FGV, uma guerra entre os Estados Unidos e a uma preocupação crescente com as con-
o aumento só não será maior em 2018 em Coreia do Norte, a desaceleração ainda dições de produção. “Não é suficiente. Se
função do cenário político. “O crescimento maior da economia chinesa e o aumen- o empresário não tiver perspectiva de au-
será retomado quando tivermos um ce- to no descontrole dos gastos por parte mento da demanda, não vai investir, não vai
nário político claro e uma estratégia mais do governo federal, culminando com a contratar mais funcionários”, diz.
definida para o desenvolvimento”, afirma saída da equipe econômica. “Estes riscos Na visão do professor da FGV, há três
o professor, para quem o Brasil conta hoje devem ser ponderados e são os mais re- instrumentos que podem estimular a de-
apenas com uma tática de ajuste inflacioná- levantes”, afirma Agostini. manda: investimento privado, investimen-
to público ou aumento das exportações.
O primeiro só virá quando a demanda au-
HORA DA RETOMADA mentar e as exportações voltaram a cres-
Indicadores da Produção Industrial por Grandes Categorias Econômicas cer quando o câmbio voltou a um patamar
razoável. “Do lado público, o governo fe-
VARIAÇÃO% deral precisa tentar abrir espaço no orça-
GRANDES
CATEGORIAS mento, porque é isso que vai levar ao cres-
JUL. 17/ JUL. 17/ ACUMULADO ACUMULADO
ECONÔMICAS JUL. 16 / JUL. 17
cimento da arrecadação”, defende.
JUN. 17* JUL. 16 JAN. / JUL. 17
Enquanto se discutem alternativas, o
BENS DE CAPITAL 1,9 8,7 3,7 2,8 mercado segue aguardando que esses pro-
blemas sejam solucionados em médio prazo
BENS INTERMEDIÁRIOS 0,9 0,6 0,0 -1,7 e, segundo especialistas, deve manter a cau-
BENS DE CONSUMO 0,6 4,9 1,4 -1,0 tela para quando a recuperação vier de fato.
“Agora é importante negociar as dívidas, re-
DURÁVEIS 2,7 8,1 9,8 3,8
organizar a produção e estar pronto para,
SEMIDURÁVEIS quando o crescimento for retomado, sair na
E NÃO DURÁVEIS
2,0 4,2 -0,5 -2,1
frente. Não é hora de investir em ampliação
-1,1 da capacidade, mas de ajustar, manter a es-
INDÚSTRIA GERAL 0,8 2,5 0,8
trutura bem redonda para sair na frente quan-
* Série com ajuste sazonal Fonte: IBGE do voltarmos a crescer”, defende Marconi.
MACROECONOMIA 21

OS EFEITOS DA
REFORMA TRABALHISTA

E
m meio aos erros do governo federal ele, tudo isso terá impacto muito saudável
apontados pelos economistas, tam- sobre a produtividade e, por consequência,
bém há acertos. Um deles foi a refor- sobre o crescimento econômico. Ele ressal-
ma trabalhista recentemente aprovada e ta, no entanto, que este impacto será indi-
que entra em vigor no próximo mês de no- reto, apesar de importante.
vembro. Justamente por causa dela, o eco- “Nenhuma lei consegue resolver reces-
nomista José Pastore acredita que o ano de são. À medida que a economia for adquirin-
2016 foi histórico e que as novas regras de- do força para ativar vários setores, com essa
vem reduzir a insegurança jurídica existen- nova legislação os empregadores perdem
te nas contratações e também reduzir a in- o medo de empregar, aumentando renda e
formalidade na área trabalhista. “Esta consumo e ajudando o País a sair da reces-
reforma deveria ter vindo bem mais cedo. são. Ajudar, porque a lei por si só não con-
Desde 1979 pregamos que as partes deve- segue tirar o País de uma crise séria como a

Foto: Paulo Giandalia/Estadão


riam ter a liberdade de negociar e que o Es- atual”, defende.
tado não deveria interferir”, ressalta. De
todo modo, Pastore diz que a reforma veio
em um momento bastante oportuno, prin-
“Esta reforma deveria ter vindo bem mais
cedo. Desde 1979 pregamos que as partes
cipalmente em razão da crise, que cria situ- deveriam ter a liberdade de negociar.”
ações como taxa de desemprego elevadís- José Pastore, economista
sima de um lado e, de outro, pavor de
empregar por parte dos empresários.
Pastore diz que, daqui para a frente, o
grande desafio do mercado será compre-
ender bem essa lei, aplicá-la adequada-
mente e contar com a compreensão do po-
der judiciário para que as novas regras não
sejam contestadas a cada dia. “O grande
desafio está na mudança cultural: empre-
gados, empregadores, sindicatos, juízes, to-
dos devem entender bem qual é o espírito ÍNDICE DE DESEMPREGO EM %
e o alcance dessa lei para tirar vantagem de
todos os benefícios que ela traz”, afirma.
De todo modo, ele acredita que o pri- 13,6
meiro impacto da reforma, já em 2018, será
a redução expressiva das ações trabalhis- 12,8
12,6
tas – alguns juízes estimam redução de até 11,8
50%. “Isso é muito importante, porque es-
11,6
tamos falando de redução do chamado ris-
10,9
co Brasil”, afirma, lembrando que a insegu-
rança jurídica e os custos gerados por essas
ações impactam o custo de produção e são 1o tri 2o tri 3o tri 4o tri 1o tri 3o tri
repassados para o preço final dos produtos. 2016 2016 2016 2016 2017 2017
Daí para a frente, Pastore acredita em
Conforme mostra o gráfico, no trimestre de maio a julho de 2017, o índice de desemprego foi de 12,8%.
outros efeitos graduais, advindos de temas Para efeito de comparação, é importante notar que no trimestre anterior (de fevereiro a abril de 2017),
como a legalização do teletrabalho e do tra- havia sido de 13,6%. E, no mesmo período de maio a julho de 2016, o índice era de 11,6%.
balho em tempo parcial, por exemplo. Para Fonte: IBGE
24

BENS DE CAPITAL: Fundada em 1961 na cidade catarinense de Jaraguá do Sul, a WEG é um dos maiores fabricantes mundiais de equipamentos eletroeletrônicos

Internacionalizar e diversificar:
UMA RECEITA
QUE DEU CERTO
Para escapar dos efeitos da instabilidade econômica, a WEG Equipamentos montou
uma estratégia de sucesso e continua investindo em novos negócios
A GRANDE
CAMPEÃ 25

A
WEG Equipamentos é a grande luindo mais, mas essas iniciativas compen-
vencedora do ranking Empresas saram as perdas nos negócios maduros”, diz.
Mais 2017. Para se destacar entre Não por acaso que, em 2017, a empre-
as milhares de companhias brasileiras de sa voltou a crescer no Brasil e no mercado
todos os setores da economia, a empresa externo. Por aqui, o percentual foi de 1,2%,
demonstrou tremendo poder de resistên- sinal de que o cenário começa a melhorar.
cia à crise que afetou o mercado ao longo O executivo destaca que a WEG é avaliada
do ano passado e que ainda mostra seus hoje em R$ 31 bilhões, o que consolida seu
efeitos neste ano. A receita para enfrentar reconhecimento. Parte da estratégia adota-
turbulências é apostar na internacionaliza- da pela WEG nos últimos dois anos tem foco
ção e na diversificação de sua produção. É
claro que a WEG, assim como todas as in-
dústrias de bens de capital, vem sendo im-
pactada desde 2014 por fatores como que-
da nos investimentos locais e recuo nos
preços de petróleo e mineração, que redu-
ziram investimentos em nível global. “Des-
de 2014 estamos enfrentando o desafio de
nos manter em crescimento”, afirma o presi-
dente da empresa Harry Schmelzer.
E o trabalho não tem sido fácil. O exe-
cutivo reconhece que, em 2016, a receita
da companhia decresceu 4%, mas ao mes-
mo tempo o lucro percentual foi mantido.
Como isso foi feito? Quando os primeiros
sinais de turbulência surgiram, a WEG deci-
diu compensar as perdas locais com a estra-
tégia de perseguir cada vez mais o mercado
globalizado, que hoje responde por 57% de
suas receitas, e trazer para sua cesta novos
produtos e negócios, sempre em sinergia
com a origem da empresa.
Fundada em 1961, a WEG atua principal-
mente no setor de bens de capital e é um
dos maiores fabricantes mundiais de equi-
pamentos eletroeletrônicos, operando em
cinco linhas principais: Motores, Energia,
Transmissão & Distribuição, Automação e
Tintas. Com operações industriais em 12 pa-
íses, a companhia atende todos os segmen-
tos da indústria, incluindo petróleo e gás,
mineração, infraestrutura, siderurgia, papel VASTO PORTFÓLIO: De suas fábricas saem mais de 460 linhas de produtos diferentes
e celulose, energia renovável, entre muitos
outros. Com mais de 29 mil colaboradores, INVESTIMENTOS DA WEG
a WEG atingiu faturamento líquido de R$
PERÍODO TOTAL* BRASIL* EXTERIOR*
9,4 bilhões em 2016. “Estabelecemos estas
duas grandes direções: internacionalização e 1T2016 112,6 27,6 85
ampliação do escopo de produtos”, diz Sch- 2T2016 81,9 19,4 62,4
melzer, reconhecendo que a estratégia não 3T2016 48,5 19,8 28,7
permitiu que a empresa crescesse em 2016. 4T2016 82,5 27,9 54,6
Ainda assim, o saldo é positivo, em compa- 1T2017 58,7 28,7 29,9
ração com 2014. “Gostaríamos de estar evo- Fonte: Release de resultados 1T2017-WEG * Em milhões de reais
26 A GRANDE CAMPEÃ

PRODUÇÃO GLOBALIZADA: As unidades da WEG no Brasil e em mais 11 países já fabricaram mais de 800 milhões de produtos na área de automação industrial

na diversificação de seu portfólio de produ- das solares até energia solar distribuída. presa vende para mais de 100 países e tem
tos. No Brasil, isso se traduz em investimen- No setor de energia, os braços da WEG vão 38 fábricas instaladas em 12 países: Brasil,
tos em novos negócios. Essa tática já é uma além: a companhia está trabalhando na Argentina, Colômbia, México, Estados Uni-
marca da companhia. Schmelzer lembra produção de sistemas de armazenamento dos, Portugal, Áustria, Alemanha, Espanha,
que os fundadores da empresa começaram de energia, automação da medição, distri- China, Índia e África do Sul. As fábricas no
fabricando motores elétricos e hoje produ- buição e cobrança (smart meetering) e na México e na China contam com 3 mil e 2
zem uma ampla linha de elementos de má- produção de veículos elétricos. mil colaboradores, respectivamente. Com o
quinas elétricas e eletrificação, automação acirramento da crise no Brasil, a WEG redire-
industrial, infraestrutura e energia. MERCADO EXTERNO cionou seus investimentos e hoje 60% de-
Esta última, aliás, é uma das áreas que A empresa não fabrica o carro em si, mas já les são realizados fora do Brasil. Como resul-
vêm ganhando destaque dentro da WEG, conta com o chamado “powertrain” (princi- tado, a companhia conquistou, nos últimos
que já produzia geradores e, nos últimos pais componentes para geração de ener- dois anos, posições importantes de market
três anos, passou a fabricar também equi- gia) em funcionamento com parceiros share com quase todos os produtos que
pamentos para geração de energia reno- brasileiros – basicamente fabricantes de comercializa, mas ainda há oportunidades,
vável. “Compramos plantas e tecnologia carrocerias e sistemas elétricos para ônibus. como o mercado norte-americano de mo-
e avançamos para a produção de turbinas “Acredito que o Brasil pode ser inovador fa- tores para aplicações de uso comercial. A
para sistemas de geração de energia de bricando ônibus e caminhões elétricos para WEG já estava no setor, mas, com a crise por
fonte hidráulica e geradores eólicos. Es- transporte urbano. Estamos investindo nis- aqui, decidiu avançar mais rapidamente.
ses negócios nos levaram a crescer, com- so também para mostrar aos governantes e “Em 2016, adquirimos a Bluffton Mo-
pensando muitas coisas que deixaram de investidores que temos muito potencial e tor Works, especializada em motores para
acontecer em outros setores”, revela. podemos exportar produtos e tecnologia esse tipo de aplicação. A aquisição acele-
Agora a empresa tem dedicado par- para esse tipo de negócio”, provoca, lem- rou nosso avanço nesse mercado”, diz Sch-
te de seus investimentos para a área de brando que não imagina a companhia dei- melzer, lembrando que o negócio trouxe
energia solar, onde Schmelzer conta já ter xando os motores elétricos de lado. três ou quatro segmentos onde a WEG não
contratos fechados na ordem de R$ 450 O outro pilar que sustenta o crescimen- atuava, além de um quadro pessoal que
milhões. Aqui, a atuação vai desde fazen- to hoje é o mercado internacional. A em- vai adicionar conhecimento de demanda e
A GRANDE
CAMPEÃ 27

produto para toda a companhia. Também mesma forma. Além disso, um potencial tados em curto prazo, mas a percepção é de
nos Estados Unidos, a WEG adquiriu em fortalecimento da indústria naquele país que esta não é uma preocupação imediata
2016 uma empresa de transformadores fo- abriria ainda mais mercado para a empresa. da esfera federal. Schmelzer acredita que o
cada em energia eólica e solar, segmento governo está no caminho certo, mas alerta
em que não atuava nos Estados Unidos, e, CRESCIMENTO para falta de complementos. Apesar da de-
neste ano, uma fábrica de transformadores, Com esses dois pilares bem definidos e ope- terminação em realizar as reformas, faltam
que vai ajudar a suprir o mercado norte- rando, o foco da WEG é continuar perseguin- prioridades e, do lado do Congresso, agili-
americano, juntamente com as duas que a do o crescimento, que não virá fácil. A com- dade para aprovar as reformas exigidas hoje
empresa já tinha no México. panhia trabalha com a perspectiva de que pela sociedade. Um exemplo citado por ele é
Schmelzer explica que a estratégia da 2017 continuará sendo um ano difícil e que o ajuste fiscal que, mantido como vem sendo
WEG prevê forte atuação no Brasil, México, 2018, apesar de melhor, ainda não será um apresentado até aqui, não deve estimular as
China e Índia. “São países que enxergamos ano bom. “Mas acredito que o pior já pas- empresas nacionais. O ponto é que qualquer
não apenas como grandes mercados po- sou. O que precisamos agora é crescer mais sinal de oneração da produção desanima os
tenciais, mas como locais que podem gerar rapidamente e, para isso, é preciso encontrar empresários. “Eu acredito muito no Brasil,
benefícios muito grandes para a compa- uma forma de transformar as indústrias na- mas não há país rico sem indústria forte. É
nhia em todos os setores: cadeia de supri- cionais, incentivá-las a exportar”, defende. possível inovar e ter desenvolvimento tecno-
mento, desenvolvimento e engenharia.” Uma iniciativa nesse sentido traria resul- lógico e a WEG é um exemplo disso”, conclui.
Nem mesmo a chegada de Donald
Trump e seu foco no fortalecimento da in-
dústria americana parecem desviar a WEG
da rota. Sobre eventuais riscos às suas ope- “Acredito que o pior já passou. O que precisamos
rações no México, Schmelzer afirma que a
maioria de seus competidores não fabrica agora é crescer mais rapidamente.”
nos Estados Unidos e que, por isso, qual- Harry Schmelzer, presidente da WEG
quer medida restritiva atingiria a todos da

MÃO DE OBRA QUALIFICADA: Com filiais em 29 países, a empresa possui quase 30 mil colaboradores diretos, sendo que 2,7 mil engenheiros
28 A GRANDE CAMPEÃ

UM POUCO
DE HISTÓRIA
Desde sua fundação,
a WEG busca fidelizar
clientes e investir
em novos mercados

C
riada em 1961, a WEG iniciou suas
atividades na cidade de Jaraguá do
Sul, em Santa Catarina, fabricando
motores elétricos. A companhia foi funda-
da por Werner Ricardo Voigt, Eggon João
da Silva e Geraldo Werninghaus em 16 de
setembro daquele ano, quando os três 56 ANOS DE VIDA: A WEG opera nas áreas de Motores, Energia, Transmissão e Distribuição, Automação e Tintas
fundaram a Eletromotores Jaraguá. Algum
tempo depois, a empresa ganharia uma elétricas girantes de grande porte; a Uni- equipamentos elétricos da América Latina.
nova razão social, a Eletromotores WEG dade Acionamentos, para a fabricação de A primeira década dos anos 2000 é
S.A. O nome é a junção das iniciais dos três componentes eletroeletrônicos; e a Unida- marcada por uma série de aquisições in-
fundadores: Werner, Eggon e Geraldo. de Transformadores, para a produção de ternacionais (Argentina, Áustria, África do
Desde os primeiros anos de atuação equipamentos de distribuição. Em 1983, a Sul, Alemanha, Colômbia, China, Portugal,
a companhia adotou como estratégia de empresa ingressou no mercado de tintas México e Estados Unidos) e outras tantas
negócio a criação de uma ampla rede de industriais e eletro isolantes, com a criação no Brasil. A companhia também amplia
assistência técnica altamente qualificada, da WEG Química, atual Unidade de Tintas. sua participação no mercado de tintas e
para melhor atender os clientes e divulgar Finalmente, em 1986, foi criada a Unidade entra nos segmentos de energia eólica e
os produtos. Os primeiros assistentes téc- Automação, para desenvolver, produzir e de transformadores elétricos.
nicos da companhia foram credenciados comercializar produtos de automação in- Em 2015 a companhia anunciou a aqui-
ainda na década de 1960. Em 1968, acom- dustrial e pacotes elétricos. sição da TSS Transformers (Pty) Ltd., fabri-
panhando o rápido crescimento da produ- A consolidação no mercado interna- cante de transformadores de alta tensão,
ção de motores e a falta de mão de obra cional progrediu na década de 1990, com mini-subestações, disjuntores moldados e
qualificada na região, a empresa criou o a inauguração da filial de distribuição nos serviços correlatos, em Heidelberg (Gau-
CentroWEG, escola profissionalizante que Estados Unidos e a aquisição de uma em- teng), África do Sul, e da Suntec, compa-
até hoje oferece acesso à educação técnica presa na Bélgica. Em 1996 a WEG atingiu a nhia fundada em 1979 na Colômbia, com
e oportunidade de ingressar na empresa marca de 100 milhões de motores produ- ampla experiência na fabricação de trans-
após o término do curso. zidos, tornando-se a maior fabricante de formadores a óleo e secos.
A década de 1970 foi marcada pelo pro-
cesso de expansão e pelos primeiros pas-
sos da empresa no mercado internacional. RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
Foi o início da negociação das ações WEG DA WEG, POR MERCADO
na bolsa de valores e da exportação para
PERÍODO VALOR* MERCADO INTERNO MERCADO EXTERNO
países da América Latina. Em setembro de
1975, a empresa atingiu a marca de 1 mi- 1T2016 2.416,3 41% 59%
lhão de motores elétricos produzidos, con- 2T2016 2.335,3 41% 59%
3T2016 2.238,1 44% 56%
Fotos: Divulgação

solidando o nome WEG no mercado.


Na década de 1980 foram criados no- 4T2016 2.377,3 45% 55%
vos negócios: a Unidade Máquinas, es- 1T2017 2.134,2 46% 54%
pecializada na produção de máquinas Fonte: Release de resultados 1T2017-WEG * Em milhões de reais
Motores | Automação | Energia | Transmissão & Distribuição | Tintas

ONDE TEM
A WEG acredita no desenvolvimento
sustentável e por isso investe constantemente

ENERGIA,
no desenvolvimento de sistemas de geração
de energia limpa como aerogeradores,
geradores solares e hidrogeradores.

TEM WEG.
Nossas soluções para sistemas de energias
renováveis possuem alta tecnologia, são
integradas e capazes de se adequar às
necessidades de cada projeto.

Energia limpa contribuindo


para o desenvolvimento.
Isto é WEG.
Usina solar em Fernando de Noronha (PE)

Transformando energia em soluções. www.weg.net/solar


30

Os caminhos para
SUPERAR A
TURBULÊNCIA
O Brasil amargou em 2016 a pior recessão de sua história.
Depois da queda de 3,8% em 2015, o PIB encolheu 3,6% no
ano passado. Mas, mesmo em ambiente adverso, algumas
empresas encontraram soluções para prosperar e se destacar

D
esemprego em alta, queda no po- Mas, como as intempéries eram espera-
der aquisitivo, redução no consu- das, muitas empresas começaram o ano de
mo, aumento da inadimplência, 2017 com estratégias de superação da crise
crédito caro, incertezas políticas, redução bem desenhadas. Algumas optaram por cor-
do investimento público, grandes emprei- tar custos ou diversificar a linha de produtos.
teiras envolvidas em escândalos. Todos es- Outras miraram o mercado externo. Também
ses ingredientes, aliados a outros, comuns houve as que apostaram na inovação e na
ao Brasil nos últimos anos – como impos- melhoria do relacionamento com o cliente.
tos altos e infraestrutura deficiente –, fize- Como você poderá conferir a seguir,
ram com que 2016 fosse um dos períodos cada uma delas optou por caminhos pró-
mais turbulentos no cenário econômico prios em busca de soluções que lhes permi-
dos últimos tempos. A soma desses fatores tissem sobreviver e superar o atual momen-
afetou severamente a economia, abalando to e aguardar a retomada da economia, que,
diversos segmentos do mercado. todos esperam, deverá chegar em 2018.
SETORES
ECONÔMICOS 31

ESTRATÉGIAS
VENCEDORAS
Entre os vencedores das 22 categorias tis, de Londrina, e da divisão químico-far-
avaliadas nesta edição do Estadão Empre- macêutica do Laboratório Tiaraju, do Rio
sas Mais há nove que fazem parte do sele- Grande do Sul. Além disso, anunciou os
to grupo de companhias tricampeãs do es- planos de expansão para o Norte e Nor-
tudo, já que também foram vencedoras em deste, com a construção de uma fábrica
2015 e 2016. São elas: Aché, Ambev, Cielo, na região metropolitana de Recife para
CCR, Companhia Brasileira de Metalurgia e ajudar a sustentar o crescimento previsto
Mineração (CBMM), Embraer, Raízen Com- para os próximos anos.
bustíveis, Rede D´Or e Vivo. Com essa con-
DISCIPLINA DE CAPITAL
quista, certamente elas têm muito a ensinar
sobre como enfrentar e superar os obstácu- Outro bom exemplo vem do setor de ser- TRICAMPEÃS
los encontrados no atual cenário econômico. viços, uma área altamente competitiva. “Os
Para a Ambev, por exemplo, o momento consumidores estão ávidos por comodida-
foi de focar nas estratégias comerciais e for- de e menor atrito durante a experiência de
talecer o relacionamento com o consumi- compra. Nosso papel é continuar sendo o
dor. “Sabemos que o Brasil tem passado por provedor dessa experiência para o varejis-
um período macroeconômico desafiador, ta, buscando inovação, com o compromisso
com altos índices de desemprego e menor de criar as melhores soluções”, diz Eduardo
renda disponível, o que impacta diretamen- Gouveia, presidente da Cielo. Uma dessas
te a indústria de bebidas”, diz Ricardo Rittes, novidades, lançada em 2016, foi o Cielo LIO,
vice-presidente financeiro e de relações maquininha que une pagamento a soluções ACHÉ
com investidores da Ambev. “Continuamos de gestão e de controle do negócio.
cautelosamente otimistas, pensando na Mais uma estratégia de sucesso em tem- AMBEV
sustentabilidade do nosso negócio através pos de crise econômica são investimentos
dos ciclos econômicos. Momentos assim lastreados numa rígida disciplina de capi- CBMM
são, na verdade, oportunidades para o sur- tal, como lembra Renato Vale, presidente
gimento de novas ideias”, anima-se. da CCR, uma das maiores fornecedoras de CCR
Já o Laboratório Aché decidiu não alte- infraestrutura da América Latina: “Desde
rar seu ousado planejamento, definido em sua fundação, a CCR sempre teve como CIELO
2015, de crescer ininterruptamente até premissa o crescimento qualificado, base-
2030. “Acreditamos que o caminho mais ado em governança corporativa, discipli- EMBRAER
sustentável para o crescimento passa pela na de capital e geração de valor para seus
inovação e é isso que faz com que o Aché acionistas e públicos de relacionamento”. RAÍZEN
continue a se destacar no mercado farma- Além dessas experiências, nas próximas
cêutico”, avalia Paulo Nigro, presidente da páginas é possível conhecer estratégias REDE D’OR
empresa, que, em 2016, investiu R$ 203 bem-sucedidas de dezenas de outras em-
milhões em inovação. No ano passado, presas que também tiveram bons resulta- VIVO
o Aché lançou 27 produtos e finalizou as dos e prosperaram em um cenário adverso,
aquisições da fábrica de antibióticos Nór- mostrando competência e persistência.
32

AGRICULTURA
& PECUÁRIA

À espera de uma
COLHEITA MELHOR
Em 2016, o recuo do segmento foi grande. Para 2017,
porém, a perspectiva é de crescimento de 9,5%
AGRICULTURA
& PECUÁRIA 33

N
os últimos 22 anos, o agronegócio que, segundo João Martins, presidente da
teve uma participação que oscilou CNA, “era um pleito antigo para reduzir os
entre 21% e 25% do Produto Inter- prejuízos dos produtores que tiveram suas
no Bruto (PIB) nacional – com exceção dos lavouras afetadas. Com a possibilidade de
anos de 2003 e 2004, quando o campo teve renegociar as parcelas de crédito, eles con-
picos de 28%. Isso significa que, nas últimas seguiram manter os investimentos”.
duas décadas, aproximadamente um quar-
to da riqueza brasileira teve raízes na pro- APOSTA NO
dução rural. No entanto, em 2016, o seg- COMÉRCIO EXTERIOR
mento agropecuário também sentiu os Diante dessa nova conjuntura e com uma
impactos das crises política e econômica safra recorde de grãos em 2017, acredita-
que já vinham comprometendo o cresci- se que o agronegócio apresente cresci-
mento de vários outros setores. mento de 9,5%, muito superior ao prová-
Para piorar, na última safra muitos pro- vel aumento do PIB brasileiro, que deve
dutores rurais sofreram grande prejuízo por ficar em tímidos 0,3% ou até menos. “O
causa dos efeitos das adversidades climáti- que comprova, mais uma vez, que o se-
cas, que afetaram várias lavouras, como o tor é o responsável em manter o PIB do
caso de produtores de grãos e café. Tudo País em patamares positivos. Além disso,
isso criou um ambiente ruim e fez com que o agronegócio abriu 117 mil novas vagas
o PIB agropecuário recuasse 6,6% no ano de emprego no primeiro semestre deste
passado. “Até então, vínhamos apresen- ano, o que demonstra ser o segmento
tando bons resultados frente aos demais mais dinâmico da economia”, finaliza o
segmentos da economia. Entretanto, essa presidente da CNA.
quebra de safra apresentou, mais uma vez, O desaquecimento do mercado inter-
a necessidade de uma política de Estado no trouxe outra consequência. Ele fez com
mais eficiente. Ou seja, uma política de se- que os produtores rurais procurassem no-
guro rural condizente com as necessidades vos mercados. E, assim, o comércio exte-
de um país tropical”, comenta João Martins, rior passou a ser visto como uma boa op-
presidente da Confederação da Agricultura ção de negócio, provocando interesse de DESTAQUES
e Pecuária do Brasil (CNA). pequenos e médios produtores em se ca- DO SETOR
A boa notícia é que, apesar do resulta- pacitar e conhecer os procedimentos para

1
do ruim de 2016, as perspectivas para este exportação. Com isso, cresceu a procura
ano são animadoras. E isso devido a vários pelo projeto InterAgro, da CNA, em parce- QI 84,99
fatores. “Um deles é o dinamismo e a apti- ria com a Apex-Brasil, que capacita produ- AMAGGI

2
dão dos produtores rurais que, apesar dos tores e profissionais do agronegócio para
prejuízos passados, fizeram um bom pla- comercialização com outros países, o que QI 83,28
nejamento para a safra atual (2016/2017), tem permitido a inserção de diferentes ca- LINCOLN JUNQUEIRA

3
adotaram diferentes técnicas de manejo e deias agropecuárias no ambiente de co-
mantiveram investimentos em tecnologia mércio exterior, como tem sido o caso de QI 75,40
em busca de ganhos de produtividade”, ex- pescados, flores, mel, frutas, entre outros. SLC AGRÍCOLA
plica o presidente da CNA. Além disso, nes-
te ano, durante o desenvolvimento da safra
na maioria das regiões produtoras, as con-
dições climáticas foram favoráveis. Outros
pontos positivos foram a aprovação, por
parte do governo, do parcelamento e alon-
gamento das dívidas de custeio e o investi- No primeiro semestre de 2017 foram abertos
mento de produtores de arroz do Rio Gran- 117 mil novos postos de trabalho, o que
de do Sul, de milho de Mato Grosso e Goiás
e dos produtores de soja, milho e algodão demonstra a força e o dinamismo do campo
da região conhecida como MATOPIBA
(Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia). O
34

FAZENDA
TANGURO (MT):
Localizada em Querência, a
fazenda tem 87 mil hectares.
Cerca de 37 mil hectares são
dedicados ao cultivo de
milho e soja. O restante é
reserva legal preservada

DESTAQUES

CHEGOU A HORA DA TERRA


VOLTAR A DAR LUCRO
Tudo indica que as nuvens pesadas foram embora. Agora, a previsão é
de que o Sol deve voltar a brilhar no agronegócio brasileiro

E
m um cenário adverso, como foi o re- balho de estímulo ao desenvolvimento de
gistrado em 2016, nem o agronegócio, nossos produtores parceiros e fornecedores,
que durante vários anos somou resul- Aumento da bem como o empenho por uma cultura mais
tados positivos, escapou ileso. Até mesmo a eficiente em nossas lavouras, com aumento
Amaggi, que atua simultaneamente em vá- produtividade, revisão de retorno nas áreas plantadas e maximiza-
rias etapas da cadeia, como produção, logísti- de custos e despesas ção no uso das áreas de segunda safra”, apon-
ca, transformação e comercialização, primei- ta Waldemir Ival Loto, presidente da Amaggi.
ra colocada no levantamento Estadão e desaceleração de Em 2016, além das incertezas na econo-
Empresas Mais na categoria Agricultura e alguns investimentos mia, outros fatores afetaram os resultados
Pecuária, tem sentido os reflexos da crise. En- financeiros de quem atua no segmento. Um
tre 2015 e 2016, a empresa viu seu fatura- foram as saídas para deles foi a seca prolongada. Outro, segundo
mento anual cair de US$ 3,8 bilhões para US$ driblar os desafios o presidente da Amaggi, foi a chegada de
3,4 bilhões. “Mesmo diante das limitações novos concorrentes. “Apesar de tudo, temos
impostas pela crise, mantivemos nosso tra- expectativa de crescimento dos volumes
GRIFFO
ARÁ
S DO P
IMAGEN

Há muito a descobrir
entre o Círio de Nazaré,
um passeio no Ver-o-
Peso, em Belém, um gole
de tacacá, um mergulho
em Alter do Chão, em
Santarém, um sorvete de
açaí, uma cavalgada no
Marajó.

Secretaria de
Turismo

@governopara - paraturismo.pa.gov.br
36
de grãos movimentados, embora com mar- mos uma safra de soja muito boa e estamos
gens menores, e acreditamos na ampliação colhendo uma excelente safra de algodão,
de parcerias para superar as dificuldades do atingindo recordes de geração de caixa e
cenário. Diante dessa expectativa alta em lucro. Nossa alavancagem financeira deverá
torno da produção de grãos e fibras no Brasil encerrar o ano em patamares que permitam
para 2017 e em função do posicionamento investimentos mais altos no futuro próximo.
logístico conquistado pela empresa, acredi- Temos focado nossos esforços em otimiza-
tamos que temos tudo para atingir melhores ção da operação existente, na venda de ati-
resultados neste ano”, acrescenta Loto. vos e na busca de iniciativas que permitam
Em busca da prosperidade perdida, a em- agregar valor a nossos produtos”, comenta o
presa não parou de investir. Recentemente, a diretor presidente da SLC Agrícola.
Amaggi iniciou a operação de uma nova mis-
turadora de fertilizantes em Comodoro (MT),
ampliou a atuação no Corredor Norte para
escoamento de grãos por meio da aquisição
de 50% da Estação de Transbordo em Miri- A AMAGGI EM NÚMEROS
tituba e do Terminal Portuário de Barcarena

4.993
(ambos no Pará), elevou a capacidade de ar-
mazenagem de grãos em 200 mil toneladas,
expandiu o plantio de algodão em 25% se
comparado ao ano anterior e ampliou a frota
fluvial para elevar a capacidade de transpor-
COLABORADORES PRÓPRIOS
te no corredor Madeira-Amazonas de 3 mi-
lhões para 5 milhões de toneladas de grãos.

PRODUÇÃO DE SOJA... ...E DE ALGODÃO (EM T)


NOVOS HORIZONTES
Dificuldades semelhantes foram encontra-
das – e superadas – pela SLC Agrícola, segun- 2012/2013 412.779 43.549
da colocada no estudo. “2016 foi difícil para
o agro. Por isso, tornou-se ainda mais impor- 2013/2014 447.191 116.888
tante nos apoiarmos em nossos pontos for-
tes para atingirmos um resultado satisfató- 2014/2015 517.431 132.719
rio, mesmo em um ano de grandes desafios.
Tivemos de agir de forma assertiva e revisar
2015/2016 527.838 197.498
nossos planos, cortando investimentos não
cruciais, focando no controle de custos e des-
pesas e na gestão inteligente do capital de
NO BRASIL, A EMPRESA TEM UNIDADES EM MATO GROSSO,
giro. Com isso, conseguimos encerrar o ano
com lucro e com indicadores financeiros con- RONDÔNIA, AMAZONAS, PARÁ, RORAIMA, MARANHÃO,
fortáveis. São nesses momentos difíceis que TOCANTINS, PIAUÍ, BAHIA, GOIÁS, SÃO PAULO, PARANÁ, SANTA
vemos como é importante ter uma empresa
CATARINA E RIO GRANDE DO SUL. TAMBÉM ATUA NO PARAGUAI,
bem organizada e estruturada para respon-
der aos desafios e suportar os períodos de NA ARGENTINA, CHINA, SUÍÇA, HOLANDA E NORUEGA
menor rentabilidade”, analisa Aurélio Pavina-
to, diretor presidente da SLC Agrícola, cujo
foco é atuar na produção de algodão, soja e “Temos expectativa de crescimento dos
milho em suas fazendas nos Estados de RS, volumes de grãos movimentados, embora
com margens menores, e acreditamos na
Fotos: Divulgação

MT, MS, GO, BA, PI e MA.


Com relação ao futuro, Pavinato também ampliação de parcerias para superar as
acredita em dias melhores. “O ano de 2017 dificuldades do cenário.”
está sendo extremamente favorável. Colhe- Waldemir Ival Loto, presidente da Amaggi
38

ALIMENTOS
& BEBIDAS

Gostinho de
RECUPERAÇÃO
No ano passado o setor já havia sentido um ligeiro aquecimento no
consumo. Para os próximos meses, o clima é de otimismo
ALIMENTOS
& BEBIDAS 39

T
radicionalmente, o setor de ali- to de práticas de produção mais susten-
mentos e bebidas é o primeiro a táveis e na criação de novas tecnologias
entrar na crise. Mas, quando o para a produção de embalagens.
cenário econômico começa a melhorar,
também é um dos primeiros a sair dela. É NOVA REALIDADE
mais ou menos nessa transição que a in- Como tem acontecido com vários outros
dústria se vê nesse momento. Afinal, as segmentos da economia, as empresas que
pessoas podem alterar vários hábitos de atuam na área da indústria de alimentos e
consumo, mas não vão deixar de se ali- bebidas também têm buscado se adaptar
mentar. O crescimento, embora tímido, ao momento vivido pelo País. “Nos perío-
já começa a ser observado. “O ano passa- dos de crise, o setor tem que buscar ino-
do foi marcado pela recuperação”, atesta vações no mercado interno e oportunida-
Edmundo Klotz, presidente da Associa- des no externo. No Brasil, com a queda da
ção Brasileira das Indústrias da Alimen- renda, o desemprego e o endividamento
tação (ABIA). “Em meados de 2016 as in- das famílias, o poder de compra ficou mais
dústrias passaram a retomar o fôlego e a restrito. Com isso, o consumidor tornou-se
recuperar a confiança com perspectiva mais seletivo e focou em produtos mais
de maior estabilidade no cenário políti- básicos”, aponta Edmundo Klotz, presiden-
co e econômico e o anúncio das refor- te da ABIA. “Por outro lado, as empresas
mas aguardadas pelo setor produtivo”, que produzem alimentos de maior valor
acrescenta Klotz. agregado buscaram diversificar seu por-
Segundo a Pesquisa Conjuntural di- tfólio, seja na apresentação de novos sa-
vulgada pela própria ABIA, essa tênue bores ou em embalagens e preços mais
retomada verificada em 2016 elevou o competitivos, visando manter seu padrão
faturamento nominal das empresas que de vendas”, acrescenta. Já com relação às
atuam na área em 9,3%. Esse resultado, exportações, os movimentos mais mar-
inclusive, fez com que o segmento de ali- cantes são de grandes empresas com vo-
mentação permanecesse com o maior fa- cação direcionada a mercados externos,
turamento da indústria de transformação, principalmente nas áreas tradicionais de DESTAQUES
totalizando R$ 614,3 bilhões. A receita café, açúcar e de proteína animal. DO SETOR
real também mostrou sensível melhora. Diante desse cenário, as perspectivas

1
Em 2015 havia recuado 3,14%. Em 2016, para a indústria brasileira da alimentação
como resultado da recuperação, aumen- em 2017 se mostram mais otimistas. “Pelo QI 91,59
tou 1,02%. As exportações cresceram US$ lado da demanda, a depender do avanço AMBEV

2
1,2 bilhão (US$ 36,4 bilhões em 2016 con- da agenda de reformas, consideradas fun-
tra US$ 35,2 bilhões em 2015), o que fez damentais para a credibilidade do ajuste
QI 87,76
ADECOAGRO
com que a participação do setor no saldo fiscal e da economia brasileira, a trajetória BRASIL

3
da balança comercial brasileira também de queda da inflação e a redução das taxas
fosse expressiva. de juros em curso poderão beneficiar a re- QI 86,28
Em 2016, a indústria de alimentação tomada do consumo e ampliar os investi- JBS
contribuiu com saldo de US$ 31,5 bi- mentos”, finaliza Klotz.
lhões para o superávit total da balança
comercial do País, que totalizou US$ 47,7
bilhões. Com relação a investimentos, in-
cluindo fusões e aquisições, em 2016 o
setor movimentou R$ 20,6 milhões. “Por A indústria de alimentos e bebidas é um
ser um segmento muito competitivo, a
dos setores da economia que mais geram
necessidade de inovação é constante”,
afirma Klotz. empregos diretos no Brasil. São cerca de
Parte desses recursos foi destinada
1,6 milhão de trabalhadores
à melhoria do uso de alguns recursos,
como energia e água, ao desenvolvimen-
40

RETORNÁVEIS:
Maior produção de garrafas
de vidro continua sendo uma
das estratégias da Ambev

DESTAQUES

FOCO NA ESTRATÉGIA E
INVESTIMENTO NAS MARCAS
Apesar das incertezas econômicas, as empresas apostam em inovação e no bom
relacionamento com os consumidores para voltar a prosperar

S
er apontada, pelo terceiro ano con- De acordo com ele, isso significa que
secutivo, como líder da categoria a empresa mantém o foco na perenidade
Alimentos e Bebidas no estudo Planejamento de longo do negócio, independente dos ciclos eco-
Estadão Empresas Mais, dá à Ambev a nômicos. Para isso, segundo ele, a política
certeza de que sua estratégia de sintonia ra o e di ersifica o comercial e o relacionamento com os con-
com o gosto do consumidor tem sido de produtos foram sumidores são dois pilares fundamentais.
bem-sucedida. “O Brasil tem passado por “Acreditamos que momentos assim são, na
um momento econômico desafiador, com algumas das ideias verdade, oportunidades para o surgimen-
altos índices de desemprego e menor ren- que ajudaram as to de novas ideias e para fortalecermos as
da disponível dos consumidores, o que im- nossas bases para o futuro.”
líderes a atingirem
Fotos: Divulgação

pacta diretamente a indústria de cerveja. Rittes acredita que, embora o ano de


Mas confiamos na nossa estratégia”, diz Ri- bons resultados 2016 tenha sido um período bastante di-
cardo Rittes, vice-presidente financeiro e fícil para toda a indústria de cerveja, a
de relações com investidores da Ambev. Ambev continuou a pautar suas decisões
ALIMENTOS
& BEBIDAS 41

pensando no consumidor. “Traçamos um


plano de longo prazo, com o objetivo de
reforçar nossas principais marcas, acelerar
A AMBEV EM NÚMEROS
o segmento premium, reforçar a categoria
near beer – como chamamos as bebidas à
base de malte – e expandir a nossa partici- ALÉM DO BRASIL, A AMBEV OPERA EM OUTROS
pação em ocasiões de consumo dentro e 18 PAÍSES DAS AMÉRICAS: ARGENTINA, BOLÍVIA,
também fora de casa.” BARBADOS, CANADÁ, CHILE, COLÔMBIA, CUBA,
Entre as apostas da empresa em 2016, EL SALVADOR, EQUADOR, GUATEMALA, NICARÁGUA,
estão o aumento da oferta de garrafas PARAGUAI, PERU, REPÚBLICA DOMINICANA, URUGUAI,
de vidro retornáveis – mais acessíveis aos DOMINICA, ANTÍGUA E SAINT VINCENT
consumidores, por serem até 30% mais
baratas –, a ampliação de portfólio, com
as minigarrafas retornáveis de 300 mili-

32 mil funcionários
litros, e o investimento de R$ 1,5 milhão
para o desenvolvimento de uma máquina
de coleta própria para a troca das retor-
náveis. Tudo isso, segundo Rittes, possi-
bilitou a ampliação do volume de vendas
para os supermercados: “Hoje, uma em
cada quatro garrafas vendidas nesse canal

107 milhões
já é retornável”. Outras inovações foram o
desenvolvimento da linha Skol Beats e o
lançamento do terceiro sabor da bebida,
a Skol Beats Secret, que contou também
com uma tecnologia inédita para criar o DE HECTOLITROS EM VOLUME DE VENDAS
primeiro vidro vermelho industrial.
A terceira colocação do ranking Esta-

31 cervejarias, 2 maltarias e
dão Empresas Mais na categoria Alimen-
tos e Bebidas ficou com a JBS, considera-
da a maior empresa privada do Brasil e a
segunda maior de alimentos no mundo,

6 centros de excelência
com aproximadamente 50 mil colabora-
dores. Em 2016, de acordo com a empre-
sa, foram adotadas algumas estratégias de
diversificação, com ênfase em produtos de
valor agregado, alto padrão de segurança

100 centros
alimentar e qualidade, norteados pela ex-
celência operacional. Com essa diversifica-
ção e o acesso à matéria-prima em várias
partes do mundo, ainda segundo a JBS,
foi possível mitigar algumas volatilidades,
como as relacionadas aos ciclos das com-
DE DISTRIBUIÇÃO DIRETA
modities e às barreiras comerciais e sanitá-
rias. No cenário internacional, um dos prin-
cipais destaques de 2016 veio dos Estados ncara os o o en o desafiador
Unidos, com o novo ciclo de disponibilida- como uma oportunidade para inovar e
nos fortalecer. Em 2016, por exemplo,
Fotos: Divulgação

de de bovinos, que provocou impacto po-


sitivo para a rentabilidade da empresa no inauguramos duas novas cervejarias.”
segundo semestre, prolongando-se para Ricardo Rittes, vice-presidente financeiro e de
início deste ano. relações com investidores da Ambev
42

ATACADO &
DISTRIBUIÇÃO

Ajustes garantem
RENTABILIDADE
Crescimento de 0,6% em 2016 já é boa notícia em um momento
tão complicado da economia brasileira
ATACADO &
DISTRIBUIÇÃO 43

C
om a recessão do ano passado, no sando esse modelo de negócio. Já as lojas
qual a maioria dos setores econô- de rua, de vizinhança, passam pelo efeito
micos encolheu ou, no máximo, contrário, principalmente nas grandes ci-
empatou, até que o resultado obtido pelo dades, onde o formato tem crescido bas-
setor de Atacado e Distribuição merece tante”, aponta Reynaldo Saad, sócio-líder
comemoração. Segundo levantamento di- da área de bens de consumo e produtos
vulgado pela Associação Brasileira de Ata- industriais da Deloitte Brasil.
cadistas e Distribuidores (Abad), em 2016 Outro ponto importante do estudo
o segmento cresceu 0,6% em termos reais mostra que, nos últimos anos, o setor vem
e 6,9% em termos nominais, atingindo fa- passando pela tendência de descentrali-
turamento de R$ 250,5 bilhões. A Associa- zação. Embora o Sudeste ainda concentre
ção entrevistou 572 atacadistas e distribui- mais de 40% do faturamento, o Nordes-
dores de todo o Brasil, cujos dados foram te, desde 2015, o Norte e o Centro-Oeste,
analisados pela Nielsen em parceria com a nos dois últimos anos, têm apresentado
Fundação Instituto de Administração (FIA). taxas de crescimento superiores à média
O resultado, embora se aproxime da esta- nacional. Nas operações regionais, os cus-
bilidade, é considerado satisfatório, já que tos com logística diminuem, o agente de
no ano passado o Produto Interno Bruto distribuição está mais próximo ao cliente
(PIB) brasileiro encolheu 3,6%. varejista e ao consumidor, podendo ade-
A análise dos últimos três anos mostra quar melhor o seu portfólio de produtos.
que as empresas do setor têm procurado “Alguns ainda têm a vantagem de esta-
fazer os ajustes internos necessários para rem em regiões que sofrem menos com a
enfrentar a queda no consumo, puxada recessão, como é o caso do Centro-Oeste,
pelo desemprego resultante da retração que concentra grande parte da produ-
econômica. “É um círculo vicioso: menor ção agrícola nacional e possui municípios
consumo, menor produção, menos em- que, apesar da crise, são verdadeiros oásis
pregos, menor renda, menor consumo... de crescimento, graças ao agronegócio.
Enquanto o ambiente político-econômi- Tudo isso ajuda as empresas a prosperar”,
co não se estabilizar e os consumidores explica Emerson Destro, da Abad. DESTAQUES
não recuperarem a confiança, as empre- Quais são as perspectivas para o setor DO SETOR
sas que desejam sair fortalecidas deste nos próximos meses? O próprio Destro

1
período recessivo precisam ganhar efici- acredita que, com os ajustes feitos nos
ência e produtividade”, atesta Emerson últimos anos, as empresas que sobrevive- QI 95,11
Destro, presidente da Abad. ram ganharam musculatura e resiliência, RAÍZEN COMBUSTÍVEIS

2
estando mais preparadas para uma sólida
LOJAS DE BAIRRO recuperação no momento em que hou- QI 91,80
Chama a atenção, na pesquisa, o cresci- ver a retomada econômica. “A retomada IPIRANGA

3
mento de 11,3% do chamado “atacarejo” já poderia estar encaminhada, não fosse a
(que alia vendas por atacado e varejo), persistente turbulência no campo políti- QI 87,65
consolidando o modelo, principalmente co, que influencia diretamente a confian- NATURA
neste período de alto desemprego e busca ça de consumidores e empresários.”
por preços mais baixos, como importante
canal de abastecimento das famílias. Des-
de o início da década, quando os consumi-
dores deixaram de fazer grandes compras,
os hipermercados perderam força. São Desde o início da década, quando consumidores
mais custosos e demandam tempo. Além
deixaram de fazer grandes compras, os
disso, como precisam de grandes áreas
para erguer uma loja, competem na busca hipermercados perderam força. Quem vem
por terrenos com o mercado imobiliário,
ganhando com isso são os chamados “atacarejos”
o que dificulta sua expansão. “Aliás, neste
momento, muitos varejistas estão repen-
44

TRANSPORTE:
A Raízen distribui mais
de 25 bilhões de litros
de combustíveis por ano

DESTAQUES

LIÇÕES E CONQUISTAS
DE UMA TRICAMPEÃ
Investimento em equipe, disciplina, controle de custos e inovação estão
entre os principais fatores responsáveis por gerar bons resultados

A
Raízen é, pela terceira vez conse- bilhões no ano passado e cerca de 30 mil
cutiva, a vencedora do estudo Es- empregados, a Raízen pertence ao rol das
tadão Empresas Mais na catego- Ética, inovação, maiores empresas do País. Em 2016 teve
ria Atacado e Distribuição. A empresa atua forte crescimento em resultados financei-
em várias áreas, como cultivo de cana-de- investimento, ros e operacionais, foco no desenvolvimen-
-açúcar, produção de açúcar, etanol e gera- expansão, visão to de pessoal e sucesso cada vez maior na
ção de energia, além de comercialização, atração e retenção de talentos. “Também
distribuição, varejo e exportação de com- de longo prazo e ressalto a importância de termos mantido
bustíveis. Detém ainda uma rede formada modernização são nossa disciplina de capital, desde os contro-
por mais de 6 mil postos de serviço com a les de custo e produtividade até a assertivi-
marca Shell, responsável pela comercializa- características comuns dade de nossos investimentos em infraes-
ção de combustíveis e mais de 950 lojas de das empresas líderes trutura, inovação e novos negócios
conveniência Shell Select. Com esse portfó- orgânicos”, explica Leonardo Pontes, vice-
lio tão diversificado, faturamento de R$ 79,2 presidente executivo comercial da compa-
nhia. “Aumentamos nossa participação no lubrificantes Ipiranga – que ganhou ver-
mercado em mais de um ponto percentual. são voltada para o segmento de motores
O EBITDA cresceu 17% em relação a 2015, diesel leve, do Ipiranga Faz, com soluções
fruto da nossa estratégia de expansão alia- customizadas para clientes do mercado
da à firme gestão de custos, excelência ope- empresarial –, de novos formatos de lo-
racional e inteligência em suprimentos”, jas AM/PM, tanto para postos da cidade
acrescenta Leonardo Pontes. quanto para de rodovias, e de novos pro-
Sobre as dificuldades encontradas no dutos na linha de marca própria.
setor, o executivo relata a questão da so-
negação fiscal. “Não somos de reclamar
e buscamos fazer o melhor sempre. Mas
um tema que nos preocupa bastante é A RAÍZEN EM NÚMEROS
a competição desleal, com devedores

24 unidades 66 bases
contumazes de impostos que fazem dis-
so seu principal negócio. Estimamos que
cerca de R$ 5 bilhões por ano são sone-
gados somente no setor de combustível”,
afirma Leonardo Pontes. E quanto ao fu- DE PRODUÇÃO DE AÇÚCAR, DE ABASTECIMENTO
turo? “Para o próximo ano, seguiremos ETANOL E ENERGIA EM AEROPORTOS

66,8 milhões de toneladas


a agenda de sucesso que nos trouxe até
aqui. Queremos encantar e fidelizar par-
ceiros e clientes por meio da relação ética
e profissional e, claro, também pela pre-
ocupação com inovação, aprimorando a
DE CANA-DE-AÇÚCAR MOÍDAS POR ANO
relevância da nossa marca, dos produtos

2,1 4,2 2,8


e serviços”, finaliza Leonardo Pontes.

DIFERENCIAÇÃO E INOVAÇÃO
O segundo lugar na categoria Atacado e

bilhões milhões milhões


Distribuição coube à Ipiranga, que possui
7.743 postos de combustíveis localizados
em todas as regiões do País, além de 54 DE MWH DE
DE LITROS DE ETANOL DE TONELADAS DE
bases e pools. “Temos uma visão de longo ENERGIA ELÉTRICA
PRODUZIDOS POR ANO AÇÚCAR POR ANO
prazo, mantendo os níveis de investimen- COMERCIALIZADOS

25 bilhões de litros
tos com foco no ritmo acelerado de expan-
são e na modernização de nossa rede, de
nossas franquias, de nossos centros de dis-
tribuição para abastecimento da rede AM/
PM e na ampliação da nossa infraestrutura
DE COMBUSTÍVEIS COMERCIALIZADOS NOS SETORES
logística”, comenta Leocadio Antunes, dire-
DE TRANSPORTE, INDÚSTRIA E VAREJO

67 13
tor superintendente da Ipiranga. Ele desta-
TERMINAIS DE
ca ainda a estratégia de negócios voltada
DISTRIBUIÇÃO DE TERMOELÉTRICAS
para a diferenciação e inovação, com foco
COMBUSTÍVEL
na diversificação de produtos e serviços e
na experiência positiva dos consumidores.
Entre as iniciativas mais importantes
de 2016, Antunes ressalta lançamentos
“Somos uma empresa ágil e inovadora e temos
Fotos: Divulgação

do Abastece Aí, aplicativo que oferece


descontos no combustível pelo smar- um pool de talentos e parceiros que conseguem
tphone, e da nova gasolina aditivada (a extrair muito do nosso portfólio de negócios.”
DT Clean), ampliação da linha verde de Leonardo Pontes, vice-presidente executivo comercial da Raízen
46

BANCOS

À procura de novas fontes


DE RECEITA
Até mesmo o setor bancário, considerado à prova de turbulências econômicas,
tem procurado novos caminhos para aumentar a rentabilidade
BANCOS 47

O
s efeitos da crise que se instalou automação desses serviços e sistemas,
no Brasil também têm sido obser- que, além de reduzir custos, trazem efi-
vados no sistema financeiro, em ciência e confiabilidade.
geral, não muito afetado por oscilações no
cenário econômico. “Um dos principais fa- CRESCIMENTO DO MOBILE
tores foi o desaquecimento do mercado re- As instituições também têm investido for-
gistrado em 2016 que, por consequência, te na capacidade de fazer com que a expe-
provocou o aumento da inadimplência. riência do cliente nos canais se torne ainda
Com isso, vários bancos resolveram fechar melhor, mais rápida, intuitiva e amigável.
a torneira do crédito, reduzindo em 3,5% o Nesse sentido, ganha cada vez mais espa-
total de recursos da carteira”, diz Sérgio Bia- ço o uso dos aplicativos para smartphones.
gini, sócio da indústria de serviços financei- Segundo dados de uma pesquisa realiza-
ros da consultoria Deloitte. “Para manter os da em 2016 pela Federação Brasileira de
bons níveis de rentabilidade, os bancos Bancos (Febraban), foram registradas 21,9
passaram a identificar outras linhas lucrati- bilhões de transações bancárias por esses
vas, que, embora já existissem, não eram dispositivos – crescimento de 96% em re-
totalmente exploradas. Entre elas desta- lação a 2015 –, tornando-se o canal prefe-
cam-se as vendas de seguros, de planos de rido dos brasileiros. O universo do estudo
previdência, de capitalização, além da re- envolveu 17 instituições financeiras que
ceita proveniente das tarifas de serviço”, co- representam 91% do mercado. Em termos
menta Biagini. de participação, o mobile lidera com 34%
Há ainda outras medidas para aliviar do total das operações, seguido pelo inter-
custos e manter a lucratividade. Uma net banking (23%).
delas tem sido a redução do número de Ainda de acordo com o estudo, os três
agências. Segundo dados do Banco Cen- principais tipos de transações realizadas
tral, entre janeiro e maio de 2017 foram pelo mobile banking foram transferências
fechados 29 pontos de atendimento em bancárias (DOCs e TEDs), pagamentos de
todo o País. “Manter uma extensa rede contas e consultas de saldo. Outro dado im-
física tem custos elevados. Além disso, portante da pesquisa apontou que 9,5 mi- DESTAQUES
devido ao avanço dos meios digitais, vi- lhões de clientes já são considerados usuá- DO SETOR
vemos uma transformação no papel exer- rios frequentes do mobile banking. Ou seja,

1
cido pelas agências físicas, que passaram realizam mais de 80% de suas operações
a ser mais um ponto de relacionamento pelo canal. “O uso dos dispositivos móveis QI 86,60
com o cliente. É quase uma loja, onde se deve crescer ainda mais com o avanço das BANCO BRADESCO

2
esclarecem dúvidas, se resolvem proble- contas totalmente digitais. O consumidor
mas e se vendem produtos. A elas tam- demonstra confiança nos meios digitais e QI 86,07
bém está reservado o papel de gerar po- o setor vem investindo para oferecer cada BANCO ITAÚ

3
sicionamento da marca junto ao público”, vez mais funcionalidades e segurança para
afirma Biagini. as transações bancárias”, comenta Gustavo QI 85,04
Outras frentes também têm mere- Fosse, diretor setorial de tecnologia e auto- BANCO DO BRASIL
cido atenção especial das instituições mação bancária da Febraban.
bancárias, sempre em busca de ganhos
de produtividade, eficiência e redução
de custos. Uma é investir em tecnolo-
gia para promover mais automação do
chamado back office, departamentos in- Com a queda na taxa de juros, o mercado
ternos das instituições responsáveis por
acredita que em 2018 possa haver maior
vários serviços, como manuseios de do-
cumento, cheques, numerários para pa- crescimento no crédito, tanto para o segmento
gamento, processamento de envelopes
industrial quanto para o imobiliário
de depósitos, entre outros. Há, segundo
Biagini, muito espaço para soluções de
48

VALOR DE
MERCADO:
Em um ano o Bradesco
cresceu 60,7%

DESTAQUES

DISCIPLINA PARA
GARANTIR A TRAVESSIA
Busca por eficiência e menos risco na carteira de crédito ajudaram as instituições
bancárias a superar com sucesso mais um ciclo recessivo

O
Bradesco conquistou a primeira partir de três pilares: a força comercial da
posição do ranking na categoria rede de atendimento, a disciplina no con-
Bancos, na edição 2017 do estudo Força comercial, trole dos custos e a blindagem da qualida-
Estadão Empresas Mais, graças a um con- de da carteira de crédito”, afirma o presiden-
junto de virtudes, que vai da experiência rígido controle de te, Luiz Carlos Trabuco Cappi. Para ele, esse
dos seus 74 anos à ousadia na adoção de custos, inovação e mix de prioridades permitiu ao banco ex-
soluções tecnológicas, passando por altas plorar seus diferenciais competitivos. “Foi
doses de prudência. Nos momentos mais bom atendimento importante para enfrentar com sucesso o
turbulentos, como os vividos pelo Brasil nos foram algumas das ciclo recessivo do País. Para o grupo, tam-
últimos anos, especialmente em 2016, fo- bém foi fundamental a participação da área
ram esses alguns dos ingredientes que ga- estratégias dos líderes de seguros.” Sobre as dificuldades encontra-
rantiram o sucesso de sua estratégia. “O de- do segmento das no setor, o executivo relata a questão
sempenho do Bradesco em 2016 foi da sonegação fiscal. “Não somos de recla-
resultado de uma estratégia estruturada a mar e buscamos fazer o melhor sempre.
50
bons resultados do banco, como o tra-
balho de fortalecimento do balanço. “O
critério central foi buscar mais eficiência O BRADESCO EM NÚMEROS
nos processos, sem perder as oportuni-
dades comerciais. A receita de prestação
de serviços cresceu, o lucro se manteve DEZEMBRO DE 2016 EM RELAÇÃO A DEZEMBRO DE 2015
estabilizado e apropriado aos interesses

17,121 bilhões
dos acionistas e as despesas de custeio

R$
permaneceram sob controle.”

CRÉDITO COM MENOR RISCO


Outro banco que atravessou sem maiores FOI O LUCRO LÍQUIDO AJUSTADO.
sustos as turbulências do último ano foi

4,2%
o Itaú, que obteve a segunda posição no
ranking da categoria. “Ficamos satisfeitos
por conseguir apresentar resultados sóli-
Redução de
dos nesse cenário adverso. Nossa estraté-
gia se baseou em duas grandes frentes: a 67,6%
ampliação da oferta de produtos de cré- R$ 11,570
bilhões
dito com menor risco e a diversificação de
produtos e serviços prestados aos nossos 32,4%
clientes”, afirma Marcelo Kopel, diretor R$ 5,551
bilhões
de relações com investidores. Nesse por-
tfólio de ofertas, ele destaca segmentos ATIVIDADES FINANCEIRAS
como seguros, administração de recur- SEGUROS, PREVIDÊNCIA E CAPITALIZAÇÃO
sos, adquirência e cash management, me-
nos suscetíveis a ciclos econômicos do
que os produtos de crédito.

160,813 bilhões
Essas estratégias fizeram com que, em

R$
2016, as receitas de prestação de serviços
do banco crescessem 5,7% em relação a
2015, enquanto as despesas não decor-
rentes de juros cresceram 4,9%, o que, de ERA O VALOR DE MERCADO.

60,7%
acordo com Kopel, demonstra forte disci- CRESCIMENTO DE
plina na gestão dos negócios.
O terceiro colocado no levantamen-
to foi o Banco do Brasil, que também se
mostrou seguro e competente para atra-
vessar o ano sem sobressaltos. De acordo
Fotos: Egberto Nogueira e divulgação

com a unidade de relações com investi-


dores (URI) do BB, vários fatores justificam
os bons resultados. Entre eles a inovação, “O Bradesco tem 74 anos e o grupo de
fruto do investimento intensivo em tec- dirigentes tem, em média, três décadas de
nologia e novas soluções para os clientes, experiência. Já passamos por várias situações,
o foco em negócios rentáveis para o ban- das crises do balanço de pagamentos e
co e o aumento do volume de negócios i erin a o aos c o ues econ icos.”
com os clientes. Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco
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52

EDUCAÇÃO

Bancos escolares
VAZIOS
Investir em educação aumenta a empregabilidade e garante salários mais altos, mas, em
tempos ruins, melhores perspectivas não fazem crescer a procura por cursos superiores
EDUCAÇÃO 53

O
Mapa do Ensino Superior no Brasil, orçamento no governo. A crise do progra-
lançado em agosto pelo Sindicato ma de financiamento estudantil do Gover-
das Mantenedoras de Ensino Supe- no Federal, o Fies, teve importante impac-
rior (Semesp), revela que os postos de tra- to nos resultados do setor.
balho para aqueles com curso superior cres- O Fies foi um grande impulsionador de
ceram 1,5%, chegando a 9,7 milhões em ingresso de novos alunos a partir de 2010.
2015, na comparação com o ano anterior. E Em 2014, 732 mil alunos (40% dos ingres-
se antes da crise a empregabilidade entre santes) entraram na faculdade por meio
os brasileiros que possuem ensino superior do Fies, segundo números do Semesp. Em
completo estava aumentando, com o dese- 2015, os contratos ofertados pelo governo
quilíbrio entre oferta e procura de trabalho, caíram para 287 mil, chegando a 200 mil
a tendência é que o profissional capacitado em 2016, número que deve ser mantido
leve ainda mais vantagem sobre o que ain- neste ano. “Era uma excelente maneira de
da não detém diploma do ensino superior. se ingressar no ensino superior”, diz o dire-
Nem por isso, no entanto, aumentou a pro- tor. As instituições investiram e se prepara-
cura por cursos superiores no Brasil. ram para o Fies e agora precisam lidar com
Ao contrário, a partir de 2015 o setor o revés. “Mesmo que a economia volte a
registrou queda no número de novos alu- crescer, eu duvido que elas [as instituições]
nos. Ainda que os dados mais recentes do voltem a apostar no governo.”
Semesp deem conta de que o número de Aliás, as políticas governamentais têm
estudantes regulares em cursos presenciais influenciado também os resultados do
e a distância tenha crescido 2,5% de 2014 a mercado da educação básica privada, que
2015, quando totalizou 8,03 milhões – 6,08 engloba o ensino infantil, fundamental,
milhões de alunos em instituições privadas médio, profissionalizante e de jovens e
(76%) e 1,95 milhão na rede pública (24%) –, adultos. “A precariedade do ensino públi-
o mapa aponta declínio de 8% no número co no Brasil e a falta de segurança da crian-
de ingressantes (novas matrículas) em 2015. ça na escola fazem com que os pais façam DESTAQUES
Citando os resultados de uma sondagem re- um esforço adicional para manter o filho DO SETOR
alizada pelo Semesp, Rodrigo Capelato, di- na escola particular”, afirma Benjamin Ri-

1
retor executivo da organização, revela que a beiro da Silva, presidente do Sindicato dos
queda chegou a 10% em 2016 e deve cair Estabelecimentos de Ensino no Estado de QI 82,49
mais 2% em 2017. “No acumulado, o resul- São Paulo (Sieeesp). O que estamos assis- KROTON

2
tado é bastante expressivo e preocupante. tindo, no entanto, é uma espécie de dan-
Se a trajetória de queda não for revertida, as ça das cadeiras no setor. “As mensalidades QI 81,78
instituições terão um problema já no curto e das escolas particulares variam de R$ 300 ESTÁCIO

3
médio prazo”, analisa Capelato. a R$ 9.000. Vimos uma movimentação de
As coisas não vão bem nem mesmo alunos em direção a escolas mais baratas QI 75,50
para o segmento de ensino a distância, do que aquelas em que estavam matricu- SER EDUCACIONAL
que vinha crescendo expressivamente até lados no ano anterior”, explica.
2014. “O número de ingressantes nessa
modalidade teve queda de 2,4% em 2015”,
revela o executivo. “O EAD é algo novo,
que tem muito para crescer. Não poderia
estar encolhendo”, lamenta. A crise econô- O Fies foi até 2015 um grande impulsionador
mica é apontada como a maior causa. De
de ingresso de novos alunos no ensino superior.
um lado, porque a recessão gera desem-
prego e perda de renda. “Quem perdeu sa- Em 2014, 732 mil alunos (40% dos ingressantes)
lário desiste do curso superior. Quem não
entraram na faculdade utilizando o sistema
perdeu adia os planos por insegurança.”
De outro lado, porque ela leva a cortes de
54

EXPANSÃO: A Kroton
planeja a inauguração de
100 novos campi

DESTAQUES

LÍDERES DO SETOR DEMONSTRAM


VELOCIDADE DE REAÇÃO
Grupos educacionais se adaptam rapidamente às novas demandas do segmento
e garantem crescimento mesmo em meio à recessão

E
m uma economia conturbada, com Kroton, afirma que 2016 foi um ano de
a área da educação apresentando desafios econômicos e políticos, mas
retração nos resultados, puxada Capacidade de também de importantes conquistas para
pela queda no número de novos ingres- a instituição. “A companhia investiu qua-
santes nos cursos superiores, as vencedo- adaptação e se meio bilhão de reais em qualidade,
ras da categoria Educação do ranking Es- controle de custos inovação e crescimento, mantendo o foco
tadão Empresas Mais mostram que não e suas diretrizes”, revela Lazar.
ocupam a liderança por acaso. Todas elas mostraram-se No ano passado, a receita líquida pro for-
souberam driblar a crise e crescer mesmo fundamentais para ma da Kroton atingiu R$ 5,2 bilhões, 4,5%
em tempos difíceis. A Kroton, que na últi- superior em comparação com a registrada
ma edição do ranking aparecia em segun- a conquista de bons em 2015. No ano, o lucro líquido ajustado
do lugar, neste ano surge como a grande resultados foi de R$ 2 bilhões, também superior ao do
vencedora da categoria. Carlos Lazar, di- exercício anterior. “Nossa capacidade de
retor de relações com investidores da adaptação rápida é uma das grandes res-
TO D OS OS D IA S

A P R E N D E M OS

A FA Z E R M A I S

P ELA E D U CAÇÃO .

Fazer mais é criar formas para que milhares


de pessoas tenham acesso à educação
de qualidade. É utilizar as mais avançadas
tecnologias e aplicar as melhores práticas
mundiais no dia a dia dos nossos alunos.
Fazer mais é o nosso trabalho, porque
sabemos que a educação é capaz de
transformar vidas e fazer nosso país crescer.
Receber o Prêmio Empresas Mais Estadão
reforça que estamos no caminho certo.

kroton.com.br
56
ponsáveis pelo desempenho positivo”, ana- de evasão de alunos e a revisão dos projetos
lisa Lazar. Uma amostra disso foi a resposta acadêmicos. “Tudo isso em paralelo à etapa
imediata da Kroton às novas regras e cortes final de integração de duas aquisições re-
feitos pelo governo no programa de finan- centes: as Universidades da Amazônia e de
ciamento estudantil (Fies), no final de 2015. Guarulhos”, diz o executivo. Com isso, os re-
“Imediatamente criamos mecanismos de sultados da Ser Educacional tiveram melho-
crédito próprio, como o Parcelamento Es- ria estrutural e sustentável, com a margem
tudantil Privado (PEP)”, afirma. “Para este EBITDA ajustada passando de 24% para
segundo semestre, estamos lançando uma 32% entre 2015 e 2016, e já estabilizada em
joint venture com a BV Financeira, que vem 2017. O lucro líquido subiu 35% entre 2015
para complementar o PEP.” e 2016, com sua dívida líquida reduzindo-se
Para 2017, a instituição planeja inaugu- para menos da metade, de R$280 milhões
rar 100 novos campi, dos quais 60 já estão para R$118 milhões no período.
sendo analisados pelo Ministério da Edu-
cação e Cultura (MEC). “Outra iniciativa é a
ampliação do portfólio de cursos nas uni-
dades atuais”, diz Lazar. Em 2016, a Kroton
lançou 275 disciplinas, elevando o total de A KROTON EM NÚMEROS
cursos oferecidos para 2.198. “No ensino a
distância, possuímos junto ao MEC novos

900 mil 2.198


polos no processo de credenciamento, que,
quando aprovados, elevarão nosso número
para 1.152”, finaliza.

AJUSTES NAS CONTAS ALUNOS CURSOS OFERECIDOS


A Estácio, segunda colocada no ranking,
promoveu ajustes para conter custos e des-
pesas operacionais. Como resultado, viu
seu lucro (EBITDA) crescer 28,3% no segun-
do semestre de 2016, mesmo diante do au- 100 NOVOS CAMPI DEVEM SER INAUGURADOS EM 2017
mento de apenas 5,8% na receita líquida do
período. Pedro Thompson, CEO da Estácio,
diz que o grupo espera “uma evolução re-
levante em todos os seus principais indica-
dores financeiros e operacionais em 2017”.
O executivo destaca o alto índice de satisfa-
ção de seus colaboradores como meio para R$ 5,2 R$ 2
chegar aos bons resultados. Mencionando
pesquisa conduzida pelo Hay Group junto
bilhões bilhões
a 10 mil respondentes (73% da força de tra-
balho da Estácio), o executivo afirma que a RECEITA EM 2016 LUCRO EM 2016
instituição atingiu 74% de satisfação total.
Outra que agiu rapidamente para fazer
frente ao atual cenário econômico foi a Ser
Educacional, terceira colocada no ranking.
Jânyo Diniz, CEO da companhia, conta que “Em 2016 a companhia investiu
as iniciativas incluíram a implantação de quase meio bilhão de reais
em qualidade, inovação e
Fotos: Divulgação

uma área de inteligência competitiva para


captação de novos alunos, abertura de no- crescimento.”
vas unidades e cursos em unidades existen- Carlos Lazar, diretor de relações com
tes, um sistema proprietário de prevenção investidores da Kroton
RE 158 17 ANUNCIO INSTITUCIONAL GRUPO SER.pdf 1 20/09/17 16:23
58

ELETRODOMÉSTICOS,
ELETRÔNICOS
& I N F O R M ÁT I C A

É cedo para falar em


RETOMADA
Ainda distante de recuperar resultados ruins dos últimos anos, setor aguarda
definições da agenda tributária para traçar estratégias
ELETRODOMÉSTICOS,
ELETRÔNICOS & INFORMÁTICA 59

A
indústria Elétrica e Eletrônica Em 2016, software e serviços de TIC se
brasileira registrou em 2016 um mantiveram estáveis na comparação com
dos piores resultados de sua his- 2015, com faturamento em torno de R$
tória. O setor, que já vinha desacelerando 82,4 bilhões. O segmento de hardware, por
desde 2014, quando experimentou que- sua vez, teve queda de 8% em relação ao
da de quase 10% no faturamento em rela- exercício anterior, encerrando 2016 com re-
ção ao ano anterior, no ano passado viu ceita de R$ 65,1 bilhões. Para 2017, a Brass-
sua receita encolher outros 13% na com- com prevê crescimento entre 2% e 3%. Sér-
paração com 2015, atingindo R$ 129,4 bi- gio Paulo Gallindo, presidente da Brasscom,
lhões. As exportações também diminuí- avalia que o incremento se deve em boa
ram 5%, totalizando US$ 5,6 bilhões no parte à característica do setor de receber
período. E o pior: o setor precisou cortar investimentos para lidar com as situações
6% dos postos de trabalho, fechando o vigentes, sejam elas de aceleração ou desa-
ano com 232,8 mil empregos, cerca de 60 celeração econômica. “Quando a economia
mil vagas a menos do que em 2014. vai bem, pessoas e empresas investem para
Se 2016 foi um ano para ser esquecido, absorver o crescimento, expandir vendas,
os resultados registrados até o final do pri- criar filiais, entre outras iniciativas de ex-
meiro semestre indicam que 2017 pode ser pansão. Em tempos de recessão, investe-se
um pouco melhor, embora analistas ainda para gerenciar melhor a crise, reduzir cus-
não se arrisquem a falar em retomada de tos, otimizar a gestão orçamentária e me-
crescimento. Dados da Associação Brasilei- lhorar processos”, explica.
ra da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) No entanto, Gallindo alerta para a ques-
revelam um pequeno aumento (1.800) no tão da insegurança jurídica na indústria,
número de postos de trabalho da indústria gerada pela conturbada agenda tributá-
entre dezembro de 2016 e junho de 2017. O ria. Ele cita a imposição do ICMS sobre sof-
receio de falar em recuperação se deve ao tware no Estado de São Paulo, que gerou
fato de que a curva de desempenho, que bitributação, já que as empresas já eram
vinha subindo desde janeiro, mudou sua tributadas por seus municípios. Além dis-
trajetória no final do semestre. so – e mais importante –, o executivo fala DESTAQUES
da Medida Provisória 774/2017, que revê DO SETOR
TEMPO DE INVESTIR a política de desoneração da folha sala-

1
A sondagem da Abinee, atualizada em rial das empresas do setor, em vigor desde
julho, projeta crescimento médio de 3% 2011. Segundo ele, a reoneração da folha QI 88,57
para a indústria em 2017, quando o fatu- de pagamentos pode fazer toda a diferen- WHIRLPOOL

2
ramento deve ficar em torno de R$ 133,4 ça. “Desde 2011, a desoneração permitiu
bilhões. Os resultados serão puxados pe- ao setor contratar 94 mil empregados (até QI 85,71
los avanços nos setores de utilidades do- 2015). Também se somou R$ 4,2 bilhões às INTELBRAS

3
mésticas (7%), telecomunicações (4%), arrecadações na comparação com o valor
equipamentos industriais (4%) e auto- recorrente de 2011. Não faz sentido reone- QI 84,01
mação industrial (4%). De acordo com a rar”, observa Gallindo. MULTILASER
Associação Brasileira das Empresas de
Tecnologia da Informação (Brasscom),
também para o setor de telecomunica-
ções e tecnologia da informação e comu-
nicações (TIC), que compreende hardwa-
re, software e serviços, o ano não trará a
recuperação esperada. Entre 2005 e 2015, O segmento de tecnologia e telecomunicações
o segmento registrou crescimento médio tem potencial para gerar 20 mil novos
anual acima dos 10%. A partir de 2016,
porém, não resistiu e começou a sentir os empregos nos próximos três anos
efeitos da crise, que devem se estender
também em 2017.
60

WHIRLPOOL:
De suas linhas de produção
saíram equipamentos que
estão em cerca de 100 milhões
de lares brasileiros

DESTAQUES

DE OLHO NAS OPORTUNIDADES


Empresas entram em novos nichos e aproveitam tendências de
mercado para lançar produtos e investir em inovação

D
ona das marcas Brastemp, Consul A empresa não abre os resultados,
e KitchenAid, a Whirlpool foi o mas afirma que seus produtos estão em
grande destaque da categoria Ele- cerca de 100 milhões de lares brasileiros.
trodomésticos, Eletrônicos e Informática. Aquisições, inaugurações Atualmente, a Whirlpool conta com cer-
Não significa, no entanto, que a companhia
tenha passado com tranquilidade por 2016.
de novas plantas e ca de 11 mil funcionários no País, distri-
buídos entre o centro administrativo e as
Longe disso, sentiu, a exemplo do setor, os aumento da fábricas localizadas em Joinville (Santa
reflexos do período de recessão vivido pelo
Brasil. Para tentar amenizar os impactos do
capacidade produtiva Catarina), Manaus (Amazonas) e Rio Cla-
ro (São Paulo), além de 23 laboratórios
conturbado cenário político e econômico são algumas das formas de pesquisa e desenvolvimento e quatro
do Brasil, a Whirlpool manteve foco e inves-
timentos em inovação. “Destinamos de 3%
encontradas para centros de tecnologia. Embora não faça
previsões para 2017, João Carlos adianta
a 4% do nosso faturamento anual a ativida- preparar as empresas que a Whirlpool não deve mudar a rota
Fotos: Divulgação

des de pesquisa e desenvolvimento”, afirma


João Carlos Brega, presidente da Whirlpool
para os próximos anos de seus planos, apenas ajustá-la. “Não
abrimos mão da liderança das marcas e
Latin America. “A inovação é propulsora de produtos e da excelência operacional e
tudo o que fazemos”, completa. de pessoas”, indica o executivo. “Como
ELETRODOMÉSTICOS,
ELETRÔNICOS & INFORMÁTICA 61

todos os anos, esperamos surpreender Brizzi, diretora de marketing da Multila-


os consumidores com novos serviços e ser. Para a executiva, os pilares de preços
produtos”, antecipa. justos e as parcerias nos quais a empresa
baseia seus negócios foram cruciais para
SENTIDO CONTRÁRIO o bom desempenho. “Esses pilares trou-
Na contramão do mercado, Intelbras e xeram importantes decisões de desenvol-
Multilaser, segunda e terceira coloca- vimentos de produtos cada vez mais es-
das, viram seus resultados crescerem em pecíficos para atender a necessidade dos
2016. E, melhor do que isso: planejam consumidores, com o preço que cabe no
novo incremento dos negócios em 2017. bolso do brasileiro”, afirma Crisley.
A Intelbras registrou faturamento de R$
1,3 bilhão em 2016, 16% superior ao de
2015. No ano em que celebrou 40 anos,
a empresa consolidou sua liderança no
mercado de switches e centrais telefôni-
cas e, no segmento de segurança eletrô- A WHIRLPOOL EM NÚMEROS
nica, bateu a marca de 1 milhão de DVRs
(gravadores que acompanham as solu-
PRODUTOS EM

100 milhões
ções de circuito fechado de televisão)
vendidos. Ainda na área de segurança,
ingressou nos mercados de incêndio
e iluminação, fortalecendo sua marca
como opção de fornecedor de seguran- DE LARES BRASILEIROS
ça para condomínios.
Altair Angelo Silvestri, presidente da

3% a 4%
Intelbras, diz ainda que a companhia
aposta na diversificação de negócios,
tanto que investiu em conversores digi-
tais e antenas, aproveitando a demanda
gerada pelo recente desligamento do si-
DO FATURAMENTO INVESTIDO EM P&D
nal analógico. Silvestri não faz previsões
pontuais para 2017, mas observa que os
mercados nos quais a empresa atua de
forma geral vêm apresentando bons re-

11 mil 23 3
sultados. “O segmento de segurança ele-
trônica tem boas perspectivas de cresci-
mento. Para o setor de provedores, que
chega a superar a marca de 30% de cres-
cimento ao ano, ampliamos a oferta de
colaboradores laboratórios fábricas
soluções e, em telecom, nossa liderança no Brasil de inovação EM JOINVILLE (SC),
em centrais telefônicas se consolida a MANAUS (AM) E RIO
cada ano”, detalha. CLARO (SP)
Na Multilaser, o faturamento aumen-
tou 36% de 2015 para 2016, quando che-
gou a R$ 1,3 bilhão. “Foi um crescimento
pautado nos mais de 300 produtos lança-
dos ao longo do ano, no ganho de market
“Não abrimos mão da liderança das
Fotos: Divulgação

share em importantes linhas, como smar-


tphones e automotiva, além da consoli- marcas e produtos e da excelência
dação da liderança em linhas de tablets e operacional e de pessoas.”
acessórios de informática”, resume Crisley João Carlos Brega, presidente da Whirlpool Latin America
62

FARMACÊUTICA

Crescimento de
DOIS DÍGITOS
Mesmo em meio a condições econômicas recessivas,
a indústria farmacêutica segue prosperando mais de 10% ao ano
FARMACÊUTICA 63

N
a contramão da grande maioria e pesquisa, existem prazos para registros,
dos setores econômicos no Brasil, que envolvem análises detalhadas por
a indústria farmacêutica continua parte da Anvisa”, diz Reginaldo Arcuri, pre-
praticamente alheia às adversidades. Se de sidente do Grupo FarmaBrasil, entidade
um lado a economia brasileira respira por representante dos principais laboratórios
aparelhos, o segmento segue crescendo na farmacêuticos no País.
casa de dois dígitos ao ano. Em 2016, o mer-
cado total, que inclui a venda de todos os BIOTECNOLÓGICOS
tipos de medicamentos, avançou 12,69%, E BIOSSIMILARES
com 3,5 bilhões de unidades comercializa- O conjunto das empresas representadas
das. Entre janeiro e junho de 2017 foi vendi- pelo Grupo FarmaBrasil investiu em média
do mais de 1,8 bilhão de medicamentos, 8,24% de seu faturamento em atividades
número 3,87% superior ao registrado em de pesquisa e desenvolvimento em 2014.
igual período do ano passado. A título de comparação, no mesmo ano, a
E se, mesmo em meio à economia con- empresa manufatureira brasileira investiu
turbada, os negócios vão bem para a in- 0,67%. “Além disso, se pegar o período en-
dústria farmacêutica como um todo, a re- tre 2010 e 2020, essas empresas ou já in-
cessão traz resultados ainda mais positivos vestiram ou vão investir em fábricas e cen-
para o mercado de medicamentos genéri- tros de pesquisa cerca de R$ 2,8 bilhões”,
cos. Um estudo da Associação Brasileira contabiliza Arcuri.
das Indústrias de Medicamentos Genéri- Outra frente à qual as empresas têm
cos (ProGenéricos), com base em dados do dedicado esforços – e muitos recursos fi-
IMS Health, mostra que as vendas de ge- nanceiros – é a dos medicamentos biotec-
néricos em unidades avançaram 25,65% nológicos. “O Brasil está seguindo o cami-
nos últimos três anos (2014 a 2016), en- nho de potências como Estados Unidos e
quanto o mercado farmacêutico cresceu Europa, com o desenvolvimento de me-
12,14% no mesmo período. dicamentos biotecnológicos e biossimila-
“É claro que dependemos da econo- res. Isso significa uma oportunidade única
mia e que a população precisa ter dinheiro para o País”, afirma Arcuri. As iniciativas DESTAQUES
para comprar medicamentos”, avalia Telma podem ser a garantia de acesso aos pro- DO SETOR
Salles, presidente executiva da ProGenéri- dutos mais caros (biotecnológicos), já que

1
cos. “No entanto, os genéricos são uma serão desenvolvidos localmente. Em rela-
alternativa para as pessoas se cuidarem ção aos biossimilares, Arcuri destaca que QI 86,71
e se medicarem a custos menores.” Telma serão mais caros do que os genéricos, mas ACHÉ

2
observa que o mercado farmacêutico não ainda uma alternativa mais barata para a
vive cenário de expansão arrojada, mas população. O avanço nesta área também QI 83,80
continua em expansão. Boa parte do bom representa a possibilidade de equilíbrio da EMS SIGMA PHARMA

3
desempenho vem dos contínuos inves- balança comercial de medicamentos no
timentos realizados pela indústria. “Essa Brasil, sobretudo quando consideramos QI 81,27
evolução poderia ser ainda maior, mas, que o SUS compra atualmente em torno ROCHE
por conta da economia recessiva, o gover- de 10% de fórmulas biotecnológicas.
no não repassa orçamentos como deveria.
A crise faz o setor público refrear, a Agên-
cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi-
sa) contrata menos gente e isso impede o
desenvolvimento acelerado”, afirma Telma. Nos seis primeiros meses de 2017 mais
A morosidade da Anvisa nas análises
de 1,8 bilhão de medicamentos foram
de registros retarda também o aumento
dos investimentos em inovação radical e vendidos, índice 3,87% superior ao registrado
medicamentos biológicos. “A produção
no ano passado
de remédios é um processo de longo pra-
zo. Além do tempo de desenvolvimento
64

ACHÉ: Investimentos
de R$ 203 milhões em
inovação em 2016

DESTAQUES

MOVIDOS PELA INOVAÇÃO


Investimento contínuo, novos produtos e planejamento de longo
prazo levam empresas a bons resultados

E
m 2015, o Aché, laboratório 100% “Acreditamos que o caminho mais
brasileiro e dono de um portfólio sustentável para o crescimento passa
com 326 marcas, traçou um plano es- pela inovação e é isso o que faz com que
tratégico para os quinze anos que viriam. A Aquisições, inaugurações o Aché continue se destacando”, avalia
meta estabelecida ali foi bastante ousada:
crescer ininterruptamente até 2030. E ao
de novas plantas e Paulo Nigro, presidente da companhia. A
empresa investiu R$ 203 milhões em ino-
que tudo indica a empresa vem cumprindo aumento da vação no ano passado, quando lançou
– e bem – o desafio. Mais do que registrar
aumento nos resultados, o Aché foi, pelo
capacidade produtiva 27 produtos e realizou duas importan-
tes aquisições: a fábrica de antibióticos
terceiro ano consecutivo, a companhia far- são algumas das formas Nórtis, de Londrina, e a divisão químico-
macêutica que mais impactou positiva-
mente o setor farmacêutico no Brasil, se-
encontradas para farmacêutica do Laboratório Tiaraju, do
Rio Grande do Sul. Ainda em 2016, anun-
gundo o ranking Estadão Empresas Mais. preparar as empresas ciou os planos de expansão para o Nor-
Com faturamento de R$ 2,7 bilhões em
2016, número 15,1% superior ao registrado
para os próximos anos te e Nordeste, com a construção de uma
nova fábrica na região metropolitana de
no exercício anterior, a empresa é a primei- Recife, para ajudar a suportar o cresci-
ra colocada na categoria Farmacêutica. mento previsto pelo Aché para os próxi-
66
mos anos. A fábrica também deve servir como forma de desenvolver a pesquisa
como plataforma para as exportações. clínica no Brasil e propiciar acesso a no-
Para Nigro, o planejamento estratégico vos medicamentos aos pacientes, a Ro-
robusto e de longo prazo e o foco dado che investiu mais de R$ 360 milhões em
pelas diferentes áreas às ações estabele- pesquisa e desenvolvimento local nos
cidas nele são um diferencial competiti- últimos três anos. “Em 2016, foram in-
vo da empresa. Mais do que isso, são res- vestidos R$ 121,3 milhões no País, sen-
ponsáveis pelo excelente desempenho do que cerca de 240 centros de pesquisa
da companhia ao longo dos três anos de locais foram envolvidos em mais de 70
crise severa vividos pela economia brasi- estudos da Roche”, diz Hoenger.
leira. “Apesar da instabilidade econômica,
o setor farmacêutico apresenta crescimen-
to e, contendo algumas despesas não es-
senciais ou que podem ser postergadas,
conseguimos concretizar investimentos
previstos e colocar em prática a estratégia O ACHÉ EM NÚMEROS
traçada em cada unidade de negócio”, afir-
ma o executivo.

CRESCIMENTO DE 80%
Outra que aposta nos negócios no País é
a EMS, segunda colocada no ranking Es-
tadão Empresas Mais. Com fábricas ins-
137produtos
LANÇADOS NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS
taladas em São Bernardo do Campo e em
Hortolândia, em São Paulo, a EMS vive des-

326 marcas
de 2013 o maior plano de expansão de sua
história, com investimentos que superam
os R$ 600 milhões. A empresa também
inaugurou plantas de fabricação em Ma-
naus, em 2014, e Brasília, em maio deste
NO PORTFÓLIO
ano. “Com todas as unidades em funcio-
namento, a capacidade produtiva da EMS
será de pelo menos 1 bilhão de unidades
(caixinhas) de medicamentos por ano. Um

2,7 544,6 15,2%


aumento de mais de 80% se levarmos em
conta a realidade da empresa antes do pla-
no de expansão”, contabiliza Sanchez. R$ R$
Inovação e investimento contínuo são
palavras de ordem também na Roche,
bilhões milhões AUMENTO DO
terceira colocada no ranking. “Somos RECEITA LÍQUIDA LUCRO LÍQUIDO LUCRO LÍQUIDO
uma empresa focada em medicamentos EM 2016 EM 2016 ENTRE 2015 E 2016
inovadores, e 20% do nosso faturamento
global é destinado à pesquisa e desen-
volvimento”, revela Rolf Hoenger, presi-
Fotos: Mario Henrique e divulgação

dente da Roche Farma Brasil. A empresa


lançou quatro produtos de alta comple-
xidade em 2016 e cresceu aqui 1,6% no
ano. “Crescemos em um ano desafiador, “Contendo despesas que podem ser
em linha com o compromisso que esta- postergadas, conseguimos concretizar
belecemos com a nossa matriz, na Suí- os investimentos previstos.”
ça”, afirma. De acordo com o executivo, Paulo Nigro, presidente do Aché
A MRV apresenta:
O dia em que o futuro chegou.
A maior construtora da América Latina acaba de ser eleita
também a nº 1 do ranking Empresas Mais Estadão no setor
Indústria da Construção Civil.

As novas linhas de produtos MRV, cujo destaque é a


implantação da Energia Solar, os crescentes investimentos
sociais e as várias iniciativas para melhoria do nosso
relacionamento com os clientes são só alguns bons exemplos
de como uma empresa pode se reinventar a cada dia.

MRV. Mais que apartamentos, o novo jeito MRV de viver.


68

INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Ainda não será


DESTA VEZ
Afetadas pela turbulência econômica que atingiu o País, as empresas
do segmento acreditam que o cenário deve melhorar apenas em 2018
INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO CIVIL 69

N
ão é exagero dizer que, nos últi- “Se nos próximos meses cair ainda mais,
mos três anos, o setor tem res- chegando aos 7,5%, por exemplo, have-
pirado por aparelhos. Desde rá um forte estímulo para a compra de
2014, a construção civil já acumulou re- ativos reais, como imóveis, fazendo com
cuo de 13,8%, exatamente o dobro do que a engrenagem que move a nossa in-
registrado pelo Produto Interno Bruto dústria comece a girar um pouco mais”,
(PIB) nacional no mesmo período, cuja explica José Carlos Martins. Junte a isso
queda foi de 6,9%. Em um longo período o fato de que o mercado imobiliário tam-
de retração econômica, mesmo quando bém pode vir a receber cerca de 20% a
empresas do setor não estão no centro mais do que em 2016, por meio de recur-
das atenções da crise política, a indústria sos atrelados à caderneta de poupança e
da construção civil é um dos segmentos ao Fundo de Garantia do Tempo de Ser-
mais atingidos. A situação se mostra ain- viço (FGTS).
da mais grave quando as dificuldades re- Já que as grandes obras de infraestru-
percutem em toda a cadeia produtiva, tura que o Brasil precisa não devem sair
alcançando indústria e comércio de ma- do papel antes de 2018, o setor da indús-
teriais de construção, serviços, máquinas tria da construção tem se animado com
e equipamentos, além de outros forne- a possibilidade de começar a tocar obras
cedores, como acontece agora. menores relacionadas a concessões pú-
“O panorama está muito difícil”, co- blicas municipais, por meio de Parcerias
menta José Carlos Martins, presidente da Público-Privadas (PPPs). “Acreditamos
Câmara Brasileira da Indústria da Cons- muito no potencial desse modelo, pois DESTAQUES
trução (CBIC), entidade que reúne mais são obras necessárias relacionadas a DO SETOR
de 80 empresas que atuam no setor. “A saneamento básico, gestão de resíduos

1
prosperidade do nosso negócio está di- sólidos, mobilidade urbana, iluminação
retamente ligada à credibilidade. No ce- pública, entre outros empreendimentos QI 85,90
nário em que estamos vivendo, quem menores”, explica o presidente da CBIC. MRV ENGENHARIA

2
vai se aventurar a comprar apartamento, Como, ao que tudo indica, o ano de
reformar a casa ou construir uma nova 2017 não trará grandes resultados posi-
QI 84,79
ELEVADORES ATLAS
fábrica sem expectativa de arcar com o tivos para o setor, as esperanças ficam à SCHINDLER

3
investimento?”, acrescenta o presidente espera de 2018. Até lá, a economia deve
QI 82,26
da CBIC, reforçando que no atual cená- voltar a crescer, assim como o emprego, THYSSENKRUPP
rio a insegurança do brasileiro aumenta melhorando, consequentemente, o índi- ELEVADORES
em todas as áreas, o que faz com que se ce de confiança dos consumidores.
coloque o pé no freio e desacelere even-
tuais planos de expansão.

QUEDA NA TAXA SELIC


Diante desse panorama, o importante é Como as grandes obras de infraestrutura
buscar soluções e alternativas para que,
não devem sair do papel, o setor vê com
aos poucos, a indústria da construção
volte a respirar, crescer, prosperar e gerar otimismo as concessões municipais por meio
empregos. Nesse sentido, o mercado re-
das Parcerias Público-Privadas (PPPs)
cebeu como alento a recente redução da
taxa básica de juros (Selic) para 9,25%.
70

HABITAÇÕES
POPULARES:
O segmento tem apresentado
crescimento contínuo nos
últimos anos

DESTAQUES

APOSTA NA BAIXA RENDA


GARANTE BONS RESULTADOS
Planejamento estratégico, redução de custo e aumento da exportação foram
algumas das saídas para driblar a retração econômica

A
empresa líder deste ano no estudo que o cenário econômico dos últimos anos
Estadão Empresas Mais na cate- na área da construção civil está horrível”, diz
goria Indústria da Construção Civil O Brasil possui um Eduardo Fischer, presidente da MRV Enge-
é relativamente nova. Fundada em Belo Ho- nharia. “Apesar disso, o segmento para bai-
rizonte (MG) em 1979, ela soma 38 anos de d fici abi acional xa renda no Brasil cresce constantemente.
enorme. Os números
Fotos: Nitro Imagens e Glaucia Rodrigues
atuação no mercado imobiliário, tendo se O País tem um enorme déficit habitacional.
especializado, ao longo dos anos, na cons- Estima-se que, a cada ano, 1 milhão de fa-
trução de habitação voltada à baixa renda. indicam que, a cada mílias precisem de um novo lar. Como a de-
Seus apartamentos possuem, em média, 45 ano il o de manda é muito forte e há grandes fontes
metros quadrados de área interna e custo de financiamento, como o Fundo de Garan-
aproximado de R$ 150 mil por unidade. Cla- famílias precisam de tia (FGTS), acabamos por sofrer menos. Nes-
ro que, em algumas localidades, como São um novo lar se cenário, podemos dizer que 2016 foi
Paulo, por exemplo, esse valor pode ser muito bom e 2017 está ainda melhor”,
mais alto. “Não é novidade para ninguém acrescenta o presidente da MRV.
INDÚSTRIA
AGRICULTURA
DA
CONSTRUÇÃO
& PECUÁRIA
CIVIL 71

Um dos motivos desse bom resultado dernização da área de negócios Elevator Te-
aferido em um momento em que diversas chnology, da Thyssenkrupp para o Brasil. Es-
empresas passam por retração é o fato de tefan também afirma que a empresa teve de
que, há cerca de três anos, a construto- fazer uma adequação do portfólio de produ-
ra tomou uma decisão estratégica que se tos à nova realidade de mercado, manter ad-
mostrou acertada: investiu pesadamen- ministração rigorosa de custos, apostar nas
te na compra de terrenos, o que fez com iniciativas de inovação, ampliar a atuação
que esteja presente em 148 municípios de para a América Latina e ter uma operação
22 Estados e no Distrito Federal. “Também descentralizada, mais próxima do cliente.
temos investido bastante em tecnologia e
na formação de pessoas, o que tem sido
fundamental para a operação. Tudo isso
fez com que conseguíssemos um bom
crescimento nos últimos anos, o que trou-
xe ganho de eficiência e crescimento da
margem”, observa Eduardo Fischer. A MRV ENGENHARIA EM NÚMEROS
A segunda colocada na categoria é a Ele-
vadores Atlas Schindler. “A companhia tra-
ESTÁ PRESENTE EM POSSUI

148 24 mil
balha com visão de longo prazo e de forma
muito sólida. Estamos preparados para o
momento difícil da economia, focando em
importantes pontos para manter nossa com-
petitividade e, consequentemente, nossa li- CIDADES BRASILEIRAS FUNCIONÁRIOS
derança no País”, afirma Andre Inserra, CEO

R$ 2,98 bilhões
das Américas da Atlas Schindler. “Antes de
qualquer iniciativa pontual, de acordo com o
mercado que estamos vivendo, nossa preo-
cupação com pessoas é muito forte. Investi- EM VENDAS CONTRATADAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2017
mos continuamente em treinamento e o en-

17.781 unidades
gajamento de nossos colaboradores é muito
alto”, destaca Inserra. Entre outros pontos,
ele cita a busca constante pela qualidade,
tanto em relação à tecnologia como em ser- LANÇADAS NA PRIMEIRA METADE DESTE ANO
viços. “A Atlas Schindler passou a ser a única

R$ 4,2 bilhões
plataforma de exportação para toda a Amé-
rica Latina. Esta foi uma decisão tomada nos
últimos anos e que contribuiu para manter
nossos níveis de crescimento. Entre os prin-
FOI A RECEITA LÍQUIDA NO ANO PASSADO
cipais países para os quais exportamos estão

R$ 637 milhões
México, Chile e Argentina. Acreditamos no
Brasil e queremos sempre aprimorar nossa
operação. Por isso, nosso plano de investi-
Fotos: Nitro Imagens e Glaucia Rodrigues

mento de R$ 100 milhões para os próximos FOI O EBITDA EM 2016


anos será mantido”, acrescenta o executivo.
O terceiro destaque é a Thyssenkrupp
Elevadores, que também teve de se adaptar
aos novos tempos. “Em um ano afetado pela “Nosso foco são os compradores de primeiro
crise, a empresa compensou suas receitas imóvel. Cerca de 95% das famílias têm renda
com o aumento das exportações, obras de familiar de R$ 3 mil. Por isso, dependem
infraestrutura e serviços”, diz Paulo Henrique ui o de on es de financia en o.”
Estefan, vice-presidente comercial e de mo- Eduardo Fischer, presidente da MRV Engenharia
72

MÁQUINAS &
EQUIPAMENTOS

Contra o sucateamento
DA INDÚSTRIA
Diante da maior crise da história, o setor procura meios de incentivar a renovação do
parque de máquinas nacional e aumentar a competitividade internacional
MÁQUINAS &
EQUIPAMENTOS 73

“E
stamos atravessando a maior, retrovisor para olhar adiante. Segundo
pior e mais duradoura crise o presidente da Abimaq, é preciso que
econômica da nossa história.” iniciativa privada e governo estimulem
Assim, João Marchesan, presidente da As- investimentos em máquinas e equipa-
sociação Brasileira da Indústria de Máqui- mentos. “O Brasil precisa voltar a investir
nas e Equipamentos (Abimaq), descreve o de 20% a 25% de capital. Enquanto isso
momento do setor. Falta de investimen- não acontecer, não teremos crescimento”,
tos, redução nas vendas, desemprego, ju- garante Marchesan, destacando que atu-
ros elevados e falta de condições de com- almente o índice de investimentos é infe-
petitividade são apenas alguns dos rior a 15%.
obstáculos a serem vencidos pela indús- Sob o risco de viver a desindustriali-
tria, que experimenta o terceiro ano con- zação do País, o setor tem conversado
secutivo de queda nos resultados. incansavelmente com representantes do
Os números traduzem bem o cenário: governo em busca do estabelecimento de
o faturamento da indústria, que em 2013 regimes especiais. “Hoje a indústria bra-
chegou a R$ 160 bilhões, despencou 50%, sileira não consegue competir em condi-
encerrando 2016 em R$ 80 bilhões. “No fim ções iguais com as concorrentes de fora.
do ano passado, a perspectiva para 2017 Isso é um absurdo”, avalia Marchesan, ci-
era de um início de retomada. O que esta- tando questões como a falta de conteúdo
mos vendo até aqui, no entanto, é um novo reservado para as empresas locais, o dólar
encolhimento”, diz Marchesan, revelando pouco competitivo e a alta carga tributá-
que o faturamento previsto para o exercí- ria sobre os equipamentos nacionais. “São
cio é de, no máximo, R$ 65 bilhões. As ex- erros da equipe econômica, que tem visão
portações também estão em queda livre: míope, de curto prazo e não está olhando
os US$ 14 bilhões registrados em 2014 caí- o interesse maior do brasileiro, que é ge-
ram para US$ 9 bilhões em 2016, e não de- ração de emprego e retomada do cresci-
vem ultrapassar a casa dos US$ 8 bilhões mento”, afirma Marchesan.
em 2017. Até o final de junho, segundo a Outro fator preocupante está na falta
Abimaq, foram exportados US$ 4 bilhões. de renovação das máquinas no País. Se- DESTAQUES
gundo a Abimaq, a idade média do par- DO SETOR
ESTIMULAR OS que instalado é de 15 anos, enquanto

1
INVESTIMENTOS países desenvolvidos renovam seus equi-
Independentemente da indústria, esse de- pamentos, em média, a cada cinco anos. QI 99,60
sempenho seria motivo de preocupação. “A área está perdendo forças e ficando WEG EQUIPAMENTOS

2
Quando falamos do setor de máquinas e anêmica. Se não mudarmos o curso, quan-
equipamentos, porém, o cenário ganha do a economia começar a se recuperar, a QI 83,37
contornos ainda mais preocupantes. Isso indústria não conseguirá acompanhar”, JACTO

3
porque trata-se de um segmento que res- alerta Marchesan. “É preciso mudar o cur-
pondia por 20% do Produto Interno Bru- so – e rápido. É preciso promover a rein- QI 77,63
to (PIB) do Brasil – atualmente esse índice dustrialização do Brasil”, conclui o presi- SCHULZ
não passa de 10%. Mais do que isso, era dente da Abimaq.
um mercado que empregava 380 mil pes-
soas em 2012, número que deve chegar a
290 mil neste ano. “Se considerarmos que
a indústria de máquinas e equipamentos
tem o potencial de multiplicar por 10 os
seus resultados sobre toda a cadeia, per- O setor já foi responsável por 20% do
der 90 mil empregos significa gerar corte Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
de 900 mil postos de trabalho na econo-
mia”, contabiliza Marchesan. Atualmente, esse índice não passa de 10%
Como não adianta reclamar sobre o
leite derramado, o setor deixa de lado o
74

WEG: 60% dos


investimentos são
realizados fora do Brasil

DESTAQUES

BASES PARA A RETOMADA


Para contornar os efeitos da instabilidade econômica e política em seus resultados,
empresas apostam em inovação, diversificação do portfólio e internacionalização

A
WEG Equipamentos, dona do te nas máquinas de agricultura de pre-
primeiro lugar da categoria e cisão. E é justamente na inovação que
grande vencedora do ranking Investimentos a companhia vem apostando suas fi-
Estadão Empresas Mais deste ano, en- chas – e colhendo bons frutos –, mesmo
frenta desde 2014 o desafio de se man- constantes em Pesquisa em tempos de recessão econômica. Em
ter em crescimento. Harry Schmelzer, & Desenvolvimento 2016, por exemplo, a Jacto lançou dois
presidente da empresa, revela, que modelos de pulverizadores e, no primei-
quando os primeiros sinais de turbulên- fazem com que as ro semestre deste ano, colocou no mer-
cia surgiram, a WEG decidiu compensar empresas sempre cado um novo modelo de adubadeira.
as perdas locais com a estratégia de per- Todos os novos equipamentos contam
seguir cada vez mais o mercado interna- ofereçam novos com recursos para agricultura de preci-
cional, que hoje responde por 57% de equipamentos que são e são conectados ao mundo digital,
suas receitas, e trazer para sua cesta no- preparados com tecnologia de inteligên-
vos produtos e negócios, sempre em si- proporcionam maior cia de dados, nuvem e internet das coi-
nergia com a origem da empresa. rentabilidade sas (IoT, na sigla em inglês).
A Jacto, segunda colocada do ranking, Fernando Gonçalves, presidente da
é reconhecida pela inovação que embu- Jacto, revela que a empresa investe em
T ran s f ormamos uma s i mp l es et i q uet a
em ras t reamen t o de al t a p reci s ã o.

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usinas. Uma delas é a etiqueta inteligente de produto, com a tecnologia RFID. Com ela,
podemos controlar o estoque em todas as etapas da cadeia produtiva, além de permitir
que nossos clientes monitorem a entrega de suas mercadorias desde a saída da usina
até o destino final. Pioneirismo Gerdau na indústria do aço, inovação que não para. www.gerdau.com

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76
torno de 5% de seu faturamento em ati- como fatores essenciais para o suces-
vidades de pesquisa e desenvolvimento. so dos negócios da companhia. Embo-
“Essa é uma preocupação constante para ra acredite em um 2017 difícil, a Schulz
podermos oferecer tecnologias acessí- apresentou aumento de 10% nos resul-
veis aos produtores e condizentes com tados do primeiro semestre em relação
as necessidades atuais da agricultura”, ao mesmo período de 2016. “Esperamos
afirma o executivo. Fundada em 1948 na que o crescimento se mantenha, concre-
cidade de Pompeia, no interior do Esta- tizando o que havíamos planejado”, fina-
do de São Paulo, tem como um de seus liza o presidente da companhia.
lemas estar sempre ao lado do produ-
tor. “Isso se traduz de muitas formas na
filosofia da empresa”, afirma Gonçalves.
“Uma delas é tratar como prioridade
o atendimento das demandas do nos-
so público. Assim, nosso investimento
constante em P&D está focado em apre- A WEG EM NÚMEROS
sentar ao mercado equipamentos volta-
dos à redução de custos de produção,

57%
proporcionando rentabilidade maior ao
produtor”, acrescenta Gonçalves.

MERCADO EXTERNO
Essa preocupação contínua da Jacto DA RECEITA VEM DO MERCADO INTERNACIONAL
com inovação levou a companhia a re-
gistrar crescimento mesmo em tempos
nos quais a confiança do agricultor na

R$ 9,4 bilhões
economia está abalada. A empresa regis-
trou receita líquida de R$ 1,07 bilhão em
2016, 13% maior que em 2015. A Jacto
participa com aproximadamente 70%
desse total e o mercado externo respon- FOI O FATURAMENTO DE 2016
deu por cerca de 25% dos negócios da
companhia no ano passado.
A inovação e o desenvolvimento de

29 mil colaboradores
novos produtos, somados à ampliação
da carteira de clientes, também foram
determinantes para que a fabricante de
compressores de ar Schulz, terceira co-
locada no levantamento, chegasse ao
resultado positivo em 2016, de acordo

38 fábricas em 12 países
com Ovandi Rosenstock, presidente da
companhia. A Schulz lança cerca de 15
produtos por ano, além de promover o
desenvolvimento conjunto, por meio da
engenharia simultânea com clientes, de
cerca de uma centena de novos itens.
Rosenstock ainda cita o planejamen-
PRESENÇA COMERCIAL EM MAIS DE

100 países
Foto: Divulgação

to estratégico de longo prazo da Schulz,


o planejamento orçamentário consoli-
dado e o compromisso de gestores e co-
laboradores com as estratégias definidas
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78

METALURGIA
& SIDERURGIA

Combate às ameaças
INTERNACIONAIS
Acúmulo de péssimos resultados leva a indústria brasileira do aço a viver o pior
período de sua história. Apesar disso, os investimentos se mantêm
METALURGIA & SIDERURGIA 79

O
s resultados de 2016 – e também com Lopes, há por lá a intenção de proi-
os obtidos no primeiro semestre bir a importação de aço, considerado pelo
deste ano – reforçam o que as novo presidente americano um insumo es-
empresas de metalurgia e siderurgia já vi- tratégico. Hoje o Brasil exporta 4,2 milhões
nham sentindo: o mercado interno não de toneladas para os Estados Unidos.
retomará o crescimento em 2017. Pior, o Diante deste quadro, Lopes não vê
volume de vendas internas de 2013, me- o mercado interno com otimismo e de-
lhor ano da indústria, deve ser retomado fende ações mais enérgicas do governo
somente em 2028. Por causa disso, resta federal para garantir condições de igual-
às companhias do setor continuarem in- dade no mercado internacional. Sobre
vestindo em melhorias de qualidade e as vendas internas, o executivo diz que a
produtividade para se manterem cres- previsão do setor é retomar o volume in-
cendo no mercado externo. terno de produção de 2013 somente em
O presidente do Instituto Aço Brasil 2028. “Isso com o PIB crescendo 0,5% em
(IAB), Marco Polo Lopes, exemplifica os 2017, 2,5% em 2018 e acima de 3% a par-
contrastes do segmento: em 2016, apre- tir de 2019”, comenta.
sentou queda de 6% na produção, de 9%
nas vendas e de 14% no consumo inter- PRODUÇÃO EM ALTA
no. Ainda assim, manteve o planejamen- Do ponto de vista da competitividade, o
to de investir US$ 25 bilhões entre 2006 executivo elogia algumas ações do go-
e 2015. “As empresas vêm fazendo um verno federal, como a reforma trabalhista
esforço monumental para exportar, evi- e o encaminhamento das reformas previ-
tando assim fechamentos e demissões”, denciária e tributária. Por outro lado, vê
afirma. Este empenho vem dando resulta- com preocupação pontos como a queda
dos. Somente no primeiro semestre deste na arrecadação, o aumento nos impos-
ano, as exportações cresceram 9,2%, aju- tos e as mudanças nas regras do Conteú-
dando a alavancar a produção em 12%. do Local. “É necessário restituir impostos
O crescimento da produção, no entanto, não recuperáveis embutidos nos produ-
não se reflete no faturamento. tos destinados à exportação por meio do DESTAQUES
“Os resultados das exportações não re- Programa Reintegra (regime especial de DO SETOR
muneraram minimamente as empresas, reintegração de valores tributários para

1
por conta da não competitividade pro- empresas exportadoras), elevando a alí-
vocada pelos resíduos tributários, custos quota dos atuais 2% para 5%”, defende. QI 93,74
financeiros e aumento nos custos de ma- Mesmo com essas incertezas em vista, a CBMM

2
térias-primas para a produção do aço”, diz previsão do IAB é que a produção brasilei-
o presidente. Para ele, há conflito entre ra de aço bruto termine 2017 com cresci- QI 86,77
o discurso do governo e a realidade da mento de 3,8% em relação ao ano passado, ARCELORMITTAL

3
retomada da economia. E os obstáculos chegando a 32,5 milhões de toneladas. As
não param por aí. vendas internas de produtos siderúrgicos, QI 86,43
Lopes lembra que as indústrias nacio- por sua vez, devem cair 1,3%, chegando ao ALBRAS ATLAS ALUMÍNIO
nais vêm enfrentando uma forte concor- mesmo patamar de 2005.
rência dos chineses. Não por acaso, as
importações brasileiras de aço da China
saltaram de 12 mil toneladas em 2000
para 811 mil toneladas em 2016. Em ter-
mos percentuais, a participação do aço
chinês nas importações saltou de 1,4% Em 16 anos (de 2000 a 2016), as importações
para 43,2% no mesmo período. Mais do brasileiras de aço da China saltaram
que isso, a produção anual brasileira cor-
responde a 14 dias de produção chinesa. de 12 mil toneladas para 811 mil toneladas
Além da China, o governo Trump tam-
bém representa uma ameaça. De acordo
80

CBMM:
Estoque de nióbio dentro da
fundição no Complexo
Industrial de Araxá (MG)

DESTAQUES

OLHOS PARA O
MERCADO EXTERNO
Os últimos anos não têm sido os melhores, mas não foram perdidos.
As exportações cresceram, compensando a crise interna

C
omo outros, os segmentos de meta- fato de sermos majoritariamente exporta-
lurgia e siderurgia encontraram o dores alivia de alguma maneira a volatilida-
caminho do mercado externo para Para ganhar de gerada no ambiente doméstico”, diz Ta-
compensar as perdas nacionais e, mais do deu Carneiro, presidente da CBMM.
que isso, garantir crescimento. Um exemplo competitividade no O executivo reconhece que a compa-
de quem usou essa estratégia e se saiu bem mercado internacional, nhia sentiu a retração do mercado local,
é o da Companhia Brasileira de Metalurgia e mas isso não fez com que se desviasse de
Fotos: José Patricio e Carlos Alberto

Mineração (CBMM), primeira colocada na as empresas têm sua estratégia, que é aprofundar e expan-
categoria do ranking Estadão Empresas investido em novos dir as aplicações do nióbio, estimulando
Mais. A instituição fechou o ano de 2016 o crescimento do mercado global. A con-
com mais de R$ 400 milhões investidos na processos produtivos, fiança é tanta que a CBMM investiu, nos úl-
expansão de sua capacidade e, mesmo qualidade e logística timos cinco anos, mais de R$ 2 bilhões no
com a redução da margem EBITDA, viu seu Complexo Industrial de Araxá, hoje pronto
lucro líquido crescer no ano passado. “O para um novo ciclo de incremento.
METALURGIA & SIDERURGIA 81

Por tudo isso, Carneiro acredita que “Nesse sentido, o início do projeto de
2017 será melhor, mesmo com um pouco atualização das pontes rolantes das sa-
de retração ainda visível em determinadas las de fornos foi muito importante. Ao
regiões. “O comportamento do câmbio longo do ano, conseguimos melhorar a
tem sido uma barreira, mas estamos con- qualidade do anodo – que é o polo po-
fiantes no crescimento das vendas e na re- sitivo do processo de redução eletrolítica
cuperação de nossa margem ainda neste do alumínio”, comenta. A Albras também
ano”, prevê. Não é por acaso que a CBMM avançou no projeto de recuperação das
está investindo, somente em 2017, mais pontes, contando com o apoio de uma
US$ 40 milhões em iniciativas de desen- empresa canadense contratada para atu-
volvimento de mercado e aperfeiçoamen- ar nesse projeto.
to de processos produtivos.
Para a segunda colocada na categoria,
a ArcelorMittal, 2016 foi o ano que deu
início à implementação do plano estra-
tégico global de longo prazo, o Action A CBMM EM NÚMEROS
2020. Benjamin Baptista Filho, presidente
da ArcelorMittal Brasil e CEO da Arcelor-
FECHOU 2016 COM MAIS DE

R$ 400 milhões
Mittal Aços Planos da América do Sul, ex-
plica que as ações decorrentes do plano
ajudaram a reverter as perdas líquidas de
2015 em resultado positivo em 2016. “Há
uma meta global de conquistar um EBIT- INVESTIDOS NA EXPANSÃO DE SUA CAPACIDADE PRODUTIVA
DA adicional de US$ 3 bilhões até 2020, e
o Brasil tem o compromisso de contribuir
INVESTIU, NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS, MAIS DE

R$ 2 bilhões
com US$ 500 milhões”, revela.
Para cumprir a meta, a operação bra-
sileira tem concentrado esforços no au-
mento da produtividade e na logística,
sempre de olho no aumento da compe- NO COMPLEXO INDUSTRIAL DE ARAXÁ
titividade no mercado internacional. Para
Baptista, a companhia deve manter a ex- DEVE INVESTIR, SOMENTE EM 2017, MAIS

US$ 40 milhões
celência na produção, otimizar preços
de insumos e matérias-primas e investir
em produtos e soluções de maior valor
agregado, qualificando ainda mais seu
EM INICIATIVAS DE DESENVOLVIMENTO DE MERCADO
portfólio. “Dessa forma, temos consegui-
do manter nossas plantas com alto nível
de ocupação da capacidade e exportar POSSUI MAIS DE ATENDE MAIS DE EM

1.500 300 50
os excedentes que não têm mercado do-
méstico”, afirma.
Terceira colocada na categoria, a Albras
(Atlas Alumínio) também conseguiu atin- FUNCIONÁRIOS CLIENTES PAÍSES
gir a maior parte de suas metas operacio-
Fotos: José Patricio e Carlos Alberto

nais em 2016. Boa parte desse resultado


veio da reestruturação das áreas de Manu-
tenção e Capex, realizada ao longo do ano “O comportamento do câmbio tem sido
passado. Para João Batista Menezes, CEO u a barreira as es a os confian es no
da companhia, esta reestruturação otimi- crescimento das vendas e na recuperação
zou as paradas operacionais e aumentou de nossa margem ainda este ano”
a estabilidade dos processos da empresa. Tadeu Carneiro, presidente da CBMM
82

MINERAÇÃO,
CIMENTO & PETRÓLEO

Em busca de um futuro
MAIS SÓLIDO
Empresas do segmento enfrentam algumas crises internas
e externas e, juntas, torcem por uma recuperação
MINERAÇÃO, CIMENTO
& PETRÓLEO 83

M
esmo atuando no que parecem mais de US$ 21,6 bilhões. O desempenho
ser três setores distintos, essas do segmento é fundamental para o supe-
companhias têm muitos pontos rávit comercial do Brasil. “Em 2016, o saldo
comuns: todas trabalham na base da eco- total do Brasil foi de US$ 47,6 bilhões e o
nomia e dizem estar vivendo em 2016 e setor mineral contribuiu com US$ 16,1 bi-
2017 os piores anos de suas histórias. As lhões, ou seja, representou 33% da balan-
causas variam desde a queda do valor glo- ça comercial”, contabiliza.
bal do barril até o desaquecimento do
mercado interno. Muda também a dura- BUSCA DE ALTERNATIVAS
ção da crise. Para o setor de petróleo, por Enquanto tentam sobreviver à crise, os
exemplo, os anos de 2012 e 2013 repre- setores buscam alternativas dentro e
sentaram bons momentos. “Não depende- fora de casa. As empresas de petróleo,
mos do mercado local, mas a queda do por exemplo, acreditam que ações re-
preço nos afetou tremendamente”, afirma centes adotadas pelo governo federal,
Antonio Guimarães, secretário executivo como a reabertura dos leilões, podem
de E&P do Instituto Brasileiro de Petróleo, trazer bons resultados. “Será uma gui-
Gás e Biocombustíveis (IBP). nada do ponto de vista político, mas há
A redução do custo foi agravada ainda uma curva de maturação dos investi-
pelo excesso de concentração de comér- mentos. Eles devem demorar um pouco
cio na Petrobras e pela falta de visibilida- mais. Será mais significativo em 2019 e
de sobre questões fiscais, o que, segundo de 2020 em diante teremos isso mais en-
Guimarães, tornou o ano passado ruim e caminhado”, aposta Guimarães.
fez crer que 2017 deve ser o pior ano do No caso das indústrias de cimento, a
setor desde 1970. “Chegamos ao fundo aposta se mantém na redução de custos
do poço”, acredita. Quando se fala das em- até que o mercado interno retome seu
presas de cimento, a situação não é muito crescimento. Neste caminho, o setor tem
diferente. O presidente do Sindicato Na- sido pioneiro no uso de energias alternati-
cional das Indústrias do Cimento, Paulo vas, em substituição aos derivados de pe-
Camillo Pena, lembra que o período mais tróleo, acelerando o consumo de biomas- DESTAQUES
exuberante dessas companhias ocorreu sa, como carvão vegetal, casca de arroz e DO SETOR
entre 2004 e 2014. “Praticamente dobra- casca de babaçu, que hoje representam

1
mos nossa demanda – de 35 milhões de 7% dos combustíveis utilizados.
toneladas para 71 milhões de toneladas”, Já na área de mineração, o objetivo é QI 85,22
diz. Nos dois anos seguintes, porém, o seg- manter volumes e ampliar o faturamen- VALE

2
mento acumulou perdas de 19%. to. Alvarenga lembra que o Brasil possui
Na área de mineração, também houve diversidade de quase 200 tipologias e de QI 82,41
decréscimo, mas as companhias demons- grande destaque mundial. “Grandes em- REPSOL

3
tram mais otimismo. O diretor-presidente presas de pesquisa e investidores estão
do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), aguardando a retomada econômica e polí- QI 81,08
Walter Alvarenga, aponta que o faturamen- tica do Brasil para incrementarem suas ati- VOTORANTIM CIMENTOS
to caiu 7,5% em 2016. “No entanto, houve vidades no setor mineral”, diz.
manutenção dos volumes de produção
dos principais bens minerais produzidos
no País”, lembra, ressaltando que boa parte
da queda veio da redução no preço inter-
nacional das commodities minerais, com a A produção de cimento saltou de 35 milhões de
manutenção do volume de vendas.
toneladas para 71 milhões entre 2004 e 2014.
O fato é que o Brasil é um grande ex-
portador de bens minerais. Segundo da- Em 2016, porém, o setor fechou o ano
dos do Ibram de 2016, o setor de mine-
com 57,5 milhões de toneladas
ração exportou quase 400 milhões de
toneladas e gerou para o Brasil divisas de
84

CANAÃ DOS
CARAJÁS (PA):
Caminhão transporta 250
toneladas de minério bruto
na mina N4 da Vale

DESTAQUES

FOCO EM NOVOS MERCADOS


As empresas do setor de mineração, cimento e petróleo investem na ampliação de sua
capacidade produtiva como forma de diversificar fontes de receita e escapar da crise

A
s campeãs do ranking Estadão Em- mado projeto S11D, maior complexo mine-
presas Mais na categoria apresen- rário da história da companhia, com capaci-
taram ao longo de 2016, e neste Crescimento na produção dade nominal de 90 milhões de toneladas.
ano, uma tremenda capacidade de reação Já em 2017, a companhia passou por
frente à crise econômica e à instabilidade de minério de ferro, uma mudança de diretor presidente em
política. Diante do recuo do mercado local, níquel, cobalto, ouro, maio, o que a fez revisitar sua estratégia. O
elas foram em busca da diversificação, in- recém-empossado Fabio Schvartsman já
vestindo pesado no aumento de produtivi- carvão, petróleo e gás anunciou que a geração de valor na Vale será
dade para atender novos mercados. Foi o natural e abertura baseada em quatro pilares: performance (re-
caso da Vale, líder do ranking na categoria e visão dos ativos com geração de caixa nega-
maior produtora mundial de minério de fer- de novas fábricas de tiva, retorno do capital empregado, gestão
ro e níquel. A companhia fechou o ano pas- cimento possibilitaram matricial de custos e eliminação de silos); es-
sado com lucro líquido de US$ 4 bilhões, tratégia (diversificação de geração de caixa
o reaquecimento do
Fotos: Divulgação

EBITDA ajustado de US$ 12,2 bilhões e re- operacional, desalavancagem e pagamento


corde de produção em minério de ferro, ní- segmento de dividendos); governança (transformação
quel, cobre, cobalto, ouro e carvão. Além do da Vale em corporação e mudanças no con-
bom resultado, a Vale iniciou em 2016 o cha- selho administrativo); e sustentabilidade (ser
MINERAÇÃO, CIMENTO
& PETRÓLEO 85

reconhecida como a companhia mais sus- milhão de toneladas de cimento por ano,
tentável do setor). e uma em Yacuses (Bolívia), que começou
A segunda colocada na categoria foi a a operar no último dezembro com capaci-
Repsol Sinopec, joint-venture entre a espa- dade de 1,1 milhão de toneladas por ano.
nhola Repsol e a chinesa Sinopec e uma das Neste ano, inauguramos uma nova unida-
maiores produtoras de petróleo e gás natu- de em Sivas, na Turquia”, comenta.
ral do Brasil. Atuando há 20 anos no mer-
cado brasileiro, a companhia registrou em
2016 seu melhor resultado desde 2010, com
receita líquida de mais de R$ 3,08 bilhões, A VALE EM NÚMEROS
4% a mais que em 2015. O CEO da compa-
nhia, Leonardo Junqueira, atribui o resulta-
EM 2016, A EMPRESA APRESENTOU LUCRO LÍQUIDO DE

US$ 4 bilhões
do ao aumento de produção de petróleo e
gás conquistado com o início das atividades
do campo de Lapa, na bacia de Santos.
Além disso, a Repsol Sinopec superou a
marca de 85 mil barris de óleo equivalen-
te produzidos por dia, o que a consolidou EBITDA AJUSTADO DE

US$ 12,2 bilhões


como um dos atores mais relevantes no
setor de petróleo e gás do Brasil, figurando
entre as empresas com maior produção no
País. “Fechamos 2016 com 23,1 milhões de
barris de óleo equivalente”, ressalta, lem-
brando que outro fator importante para RECORDE DE PRODUÇÃO EM
o resultado foi a implementação do Pro- MINÉRIO DE FERRO, NÍQUEL, COBRE, COBALTO, OURO E CARVÃO
grama de Eficiência de Custos, que é parte
do plano estratégico 2016-2020 do grupo
Repsol e tem o objetivo de buscar eficiên- OS INVESTIMENTOS CAÍRAM DE
cia operacional e organizacional para as
empresas do grupo. Para este ano, a com-
panhia segue trabalhando na consolidação
de seus ativos no País, principalmente em US$ 8,4 para US$ 5,5
atividades remanescentes para o desenvol-
vimento do campo de Lapa e em atividades
bilhões bilhões
para preparar o desenvolvimento de Pão
de Açúcar, uma das áreas mais promissoras 2015 2016
para produção de gás no pré-sal brasileiro.
Na Votorantim Cimentos, terceira co-
locada entre os destaques da categoria,
A COMPANHIA CONQUISTOU, PELO QUARTO
o ano de 2016 foi marcado pelo enfrenta-
ANO CONSECUTIVO, REDUÇÃO EM CUSTOS E DESPESAS DE

US$ 1,8 bilhão


mento na crise, principalmente no mercado
de construção civil. De acordo com o CEO
da companhia, Walter Dissinger, a estraté-
gia adotada foi a diversificação geográfica,
com foco em mercados desenvolvidos (Es-
tados Unidos e Canadá) e com alto poten-
cial de crescimento (Europa, Ásia e África). E AS DESPESAS COM VENDAS GERAIS E OS GASTOS
ADMINISTRATIVAS CAÍRAM MAIS DE DIMINUÍRAM
Fotos: Divulgação

“Em 2016, como parte do nosso plano

24% 6%
de investimentos, inauguramos uma nova
fábrica em Primavera (Pará), que adicionou
à capacidade de produção da empresa 1,2
86

PAPEL &
CELULOSE

Crescimento e
PRODUTIVIDADE
Com a queda do mercado interno, as empresas do setor de papel e celulose
investem em modernização e na conquista de espaço internacional
PAPEL & CELULOSE 87

O
setor de papel e celulose vem dos de papel para fins sanitários e de im-
conseguindo atravessar os anos prensa (papéis para imprimir e escrever),
de crise sem muitos solavancos. estas devido à retração do nível de empre-
A produção de celulose cresceu 8,1% em go e da massa salarial.
2016 e a de papel e a de embalagens caí- “Por outro lado, as exportações, que
ram relativamente pouco – 0,2% e 0,6%, são o principal meio de escoamento do
respectivamente. O ano passado não foi excedente da produção local de celulose,
dos piores também para quem foca o continuarão nos mesmos níveis de 2016”,
mercado externo: o dólar médio de R$ afirma. De acordo com o executivo, dados
3,49 beneficiou as empresas exportado- da Lafis (Latin American Financial Invest-
ras, mas elevou os custos, reduzindo suas ment Services), em termos de produção,
margens. No geral, o segmento vem con- preveem um aumento de 3,5% em 2017,
seguindo se manter em crescimento. De o que potencialmente levará o Brasil do
acordo com o sócio da PwC Brasil, Eduar- quarto para o segundo lugar em produção
do Vendramini, este desempenho deve- mundial de celulose já no início de 2018,
-se principalmente à aposta em inovação. ultrapassando Canadá e China e ficando
“Desde 2012 as principais empresas do atrás apenas dos Estados Unidos.
setor começaram a investir em moderni- Elizabeth confirma a tendência e lem-
zação, ampliação da área de plantio e da bra que o setor está num momento de
capacidade de produção”, afirma. Os inves- expansão no comércio com os países nos
timentos, de aproximadamente R$ 110 bi- quais já atuava. Até meados de 2018, o
lhões em cinco anos, sendo R$ 13 bilhões Brasil passará a produzir mais 5,5 milhões
só em 2016, colaboraram para um grande de toneladas de celulose. Ela lembra que
salto de produtividade e competitividade. a China passou, desde julho de 2016, a ser
A redução de custos é vista como o segun- o principal destino do insumo brasileiro,
do impulsionador de crescimento mais ultrapassando os países europeus. Entre
forte, com fusões e aquisições em terceiro 2013 e 2016, o país asiático saltou de 30%
lugar e alianças na quarta posição. para 39% em participação no valor das
Elizabeth de Carvalhaes, presidente exportações, atingindo no último ano um DESTAQUES
executiva da Ibá (Indústria Brasileira de volume de US$ 2,1 bilhões. DO SETOR
Árvores), reforça a visão, lembrando que “Vale ressaltar que o Brasil já é referên-

1
o desempenho calcado nas exportações cia mundial em celulose. Fomos o país que
se manteve nos três principais segmen- mais se desenvolveu no quesito rendimen- QI 85,75
tos representados pela entidade – celu- to florestal, realizando investimentos contí- SUZANO PAPEL E CELULOSE

2
lose, painéis de madeira e papel –, mes- nuos em tecnologia, silvicultura e manejo,
mo com a valorização do real em 25% que permitiram triplicar o índice de produ- QI 84,36
ao longo de 2016. O bom volume regis- tividade florestal nas últimas três décadas”, FIBRIA

3
trado pelas exportações contribuiu para diz. Não por acaso, a produtividade média
que a balança comercial do setor fechas- dos plantios de eucalipto no Brasil é supe- QI 83,32
se o ano com resultado positivo de US$ rior a 36 m³/ha ano, bem maior que a do ELDORADO BRASIL
6,6 bilhões (+2,4%). segundo colocado, a China.

DEMANDA NACIONAL
Apesar dos resultados, as perspectivas ain-
da são cautelosas. Por conta do cenário
econômico ainda desafiador, Vendramini Em 2016, o faturamento do setor de celulose
acredita que o setor industrial de papel e
apresentou aumento de 0,6%. O de papel
celulose ainda deverá sofrer com a redu-
ção na demanda nacional do consumo de cresceu 6,6%. E o dos painéis de madeira
diversos tipos de papel, principalmente
deu um salto de 30,9%
dos utilizados na produção de embala-
gens. Serão impactados também os pedi-
88

PAPEL:
O portfólio da Suzano é
composto por quatro linhas
do produto e mais de
20 marcas diferentes

DESTAQUES

UM PERÍODO DE RECORDES
O ano de 2016 foi de produção campeã no mercado global de papel e celulose,
traduzido em resultados positivos para as empresas brasileiras

O
setor desconhece o significado da R$ 960 milhões, muito disso em razão do
palavra crise. Sinal disso é que o ano Programa Suzano Mais. “Um novo modelo
passado foi marcado pelo anúncio Novos modelos de negócio, de negócio que permitiu a ampliação de
de um novo recorde mundial de produção e nossa base de atendimento para mais de 35
venda de celulose no mercado: a movimen- redução de custos, mil clientes ativos”, explica Walter Schalka,
tação chegou a 3,5 milhões de toneladas. crescimento nas vendas CEO da instituição, destacando também
Para as companhias nacionais, mercado em uma redução de 3% no custo/caixa de pro-
alta significa resultados positivos. Foi o caso e parcerias com startups dução de celulose, que no último trimestre
da Suzano Papel e Celulose, primeira coloca- e universidades têm de 2016 chegou a R$ 570 por tonelada.
da no ranking Estadão Empresas Mais na “Chegamos ao final de 2016 com o me-
categoria. No ano passado, a companhia al- sido algumas das razões nor custo/caixa de produção de celulose
cançou R$ 2,75 bilhões em geração de caixa dos bons resultados da indústria brasileira”, comemora o exe-
operacional, resultado conquistado também cutivo. E Schalka aposta que os bons re-
pela política de controle de custos e despe- alcançados pelas líderes sultados devem se manter em 2017, ano
sas adotada pela empresa. do segmento em que a Suzano deve concluir o processo
Somente no segmento papel, a geração de migração para o novo mercado e conti-
de caixa operacional da Suzano chegou a nuar focando seus esforços no que chama
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90
de três pilares estratégicos: redesenho da continuará a crescer acima das demais fi-
indústria, competitividade estrutural e ne- bras, pela elevada percepção de valor em
gócios adjacentes. relação às suas características técnicas por
A Fibria, segunda colocada na catego- parte dos diversos segmentos produtores,
ria, também não tem do que reclamar. A com destaque para o lenço de papel e al-
companhia registrou em 2016 volume de gumas especialidades”, diz.
vendas de 5,5 milhões de toneladas, 8%
a mais que no ano anterior. Boa parte do
resultado é creditada ao crescimento na
demanda global por celulose de eucalipto, A SUZANO EM NÚMEROS
ao baixo nível de estoques e à perspecti-
va de curto prazo mais balanceada sobre a

8 mil colaboradores
entrada de novas capacidades. Estes fato-
res levaram a empresa a registrar o maior
volume trimestral de vendas de sua histó-
ria, no final do ano passado.
Para manter o ritmo, a Fibria implemen-
tou agora uma plataforma de inovação
ALCANÇOU NO ANO PASSADO CONSEGUIU EM 2016

2,75
aberta, chamada Fibria Insight, que tem o
objetivo de estimular o trabalho e a parce-
ria com startups, empresas, universidades
R$ redução
3%
e centros de pesquisas na busca por novas

de
ideias, soluções, tecnologias e desenvolvi-
mento de novos negócios.
Na terceira colocação do ranking, a El- bilhões
dorado Brasil fechou 2016 com um volu-
me de produção de 1,6 mil toneladas, 3% EM GERAÇÃO DE CAIXA NO CUSTO/CAIXA DE
acima do registrado em 2015, o que lhe OPERACIONAL PRODUÇÃO DE CELULOSE
garantiu lucro líquido de R$ 288 milhões e
EBITDA de R$ 1,6 bilhão. Para o presidente NO SEGMENTO PAPEL, A GERAÇÃO DE CAIXA OPERACIONAL
da empresa, José Carlos Grubisich, o resul- DA COMPANHIA CHEGOU A

R$ 960 milhões
tado é reflexo da obstinação dos profissio-
nais da empresa, que buscam fortemente
a excelência operacional, o equilíbrio e a
responsabilidade no uso dos recursos.
“Com apenas quatro anos e meio de
operação, a Eldorado já é uma das mais POSSUI BASE DE ATENDIMENTO PARA MAIS DE

35 mil clientes ativos


competitivas do setor e se tornou refe-
rência”, afirma Grubisich, destacando a
relação direta com os clientes, o portfólio
diversificado e o foco em parceiros com
alto potencial de crescimento como fato-
res-chave para o desenvolvimento. Tanto é
assim que, de janeiro a março deste ano, a
empresa conquistou a maior produção tri-
mestral desde o início de suas operações, “Durante o ano de 2017, a Suzano concluirá
com 433 mil toneladas de celulose. Por o processo de migração para o novo mercado
e continuará a focar esforços no redesenho da
Fotos: Divulgação

tudo isso, Grubisich avalia que as expec-


tativas para o desempenho do setor e da indústria, na competitividade estrutural e no
companhia são muito positivas. “Acredita- desenvolvimento de negócios adjacentes.”
mos que a demanda por fibra de eucalipto Walter Schalka, CEO da Suzano Papel e Celulose
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92

QUÍMICA &
PETROQUÍMICA

Uma década inteira


PERDIDA
Mesmo com o avanço verificado em 2016, as empresas do segmento ainda
lutam para retomar os índices de crescimento registrados em 2007
QUÍMICA &
PETROQUÍMICA 93

O
s últimos anos não foram nada internos enfrentados pelas empresas.
bons para as companhias do O executivo acredita que, para fechar
segmento, período em que fo- 2017, o setor precisa da recuperação da
ram bastante impactadas pela crise da Petrobras, da estabilidade do preço do
Petrobras. De todo modo, comemoram a petróleo e da atração de capital privado.
leve recuperação registrada no ano pas- “Mas para isso dependemos de altera-
sado e estão na expectativa de que a ções regulatórias que mudem o patamar
tendência se mantenha. Para Reynaldo do segmento”, defende, lembrando que
Saad, sócio-líder da área de produtos in- a recuperação econômica precisa ser
dustriais da consultoria Deloitte, o setor real, com investimentos de curto e mé-
químico foi o mais onerado pela crise. dio prazos.
“Houve pequeno incremento, mas nada
significativo para um grupo que vinha BUSCA DE CREDIBILIDADADE
crescendo com margem grande”, afirma. Fátima, da Abiquim, concorda e ressalta
O que Saad chama de pequeno cresci- que adotar medidas que tornem o País
mento, a diretora de economia e estatís- atrativo para recebimento de investimen-
tica da Associação Brasileira da Indústria tos estrangeiros na área de óleo e gás
Química (Abiquim), Fátima Giovanna Co- ajudará a tornar os recursos locais mais
viello Ferreira, traduz em um faturamen- competitivos. “O Brasil precisa e deve re-
to líquido de R$ 379,2 bilhões em 2016, cuperar a credibilidade e a previsibilida-
valor 2,7% acima do que foi registrado de de longo prazo. Ainda que algumas
em 2015. A queda no ranking dos países ações tenham efeito daqui a mais tem-
referência no setor também se explica: po, tão importante quanto a ação em si
as exportações caíram 5,3% em 2016, é a sinalização que o governo está dando
ficando em US$ 12,15 bilhões. “Apenas em relação à direção e ao rumo do que se
para ilustrar, no início da década de 90, pretende implementar”, afirma. A executi-
o déficit era de US$ 1,5 bilhão. Apesar da va ressalta ainda que a inflação tem dado DESTAQUES
ligeira melhora observada no resultado sinais claros de recuo e, por isso, não cau- DO SETOR
da balança comercial em 2016, esse dé- sa preocupação de curto prazo. “Portanto,

1
ficit ainda evidencia que o Brasil está im- há espaço para acelerar também a redu-
portando riquezas que são produzidas ção dos juros reais que incidem sobre a QI 83,48
em outras localidades”, diz Fátima. economia, respondendo de forma mais NUFARM

2
rápida às expectativas de mercado”, diz.
MARCOS REGULATÓRIOS Como investimentos produtivos e taxas QI 81,62
Mesmo com crescimento, se comparado de juros caminham em direção oposta, BAYER

3
aos resultados de 2007 para uma avalição a Abiquim acredita que, quanto mais rá-
decenal, o nível atual de produção é pra- pido os juros caírem, mais veloz será a QI 81,32
ticamente o mesmo daquele registrado resposta em relação ao nível de capital PRODUQUÍMICA
dez anos atrás e, no que se refere às ven- investido na produção.
das internas, o setor ainda está quase cin-
co pontos abaixo da referência. “Ou seja,
não houve crescimento nos últimos dez
anos, o que comprova um período de di-
ficuldade e falta de competitividade, que O faturamento líquido do setor foi de
culmina no elevado índice de ociosidade
R$ 379,2 bilhões no ano passado, valor 2,7%
atual e na falta de atratividade para novos
investimentos”, lembra. acima do que foi registrado em 2015.
Para Saad, o desempenho é influen-
Mas as exportações caíram 5,3%
ciado por fatores externos, mas o im-
pacto maior vem mesmo dos problemas
94

AGRONEGÓCIO:
A Nufarm tem como foco
a produção de agroquímicos
e sementes para um setor
que continua robusto

DESTAQUES

SEMPRE DESENVOLVENDO
NOVIDADES
Com ou sem crise, as empresas do setor mantêm investimentos em P&D como
forma de aumentar a competitividade e buscar novos mercados

S
e há algo em comum entre as empre- basicamente no agronegócio, com a produ-
sas vencedoras da categoria Química e ção de agroquímicos e sementes e este é um
Petroquímica do ranking Estadão Para quem atua na setor que continua robusto”, afirma.
Empresas Mais é o foco em pesquisa e de- Mais do que o foco em um setor em
senvolvimento. Os resultados de Nufarm, área, estar sempre crescimento, Gaio atribui o sucesso nos
Bayer e Produquímica variaram em 2016 em próximo ao agricultor negócios e o crescimento da Nufarm à
razão de seus mercados, mas as três continu- estratégia de penetração de mercado
am mantendo a preocupação com o desen- tem se mostrado uma estabelecida pela empresa: se manter
volvimento de mais e melhores produtos. A estratégia excelente na perto do agricultor onde ele estiver. “Te-
australiana Nufarm, primeira colocada na mos uma equipe com centenas de con-
busca constante dos
Fotos: Divulgação

pesquisa, não tem do que reclamar. O presi- sultores que fazem visitas constantes
dente da companhia, Marcos Gaio, não reve- bons resultados aos nossos clientes”, diz, lembrando que
la muitos números, mas afirma que a opera- esse time é o responsável por realizar um
ção brasileira cresceu 5% em 2016. “Atuamos mapeamento do que pode ser oferecido
QUÍMICA &
PETROQUÍMICA 95

ao mercado e por alimentar a equipe de vê com otimismo seu futuro no mercado


pesquisa e desenvolvimento. brasileiro, uma vez que recebeu recursos
O executivo deixa claro que sua ambição que vão permitir mais participação, incre-
é dar ao agricultor uma experiência positiva, mento e fortalecimento de suas operações.
fazendo com que ele se sinta confortável fa- “Nessa nova fase, a Produquímica, como
zendo negócios com a Nufarm e, claro, que empresa do grupo Compass Minerals, con-
queira fazer mais na próxima safra. “O agri- tinuará a desenvolver seu portfólio especia-
cultor está no centro de nossa atenção. Esta- lizado e se manterá focada na produção e
mos procurando melhorar nossos produtos, no desenvolvimento de produtos técnicos
nossa logística e a estratégia de atendimen- de alta qualidade”, afirma Gehard Walter
to técnico a esses clientes”, revela. Schultz, presidente da empresa.
Para a Bayer, há 120 anos no Brasil, se-
gunda colocada na categoria Química e
Petroquímica, o ano passado não deixou
saudades. Embora tenha conseguido um re-
sultado financeiro de R$ 8,3 bilhões, este re-
presentou recuo de 14% em relação a 2015. A NUFARM EM NÚMEROS
O presidente da companhia no País, Theo
van der Loo, ressalta que esse desempenho
PRESENTE EM MAIS DE

100 países
foi fruto do momento de transição do cená-
rio político nacional e da redução do crédito.
Mas isso não fez com que a Bayer recuas-
se de sua meta de investir consistentemen-
te na área de pesquisa e desenvolvimento.
De acordo com o executivo, é a forma mais NO BRASIL, POSSUI UM PARQUE FABRIL DE

161.000 m²
segura de garantir a oferta de produtos e
soluções de alto desempenho. “Conside-
ramos esta área peça-chave para alcançar-
mos resultados na missão de gerar ciência
para uma vida melhor”, afirma. Por isso, a LOCALIZADO EM MARACANAÚ, NO CEARÁ
Bayer investiu, globalmente, quase € 4,7
bilhões em P&D, 9,2% a mais que em 2015.
Mais do que isso, a Bayer planeja inves- POSSUI OITO CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO LOCALIZADOS EM
tir cerca de R$ 180 milhões no Brasil em SUMARÉ (SP), CAMBÉ (PR), CARAZINHO (RS), CUIABÁ (MT),
2017, mantendo a média dos anos anterio-
LUIS EDUARDO MAGALHÃES (BA), GOIÂNIA (GO),
res. “Nossa projeção para 2017 segue posi-
tiva. Vemos sinais de melhora no País, por ARAGUAÍNA (TO) E MARACANAÚ (CE)
isso estamos mantendo nossos planos de
investimento”, afirma. Também com foco EMPREGA MAIS DE

3 mil pessoas
no agronegócio, a Produquímica, terceira
colocada na categoria, tem estratégia se-
melhante à da Nufarm, mantendo um
time de vendas técnicas com mais de 200
pessoas espalhadas por todo o País; e à da
Bayer, com investimentos em pesquisa e
desenvolvimento que ultrapassam os R$ “O agricultor está no centro de
12 milhões anuais. nossa atenção. Estamos procurando
melhorar nossos produtos,
Fotos: Divulgação

Apesar da crise, o ano de 2016 foi espe-


cial para a Produquímica, que passou a fazer nossa logística e a estratégia de
parte do grupo norte-americano Compass atendimento técnico aos clientes.”
Minerals. Com a incorporação, a companhia Marcos Gaio, presidente da Nufarm
96

SAÚDE

Momento de investir
EM GESTÃO
Segundo especialistas da área, é urgente a adoção de novos modelos
de gerenciamento que permitam controles mais integrados e produtivos
SAÚDE 97

O
mercado de saúde suplementar, ciência do sistema é a fragmentação do se-
composto por planos de assistência tor. “Cada elo da cadeia opera a seu modo,
médica e odontológica, contabili- com instrumentos, tecnologias e proces-
zou 69,9 milhões de beneficiários em de- sos apartados. Trazer elementos que in-
zembro de 2016, redução de 1,7% em com- tegrem essa estrutura proporcionará um
paração com dezembro de 2015, segundo grande ganho para o segmento. O uso de
dados da Federação Nacional de Saúde Su- plataformas tecnológicas, incluindo ferra-
plementar (FenaSaúde). Com isso, são dois mentas de business annalytics e big data,
anos de perda significativa no número de possibilita melhor gestão da tríade abuso-
beneficiários dos planos privados de saúde -desperdício-fraude, que causa ineficiên-
no Brasil, o que afeta toda a cadeia do setor. cias e perdas vultosas. Os agentes do setor
A contratação de um plano de saúde precisam se reinventar”, afirma.
depende diretamente de dois fatores: ren- Boas notícias também existem. Na con-
da e emprego. A maioria dos contratantes tramão da crise, planos exclusivamente
possui o benefício por meio do emprega- odontológicos, com 22 milhões de bene-
dor, como forma de atrair e reter colabo- ficiários (31,5% do mercado), aumentaram
radores. Para se ter uma ideia, planos co- 1,4%. Em 2016, o segmento absorveu 312
letivos empresariais são responsáveis por mil novos beneficiários. “Essa movimenta-
66% dos vínculos. “Há uma clara relação ção pode ser explicada pelo baixo preço
entre a dinâmica do mercado de trabalho das mensalidades e pela mudança cultu-
e o desenvolvimento do mercado de saú- ral sobre os cuidados bucais, além do foco
de suplementar. A evasão de beneficiários, das operadoras em oferecer o serviço a
nos últimos anos, é consequência direta pequenas e médias empresas”, diz Cechin.
da retração da atividade econômica do Apesar do declínio do mercado de saú-
País”, comenta José Cechin, diretor execu- de no País, segundo dados coletados pela
tivo da FenaSaúde. Deloitte, em 2016 o Brasil foi considera- DESTAQUES
Os problemas enfrentados na saúde do o sétimo maior mercado de saúde do DO SETOR
suplementar, porém, estão além da cri- mundo, o segundo maior em saúde priva-

1
se econômica. Cechin explica que o se- da nas Américas e o que possui o sistema
tor enfrenta questões estruturais, como público mais abrangente, com mais de 150 QI 91,52
inflação médica elevada, desperdícios, milhões de pessoas (76% do total) depen- REDE D'OR

2
fraudes, incorporações tecnológicas sem dentes do Sistema Único de Saúde (SUS).
a relação custo-benefício comprovada Outro ponto de relevância está ligado às QI 81,06
clinicamente e regulação engessada, en- despesas anuais familiares com a saúde. FLEURY

3
tre outras, que não estimulam o desen- A maior delas é com medicamentos (R$
volvimento do mercado. De acordo com 79 bilhões), seguida por planos de saúde
QI 80,13
A.C. CAMARGO
levantamento da FenaSaúde, a despesa (R$ 49 bilhões), consultas e exames (R$ 16 CANCER CENTER
assistencial per capita cresceu 19,17% em bilhões) e dentista (R$ 8 bilhões).
2016 e 138,3% entre 2008 e 2016. Nesse
mesmo período, a inflação medida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) foi de 65,8%.
A Deloitte, empresa de auditoria e con- Até 2020, 50% das despesas globais de
sultoria empresarial, concorda que as di-
ficuldades não se restringem ao cenário
saúde serão geradas a partir de gastos com
econômico brasileiro. Segundo Enrico de as três principais causas de morte: doenças
Vettori, sócio líder para indústria de Life
Science e Healthcare da Deloitte, um dos
respiratórias, cardiovasculares e câncer
pontos que mais contribuem para a inefi-
98

SAÚDE DE
QUALIDADE:
Uso de alta tecnologia e
inovações para prevenir
doenças e aprimorar o
atendimento ao usuário

DESTAQUES

EM BUSCA DA EXCELÊNCIA
Aumentar os investimentos para garantir avanços em tecnologia e eficiência
administrativa garante às empresas de saúde continuar em expansão

O
aumento da expectativa de vida iniciativas contempladas em seu planeja-
da população, associado à contí- mento estratégico. “Tiramos colaborado-
nua evolução tecnológica, é con- Inaugurações e res, diretores e gestores de funções bu-
siderado um desafio positivo para o setor rocráticas para que pudessem se dedicar
de saúde no País. Mesmo diante de um ampliações de unidades exclusivamente à atividade fim, ampliando
cenário de forte recessão econômica, em- de atendimento, a oferta de assistência médica de qualida-
presas como a Rede D’Or seguem inves- de aos nossos pacientes. Modernizamos
tindo no desenvolvimento dos negócios, aquisições de hospitais os centros cirúrgicos e de diagnósticos e já
com uma visão de longo prazo. Essa estra- e investimento somos líderes em cirurgia robótica no País”,
tégia, caracterizada pela consolidação da comenta Paulo Moll, vice-presidente da
qualidade dos serviços, valorização das em inovação são empresa, líder no ranking do Estadão Em-
pessoas, expansão orgânica e aquisições, características comuns presas Mais pelo terceiro ano consecutivo.
levou a companhia a fechar 2016 com O controle de gastos corporativos é
crescimento de 22,6%, incluindo os hospi- das empresas que atuam determinante nesse processo – e ganhou
tais adquiridos. na área de saúde impulso a partir da criação do Centro de
Desde 2015, a Rede D’Or vem apor- Serviços Compartilhados (CSC), que per-
tando cerca de R$ 1,5 bilhão por ano em mitiu à Rede D’Or rever atividades de
100
suporte e transações rotineiras, renego- crise”, diz a superintendente geral, Vivien
ciar contratos com fornecedores e pres- Navarro Rosso. Além disso, com o enve-
tadores de serviços, reduzindo custos e lhecimento da população como principal
despesas. “Esses recursos liberados nos fator de risco na incidência do câncer, são
permitem investir em capacitação e na contínuas e crescentes as demandas em
qualidade da assistência, resultando na oncologia. Em 2016, o hospital realizou
redução contínua de turnover dos colabo- mais de 133 mil atendimentos a pacientes
radores”, afirma Moll. e 3,8 milhões de procedimentos.
Investimentos em inaugurações, am-
pliações e aquisições de hospitais e ma-
ternidades complementam o plano de
crescimento da Rede D’Or. Em 2016 e
2017, pouco mais de dez projetos foram REDE D’OR EM NÚMEROS
realizados no Rio de Janeiro, em São Paulo
e Pernambuco. Até 2022, a empresa prevê
o aumento dos atuais 6 mil leitos para o PRESENTE EM

3 Estados
total de 9 mil, além de foco ainda maior
em oncologia.

AJUSTES NAS CONTAS


Inovação, recuperação de rentabilidade RIO DE JANEIRO, SÃO PAULO E E PERNAMBUCO
e expansão também ocupam a pauta do + DISTRITO FEDERAL
Fleury, segundo colocado no estudo. “O
desenvolvimento crescente da medicina
de precisão, cujo objetivo é acelerar nos-
so desempenho na área genômica, é um
dos destaques recentes da companhia”,
35 hospitais próprios
comenta o presidente Carlos Marinelli. Em
2016, o Fleury incorporou ao seu portfó-

2 hospitais 5 mil
lio de serviços e produtos o OncotypeDX,
teste genético voltado para a investigação
do câncer de mama, cólon e próstata, feito
em parceria com a empresa norte-ameri- SOB GESTÃO LEITOS
cana Genomic Health, dentro da tendên-

38,5 mil funcionários


cia de medicina personalizada. Até julho
de 2017, o Fleury inaugurou um total de
17 novas unidades das marcas Fleury, A+
e Weinmann, esta última no Rio Grande do
Sul. “Em nosso plano de expansão, espera-
mos atingir entre 73 e 90 novas unidades

87 mil médicos
até 2021”, ressalta Marinelli.
Em terceiro lugar no estudo está o A.C.
Camargo Cancer Center, que lidou com as
adversidades do cenário macroeconômico
por meio de maior eficiência e austerida- CREDENCIADOS
de na gestão do negócio, obtendo R$ 1,29
bilhão de receita líquida em 2016. “A espe-
cialização em oncologia nos dá margem
220 mil 25 mil 356 mil
Foto: divulgação

para sermos mais assertivos em nossa es-


tratégia, pois o foco único contribui para
a nossa solidez mesmo em momentos de CIRURGIAS/ANO PARTOS/ANO INTERNAÇÕES/ANO
102

SEGUROS,
PREVIDÊNCIA &
CAPITALIZAÇÃO

Apesar de dias difíceis,


MERCADO RESISTE
Resultados demonstram dinamismo e capacidade de crescimento mesmo em
ambiente marcado pela desaceleração da economia
SEGUROS, PREVIDÊNCIA
& CAPITALIZAÇÃO 103

R
esiliência define o desempenho juros mais baixas, a redução do peso do
do setor de Seguros, Previdência resultado financeiro e a necessidade de
e Capitalização diante de tantas ampliar os resultados operacionais se tor-
incertezas políticas e econômicas no naram o caminho mais seguro, segundo
País. Os resultados do primeiro trimestre analisa a CNseg. Neste ano, verifica-se o
de 2016 foram inferiores às expectativas, aumento de preços, mas a entidade de-
mas as taxas se recuperaram gradativa- fende que essa não é a única alternativa. A
mente ao longo do ano: 5,7% até maio, redução das despesas gerais e administra-
6,5% até julho, 7,2% até setembro e 8,2% tivas também deve ser levada em conside-
até novembro. Em dezembro, o mercado ração. “No final, o que é verdadeiramente
obteve crescimento de 9,2%, um ponto relevante é o índice combinado, que soma
percentual abaixo do registrado no mes- despesas com sinistros, administrativos e
mo mês de 2015. No conjunto, a receita com pagamento de comissão de correta-
do setor foi de R$ 403 bilhões em 2016. gem”, comenta Coriolano.
A redução dos juros no segundo se- A expectativa é que a expansão do setor
mestre do ano passado e a pauta de refor- fique em torno de 7% em 2017. “Continu-
mas estruturais foram estímulos impor- amos trabalhando para chegar à evolução
tantes para que o segmento retomasse a de 9%, como prevíamos anteriormente. Afi-
confiança na economia brasileira e inicias- nal, ao contrário de outros segmentos, es-
se 2017 com boas perspectivas. “Estima- tamos crescendo, mais lentamente do que
va-se crescimento consolidado entre 9% e em 2016, é verdade, mas respondendo com
11%, ante inflação prevista abaixo de 5%. assertividade aos desafios que o País e a so-
No entanto, o cenário político complexo ciedade como um todo enfrentam neste
e a desaceleração na recuperação alte- ano turbulento”, acrescenta.
raram o contexto. O otimismo está mais Entre os sub-setores que atuam no
contido”, comenta Marcio Serôa de Arau- mercado segurador, alguns se destacam
jo Coriolano, presidente da Confederação mais do que outros neste primeiro se- DESTAQUES
Nacional das Empresas de Seguros Gerais, mestre. Na comparação com o mesmo DO SETOR
Previdência Privada e Vida, Saúde Suple- período de 2016, os segmentos de seguro

1
mentar e Capitalização (CNseg). viagem, seguro rural e seguro habitacio-
Com arrecadação de R$ 117,9 bilhões, nal apresentam índices superiores a 10%.
QI 89,03
GRUPO SEGURADOR
o crescimento do mercado de seguros no O setor de viagem apresentou, por exem- BB E MAPFRE

2
primeiro semestre deste ano foi de 3,5%, plo, um incremento de 52,9% no período,
ante igual período de 2016. Descontando com receita de R$ 273,7 milhões. Só de QI 88,67
o DPVAT, cujo prêmio foi reduzido nes- maio para junho a variação nominal foi de SULAMÉRICA

3
te ano por norma do Conselho Nacional 28,2%, com receita de R$ 62,6 milhões. O
de Seguros Privados (CNSP), a evolução seguro rural, por sua vez, teve crescimen- QI 86,58
alcançou 5,3%, como informam dados to de 17,7%, com receita de R$ 1,9 bilhão CAIXA SEGURADORA
divulgados pela Superintendência de Se- no primeiro semestre de 2017.
guros Privados (Susep). O resultado no
período foi influenciado pelo comporta-
mento do mercado no segundo trimestre
(-5,3%), que reverteu tendência do tri-
mestre anterior (14%). De maio para ju- Ao contrário do que ocorre com outros
nho, a variação nominal foi de 0,4%.
segmentos, o setor de seguros, previdência e
O setor de Seguros, Previdência e Ca-
pitalização e suas várias ramificações são capitalização continua prosperando, embora
de fundamental importância no cotidiano
de forma mais lenta do que em 2016
das instituições, empresas e da população
brasileira. No atual cenário, com taxas de
104

GRUPO BB E MAPFRE:
65 mil pontos de distribuição na
venda de apólices para residências,
veículos, motos, aparelhos
eletrônicos, empresas, entre outros

DESTAQUES

COM MUITAS OPORTUNIDADES


PELA FRENTE
Em um mercado que cresce ano a ano, empresas de seguros buscam conquistar
novos espaços por meio de serviços, produtos e canais personalizados

E
mbora a queda na atividade econô- mos em soluções que facilitem e aprimorem
mica seja sentida, este ainda é um se- processos de nossos parceiros no momento
tor com muito potencial de cresci- Uma das da venda, por meio de produtos adaptáveis
mento no País – apenas 18% da população ao estilo de cada consumidor”, comenta Le-
tem algum tipo de proteção e cerca de 60% características do onardo Mattedi, diretor geral de administra-
da frota brasileira circula sem apólice. É nes- setor é o investimento ção, finanças e marketing.
se cenário de oportunidades que o Grupo A empresa nasceu da união entre Banco
Segurador Banco do Brasil e Mapfre, primei- contínuo em inovação do Brasil Seguros e Mapfre Seguros – e re-
ro colocado da categoria no ranking Esta- para oferecer um sultou em uma companhia que hoje totaliza
dão Empresas Mais, vem buscando disse- 65 mil pontos de distribuição na venda de
bom atendimento ao
Fotos: Divulgação

minar uma cultura de seguros, a fim de apólices para residências, veículos, motos,
fortalecer sua estratégia de atuação focada consumidor aparelhos eletrônicos, empresas, transporte
na oferta de multiprodutos e multicanais. de carga, indústria, agronegócio, transpor-
“Nossa visão é orientada ao cliente. Investi- te marítimo, aeroviário e rodoviário, pro-
SEGUROS, PREVIDÊNCIA
& CAPITALIZAÇÃO 105

duções agrícolas. Em 2016 o Grupo regis- bom retorno mesmo em momentos de cri-
trou R$ 15,8 bilhões em prêmios emitidos e se econômica. Ao mesmo tempo, estamos
R$ 2 bilhões de lucro líquido, garantindo impulsionando uma grande transformação
a liderança com 16,2% de market share. digital centrada no cliente. Um alinhamento
Também lidera o segmento de danos, com estratégico maior entre o banco e a segu-
20,1% de participação de mercado, e é vice- radora também foi fundamental para de-
-líder em vida (17,0%) e automóveis (12,6%). monstrar a força da nossa marca em 2016”,
No ano passado o Grupo inaugurou explica Gabriela Ortiz, diretora presidente
sua nova sede administrativa em São Pau- da Caixa Seguradora, empresa que fechou
lo, com instalações para 2 mil colaborado- 2016 com lucro recorde de R$ 1,90 bilhão e
res. “Foi um ano intenso, no qual tivemos a faturamento de R$ 14,80 bilhões.
oportunidade de estreitar parcerias, olhar
para novos nichos e agregar ainda mais tec-
nologia e inovação aos nossos processos e
produtos”, destaca Mattedi. Exemplo dis-
so é a presença da companhia na indústria O GRUPO BB E MAPFRE EM NÚMEROS
aeroespacial, com a cobertura de satélites

65 mil
lançados em órbita. E ainda o investimento
em aplicativos, a fim de fornecer aos clien-
tes mais autonomia e agilidade em serviços
como guinchos e chaveiros, entre outros.
“São frentes distintas, mas que refletem
PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO NA VENDA DE APÓLICES
nossa atenção aos diferentes consumidores
e mercados”, conclui.

AGILIDADE E EFICIÊNCIA
Em segundo lugar no ranking está a
SulAmérica, que também considera a ino-
vação um dos aspectos mais relevantes
R$ 15,8 bilhões EM PRÊMIOS EMITIDOS EM 2016
para a excelência em atendimento. “Inves-
timos continuamente em ferramentas que

R$ 2 bilhões
tragam agilidade, eficiência e confiabilida-
de aos nossos processos internos e em ca-
nais multiplataforma”, afirma o presidente,
Gabriel Portella. A SulAmérica disponibili-
za seis aplicativos para clientes e um para DE LUCRO LÍQUIDO
uma base de 30 mil corretores de seguros.
Um dos destaques nos negócios da com-
panhia em 2016 foi a joint venture com a ATUA NOS SEGMENTOS DE SEGUROS PARA
Healthways, maior empresa de saúde e RESIDÊNCIA, VEÍCULO, MOTO, APARELHOS
bem-estar do mundo, reforçando a atua- ELETRÔNICOS, EMPRESAS, INDÚSTRIA, AGRONEGÓCIO,
ção da SulAmérica em prevenção e quali-
dade de vida. No ano passado, a empresa TRANSPORTE MARÍTIMO, AEROVIÁRIO E RODOVIÁRIO
registrou lucro líquido recorde de R$ 734,3
milhões, com ganho de 32,2% sobre 2015.
Já a Caixa Seguradora, terceira colocada “Investimos em soluções que facilitem e
no levantamento, vem tomando decisões aprimorem processos de nossos parceiros no
Fotos: Divulgação

baseadas em seus estudos sobre os novos momento da venda, por meio de produtos
hábitos do consumidor brasileiro. “Procura- adaptáveis ao estilo de cada consumidor.”
mos ofertar produtos adaptados às necessi- Leonardo Mattedi, diretor geral de administração, finanças e
dades dos clientes, o que tem nos dado um marketing do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre
106

SERVIÇOS

Lenta
RECUPERAÇÃO
Dependente da atividade econômica, o setor registrou perda acumulada
de 5% em 2016 e neste ano vai pouco além da estabilidade
SERVIÇOS 107

D
e um lado, o declínio da atividade recuperação: “Em maio de 2017, o índice
industrial. De outro, os seguidos subiu 1%, ou seja, um movimento mínimo,
cortes orçamentários no País. Es- que ainda não pode ser visto como melho-
ses dois fatores combinados afetam dire- ra. Há, sim, estabilidade, porém, em pata-
tamente o setor de serviços empresariais mares inferiores aos registrados nos mes-
não-financeiros, que registrou queda em mos períodos dos anos anteriores”.
todos os meses de 2016, variando entre
3,4% e 7,5% de janeiro a dezembro. Junho RETROCESSO
registrou a menor perda. Os motivos já são O economista sênior da Confederação Na-
bem conhecidos: a grave desaceleração da cional do Comércio de Bens, Serviços e Tu-
economia, o desemprego e a diminuição rismo, Fabio Bentes, concorda que, numa
da renda familiar média dos brasileiros. visão mais otimista e superficial, o cená-
Serviços não-financeiros, um setor rio poderia indicar melhoras: “Em 2017,
fundamental para a economia brasileira, tivemos três altas mensais seguidas. Dos
correspondem a cerca de 70% do PIB e, seis meses do ano, houve crescimento de
desse total, 90% são representados pelos receita em cinco, com aumento de 1,3%
segmentos de informação e comunicação, de maio para junho. A notícia parece boa,
transportes e serviços profissionais, admi- mas não é”. Ele explica: em março deste
nistrativos e complementares. Os outros ano, atingimos o fundo do poço – a receita
10% referem-se a serviços prestados às fa- do setor foi equivalente à registrada no iní-
mílias, atividades turísticas e outros. Segun- cio de 2011, ou seja, retrocedeu ao nível de
do dados do Instituto Brasileiro de Geogra- seis anos atrás. “Houve quedas seguidas,
fia e Estatística (IBGE), o setor fechou o ano mês a mês, nos últimos 27 meses. É longa
com queda de 5%, já descontada a inflação. a estrada para superarmos a tragédia de
“As empresas e os governos pararam de in- 2015 e 2016”, lamenta. DESTAQUES
vestir e estão cortando despesas. Fornece- Um crescimento por seis meses con- DO SETOR
dores de quase todas as especialidades dei- secutivos indicaria o início de uma recu-

1
xam de ser contratados. É uma relação clara peração consistente. Segundo Bentes,
de causa e efeito”, alerta Roberto Saldanha, porém, a mudança será lenta e sujeita a QI 94,41
gerente de pesquisa mensal do IBGE. tempestades e trovoadas: “Além de in- CIELO

2
Com declínio acumulado de 7,6% no flação ainda menor, precisamos de taxas
ano, o segmento mais afetado foi o de de juros muito inferiores às que vigoram QI 89,24
transportes – rodoviário (passageiros e hoje, em torno de 6%. Somente a redução SMILES

3
cargas), ferroviário, metroviário, dutoviá- dos juros irá atrair investidores dispostos
rio, aquaviário, aéreo, armazenagem, servi- a apostar no lado real da economia. O
QI 86,65
LOCALIZA
ços auxiliares ao transporte e correios. Em equilíbrio fiscal virá a partir de uma refor-
seguida, com redução de 5,5%, vieram os ma estrutural para valer”.
serviços administrativos e complementa-
res, também pressionados pelo desempre-
go crescente. Na terceira posição ficaram
os serviços prestados às famílias, que atin-
giram queda de 4,4% e estão relacionados
a gastos com alojamento, alimentação, er i os n o financeiros e ui ale a do
lavanderias, tinturarias, salões de beleza,
academias de ginástica.
. esse o al en ol e se en os de
Os sinais negativos mais intensos são in or a o e co unica o rans or es e ser i os
sentidos desde o segundo semestre de
2014 e se acentuaram em 2016. E, segun-
rofissionais ad inis ra i os e co le en ares
do Saldanha, ainda não há evidências de
108

PRATICIDADE:
A tecnologia ajudando a
proporcionar uma excente
experiência de compra

DESTAQUES

TODOS OS OLHOS NO CLIENTE


Companhias do setor de serviços apostam em tecnologia, diversificação de portfólios
e relacionamento multicanal para qualificar a experiência dos consumidores

A
Cielo, líder do setor de cartões de Segundo Gouveia, o Cielo LIO, lança-
pagamento no mercado brasilei- do em 2016, reflete esse pensamento.
ro (em termos de volume finan- n es i en o e eios O produto une pagamento a soluções
ceiro de transações), vem se preparando, de gestão e de controle do negócio. Por
nos últimos anos, para desenvolver um di i ais arcerias meio de uma série de aplicativos, o lo-
portfólio capaz de diferenciá-la em um ce- es ra icas co ou ras jista unifica a operação e sua frente de
nário tão competitivo, além de explorar caixa em uma mesma plataforma. “Nos-
novos segmentos, como educação, saúde e resas ca an as so cliente tem sempre a tecnologia mais
e o mercado de profissionais autônomos. de ar e in e recente disponível. Mais de 90% do nos-
“Os consumidores estão ávidos por como- so parque é equipado com a tecnologia
didade e menor atrito durante a experiên- reina en os e bene cios NFC (Near Field Communication), por
cia de compra. Nosso papel é continuar aos uncionários s o exemplo, que possibilita pagamentos
sendo o provedor de excelência dessa ex- por aproximação”, destaca.
periência para o varejista, perseguindo a inicia i as cada e ais A Cielo também voltou seu radar para
inovação, mas com o compromisso de rele an es os empreendedores que vendem pelas
criar soluções sempre escaláveis”, comenta redes sociais, em transações feitas na
Eduardo Gouveia, presidente da empresa. confiança ou em depósitos e transferên-
Segurança de quem
tem anos de estrada.
Inquietude de quem
está só começando.
Cielo. Eleita pelo 3º ano consecutivo
a melhor empresa na categoria Serviços,
do prêmio Empresas Mais do Estadão.
Um reconhecimento que traduz a nossa essência:
investimos em estrutura e tecnologia para que
o negócio de nossos clientes não pare nunca.
E também em inovação para que eles continuem
sempre evoluindo.
110
cias bancárias. Pensando nesse público, ção, aliás, parece ser também a palavra de
está investindo em soluções por link, que ordem na companhia. Muitas iniciativas
permitem a qualquer pessoa vender seu recentes apontam nessa direção. “A par-
produto ou serviço online, mesmo que ceria com a The Hertz Corporation abran-
ela não tenha uma loja virtual. A compa- ge o uso da marca combinada Localiza
nhia, primeira colocada na categoria Ser- Hertz no Brasil e a utilização, pela Hertz,
viços do estudo Estadão Empresas Mais, da marca Localiza nos principais aeropor-
conta com aproximadamente 1,8 milhão tos que atendem viajantes brasileiros nos
de clientes credenciados ativos. Estados Unidos e na Europa”, celebra o
Foco na experiência do cliente é tam- presidente Eugênio Mattar.
bém o fator que concentra as atenções da
Smiles nesses anos de maior turbulência
na economia brasileira. A estratégia da
empresa, segunda colocada no ranking A CIELO EM NÚMEROS
da categoria, envolve alianças com 14

12.000
companhias aéreas, lançamento de pro-
dutos que facilitem a vida do viajante
e parcerias relevantes para o negócio,
como serviços de reservas de hotel (Ro-
cketmiles) e carro (Localiza) com cartão
TRANSAÇÕES POR SEGUNDO É SUA CAPACIDADE
de crédito diretamente na plataforma da
TECNOLÓGICA MÁXIMA
Smiles. “Assim, além de oferecer o paga-
mento com milhas, o cliente tem a opção

1,8 milhão
de pagar só no cartão de crédito e ganhar
muitas milhas para a próxima viagem”, co-
menta Leonel Andrade, CEO da Smiles.
A empresa tem se dedicado ainda a
aspectos importantes de gestão, com DE CLIENTES ATIVOS
ênfase em treinamento e benefícios
para os funcionários e campanhas de

584,9 bilhões
marketing integrado, que falam com o

R$
cliente em todos os canais, além de in-
vestimento em ferramentas digitais que
agilizam o processo de compra, emissão
de passagens e atendimento. É hoje a FOI O VOLUME FINANCEIRO DE TRANSAÇÕES EM 2016
maior emissora de passagens aéreas do

6,7% +14,1%
País, fora as companhias aéreas. Com 9
milhões de voos disponíveis, a empresa
prevê a emissão de 5 milhões de bilhetes
aéreos em 2017.

INOVAÇÃO DE CRESCIMENTO DE LUCRO LÍQUIDO


Em terceiro lugar na pesquisa está a Loca-
NO PERÍODO COM RELAÇÃO A 2015
Fotos: Jacob Lund - iStock e divulgação

liza, maior rede de aluguel de automóve