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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ILUSTRAÇÃO: A DOENÇA DE SER NORMAL


(REVISTA SUPERINTERESSANTE)

CAMPUS BALNEÁRIO CAMBORIÚ


27 DE MAIO DE 2015
CURSO

DESIGN GRÁFICO

PROFESSOR

ALBERTO PALMIERI

DISCIPLINA

ILUSTRAÇÃO

ALUNA

BELKIS STERTZ SOARES


A REVISTA SUPERINTERESSANTE

É uma revista pertencente à editora Abril cujas edições são elaboradas


para um público adulto-jovem. Tal público é qualificado, influente em seu grupo
e inovador. Pessoas com fome de conhecimento e que desejam ir além do
senso comum/óbvio. São normalmente de classe A/B, com conhecimento
científico. A Superinteressante oferece conteúdo cultural e científico.

Fotos, ilustrações e design diferenciado. As edições são, em sua


maioria, com cores vibrantes e elementos retos. Nos títulos, a tipo “Founders
Grotesk” é a utilizada, com elementos retos, geométricos. Tipos com serifa nos
textos mais longos tornam a leitura mais agradável.

Fotos, ilustrações e design diferenciado. São peças provocativas que


despertam a curiosidade e objetivam instigar o leitor e suprir suas curiosidades
com embasamento científico e pesquisas mais elaboradas. As edições são, em
sua maioria, com cores vibrantes e elementos retos. Nos títulos, a fonte
“Founders Grotesk” é a utilizada, com elementos retos, geométricos. Tipos com
serifa nos textos mais longos tornam a leitura mais agradável.

A Superinteressante utiliza um grid que permite que os elementos da


página sejam dispostos de maneira dinâmica. Assim, as histórias e textos no
geral têm mais respiros do que se houvessem apenas duas longas colunas de
texto. São características marcantes o dinamismo, textos inteligentes, didáticos
e envolventes, e a legibilidade das páginas.

Através do dinamismo, os textos são expostos de maneira criativa e


permitem ao leitor entrar no texto por diferentes portas. A revista objetiva a
inovação e a antecipação de tendências, tratando de vários temas
(conhecimento, história, tecnologia, religião, etc.) de forma surpreendente,
provocativa e ousada.

As colunas são modulares. Há um bom encaixe de retas, quadrados e


retângulos, o que deia o grid mais visível e dá mais espaço à página.

O apelo visual da Super é voltado à ilustrações e infográficos e


objetiva impacto visual. As ilustrações são criativas, coloridas, provocativas.
São mais claras e objetivas quando se trata de projetos eletrônicos.
As ilustrações variam de uma página inteira a páginas parciais,
interagindo e se relacionando com o texto. Algumas ilustrações são de caráter
mais realista e outros com cores mais chamativas e estilo animado. Depende
do caráter da publicação a qual a ilustração se refere. A maior parte dos
desenhos se caracteriza por traços não completamente perfeitos, contraste por
meio de sombras e cores fortes. Alguns são mais minimalistas e outros cheios
de detalhes.

São com foco reflexivo e provocativo na grande maioria das vezes.


Alguns são mais informativos e, quando se trata de temas mais descontraídos,
humorístico. São descritivos quando o texto é uma espécie de tutorial.
ILUSTRAÇÕES DE 5 REVISTAS SELECIONADAS
MATÉRIA ESCOLHIDA: A DOENÇA DE SER NORMAL

A DOENÇA DE SER NORMAL

A humanidade pode estar sendo acometida por uma epidemia global: a


normose, uma obsessão doentia por ser normal.
REPORTAGEM / Carolina Bergier
DESIGN / Jorge Oliveira

Já foi normal duas pessoas se digladiarem até a morte para entreter a


multidão. Também já foi normal queimar mulheres na fogueira por bruxaria e
fazer pessoas trabalharem sem remuneração com direito a castigos físicos só
pela cor da pele. Era normal também humanos se alimentarem de sua própria
espécie e casarem sem amor. Já foi normal passar 40 horas da semana
fazendo algo que se detesta, mentir para ganhar dinheiro e devastar florestas
inteiras em busca de um suposto desenvolvimento. Peraí, este último ainda é
normal. Afinal, será que ser normal - e achar normais coisas que não deveriam
ser - pode ser uma doença?

Segundo alguns psicólogos, sim. A doença de ser normal chama-se,


segundo eles, normose: um conjunto de hábitos considerados normais pelo
consenso social que, na realidade, são patogênicos em graus distintos e nos
levam à infelicidade, à doença e à perda de sentido na vida.

O conceito foi cunhado quase que simultaneamente pelo psicólogo e


antropólogo brasileiro Roberto Crema e pelo filósofo, psicólogo e teólogo
francês Jean-Ives Leloup, na década de 1980. Eles vinham trabalhando o tema
separadamente até que um terceiro psicólogo, o francês Pierre Weil, se deu
conta da coincidência. Perplexo, Weil conectou os dois, e os três juntos
organizaram um simpósio sobre o tema em Brasília, uma década atrás. Do
encontro, nasceu uma parceria e o livro Normose: A patologia da normalidade.

No fim dos anos 70, Crema estava encucado com o fato de muitos
autores apontarem uma "patologia da pequenez": o medo de se deixar ser em
sua totalidade. Ele deparou-se com muitos pensadores, entre eles o alemão
Erich Fromm (1900-1980), que falava do medo da liberdade, e o suíço Carl
Jung (1875-1961), que afirmava que só os medíocres aspiram à normalidade.
Crema misturou ao caldo a célebre declaração do escritor britânico G.K.
Chesterton (1874-1936), que disse que "louco é quem perdeu tudo, exceto a
razão", e acrescentou os anos de observação e prática em sua clínica
pedagógica.

Assim nasceu o conceito de normose, que, segundo ele, "ocorre quando


o contexto social que nos envolve caracteriza-se por um desequilíbrio crônico e
predominante". A normose torna-se epidêmica em períodos históricos de
grandes transições culturais - quando o que era normal subitamente passa a
parecer absurdo, ou até desumano. Foi o que aconteceu no final do período
romano, em relação à perseguição de cristãos, ou no início da Idade Moderna,
com o fim da legitimidade da Santa Inquisição, ou no século 19, com a perda
de sustentação moral da escravidão. E, segundo Crema, Leloup e Weil, é o
que está acontecendo de novo, com a crise dos nossos sistemas de produção,
trabalho e valores.

"O novo modelo é ainda embrionário, e os visionários dessa


possibilidade de sociedade não-normótica ainda são minoria", diz Crema.
Enquanto a maioria de nós se adapta a um ambiente social doente, quem
resiste à normose acaba considerado desajustado, por não obedecer ao estado
"normal" das coisas.

Como aquele cara que, mesmo ganhando o suficiente para fornecer


educação, moradia e alimentação para si e seus filhos, é considerado
vagabundo e louco por, em plena quarta-feira ensolarada, liberar as crianças
da aula e levá-las à praia. Mas como? Em dia de semana? As crianças vão
faltar aula? Pois é. De repente, ele acha que um dia na natureza vai fazer mais
bem a seus filhos do que horas sentados em sala de aula. Será que ele não é
saudável, e doentes estão os outros?

Desnormotização

Para a filósofa Dulce Magalhães, que escreve sobre mudanças de


paradigmas, o normótico acredita que geração de renda e falta de tempo para
si ou para a família são indissociáveis. "As pessoas consideram que trabalhar
muitas horas, colocar em risco sua saúde e suas relações é normal", diz ela.
"Mas isso tem um custo pessoal e social alto demais, que acabam levando a
problemas de saúde pública e violência, por exemplo."

Dulce acha que a cura para a normose está em mudarmos de modo


mental, abandonando o modelo da escassez, que hoje rege o mundo, e
abraçando o da abundância. Ela explica: "Desde a infância, aprendemos que o
que vem fácil vai fácil e que, se a vida não for difícil, não é digna. Precisamos
mudar isso e entender que esforço não é tarefa." Quantos de nós chegamos
em casa reclamando para mostrarmos (a nós mesmos e aos outros) que
trabalhamos muito e tivemos um dia duro, como se isso trouxesse algum tipo
de mérito?

Segundo Crema, cada um de nós tem talentos diversos, mas "o


normótico padece de falta de empenho em fazer florescer seus dons e enterra
seus talentos com medo da própria grandeza, fugindo da sua missão individual
e intransferível". "Quando temos necessidade de, a todo custo, ser como os
outros, não escutamos nossa própria vocação", acredita.

O carioca Eduardo Marinho, hoje com 50 anos, percebeu cedo que não
queria ser como os outros. Filho de militar, abriu mão de sua condição
financeira e de sua faculdade ao se dar conta, aos 18 anos, que não queria
olhar para sua vida quando velho e pensar que não tinha feito nada relevante.
"Não queria ser bem-sucedido e me sentir fracassado". Eduardo saiu pelo País
pedindo abrigo e comida em troca de favores e buscando algo que o
preenchesse. Depois de passar por poucas e não tão boas pelo Brasil, deu voz
a sua vocação. Hoje é artista plástico.

Ele acredita que a desnormotização se inicia dentro de cada um: "Que


tal olhar para dentro de si mesmo? É aí que começa a revolução", sugere.
Claro que, para isso, não é mandatório dormir nas ruas. Fazer o trajeto que
Eduardo escolheu para si pode ser perigoso e não há nenhuma garantia de
sucesso.

Bug cerebral
A cura da normose é trabalho individual, mas alguns esforços sociais
podem ajudar. Para começar, seria um adianto se tivéssemos um novo modelo
educacional. A escola poderia ser o lugar onde as crianças descobrem suas
verdadeiras vocações - em vez de tentar padronizar os alunos e convencê-los
a serem normais.

Mundo afora, estão surgindo escolas com uma nova lógica, como a
Escola da Ponte, em Portugal. A instituição não segue um sistema baseado em
séries, e os professores não são responsáveis por uma disciplina ou por turmas
específicas. As crianças e os adolescentes que lá estudam definem quais são
suas áreas de interesse e desenvolvem seus próprios projetos de pesquisa,
tanto em grupo como individuais.

Algo similar parece estar acontecendo no mundo empresarial, onde mais


e mais empreendimentos estão dando voz à liberdade individual. O caso
clássico, sempre citado, é o do Google, cuja sede, em Mountain View, na
Califórnia, conta com salas de jogos, videogames, espaços ao ar livre e tempo
reservado para que cada funcionário desenvolva seus próprios projetos para a
empresa, com total autonomia.

Claro que não há vagas para todos nós no Google nem para todos os
nossos filhos na Escola da Ponte. A cura da normose não vai ser resultado de
uma ou outra iniciativa isolada - ela só vai ser possível quando houver no
mundo gente suficiente disposta a questionar tudo o que achamos normal.

E talvez isso demore anos para acontecer. A explicação para isso pode
estar num bug que todos carregamos no cérebro, que tem uma tendência de
recusar sempre novos jeitos de olhar o mundo. É o que explica o psicólogo
israelense Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de
2002, em seu livro Rápido e Devagar: Duas formas de pensar. Segundo ele,
nosso cérebro confunde o que é familiar com o que é correto: ao ver ou sentir
algo que desperta alguma memória, o cérebro define aquele "familiar" como
"correto", da mesma maneira que o novo é decodificado como passível de
desconfiança.
Esse sistema foi muito útil para nossos antepassados homens das
cavernas, que não podiam mesmo sair comendo qualquer frutinha nova que
aparecesse à sua frente. Mas, nos dias de hoje, que exigem novas ideias para
lidar com um mundo em mudança constante, esse mecanismo cerebral virou
um entrave à inovação. Segundo essa tese, a normose não é uma doença: é
uma característica humana, moldada pela evolução. Ou seja, talvez ser
normótico seja normal.
ANÁLISE DA REPORTAGEM

Qual o assunto?
R: O texto fala sobre normose, uma obsessão doentia por ser normal

O que pretende o texto? O que o autor quer dizer?


R: O texto pretende falar sobre a normose, identificá-la na sociedade e avaliar
os meios para a “cura”, colocando em destaque que a normose acomete várias
pessoas em meio à nossa cultura.

Qual a sensação (emoção) provocada pelo texto?


R: Obsessão doentia por normalidade

Quais as palavras-chave?
R: - Normose (nome da doença, é em torno dela que o texto é elaborado)
- Humanidade (fala sobre o ser humano, suas características e a influência que
a sua cultura tem para que influencie a normose)
- Capacidade de lidar com a cultura (a normose é um efeito da sociedade atual
e do modo de pensar divulgado pela mesma. Tal modo de pensar é embasado
na cultura)

O que o texto pretende?


R: O texto se trata sobre a normose, obsessão doentia por normalidade,
destacando suas causas, efeitos e os modos de desviar desse comportamento.
NARRATIVAS RELACIONADAS COM O TEXTO

Ella se despediu do trabalho, abraçou sua família e foi viajar sem


nenhuma data para voltar. A família não estava de acordo, e nem a sociedade.
Mas o stress da vida cotidiana estava a matando. Foi descobrir a si mesma.
Encontrar-se em meio à solitude.

O soldado John, em meio a uma guerra, se perdeu do seu batalhão.


Foram dias e meses sobrevivendo sozinho numa floresta. E ao final de cada
dia ele olhava para o céu e se lembrava de que só estava matando para se
alimentar, e não para alimentar a sede de vingança de uma nação. Havia sido
obediente por muitos anos. E agora se sentia verdadeiramente livre.

Quero ter sucesso. Quero ser um ótimo trabalhador nas 40 horas por
semana fixas e mais as horas extras que trabalho. Quero andar de terno. Só
quero ler livros técnicos. Quero ter uma família comportada que ande somente
com roupas sociais e vou ter dinheiro suficiente para bancar isso e o modo de
vida deles. Quero ter carro na garagem da casa própria, vizinhos que me
peçam açúcar e viagens somente a trabalho. E quero tudo isso porque aí sim
serei aceito na sociedade é considerado uma pessoa normal.

Júlia tinha uma máscara de felicidade. Quando a colocava, ninguém o


perturbava e todos eram agradáveis e respeitáveis. Porém, de tanto usá-la, a
máscara de John se grudou em seu rosto e não saía mais. Os verdadeiros
sentimentos dele haviam recebido a sentença de prisão perpétua.

"Um quarto vazio, paredes cinzas e, se possível, sem janelas, por


favor. É o lugar perfeito... para descrever como me sinto agora". Então, virou as
costas e saiu do hotel.

Estava num hospício. Não era louca. Amarrada numa cadeira ao lado
de um homem demente e uma mulher desmaiada, a solidão, a raiva e o
desespero nunca se fizeram tão presentes. Era loucura ser quem se é? Ela só
sabia que estava ali para receber injeções de normalidade e sair se
comportando como tal.

Luiz teve um dia cheio. Acordou, tomou café, dirigiu até o trabalho,
conversou por horas com o chefe numa reunião, almoçou, esbarrou num
homem na rua lotada, terminou relatórios, fez horas extras, voltou para casa
onde largou as chaves e dormiu no sofá. Luiz teve um dia cheio. Quis dizer,
vazio.

Luiza usava roupas estranhas, vivia num apartamento alugado


estranho, tinha amigos estranhos, fazia viagens estranhas e, em meio a tudo
isso, transbordava uma felicidade estranhamente pura.

Era uma vez um idoso muito ranzinza.


O seu stress afugentou todos seus amigos, parentes ainda vivos e até mesmo
o carteiro da cidade.
Ninguém o visitava. Todas as portas e janelas eram trancadas e chaveadas.
Ninguém imaginava é que ele já estava morto há meses.
MAPA MENTAL

PAINEL SEMÂNTICO
CONCLUSÃO

Foi-me de grande importância a geração de alternativas, o mapa mental,


o painel semântico, a geração de histórias e os testes de cor. Vejo que, se eu
tivesse escolhido minha primeira ideia, o desenho não teria sido feito da melhor
maneira, levando em consideração o tempo, já que este não é longo, e as
minhas limitações como ser em evolução. Porém, vale dizer que o tempo para
a realização deste último trabalho foi maior que o do anterior, o que foi bom, já
que as outras matérias da faculdade também demandam bastante.

Tive dificuldade na hora de gerar mais alternativas, mais palavras, achar


mais imagens. Entretanto, sei que foi necessário esse processo já que a
criatividade não surge do nada, e não é uma inspiração mágica, requerendo
assim o acesso a muita informação para que se possa utilizá-las como base.

Eu escolhi, na verdade, duas alternativas minhas (4 e 5) e juntei suas


ideias em apenas uma ilustração. E o fiz porque se encaixou de uma ótima
forma no texto, carregando significado, sendo de fácil identificação e
interpretação. Além disso, achei interessante, instigante e assim reagiu quando
o mostrei para algumas pessoas. Ser interessante e instigante são umas das
principais características da revista Super.

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