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Ano 5 - Nº 22
Jul/Ago 2008
ISNN 0100-1485
ENTREVISTA
Pedro Paulo Barbosa Leite,
presidente da Associação
Brasileira de Corrosão –
ABRACO
INDÚSTRIA
INDÚSTRIA AERONÁUTICA
AERONÁUTICA
NOVAS TECNOLOGIAS
PROMETEM DECOLAR
Sumário/Expedient22 1/1/04 1:16 AM Page 1
Sumário
6 Artigo Técnico
Entrevista
16
ABRACO avalia principais pontos
Fosfatização de Metais Ferrosos
do biênio 2007/2008
Parte 14 - A Qualidade da Água nas
Pedro Paulo Barbosa Leite
Etapas de Lavagem
Por Zehbour Panossian
e Célia A. L. dos Santos
10
Matéria de Capa 23
Novas Tecnologias prometem decolar Plano de Gerenciamento
de Integridade de Dutos
contra Corrosão – Parte 1
14 Por Alysson Helton Santos Bueno
Treinamento & Desenvolvimento e José A. C. Ponciano
Orlando Pavani Júnior
29
Noções Básicas sobre Processo
22 de Anodização do Alumínio
Notícias do Mercado e suas Ligas - Parte 9
Por Adeval Antônio Meneghesso
32
34 Resolução de Problema de Bolhas em
Opinião Peças de Aço-carbono Zincadas e
A Química do Sucesso Pintadas
Moacir Moura
Por: Cleiton dos Santos Mattos
e co-autores
Redação e Publicidade
Dr. Eduardo Homem de S. Cavalcanti - INT Aporte Editorial Ltda.
Jeferson da Silva - AKZO NOBEL Rua Emboaçava, 93
Dra. Olga Baptista Ferraz - INT São Paulo - SP - 03124-010
A revista Corrosão & Proteção é uma publi- Dra. Zehbour Panossian - IPT Fone/Fax: (11) 2028-0900
cação oficial da ABRACO – Associação Brasileira aporte.editorial@uol.com.br
de Corrosão, fundada em 17 de outubro de 1968, Conselho Editorial
e tem como objetivo congregar toda a comu- Eng. Aldo Cordeiro Dutra - INMETRO Diretores
nidade técnico-empresarial do setor, difundir o Dra. Denise Souza de Freitas - INT João Conte - Denise B. Ribeiro Conte
estudo da corrosão e seus métodos de proteção. M.Sc. Gutemberg Pimenta - PETROBRAS -
ISNN 0100-1485 CENPES Editor
Eng. Jorge Fernando Pereira Coelho Alberto Sarmento Paz - Vogal Comunicações
Av. Venezuela, 27, Cj. 412 Eng. Laerce de Paula Nunes - IEC redacao@vogalcom.com.br
Rio de Janeiro - RJ - CEP 20081-310 Dr. Luiz Roberto Martins Miranda - COPPE
Fone (21) 2516-1962/Fax (21) 2233-2892 Eng. Pedro Paulo Barbosa Leite Repórteres
www.abraco.org.br Dra. Zehbour Panossian - IPT Henrique A. Dias e Carlos Sbarai
Diretoria Conselho Científico Projeto Gráfico/Edição
Presidente M.Sc. Djalma Ribeiro da Silva – UFRN Intacta Design - info@intactadesign.com
Eng. Pedro Paulo Barbosa Leite - M.Sc. Elaine Dalledone Kenny – LACTEC
PETROBRAS/NORTEC M.Sc. Hélio Alves de Souza Júnior Gráfica
Vice-presidente Dra. Idalina Vieira Aoki – USP Van Moorsel
Eng. Laerce de Paula Nunes - IEC Dra. Iêda Nadja S. Montenegro – NUTEC
Diretor Financeiro Dr. José Antonio da C. P. Gomes – COPPE Esta edição será distribuída em setembro
M.Sc. Gutemberg de Souza Pimenta - Dr. Luís Frederico P. Dick – UFRGS de 2008.
PETROBRAS /CENPES M.Sc. Neusvaldo Lira de Almeida – IPT
Gerente Administrativo/Financeiro Dra. Olga Baptista Ferraz – INT As opiniões dos artigos assinados não refletem a
Walter Marques da Silva Dr. Pedro de Lima Neto – UFC posição da revista. Fica proibida sob a pena da
Dr. Ricardo Pereira Nogueira – Université lei a reprodução total ou parcial das matérias e
Diretoria Técnica Grenolle – França imagens publicadas sem a prévia autorização
Eng. Aldo Cordeiro Dutra Dra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQ da editora responsável.
Carta ao leitor
Os investimentos começaram!
O INÍCIO DO ANO , NESTE MESMO ESPAÇO , COMENTAMOS A GRANDE EXPECTATIVA QUE
se criava em torno da exploração de petróleo na camada pré-sal. Desde então muito se evoluiu
e, no início de setembro, com grande destaque, foi dado o início da inédita extração de petró-
leo na camada pré-sal no campo de Jubarte, na Bacia de Campos, no litoral do Espírito Santo. Sim, é
um campo menor e tecnicamente mais fácil de ser explorado do que as imensas reservas detectadas nos
campos de Tupi, Júpiter e Carioca, porém a atividade deve funcionar como uma espécie de laboratório
para atuar em condições muito mais desafiadoras.
Independente da discussão política em torno do assunto, o que fica claro é a força e a competência da
PETROBRAS, sem dúvida, uma das promotoras globais de alta tecnologia para a indústria petrolífera. E,
ao colocar em produção o primeiro poço da camada pré-sal em apenas dois anos após sua descoberta, refor-
ça ainda mais a capacidade tecnológica da empresa frente aos desafios.
Dados divulgados pela empresa informam que foram necessários
realizar adaptações na planta de processo da plataforma, representan-
Os investimentos na economia do um investimento de R$ 50 milhões. A produção começa com um
Teste de Longa Duração (TLD), com o objetivo de observar o com-
nacional, alavancados pela produção portamento do óleo do pré-sal, tanto no reservatório como na plan-
ta de processo da plataforma, devendo durar de seis meses a um ano.
da PETROBRAS, podem atingir Apesar de estar ainda numa fase inicial da exploração da camada
pré-sal (alguns especialistas acreditam que a exploração em sua pleni-
R$ 2 trilhões até 2017 tude pode começar apenas em 2014), a PETROBRAS tem feito
investimentos contínuos para preparar terreno para essa nova fase da
indústria petrolífera nacional e internacional. Apenas a perfuração de
15 poços (oito deles já testados, com indicação de presença de petró-
leo leve de alto valor comercial e grande quantidade de gás natural associado) consumiram investimentos
de R$ 1,7 bilhões.
Dados já divulgados pela empresa, porém, indicam que os investimentos na economia nacional alavan-
cados pela produção da PETROBRAS podem atingir R$ 2 trilhões até 2017.
Biodiesel – E a PETROBRAS não é só petróleo e gás. Como uma empresa de energia com atuação glo-
bal, mantém investimentos constantes em outras fontes energéticas. Em agosto, por exemplo, inaugurou a
segunda das três usinas de biodiesel previstas. Esta segunda unidade, localizada em Quixadá, no Ceará, tem
capacidade de produzir 57 milhões litros de biodiesel por ano.
Um das particularidades da unidade são os sistemas que permitem a realização de manutenção sem com-
prometer a continuidade operacional, garantindo alto desempenho em relação a sua capacidade e à quali-
dade do biodiesel. A usina possui um sistema de processamento de óleos vegetais brutos para pré-tratamen-
to na unidade, transformando-o em óleo refinado.
Como se pode perceber a empresa, apesar da grande expectativa em torno do petróleo pré-sal, não abre
mão de trilhar novos e desafiadores caminhos. Postura que se coaduna com as corporações que fazem a his-
tória na economia mundial.
Boa Leitura!
Os Editores
Estação de tratamento
de efluentes incorporando
unidade de ultrafiltração
Instalações especiais
para pintura
Entrevista
o próximo dia 31 de de- te da falta de mão-de-obra espe- Quais foram os principais des-
zembro se encerra mais cializada. De acordo com Leite, taques da sua gestão?
um biênio de realizações uma das ações que poderia ser Leite – Podemos destacar a reali-
na Associação Brasileira de Cor- adotada por parte das empresas zação do INTERCORR 2008, o
rosão (ABRACO). Atual presi- seria a implantação de planos de patrocínio do livro de Pintura In-
dente da entidade o engenheiro treinamento e qualificação de dustrial em parceria com a PE-
Pedro Paulo Barbosa Leite avalia pessoal. “Na minha avaliação, a TROBRAS e com o Instituto Bra-
os principais pontos de sua ges- situação é crítica. É preciso que sileiro de Petróleo, Gás e Biocom-
tão e se coloca à disposição da as empresas se conscientizem e bustíveis (IBP), a realização da 9ª
próxima gestão, que será presidi- façam um plano de treinamento COTEQ (Conferência em Tecno-
da por Laerce de Paula Nunes, e qualificação, mas não com uma logia de Equipamentos) em parce-
para os desafios que virão a partir visão de curto prazo, e sim de ria com a Associação Brasileira de
do próximo ano. “Durante o forma sustentável, visando a pre- Ensaios Não-Destrutivos e Inspe-
meu mandato podemos destacar paração para as novas demandas ção (ABENDE). Tivemos ainda a
vários acontecimentos, entre eles, do mercado nacional”, explica. reforma do Estatuto da ABRACO
a organização do INTERCORR Engenheiro mecânico forma- contemplando eleições diretas para
2008 e o patrocínio do livro de do pela Universidade Gama a diretoria executiva e para vice-
Pintura Industrial, em parceria Filho do Rio de Janeiro, Pedro presidência; a reformulação do
com a PETROBRAS. Muito Leite iniciou sua carreira na PE- Curso de Inspetor de Pintura, para
ainda pode ser feito até dezem- TROBRAS em 1984, como téc- atender às exigências da Interna-
bro, e, desde já, me disponho a nico de manutenção. Desde de tional Maritime Organization
auxiliar meu sucessor no que for 2005 é coordenador de Norma- (IMO); a compra de duas novas
preciso”, ressalta Leite. lização Técnica Nacional da em- salas; a assinatura do convênio
Considerado o evento mais presa. Leite também atua como com a PETROBRAS e com a
importante para a ABRACO nos instrutor dos cursos de Pintura Associação Brasileira de Engenha-
últimos anos, o INTERCORR Industrial e Normalização Téc- ria Industrial (ABEMI) para a
2008 (2nd International Cor- nica da Universidade PETRO- execução do Plano Nacional de
rosion Meeting), realizado entre BRAS, além de ser conselheiro Qualificação Profissional (PNQP)
os dias 12 e 16 de maio, no Mar da Associação Brasileira de Nor- do PROMINP; e a implantação
Hotel, em Recife, contou com a mas Técnicas (ABNT) e profes- do primeiro Curso de Inspetor de
participação de mais de 700 con- sor da Fundação de Apoio à Es- Pintura do PROMINP. Vale lem-
gressistas e teve um grande apoio cola Técnica (FAETEC). Na A- brar que a ABRACO foi a primei-
das universidades brasileiras. BRACO, Leite passou pela Co- ra entidade a ter candidatos qua-
Mesmo com o grande sucesso do missão de Estudo de Pintura, pe- lificados pelo programa.
INTERCORR, com as comis- la diretoria executiva até chegar à
sões de estudo do Comitê Bra- presidência em janeiro de 2007. Para a ABRACO, qual foi a
sileiro de Corrosão (CB-43) e Para comentar um pouco importância da realização do
com a crescente preocupação da mais sobre a atuação da ABRA- INTERCORR 2008?
indústria pelo assunto, a prote- CO, Pedro Leite conversou com Leite – Sem dúvida alguma, o
ção anticorrosiva ainda se ressen- a Revista Corrosão & Proteção. INTERCORR 2008 foi o evento
6 C & P • Julho/Agosto • 2008
Entrevista22 1/1/04 6:15 AM Page 2
mais importante da ABRACO nos Energia, com a coordenação exe- Quais serão os benefícios que o
últimos anos, graças à dedicação e cutiva da PETROBRAS. país terá, a partir do momento
ao profissionalismo dos nossos cola- em que a PETROBRAS conse-
boradores e dos Comitês Técnico e De que forma a ABRACO está guir transformar suas normas
Executivo, foi possível receber cerca participando do PROMINP? técnicas em normas brasileiras?
de 700 inscrições. Tivemos partici- Leite – A ABRACO está partici- Leite – É bom ficar claro, que as
pação maciça de universidades de pando do PROMINP como Orga- normas técnicas PETROBRAS não
todo o Brasil e palestras de excelen- nismo de Treinamento de Pessoal serão transformadas em normas
te nível técnico, ministradas por (OTP) e Organismo de Certifica- brasileiras, elas vão servir de texto
profissionais de renome internacio- ção de Pessoal (OPC). base. Cabe à sociedade através de
nal. Os nossos patrocinadores apos- seus representantes nas Comissões de
taram no sucesso do evento, e tenho Em que estágio encontra-se o Estudo avaliarem os aspectos que
certeza de que não se arrepende- processo de Certificação Na- poderão ser incluídos nos textos das
ram. Espero que o INTERCORR cional para profissionais da á- normas brasileiras. Não podemos
2010 tenha o mesmo sucesso. rea de corrosão? nos esquecer que existem boas práti-
4 5 6 Foto 4:
José Alexandre
Grandini,
químico
industrial
da Anobril
Foto 5:
Corpo de provas
nas três etapas
dos ensaios
dade de descarte, no caso do LL lente relação custo-benefício. ITALTECNO: SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS Foto 6:
AluGold Tri, basta uma dilui- Segundo dados da Italtecno, se Atuando a mais de 20 anos Câmara de
ção em água na proporção de 1 comparado com os processo no mercado nacional, fornecen- pintura
para 10 litros para que não convencionais a utilização do do processos, produtos e equi-
ocorra contaminação do eflu- LL AluGold reduz os custos em pamentos para tratamento de
ente. No caso do LL AluGold 50%. “Este produto alia impac- superfície do alumínio e suas
SCF e LL AluGold 001, a pre- to ambiental zero, qualidade ligas, a Italtecno do Brasil é coli-
sença do cromo é zero e o superior e baixo custo”, destaca gada à Italtecno Srl da Itália,
descarte do efluente é zero. Meneghesso. líder mundial no setor, presente
“Esta propriedade elimina to- em mais de 30 países, detentora
das as onerosas etapas de trata- O cliente com a palavra de várias patentes internacionais
mentos, armazenagem e desti- Quem comunga da mesma e de avançada tecnologia.
nação dos resíduos contamina- opinião é o químico industrial A linha LL AluGold está
dos com metais pesados”, reve- da Anobril Extrusão e Anodi- baseada na necessidade da
la Meneghesso. zação, José Alexandre Grandini. busca de soluções sustentáveis
A linha de produtos LL “A economia pode ser ainda no tratamento de superfícies.
AluGold tem a capacidade de maior que os 50% menciona- Por essa razão, o Ipê, a árvore
criar uma camada inorgânica dos por Meneghesso se levar- símbolo do Brasil, serviu como
não-sensível aos raios UV, além mos em conta a redução dos inspiração para a campanha de
de proteger a superfície do alu- custos de tratamento de efluen- lançamento. Serão distribuídas
mínio contra corrosão, ofere- tes, o que pode chegar de 15% mais de 20.000 sementes da
cendo condições ideais para a a 20%. Outro fator positivo é a espécie para plantio, em um
aplicação da camada de pintura diminuição do espaço físico ne- exercício de cidadania e cons-
com excelentes propriedades de cessário para as instalações. No ciência ecológica que a Ital-
ancoragem e aderência. “O pri- processo convencional normal- tecno vai compartilhar com cli-
meiro estágio do processo é o mente utilizamos seis tanques entes, técnicos e fornecedores,
desengraxe, seguido por um para os banhos, enquanto com esperando que todos se enga-
segundo banho em água cor- o LL AluGold são necessários jem dos mesmos propósitos,
rente para a retirada de resí- apenas quatro tanques”, co- afinal “somos todos responsá-
duos. Em seguida há uma outra menta Grandini. veis pelo futuro do planeta”.
lavagem com água desminerali- Grandini informa que to-
zada e, finalmente, ocorre o dos os testes realizados para a- Mais informações pelo telefone
banho de conversão química valiar o desempenho do banho (11) 3825-7022
onde é aplicado o LL AluGold. foram mais do que satisfató-
O processo é assim finalizado, rios. “Seguindo as normas da sas análises de resistência”.
dispensando as demais lavagens ABNT NBR 14125 (revesti- A Anobril faz parte do gru-
No-Rinse. Posteriormente a- mento orgânico para fins ar- po que congrega as empresas
contece o escorrimento, a seca- quitetônicos – requisitos), o EZK no segmento de extrusão
gem em estufa e, por fim, a produto foi aprovado em to- do alumínio e a Jap, tradicional
aplicação da tinta”, explica dos as fases, passando no en- fabricante de portas e janelas de
Adeval Meneghesso. saio de impacto, no de mandril alumínio padronizadas. A Ano-
Apesar de toda a “revolu- cônico, de aderência seca e de bril ainda presta serviços a ou-
ção” tecnológica, a linha LL aderência úmida (panela de tras empresas do mercado na
AluGold apresenta uma exce- pressão), uma das mais rigoro- anodização e pintura do metal.
C & P • Julho/Agosto • 2008 9
MateriaCapa22 1/1/04 1:27 AM Page 1
Indústria Aeronáutica
ABRACO Informa
Artigos Técnicos
egundo Rausch (1990, vem-se à alta dureza, aos altos químicos utilizados. Além dos
p.231), para o preparo teores de íons de ferro, aos altos fatores mencionados, alta dure-
do desengraxante, do teores de cloretos e/ou sulfatos za e alta alcalinidade determi-
decapante, do banho de fosfa- e a altas concentrações de sóli- nam a formação de depósitos
tização e de outras soluções dos dissolvidos. Este autor a- sobre as paredes dos aquecedo-
Por Zehbour utilizadas nos processos de fos- presenta os limites para estes res e de outros componentes.
Panossian fatização, a água de abasteci- parâmetros os quais estão trans- Nos casos em que a água
mento público pode ser utili- critos na tabela 1. disponível conter teores acima
zada desde que os teores de só- Os cloretos e sulfatos são dos citados na tabela 1, reco-
lidos dissolvidos não ultrapas- considerados prejudiciais, pois, menda-se fazer um estudo cus-
sem o valor de 300 mg/l. se permanecerem sobre cama- to/benefício juntamente com os
Mesmo assim, poderão ocorrer das fosfatizadas, constituem-se fornecedores de matérias-pri-
problemas se a evaporação em fatores que aceleram a cor- mas do processo de fosfatiza-
Por Célia A. L. destas soluções for muito ele- rosão. ção. Deve-se considerar tam-
dos Santos vada. Nestas condições, a re- Dureza elevada é prejudi- bém a possibilidade de subme-
posição freqüente de água po- cial, pois os fosfatos primários ter a água a um tratamento quí-
derá determinar a concentra- presentes no banho de fosfatiza- mico adequado. Caso a opção
ção de substâncias presentes ção reagem com os íons de cál- seja pelo uso da água sem trata-
na água como íons de cálcio, cio e magnésio formando fosfa- mento, a água utilizada no está-
sulfatos e cloretos. O nível de tos destes íons. Dureza elevada gio de passivação e na lavagem
tolerância destas substâncias tende a elevar o pH dos banhos final deve ser necessariamente
nas diferentes soluções não de fosfatização (GORECKI, 1988). água deionizada.
pode ser preestabelecida, pois Se a alcalinidade da água é mui-
depende fortemente da com- to elevada, pode-se ter altera- Lavagem com água
posição destas soluções a qual ções de pH das diferentes solu- Num processo de fosfatiza-
difere de maneira significativa ções utilizadas nos processos de ção a lavagem é realizada nos
de fornecedor para fornecedor. fosfatização. Por exemplo, nos estágios indicados a seguir:
Assim sendo, tais níveis devem banhos de fosfatização propria- • desengraxe;
• lavagem;
TABELA 1 – VALORES ABSOLUTOS MÁXIMOS RECOMENDADOS PARA A ÁGUA • decapagem;
UTILIZADA NA PREPARAÇÃO DE SOLUÇÕES DE PROCESSOS DE FOSFATIZAÇÃO • lavagem;
SEGUNDO PHILLIPS (1990) • condicionamento;
Parâmetro Limite máximo recomendado • fosfatização;
• lavagem;
Dureza 340 ppm • passivação;
Alcalinidade total 200 ppm • lavagem final com água
Cloretos e sulfatos 100 ppm deionizada.
Íons de ferro e cloretos 25 ppm Conforme já citado, a lava-
Sólidos dissolvidos 400 ppm gem entre os diferentes estágios
de um processo de fosfatização
ser prescritos pelo fornecedor mente dito, poderá diminuir a tem por objetivo retirar da super-
do processo de fosfatização. acidez livre. Os fatos citados fície do metal resíduos da solu-
Segundo Phillips (1990), as têm como conseqüência difi- ção anterior e evitar a contami-
maiores fontes de problemas cultar o controle do processo nação da solução subseqüente.
provenientes da água utilizada como um todo além de aumen- A lavagem é normalmente
nas plantas de fosfatização de- tar o consumo dos produtos feita por imersão em um tan-
16 C & P • Julho/Agosto • 2008
Zehbour22 1/1/04 1:23 AM Page 2
que em que é mantido um flu- lavagem por imersão com a la- diácido. Neste caso, os resí-
xo de água contínuo através da vagem por aspersão. Por exem- duos do banho que porven-
adição de água limpa e descar- plo, a instalação de jatos de tura ficam na superfície do
te da água servida. Durante a água em fluxo contínuo para a produto em fosfatização
imersão, recomenda-se que reposição da água que sai do não serão agressivos não se
algum tipo de agitação (mecâ- segundo tanque de lavagem necessitando de uma lava-
nica, a ar ou por bombeamen- por imersão melhora em de- gem muito rigorosa, po-
to contínuo da água) seja masia a eficiência de lavagem dendo inclusive a lavagem
mantida para melhorar a efi- pois a última água que entra após a imersão no banho de
ciência da lavagem. em contato com o item pro- fosfato ser dispensada. Por
A eficiência de lavagem cessado é limpa (ver figura 1). outro lado, se o banho con-
melhora de maneira significa- O rigor da lavagem é fun- tiver aceleradores, o que é
tiva se for feita em múltiplos ção de muitos fatores, citando- mais comum nos processos
estágios: um mesmo volume se geometria da peça, compo- atuais, a lavagem após a
de água distribuído em dois sição das soluções usadas no fosfatização deve ser rigoro-
ou três tanques em contracor- processo e aplicação do produ- sa e garantir a remoção da
rente acarreta numa melhor to fosfatizado. superfície do produto em
limpeza do que o mesmo vo- Por exemplo: fosfatização de todo e qual-
lume concentrado num único • se o desengraxante for uma quer resíduo proveniente
tanque. Isto é ilustrado na fi- solução alcalina forte, uma do banho de fosfatização.
gura 1. Uma economia consi- lavagem inadequada poderá O rigor desta lavagem de-
derável de consumo de água acelerar a elevação do pH da penderá também do tipo de
pode ser alcançada se a água solução decapante; acelerador. Por exemplo, se
de lavagem que antecede um • se nas soluções utilizadas o banho é acelerado com
determinado estágio do pro- nos estágios que antecedem clorato o rigor deve ser
cesso for utilizada para com- a fosfatização, propriamen- maior, pois resíduos de clo-
pensar as perdas por evapora- te dita, estiverem presentes reto podem permanecer so-
ção da solução que o antecede. substâncias capazes de ini- bre a superfície fosfatizada
• Lavagem por aspersão tam- bir a formação da camada o que aumenta em demasia
bém pode ser utilizada, de- fosfatizada, a lavagem ina- a probabilidade de ocorrên-
pendendo do produto pro- dequada poderá arrastar es- cia de corrosão do item
cessado ou se o processo co- tas substâncias até o banho acabado;
mo um todo é feito por de fosfatização interferindo • se não existir o estágio de
condicionamento e as peças
passarem diretamente da
decapagem para o banho
de fosfatização, o rigor da
lavagem entre a decapagem
Usar como água e o banho deve ser elevada,
de reposição pois os resíduos do ácido
arrastado da decapagem pa-
ra o banho de fosfatização
Primeira lavagem Segunda lavagem
podem determinar o au-
mento da acidez livre do
banho o que determinará o
ataque excessivo do subs-
Figura 1 – Lavagem em múltiplo estágio e em contra corrente. trato. Se o arraste for eleva-
do, poder-se-á ter a dete-
aspersão. Por exemplo, pro- na formação da camada rioração definitiva do ba-
dutos de geometria comple- fosfatizada. Um exemplo nho necessitando o seu des-
xa não são adequados, pois a típico é uso de inibidores na carte (JAMES, 1961);
lavagem com aspersão não solução de decapagem ácida: • se a camada fosfatizada é
garante a remoção do ba- • se o processo é um “fosfato destinada para servir como
nho arrastado em frestas ou não-acelerado” significa que base de pintura, após o es-
pequenos canais. na solução fosfatizante tem tágio de selagem ou passi-
Muitas vezes, associa-se a ácido fosfórico e um fosfato vação, deve-se fazer uma la-
C & P • Julho/Agosto • 2008 17
Alugold 1/1/04 7:20 AM Page 1
Aporte
LINHA ECOLÓGICA DE ÚLTIMA GERAÇÃO PARA
PRÉ-TRATAMENTO DO ALUMÍNIO PARA PINTURA
LL AluGold
Linha No-Rinse com Redução de 50% nos Custos Operacionais
LL AluGold 001
Isenção Total de Cromo – No-Rinse
Nanotecnologia – Tem como base os princípios da engenharia molecular –
Processo versátil que atende a todas condições operacionais ao que o banho
pode ser submetido.
Somos todos Linha ecológica aprovada em todos os requisitos da norma Qualicoat e atende
também as normas técnicas requisitadas pela ABNT NBR 14125 (revestimento
responsáveis orgânico para fins arquitetônicos – requisitos).
Aporte
LINHA ECOLÓGICA DE ÚLTIMA GERAÇÃO PARA
PRÉ-TRATAMENTO DO ALUMÍNIO PARA PINTURA
LL AluGold
Linha No-Rinse com Redução de 50% nos Custos Operacionais
LL AluGold 001
Isenção Total de Cromo – No-Rinse
Nanotecnologia – Tem como base os princípios da engenharia molecular –
Processo versátil que atende a todas condições operacionais ao que o banho
pode ser submetido.
Somos todos Linha ecológica aprovada em todos os requisitos da norma Qualicoat e atende
também as normas técnicas requisitadas pela ABNT NBR 14125 (revestimento
responsáveis orgânico para fins arquitetônicos – requisitos).
Aporte
LINHA ECOLÓGICA DE ÚLTIMA GERAÇÃO PARA
PRÉ-TRATAMENTO DO ALUMÍNIO PARA PINTURA
LL AluGold
Linha No-Rinse com Redução de 50% nos Custos Operacionais
LL AluGold 001
Isenção Total de Cromo – No-Rinse
Nanotecnologia – Tem como base os princípios da engenharia molecular –
Processo versátil que atende a todas condições operacionais ao que o banho
pode ser submetido.
Somos todos Linha ecológica aprovada em todos os requisitos da norma Qualicoat e atende
também as normas técnicas requisitadas pela ABNT NBR 14125 (revestimento
responsáveis orgânico para fins arquitetônicos – requisitos).
vagem final com água deio- sa em ml de NaOH 0,1 N) Biestek & Weber (1976, p.174)
nizada, visto que qualquer requerida para neutralizar não citam o uso de água deioni-
resíduo presente na camada 50 ml da água de lavagem zada mas recomendam o uso de
fosfatizada pode causar ultrapassar 1,0 ml”; água suficientemente limpa de
empolamento. • a norma TT-C-490D de modo a evitar o empolamento
Na literatura, é raro encon- 1993 apresenta uma suges- da tinta apresentando, para a
trar citações de como contro- tão para garantir a eficiên- água de lavagem final, os se-
lar a água de lavagem, sendo cia da lavagem após o está- guintes limites:
isto fortemente dependente da gio do desengraxe alcalino, ❿ cloretos + sulfatos: máxi-
perícia e do zelo dos operado- a saber: “a alcalinidade da mo de 70 ppm;
res das plantas de fosfatização. água de lavagem após o ❿ alcalinidade em CaCO3:
Por exemplo, o operador quan- desengraxante alcalino não máximo de 200 ppm;
do percebe que as peças fosfa- deve ultrapassar o valor 0,5 ❿ cloretos + sulfatos +
tizadas começam a apresentar (expressa em ml de HCl alcalinidade em CaCO3
alguma anormalidade, como 0,1 N) requerida para neu- não devem exceder a
manchas ou corrosão prema- tralizar 10 ml da água de 225 ppm.
tura, e verifica que tais anor- lavagem”; Outro fator citado, na lite-
malidades ocorrem quando • a norma TT-C-490D de ratura, que merece ser discuti-
um determinado estágio de 1993 apresenta, também, do é a temperatura da água de
lavagem é deficiente, pode a- uma sugestão similar para lavagem. Após os estágios de
dotar algum critério de me- garantir a eficiência da la- desengraxamento e de decapa-
lhor controlar esta lavagem. vagem após o estágio da gem, pode-se utilizar água
Pode, por exemplo, trocar a decapagem ácida, a saber: quente (71ºC a 82ºC). Esta
água de lavagem ou aumentar “a acidez da água de lava- prática tem como objetivo
a vazão da água de lavagem ao gem após o decapagem áci- auxiliar o processo de limpeza
primeiro sinal de uma deter- da não deve ultrapassar o e facilitar a remoção de resí-
minada anormalidade. valor 0,5 (expressa em ml duos de desengraxante ou do
Em muitos trabalhos (MIL de NaOH 0,1 N) requeri- decapante (Metals Handbook,
DOD - P -16232F, 1978; RAU - da para neutralizar 10 ml 1987, p.439). Apesar das van-
SCH, 1990, p.282) é recomen- da água de lavagem”; tagens citadas, na prática é
dado o controle da água de la- • Metals Handbook (1982) mais comum lavagem com
vagem com condutivímetros. recomenda, para o caso em água fria nos estágios que pre-
No entanto, não são citados que não se tem o estágio de cedem a fosfatização propria-
quais são os valores limites a- ativação, que o pH da água mente dita.
ceitáveis. Rausch (1990, p. de lavagem que antecede a Alguns autores (RAUSCH ,
281) cita que a água de abaste- fosfatização propriamente 1990, p. 148) recomendam la-
cimento público é perfeita- dita seja mantida entre 7,5 a vagem com água quente antes
mente adequada para ser utili- 9,0 para evitar a amarela- da introdução da peça a ser
zada entre os diferentes está- mento do aço após a deca- fosfatizada no banho de fosfa-
gios do processo de fosfatiza- pagem devido à corrosão; tização com o objetivo de prea-
ção sem apresentar limites ou • para a última lavagem de ca- quecer a peça, minimizando,
parâmetros de controle. madas fosfatizadas usadas assim, o abaixamento da tem-
Somente poucos trabalhos como base para pintura, peratura do banho de fosfatiza-
apresentam recomendações com RAUSCH (1990, p.281) reco- ção. Isto é particularmente ade-
limites numéricos. Tais trabalhos menda uso de água deioni- quado para banhos que operam
estão a seguir resumidamente zada com controle da con- a altas temperaturas. A lava-
apresentados: dutividade desta água apre- gem com água quente, neste
• a norma BS 3189 de 1973 sentando limites a saber: caso, é feita por imersão du-
apresenta uma sugestão pa- ❿ 20 µS.cm (à temperatura rante 0,5 min a 2 min em água
ra garantir a eficiência da ambiente) para a alimen- mantida à temperatura varian-
lavagem após o estágio da tação do sistema de lava- do de 50ºC a 90ºC.
fosfatização propriamente gem; Muitos são os processos de
dita, a saber: “descartar a á- ❿ 50 µS.cm (à temperatura fosfatização que recomendam
gua de lavagem após o ba- ambiente) para a água que a lavagem após a fosfatização
nho de fosfatização quando após a lavagem da peça. seja feita primeiramente com
a acidez desta água (expres- Para esta mesma finalidade, água fria seguida de lavagem
20 C & P • Julho/Agosto • 2008
Zehbour22 1/1/04 1:23 AM Page 4
com água quente. Outros reco- por objetivo: Menke (1991) em seu tra-
mendam lavagem só com água • interromper as reações de balho também chama atenção
fria e outros nada mencionam formação da camada fosfati- sobre o conceito de água fria e
sobre a temperatura da água. zada (lembrar que as cons- água quente. Segundo este au-
Menke (1991) fez uma aná- tantes de equilíbrio das rea- tor, a água de lavagem é consi-
lise crítica de 11 normas refe- ções responsáveis pela for- derada fria quando a tempera-
rentes a processos de fosfatiza- mação das camadas fosfati- tura não ultrapassar 32ºC.
ção e verificou que somente 5 zadas aumentam de maneira Menke ressalta que muitas ve-
das 10 normas analisadas reco- significativa com o aumento zes se considera que a lavagem é
mendam lavagem com água da temperatura); feita em água fria baseado no
fria. Segundo este autor, a la- • retirar todo e qualquer resí- fato de que não se usam aque-
vagem com água fria após a duo proveniente dos banhos cedores. Durante um inverno
fosfatização não é casual mas de fosfatização; rigoroso, em países tempera-
está relacionada com a deposi- • diminuir o arraste do banho dos, em que a temperatura da
ção de resíduos insolúveis so- de fosfatização para o tan- água fica normalmente abaixo
bre a camada: a grande maio- que de passivação, o que po- de 10ºC, esta concepção é ver-
ria dos produtos utilizados nos de determinar desbalancea- dadeira. Porém nos países tro-
banhos de fosfatização apre- mento da solução passivante picais, a água de lavagem pode-
senta diminuição da “solubili- ou ainda provocar danos na rá alcançar facilmente valores
dade” com o aumento da tem- pintura se compostos prove- de temperatura acima de 32ºC,
peratura, o que significa que é nientes do banhos de fosfa- especialmente quando a água
mais “solúvel” em água fria. tização permanecerem sobre de lavagem é captada de poços,
Assim sendo, uma lavagem a superfície fosfatizada. ou de reservatórios expostos ao
com água fria é mais eficiente Cabe explicar a razão da a- sol e/ou quando grandes peças
pois a água fria “solubiliza” doção da lavagem com água são processadas. Nestes casos,
com mais facilidade qualquer quente após a fosfatização: o poderá ser necessária até um
resíduo arrastado do banho de objetivo desta lavagem é favo- sistema de resfriamento da água
fosfatização1. Se resíduos fica- recer a secagem dos produtos de lavagem.
rem retidos na superfície do fosfatizados (WOODS & SPRING, Para aumentar a eficiência
produto fosfatizado, ter-se-á 1979) visto que a presença de de lavagem com água fria, é co-
(Metals Handbook, 1987, água na superfície de peças fos- mum recomendar que a trans-
p.442; MENKE, 1991): fatizadas pode determinar o ferência da peça do banho de
• diminuição de desempenho aparecimento de corrosão do fosfatização para o tanque de
da camada fosfatizada no substrato de aço nos poros da lavagem seja o mais rápido pos-
que se refere à resistência à camada fosfatizada. sível para evitar a secagem da
corrosão; Muitas vezes, a lavagem superfície das peças. Este fato é
• obtenção de camadas fosfati- com água quente é feita adi- especialmente importante para
zadas ásperas; cionando-se pequenas quanti- peças grandes e para banhos de
• embranquecimento da ca- dades de compostos de cromo fosfatização que operam a altas
mada fosfatizada; hexavalente, constituindo-se temperaturas. A ação prejudi-
• formação de bolhas sob ca- no estágio de selagem ou pas- cial da secagem consiste no fato
madas de tintas. sivação. da formação de resíduos bran-
A lavagem apenas em água A prática, muitas vezes ado- cos sobre a superfície fosfatiza-
quente poderá não retirar tais tada, em reduzir a vazão da da. Estes resíduos nada mais
resíduos. Neste sentido, é co- água de lavagem pode acarretar, são que os produtos de arraste
mum observar produtos bran- além de aumento da concentra- dos banhos.
cos em peças fosfatizadas lava- ção dos produtos de arraste, o Pelo exposto, pode-se con-
das somente com água quente. aumento da temperatura e con- cluir que o procedimento mais
Scislowski (1989) relata que seqüente diminuição da efi- adequado para lavagem das
a lavagem com água fria tem ciência da lavagem. peças após o processo de fosfa-
tização propriamente dita é
primeiro em água fria (para re-
1. Na realidade não se trata de solubilidade no sentido real da palavra, tirada dos resíduos provenien-
mas sim da transformação dos fosfatos diácidos (solúveis) em fosfatos tes da fosfatização) e depois
monoácidos ou neutros (insolúveis). O aumento da temperatura com água quente (para acele-
favorece esta transformação. rar a secagem).
C & P • Julho/Agosto • 2008 21
Zehbour22 1/1/04 2:35 AM Page 5
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de Integridade de Dutos
contra Corrosão – Parte 1
O conhecimento dos mecanismos de corrosão possíveis de ocorrer em dutos é o primeiro passo
para garantir que o gerenciamento de integridade contra corrosão seja eficiente.
corrosão em dutos pode lização pelo hidrogênio, porém cia, assim como outros tipos de
se processar a partir de eles avaliam estes mecanismos defeitos como o trincamento.
diferentes mecanismos, somente pela forma da área cor- Uma vez que cada mecanis-
sendo que cada um destes apre- roída. Desta forma, estes au- mo de corrosão apresenta taxa de
senta características e parâmetros tores também desconsideram corrosão diferente, estes não po-
específicos. Neste caso, cada parâmetros específicos que in- dem ser avaliados todos da mes- Por Alysson Helton
mecanismo de corrosão deve ser fluenciam na ocorrência de ca- ma forma, ou seja, somente pela Santos Bueno
avaliado individualmente, con- da mecanismo. área corroída. Dependendo de
siderando todas as características vários fatores, um mecanismo
que influenciam em sua ocorrên- Desenvolvimento pode evoluir mais rapidamente
cia. Este ponto é de extrema im- O código ASME B31.G que o outro. Neste caso, se a aná-
(ASME B31.G, 1991) avalia a lise das duas falhas for conduzida
integridade estrutural e vida re- pelo mecanismo que a gerou, o
manescente do duto com base na operador poderá priorizar o re- Por José A. C.
forma da área corroída. Apesar paro do defeito ocasionado pelo Ponciano
do código descrever somente mecanismo mais agressivo.
alguns mecanismos de corrosão, Na figura 2 é proposta uma
Figura 1: Simbologia da árvore a análise final desconsidera os árvore de falhas relacionando to-
de falha (LAFRAIA, 2001). fatores que levaram à ocorrência dos os mecanismos de falhas pos-
deste processo corrosivo, dirigin- síveis de ocorrer em dutos. Os
portância, uma vez que se veri- do a análise unicamente para significados das simbologias uti-
fica na literatura que diversos uma curva de resistência, que lizadas nesta árvore de falha estão
autores (Lewandowski, 2002, considera somente o tamanho, descritos na figura 1 (LAFRAIA,
Dey, 2001, Dey, 2004) que tra- profundidade e formato da área 2001).
balham com gerenciamento de corroída. A análise fica restrita a Esta árvore de falhas descreve
integridade de dutos, cálculos de identificar os defeitos mais críti- as ameaças de falhas que um du-
probabilidade de falha e análise cos, desconsiderando as causas to pode sofrer a partir de dife-
de vida remanescente conside- que conduziram à sua ocorrên- rentes mecanismos de corrosão,
ram todos os
processos cor-
rosivos oriun-
dos de um ú-
nico mecanis-
mo, ou seja,
corrosão uni-
forme. Alguns
autores (MIN-
XU et al.
2003) até des-
crevem outros
mecanismos
de corrosão,
como, por
exemplo, cor-
rosão sob ten-
são e fragi- Figura 2: Árvore de falhas geral proposta para análise de processos de danos em dutos.
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mas não as classifica de acordo ados à sua ocorrência. Estes ocorrência de corrosão, ou se-
com sua periculosidade e proba- fatores foram baseados em ja, no local da falha ocorrerá o
bilidade de ocorrência. Assim ensaios prévios de laboratório. contato entre o solo e a super-
sendo, as avaliações deste traba- No presente trabalho não serão fície do metal. Contudo, o
lho ficarão restritas às análises discutidos estes ensaios, os mes- processo de corrosão só terá
qualitativas, uma vez que foi veri- mos estão contidos na referência início se o sistema de proteção
ficada na bibliografia uma lacuna de Bueno (BUENO, 2007). catódica não estiver funcio-
com relação ao conhecimento de nando corretamente.
todos os mecanismos de cor- Corrosão externa 2. Proteção catódica ineficiente:
rosão que podem agir em dutos. As técnicas empregadas em Segundo Pourbaix (POUR-
Um dano localizado, consi- dutos para prevenção contra a BAIX, 1963) um metal não
derado um evento falha, pode corrosão são revestimento e sis- deve sofrer corrosão se estiver
ser originado a partir de dife- tema de proteção catódica. A dentro do regime de imuni-
rentes modos de falha, tal como incidência de corrosão externa o- dade pelo digrama E vs pH de
corrosão generalizada, corrosão corre quando estes dois sistemas equilíbrio eletroquímico para
por pites, dano puramente de proteção apresentam falhas o sistema Fe/H2O a 25°C.
mecânico e trincamento. Todos em seu funcionamento, sendo Sendo assim, este evento tam-
estes modos de falha são classifi- agravada em função da agressivi- bém é considerado um evento
cados como evento básico da dade do solo. Assim, pela análise falha, uma vez que um duto
falha, que é dano localizado. da figura 3, a incidência de cor- poderá sofrer corrosão caso
Sendo assim, cada um dos even- rosão externa em dutos será um tenha um SPC deficiente. O
tos básicos (modo de falha) evento condicional porque é fun- sistema de proteção catódica
poderá se processar a partir de ção da ocorrência simultânea será considerado ineficiente
diferentes mecanismos de cor- destes três eventos. Sendo eles: caso o potencial catódico off
rosão, que por sua vez cada um 1. Defeito no revestimento ex- esteja acima da linha de imu-
destes tem parâmetros e carac- terno: Considerado um even- nidade, segundo o diagrama
terísticas específicas para a sua to falha porque está associado proposto por Pourbaix. A
ocorrência. A seguir serão discu- às descontinuidades do reves- norma ISO 15589-1 (ISO
tidos cada um destes mecanis- timento. A falha no revesti- 15589-1, 2003) apresenta os
mos e os fatores que estão associ- mento é a primeira etapa para critérios necessários para um
sistema de proteção catódica
em dutos. Bueno (BUENO,
2007) apresenta uma análise
crítica dos critérios de prote-
ção propostos por esta norma.
3. Corrosividade do solo: Este é
considerado um evento con-
dicional, ou seja, devido às fa-
lhas nos sistemas de proteção,
a velocidade do processo de
corrosão será função das con-
dições locais do solo e de sua
agressividade. Sendo assim, o
nível de corrosividade do solo
deve ser considerado como
um fator importante na sus-
cetibilidade de corrosão exter-
na em dutos. Bueno (BUENO,
2007) relata que solos com
mesma resistividade, porém
com concentrações diferentes
de cloreto, apresentaram den-
sidades de correntes diferentes
(*) Este Potencial deve ser determinado pelas características do solo e revestimento.
em ensaios de polarização.
Sendo assim, ele propõe que a
Figura 3: Árvore de falha para o mecanismo de corrosão externa em dutos. avaliação da corrosividade de
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(a) (b)
Figura 4: (a) Árvore de falha para o mecanismo de corrosão interna em oleodutos, minerodutos e gasodutos
que transportem gás úmido. (b) Árvore de falha para o mecanismo de corrosão interna em gasodutos que
transportem gás seco.
solos seja feita através dos ín- Corrosão interna porque o inibidor não está de-
dices de Trabanelli e Trabanel- A corrosão interna também é sempenhando corretamente sua
li modificado, que conside- um mecanismo que pode gerar o função de proteção. A corrosão
ram a avaliação de diversos modo de falha corrosão generali- interna poderá ocorrer em qual-
parâmetros fisico químicos zada ou corrosão por pite. Este quer trecho do oleoduto/mine-
que podem afetar sua agressi- mecanismo apresenta diferentes roduto/gasoduto de gás úmido,
vidade e não somente a resis- variáveis que dependem do tipo uma vez que a umidade do flui-
tividade. fluido transportado (gás, óleo e do será praticamente a mesma
O revestimento externo é a minérios). Neste caso, pode o- em todo o duto.
principal técnica de proteção correr corrosão uniforme, cor- O nível de corrosividade do
contra a corrosão. Se este apre- rosão por pite ou corrosão/ero- fluido transportado é classificado
sentar boas condições de aderên- são. Este é também considerado como um evento condicional
cia e baixa densidade de defeitos, um evento condicional porque porque está condicionado ao ti-
isolará o aço do solo. Caso ocor- depende da ocorrência de dife- po de fluido transportado. O do-
ram falhas no revestimento, oca- rentes eventos. As figuras 4a e 4b cumento ASME B31-8S (AS-
sionando o contato do metal apresentam as árvores de falhas ME B31-8S, 2001) relata que é
com o solo, será necessário ava- propostas para os mecanismos de necessário avaliar particularmen-
liar o perfil de proteção catódica. corrosão interna em oleodu- te os níveis de sulfeto de hidro-
Deve-se considerar todo o tempo tos/minerodutos/gasodutos de gênio, dióxido de carbono, oxi-
sem proteção eficiente, bem transporte de gás úmido e gaso- gênio, cloreto e água livre para
como o nível de corrosividade do dutos de transporte de gás seco, avaliar o nível de corrosividade
solo ao longo do duto. Através da respectivamente. Gases secos são do fluido transportado. Vários
análise integrada destes dados aqueles que sofreram tratamen- autores (PEZZI et al., 2004,
será possível prever locais mais tos para redução de umidade. CARTER e KENNY, 2002) rela-
suscetíveis à ocorrência de cor- Como apresentada na figura tam que as variáveis relacio-
rosão externa ao longo do duto, e 4a, a incidência de corrosão in- nadas com a agressividade do
com isto será possível adotar terna em oleodutos, minerodu- fluido, além das já citadas, são
medidas corretivas para evitar tos e gasodutos de gás úmido teores de CO2, H2S, enxofre,
que ocorra a corrosão. Estas me- estarão vinculadas à ocorrência ácidos orgânicos, óxidos, pre-
didas corretivas seriam a correção simultânea de dois eventos. A sença de bactérias e pH.
do sistema de proteção catódica e ineficiência do inibidor é consi- A incidência de corrosão in-
reabilitação do revestimento. derada como um evento falha terna em gasodutos de trans-
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(*) Este Potencial deve ser determinado pelas características do solo e revestimento.
Figura 5: Árvore de falha para o mecanismo de corrosão sob tensão externa em dutos.
porte de gás seco ocorre de taneamente. São considerados Corrosão sob tensão
forma diferenciada do que em também os dois eventos rela- externa (CST)
oleodutos/minerodutos/gaso- tivos aos oleodutos/minerodu- O mecanismo de corrosão
dutos de gás úmido (figura 4b). tos (ineficiência do inibidor e sob tensão está relacionado
A norma NACE (NACE nível de corrosividade do fluido com o modo de falha trinca-
RP0775, 1999) relata que a transportado), bem como o mento (fig. 2). Este mecanismo
corrosão interna não ocorre em evento relativo aos locais de é considerado um evento con-
toda a extensão do gasoduto de acúmulo de água ao longo do dicional, pois há vários fatores
transporte de gás seco. Esta duto. Este será considerado um que influenciam sua incidência.
ocorrerá preferencialmente nos evento básico porque está rela- A CST enquadra-se dentro da
locais de acúmulo de água, ou cionado a locais específicos do categoria Environmentally Assis-
seja, nos locais mais rebaixados duto, ou seja, estes locais nunca ted Cracking (ASM Metals
do gasoduto. Nestes locais, o serão alterados. Handbook, 2003), sua incidên-
acúmulo de água poderá ocor- cia ocorre na forma de trinca-
rer se a inclinação do duto for Corrente de interferência mento do metal. Neste caso, o
maior que o ângulo crítico de O mecanismo de corrente duto, sem proteção contra cor-
condensação do gás. Mckay de interferência ou corrente de rosão, deve estar exposto ao
(MCKAY, 2003) relata que um fuga é considerado um evento meio corrosivo e submetido a
dos grandes desafios para ava- falha de acordo com a figura 2. tensões residuais ou aplicadas.
liar a incidência de corrosão Esta pode ocorrer quando o sis- A fig. 5 mostra a árvore de falha
interna em gasodutos é deter- tema de proteção catódica não proposta para o mecanismo de
minar estas mudanças de incli- está sendo capaz de drenar to- corrosão sob tensão externa em
nação ao longo do duto. das estas fontes de correntes. As dutos.
Neste caso, o processo de avaliações de seu monitora- O processo de CST externa
dissolução em gasodutos de mento e incidência estão des- é função de três eventos si-
transporte de gás seco estará critas na norma ISO 15 589-1 multâneos. O evento instabili-
associado a três eventos simul- (ISO 15 589-1, 2003). dade de solo é considerado um
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evento condicional, ou seja, de tensão exercida na parede são mecânica no duto, como,
está condicionado aos locais, ao do duto em solos estáveis. Os por exemplo, danos me-
longo do duto, onde o solo dutos são fabricados com um cânicos. Contudo, a incidên-
apresenta instabilidade. Esta limite de escoamento de no cia deste tipo de dano é muito
movimentação do solo pode mínimo 30% acima da tensão baixa em relação aos efeitos de
causar a quebra do revestimen- máxima especificada por instabilidade de solo. É im-
to e uma deformação plástica norma, definindo um fator de portante monitorar a movi-
no duto, sendo ambos consi- segurança para a pressão mentação do solo em locais
derados eventos falha. Com o interna que continuamente onde o duto se encontra em
rompimento do revestimento o varia e flutua. Em linhas de solo instável. A norma API
solo entra em contato com o gás, a tensão de serviço é afe- PUBL 1156 (API PUBL
aço. tada pela velocidade com que 1156 1997-11-00, 1999)
Após o contato do solo com o gás é injetado no sistema e determina as ações a serem
o metal, o processo de corrosão velocidade de saída. Em li- tomadas para o monitora-
se inicia pelo mesmo mecanis- nhas com líquidos, ela é afeta- mento de locais com instabi-
mo descrito para a corrosão da pelo turbilhonamento e lidade de solo.
externa, ou seja, a corrosão só bombeamento do líquido Bueno (BUENO, 2007) ob-
ocorre se o SPC está deficiente (National energy board, servou em ensaio de tração
e é agravado pelo nível de cor- 1996). Portanto, quando se BTD que se o metal sem pro-
rosividade do solo. Neste caso, analisa a variação da pressão teção contra corrosão sofrer
sem a proteção catódica atuan- interna em dutos é impor- uma deformação plástica, o
do ocorrerá o processo de dis- tante considerar a pressão de processo natural de corrosão
solução ativa do aço. Contudo, operação máxima aplicada, pode causar a formação de pi-
devido ao duto estar submetido intervalos de flutuação (máxi- tes. Como o metal está sub-
a tensões mecânicas causadas mo e mínimo) e velocidade metido a uma tensão provocada
pela movimentação de solo, de mudança da pressão. pela deformação dinâmica, este
este processo de dissolução • Tensões residuais: Estas ten- pite pode se transformar em
pode transformar-se em micro- sões são criadas quando a su- micro-trincas que reduzem a
trincas que coalescem e podem perfície de um metal é lami- ductilidade do metal. Com-
levar à fratura do duto. nada. Esta tensão também é provando as afirmações de vá-
Com o início do processo criada na produção do duto, rios autores (Souza, 2002, ASM
corrosivo, a CST externa po- ou seja, nas regiões próximas Metals handbook, 2003) que
derá assumir dois mecanismos a juntas soldadas. A tensão associam a ocorrência de CST
diferentes. Estes mecanismos residual pode elevar as tensões em dutos a uma deformação
estarão associados ao pH do so- em áreas localizadas, propor- plástica no metal.
lo, ou seja, o duto pode sofre cionando o início da CST. Com base nesta análise pode-
CST em pH alcalino ou CST • Tensões externas mecânicas: se afirmar que, caso ocorra uma
em pH próximo do neutro A ocorrência de instabilidade tensão suficiente para causar
(PARKINS et. al., 1994). de solo é o principal agente uma deformação plástica no du-
Este mecanismo de degrada- causador deste tipo de tensão to e a quebra do revestimento, o
ção considera todos os eventos no duto. Este problema mecanismo de CST poderá ser
avaliados para a incidência de ocorre quando o duto atraves- evitado com um sistema de pro-
corrosão externa (falha no sa regiões de solo instável. teção catódica eficiente. Porém, é
revestimento, proteção catódica Neste caso, devido a ocorrên- importante que o sistema de pro-
ineficiente e corrosividade de cia de uma movimentação de teção catódica esteja funcionan-
solo), sendo que neste caso as solo excessiva, o duto irá se do corretamente (BUENO, 2007).
tensões impostas no duto são o movimentar podendo causar Caso contrário, o duto pode
principal parâmetro que dife- uma deformação plástica no estar suscetível à ocorrência de
rencia os dois mecanismos. De metal e a quebra do revesti- outro tipo de trincamento,
modo geral, os dutos sofrem mento. Com isto, devido chamado de fragilização pelo
três modos de tensões, sendo uma proteção catódica inefi- hidrogênio.
elas: ciente e a esta tensão imposta, A segunda parte deste artigo
• Tensão de trabalho: Esta ten- o processo corrosivo se inicia será publicada na próxima edi-
são é ocasionada pela pressão e se transforma em micro- ção e irá descrever os outros me-
do fluido nas paredes do trincas. Outras fontes tam- canismos de falha e a conclusão
duto, é a maior componente bém podem causar uma ten- final do trabalho.
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Artigo Técnico
Figura 1 – Estrutura do filme anódico não-selado Figura 2 – Precipitação do gel nas paredes dos poros
e no lado externo do filme
Figura 3 – Condensação do gel fará formar a Figura 4 – Recristalização para formar a boemita
pseudo-boemita, continuando a reação, cuja taxa iniciando na superfície formada, pela difusão da
é controlada pela difusão da água no filme e dos camada intermediária
ânions no líquido
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Por: Cleiton dos Projeto de Unidades Mó- A empresa solicitou o auxílio do IPT e, por meio do PRUMO/TS,
Santos Mattos, veis do setor de Trata- uma assessoria tecnológica foi realizada. Os processos produtivos
Rafael Guerreiro, mento de Superfícies – foram analisados e estão detalhados a seguir:
Vinicius Dantas PRUMO/TS é um dos projetos • 1o processo: estampagem do Blank – dobramento das abas – sol-
Cortez, Regina do Instituto de Pesquisas Tecno- dagem dos parafusos;
Nagamine, lógicas do Estado de São Paulo • 2o processo: desengraxe químico – lavagem – decapagem – lava-
Vicente N. G. S/A – IPT, cuja característica é gem – desidrogenação – zincagem – lavagem – ati-
Mazzarella e realizar atendimentos tecnológi- vação ácida – lavagem – secagem;
Zehbour cos in loco, principalmente às • 3o processo: desengraxe químico – desengraxe multimetal quími-
Panossian micro e pequenas empresas co – fosfatização tricatiônica – lavagem com água
(MPEs), com auxílio do Serviço deionizada – pintura DKTL – cura.
Brasileiro de Apoio às Micro e No atendimento, no qual estavam presentes representantes de
Pequenas Empresas de São Paulo todas as empresas, apontaram-se as possíveis causas, considerando as
– SEBRAE e da Secretaria de particularidades de cada processo. Desta forma, a seguir estão mencio-
Desenvolvimento do Governo nadas estas causas e por quem foram levantadas.
do Estado de São Paulo. Causa levantada pela empresa que executa o primeiro processo:
Um dos atendimentos reali- • imantação da peça estampada: eventual imantação da peça es-
zados em 2007, que é apresenta- tampada poderia causar contaminações por partículas magnéticas
do neste artigo, contribuiu para a na zincagem ou na pintura e posteriormente bolhas.
resolução de um problema no Causas levantadas pelo PRUMO sobre o segundo processo:
produto da empresa Joalmi Ind. • oxidação das peças devido à secagem antes da zincagem e incor-
e Com. Ltda, localizada no mu- poração de hidrogênio na etapa de zincagem: a empresa realizava
nicípio de Guarulhos, SP. a etapa de desidrogenação entre as etapas de decapagem e zinca-
O problema envolvia o apa- gem, o que é inadequado, pois a secagem do aço pode provocar
recimento de bolhas em um a formação de óxidos, mesmo inicialmente invisíveis a “olho nu”.
modelo específico de peça auto- O óxido não é condutor e pode provocar a falta de aderência do
motiva (dobradiça lateral do revestimento de zinco em pontos localizados. O hidrogênio
vidro traseiro de um carro incorporado nas peças na etapa de zincagem pode sair posterior-
comercializado no exterior) de mente, durante o aquecimento (na cura da tinta), e ficar aprisio-
aço-carbono zincada e pintada. nado nas regiões de falta de aderência, formando bolhas (Fig 1);
De março a julho de 2007, este • desengraxe irregular: o desengraxe ineficiente das peças (isto tam-
problema causou a devolução bém é válido para o processo de pintura), pode provocar regiões
de 29% das peças produzidas. de falta de aderência do revestimento posterior, devido à presen-
A peça que apresentou o pro- ça de óleos e, da mesma forma, o hidrogênio incorporado pode
blema passa por diversos proces- sair e ficar aprisionado nestas regiões, formando bolhas (Fig. 1);
sos produtivos. Primeiramente, a • falta da etapa de descarbonização: as peças são tratadas termica-
empresa Joalmi corta, dobra e mente e podem manter resíduos de carbono em sua superfície.
solda. Posteriormente, uma se- Ao adentrar na linha de galvanoplastia, se estes resíduos não
gunda empresa realiza o processo forem eliminados, por não serem condutores, também podem
de zincagem. Por fim, uma últi- provocar a falta de aderência localizada do zinco e, da mesma
ma empresa realiza o processo de forma, o hidrogênio incorporado pode sair e ficar aprisionado
pintura DKTL. Após o processo nestas regiões, formando bolhas (Fig. 1);
de pintura, bolhas estavam sendo • porosidade intrínseca do substrato: a porosidade elevada do subs-
reveladas, porém, não era possí- trato pode provocar a retenção de produtos químicos durante o
vel saber se estavam entre a tinta processo e causar oxidação. Os produtos de corrosão formados
e o revestimento de zinco ou se não são condutores e podem provocar a falta de aderência locali-
estavam entre o revestimento de zada do zinco e, da mesma forma, o hidrogênio incorporado pode
zinco e o substrato. sair e ficar aprisionado nestas regiões, formando bolhas, (Fig. 1);
32 C & P • Julho/Agosto • 2008
C&P20 Prumo 1/1/04 12:38 AM Page 2
Opinião
Moacir Moura
A química do sucesso
O que diferencia você dos demais vendedores é sua capacidade de conhecer os clientes. O segredo
está na interatividade, no desejo sincero de servir e no prazer em proporcionar satisfação.
A soma destes princípios forma a química da venda.
á formas e formas de aten- mentais na venda. Mas, economize um pouco as palavras, você vai
der. Atender por atender a precisar no momento certo. O diálogo interativo funciona mais do
fim de se livrar logo do cli- que o monólogo. Para descobrir necessidades, vontades e sonhos você
ente, sem saber realmente o que precisa gostar de ouvir as pessoas. Ouvir inclusive o que ainda não foi
ele quer. Indiferença não combi- dito. Interpretar gestos, olhares e atitudes.
na com um profissional que está Conhecer o produto, o mercado, a concorrência, essas coisas.
ali, sobretudo para servir. Nada Saber negociar, ajustar as condições da venda à capacidade de paga-
mais simpático e produtivo se mento do comprador. Fazer uma venda consciente, para vender sem-
você direcionar o seu trabalho pre. Mas o que diferencia você dos demais vendedores é a sua capaci-
com o objetivo específico para dade para conhecer o cliente. Saber lidar com as pessoas. Descobrir as
vender, adotando uma postura razões da compra, falar a mesma linguagem. Entrar em perfeita sin-
de gestor de soluções. Disposição tonia com o comprador.
para servir. O segredo está na interatividade. No desejo sincero de servir.
Evite o óbvio. Você não é um No relacionamento. No prazer em proporcionar satisfação. Esses
mero atendente que se limita a princípios, somados, formam a química da venda. A magia do aten-
atender o que o cliente veio com- dimento vivo, dinâmico e envolvente. Baseado na verdade. São os
prar. Descubra outras particula- pilares da confiança. Sem esses ingredientes, pode até haver venda,
ridades, interesses e desejos. mas será uma única vez.
Conversando, ouvindo, servin- O cliente não vira freguês. E sem fregueses não haverá negócio
do, você consegue entrar nos vigoroso. Para sua empresa prosperar e você crescer como ser humano
sonhos dos clientes. Abra o cora- e profissionalmente, todos aí da sua empresa precisam ser construto-
ção deles que eles abrem o bolso res de relacionamento. Desenvolver a consciência sobre a importância
para você. Faça um show de do cliente sempre, antes, durante e depois da compra.
atendimento. Trabalhe o inusita- Fomos educados para falar. Sempre achamos que o grilo falante
do, o surpreendente. se encaixa bem no perfil do vendedor. Quando ouvimos, queremos
Desenvolva a imaginação. ouvir apenas o que nos interessa. Precisamos nos reeducar, apren-
Crie e gerencie oportunidades. der a ouvir. Com paciência e interesse. Perguntar é a melhor forma.
Em geral, o cliente é um “ice- Perguntas abertas e fechadas. Esta é uma boa técnica para se con-
berg”, esconde o seu verdadeiro duzir um diálogo inteligente ao fechamento. Levar a comunicação
potencial. Ele não revela isso lo- a bom termo.
go de cara para qualquer vende- Perguntas fechadas, respostas monossilábicas, sim, não. Abertas
dor. Só para quem ele confia. descontraem e geram simpatia. Facilitam o entendimento. Você pode
Observe, olhe além do horizon- transformar em aberta uma resposta fechada do cliente, acrescentan-
te. Procure treinar essa habili- do: Por quê? Alternar abertas e fechadas. Questões abertas requerem
dade e seja um especialista em explicação. Abrem as portas do diálogo. Estimulam o cliente a falar,
descobrir necessidades. Os cam- expor sua opinião. E quem fala acaba abrindo as cortinas da alma.
peões de venda fazem assim to-
dos os dias. Moacir Moura
Claro que você precisa falar Palestrante, consultor de varejo especialista em gestão e motivação de pessoas.
na hora certa e com segurança. Organizador da feira de empreendedorismo Plataformashow
Palavra e convicção são funda- Contato: moacirmoura@terra.com.br / www.planetadovendedor.com.br
Associados ABRACO