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D. PROCESSUAL PENAL Ð TJ-SP Ð INTERIOR (2017) Ð ESCREVENTE
Teoria e quest›es
Aula DEMONSTRATIVA Ð Prof. Renan Araujo
AULA DEMONSTRATIVA
PRINCêPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL. CONCEITO E
FONTES. DISPOSI‚ÍES CONSTITUCIONAIS APLICçVEIS. SISTEMAS
PROCESSUAIS. APLICA‚ÌO E INTERPRETA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL
PENAL.
SUMçRIO
1. APLICA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL ............................................................ 6
1.1 Lei processual penal no espa•o............................................................................. 6
1.2 Lei processual penal no tempo ............................................................................. 7
2 PRINCêPIOS PROCESSUAIS PENAIS ................................................................... 9
2.1 Princ’pio da inŽrcia ............................................................................................. 9
2.2 Princ’pio do devido processo legal ....................................................................... 10
2.3 Princ’pio da presun•‹o de n‹o culpabilidade (ou presun•‹o de inoc•ncia) ................. 12
2.4 Princ’pio da obrigatoriedade da fundamenta•‹o das decis›es judiciais...................... 15
2.5 Princ’pio da publicidade ..................................................................................... 16
2.6 Princ’pio da isonomia processual......................................................................... 17
2.7 Princ’pio do duplo grau de jurisdi•‹o ................................................................... 18
2.8 Princ’pio do Juiz Natural .................................................................................... 18
2.9 Princ’pio da veda•‹o ˆs provas il’citas ................................................................. 19
2.10 Princ’pio da veda•‹o ˆ autoincrimina•‹o ........................................................... 20
2.11 Princ’pio do non bis in idem ............................................................................ 21
3 DISPOSI‚ÍES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES............................................... 22
3.1 Direitos constitucionais do preso......................................................................... 22
3.2 Tribunal do Jœri ................................................................................................ 24
3.3 Menoridade Penal ............................................................................................. 24
3.4 Disposi•›es referentes ˆ execu•‹o penal ............................................................. 25
3.5 Outras disposi•›es constitucionais referentes ao processo penal ............................. 25
4 INTERPRETA‚ÌO E INTEGRA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL .................................... 26
5 CONCEITO, FINALIDADE E FONTES DO DPP ..................................................... 27
6 SISTEMAS PROCESSUAIS ................................................................................. 29
7 LEGISLA‚ÌO PERTINENTE ................................................................................ 29
8 RESUMO ........................................................................................................... 33
9 EXERCêCIOS DA AULA ...................................................................................... 37
10 EXERCêCIOS COMENTADOS .............................................................................. 46
11 GABARITO ........................................................................................................ 66
ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA
CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprova•‹o de
voc•s no concurso do TRIBUNAL DE JUSTI‚A DO ESTADO DE SÌO PAULO
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1
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execu•‹o penal. 12.¼ edi•‹o. Ed. Forense. Rio de
Janeiro, 2015, p. 92
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Como disse a voc•s, esta Ž a regra! Mas toda regra possui exce•›es2. S‹o
elas:
A)!Tratados, conven•›es e regras de Direito Internacional
B)!Jurisdi•‹o pol’tica - Prerrogativas constitucionais do Presidente da
Repœblica, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do
Presidente da Repœblica, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal,
nos crimes de responsabilidade (Constitui•‹o, arts. 86, 89, ¤ 2o, e 100)
C)!Processos de compet•ncia da Justi•a Eleitoral
D)!Processos de compet•ncia da Justi•a Militar
E)!Legisla•‹o especial
2
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 85-92
3
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 96. No mesmo sentido, Eug•nio Pacelli. PACELLI, Eug•nio. Curso
de processo penal. 16¼ edi•‹o. Ed. Atlas. S‹o Paulo, 2012, p. 24.
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N‹o ofende, pois n‹o se trata de retroatividade da lei. Mais que isso, esse
dispositivo n‹o se aplica ˆs normas puramente processuais.
EXEMPLO: Imaginemos que uma pessoa responda pelo crime de
homic’dio. Nesse caso, a Lei prev• dois recursos, ÒAÓ e ÒBÓ. Durante o
processo surge uma lei alterando o CPP e excluindo a possibilidade de
interposi•‹o do recurso ÒBÓ, ou seja, Ž prejudicial ao rŽu. Nesse caso,
trata-se de norma puramente processual, e a aplica•‹o da lei nova ser‡
imediata. Entretanto, se o acusado j‡ tiver interposto o recurso ÒBÓ, a
lei nova n‹o ter‡ o cond‹o de fazer com que o recurso deixe de ser
julgado, pois se trata de ato processual j‡ praticado (interposi•‹o do
recurso), devendo o Tribunal apreci‡-lo.
Ocorre, porŽm, que dentro de uma lei processual pode haver normas de
natureza material. Como assim? Uma lei processual pode estabelecer normas
que, na verdade, s‹o de Direito Penal, pois criam ou extinguem direito do
indiv’duo, relativos ˆ sua liberdade, etc. Nesses casos de leis materiais,
inseridas em normas processuais (e vice-versa), ocorre o fen™meno da
heterotopia.
Em casos como este, o dif’cil Ž saber identificar qual regra Ž de direito
processual e qual Ž de direito material (penal). PorŽm, uma vez identificada a
norma como sendo uma regra de direito material, sua aplica•‹o ser‡ regulada
pelas normas atinentes ˆ aplica•‹o da lei penal no tempo, inclusive no que se
refere ˆ possibilidade de efic‡cia retroativa para benef’cio do rŽu.
Diferentemente das normas heterot—picas (que s‹o ou de direito
material ou de direito processual, mas inseridas em lei de natureza diversa),
existem normas mistas, ou h’bridas, que s‹o aquelas que s‹o, ao mesmo
tempo, normas de direito processual e de direito material.
No caso das normas mistas, embora haja alguma diverg•ncia doutrin‡ria,
vem prevalecendo o entendimento de que, por haver disposi•›es de
direito material, devem ser utilizadas as regras de aplica•‹o da lei penal no
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4
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 96
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Alguns sustentam que se adotou um sistema misto (entre acusat—rio e inquisitivo), pois h‡ caracteres de
ambos. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p.71
6
TambŽm chamado de princ’pio da adstri•‹o ou princ’pio da corre•‹o entre acusa•‹o e senten•a. NUCCI,
Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 608
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J‡ o postulado da ampla defesa prev• que n‹o basta dar ao acusado ci•ncia
das manifesta•›es da acusa•‹o e facultar-lhe se manifestar, se n‹o lhe forem
dados instrumentos para isso. Ampla Defesa e Contradit—rio caminham juntos
(atŽ por isso est‹o no mesmo inciso da Constitui•‹o), e retiram seu fundamento
no Devido Processo Legal.
Entre os instrumentos para o exerc’cio da defesa est‹o a previs‹o legal de
recursos em face das decis›es judiciais, direito ˆ produ•‹o de provas, bem como
a obriga•‹o de que o Estado forne•a assist•ncia jur’dica integral e gratuita,
primordialmente atravŽs da Defensoria Pœblica. Vejamos:
Art. 5¼ (...) LXXIV - o Estado prestar‡ assist•ncia jur’dica integral e gratuita aos que
comprovarem insufici•ncia de recursos;
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Ao contr‡rio da defesa tŽcnica, que n‹o pode faltar no processo criminal, sob
pena de nulidade absoluta, o rŽu pode recusar-se a exercer a autodefesa,
ficando em sil•ncio, por exemplo, pois o direito ao sil•ncio Ž um direito
expressamente previsto ao rŽu.
Este princ’pio n‹o impede, porŽm, que o acusado sofra as consequ•ncias de
sua inŽrcia em rela•‹o aos atos processuais (n‹o-interposi•‹o de recursos,
aus•ncia injustificada de audi•ncias, etc.). Entretanto, o princ’pio da ampla
defesa se manifesta mais explicitamente quando o rŽu, embora citado, deixe de
apresentar Resposta ˆ Acusa•‹o. Nesse caso, dada a import‰ncia da pe•a de
defesa, dever‡ o Juiz encaminhar os autos ˆ Defensoria Pœblica, para que atue
na qualidade de curador do acusado, ou, em n‹o havendo Defensoria no local,
nomear defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado.
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LVII - ninguŽm ser‡ considerado culpado atŽ o tr‰nsito em julgado de senten•a penal
condenat—ria;
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Vou transcrever para voc•s agora alguns pontos que s‹o pol•micos e a
respectiva posi•‹o dos Tribunais Superiores, pois isto Ž importante.
¥! Processos criminais em curso e inquŽritos policiais em face do
acusado podem ser considerados maus antecedentes? Segundo
o STJ e o STF n‹o, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de
maneira irrecorr’vel, logo, n‹o pode ser considerado culpado nem
sofrer qualquer consequ•ncia em rela•‹o a eles (sœmula 444 do
STJ).
¥! Regress‹o de regime de cumprimento da pena Ð O STJ e o STF
entendem que NÌO Hç NECESSIDADE DE CONDENA‚ÌO PENAL
TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regress‹o do
regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do
semiaberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o
preso tenha cometido novo crime doloso ou falta grave, durante
o cumprimento da pena pelo crime antigo, para que haja a regress‹o,
nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execu•›es Penais),
n‹o havendo necessidade, sequer, de que tenha havido condena•‹o
criminal ou administrativa. A Jurisprud•ncia entende que esse artigo
da LEP n‹o ofende a Constitui•‹o.
¥! Revoga•‹o do benef’cio da suspens‹o condicional do processo
em raz‹o do cometimento de crime Ð Prev• a Lei 9.099/95 que em
determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o
processo criminal suspenso por determinado, devendo o rŽu cumprir
algumas obriga•›es durante este prazo (dentre elas, n‹o cometer novo
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crime), findo o qual estar‡ extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF
e o STJ entendem que, descoberta a pr‡tica de crime pelo acusado
beneficiado com a suspens‹o do processo, este benef’cio deve ser
revogado, por ter sido descumprida uma das condi•›es, n‹o havendo
necessidade de tr‰nsito em julgado da senten•a condenat—ria
do crime novo.
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exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela decis‹o e, assim, poder
examinar se o Magistrado agiu dentro da legalidade.
Ali‡s, esse princ’pio guarda estrita rela•‹o com o princ’pio da Ampla
Defesa, eis que a aus•ncia de fundamenta•‹o ou a fundamenta•‹o deficiente de
uma decis‹o dificulta e por vezes impede a sua impugna•‹o, j‡ que a parte
prejudicada n‹o tem elementos para combat•-lo, j‡ que n‹o sabe seus
fundamentos.
Alguns pontos controvertidos merecem destaque:
¥! A decis‹o de recebimento da denœncia ou queixa, apesar de
possuir forte carga decis—ria, n‹o precisa de fundamenta•‹o
complexa (STF entende que isso n‹o fere a Constitui•‹o).
¥! A fundamenta•‹o referida Ž constitucional Ð Fundamenta•‹o
referida Ž aquela na qual um —rg‹o do Judici‡rio se remete ˆs raz›es
expostas por outro —rg‹o do Judici‡rio (Ex.: O Tribunal, ao julgar a
apela•‹o, mantendo a senten•a, pode fundamentar sua decis‹o
referindo-se aos argumentos expostos na senten•a de primeira
inst‰ncia, sem necessidade de reproduzi-los no corpo do Ac—rd‹o).
¥! As decis›es proferidas pelo Tribunal do Jœri n‹o s‹o
fundamentadas, pois os julgadores (jurados) n‹o possuem
conhecimento tŽcnico, proferindo seu voto conforme sua percep•‹o de
Justi•a indicar.
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Art. 5¼ (...) LX - a lei s— poder‡ restringir a publicidade dos atos processuais quando
a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Ressalto a voc•s que essa publicidade pode ser restringida apenas ˆs partes
e seus procuradores, ou somente a estes. O que isso significa? Que alguns atos
podem n‹o ser pœblicos nem mesmo para a outra parte! Sim! Imaginem que,
numa audi•ncia, a ofendida pelo crime de estupro n‹o queira dar seu depoimento
na presen•a do acusado. Nada mais natural. Assim, o Juiz poder‡ mandar que
este se retire da sala, permanecendo, porŽm, o seu advogado. Aos
procuradores das partes (advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode
negar publicidade dos atos processuais! Gravem isso!
Essa impossibilidade de restri•‹o da publicidade aos procuradores das partes
Ž decorr•ncia natural do princ’pio do contradit—rio e da ampla defesa, pois s‹o os
procuradores quem exercem a defesa tŽcnica, n‹o podendo ser privados do
acesso a nenhum ato do processo, sob pena de nulidade.7
7
Por fim, vale registrar que no Tribunal do Jœri (que tem regras muito espec’ficas) o voto dos jurados Ž
sigiloso, por expressa previs‹o constitucional, caracterizando-se em mais uma exce•‹o ao princ’pio. Nos
termos do art. 5¡, XVIII, b, da Constitui•‹o:
Art. 5¼ (...)
XXXVIII - Ž reconhecida a institui•‹o do jœri, com a organiza•‹o que lhe der a lei, assegurados:
(...)
b) o sigilo das vota•›es;
Assim, nesse caso, n‹o h‡ publicidade do voto proferido pelo jurado, mas a sess‹o secreta onde ocorre o
julgamento pelos jurados (dep—sito dos votos na urna) Ž acess’vel aos procuradores.
8
Por exemplo, quando a lei estabelece que a Defensoria Pœblica possui prazo em dobro para recorrer, n‹o
est‡ ferindo o princ’pio da isonomia, mas est‡ apenas corrigindo uma situa•‹o de desequil’brio. Isso porque
a Defensoria Pœblica Ž uma Institui•‹o absolutamente assoberbada, que n‹o pode escolher se vai ou n‹o
patrocinar uma demanda. Caso o assistido se enquadre como hipossuficiente, a Defensoria Pœblica deve
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atuar. Um escrit—rio de advocacia pode, por exemplo, se recusar a patrocinar uma defesa alegando estar
muito atarefado.
9
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 52.
10
PACELLI, Eug•nio. Op. cit., p. 37
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Outra situa•‹o que tambŽm NÌO VIOLA o princ’pio do Juiz Natural Ž a atra•‹o, por conex‹o ou contin•ncia,
do processo do corrŽu ao foro por prerrogativa de fun•‹o de um dos denunciados (sœmula 704 do STF).
Veremos mais sobre isso na aula sobre jurisdi•‹o e compet•ncia.
12
Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 52
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Art. 5¼ (...) LVI - s‹o inadmiss’veis, no processo, as provas obtidas por meios il’citos;
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EXEMPLO: JosŽ foi processado pelo crime X. Todavia, como n‹o havia provas,
foi absolvido. Tal decis‹o transitou em julgado, tornando-se imut‡vel. Todavia,
dois meses depois, surgiram provas da culpa de JosŽ. Neste caso, JosŽ n‹o
poder‡ ser processado novamente.
CUIDADO! Uma pessoa n‹o pode ser duplamente processada pelo mesmo fato
quando j‡ houve decis‹o capaz de produzir coisa julgada material, ou seja, a
imutabilidade da decis‹o (condena•‹o, absolvi•‹o, extin•‹o da punibilidade,
etc.). Quando a decis‹o n‹o faz coisa julgada material, Ž poss’vel novo
processo (Ex.: Extin•‹o do processo pela rejei•‹o da denœncia, em raz‹o do
descumprimento de uma mera formalidade processual).
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EXEMPLO: JosŽ est‡ sendo processado pelo crime de homic’dio qualificado pelo
motivo torpe. JosŽ Ž condenado pelo jœri e, na fixa•‹o da pena, o Juiz aplica a
agravante genŽrica prevista no art. 61, II, a do CP, cab’vel quando o crime Ž
praticado por motivo torpe. Todavia, neste caso, o Òmotivo torpeÓ j‡ foi
considerado como qualificadora (tornando a pena mais gravosa Ð de 06 a 20 anos
para 12 a 30 anos), ent‹o n‹o pode ser novamente considerada no mesmo caso.
Ou seja, como tal circunst‰ncia (motivo torpe) j‡ qualifica o delito, n‹o pode
tambŽm servir como circunst‰ncia agravante, sob pena de o agente ser
duplamente punido pela mesma circunst‰ncia.
Assim:
VEDAÇÃO À DUPLA
CONSIDERAÇÃO DO MESMO
FATO/CONDIÇÃO/CIRCUNSTÂNCIA
NA DOSIMETRIA DA PENA
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LXI - ninguŽm ser‡ preso sen‹o em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judici‡ria competente, salvo nos casos de transgress‹o
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a pris‹o de qualquer pessoa e o local onde se encontre ser‹o comunicados
imediatamente ao juiz competente e ˆ fam’lia do preso ou ˆ pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso ser‡ informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assist•ncia da fam’lia e de advogado;
LXIV - o preso tem direito ˆ identifica•‹o dos respons‡veis por sua pris‹o ou por seu
interrogat—rio policial;
LXV - a pris‹o ilegal ser‡ imediatamente relaxada pela autoridade judici‡ria;
LXVI - ninguŽm ser‡ levado ˆ pris‹o ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provis—ria, com ou sem fian•a;
(...)
LXVIII - conceder-se-‡ habeas corpus sempre que alguŽm sofrer ou se achar
amea•ado de sofrer viol•ncia ou coa•‹o em sua liberdade de locomo•‹o, por
ilegalidade ou abuso de poder;
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Isso quer dizer que eles n‹o respondem penalmente, estando sujeitos ˆs
normas do ESTATUTO DA CRIAN‚A E DO ADOLESCENTE.
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CPP (art. 157), que veda, inclusive as provas que sejam derivadas das
il’citas. A Doutrina, contudo, vem admitindo a utiliza•‹o destas provas
quando for a òNICA maneira de provar a inoc•ncia do acusado.
¥! VEDA‚ÌO Ë IDENTIFICA‚ÌO CRIMINAL (inciso LVIII) Ð A
identifica•‹o criminal (registro datilosc—pico, fotografia em sede
policial, e outros registros biomŽtricos, etc.) Ž meio deveras vexat—rio,
n‹o sendo admitido para aquele que for civilmente identificado, bem
como nos demais casos previstos em Lei (Para esta aula n‹o nos
aprofundaremos no tema).
¥! A‚ÌO PRIVADA SUBSIDIçRIA DA PòBLICA (inciso LIX) Ð Trata-
se de uma modalidade de a•‹o penal na qual o ofendido oferece a
queixa (a•‹o penal privada) em crime de a•‹o pœblica (No qual n‹o
caberia a•‹o privada) em raz‹o da inŽrcia do MP. Est‡ regulamentada
no CPP, em seu art. 29 e seguintes.
¥! INDENIZA‚ÌO AO CONDENADO POR ERRO E AO QUE CUMPRIR
PENA ALƒM DO PRAZO (inciso LXXV) Ð Com rela•‹o a este inciso,
apenas uma observa•‹o: O preso provis—rio n‹o tem direito ˆ
indeniza•‹o caso, posteriormente, seja considerado inocente.
Isto porque a pris‹o provis—ria tem natureza cautelar, e n‹o se
fundamenta na culpa do indiciado/acusado. Assim, a posterior
senten•a absolut—ria n‹o representa assun•‹o, pelo Estado, de um
ÒerroÓ anterior.
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integra•‹o da lei penal somente ser‡ utilizada quando n‹o houver norma
disciplinando determinando caso. Nesta situa•‹o, utiliza-se uma norma
aplic‡vel a outro caso, considerado semelhante.
Na aplica•‹o anal—gica (analogia), o Juiz aplica a um caso uma norma que
n‹o foi originariamente prevista para tal, e sim para um caso semelhante.
A grande quest‹o Ž saber o que se enquadra como Òcaso semelhanteÓ. Para
isso, a Doutrina elenca tr•s fatores que devem ser respeitados:
¥! Semelhan•a essencial entre os casos (previsto e n‹o previsto pela
norma). Desprezam-se as diferen•as n‹o essenciais.
¥! Igualdade de valora•‹o jur’dica das hip—teses
¥! Igualdade de circunst‰ncias ou igualdade de raz‹o jur’dica de
ambos os institutos
13
MARQUES, JosŽ Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. Ed. Forense. Rio de Janeiro. 1961, p‡g.
20
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Ò(...) conjunto de atos cronologicamente concatenados (procedimentos), submetido a
princ’pios e regras jur’dicas destinadas a compor as lides de car‡ter penal. Sua
finalidade Ž, assim, a aplica•‹o do direito penal objetivoÓ14.
1.! Fonte formal (ou de cogni•‹o) Ð Meio pelo qual a norma Ž lan•ada no
mundo jur’dico. Podem ser imediatas (tambŽm chamadas de diretas ou
prim‡rias) mediatas (tambŽm chamadas de indiretas, secund‡rias ou
supletivas).
a)! IMEDIATAS Ð S‹o as fontes principais, aquelas que devem ser aplicadas
primordialmente (Constitui•‹o, Leis, tratados e conven•›es
internacionais). Basicamente, portanto, os diplomas normativos
nacionais e internacionais15.
b)! MEDIATAS Ð S‹o aplic‡veis quando h‡ lacuna, aus•ncia de
regulamenta•‹o pelas fontes formais imediatas (costumes, analogia e
princ’pios gerais do Direito).
14
MIRABETE, Jœlio Fabbrini. Processo Penal. Ed. Atlas, S‹o Paulo. 2004, p‡g. 31
15
H‡ quem inclua tambŽm, dentre as fontes imediatas, as SòMULAS VINCULANTES, pois s‹o verdadeiras
normas de aplica•‹o vinculada. Lembrando que a jurisprud•ncia e a Doutrina n‹o s‹o consideradas,
majoritariamente, como FONTES do Direito Processual Penal, pois representam, apenas, formas de
interpreta•‹o do Direito Processual Penal.
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6! SISTEMAS PROCESSUAIS
Os sistemas processuais s‹o basicamente tr•s:
¥! Inquisitivo Ð O poder se concentra nas m‹os do julgador, que
acumula fun•›es de Juiz e acusador. Neste sistema predomina o sigilo
procedimental, a confiss‹o Ž tida como prova m‡xima e o
contradit—rio e a ampla defesa s‹o quase inexistentes. N‹o h‡
possibilidade de recusa do Julgador e o processo Ž eminentemente
escrito (e sigiloso).
¥! Acusat—rio Ð Neste sistema h‡ separa•‹o clara entre as figuras do
acusador e do julgador, vigorando o contradit—rio, a ampla defesa e
a isonomia entre as partes. A publicidade impera e h‡ possibilidade
de recusa do Juiz (suspei•‹o, por exemplo). H‡ restri•‹o ˆ atua•‹o
do Juiz na fase investigat—ria, sendo esta atua•‹o bastante limitada
(ex.: impossibilidade de decreta•‹o da pris‹o preventiva Òde of’cioÓ).
¥! Misto Ð Neste sistema s‹o mesclados determinados aspectos de cada
um dos outros dois sistemas. Geralmente a primeira fase
(investiga•‹o) Ž predominantemente inquisitiva e a segunda fase
(processo judicial) Ž eminentemente acusat—ria.
7! LEGISLA‚ÌO PERTINENTE
CîDIGO DE PROCESSSO PENAL
Ä Art. 1¡ do CPP - Aplicabilidade territorial do CPP, principal e subsidi‡ria:
Art. 1o O processo penal reger-se-‡, em todo o territ—rio brasileiro, por este C—digo,
ressalvados:
I - os tratados, as conven•›es e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da Repœblica, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da Repœblica, e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constitui•‹o, arts. 86, 89,
¤ 2o, e 100);
III - os processos da compet•ncia da Justi•a Militar;
IV - os processos da compet•ncia do tribunal especial (Constitui•‹o, art. 122, no 17);
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Alguns se referem a um sistema de apar•ncia acusat—ria ou inquisitivo garantista.
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V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF n¼ 130
Par‡grafo œnico. Aplicar-se-‡, entretanto, este C—digo aos processos referidos nos nos.
IV e V, quando as leis especiais que os regulam n‹o dispuserem de modo diverso.
CONSTITUI‚ÌO FEDERAL
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Art. 5¼ (...)
XXXVIII - Ž reconhecida a institui•‹o do jœri, com a organiza•‹o que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das vota•›es;
c) a soberania dos veredictos;
d) a compet•ncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
Ä Art. 5¼, XII, LVI, LVIII, LIX e LXXV da CF/88 Ð Estabelecem outras
disposi•›es relevantes correlatas ao processo penal:
Art. 5¼ (...)
XII - Ž inviol‡vel o sigilo da correspond•ncia e das comunica•›es telegr‡ficas, de dados
e das comunica•›es telef™nicas, salvo, no œltimo caso, por ordem judicial, nas
hip—teses e na forma que a lei estabelecer para fins de investiga•‹o criminal ou
instru•‹o processual penal; (Vide Lei n¼ 9.296, de 1996)
(...)
LVI - s‹o inadmiss’veis, no processo, as provas obtidas por meios il’citos;
(...)
LVIII - o civilmente identificado n‹o ser‡ submetido a identifica•‹o criminal, salvo nas
hip—teses previstas em lei; (Regulamento).
LIX - ser‡ admitida a•‹o privada nos crimes de a•‹o pœblica, se esta n‹o for intentada
no prazo legal;
(...)
LXXV - o Estado indenizar‡ o condenado por erro judici‡rio, assim como o que ficar
preso alŽm do tempo fixado na senten•a;
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8! RESUMO
Para finalizar o estudo da matŽria, trazemos um resumo dos
principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
sugest‹o Ž a de que esse resumo seja estudado sempre
previamente ao in’cio da aula seguinte, como forma de
ÒrefrescarÓ a mem—ria. AlŽm disso, segundo a organiza•‹o
de estudos de voc•s, a cada ciclo de estudos Ž fundamental
retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em
compreender alguma informa•‹o, n‹o deixem de retornar ˆ
aula.
APLICA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL
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Princ’pio da inŽrcia
O Juiz n‹o pode dar in’cio ao processo penal, pois isto implicaria em viola•‹o da
sua imparcialidade. Este princ’pio fundamenta diversas disposi•›es do sistema
processual penal brasileiro, como aquela que impede que o Juiz julgue um fato
n‹o contido na denœncia, que caracteriza o princ’pio da congru•ncia (ou
correla•‹o) entre a senten•a e a inicial acusat—ria.
OBS.: Isso n‹o impede que o Juiz determine a realiza•‹o de dilig•ncias que
entender necess‡rias (produ•‹o de provas, por exemplo) para elucidar quest‹o
relevante para o deslinde do processo (em raz‹o do princ’pio da busca pela
verdade real ou material, n‹o da verdade formal).
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Princ’pio da publicidade
Os atos processuais e as decis›es judiciais ser‹o pœblicas, ou seja, de acesso livre
a qualquer do povo.
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™nus da prova incumbe ˆ acusa•‹o, n‹o ao rŽu. Pode ser extra’do da conjuga•‹o
de tr•s dispositivos constitucionais:
§! Direito ao sil•ncio
§! Direito ˆ ampla defesa
§! Presun•‹o de inoc•ncia
Princ’pio do non bis in idem Ð NinguŽm pode ser punido duplamente pelo
mesmo fato. NinguŽm poder‡, sequer, ser processado duas vezes pelo mesmo
fato. N‹o se pode, ainda, utilizar o mesmo fato, condi•‹o ou circunst‰ncia duas
vezes (como qualificadora e como agravante, por ex.).
Conceito - Ramo do Direito que tem por finalidade a aplica•‹o, no caso concreto,
da Lei Penal outrora violada.
Bons estudos!
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9! EXERCêCIOS DA AULA
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a) a liberdade provis—ria.
b) a identifica•‹o do respons‡vel pelo interrogat—rio policial.
c) a publicidade restrita.
d) o cumprimento da pena em estabelecimento distinto em raz‹o da natureza do
delito.
e) o duplo grau de jurisdi•‹o.
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d) Ser‡ admitida a•‹o privada nos crimes de a•‹o pœblica, se esta n‹o for
intentada no prazo legal;
e) A lei s— poder‡ restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem.
10!EXERCêCIOS COMENTADOS
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GABARITO: LETRA B
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2o A lei processual penal aplicar-se-‡ desde logo, sem preju’zo da validade dos
atos realizados sob a vig•ncia da lei anterior.Ó
C) somente a processos futuros, ainda que por fatos anteriores.
ERRADA: O princ’pio do tempus regit actum determina a aplica•‹o da lei nova
aos atos processuais futuros, independentemente de o processo j‡ ter se
iniciado sob a Žgide de uma outra lei, ainda que esta lei anterior seja mais
benŽfica ao rŽu (lembrem-se da diferen•a entre normas puramente processuais,
puramente materiais e mistas!);
D) somente a processos futuros e sobre fatos posteriores.
ERRADA: Como disse acima, a aplica•‹o se d‡ tambŽm aos processos j‡
iniciados, mas s— alcan•a os atos ainda a serem praticados, permanecendo
v‡lidos os atos praticados sob a Žgide da lei anterior, pois s‹o atos perfeitos e
acabados;
E) imediata ou a processos futuros conforme decis‹o fundamentada do
juiz em cada caso.
ERRADA: A aplica•‹o imediata da lei processual penal Ž o que se pode chamar
de ope legis, ou seja, n‹o depende de manifesta•‹o do Magistrado nesse sentido,
decorrendo diretamente da lei. Caso dependesse de decis‹o do Juiz determinando
ou n‹o sua aplica•‹o, ter’amos o que se chama de ope judicis.
GABARITO: LETRA A
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11!GABARITO
01.! ALTERNATIVA E
02.! ALTERNATIVA B
03.! ALTERNATIVA E
04.! ALTERNATIVA B
05.! ALTERNATIVA E
06.! ALTERNATIVA D
07.! ALTERNATIVA D
08.! ALTERNATIVA E
09.! ALTERNATIVA E
10.! ALTERNATIVA E
11.! ALTERNATIVA E
12.! ALTERNATIVA B
13.! ALTERNATIVA E
14.! ALTERNATIVA A
15.! ALTERNATIVA C
16.! ALTERNATIVA C
17.! ALTERNATIVA A
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18.! ALTERNATIVA E
19.! ALTERNATIVA B
20.! ERRADA
21.! CORRETA
22.! ALTERNATIVA A
23.! ALTERNATIVA B
24.! ERRADA
25.! CORRETA
26.! CORRETA
27.! ALTERNATIVA E
28.! ALTERNATIVA C
29.! ALTERNATIVA A
30.! ERRADA
31.! ALTERNATIVA B
32.! ANULADA
33.! ALTERNATIVA D
34.! ALTERNATIVA C
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